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Papiloma Vírus Humanos

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Papiloma Vírus Humanos (HPVs)
Os papiloma vírus pertencem à subfamília Papillomaviridae. São vírus pequenos, não envelopados, de capsídeo icosaédrico e com DNA circular de fita dupla (DNAfd). Induzem a lesões epiteliais no hospedeiro e possuem especificidade para epitélios e membranas mucosas, sendo que cada grupo de tecido específico tem potenciais variáveis de causar neoplasias.
Pequeno grupo – lesões de alto risco para neoplasia maligna de colo de útero;
Outro grupo – lesões mucosas de menor grau de malignidade (condiloma e papiloma de laringe);
Outros – lesões benignas (verrugas).
Estrutura e Replicação
Mais de 100 tipos foram identificados e classificados em 16 grupos (A até P), baseado nas diferentes sequências de bases DNA e pode ser diferenciado como cutâneo ou de mucosas. Esse DNA circular do HPV codifica 8 genes precoces (E1 a E8) e 2 genes tardios ou estruturais (L1 e L2). Todos esses genes se localizam na fita positiva. 
A replicação do HPV é controlada pela maquinaria de transcrição da célula hospedeira e é determinada pela diferenciação do epitélio da pele ou mucosa. Os genes precoces estimulam a multiplicação celular, o que facilita a replicação do genoma viral pela DNA polimerase da célula hospedeira. O aumento do número de células provoca espessamento das camadas basal e espinhosa (gera verrugas ou papilomas). Segundo a diferenciação da célula basal, os fatores nucleares específicos expressos nas diferentes camadas e tipos de pele e mucosa promovem a transcrição de genes virais. Os genes tardios que codificam proteínas estruturais são expressos somente na camada superior diferenciada, sendo o vírus montado no núcleo. O vírus atravessa as camadas da pele e vai ser liberado juntamente com as células mortas da camada superior.
Patogênese
Replicam-se no epitélio escamoso da pele (gerando verrugas) e das mucosas (gerando papilomas genitais, orais e conjuntivais), induzindo à proliferação epitelial. Têm especificidade por células epiteliais e dependem do estado de diferenciação da célula epitelial do hospedeiro. 
Formação de verrugas: resulta da multiplicação celular e da diferenciação induzidas por proteínas precoces do HPV (as células infectadas migram da camada basal para superfície). O vírus se replica junto com as etapas de diferenciação dos queratinócitos, formando os coilócitos (característicos da infecção por papiloma vírus). A infecção viral permanece localizada e regride espontaneamente, mas pode recorrer (o HPV pode suprimir respostas imunes protetoras). Nesse sentido, destaca-se que as respostas inflamatórias são necessárias para ativar respostas citolíticas protetoras e promover a resolução de verrugas. Portanto, indivíduos imunossuprimidos apresentam recorrências e apresentações mais graves de infecções por papiloma vírus. 
Ainda, o DNA viral é encontrado em tumores benignos e malignos, especialmente papilomas de mucosas. Os tipos HPV-16 e HPV-18 causam papilomas e displasia cervical, sendo que pelo menos 85% dos carcinomas cervicais contêm DNA de HPV integrado. A quebra do genoma circular nos genes E1 ou E2 faz com que esses genes sejam inativados, impedindo a replicação viral sem impedir a expressão de outros genes do HPV, como os genes E6 e E7, que são oncogenes (porque se ligam às proteínas supressoras de multiplicação celular p53 e p105). E6 liga-se à proteína p53 e marca-a para degradação e a E7 se liga à p105.
Epidemiologia
HPV resiste à inativação e a liberação assintomática pode promover a transmissão. A infecção por HPV é adquirida por contato direto através de pequenas rupturas na pele ou mucosa, contato com superfície contaminada, durante o ato sexual ou transmissão mãe-filho pelo canal de parto.
Verrugas plantares e planas são muito comuns em crianças e adultos jovens. Papilomas laríngeos ocorrem em crianças pequenas e adultos de meia-idade.
O papiloma vírus é a doença sexualmente transmissível mais prevalente no mundo. O HPV está presente em 99,7% de todos os cânceres cervicais e 80% dos casos de câncer anal estão ligados a infecções genitais com HPV. HPV-16, HPV-18, HPV-31, HPV-45 são tipos de alto risco, já HPV-6 e HPV-11 de baixo risco para o carcinoma cervical (é a segunda causa de morte por câncer em mulheres). Múltiplos parceiros sexuais, tabagismo, historia familiar de câncer cervical e imunossupressão são os principais fatores de risco para a infecção e progressão ao câncer. 
Síndromes clínicas
Verrugas:
Ocorrem pela proliferação benigna e autolimitada da pele, que regride com o tempo. Os tipos HPV-1 a HPV-4 infectam superfícies queratinizadas, em mãos e pés (a infecção inicial ocorre na infância e na adolescência). Causam dor e desconforto e podem se disseminar a outras partes do corpo ou para outras pessoas. O período de incubação pode durar de 3 a 4 meses. A aparência da verruga (abaulada, plana ou plantar) depende do tipo de HPV e do local infectado.
Tumores benignos de cabeça e pescoço:
Papilomas orais únicos são tumores benignos da cavidade oral (são pedunculados, com uma haste fibrovascular e sua superfície de aparência áspera). São únicos e raramente recorrem após excisão cirúrgica. Papilomas laríngeos estão associados aos tipos HPV-6 e HPV-11, sendo tumores benignos da laringe. Em crianças, podem ser fatais, pois os papilomas podem obstruir as vias aéreas (também podem ser encontrados papilomas na traqueia ou nos brônquios).
Verrugas anogenitais (condilomas acuminados):
Ocorrem no epitélio escamoso da genitália externa e região perianal. 90% dos casos são causados por HPV-6 e HPV-11 (as lesões geralmente são benignas).
Displasia e neoplasia cervical:
Infecção por HPV do trato genital é considerada uma DST comum. A infecção é assintomática, mas pode ter prurido leve. As verrugas genitais podem ser moles e de coloração castanha, formatos planos, elevados ou em forma de couve-flor. Podem surgir em semanas ou meses após o contato sexual com pessoa infectada. A infecção do trato genital feminino por HPV de tipo 16, 18, 31 e 45 está associada a neoplasia cervical intraepitelial e câncer. As primeiras alterações neoplásicas percebidas são chamadas de displasia.  Acredita-se que o câncer cervical se desenvolva ao longo de uma série contínua de alterações celulares progressivas, desde neoplasias leves (neoplasia cervical intraepitelial) e moderadas a neoplasias graves ou carcinoma in situ.
Diagnóstico laboratorial
Verrugas cutâneas – inspeção visual e análise histológica, com identificação de hiperplasia de células espinhosas e produção excessiva de queratina (hiperceratose).
Determinar presença de HPV por esfregaços de Papanicolau.
Coilocitose (citoplasma vacuolado) é uma característica de infecção por papiloma vírus humano.
Sondas moleculares de DNA ou reação de PCR de esfregaços cervicais são métodos de escolha para o estabelecimento do diagnóstico e tipagem da infecção por HPV;
Os papiloma vírus não crescem em culturas de células.
Tratamento
Verrugas são extraídas por crioterapia cirúrgica, eletrocauterização, vaporização a laser e substâncias citotóxicas. Cirurgia é recomendada para papilomas laríngeos.
Imiquimod, Interferon ou fita adesiva podem promover uma cura mais rápida. Cidofovir tópico causa destruição das células infectadas por HPV, eliminando as verrugas.
Vacina: tetravalente em 3 doses. A vacina tetravalente e bivalente são vacinas recombinantes não infecciosas que contêm partículas semelhantes ao vírus, composta por proteínas L1 do HPV. A tetravalente contém partículas derivadas do HPV tipos 6, 11, 16 e 18. E a bivalente possui partículas tipo 16 e 18. Protegem contra as subespécies precursoras do câncer de colo. 
Prevenção e controle
Evitar o contrato direto com o tecido infectado.
Fazer uso de preservativo.

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