Buscar

Resenha Crítica Cotas Raciais nas Universidades Publicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resenhado por Vitor Thiago Camargo, acadêmico do 3º período do curso de Bacharel em Direito para a Disciplina de Direito Constitucional I. 
Resenha Crítica 
MAIA PEREIRA, Gustavo Leonardo. Lei de Cotas nas Universidades: Constitucionalidade e Necessidade. Revista Síntese Direito Administrativo. São Paulo, v.8, n. 89, p. 9-17, Maio 2013. 
LESME, Adriano. "Cotas raciais"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/educacao/sistema-cotas-racial.htm>. Acesso em 05 de junho de 2016.
MACÊDO, Márcia Andréa Durão de. Cotas raciais nas universidades brasileiras.. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2263, 11 set. 2009. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/13491>. Acesso em: 5 jun. 2016.
Cotas Raciais nas Universidades Públicas Do Brasil. 
Na busca por equidade social e superação das desigualdades socioeconômicas desde o ano 2000 o Brasil adotou o sistema de cotas nas universidades, por meio da Lei N.º 3.524/00, o Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro a adotar o sistema. A medida visava recompensar determinados grupos sociais menosprezados e prejudicados ao longo da história, sobre o prisma da inclusão social. 
Dentro do mesmo objetivo de combater à exclusão e a desigualdade sofridas grupos minoritários étnicos, o Estado do Rio de Janeiro também foi pioneiro com o advento da Lei Estadual N.º 3.708/01, instituiu que parte das vagas aos candidatos beneficiados pela Lei Lei N.º 3.524/00, seriam direcionadas aos estudantes autodeclarados negros ou pardos. 
Já em 2003 foi sancionada a Lei Estadual N.º 4.151, revogando o disposto das lei anteriores estabelecendo as cotas da seguinte forma: 
Art. 1º - Com vistas a redução das desigualdades étnicas, sociais e econômicas, deverão as universidades públicas estaduais estabelecer cotas para ingresso nos seus cursos de graduação aos seguintes estudantes carentes:
I – oriundos da rede pública de ensino;
II – negros;
III – pessoas com deficiência, nos termos da legislação em vigor, e integrantes de minorias étnicas.
A partir dai outros estados também passam a aderir ao sistema de cotas encabeçado pelo Estado do Rio de Janeiro, e conforme informações do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, ao final de 2007 mais da metade das universidades estaduais grande parte das federais de todo o país adotaram tal política de cotas, porém cada instituição instituiu forma própria. 
A primeira instituição federal a aderir ao sistema de cotas foi a Universidade de Brasília por meio do intitulado Plano de Metas pra Integração Social, Étinica e Racial aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). 
Em 2004 a UNB veio a implantar o sistema de cotas em seu vestibular, para tal, utilizou uma comissão de avaliação dos candidatos por meio de fotografias, classificando assim quem era negro, quem era pardo ou quem era branco, esse métodos acabou gerando vários constrangimentos aos referidos candidatos participantes do processo, inclusive tal comissão chegou a classificar apenas um de dois irmãos gêmeos, como possuidor das características necessárias para preenchimento de vaga para cotista, atualmente o processo na UNB passou por reformas nos critérios para tal seleção. 
Apenas em 2007 a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC inclui a política de cotas em seu vestibular.
Por meio da Resolução N.º 3.361/2005 do Conselho Superior de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal do Pará – CONSEP, a Universidade Federal – UFPA, institui ao seu processo seletivo seriado de 2006, que a metade de suas vagas seriam para alunos egressos de escolas públicas, e parte destas estaria diretamente destinadas àqueles candidatos autodeclarados como negros ou pardos. 
Por meio do Projeto de Lei N.º 6.264/05, proposto pelo Senador Paulo Paim (PT-RS), institui o Estatuto da Igualdade Racial, que tem o intuito de orientar o governo federal à forma como deverão ser tratados os cidadãos negros brasileiros, este institui a obrigatoriedade de identificação dos estudantes por raça, cotas para negros nas universidades, serviço público, empresas privadas, partidos políticos, além de outras medidas que poderão alterar o contexto socioeconômico de todos os cidadãos brasileiros. 
No mesmo segmento, a Deputada Federal Nice Lobão, por meio do Projeto de Lei da Câmara N.º 180/08, a política de cotas para negros e pardos nas universidades federais e estaduais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. 
Em 2008 o Projeto de Lei recebe a aprovação da Câmara dos Deputados, ficando então os negros, pardos e índios mais próximos de conquistar uma vaga nas universidades federais do país, ficando o percentual destinado as cotas de negros proporcional a quantidade de negros, pardos e índios baseando-se nas projeções do IBGE, em conformidade ao art. 2º do projeto de lei:
Art. 2º Em cada instituição de educação superior, as vagas de que trata o art. 1o serão preenchidas por uma proporção mínima de autodeclarados negros e indígenas igual à proporção de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Ambos os projetos [estatuto da igualdade racial e lei de cotas raciais] requerem benefícios para os negros, pardos e afrodescentes nas políticas públicas, porém o Estatuto requer ações em todos os setores da sociedade, buscando não só a inclusão, como um diferencial no tratamento dos indivíduos intitulados afrodescendentes, como se observa nos seguintes artigos da PL N.º 6.264/05:
Art. 13. O Ministério da Saúde fica autorizado a produzir, sistematicamente, estatísticas vitais e análises epidemiológicas da morbimortalidade por doenças geneticamente determinadas ou agravadas pelas condições de vida dos afro-brasileiros.
Art. 27. É facultado aos praticantes das religiões de matrizes africanas e afro-indígenas ausentar-se do trabalho para a realização de obrigações litúrgicas próprias de suas religiões, podendo tais ausências ser compensadas posteriormente.
A Lei de Cotas raciais, propõe ações específicas na área da educação, atendendo, inclusive, uma demanda do capítulo VIII do Estatuto que trata do Sistema de Cotas.
Art. 70. O Poder Público adotará, na forma de legislação específica e seus regulamentos, medidas destinadas à implementação de ações afirmativas, voltadas a assegurar o preenchimento por afro-brasileiros de quotas mínimas das vagas relativas:
I – aos cursos de graduação em todas as instituições públicas federais de educação superior do território nacional;
II – aos contratos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES).
Mesmo com aprovação na Câmara, o assunto é complexo e divide opiniões, no âmbito do Judiciário existe vasta jurisprudência a favor e contra, em âmbito federal tramitam no Supremo ações Diretas de Inconstitucionalidade, ADI 3.330 [34] e ADI 3.197, promovidas pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN).
A dicotomia entre a ilegalidade ou não do sistema de cotas, gerou dois extremos de defesa, assim cada grupo enviou ao congresso um Manifesto defendendo seus posicionamento, assinado por 2.407 professores universitários, estudantes, militantes e trabalhadores foi enviado, em Julho de 2006, ao Congresso Nacional o "Manifesto em Favor da Lei de Cotas e do Estatuto da Igualdade Racial", no qual seus defensores comparam a desigualdade racial brasileira ao apartheid na África do Sul, ressaltando que mesmo sob o sistema segregacionista a escolaridade média da África era maior do que a brasileira do ano de 2000.
Em abril de 2008, o STF recebeu uma carta intitulada de "Manifesto: Cento e Treze cidadãos anti-racistas contra as leis raciais", onde diversos membros da sociedade civil e ativistas dos movimentos negros manifestaram-se contra as cotas raciais, alegando que dentre vários danos, as cotas ferem os princípios e garantias constitucionais, não sendo o remédio jurídicopara combater o preconceito e a discriminação sofridos pelos negros, pardos e índios.
	Sancionada em agosto de 2012, a Lei nº 12.711/2012, garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. Os demais 50% das vagas permanecem para ampla concorrência. Regulamentada pelo Decreto nº 7.824/2012, que define as condições gerais de reservas de vagas, estabelece a sistemática de acompanhamento das reservas de vagas e a regra de transição para as instituições federais de educação superior. Há, também, a Portaria Normativa nº 18/2012, do Ministério da Educação, que estabelece os conceitos básicos para aplicação da lei, prevê as modalidades das reservas de vagas e as fórmulas para cálculo, fixa as condições para concorrer às vagas reservadas e estabelece a sistemática de preenchimento das vagas reservadas. As vagas reservadas às cotas (50% do total de vagas da instituição) serão subdivididas, metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita e metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior a um salário mínimo e meio. Em ambos os casos, também será levado em conta percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas no estado, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
	O critério da raça será autodeclaratório, como ocorre no censo demográfico e em toda política de afirmação no Brasil. Já a renda familiar per capita terá de ser comprovada por documentação, com regras estabelecidas pela instituição e recomendação de documentos mínimos pelo MEC.
Reflexão crítica. 
Sendo a desigualdade uma realidade presente na sociedade, seu combate consiste na luta por uma concretização da justiça social, é sabido que a a discriminação e o preconceito são enfrentados por todos, independente de cor, raça, credo, religião ou sexo. A proclamada Constituição cidadã de 1988 traz várias formas de combate aos males que combate pela historia. 
Mesmo que a efetividade de vários direitos e deveres seja dependentes de políticas publicas patrocinadas pelo Estado, a Magna Carta Brasileira é clara ao determinar limites que devem ser mantidos para que a justiça seja protegida, desta forma projeta-se a instalação de uma sociedade estruturada. Os princípios do Estado do Bem Estar Social, adotado pela Constituição, preveem a garantia da proteção social, estabelece que todos os indivíduos tem direito a um conjunto de bens e serviços que devem ter seu fornecimento garantido pelo Estado, ou indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil. Dentre eles inclui-se a educação, assistência médica, auxílio desemprego, garantia de renda mínima etc. 
No Estado Democrático de Direito tem-se o princípio da igualdade, com o intuito de impedir e combater as desigualdades e injustiças, o Sistema de Cotas Raciais nas Universidades Públicas Federais, é um retrocesso ao século XVIII e adotar a Constituição Formal do liberalismo. Conceder benefícios a uns em detrimento ao prejuízo de outros, utilizando a cor da pele como critério, é inconstitucional, fere a legislação maior do país.
Sendo o Brasil uma país composto por uma vasta miscigenação que é inseparável, é indivisível. A lei de cotas raciais separa, sob um argumento falacioso de compensação por danos causados, uma hegemonia tipicamente brasileira. Não é a cor da pele que determina o merecimento de benefícios do cidadão.
Será que, quando falamos em falta de oportunidades no sistema educacional, só os pretos e pardos preenchem esses requisitos? Os brasileiros precisam sim de ações afirmativas que compensem o atraso sofrido, a falta de oportunidades, o não reconhecimento pela luta diária da sobrevivência. Porém, isso não se conquista com um "atalho" à universidade. As ações afirmativas devem ser desenvolvidas para todos os que não tem casa, não tem comida, não tem hospital, não tem acesso aos seus direitos.
Quantos brasileiros não têm certidão de nascimento? Não tem luz elétrica em casa? Nunca tomou banho de chuveiro? Morrem na fila de espera por atendimento nos prontos-socorros? Esses sim precisam urgentemente de ações positivas, oportunidades de empregos, moradia digna e educação. Esses brasileiros são negros, são brancos, são amarelos, são índios e, principalmente, são pobres.
Investir em uma separação de raças, como quer o sistema de cotas raciais e o estatuto da igualdade racial, é violar os preceitos da Constituição, os princípios da igualdade, da justiça e, também, da legalidade.
O racismo está presente no Brasil, assim como em todo o mundo. Discrimina-se negro, mas também se discriminam homossexuais, deficientes físicos, deficientes mentais, idosos, doentes, dependentes químicos. Assim como os negros merecem receber oportunidades, outros grupos, também segregados, merecem.
As leis devem ser para todos os cidadãos brasileiros, pois só assim todos terão oportunidades iguais e a Constituição efetivará o Estado Democrático de Direito.

Outros materiais