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1 Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI-Campus de Erechim Psicanálise Nomes: Angelica T. Bertotti, Charline Molossi, Fabiano Reis, Fabíola F. Wlodarkiewicz, Lucas Colla, Maria I. Nunes, Neusa Machado e Rubia Comppini Psicologia 2013 História da Psicologia Professor: Felipe Biasus Erechim, maio de 2013 2 Sumário 01. Introdução....................................................................................................01 02. Influências antecedentes sobre psicanálise................................................02 03.História da Psicanálise.................................................................................02 03. Sigmund Freud ...........................................................................................04 04. O método psicanalítico de Freud ...............................................................05 05. A Psicanálise como tratamento ..................................................................07 06. A Psicanálise como um Sistema de Personalidade ...................................08 07. Relação de Psicanálise e Psicologia .........................................................11 08. Críticas da Psicanálise ...............................................................................11 09. A validação científica de conceitos psicanalíticos ......................................12 10. Contribuições da Psicanálise ......................................................................13 11. Conclusão ...................................................................................................15 12. Referências Bibliográficas...........................................................................16 3 Introdução Esse trabalho discorre sobre a importância da abordagem psicanalítica. Seus estudos sobre o inconsciente, sua relação com a vida cotidiana, suas críticas e contribuições, bem como sobre seus fundadores. Abordaremos os seguintes assuntos: Influências antecedentes sobre psicanálise, História da Psicanálise, Sigmund Freud, o método psicanalítico de Freud e suas influências, a psicanálise como tratamento, a psicanálise como sistema de personalidade, relação de psicanálise e psicologia, críticas da psicanálise, a validação científica de conceitos psicanalíticos e, por fim, a contribuição da psicanálise. 4 Desenvolvimento Influências antecedentes sobre Psicanálise (História da Psicologia) É uma abordagem que não se ocupa das áreas tradicionais da psicologia, onde a preocupação é oferecer terapia a pessoas com distúrbios emocionais. Desde o início, a psicanálise difere do pensamento psicológico principal em termos de objetos de estudo e métodos. Seu objeto de estudo é o comportamento anormal, negligenciado pelas outras escolas de pensamento e, seu método é a observação clínica e não a experimentação laboratorial controlada. A psicanálise está voltada diretamente para o inconsciente. História da Psicanálise “[...] A psicanálise é uma criação minha; durante 10 anos fui a única pessoa que se interessou por ela, e todo o desagrado que o novo fenômeno despertou em meus contemporâneos desabou sobre minha cabeça em forma de críticas.” Sigmund Freud A psicanálise nasceu através dos tratamentos da histeria e dos distúrbios da sexualidade que hoje se encontra presente em mais de 40 países. Ela tem sua origem com a publicação de “A interpretação dos sonhos”, em 1900, quando Sigmund Freud (1856 – 1939) introduziu as bases teóricas de uma clínica que mudou as ideias da época. A obra expressa também reflexões sobre a teoria da sexualidade humana a ser elaborada, em 1905, nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. Em meados 1909 em um salão de conferências de uma universidade norte americana surge a primeira oportunidade de Freud falar em público sobre a psicanálise, um evento marcado por forte importância onde ele cabe ao mérito desta ciência a seu mestre Joseph Breuer, mas a grande participação de Breuer na criação da psicanálise jamais fez cair sobre ele injúrias e críticas cuja obra havia sido realizada em tempos que Freud era somente um aluno preocupado em passar em exames. Os estudos e a caminhada ao lado de Breuer histeria faziam com que Freud tomasse mais afeição pelas novas descobertas, sobre os casos de histeria, afeição que vinha tomando em investigações de pacientes em estados hipnóticos e métodos catárticos. Em 1902 jovens médicos vão à busca do entendimento, prática e difusão do conhecimento da psicanálise, se estabeleceu reuniões constantes na casa de 5 Freud com o intuito de estudos. Entre eles, Alfred Adler, Wilhelm Stekel, Paul Federn, Otto Rank, Fritz Wittels e Max Graff. Até 1904, apenas Freud praticava a psicanálise. Em 1907 indo contra todas as expectativas a situação mudou repentinamente e discretamente a psicanálise começa a despertar o interesse, em até mesmo, cientistas que estavam a ponto de reconhecê-la. Em 1908 o grupo sofre uma transformação, contando com 21 membros ativos, passa-se a se chamar Sociedade Psicanalítica Vienense. Contando com pessoas importantes da área da medicina e psiquiatria, como Eugen Bleuler (1857 – 1939), também Carl Gustav Jung (1875 – 1961) que ficou conhecido como herdeiro de Freud e futuramente funda a Sociedade Sigmund Freud de Zurique, com Alfons Maeder e Ludwig Binswanger. Acompanhado por Ferenczi e Jung, Freud realiza as Conferências na Clark University, de Worcester, nos Estados Unidos, em agosto de 1909. O freudismo se organiza como um movimento profissional e corporativo em torno de três instituições lideradas por médicos. Em 1911, Enert Jones (1879 – 1958) funda a Associação Psicanalítica Americana, enquanto Abrahanm Brill (1874 – 1948) cria a Sociedade Psicanalítica de Nova York. Em 1914, James Putman e Isador Coriat fundam a Sociedade Psicanalítica de Boston. Em 1910 é criada a Associação Psicanalítica Internacional (IPA), que ganha novos integrantes como Lou Andreas – Salomé (1861 – 1937). Com a expansão deste movimento, surgem divergências tanto teóricas quanto clinicas. Sob forte reação negativa sobre a hipótese levantada, da etiologia sexual nas neuroses, as relações pessoais e profissionais de Freud começam a ser abaladas, pelo fato de “aderir” a uma luta de uma ideia nova e original. A reposta de Freud a tudo isso aparece em dois trabalhos: “O interesse científico da psicanálise” (1913) e “A história do movimento psicanalítico” (1914). As correntes da psicanálise no fim da guerra, quando o centro de referencia do freudismo se muda para Berlim, onde funda o Instituto Psicanalítico de Berlim. Nessas transformações surgiram analistas talentosos como Melanie Klein (1882 – 1960). Freud se isola em Viena, mantendo-se longe das discussões aos rumos do movimento psicanalítico. Nesse tempo ele elabora as três obras fundamentais: “Além do principio do prazer” (1919 – 1920). “A psicologia de grupo e analise do ego” (1921) e “O ego e o id” (1923). Sua filha, Anna, é admitida na Sociedade Psicanalítica de Berlim. Ela assume os cuidados do pai, tornando-se sua porta-voz, editando suas obras e assumindo a direção do movimento psicanalítico de Viena. Enquanto a psicanálise vive seu momento de esplendor, Freud observa as mudanças 6 sociopolíticas que se processavam na Europa. Publicando em 1927, “O futuro de uma ilusão” e, em 1930“Mal-estar na civilização”. Enquanto a psicanálise está no seu auge, Freud publica duas obras em 1927: “O futuro de uma ilusão” e, em 1930 “Mal-estar na civilização”, que fazem referências a sociedade e a política da época. No início dos anos 40, surge a Sociedade Britânica de Psicanálise em Londres, que tinha a presença de mulheres, surge então uma nova especialidade: a psicanálise de crianças. Com um foco diferente, Anna Freud e Melanie Klein foram pioneiras nessa nova especialidade. Formando assim duas correntes teóricas diferentes. Nos anos 30 o Frances Jacques Lacan (1901 – 1980) começa a formular uma nova escola de pensamento freudiano, aonde escreve: “O estádio de espelho como formador da função do eu”, em 1936, e “A família”, em 1938, que formula vários conceitos sobre o corpo teórico e clínico de sua teoria, tais como a noção de sujeito; os registros do imaginário; simbólico e real. Após sua morte, o movimento lacaniano se desdobra em diversas correntes e grupos com ramificações. Hoje a psicanálise está implantada em mais de 40 países, diversos grupos estão em fase de constituição como nos países da África do Sul, Rússia, Romênia, Croácia. A implantação conta com freudianos de todas as tendências. Na geopolítica da psicanálise, a América do Sul ocupa um lugar de peso, em particular o Brasil, onde mais de uma centena de instituições, representando todas as correntes freudianas, estão implantadas nos principais centros urbanos do país. Sigmund Freud Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856. Em Freiberg na Tchecoslováquia, com quatro anos a sua família mudara-se para Viena, onde se formou na Universidade de Viena. Desde muito cedo revelou grande aptidão acadêmica, optou a princípio por filosofia e depois por Medicina, especializando - se em Fisiologia Nervosa e Psiquiatria. Embora tivesse optado pela carreira médica, não gostava da prática da medicina, ambicionava tornar- se um professor de anatomia, mas abandonou as esperanças pelo grande prazo de tempo que iria transcorrer até que um posição magistral estivesse o seu alcance. Passou assim a exercitar-se no hospital, onde publicou muitos artigos sobre anatomia. Interessou- se pela cocaína, e sugeriu a sua eficácia aos seus colegas, descobrindo sua propriedade anestésica, já que esta amenizava a sua depressão e a indigestão crônica que sofria. 7 Em 1885, Freud vai para a França e torna-se aluno do Dr. Charcot, um psiquiatra francês que acreditava que as doenças mentais eram originadas de certos fatos passados na infância dos indivíduos doentes, e para fazer com que seus pacientes narrassem fatos do seu tempo de criança, Charcot usava a HIPNOSE ( estado semelhante ao sono profundo, no qual o paciente age por sugestão externa). O conhecimento de certos episódios emocionais da infância dos indivíduos ajudaria o médico a descobrir as causas de suas doenças. Retorna à Viena e passa atender em sua clínica, usando o método de Charcot, juntamente com seu amigo Joseph Breuer. Esse método tinha dois efeitos: fornecia dados que auxiliavam o médico no diagnóstico da doença e aliviavam o paciente, libertando- o de alguns sintomas, tais como angústia, agitação, ansiedade. Essa libertação que acontecia nos pacientes era chamara de CATARSE. Após terem captado totalmente a confiança do paciente, Freud deu o passo seguinte, abandonou a hipnose, e levava os pacientes a relatar seu passado em estado normal. Durante algum tempo, os dois colegas trabalharam juntos, mas logo suas ideias começaram a divergir e assim precisaram se separar. Freud começou então a trabalhar sozinho, criando um método próprio, ao qual chamou de Psico-análise (ou análise da mente), hoje Psicanálise. Freud percebeu que os sonhos dos pacientes podiam ser uma rica fonte de material emocional significativo, além de conter pistas para as causas subjacentes de um distúrbio e eram resultantes de algum fato de mente inconsciente. Iniciou uma autoanálise de seus sonhos e com o resultado dessa pesquisa, lança o livro ¨A interpretação dos sonhos¨, considerado o evento mais notável de sua carreira. A partir daí começou a ser reconhecido e criou um Comitê juntamente com Abraham, Eitingon, Ferenczi, Rank, Jones e Sachs. Através desse comitê e de um sempre crescente corpo de publicações, Freud alcançou o êxito e tornou-se amplamente conhecido. Em 1923, Freud descobriu que tinha um câncer na boca, provavelmente pelo fato de fumar vinte charutos por dia. Passou por uma série de operações, e com a invasão dos nazistas na Áustria, muda para a Inglaterra. Nunca se recuperou realmente da última operação e faleceu em 23 de setembro de 1939. O Método Psicanalítico de Freud O método psicoterápico que Freud praticava e designava de psicanálise é o chamado procedimento catártico, que pressupunha que o paciente fosse hipnotizável e se baseava na ampliação da consciência que ocorre na hipnose. 8 Tinha por alvo a eliminação dos sintomas patológicos e chegava a isso levando o paciente a retroceder ao estado psíquico em que o sintoma surgira pela primeira vez. Feito isso, emergiam no doente hipnotizado lembranças, pensamentos e impulsos até então excluídos de sua consciência; e mal ele comunicava ao médico o sintoma era superado e impedia seu retorno. Mas esse esquema simples de intervenção terapêutica complicava-se em quase todos os casos, pois viu-se que participavam da gênese do sintoma, não uma única impressão, porém, na maioria dos casos, uma série delas, difícil de abarcar. Com isso Freud abandona a hipnose e passa a tratar seus enfermos de maneira que não exerça nenhum tipo de influência. Deita seus pacientes em um sofá, comodamente, enquanto ele próprio senta numa cadeira por trás deles e evita qualquer contato ou outro procedimento passível de distraí-la e de perturbar-lhe a concentração de atenção em sua própria atividade anímica. Freud precisava de um substituto para a hipnose, e encontrou um método plenamente satisfatório nas associações dos enfermos, ou seja, nos pensamentos involuntários, quase sempre sentidos como perturbadores e por isso comumente postos de lado. Freud os instigava a dizerem tudo oque lhes passar pela cabeça, mesmo o que julgarem sem importância ou irrelevante, sem precisar seguir uma ordem lógica ou cronológica. Essa técnica chama-se associação livre. Freud notou, ao submeter os pacientes a essa técnica, que estes faziam pausas no decorrer de seus relatos. A essas paradas, em que o doente parecia ter dificuldade em se lembrar dos fatos, Freud chamou de resistência, e explicou resultarem do desejo do paciente de ocultar alguma coisa do psicanalista ou de si mesmo. Freud percebeu que a análise dos sonhos é a via real que leva ao conhecimento das atividades inconscientes da mente, e também o melhor caminho para o estudo das neuroses, sendo que os sonhos dos neuróticos não diferem dos sonhos de pessoas consideradas normais. A diferença entre ser neurótico ou não, vigora apenas durante o dia, não se estende a vida onírica. Os sonhos são o ponto de articulação entre o normal e o patológico, são produções e comunicações da pessoa que sonha, e diferente do que muitos pensam, os sonhos não são absurdos, todos possuem sentidos, além de serem manifestações dos desejos, e por isso pedia a seus pacientes que sempre lhe relatassem o que sonhavam. Analisando o funcionamento do sistema inconsciente. Freud percebeu que no cotidiano as ideias inconscientes em busca de expressão afetam nossos pensamentos e nossas ações, os esquecimentos, os lapsos de linguagem,certos atos que praticamos e que aparentemente não tínhamos intenção de praticar são os atos falhos. 9 Analisando todos esses atos, o psicanalista compreendia melhor certos sintomas apresentados pelos doentes. A Psicanálise como Método de Tratamento Freud sentia que o método de livre associação nem sempre funcionava, pois os pacientes chegavam a um ponto das recordações que se sentiam incapacitados para continuar. Freud pensava que essas resistências teriam trazido à tona lembranças vergonhosas demais para encararem. Assim a resistência seria uma espécie de proteção contra a angústia emocional. A simples presença do sofrimento indicava que o processo de análise estava próximo do problema e o analista deveria continuar nesta mesma linha de pensamento. A descoberta de Freud acerca da resistência dos pacientes levou-o a formular o princípio fundamental da repressão, deixando-os, operar no inconsciente. Ele referia-se à repressão como única explicação possível para a resistência. Ele escreveu que “a essência da repressão está simplesmente em se distanciar de algo, mantendo-o longe do consciente”. Considerava a repressão como “a base sobre a qual está toda a estrutura da psicanálise”. Desta maneira, o terapeuta deve ajudar o paciente a trazer esse material reprimido para o consciente a fim de enfrentá-lo e aprender a lidar com o mesmo. Freud admitia ainda que a eficácia do tratamento de pacientes neuróticos dependia do desenvolvimento de uma relação pessoal e íntima entre paciente e terapeuta. Outro método de tratamento importante na psicanálise freudiana consistia na análise dos sonhos. Como representações da satisfação dissimulado dos desejos reprimidos. A essência de um sonho seria a concretização dos desejos do individuo. O conteúdo manifesto do sonho seria a verdadeira história do paciente expressa por meio das lembranças. Freud acreditava que, quando descreviam os sonhos, os pacientes estavam expressando simbolicamente os desejos proibidos, porém nem todos os sonhos têm como causo conflitos emocionais. Alguns são provocados por simples estímulos. Apesar da crescente popularidade da psicanálise como terapia, Freud tinha pouco interesse pessoal no valor potencial do tratamento do seu sistema. Sua principal preocupação não estava na cura dos pacientes, mas na explicação da dinâmica do comportamento humano. 10 Freud era descrito como um terapeuta impessoal e até indiferente. Algumas vezes pegava no sono durante as sessões de análise e reconhecia: “Não possuo a paixão necessária para ajudar as pessoas”. Sua paixão era a pesquisa a partir da qual elaborava a teoria para explicar o funcionamento da personalidade humana. A metodologia e o conteúdo do sistema de Freud eram totalmente diferenciados em relação à psicologia experimental tradicional daquela época. Baseava-se na livre associação, na análise dos sonhos e na compilação das informações dos casos. Ele elaborou, reavaliou e ampliou suas ideias em função das evidências que ele próprio interpretava. Freud ignorava a crítica dos demais, principalmente dos não simpatizantes da psicanálise, pois, a psicanálise era o seu sistema, exclusivamente seu. A Psicanálise como um Sistema de Personalidade O sistema de Freud abordava as forças motivadoras do inconsciente, os conflitos entre essas forças e os efeitos desses conflitos no comportamento. Os Instintos Instintos são a força propulsora ou motivadora da personalidade, o incentivo biológico impulsor da energia mental. O termo usado por Freud para a força motivadora humana era Trieb, cuja melhor tradução seria impulso ou força propulsora. Os instintos freudianos não consistem em predisposições herdadas, mas se referem a fontes internas de estimulação corporal. A função do instinto é remover ou reduzir essa estimulação por meio de algum comportamento, como o ato de comer, beber ou manter relações sexuais. Freud agrupou os instintos humanos em duas categorias gerais: instintos de vida e instintos de morte. Entre os instintos de vida estão: a fome, a sede e o sexo que estão relacionados com a autopreservação e a sobrevivência das espécies. A forma de energia por meio da qual se manifestam os instintos da vida chama-se libido. O instinto de morte consiste em uma força destrutiva que pode se direcionar para o interior, na forma de suicídio, ou para o exterior, por meio de agressão ou ódio. Ele também observou a tendência à agressividade em si próprio sendo que, o conceito de agressão como um aspecto motivador foi muito mais bem recebido pelos psicanalistas do que a noção do instinto de morte. Os Níveis de Personalidade Freud sugeria a divisão da vida mental em duas partes: consciente e inconsciente. A porção consciente seria pequena e insignificante, preservando 11 apenas uma visão superficial de toda a personalidade. A imensa e poderosa parte inconsciente conteria as forças de todo comportamento humano. Em outros trabalhos, Freud reavaliou essa distinção simples entre o consciente e o inconsciente e propôs os conceitos de id, ego e superego. O id correspondente a sua noção inicial de inconsciente, seria a parte mais primitiva e menos acessível da personalidade. Nele estariam os instintos de sexo e agressividade e, contém a nossa energia psíquica básica expressando- se por meio da redução de tensão. As forças do id buscam a satisfação imediata sem tomar conhecimento das circunstâncias da realidade ignorando- a, e funcionam de acordo com o princípio do prazer. O ego serve como mediador, um facilitador da interação entre o id e as circunstâncias do mundo externo. O ego representa a razão ou a racionalidade, ao contrário da paixão insistente e irracional do id. Ele tem consciência da realidade, manipulando-a e, dessa forma, regula o id. O ego obedece ao princípio da realidade, refreando as demandas em busca do prazer até encontrar o objeto apropriado para satisfazer a necessidade e reduzir a tensão. Ele não existe sem o id, extrai sua força do mesmo, pois existe para ajudar o id e está constantemente lutando para satisfazer os instintos do id. O superego desenvolve-se desde o início da vida, quando a criança assimila as regras de comportamento ensinadas pelos pais ou responsáveis. O comportamento inadequado sujeito à punição torna-se parte da consciência da criança, uma porção do superego. O comportamento aceitável para os pais ou para o grupo social torna-se parte do ego-ideal, a outra porção do superego. Dessa forma, o comportamento infantil é controlado inicialmente pelas ações dos pais, uma vez formado o superego, o comportamento é determinado pelo autocontrole. Nesse ponto, a pessoa administra as próprias recompensas ou punições. Superego significa “sobre-eu”. Representa a moralidade, é o máximo assimilado psicologicamente pelo indivíduo do que é considerado o lado superior da vida humana, ou seja, aspecto moral da personalidade. Ele tenta inibir a completa satisfação do id. Assim, Freud imaginava a constante luta dentro da personalidade quando o ego é pressionado pelas forças contrárias insistentes. O ego deve perceber e manipular a realidade para aliviar a tensão resultante, e lidar com a busca do superego pela perfeição. E, quando o ego é pressionado demais, o resultado definido por Freud é a ansiedade. Ele é pressionado por perigos persistentes do id, da realidade e do superego. A Ansiedade 12 A ansiedade funciona como um alerta das ameaças contra o ego. Freud descreveu três tipos de ansiedade. A ansiedade objetiva,que surge dos perigos reais, a ansiedade neurótica e a ansiedade moral, que derivam da ansiedade objetiva. A ansiedade neurótica é o medo da punição por expressar os desejos impulsivos. A ansiedade moral surge do medo da consciência, como algum ato contrário aos valores morais (culpa ou vergonha). O nível dessa consciência resulta do quão ela é desenvolvida, onde pessoas com menos virtudes apresentam menos ansiedade moral. A ansiedade provoca tensão, motivando o indivíduo a tomar alguma atitude para reduzi-la. De acordo com a teoria de Freud, o ego desenvolve um sistema de proteção – os chamados mecanismos de defesa – que consistem no inconsciente ou distorção da realidade. Os mecanismos de defesa freudianos são: negação, deslocamento, projeção, racionalização, formação de reação, regressão, repressão e sublimação. Os Estágios Psicossexuais do Desenvolvimento da Personalidade Freud foi um dos primeiros teóricos a enfatizar a importância do desenvolvimento infantil. Acreditava que a personalidade adulta já estava quase totalmente formada aos 5 anos. De acordo com a sua teoria psicanalítica do desenvolvimento, as crianças passam por uma série de estágios psicossexuais, ou seja, os estágios de desenvolvimento infantil centrados nas zonas erógenas. O estágio oral estende-se do nascimento ao segundo ano de vida, onde a estimulação da boca é a principal fonte de satisfação sensual. A satisfação inadequada pode produzir uma personalidade do tipo oral, ou seja, preocupação com beijar e comer. No estágio anal, a satisfação é transferida da boca para o ânus, e a criança obtém prazer na região anal. Os conflitos durante esse estágio podem produzir um adulto anal-expulsivo(sujeira, desperdício e extravagância), ou adulto- retentor(excesso de limpeza, arrumação e compulsão). Por fim, o estágio fálico, que ocorre por volta dos 4 anos, a satisfação erótica envolvem fantasias sexuais, além de carícias e exibições dos órgãos genitais. Neste estágio, ocorre o complexo de Édipo, que é o desejo inconsciente do menino pela mãe e de substituir ou destruir o pai. A criança que sobrevive as dificuldades desses estágios iniciais entra em um período de latência dos 5 aos 12 anos, até a puberdade, quando começa o estágio genital. 13 Relação entre a Psicologia e a Psicanálise A psicanálise desenvolveu-se fora da corrente principal da psicologia acadêmica. A psicologia fechou em larga medida suas portas à doutrina psicanalítica. Um editorial não assinado do Journal of Abnormal psycholoqy lamentou a interminável corrente de escritos sobre o inconsciente de autoria de psicólogos europeus (Fuller, 1986, p.123). O editorial afirmava que esses escritos eram desprovidos de valor. A partir daí, aceitaram-se poucos artigos sobre psicanálise para publicação, na qual, essa proibição durou ao menos duas décadas. O fato de tanto o sistema como seu originador não serem do meio, complicou e retardou sua aceitação que foi até uma barreira que posteriormente foi rompida. Fatores que contribuíram para manter a psicanálise e a psicologia acadêmica distanciadas são: ausência de um sentido de continuidade na obra de Freud como relação aos progressos da psicologia; fato de que o trabalho de Freud não tinha precedentes no desenvolvimento da psicologia, pois havia uma deficiência de paralelos e esforços coincidentes; e, pelo fato de que, psicólogos não encontravam maneiras de vincular seus esforços com seu trabalho, nem com os de seus predecessores. Uma segunda razão para os conflitos foi o fato de a psicologia estar centrada no método e a psicanálise, ao contrário, estava centrada no problema. A psicologia queria descobrir as leis do comportamento humano por meio dos métodos das ciências naturais. Já a psicanálise era mais global, procurava entender a personalidade humana total, em vez de funções específicas como a percepção e a aprendizagem. Os psicólogos acadêmicos não gostavam das ideias freudianas, estas que não podiam ser quantificadas, nem vinculadas com variáveis empíricas concretas. Críticas à Psicanálise Freud não era religioso, porém procurou explicar a religiosidade em termos naturais e científicos. O público leigo e os religiosos foram severos com Freud e a psicanálise, por causa de sua alegada irreligiosidade, amoralidade e ênfase sexual. Se um crítico se recusa a aceitar algum aspecto da psicanálise decreta-se que ele está manifestando uma resistência. 14 Freud apoiava suas descobertas e conclusões nas respostas que os pacientes davam enquanto eram submetidas à análise. As anotações eram feitas depois de horas após o contato com o paciente. Não pode-se afirmar que Freud fez distorções sobre o que o paciente relatava de acordo com o que gostaria de ouvir, mas para reforçar sua posição ou se elas foram produto do seu inconsciente. Os críticos dizem que, o primeiro passo de Freud é a coleta de dados que pode ser caracterizada como incompleta, imperfeita e imprecisa. O segundo passo, é fazer inferências e generalizações a partir de dados, na qual, críticos questionam que não há como determinar sua confiabilidade ou significação estatística. Mesmo freudianos concordam que ele, muitas vezes, se contradiz e que suas definições como id, ego e superego são obscuras. Teóricos que romperam com Freud alegaram que ele acentuava as forças biológicas, o sexo em especial, como forças primárias da personalidade; acreditavam que a personalidade é mais influenciada por forças sociais. Esses pontos foram usados para construir novas concepções distintas da personalidade humana, levando a divisão da psicanálise e a formalização de várias escolas derivativas de análise freudiana. A Validação Científica de Conceitos Psicanalíticos A partir da morte de Freud, em 1939, muitos de seus conceitos foram submetidos a testes. Uma análise de 2000 estudos retirados da psiquiatria, da psicologia, da antropologia e de outras disciplinas, examinou a credibilidade científica de algumas formulações de Freud. As histórias de caso, o principal método de pesquisa da literatura psicanalítica, não foram incluídas por algumas razões. Os pesquisadores aceitaram os dados que tinham sido “obtidos por meio de procedimentos repetitivos e que envolvessem técnicas que permitissem verificar a objetividade do observador responsável pelo relato” (Fisher e Greenberg, 1977, p.15). Embora alguns conceitos freudianos mais amplos (id, ego, superego, desejo de morte e ansiedade) resistirem a tentativas de validação científicas, outros se mostram suscetíveis de testes. Estudos publicados dão apoio a algumas características dos tipos de personalidade oral e anal e, alguns fatores causadores da homossexualidade, à noção de que, o aspecto do complexo de Édipo, em meninos, e os sonhos servem como um libertador da tensão. Entre os conceitos freudianos testados e não corroborados pelos resultados experimentais, estão a noção de que sonhos satisfazem simbolicamente desejos anseios reprimidos; a afirmação de que os meninos, ao resolverem o 15 complexo de Édipo, se identificam com o pai e a ideia de que mulheres tem uma concepção inferior do seu corpo, ambos padrões do superego. Pesquisas comprovam os processos inconscientes e sua influência sobre os pensamentos e o comportamento. Experimentos do chamado lapso freudiano demonstraram que ao menos algumas de suas manifestações parecem ser, justamente, o que disseram à Freud (conflitos e ansiedades inconscientes). A pesquisa sobre o desenvolvimento da personalidade não confirmaa proposta de Freud. Estudos mostram que a personalidade continua a se desenvolver ao longo do tempo e pode passar por dramáticas mudanças depois dos cinco anos. Essas tentativas científicas de validar ideias freudianas, mostram que ao menos alguns conceitos psicanalíticos podem ser reduzidos a proposição testáveis pelo método experimental. Contribuições da Psicanálise Freud, entre os períodos de 1912 a 1915 deixou um importante legado, as regras mínimas que regem as técnicas dos processos psicanalíticos e, são 5 essas regras: - A regra fundamental (livre associação) - Abstinência - Atenção flutuante - Neutralidade E a quinta regra: - Amor ás verdades, esta devido à ênfase que Freud emprestou a verdade e a honestidade como uma condição “sine-qua-non” para a prática da psicanálise. Essas regras que ainda existem na sua essência vêm sofrendo transformações, também pela inevitável mudança no perfil do paciente, do analista e da própria ideologia do processo analítico. - Regra Fundamental Consiste em associar livremente as ideias conforme vão surgindo de forma espontânea, sem inibições ou julgamento de importância. - Regra de Abstinência Essa recomendação formulada por Freud surgir pelo motivo das Histéricas desenvolverem um estado de “paixão” pelos analistas, preocupado com a ética e a moral da ciência e o possível envolvimento sexual entre paciente e analista Freud se viu na obrigação de definir claros limites de abstenção. 16 - Regra da Atenção Flutuante Freud postulou que o terapeuta deve propiciar uma comunicação de inconsciente para inconsciente, e que o analista pudesse “cegar-se artificialmente para poder ver melhor”. Freud argumenta que que este estado de “atenção flutuante” é útil para o surgimento na mente do analista a capacidade latente em todos de “intuição” que costuma ficar ofuscada quando a percepção do analista e feita somente pelos órgão dos sentidos. - Regra da Neutralidade Conforme a recomendação de Freud, onde ele apresentava a famosa metáfora do espelho, em que o psicanalista deve se opaco aos seus pacientes, como um espelho, não lhe mostrar nada. O termo neutralidade deriva do *étimo latino neuter* que significa nem um, nem outro. - Regra do Amor ás Verdades Essa regra incidia na necessidade de que o psicanalista fosse uma pessoa veraz, honesta, verdadeira, assim promover verdadeiras mudanças no analisado. Em relação à ética, diz respeito à necessidade do psicanalista não emitir julgamentos de pacientes e até mesmo colegas. 17 Conclusão Neste trabalho percebemos a importância dos fundamentos criados por Freud, para o desenvolvimento da Psicanálise até os dias atuais. Pelo fato que na sua prática médica, tratou pessoas com problemas de histeria, destacando o inconsciente, fato que levou a novas conclusões e entendimentos sobre processos mentais, que antes não eram levados em conta pela falta de compreensão. Nos possibilitou o entendimento de processos que ocorrem perante situações adversas, estes que eram ignorados e agora fazem parte da nossa atualidade, havendo métodos diferentes e mais eficazes de lidar com tais diferenças. É de suma importância para o desenvolvimento humano, individual e em grupo, pois, facilita a compreensão de atitudes, e como diria Freud: “O que não se resolve, se repete”. 18 Referências Bibliográficas Zimerman, David E. - Manual de técnica psicanalítica: uma revisão/ David E. Zimerman – Porto Alegre: Artmed, 2004 Schultz, Duane P. Schultz, Sydney E. - História da Psicologia Moderna 1ª edição brasileira, editora Cultrix, 1981 Marx, M. H.,Hillix, (1973). Sistema e teorias em psicologia. São Paulo: Cultrix Zimerman, David E. - Fundamentos psicanalíticos: teoria,técnica e clínica – uma abordagem didática/ David E. Zimerman – Porto Alegre: Artmed, 1999 Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – Zimerman, David E. Cinco Lições da Psicanálise- Sigmund Freud http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/introducao-a- psicanalise#ixzz2RxzgAnbu http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/introducao-a-psicanalise http://psicanaliselacaniana.blogspot.com.br/2010/11/psicanalise
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