Buscar

CASOS CONCRETOS DE CIVIL 1 2 E 6

Prévia do material em texto

Caso Concreto 2
De acordo com o Art. 2, § 3º, da L.I.N.D.B, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a sua vigência, salvo disposição em contrário. O fenômeno da REPRISTINAÇÃO não é admitido no ordenamento jurídico brasileiro, salvo em duas situações:
Ocorre repristinação quando uma determinada lei A é revogada por uma lei B e posteriormente a lei revogadora (lei B) é revogada por uma nova lei (lei C), havendo determinação expressa na nova lei (C) que a lei anteriormente revogada (lei A) volta a ter sua vigência.
A declaração de inconstitucionalidade da lei revogadora acarreta repristinação da norma revogada pela lei viciada, tornando nulos seus efeitos. Declarada a inconstitucionalidade da norma revogadora, constata-se que ocorreu uma mera pretensão da norma nula revogar outra norma. Desta forma, o efeito lógico é a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que revogou outra é declarada inconstitucional (FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. O efeito repristinatório e a declaração de inconstitucionalidade in Leituras complementares de Direito Constitucional - Controle de Constitucionalidade. Salvador: Editora JusPODVIM. 2007. p.151) (fls. 161/162). E ainda complementando, a jurisprudência do STJ disciplina que havendo declaração de inconstitucionalidade de uma lei, volta a vigorar a lei revogada (cf. AgRg no AREsp. 15.633/RS, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, DJe 15.10.2012.)
A lei nº 8.212/91 foi derrogada pela lei nº 8.870/94, pois alterou apenas alguns dispositivos da lei anterior, afetando apenas parcialmente a norma anterior, permitindo ainda que vigore parte do texto legal..
A irresignação não merece acolhimento. A cobrança da contribuição patronal à Empresa X na forma da lei nº 8.212/91 não é indevida, pois, uma vez que a lei nº 8.870/94 foi declarada inconstitucional, seus efeitos tornar-se-ão nulos, portanto, a lei nº 8.812/91, não perdendo seus efeitos, volta à vigência (efeito repristinatório), sendo devida a sua aplicação, com efeito ex tunc. Conforme jurisprudência disposta no informativo nº 0282 do STJ, “A Seção reafirmou, ao prosseguir o julgamento, o entendimento segundo o qual a não-repristinação é regra aplicável aos casos de revogação de lei, e não aos casos de inconstitucionalidade. É que a norma inconstitucional, porque nula ex tunc, não teve aptidão para revogar a legislação anterior, que, por isso, permaneceu vigente. Assim, reconheceu-se a repristinação do disposto no art. 22 da Lei n. 8.212/1991, compelindo-se a empresa embargante a pagar as diferenças das contribuições à Previdência Social relativas ao período anterior à declaração de inconstitucionalidade do § 2º do art. 25 da Lei n. 8.870/1994. Precedente citado: EREsp 445.455-BA, DJ 5/12/2005. EREsp 645.155-AL, Rel. Min. José Delgado, julgados em 26/4/2006.”
Caso Concreto 6
Havendo a vontade humana e a licitude do fim para qual se destina, os estudantes da Universidade X deverão criar uma associação para tal objetivo, pois a atividade fim não possui fins lucrativos (conforme disposto no art. 53 do CC: Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos), qual seja, visa meramente atender interesses dos alunos de escolas, colégios ou universidades, como no presente caso, uma comissão de formatura. Embora haja movimentação financeira entre os associados, não se descaracteriza a associação, visto que não há finalidade lucrativa. Não há entre os associados direitos e obrigações recíprocos (art. 53, parágrafo único), nem intenção de dividir resultados. De acordo com a professora Maria Helena Diniz, Tem-se associação quando não há fim lucrativo ou intenção de dividir o resultado, embora tenha patrimônio, formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, educacionais, esportivos, religiosos, recreativos, morais, etc. 
A existência legal da pessoa jurídica de direito privado, no caso, a comissão de formatura dos estudantes da Universidade X, começa efetivamente com o registro de seu ato constitutivo no órgão competente, conforme dispõe o art. 45 do CC. Em se tratando de associação, como no caso em tela, dever-se-á proceder com o registro no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, como disposto nos arts. 1.150 do Código Civil e 114 e seguintes da Lei dos Registros Públicos (Lei nº 6.015/73). Após o registro, adquire-se a capacidade jurídica, estendendo-se a todos os campos do direito, não apenas à esfera patrimonial. Dispõe o art. 52 do CC, que aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Adquirindo, portanto, o direito ao nome, à boa reputação, à própria existência, usufruir de direitos reais e obrigacionais (firmar contratos) e ainda adquirir bens por sucessão causa mortis.
A extinção da presente pessoa jurídica de direito privado será convencional, pois a Associação dos Estudantes da Universidade X nasce juridicamente com prazo e fim determinados: organização dos festejos da formatura. Exaurindo-se o fim social a que se destinava, vencendo o prazo de duração, extingue-se a associação, podendo seus associados, pelo estatuto ou por sua própria deliberação, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação (art. 61, § 1º), caso haja patrimônio integrado pela associação a ser dissolvido após os festejos da formatura. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
GONÇALVES, Carlos Roberto: Direito Civil brasileiro, volume I – parte geral, 14ª Ed., São Paulo, Saraiva, 2016.
GAGLIANO, Pablo Stoze; PAMPLONA, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. 9ª edição. São Paulo: Saraiva, 2007. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. 25ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008.
Direito civil: parte geral - obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia e Thaís de Camargo Rodrigues. – São Paulo: Saraiva, 2015.

Continue navegando