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Resumo Livro Tratatado da Argumentação (os âmbitos da argumentação) Chaim Perelman

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Faculdade Mineira de Direito
RESUMO LIVRO TRATADO DA ARGUMENTAÇÃO:
primeira parte – os âmbitos da argumentação
Betim
2016
Fabíola Coimbra dos Santos de Aguiar
RESUMO LIVRO TRATADO DA ARGUMENTAÇÃO:
primeira parte – os âmbitos da argumentação
Resumo do Livro Tratado da Argumentação – A Nova Retórica do autor Chaïm Perelman apresentado à disciplina Lógica Jurídica, do 4º Período do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção de pontos em Regime Especial de Estudos. 
Orientador(a): Raquel
Betim
2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 04
PRIMEIRA PARTE
OS ÂMBITOS DA ARGUMENTAÇÃO
Demonstração e argumentação ........................................................................................ 05
O contato dos espíritos ..................................................................................................... 05
O orador e seu auditório ................................................................................................... 06
O auditório como construção do orador ........................................................................... 06
Adaptação do orador ao auditório .................................................................................... 07
Persuadir e convencer ...................................................................................................... 07
O auditório universal ........................................................................................................ 08
A argumentação perante um único ouvinte ..................................................................... 09
A deliberação consigo mesmo ......................................................................................... 09
Os efeitos da argumentação ............................................................................................. 10
O gênero epidíctico .......................................................................................................... 10
Educação e propaganda .................................................................................................... 11
Argumentação e violência ................................................................................................ 11
Argumentação e envolvimento ........................................................................................ 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 13
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 14
INTRODUÇÃO
O poder de deliberar e de argumentar é um sinal distintivo do ser racional.
A natureza da deliberação e da argumentação se opõe à necessidade e à evidencia, pois não se delibera quando a solução é necessária e não se argumenta contra a evidência.
O campo da argumentação é o do verossímil, do plausível, do provável, na medida em que este último escapa às certezas do cálculo. 
Uma ciência racional não pode contentar-se com opiniões mais ou menos verossímeis, mas elabora um sistema de proposições necessárias, que se impõe a todos os seres racionais e sobre as quais o acordo é inevitável. Daí resulta que o desacordo é sinal de erro.
É a ideia de evidencia, como característica da razão, se quisermos deixar espaço para uma teoria da argumentação que admita o uso da razão para dirigir nossa ação e para influenciar a dos outros. A evidencia é concebida, ao mesmo tempo, como a força à qual toda mente normal tem de ceder e como sinal de verdade daquilo que se impõe por ser evidente. A evidencia ligaria o psicológico ao lógico e permitiria passar de um desses planos para o outro.
A teoria da argumentação não se pode desenvolver se toda prova é concebida como redução à evidência. Com efeito, o objeto dessa teoria é o estudo das técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que se lhes apresentam ao assentimento. O que caracteriza a adesão dos espíritos é sua intensidade ser variável: nada nos obriga a limitar nosso estudo a um grau particular de adesão, caracterizado pela evidência, nada nos permite considerar a priori que os graus de adesão a uma tese à sua probabilidade são proporcionais, nem identificar evidência e verdade.
PRIMEIRA PARTE
OS ÂMBITOS DA ARGUMENTAÇÃO
Demonstração e Argumentação
Quando se trata de demonstrar uma proposição, basta indicar mediante quais procedimentos ela pode ser obtida como última expressão de uma sequência dedutiva, cujos primeiros elementos são fornecidos por quem construiu o sistema axiomático dentro do qual se efetua a demonstração. Mas, quando se trata de argumentar, de influenciar, por meio do discurso, a intensidade de adesão de um auditório a certas teses, já não é possível menosprezar completamente, considerando-as irrelevantes, as condições psíquicas e sociais sem as quais a argumentação ficaria sem objeto ou sem efeito. Pois toda argumentação visa à adesão dos espíritos e, por isso mesmo, pressupõe a existência de um contato intelectual.
Para que haja argumentação, é mister que, num dado momento, realize-se uma comunidade efetiva dos espíritos. É mister que se esteja de acordo, antes de mais nada e em princípio, sobre a formação dessa comunidade intelectual e, depois, sobre o fato de se debater uma questão determinada.
Existem condições prévias para a argumentação no plano da deliberação íntima, são estas: a pessoa deve, notadamente, conceber-se como dividida em pelo menos dois interlocutores que participam da deliberação. Por conseguinte, é de se prever que encontraremos, transpostos para a deliberação consigo mesmo. Muitas expressões o comprovam, tais como: "Não ouças teu anjo mau", "Não tornes a por isso em discussão", que são relativas, uma a condições prévias atinentes às pessoas, a outra a condições prévias atinentes ao objeto da argumentação.
O contato dos espíritos
Para efeitos da argumentação, é preciso ter apreço pela adesão do interlocutor, pelo seu consentimento, pela sua participação mental. Querer convencer alguém implica sempre certa modéstia da parte de quem argumenta, o que ele diz não constitui uma "palavra do Evangelho". Ele admite que deve persuadir, pensar nos argumentos que podem influenciar seu interlocutor, preocupar-se com ele, interessar-se por seu estado de espírito.
Entretanto, nem sempre é louvável querer persuadir alguém: as condições em que se efetua o contato dos espíritos podem, de fato, parecer pouco dignas.
Aristóteles entende que o perigo de discutir com certas pessoas é que, com elas, se perde a qualidade de sua própria argumentação.
Para facilitar a realização das condições prévias para o contato dos espíritos é necessário fazer parte de um mesmo meio, conviver, manter relações sociais. Até mesmo discussões frívolas sem aparente interesse, podem contribuir para o bom funcionamento de um mecanismo social indispensável.
O orador e seu auditório
Para que uma argumentação se desenvolva, é preciso, de fato, que aqueles a quem ela se destina lhe prestem alguma atenção.
Normalmente, é preciso alguma qualidade para tomar a palavra e ser ouvido. Sendo que, em nossa civilização, o impresso, tornado mercadoria, aproveita-se da organização econômica para impor-se à atenção.
Esse contato entre o orador e seu auditório não concerne unicamente às condições prévias da argumentação: é essencial também para todo o desenvolvimento dela.
O segredo das deliberações modificando a ideia que o orador tem de seu auditório, pode transformar os termos do seu discurso.
Cada orador pensa, de uma forma mais ou menos consciente, naqueles que procura persuadir e que constituem o auditórioao qual se dirigem seus discursos.
O auditório como construção do orador
O conhecimento daqueles que se pretende conquistar é, pois, uma condição prévia de qualquer argumentação eficaz.
O estudo dos auditórios poderia igualmente constituir um capítulo de sociologia, pois, mais que do seu caráter pessoal, as opiniões de um homem dependem de seu meio social, de seu círculo, das pessoas que frequenta e com quem convive. Todo orador que quer persuadir um auditório particular tem de se adaptar a ele.
É muito comum acontecer que o orador tenha de persuadir um auditório heterogêneo. Ele deverá utilizar argumentos múltiplos para conquistar os diversos elementos de seu auditório. É a arte de levar em conta, na argumentação, esse auditório heterogêneo que caracteriza o grande orador.
No intuito de influenciar mais o auditório, pode o orador condicioná-lo por meios diversos: música, iluminação, jogos de massas humanas, paisagem, direção teatral. Tais meios vem sendo empregados em todos os tempos, tanto pelos primitivos como pelos gregos, pelos romanos, pelos homens da Idade Média; os aperfeiçoamentos técnicos possibilitaram, em nossos dias, desenvolvê-los poderosamente; de modo que se viu nesses meios o essencial da ação sobre as mentes.
Adaptação do orador ao auditório
Na argumentação, o importante, não é saber o que o próprio orador considera verdadeiro ou probatório, mas qual é o parecer daqueles a quem ela se dirige.
	Os chefes da democracia ateniense adotavam a técnica do hábil orador, um filósofo como Platão lhes censurava "adular" a multidão que deveriam dirigir. Mas nenhum orador, nem sequer o orador sacro, pode descuidar desse esforço de adaptação ao auditório.
	É, de fato, ao auditório que cabe o papel principal para determinar a qualidade da argumentação e o comportamento dos oradores.
Não esqueçamos todavia que, quase sempre, o orador tem toda a liberdade de renunciar a persuadir um determinado auditório, se só o pudesse fazer eficazmente de um modo que lhe repugnasse.
Em regra, é a adaptação do discurso ao auditório, seja ele qual for: o fundo e a forma de certos argumentos, apropriados a certas circunstâncias, , podem parecer ridículos noutras.
Persuadir e convencer
A busca de uma objetividade, seja qual for sua natureza, corresponde ao ideal, e ao desejo de transcender as particularidades históricas ou locais de modo que as teses defendidas possam ser aceitas por todos.
Para quem se preocupa com o resultado, persuadir é mais do que convencer, pois a convicção não passa da primeira fase que leva à ação. Rousseau defende, de nada adianta convencer uma criança "se não se sabe persuadi-la".
Em contrapartida, para quem está preocupado com o caráter racional da adesão, convencer é mais do que persuadir. Aliás, ora essa característica racional da convicção depende dos meios utilizados, ora das faculdade às quais o orador se dirige.
Propõe Perelman, chamar persuasiva a uma argumentação que pretende valer só para um auditório particular (persuasão e ação) e chamar convincente àquela que deveria obter a adesão de todo ser racional (convicção e inteligência). Para Kant, a convicção e a persuasão, são duas espécies de crença.
É, portanto, a natureza do auditório ao qual alguns argumentos podem ser submetidos com sucesso que determina em ampla medida tanto o aspecto (persuasiva ou convincente) que assumirão as argumentações quanto o caráter, o alcance que lhe serão atribuídos. Perelman, lista três espécies de auditórios, considerados privilegiados, tanto na prática corrente como no pensamento filosófico, são estas: auditório universal – constituído pela humanidade inteira, ou pelo menos pelos homens adultos e normais; o segundo formado pelo diálogo, unicamente pelo interlocutor a quem se dirige; e o terceiro, constituído pelo próprio sujeito, quando ele delibera ou figura as razões de seus atos.
O auditório universal
O acordo de um auditório universal não é, uma questão de fato, mas de direito.
Uma argumentação dirigida a um auditório universal deve convencer o leitor do caráter coercivo das razões e fornecidas, de sua evidencia, de sua validade intemporal e absoluta, independente das contingências locais ou históricas.
No limite, a retórica eficaz para um auditório universal seria a que manipula apenas a prova lógica.
Cada cultura, cada indivíduo tem sua própria concepção do auditório universal, e o estudo dessas variações seria muito instrutivo, pois nos faria conhecer o que os homens consideraram, no decorrer da história, real, verdadeiro e objetivamente válido.
Resta sempre o recurso de desqualificar o recalcitrante¸ se a argumentação dirigida ao auditório universal, não convence todavia a todos, considerando-o estúpido ou anormal. Existindo o perigo, deve-se recorrer a outra argumentação e opor ao auditório universal um auditório de elite, dotado de meios de conhecimento excepcionais e infalíveis, pode se confundir esse auditório de elite com o Ser perfeito. Este é caracterizado por sua situação hierárquica, a elite é a vanguarda que todos seguirão e à qual se amoldarão. Mas só encarna o auditório universal para aqueles que lhe reconhecem o papel de vanguarda e de modelo, para os outros, ao contrário, ele constituirá apenas um auditório particular.
É assimilado ao auditório universal certos auditórios especializados, tais como: o auditório do cientista (supõe que todos os homens, com o mesmo treinamento, a mesma competência e a mesma informação, adotariam as mesma conclusões).
Conclui Perelman a cerca do discorrido que, os auditórios não são independentes; que são auditórios concretos particulares que podem impor uma concepção do auditório universal que lhes é própria; mas, em contrapartida, pode se dizer que os auditórios julgam-se uns aos outros.
A argumentação perante um único ouvinte
O alcance filosófico da argumentação apresentada a um único ouvinte e sua superioridade sobre a dirigida a um vasto auditório foi admitida por todos os que, na Antiguidade, proclamavam a primazia da dialética sobre a retórica. Esta se limitava à técnica do longo discurso contínuo. Mas um discurso assim, com toda a ação oratória que comporta, seria ridículo e ineficaz perante um único ouvinte.
Pressupõe Perelman, que este único ouvinte encarne o auditório universal. Entretanto se faz mister frisar que, ele pode ser a encarnação de um auditório particular.
A escolha do ouvinte único que encarnará o auditório é determinada pelas metas que orador se atribui, mas também pela ideia que ele tem do modo como um grupo deve ser caracterizado. 
A deliberação consigo mesmo
O sujeito que delibera é considerado em geral uma encarnação do auditório universal.
Com efeito, parece que o homem dotado de razão, que procura formar-se uma convicção, tem de desprezar todos os procedimentos que visam conquistar os outros: ele não pode, crê-se, deixar de ser sincero consigo mesmo e é, mais do que ninguém, capaz de experimentar o valor de seus próprios argumentos.
Com muita freqüência, aliás, uma discussão com outrem não é mais do que um meio que utilizamos para nos esclarecer melhor. O acordo consigo mesmo é apenas um caso particular do acordo com os outros. Por isso, do nosso ponto de vista, é a análise da argumentação dirigida a outrem que nos fará compreender melhor a deliberação consigo mesmo, e não o inverso.
Os efeitos da argumentação
O objetivo de toda argumentação, como dissemos, é provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que se apresentam a seu assentimento: uma argumentação eficaz é a que consegue aumentar essa intensidade de adesão, de forma que se desencadeie nos ouvintes a ação pretendida (ação positiva ou abstenção) ou, pelo menos, crie neles uma disposição para a ação, que se manifestará no momento oportuno.
Apenas a argumentação, da qual a deliberação constitui um caso particular, permite compreender nossas decisões. É por essa razão que examinaremos a argumentação sobretudo em seus efeitos práticos: voltada para o futuro, ela se propõe provocar umaação ou preparar para ela, atuando por meios discursivos sobre o espírito dos ouvintes. Essa forma de examiná-la permitirá compreender várias de suas particularidades, notadamente o interesse que apresenta para ela o gênero oratório, que os antigos qualificaram de epidíctico.
O gênero epidíctico
Para Aristóteles, o orador se proprõe atingir, conforme o gênero do discurso, finalidades diferentes: no deliberativo, aconselhando o útil, ou seja, o melhor; no judiciário, pleiteando o justo; no epidíctico, que trata do elogio ou da censura, tendo apenas de ocupar-se com o que é belo ou feio. Portanto, trata-se mesmo de reconhecer valores. Mas, faltando a noção de juízo de valor e a de intensidade de adesão, os teóricos do discurso, depois de Aristóteles, misturam incontinenti a idéia de belo, objeto do discurso, aliás equivalente da idéia de bom, com a idéia do valor estético do próprio discurso.
Com isso, o gênero epidíctico parecia prender-se mais à literatura do que à argumentação. Foi assim que a distinção dos gêneros contribuiu para a posterior desagregação da retórica, pois os dois primeiros gêneros foram anexados pela filosofia e pela dialética, tendo sido o terceiro englobado na prosa literária. 
Ora, acreditamos que os discursos epidícticos constituem uma parte central da arte de persuadir, e a incompreensão manifestada a seu respeito resulta de uma concepção errônea dos efeitos da argumentação.
É na epidíctica que são apropriados todos os procedimentos da arte literária, pois se trata de promover o concurso de tudo quanto possa favorecer essa comunhão do auditório. É o único gênero que, imediatamente, faz pensar na literatura.
Os discursos epidícticos apelarão com mais facilidade a uma ordem universal, a uma natureza ou a uma divindade que seriam fiadoras dos valores incontestes e que são julgados incontestáveis. Na epidíctica, o orador se faz educador. Os discursos epidícticos têm por objetivo aumentar a intensidade de adesão aos valores comuns do auditório e do orador;
Educação e propaganda
Enquanto o propagandista deve granjear, previamente, a audiência de seu público, o educador foi encarregado por uma comunidade de tornar-se o porta-voz dos valores reconhecidos por ela e, como tal, usufrui um prestígio devido a suas funções.
O discurso epidíctico - e toda educação - visam menos a uma mudança nas crenças do que a um aumento da adesão ao que já é aceito, enquanto a propaganda se beneficia de todo o lado espetacular das mudanças perceptíveis que ela procura realizar e que às vezes realiza. Não obstante, na medida em que a educação aumenta a resistência a uma propaganda adversa, é útil considerar educação e propaganda como forças que atuam em sentido contrário.
Argumentação e violência
A argumentação é uma ação que tende sempre a modificar um estado de coisas preexistente. Isso é verdade, até no que concerne ao discurso epidíctico; por isso é que ele é argumentativo. Mas, ao passo que aquele que toma a iniciativa de um debate é comparável a um agressor, aquele que, por seu discurso, deseja reforçar valores estabelecidos se assemelhará àquele guarda protetor dos diques que sofrem sem cessar o ataque do Oceano.
O uso da argumentação implica que se tenha renunciado a recorrer unicamente à força, que se dê apreço à adesão do interlocutor, obtida graças a uma persuasão racional, que este não seja tratado como um objeto, mas que se apele à sua liberdade de juízo. O recurso à argumentação supõe o estabelecimento de uma comunidade dos espíritos que, enquanto dura, exclui o uso da violência
Argumentação e envolvimento
A objetividade, quando atinente à argumentação, deve ser repensada, reinterpretada, para que possa ter sentido numa concepção que se recusa a separar uma afirmação da pessoa de quem a faz.
 	Quando uma opinião exerce uma influência sobre a ação, já não basta a objetividade, a menos que se entenda por isso o ponto de vista de um grupo mais amplo, que engloba ao mesmo tempo os adversários e o "neutro". Este é apto a julgar não como neutro - aliás, cada qual pode criticar-lhe a neutralidade em nome de princípios comuns de justiça ou de direito -, mas por ser imparcial: ser imparcial não é ser objetivo, é fazer parte de um mesmo grupo que aqueles a que se julga, sem ter previamente tomado partido por nenhum deles. Em muitos debates, o problema de saber quem tem qualidade para intervir, até mesmo para julgar, é penoso e delicado, porque uns tomaram partido e os outros não são membros do grupo.
A imparcialidade, se concebida como a de um espectador, pode parecer a ausência de qualquer atração, uma afetação desprovida de participação nos debates, uma atitude que transcende as discussões. Em contrapartida, se ela deve caracterizar um agente, é antes um equilíbrio das forças, uma atenção máxima aos interesses em causa, mas repartida igualmente entre os pontos de vista.
A imparcialidade encontra-se, assim, nos campos em que o pensamento e a ação estão intimamente associados, entre a objetividade que não confere ao terceiro nenhuma qualidade para intervir e o espírito sectário que o desqualifica.
Cada vez que importa refutar a acusação de que nossos desejos é que determinaram nossas crenças, é indispensável fornecer provas, não de nossa objetividade, o que é irrealizável, mas de nossa imparcialidade, indicando as circunstâncias em que, numa situação análoga, agimos contrariamente ao que podia parecer nosso interesse e especificando se possível a regra ou os critérios que seguimos, os quais seriam válidos para um grupo mais amplo que englobaria todos os interlocutores e, no limite, se identificaria com o auditório universal.
A argumentação visa uma escolha entre possíveis; propondo e justificando a hierarquia deles, ela tenciona tornar racional uma decisão. Fanatismo e cepticismo negam essa função da argumentação em nossas decisões. Tendem ambos a deixar, na falta de razão coerciva, campo livre à violência, recusando o envolvimento da pessoa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente resumo, preleciona fielmente as concepções de Chaïm Perelman (1996) de forma sintética conceitos a cerca sobre os âmbitos da argumentação e seus pressupostos. 
Em sua obra o autor estrutura as diferentes espécies de discurso, suas variações em função das disciplinas do orador e do auditório. Quão fundamental é entender o papel destes dois a fim de se produzir uma argumentação, onde o orador a estruture na realidade do auditório e este por conseguinte determine a qualidade da argumentação e o comportamento dos oradores (Perelman, 1996). 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PERELMAN, Chaïm. Tratado da Argumentação: A Nova Retórica. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 4ª tiragem 2000. 1ª edição 1996.

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