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Controle de Constitucionalidade PGE PGM

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https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos 
 
 
 
Nota da Redação: 
 
O presente trabalho foi organizado pela equipe do Portal “Estudando Direito”, tendo por 
objetivo a seleção de temas atuais e importantes para concursos de Procuradorias. Nosso 
intuito não foi o de esgotar o conteúdo da disciplina, mas tão somente de selecionar potenciais 
assuntos para provas futuras, sendo indispensável que o aluno complemente o estudo com 
uma doutrina ou com suas anotações pessoais sobre os fundamentos da matéria. 
 
O material foi organizado na forma de resumo, com o intuito de condensar o conteúdo e 
otimizar o estudo. Por isso, serão comuns expressões abreviadas e coloquiais. 
 
Abraços e bons estudos! 
 
 
CAPÍTULO 1 – TEMAS SOBRE PARÂMETRO E OBJETO DE CONTROLE 
 
 
1.1 – Parâmetro do controle de constitucionalidade e o “bloco de constitucionalidade”: 
Hoje, em razão do neoconstitucionalismo e da força normativa dos princípios, o parâmetro do 
controle de constitucionalidade não é mais apenas a constituição, mas sim todo o bloco de 
constitucionalidade. Este é o conjunto de regras, princípios, valores constitucionais, emendas 
constitucionais, normas do ADCT e tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos. Tudo isso serve como parâmetro para que uma norma seja declarada 
inconstitucional. 
 
O conceito de “bloco de constitucionalidade” foi cunhado pelo jurista francês Louis Favoreu, ao 
buscar enxergar normas com valor constitucional para além do mero texto da Carta Política de 
seu país. 
 
Nesse sentido, a ideia de bloco de constitucionalidade tem como premissa a distinção entre 
constituição formal e constituição material. A constituição material é aquela que não se 
resume ao simples texto da Carta, de maneira que é possível ao intérprete vislumbrar normas 
com status constitucional para além daquilo que está expresso na chamada constituição 
formal. Como exemplo, seria possível citar os princípios constitucionais implícitos, que podem 
ser extraídos pelo intérprete na análise de uma determinada norma constitucional (Exemplo: o 
princípio da proporcionalidade, que pode ser extraído da cláusula do “devido processo legal”). 
 
Para elucidar a questão, veja as lições de Canotilho: 
 
“O programa normativo-constitucional não pode se reduzir, de forma positivística, ao ‘texto’ da 
Constituição. Há que densificar, em profundidade, as normas e princípios da constituição, 
alargando o ‘bloco da constitucionalidade’ a princípios não escritos, mais ainda reconduzíveis ao 
programa normativo-constitucional, como formas de densificação ou revelação específicas de 
princípios ou regras constitucionais positivamente plasmadas” (José Joaquim Gomes Canotilho, 
https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos 
 
Direito constitucional, p. 982) 
 
No Brasil, parcela da doutrina passou a defender essa visão ampliativa especialmente em 
virtude da previsão do §2º da CRFB, que enxerga direitos fundamentais para além daqueles 
previstos no texto constitucional: 
 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte. 
 
O tema ganha especial relevância também a partir da EC nº 45, que tornou equivalente às 
emendas constitucionais os tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados em 2 
turnos em cada casa do Congresso Nacional, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros. 
 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
 
Assim, partindo-se de uma visão ampliativa, parcela da doutrina costuma indicar a existência 
de um bloco de constitucionalidade, a partir da constatação de que existem outras normas 
com igual valor normativo e\ou axiológico para além daquelas expressas no corpo da 
Constituição formal. 
 
Esta visão é fundamental para se entender a ideia de parâmetro do controle de 
constitucionalidade. Isso porque, de acordo com a visão ampliativa, as normas 
infraconstitucionais devem ser compatíveis não apenas com o texto da constituição, mas 
também com todo esse bloco de constitucionalidade. Desse modo, uma determinada lei 
poderia ser considerada inconstitucional não só por violar o texto expresso da Constituição, 
mas também por violar um princípio que dela decorra. 
 
Na jurisprudência, o grande precedente a tratar dessa ideia de “bloco de constitucionalidade” 
é a ADI 2971, de relatoria do ministro Celso de Mello. 
 
ADI 2.971 – Rel. Min. Celso de Mello – (...) É por tal motivo que os tratadistas – consoante observa 
JORGE XIFRA HERAS (“Curso de Derecho Constitucional”, p. 43) -, em vez de formularem um 
conceito único de Constituição, costumam referir-se a uma pluralidade de acepções, dando ensejo 
à elaboração teórica do conceito de bloco de constitucionalidade, cujo significado – revestido de 
maior ou de menor abrangência material – projeta-se, tal seja o sentido que se lhe dê, para além 
da totalidade das regras constitucionais meramente escritas e dos princípios contemplados, 
explicita ou implicitamente, no corpo normativo da própria Constituição formal, chegando, até 
mesmo, a compreender normas de caráter infraconstitucional, desde que vocacionadas a 
desenvolver, em toda a sua plenitude, a eficácia dos postulados e dos preceitos inscritos na Lei 
Fundamental, viabilizando, desse modo, e em função de perspectivas conceituais mais amplas, a 
concretização da idéia de ordem constitucional global. Sob tal perspectiva, que acolhe conceitos 
múltiplos de Constituição, pluraliza-se a noção mesma de 
constitucionalidade/inconstitucionalidade, em decorrência de formulações teóricas, matizadas por 
visões jurídicas e ideológicas distintas, que culminam por determinar – quer elastecendo-as, quer 
restringindo-as – as próprias referências paradigmáticas conformadoras do significado e do 
conteúdo material inerentes à Carta Política. Torna-se relevante destacar, neste ponto, por tal 
razão, o magistério de J. J. GOMES CANOTILHO (“Direito Constitucional e Teoria da Constituição”, 
p. 811/812, item n. 1, 1998, Almedina), que bem expôs a necessidade de proceder-se à 
determinação do parâmetro de controle da constitucionalidade, consideradas as posições 
doutrinárias que se digladiam em torno do tema: “Todos os actos normativos devem estar em 
conformidade com a Constituição (art. 3.º/3). Significa isto que os actos legislativos e restantes 
actos normativos devem estar subordinados, formal, procedimental e substancialmente, ao 
parâmetro constitucional. Mas qual é o estalão normativo de acordo com o qual se deve controlar 
a conformidade dos actos normativos? As respostas a este problema oscilam fundamentalmente 
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entre duas posições: (1) o parâmetro constitucional equivale à constituição escrita ou leis com 
valor constitucional formal, e daí que a conformidade dos actos normativos só possa ser aferida, 
sob o ponto de vista da sua constitucionalidade ou inconstitucionalidade, segundo as normas e 
princípios escritos da constituição (ou de outras leis formalmente constitucionais); (2) o parâmetro 
constitucional é a ordem constitucional global, e, por isso, o juízo de legitimidade constitucional 
dos actos normativos deve fazer-se não apenas segundo as normas e princípios escritos das leis 
constitucionais, mas também tendo em conta princípios não escritos integrantes da ordem 
constitucional global. Na perspectiva (1), o parâmetro da constitucionalidade (=normas de 
referência, bloco de constitucionalidade) reduz-se às normas e princípios da constituição e das leis 
com valor constitucional; para a posição(2), o parâmetro constitucional é mais vasto do que as 
normas e princípios constantes das leis constitucionais escritas, devendo alargar-se, pelo menos, 
aos princípios reclamados pelo ‘espírito’ ou pelos ‘valores’ que informam a ordem constitucional 
global.” 
 
 
Entretanto, convém salientar que a adoção dessa ideia de “bloco de constitucionalidade” ainda 
é tímida na jurisprudência pátria, limitando-se hoje sua abrangência aos tratados 
internacionais com força de emenda constitucional e a determinados princípios constitucionais 
implícitos. Nessa linha, importante citar que na jurisprudência francesa discutiu-se até a 
integração do preâmbulo nesse bloco, o que foi expressamente rechaçado pelo STF, ante a 
ausência de força normativa do preâmbulo da CRFB de 1988 (conforme assentado na ADI 
2076). Assim, para o STF, o preâmbulo NÃO é parâmetro do controle de constitucionalidade, 
mas tão somente uma diretriz interpretativa, destituída de força normativa. 
 
OBS: Caso apareça em sua prova a expressão “CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE”, o 
examinador estará se referindo ao controle de constitucionalidade tendo como parâmetro os 
tratados internacionais. Para a doutrina majoritária, só poderia ser parâmetro de controle os 
tratados com status de emenda constitucional (tratados sobre direitos humanos aprovados 
pelo rito do art. 5º, que vimos acima). Para outra parcela da doutrina, também poderia ser 
parâmetro de controle os tratados com status SUPRALEGAL (tratados sobre direitos humanos 
anteriores à EC45 e tratados sobre direitos humanos que não observaram o rito do art. 5º). No 
entanto, em relação aos demais tratados que não versam sobre direitos humanos (Ex: tratados 
comerciais, como o do GATT), não poderiam ser utilizados como parâmetro, por possuírem 
status de LEI ORDINÁRIA, de acordo com o STF. 
 
 
1.2 – OBJETO do controle de constitucionalidade: 
 
Enquanto o parâmetro do controle é a norma modelo que servirá como paradigma, o OBJETO 
do controle é o ato impugnado, que terá sua constitucionalidade aferida diante do parâmetro 
constitucional. 
 
Quais os atos que podem ser objeto de ADIN? 
O ato impugnado deve ser um ato estatal, normativo e primário. 
O ato estatal é um ato do poder PÚBLICO. Se o ato não for público ele não poderá ser objeto 
de ADIN, ainda que tenha um caráter mais geral e abstrato (Ex. Ato de um condomínio, 
estatuto de uma empresa, etc). 
O ato normativo é aquele que possui um conteúdo genérico e abstrato, não podendo ser um 
ato específico e concreto (Ex: lei que desapropria um imóvel). O STF sempre entendeu que não 
seria cabível ADIn contra leis de efeitos concretos, que não possuíam um caráter genérico e 
abstrato; no entanto, parece ter alterado sua jurisprudência ao ter declarado inconstitucional 
um crédito orçamentário veiculado através de MP, que não teria preenchido os requisitos da 
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relevância e urgência. Mesmo assim, a regra é a de que não cabe ADIn contra normas de 
efeitos concretos, só podendo haver esse controle excepcionalmente. 
O ato primário é aquele que busca fundamento de validade diretamente na constituição, 
possuindo o condão de inovar na ordem jurídica por si próprio, sem a necessidade de outro 
ato intermediário. É o caso, por exemplo, dos DECRETOS AUTÔNOMOS, em face dos quais o 
STF admite o controle de constitucionalidade. 
Já os ato secundários são aqueles que têm como fundamento de validade a lei, buscando 
apenas reflexamente a sua validade na Constituição. É o caso dos decretos meramente 
regulamentares. Por isso que se diz que se houver a violação da lei por um decreto, a 
inconstitucionalidade aqui será apenas uma INCONSTITUCIONALIDADE REFLEXA, pois antes 
de violar a Constituição, o decreto violou a lei. 
 
 
Cabe ADIn em face de Medida provisória? 
SIM. A MP é um ato normativo PRIMÁRIO, previsto no art. 59 da CRFB, que possui fundamento 
de validade diretamente na Constituição. 
 
Mas e se houver a conversão da MP em lei? A ADIn perderá o objeto? 
Não. Se houver conversão integral da MP em lei, não haverá perda do objeto. Basta que o 
autor adite o pedido, pedindo a declaração de inconstitucionalidade da lei que resultou da 
conversão da MP. 
 
Mas e se a MP não for convertida em lei? 
Aí entende-se que haverá a perda do objeto, pois não foi cumprido o requisito da dupla 
vigência (ideia de que o parâmetro e o objeto do controle de constitucionalidade devem estar 
vigentes tanto à época do ajuizamento quanto do julgamento da ADIn). Nesse caso, a MP 
deixou de existir, pois a CRFB atualmente prevê a automática perda da eficácia da MP após o 
decurso do prazo de 60 dias (prorrogáveis por mais 60), sendo que seus efeitos serão 
disciplinados por decreto do poder legislativo. 
 
 § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a 
edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 
7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, 
as relações jurídicas delas decorrentes. 
 
E se a MP for convertida em lei, mas com alterações? 
Aí vai depende do teor das alterações. Se as alterações forem substanciais, haverá a perda do 
objeto. Se a alteração não for substancial, a ADIn não perde do objeto. 
O fundamento também é o requisito da dupla vigência, pois se o parâmetro ou o objeto de 
controle for revogado ou alterado substancialmente no curso da tramitação da ADIn, deve 
haver a perda do objeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: O requisito da “dupla vigência” tem sido relativizado pela jurisprudência 
mais recente, pois tem dado margem a fraudes pelo Congresso Nacional (Ex: é 
proposta uma ADIn contra a lei “X”, aí o Congresso vai lá e edita uma lei “Y”, 
revogando a lei “X” para que a ADin perca o objeto). O STF já julgou uma ADIn 
na hipótese dessa chamada “fraude processual”, mesmo após a lei ter sido 
revogada. 
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Cabe ADIn contra decretos legislativos e resoluções? 
SIM. Também são atos normativos primários previstos no art. 59 da CRFB. 
São atos normativos editados pelo Congresso Nacional e pelas suas casas no exercício de suas 
competências exclusivas ou privativas. 
 
 
Cabe ADIn contra emendas constitucionais? 
SIM, quando a emenda constitucional for aprovada com algum vício formal (Ex: violação do 
quórum de votação ou do procedimento previsto na CRFB para sua aprovação) ou quando 
materialmente violar uma cláusula pétrea. Sobre o controle de emendas constitucionais, 
remetemos o estudo ao tema tratado na Apostila sobre Teoria da Constituição. 
 
 
Cabe ADIn contra tratados internacionais? 
SIM. De acordo com o STF (RE 8.004), os tratados em geral ingressam no ordenamento jurídico 
brasileiro com o status de lei ordinária (salvo os tratados sobre direitos humanos, que após a 
EC45, como vimos, podem inclusive possuir status de emenda constitucional). 
Assim, é possível que se entre com uma ADIN em face dos tratados internacionais, uma vez 
que, se estes ingressam no ordenamento jurídico brasileiro como LO, são normas infralegais e, 
portanto, no conflito entre o tratado e a Constituição, esta deve prevalecer. 
 
OBS: Nessas hipóteses a ADIN deve ser proposta em face do decreto legislativo que incorpora 
o tratado nacional. Mas, substancialmente, o controle deve ser feito entre o conteúdo do 
tratado e o conteúdo da constituição. 
 
E se o tratado versar sobre direitos humanos? 
Se forem aprovados pelo procedimento trazido pelo art. 5º após a EC45, terão status de 
emenda constitucional, como visto. E como cabe o controle de constitucionalidade de 
emendas, também será possível controlar a constitucionalidade desses tratados, se violarem 
cláusula pétrea. Assim, os tratados sobre direitos humanos podem tanto ser PARÂMETRO 
(controlede convencionalidade) quanto OBJETO de controle. 
 
 
Cabe ADIn em face de normas constitucionais originárias? 
NÃO. O STF não se considera competente para julgar a constitucionalidade de uma norma 
constitucional originária, uma vez que se trata de escolha do poder constituinte originário. 
Nesse sentido, o STF já declarou juridicamente impossível o pedido de declaração de 
inconstitucionalidade do art. 45, §1º da CRFB, que estabelece um limite mínimo e máximo de 
deputados por Estado (o que, para alguns, geraria uma super-representacao de Estados menos 
populosos, o que violaria o principio da igualdade do voto). O caso concreto foi melhor 
abordado na apostila de Teoria da Constituição. 
 
 
Cabe ADIn em face de lei municipal, tendo como parâmetro a Constituição Federal? 
NÃO. No entanto, será cabível o controle via ADPF, a fim de verificar a compatibilidade de lei 
municipal diante da Constituição Federal. 
Ademais, cuidado com a pegadinha: cabe ADIn em face de lei municipal SIM, tendo como 
parâmetro a Constituição ESTADUAL. Nessa hipótese, o controle de constitucionalidade será 
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feito pelo tribunal de justiça, através da REPRESENTAÇAÕ DE INCONSTITUCIONALIDADE, e não 
pelo STF. 
Por fim, é possível também o controle de constitucionalidade incidental da lei municipal diante 
da Constituição Federal (Ex: através de um recurso extraordinário que chegou ao STF). 
 
 
Cabe ADIN em face de leis do Distrito Federal? 
Depende, pois o DF acumula competências legislativas do estado e do município: as leis 
distritais podem ser estaduais ou municipais. Se for lei estadual caberá ADIN, mas se for uma 
lei distrital no exercício de competência municipal, aí não caberá ADIN tendo por parâmetro a 
CRFB (será cabível, entretanto, os instrumentos de controle vistos acima, como a ADIn tendo 
por parâmetro a Lei Orgânica do DF). 
 
 
É possível propor ADIN em face de súmula? 
Não cabe ADIN em face de súmula, porque esta não é sequer ato normativo. 
 
E a súmula vinculante? 
Também não, pois não haveria adequação na via eleita: a ADIN não é a via adequada para se 
postular o cancelamento da súmula vinculante, havendo procedimento próprio para esse fim 
disciplinado pela L11417. 
 
 
Cabe ADIN em face de sentenças normativas do direito do trabalho? 
NÃO, pois há uma sistemática recursal própria prevista para se atacar a referida sentença 
normativa. Trata-se também de uma questão de inadequação da via eleita. 
 
 
Cabe ADIN em face de acordos coletivos? 
NÃO. Os acordos coletivos são atos particulares, e não atos estatais, de maneira que também 
estão excluídos de controle de constitucionalidade abstrato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2 – EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE (IN)CONSTITUCIONALIDADE: 
 
 
2.1 – Efeito repristinatório: 
 
A decisão em controle de constitucionalidade é declaratória. O STF, quando reconhece a 
inconstitucionalidade, na verdade a está declarando. Uma norma, quando ela nasce, já nasce 
válida ou inválida, mas em razão da presunção de constitucionalidade de que toda norma 
goza, ela é eficaz. O STF tem que “descobrir” que essa norma é inconstitucional. Assim, a 
norma inconstitucional é inválida desde a sua origem, mas eficaz até a declaração de 
inconstitucionalidade pelo STF. 
 
É por isso que há o efeito repristinatório: a lei anterior, que havia sido revogada pela nova lei 
inconstitucional, voltará a viger com a declaração de inconstitucionalidade. 
 
“Assim, o efeito repristinatório é a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada, 
ocorrendo quando uma norma que revogou outra é declarada inconstitucional (FERREIRA, Olavo 
Augusto Vianna Alves. O efeito repristinatório e a declaração de inconstitucionalidade inLeituras 
complementares de Direito Constitucional - Controle de Constitucionalidade. Salvador: Editora 
JusPODVIM. 2007. p.151).” 
 
Como consequência, em sede de controle de constitucionalidade, o efeito represtinatório é 
automático, ao contrário do que ocorre na repristinação no direito civil (em que a 
repristinação só irá ocorrer se a lei revogadora da lei revogadora assim o determinar). 
 
Ex: Lei “A” é revogada pela “lei B”. No entanto, a lei “B” posteriormente é declarada 
inconstitucional pelo STF. Assim, é como se a lei “B” nunca tivesse existido, voltando a viger a 
lei “A” => efeito repristinatório 
 
 
2.2 – Efeitos “ex tunc” da declaração de (in)constitucionalidade e Modulação dos efeitos 
temporais: 
 
Como a lei inconstitucional já nasce inválida, a decisão de controle tem que retroagir. A 
decisão final de inconstitucionalidade proferida pelo judiciário tem, em regra, efeito retroativo 
(ex tunc). 
 
No entanto, por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público, admite-se 
que haja a modulação dos efeitos temporais da decisão, de modo a preservar as relações 
constituídas e os efeitos produzidos pela lei inconstitucional. Esta técnica encontra previsão no 
art. 27 da L9868: 
 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que 
ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser 
fixado. 
 
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A partir desta técnica, o STF pode determinar que a decisão de inconstitucionalidade tenha 
efeitos ex nunc (dali pra frente) ou então efeitos prospectivos (pró-futuros, a partir de um 
determinado marco temporal no futuro). Pode haver também a fixação de um determinado 
marco temporal no passado, o que é comum em caso de concessão de liminares (Ex: o STF 
modula a decisão para que a norma seja considerada inconstitucional a partir da concessão da 
liminar, que impediu a continuidade de produção de seus efeitos). 
 
 
É cabível a modulação dos efeitos temporais em controle difuso? 
SIM. 
O STF entende que é sim possível a modulação dos efeitos temporais em controle difuso (vide 
Informativo 463). A doutrina majoritária (Ex: Barroso e Gilmar Mendes) também aduz no 
mesmo sentido. 
 
Os argumentos utilizados pelo STF para realizar a modulação de efeitos no controle difuso 
podem assim ser resumidos: 
a) o ordenamento (leia-se o artigo 27 da Lei 9.868/99 e art. 11 da Lei n. 9.882/99), no controle 
concentrado, na medida em que simplesmente autoriza o STF a restringir os efeitos da 
declaração de inconstitucionalidade, sem qualquer outra limitação expressa, a rigor não exclui 
a modulação da própria eficácia subjetiva da decisão (...); 
b) o STF, ao exercer um múnus de matiz político ("guarda da constituição"), se lhe admite 
considerável margem de discricionariedade exatamente para que ele possa dar efetividade ao 
princípio da supremacia constitucional; 
c) o STF, ao proceder a modulação realiza a ponderação de valores e de princípios abrigados na 
própria Constituição; 
 
 
2.3 – Efeitos da decisão liminar em controle de constitucionalidade 
 
A concessão de liminar em ADIN destina-se a provocar a suspensão dos efeitos da norma 
(eficácia da norma). Essa decisão liminar terá, em regra, efeitos ex nunc (dali pra frente), 
tendo em vista seu caráter precário. Não obstante, pode o STF proceder à modulação dos 
efeitos temporais da liminar, caso em que esta poderá passar a ter efeitos ex tunc (retroativos) 
 
L9868, Art. 11, § 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com 
efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. 
 
 
É necessário o quórum qualificado de 2\3 para a modulação dos efeitos da liminar? 
A doutrina majoritáriaentende que NÃO, uma vez que o art. 27 da L9868 só exige o quórum 
qualificado de 2\3 para modulação de efeitos da decisão final. 
 
No entanto, a concessão de liminar se sujeita à regra da maioria absoluta do plenário do STF, 
não podendo, em regra, ser concedida monocraticamente pelo relator. 
Exceções: quando a liminar se der período de recesso do judiciário ou quando houver 
periculum in mora extremo, casos em que será admitido que o relator decida sobre a liminar, 
sujeitando após a sua decisão ao plenário (ad referendum), conforme previsto no art. 10 da 
L9868. 
 
 
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A liminar também possui efeito repristinatório? 
Em regra, SIM. 
Assim como a decisão final, a concessão de liminar torna aplicável a legislação anterior acaso 
vigente. No entanto, é possível que o STF, ao conceder a liminar, não atribua a ela efeitos 
repristinatórios. 
 
§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo 
expressa manifestação em sentido contrário. 
 
 
Quais os efeitos da liminar na Ação Declaratória de Constitucionalidade? 
 
Na ADECON, a liminar destina-se não à suspensão da eficácia da lei objeto da ação, mas sim à 
suspensão de processos judiciais que envolvam a aplicação da lei até o seu julgamento 
definitivo, conforme previsto no art. 21 da L. 9.868/99. Concedida a liminar, esses processos 
ficarão suspensos até a decisão definitiva do STF acerca da constitucionalidade de 
determinada norma. 
 
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá 
deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na 
determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que 
envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. 
 
A lei também prevê um prazo máximo para essa suspensão cautelar, que é de 180 dias: 
 
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em 
seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, 
devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena 
de perda de sua eficácia. 
 
 
2.4 – Inconstitucionalidade por arrastamento 
 
No processo subjetivo comum, temos a necessária observação do princípio do congruência, da 
correlação ou adstrição. Ou seja, o juiz está adstrito àquilo que lhe foi pedido, não podendo 
julgar aquém e nem além, pena de configuração das chamadas sentença "citra", "ultra" ou 
"extra" petita. 
 
No entanto, as ações do controle abstrato de constitucionalidade são processos objetivos, sem 
partes em seu sentido formal, sem pretensão resistida (lide), que tem como objetivo final 
defender a supremacia da constituição. 
 
Portanto, o princípio da congruência não se aplica plenamente no controle de 
constitucionalidade concentrado, podendo os julgadores declarar a inconstitucionalidade de 
dispositivos não impugnados na inicial. O STF permite, por arrastamento, a declaração de 
inconstitucionalidade desses dispositivos não impugnados, mas que estejam relacionados com 
a norma objeto da ação de controle. Também permite a declaração de inconstitucionalidade 
das normas secundárias, que serão afastadas diante da declaração de inconstitucionalidade da 
norma primária. 
 
Assim, quando o STF declara a inconstitucionalidade de uma norma, todas as normas 
dependentes daquela norma também caem. A declaração de inconstitucionalidade de uma 
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norma é “arrastada” para todas as normas que forem dela dependentes (Ex: portarias que 
regulamentavam o dispositivo da lei que foi declarado inconstitucional também devem ser 
consideradas inconstitucionais, por arrastamento). 
 
Para facilitar o entendimento, veja o esquema: 
 
 
 
Qual a diferença entre inconstitucionalidade por arrastamento vertical e horizontal? 
 
Se a norma que foi declarada inconstitucional tiver um grau de hierarquia em relação à norma 
que foi "arrastada", essa inconstitucionalidade é VERTICAL. 
 
Exemplo: Lei e Decreto => há hierarquia 
 
Mas se não houver hierarquia entre essas duas normas, tem-se a chamada 
inconstitucionalidade por arrastamento HORIZONTAL. 
 
Exemplo: Quando o STF declara a inconstitucionalidade do caput do artigo => todos os 
parágrafos, incisos e alíneas devem ser arrastados. Como não há hierarquia entre dispositivos 
da mesma lei, a inconstitucionalidade é horizontal. 
 
 
2.5 – Relativização da coisa julgada inconstitucional 
 
O tema da “coisa julgada inconstitucional” é tão atual e importante que foi cobrado em pelo 
menos 5 provas discursivas de concursos públicos no ano de 2014, dentre as quais as provas 
do TJ-RJ e do TJ-SP. Por isso, resolvemos aprofundá-lo na presente apostila. 
 
A discussão se inicia a partir da análise do art. 475-L, §1º do CPC, o qual, ao listar as matérias 
passíveis de alegação pelo executado como defesa, menciona a inexigibilidade do título 
executivo em virtude de declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal: 
 
Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) 
II – inexigibilidade do título; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) 
§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível 
o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo 
Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo 
Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. 
 
Nas execuções contra a fazenda pública, o legislador também inseriu previsão análoga: 
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Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: 
II - inexigibilidade do título; 
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se 
também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados 
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da 
lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a 
Constituição Federal. 
 
Debruçando-se sobre esse dispositivo, a doutrina cunhou a expressão “COISA JULGADA 
INCONSTITUCIONAL”, para se referir ao título executivo judicial que, embora tenha transitado 
em julgado e formado coisa julgada, se tornaria incompatível com determinada interpretação 
do Supremo Tribunal Federal, podendo, assim, ser relativizado. 
 
Teríamos, então, ao lado da ação rescisória, um novo mecanismo de relativização da coisa 
julgada, que poderia ser suscitado pelo executado como defesa na execução. Isso porque, com 
a declaração de inconstitucionalidade do STF de determinado dispositivo que foi o 
fundamento da sentença\acórdão, este título executivo se tornaria inexigível, de modo a 
preservar a autoridade das decisões da Suprema Corte e evitar que uma decisão contrária à 
orientação do STF se perpetue no tempo. 
 
Exemplo: 
O autor ajuíza uma ação contra o Município do RJ pleiteando a obtenção de um determinado 
benefício remuneratório. A sentença é julgada procedente e transita em julgado. No entanto, 
na fase de execução, o Município do RJ toma conhecimento de decisão do STF declarando 
inconstitucional aquele benefício. Assim, ao apresentar seus embargos, na forma do art. 730 e 
741 do CPC, alega a inexigibilidade do título executivo, uma vez que aquela coisa jugada seria 
“inconstitucional”, por contrariar orientação do Supremo. 
 
Embora a ideia pareça inicialmente simples, pelo menos CINCO CORRENTES surgiram na 
doutrina, interpretando de forma diversa os 2 dispositivos acima mencionados.Estas 
interpretações vão desde a total inconstitucionalidade da referida previsão, por ofensa à coisa 
julgada, até a plena aplicação do dispositivo, independentemente da forma ou do momento 
em que a decisão do STF é proferida. 
 
Inicialmente, destaca-se uma 1ª corrente, adotada por Nelson Nery Jr, que pugna pela 
INCONSTITUCIONALIDADE dos arts. 475-L, §1º do CPC e 741, P.U, II do CPC . 
Dois argumentos são suscitados por essa corrente: 
- Tais previsões violam o instituto da coisa julgada, de cunho constitucional (art. 5º, XXXVI), 
não podendo ser admitidas no ordenamento jurídico. 
- Esta possibilidade de relativização da coisa julgada criada pelo legislador viola a competência 
dos tribunais para rescindir seus próprios julgados, uma vez que se estaria admitindo que um 
juiz de 1ª instância, na fase executiva, rescindisse até mesmo julgados proferidos em 2ª 
instância, caso estes fossem reconhecidos como incompatíveis com certas orientações do STF. 
 
Essa corrente é minoritária e praticamente isolada, sendo certo que a doutrina e a 
jurisprudência têm admitido a aplicação dos referidos dispositivos. No entanto, há enorme 
divergência acerca do modo e do tempo em que deve ter sido proferida a decisão do STF, a fim 
de se admitir o instituto da “coisa julgada inconstitucional”. 
Estudemos essas principais correntes detalhadamente, a partir de alguns questionamentos: 
 
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É cabível a aplicação do dispositivo, se a decisão do STF, a que alude o parágrafo primeiro do 
art.475, L, do CPC, for posterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda? 
 
2 correntes principais podem destacadas para responder à letra “c” da questão: 
 
1ª corrente (Luiz Guilherme Marinoni): Os arts. 475-L, §1º do CPC e 741, P.U, II do CPC são 
CONSTITUCIONAIS, mas a decisão do STF que se pretende utilizar para desconstituir a 
exigibilidade do título deve ter sido proferida em momento anterior. 
Exemplo: se a sentença\acórdão transitou em julgado no ano de 2012, o julgado do STF, para 
tornar essa coisa julgada inconstitucional, deve ser anterior ao ano de 2012. 
Em outras palavras, a sentença\ acórdão precisa ter sido proferida (o) com um defeito 
genético: já surgiu em desconformidade com a orientação do STF. 
Para melhores esclarecimentos, segue trecho da obra de Marinoni: 
 
“Admitir que um processo se desenvolva por anos e gere uma sentença proferida por um juiz que 
tem dever de controlar a constitucionalidade, para posteriormente se dar ao executado o poder 
de alegar uma declaração de inconstitucionalidade posterior à formação da coisa julgada 
material, constitui gritante aberração, a violar, de uma vez só, o poder dos juízes e os princípios 
da segurança jurídica e da proteção da confiança, para não falar nas ilogicidades de menor 
relevância, como a de impor à administração da justiça o tempo, o trabalho e o custo dos 
processos individuais que por anos se desenvolveram para se chegar a uma sentença que, muito 
embora indiscutivelmente legítima, é posteriormente ‘riscada do mapa’. (...) Portanto, as 
normas dos arts. 475-L, § 1º, e 741, parágrafo único, do Código de Processo Civil permitem 
apenas uma interpretação: a de que o executado poderá alegar a pronúncia do Supremo 
Tribunal Federal quando a sentença exeqüenda houver aplicado lei que já havia sido declarada 
inconstitucional, ou tiver adotado interpretação que já havia sido declarada incompatível com 
a Constituição. Note-se, aliás, que este resultado pode ser obtido mesmo a partir de uma 
interpretação unicamente literal destas normas.” (Coisa Julgada Inconstitucional. São Paulo: RT, 
2008, n. 5.4-5.5, p. 132) 
 
 
2ª corrente (Zavascki): Nas declarações de inconstitucionalidade proferidas posteriormente ao 
trânsito em julgado, os mecanismos são de igual aplicação, pois foi justamente para atender a 
estas situações (que não eram contempladas na legislação) que os instrumentos ora estudados 
foram incorporados ao CPC. 
Em outras palavras, caso não se admitisse o manejo desses instrumentos quando o precedente 
do STF fosse posterior à formação do titulo executivo que se pretende desconstituir, a eficácia 
dos referidos dispositivos seria praticamente inócua. 
 
Fredie Didier e Leonardo Carneiro, embora sigam a 1ª corrente, apontam uma solução 
intermediária para os adeptos da 2ª corrente, sugerindo como razoável a aplicação por 
analogia do prazo da ação rescisória, não devendo ser admitida a rescisão da sentença se a 
decisão do STF for proferida após o prazo de dois anos contados do trânsito em julgado da 
decisão exequenda. Seria uma forma de evitar que a coisa julgada permanecesse eternamente 
instável, o que iria de encontro ao princípio da segurança jurídica. 
 
Em observação fundamental e pouco explorada pela doutrina, alertam Thiago Caversan 
Antunes e Luiz Fernando Bellinetti que, independentemente da corrente que se adote, a 
sentença deve ser mantida quando o STF expressamente mitigar os efeitos da pronúncia de 
inconstitucionalidade, a exemplo do que ocorre com a chamada “modulação dos efeitos 
temporais da decisão” (prevista no art. 27 da Lei nº 9.868/99). É o caso, por exemplo, do STF 
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decidir que a decisão de inconstitucionalidade produzirá efeitos “ex nunc” (dali para frente), 
modulando os seus efeitos. Neste caso, “reconhecer a inexigibilidade da sentença 
anteriormente proferida seria contrariar a própria decisão do Supremo Tribunal Federal que 
limitou os efeitos da declaração de inconstitucionalidade pela excepcionalidade do caso”. 1 
 
Por fim, ainda sobre a celeuma acerca do aspecto temporal, convém destacar que, 
independentemente da corrente adotada, há que se destacar o entendimento segundo o qual 
os arts. 475-L, §1º do CPC e 741, P.U, II do CPC não se aplicam às coisas julgadas formadas em 
momento anterior a sua vigência. Nesse sentido, há inclusive entendimento sumulado do STJ: 
 
STJ, Súmula 487: O parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em 
julgado em data anterior à da sua vigência. 
 
Sobre o tema, convém destacar que, embora a alteração legislativa que inseriu os dispositivos 
ora comentados tenha se dado em 2005, os mesmos são aplicados desde o ano de 2000, em 
virtude da Medida Provisória n 1.997-37/2000. Assim, as coisas julgadas existentes até 11 de 
abril de 2000 não sofrem qualquer repercussão com essa alteração, sob pena de afronta à 
garantia da irretroativiclade da lei (art. 5o, XXXVI, da CF). 
 
 
Para que seja possível sua aplicação, é necessário que a decisão do STF, a que alude o 
parágrafo 1.º, tenha sido proferida em controle concentrado ou o referido dispositivo logra 
obter aplicação também no caso de a decisão do STF ter sido proferida em sede de controle 
difuso de constitucionalidade? 
 
A questão da aplicabilidade dos arts. 475-L, §1º do CPC e 741, P.U, II do CPC quando a decisão 
do STF é proferida em sede de controle DIFUSO de inconstitucionalidade também é bastante 
tormentosa na doutrina. 
 
Inicialmente, destaque-se que a doutrina quase que unânime (com exceção dos que defendem 
sua inconstitucionalidade, como Nelson Nery) admite a aplicação destes dispositivos quando a 
decisão do STF for proferida em sede de controle CONCENTRADO. Isso porque tais decisões 
possuem efeitos vinculantes e erga omnes, produzindo efeitos para além das partes do 
processo. É o que se extrai do art. 102, §2º da CRFB: 
 
CRFB, Art. 102, §2º: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, 
nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade 
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 
 
Assim, não há dúvidasde que a decisão proferida pelo Supremo em uma ADIn, ADC ou ADPF 
poderá ser utilizada para embasar a aplicação dos arts. 475-L, §1º do CPC e 741, P.U, II do CPC, 
permitindo a desconstituição do título executivo. 
 
Não obstante, há grande polêmica quando a decisão do STF é proferida em sede de controle 
DIFUSO (aquele que é de competência compartilhada, podendo ser realizado por qualquer juiz 
ou tribunal). 
 
1 ANTUNES, Thiago Caversan; BELLINETTI, Luiz Fernando. Impugnação ao cumprimento de sentença por 
inconstitucionalidade. In: Scientia Iuris, v. 14, p. 63-78, nov. de 2010. 
 
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Inicialmente, destaca-se uma 1ª corrente, capitaneada por Araken de Assis e seguida por 
Eduardo Talamini, segundo a qual é possível a utilização de precedente do STF proferido em 
sede de controle difuso de constitucionalidade, desde que haja resolução do Senado, 
ampliando-lhe os efeitos subjetivos. 
O fundamento é que as decisões proferidas em controle difuso possuem, em princípio, efeitos 
“inter partes” (apenas entre as partes), não podendo estes efeitos ser estendidos àqueles que 
não fizeram parte da relação processual. A única forma de conferir eficácia “erga omnes” às 
decisões proferidas em controle difuso seria a partir de uma resolução do Senado Federal, na 
forma do art. 52, X da Constituição. 
 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão 
definitiva do Supremo Tribunal Federal; 
 
Já para uma 2ª corrente, defendida por Teori Zavascki, Fredie Didier e Leonardo Carneiro, seria 
também possível a aplicação dos arts. 475-L, §1º do CPC e 741, P.U, II do CPC, tendo como 
paradigma decisões do STF em controle DIFUSO de constitucionalidade, independentemente 
da existência de resolução do Senado Federal. O fundamento é a eficácia ultrapartes e 
paradigmática que vem sendo dada pelo STF a tais decisões, em fenômeno que já se designou 
de "objetivação do controle difuso de constitucionalidade". 
 
“A decisão do STF pode ter sido resultado do controle difuso ou concentrado da 
constitucionalidade das leis, desde que, em ambos os casos, tenha sido proferida pelo Pleno. É 
importante ressaltar que mesmo as decisões proferidas em controle difuso servem como 
paradigma para a aplicação do mencionado dispositivo, tendo em vista a eficácia ultrapartes e 
paradigmática que vem sendo dada pelo STF a tais decisões, em fenômeno que já se designou de 
"objetivação do controle difuso de constitucionalidade". Para a aplicação do dispositivo é 
desnecessária a resolução do Senado (art. 52, X, CF/88), suspendendo a vigência da leis” 
 
O STJ possui precedente adotando essa 2ª corrente (Resp 721.80822): 
 
(...)6. O parágrafo único do art. 741 do CPC, buscando solucionar específico conflito entre os 
princípios da coisa julgada e da supremacia da Constituição, agregou ao sistema de processo um 
mecanismo com eficácia rescisória de sentenças inconstitucionais. Sua utilização, contudo, não 
tem caráter universal, sendo restrita às sentenças fundadas em norma inconstitucional, assim 
consideraras as que (a) aplicaram norma inconstitucional (1ª parte do dispositivo), ou (b) 
aplicaram norma em situação tida por inconstitucional ou, ainda, (c) aplicaram norma com um 
sentido tido por inconstitucional (2ª parte do dispositivo). 7. Indispensável, em qualquer caso, 
que a inconstitucionalidade tenha sido reconhecida em precedente do STF, em controle 
concentrado ou difuso (independentemente de resolução do Senado), mediante (a) declaração 
de inconstitucionalidade com redução de texto (1ª parte do dispositivo), ou (b) mediante 
declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto ou, ainda, (c) mediante 
interpretação conforme a Constituição (2a parte). (...) (REsp 721.808/DF, Relator Min. Teori 
Albino Zavascki, Primeira Turma, acórdão unânime de 01/09/2005, DJ 19/09/2005, p. 212. ) 
 
 
Ao nosso ver, a 2ª corrente deve ser analisada com certo cuidado, uma vez a tese da 
“objetivação do controle difuso de constitucionalidade”, ainda que há muito tempo defendida 
pelo Ministro Gilmar Mendes, está longe de ser pacífica no STF, em que pese alguns autores, 
como Guilherme Peña de Moraes, entenderem que a mesma teria sido adotada na 
Reclamação 4335/AC. 
 
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Sendo assim, caso a questão venha a ser indagada em sua prova, recomendamos expor toda a 
controvérsia doutrinária sobre o tema, em especial as correntes acima delineadas. 
 
 
2.6 – Abstrativização do controle difuso: 
 
O tema da abstrativização do controle concreto foi objeto de importante decisão do STF no 
ano de 2014, razão pela qual o escolhemos para trazer uma abordagem jurisprudencial 
recente sobre a polêmica. 
 
A doutrina clássica, ao explicar os efeitos da decisão em controle difuso e incidental, sempre 
sustentou a eficácia apenas entre as partes do processo. Nessa espécie de controle, a arguição 
de inconstitucionalidade se dá de modo incidental, constituindo questão prejudicial ao 
processo, não tendo o condão de produzir coisa julgada com eficácia erga omnes (para outras 
pessoas, fora daquela relação processual). 
 
Essa sempre foi a principal característica diferenciadora entre controle incidental e o controle 
abstrato, sendo apenas este último apto a produzir coisa julgada erga omnes, uma vez que 
nele a arguição de inconstitucionalidade constaria do próprio pedido e seria decidida no 
dispositivo da sentença. É o que ocorre, no Brasil, nas ações de controle concentrado (ADIn, 
ADC e ADPF), nas quais a decisão pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade se projeta 
para todos, e não apenas para as partes no processo. 
 
Não obstante, essa diferenciação tem sido paulatinamente mitigada por uma doutrina mais 
contemporânea, a qual pugna pela aproximação entre o controle incidental e o controle 
abstrato. No direito comparado, fala-se em instrumentos como o “stare decisis” norte-
americano e o “recurso de amparo” europeu, os quais tendem a ampliar os efeitos da decisão 
para além das partes do processo. 
 
Nesse sentido, até mesmo no direito brasileiro surgiram instrumentos capazes de ampliar os 
efeitos de uma decisão concreta, como ocorre na sistemática dos recursos repetitivos (art. 
543-C do CPC), da repercussão geral (art. 543-A do CPC) e nas súmulas vinculantes (art. 103-A 
da Constituição). 
 
No entanto, quanto à projeção de efeitos da decisão de constitucionalidade ou 
inconstitucionalidade do STF em sede de controle incidental, essa aproximação acaba 
encontrando um óbice no art. 52-X da CRFB, o qual traz a necessidade de resolução do Senado 
Federal para suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF para além das 
partes do processo. 
 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão 
definitiva do Supremo Tribunal Federal; 
 
Mesmo assim, respeitável doutrina tem defendido que essa exigência não mais subsiste no 
atual sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, tendo havido verdadeira mutação 
constitucional do art. 52, X. 
 
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A referida tese foi construída pelo ilustre Ministro Gilmar Mendes e cada vez mais tem 
ganhado adeptos na doutrina e na jurisprudência, tendo sido denominada de “abstrativização 
do controle difuso”. 
 
Para essa teoria, se o Plenário do STF decidir pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade 
de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os mesmos 
efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Os argumentos 
para tal afirmação podemser assim resumidos: 
 
- O STF, enquanto guardião da Constituição, é seu intérprete máximo, devendo haver 
prevalência e eficácia erga omnes de seu entendimento sobre a constitucionalidade de uma 
norma, ainda que firmado em sede de controle difuso. 
- Tal entendimento concretiza o princípio da supremacia da Constituição e a sua aplicação 
uniforme a todos os destinatários, permitindo que eventuais decisões contrárias à orientação 
do STF sejam prontamente cassadas através de Reclamação Constitucional. 
- Economia processual, efetividade do processo e celeridade processual. 
- A resolução do Senado Federal, na forma do art. 52, X, serviria apenas para conferir 
publicidade à decisão do STF. 
 
Esta tese, apesar de sedutora, acaba por sepultar o art. 52, X da Constituição, 
consubstanciando aquilo que a doutrina denomina de “mutação constitucional 
inconstitucional” (a qual extrapola os limites do próprio texto da Constituição). Por esta razão, 
a referida tese tem encontrado muitos opositores na doutrina e na jurisprudência (Ex: Pedro 
Lenza, Alfredo Buzaid, entre outros). 
 
Para esta segunda corrente, somente mediante necessária reforma constitucional 
(modificando-se o art. 52, X) é que seria possível assegurar a constitucionalidade da 
abstrativização do controle difuso. Ademais, existe um instrumento mais eficaz e inclusive 
previsto na Constituição, capaz de assegurar o mesmo efeito ventilado: a edição de uma 
Súmula Vinculante, na forma do art. 103-A da Constituição. 
 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão 
de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar 
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos 
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma 
estabelecida em lei. 
 
Não obstante tais controvérsias, parece de fato haver uma tendência na jurisprudência a 
aceitar a tese da abstrativização do controle difuso. Esta tese, que antes era defendida no STF 
tão somente por Gilmar Mendes e Eros Grau, foi novamente debatida em 2014, quando do 
julgamento da Rcl 4335/AC, proposta contra decisão de 1º instância que negou a aplicação da 
progressão de regime em crimes hediondos, em afronta ao entendimento firmado pelo STF no 
HC 82959/SP (em sede de controle difuso). 
 
Em fevereiro de 2014, a referida reclamação foi julgada PROCEDENTE pelo STF, razão pela qual 
alguns autores chegaram a afirmar – a nosso ver, precipitadamente – que o Supremo teria 
finalmente acatado a tese da abstrativização do controle difuso. Nesse sentido, Guilherme 
Peña de Moraes e Bernardo Gonçalves Fernandes. 
 
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Não obstante, nos parece mais prudente o entendimento de que a referida tese AINDA NÃO 
FOI consagrada pelo STF, visto que apenas dois ministros fundamentaram seus votos com base 
na ideia da abstrativização do controle difuso. Os demais votos favoráveis (Teori Zavascki, Luis 
Roberto Barroso, Rosa Weber e Celso de Mello) se deram não pelo fato de a decisão do juiz de 
primeira instância ter afrontado o HC 82.959/SP, mas sim em virtude de a decisão do 
magistrado ir de encontro à Súmula Vinculante nº 26, que admite a progressão de regime em 
crimes hediondos. 
 
STF, Súmula Vinculante nº 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por 
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º 
da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou 
não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo 
fundamentado, a realização de exame criminológico. 
 
Assim, o fundamento utilizado pela maioria dos ministros para a admissibilidade da 
Reclamação foi a Súmula Vinculante nº 26, e não propriamente a tese da abstrativização do 
controle difuso. 
Desse modo, nos parece precipitado entender que o STF teria adotado a tese da 
abstrativização do controle difuso, conforme defendido pelo ministro Gilmar Mendes. 
 
Ainda assim, convém registrar que, tal como sustentado pelos ministros Teori Zavascki e Luis 
Roberto Barroso em seus votos, há uma tendência contemporânea a atribuir maior eficácia 
aos precedentes, de modo a concretizar os ideais de segurança jurídica e isonomia, bem como 
a eficiência da tutela jurisdicional. 
 
Sendo assim, nos parece nítido que a tese da abstrativização do controle difuso, cedo ou tarde, 
acabará sendo consagrada expressa e definitivamente na jurisprudência do STF. No entanto, 
entendemos que, por ora, o caminho mais correto seria a aprovação de uma emenda 
constitucional que revogasse o art. 52, X, não podendo ser admitida uma mutação contrária ao 
texto da Constituição, que retire toda a sua eficácia normativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 3 – TEMAS SOBRE ADPF: 
 
 
3.1 – Princípio da subsidiariedade: 
 
A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) é uma ação de controle 
ABSTRATO de constitucionalidade, de caráter eminentemente subsidiário. 
De acordo com o princípio da subsidiariedade, só cabe ADPF quando não couber outro meio 
eficaz de sanar a lesividade. Esta é a previsão do art. 4º, §1º da L9882: 
 
L9882, Art 4º, § 1o Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental 
quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. 
 
Assim, por exemplo, se o ato puder ser objeto de ADIn, não caberá ADPF. 
Desse modo, a ADPF acaba sendo utilizada principalmente para questionar lei municipal em 
face da Constituição Federal e para questionar leis anteriores à Constituição. 
 
3.2 - Espécies de ADPF: 
 
- ADPF autônoma: prevista no art. 1º, caput, da 9882. 
- ADPF incidental: é a prevista no artigo 1º, P.U. 
 
Art. 1o A argüição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o 
Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, 
resultante de ato do Poder Público. 
 
Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental: 
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo 
federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. 
 
A ADPF autônoma é uma típica ação de controle de constitucionalidade abstrato, que tem 
como pressupostos para sua utilização (I) a inexistência de outro meio eficaz para sanar a 
lesividade (princípio da subsidiariedade), (II) a ameaça ou violação a preceito fundamental e 
(III) um ato estatal ou equiparável (que se encaixe no termo “ato do poder público”). 
Nesse sentido, a ADPF autônoma pode ser PREVENTIVA ou REPRESSIVA. 
 
Por outro lado, a ADPF incidental pressupõe, em primeiro lugar, a existência de um LITÍGIO, de 
uma demanda concreta já submetida ao Poder Judiciário. Ademais, exigem-se outros 
requisitos: além da subsidiariedade e da ameaça ou lesão a preceito fundamental, há também 
a necessidade de que (i) seja relevante o fundamento da controvérsia constitucional e (ii) se 
trate de lei ou ato NORMATIVO (e não qualquer ato do Poder Público). 
Como a ADPF incidental é suscitada a partir de um litígio, muitos autores vão dizer que não se 
trata de um instrumento típico de controle abstrato, sendo uma espécie de “misto” entre o 
controle abstrato e o controle concreto. Parte da doutrina chega até mesmo a considerar que 
não seria propriamente uma ADPF, mas sim uma “ADPF por equiparação” (Ex: Rodrigo 
Padilha). 
Quanto a esta modalidade de ADPF, importante mencionar que havia previsão no projeto de 
lei no sentido de que qualquercidadão poderia ajuizá-la, mas tal permissivo acabou sendo 
vetado pela Presidência. Assim, a ADPF incidental hoje é muito pouco utilizada, tendo em vista 
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que seus requisitos são mais rígidos (como visto acima) e os legitimados são exatamente os 
mesmos para a propositura da ADPF autônoma (que, por sua vez, também idênticos aos 
legitimados para a propositura de ADIn, previstos no art. 103 da CRFB). 
 
 
3.3 – Fungibilidade entre ADIn e ADPF: 
 
 
Caso o autor ajuíze uma ADPF quando era caso de ADIn, pode o STF receber a ação? Em 
outras palavras, aplica-se a fungibilidade entre ADIn e ADPF? 
 
O STF tem construído uma jurisprudência no sentido de que SIM. 
No entanto, no ano de 2014, julgou importante precedente trazendo alguns limites à aplicação 
da fungibilidade entre as ações, especialmente nas hipóteses de ERRO GROSSEIRO. 
Por sua importância, segue o trecho do Informativo771, referente ao julgado em questão: 
 
“O Plenário desproveu agravo regimental em arguição de descumprimento de preceito 
fundamental, na qual se discutia a inconstitucionalidade por omissão relativa à Lei 12.865/2013. 
O Tribunal, de início, reconheceu a possibilidade de conversão da arguição de descumprimento 
de preceito fundamental em ação direta quando imprópria a primeira, e vice-versa, se satisfeitos 
os requisitos para a formalização do instrumento substituto. Afirmou que dúvida razoável sobre 
o caráter autônomo de atos infralegais impugnados, como decretos, resoluções e portarias, e 
alteração superveniente da norma constitucional dita violada legitimariam a Corte a adotar a 
fungibilidade em uma direção ou em outra, a depender do quadro normativo envolvido. 
Ressaltou, porém, que essa excepcionalidade não estaria presente na espécie. O recorrente 
incorrera naquilo que a doutrina processual denominaria de erro grosseiro ao escolher o 
instrumento formalizado, ante a falta de elementos, considerados os preceitos legais 
impugnados, que pudessem viabilizar a arguição. No caso, ainda que a arguição de 
descumprimento de preceito fundamental tivesse sido objeto de dissenso no STF quanto à 
extensão da cláusula da subsidiariedade, nunca houvera dúvida no tocante à inadequação da 
medida quando o ato pudesse ser atacado mediante ação direta de inconstitucionalidade. Por 
se tratar de impugnação de lei ordinária federal pós-constitucional, propor a arguição em vez 
de ação direta, longe de envolver dúvida objetiva, encerraria incontestável erro grosseiro, por 
configurar atuação contrária ao disposto no § 1º do art. 4º da Lei 9.882/1999. Os Ministros 
Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia negaram provimento ao agravo por outro 
fundamento. Consideraram que o requerente, Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de 
Grupo, por não ser uma confederação sindical, não preencheria o requisito da legitimação ativa 
“ad causam”. (ADPF 314 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 11.12.2014. (Informativo 771, 
Plenário)) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 4 –REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDE: 
 
 
Além do controle de constitucionalidade concentrado tendo como parâmetro a Constituição 
Federal, há também a possibilidade de os Estados instituírem o controle de 
constitucionalidade concentrado no âmbito de seus territórios, através da chamada 
REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. Esta é a previsão do art. 125, §2º da CRFB: 
 
Art. 125, § 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis 
ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a 
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 
 
No controle de constitucionalidade no âmbito estadual, a competência para julgamento será 
do Tribunal de Justiça local e o parâmetro de aferição da constitucionalidade é a própria 
Constituição do Estado, e não a Constituição da República. Em outras palavras, o Tribunal de 
Justiça deverá analisar a compatibilidade da norma estadual ou municipal objeto da 
representação de inconstitucionalidade com a Constituição Estadual. 
 
Feita esta introdução, convém mencionar a possibilidade de que uma mesma lei estadual viole 
tanto a Constituição Estadual quanto a Constituição da República. É o caso, por exemplo, de 
uma norma de reprodução obrigatória, que comumente aparece nas Constituições Estaduais, 
em cópia literal ao texto da Constituição. Neste caso, seria possível se admitir o 
processamento simultâneo de uma ADIn no STF e de uma representação de 
inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça, tendo por objeto a mesma norma? 
 
O STF há muito já pacificou seu entendimento no sentido que NÃO é possível esse 
processamento simultâneo. Assim, havendo o ajuizamento de uma ADIn perante o STF e de 
uma representação de inconstitucionalidade no TJ, esta última deve ser suspensa até que o 
STF conclua o julgamento da ADIn. Para melhor esclarecimento, transcreve-se a ementa do 
julgado mencionado no espelho fornecido pela banca. 
 
“EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Pedido de liminar. Lei nº 9.332, de 27 de dezembro de 1995, 
do Estado de São Paulo. - Rejeição das preliminares de litispendência e de continência, porquanto, quando 
tramitam paralelamente duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma no Tribunal de Justiça local e 
outra no Supremo Tribunal Federal, contra a mesma lei estadual impugnada em face de princípios 
constitucionais estaduais que são reprodução de princípios da Constituição Federal, suspende-se o curso 
da ação direta proposta perante o Tribunal estadual até o julgamento final da ação direta proposta 
perante o Supremo Tribunal Federal, conforme sustentou o relator da presente ação direta de 
inconstitucionalidade em voto que proferiu, em pedido de vista, na Reclamação 425. - Ocorrência, no caso, 
de relevância da fundamentação jurídica do autor, bem como de conveniência da concessão da cautelar. 
Suspenso o curso da ação direta de inconstitucionalidade nº 31.819 proposta perante o Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo, defere-se o pedido de liminar para suspender, ex nunc e até decisão final, a eficácia da 
Lei nº 9.332, de 27 de dezembro de 1995, do Estado de São Paulo”. (ADI 1.423-MC/SP, Rel. Min. Moreira 
Alves, Tribunal Pleno, DJU de 22/11/96; grifou-se). 
 
Destaque-se que não há qualquer impedimento para que a norma de reprodução obrigatória 
seja objeto de representação de inconstitucionalidade no âmbito do TJ. É possível sim o 
ajuizamento de ambas as ações tendo por objeto a mesma norma (a ADIn e a RI); só não será 
possível o processamento simultâneo, tendo em vista que a decisão do STF influenciará na 
persistência ou não da RI, havendo um flagrante vinculo de prejudicialidade. Assim, se o STF 
declara a norma inconstitucional, a RI perderá seu objeto, não tendo como prosseguir; do 
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mesmo modo, não poderá ser ajuizada representação de inconstitucionalidade 
posteriormente, tendo em vista que a norma foi extirpada do ordenamento jurídico pela 
declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF. Esta é a jurisprudência pacífica do 
Supremo: 
 
“Coexistência de jurisdições constitucionais estaduais e federal. Propositura simultânea de ação direta de 
inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o Tribunal de Justiça. Suspensão do processo no 
âmbito da Justiça estadual, até a deliberação definitiva desta Corte. Precedentes. Declaração de 
inconstitucionalidade, por esta Corte, de artigos da lei estadual. Arguição pertinente à mesma norma 
requerida perante a Corte estadual. Perda de objeto”. (Pet 2.701-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, 
Plenário, DJ de 19.03.2004; grifou-se). 
 
 
No entanto, caso não tenha sido ajuizada nenhuma ADIn perante o STF, a RI prosseguiránormalmente, cabendo ao TJ decidir pela constitucionalidade ou não da norma. Não obstante, 
caso o TJ declare a norma inconstitucional, caberá RECURSO EXTRAORDINÁRIO dessa decisão 
para o STF, tendo em vista que a este cabe a última palavra acerca de uma norma da 
Constituição da República (que só estava na Constituição do Estado por repetição). 
 
Importante mencionar que esta será uma hipótese de recurso extraordinário em sede de 
controle ABSTRATO, sendo certo que a decisão do STF sobre este recurso produzirá efeitos 
VINCULANTES e ERGA OMNES. Trata-se de uma hipótese excepcional, e que por sua 
especificidade é sempre indagada em provas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 5 – CONTROLE DIFUSO E INCIDENTAL: 
 
 
5.1 – Arguição incidental de Inconstitucionalidade e Reserva de Plenário 
 
 
O que é o controle difuso de constitucionalidade? 
 
O controle difuso de constitucionalidade é aquele que pode ser exercido por diversos órgãos 
do poder judiciário, inclusive pelo juiz de primeira instância. Tem inspiração no direito norte-
americano (especialmente no caso Marbury X Madison) e contrapõe-se ao chamado “controle 
CONCENTRADO de constitucionalidade”, de matriz austríaca, que atribui o exercício do 
controle de constitucionalidade a um único órgão (a chamada Corte Constitucional). 
 
No Brasil adota-se um sistema MISTO de controle, sendo possível tanto o controle de 
constitucionalidade de forma difusa (por juízes de primeira instância, por exemplo), quanto o 
controle de constitucionalidade de forma concentrada (exercido pelo STF ou pelos Tribunais de 
Justiça, a depender se o parâmetro de controle é a Constituição da República ou a Constituição 
do Estado). 
 
O que é o controle incidental de constitucionalidade? 
 
O controle INCIDENTAL é suscitado na causa de pedir, sendo que a questão constitucional deve 
ser resolvida na fundamentação da decisão, não fazendo assim coisa julgada material. 
 
O requerente precisa passar pela inconstitucionalidade pra ter acesso ao seu direito (Exemplo: 
quero tirar minha na OAB sem fazer o exame, fundamentando que este é inconstitucional). 
Nesse caso, não se pede a inconstitucionalidade no pedido, mas sim fundamenta o seu direito 
com base na inconstitucionalidade. 
 
Contrapõe-se ao chamado controle ABSTRATO de constitucionalidade, no qual a questão 
constitucional é suscitada no pedido, devendo ser declarada no dispositivo da decisão, 
fazendo, assim, coisa julgada material. Aqui, move-se a ação pra declarar a 
inconstitucionalidade, que é o próprio pedido (Exemplo: ajuizamento de uma ação direta de 
inconstitucionalidade (ADIN) pedindo a declaração de inconstitucionalidade de uma 
determinada lei estadual sobre direito penal, com o argumento de que a matéria só poderia ser 
tratada por lei federal). 
 
Sistematizando, para não confundir as duas classificações: 
 
 
 
 
 
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Feita essa distinção, importante destacar que no Brasil o controle incidental será sempre 
difuso e o controle abstrato será sempre concentrado. Não são sinônimos, mas há essa 
necessária correlação. 
Isso porque os órgãos legitimados a exercer o controle de constitucionalidade DIFUSO só 
podem fazê-lo no bojo de um caso concreto, de forma incidental, ao passo que a Corte 
Constitucional só pode exercer o controle CONCENTRADO quando provocada por uma ação 
em tese (como uma ADIN, ADC ou ADPF). 2 
 
 
Como é feito o controle difuso ou incidental de constitucionalidade no Brasil? 
 
Conforme já dito, no controle incidental a inconstitucionalidade é suscitada na causa de pedir: 
ela é o fundamento para o acolhimento do pedido do autor (EXEMPLO: Pedido -> não pagar o 
tributo X \ Causa de Pedir -> o tributo é X é inconstitucional). 
 
Não se pede a declaração da inconstitucionalidade da norma, mas tão somente que ela seja 
considerada como fundamento para o acolhimento do pedido do autor. Bem por isso, a 
inconstitucionalidade é tratada na fundamentação da decisão, e não no dispositivo, não 
podendo, assim, fazer coisa julgada material. 
 
Essa análise da chamada ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE pode ser feita pelo juiz de 
primeiro grau normalmente, na resolução de uma determinada lide posta em juízo. 
Entretanto, para os órgãos fracionários dos tribunais (câmaras ou turmas), a Constituição traz 
uma ressalva: somente pela maioria absoluta dos membros do tribunal ou de seu órgão 
 
2
 A única exceção que a doutrina discute é a chamada ADIN Interventiva, na qual, segundo alguns autores, realiza-se um controle 
concentrado e incidental (concreto). 
Quanto ao órgão 
julgador 
Difuso Pode ser exercido por diversos órgãos 
Concentrado 
Só pode ser exercido pelo 
órgão competente para 
declarar a 
inconstitucionalidade da 
norma (STF ou TJ). 
Quando ao modo 
de exercício 
Incidental, 
Concreto ou por 
via de exceção 
- Exercido em um 
determinado caso 
concreto. 
- A inconstitucionalidade 
é o FUNDAMENTO. 
Abstrato, em 
tese ou Principal 
- Exercido em abstrato, 
sem um caso concreto 
subjacente. 
- A inconstitucionalidade 
é o PEDIDO 
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especial é que poderá ser reconhecida a inconstitucionalidade de uma determinada norma. É a 
chamada CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (ou regra do “full bench”), assim prevista no 
art. 97 da Constituição: 
 
 
 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão 
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
 
Desse modo, um juiz de primeira instância pode reconhecer a inconstitucionalidade de uma 
norma, mas o relator de uma Apelação ou o desembargador de uma Câmara Cível não, pois 
isso consubstanciaria violação à cláusula da reserva de plenário. 
 
 
Então, como proceder com uma Arguição de Inconstitucionalidade suscitada no Tribunal? 
 
Quando suscitada uma Arguição de Inconstitucionalidade no Tribunal, deve haver a chamada 
CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA, na expressão usada por José Carlos Barbosa Moreira. 
Assim, o processo será “cindido”, com a questão prejudicial de inconstitucionalidade sendo 
remetida ao plenário ou ao órgão especial do Tribunal, para que um destes declare (ou não) a 
inconstitucionalidade da norma suscitada no caso concreto. 
 
Exemplo: Arguição de Inconstitucionalidade do Tributo X, fundamentando o pedido de seu não 
pagamento => a Câmara (órgão fracionário) deverá remeter a arguição ao plenário do tribunal 
ou ao seu órgão especial, para que um destes decida se o tributo X é ou não constitucional; 
depois, retornam os autos para o órgão fracionário, que julgará o pedido com base no que 
ficou decidido sobre a questão prejudicial de inconstitucionalidade pelo tribunal. 
 
Tudo isso em respeito à cláusula de reserva de plenário, que impede que um desembargador 
ou uma câmara de um tribunal reconheçam sozinhos a inconstitucionalidade da norma. 
 
 
Cabe recurso extraordinário da decisão do plenário acerca do incidente de 
constitucionalidade? 
NÃO! Da decisão do plenário sobre o incidente de constitucionalidade só cabem EMBARGOS 
DE DECLARAÇÃO. 
 
A decisão que pode eventualmente vir a ser atacada por recurso extraordinário não é a do 
plenário, mas sim a do órgão fracionário, que irá completar o julgamento, após a resolução da 
arguição de inconstitucionalidade. A questão inclusive encontra-se sumulada: 
 
Sumula 513 STF: A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não 
é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, 
grupos outurmas) que completa o julgamento do feito. 
 
O tema foi cobrado na última prova da PGM-Niterói e derrubou muitos candidatos. Veja a 
questão: 
 
 
 
 
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Se a Turma ou Câmara estiver apenas afastando a incidência da norma, sem declará-la 
inconstitucional, também é preciso respeitar a cláusula de reserva de plenário? 
 
SIM. O entendimento do STF é pacífico nesse sentido, tendo inclusive editado Súmula 
Vinculante sobre o tema: 
 
Súmula Vinculante nº 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão 
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. 
 
Assim, se a Turma ou Câmara decidir apenas afastar a questão da inconstitucionalidade pra 
decidir o caso concreto, ainda sim deverá respeitar a cláusula de reserva de plenário. 
 
 
 
Então, não existem exceções à cláusula de reserva de plenário? 
 
EXISTEM. Podemos citar 5 grandes exceções: 
 
1 - Quando a Turma ou Câmara decidir declarar a norma CONSTITUCIONAL: 
Nesse caso, não será necessária a cisão funcional de competências, tendo em vista que a 
reserva de plenário só se aplica às decisões de INCONSTITUCIONALIDADE. 
 
2 – Quando já houver decisão do plenário ou do órgão especial do Tribunal ou do STF sobre 
aquela arguição de inconstitucionalidade: 
Nesse caso também não será necessário respeitar a reserva de plenário, por expressa previsão 
legal: 
 
CPC, Art. 481, Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao 
órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário 
do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. 
 
 
(PGM-NITERÓI-2014) Órgão fracionário do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de 
Janeiro, ao qual foi distribuído recurso de apelação, vislumbrou a presença de vícios de 
inconstitucionalidade na lei municipal invocada pelas partes em suas respectivas 
manifestações processuais. Classificando tal questão como prejudicial para dirimir a lide 
submetida à sua apreciação em grau recursal, a Câmara Cível deu cumprimento ao 
disposto no Art. 97 da Constituição da República. Por seu turno, o Órgão Especial da 
Corte fluminense, ao apreciar o incidente de arguição de inconstitucionalidade então 
instaurado, decidiu, por maioria de votos, pelo seu acolhimento. O recurso em tese 
cabível em face do acórdão proferido pelo Órgão Especial do TJ/RJ é o de 
(A) recurso extraordinário. 
(B) embargos infringentes. 
(C) embargos de declaração. 
(D) recurso ordinário-constitucional. 
(E) agravo interno. 
Gabarito: C 
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Exemplo: Se o plenário do STF já decidiu em outro caso que o tributo X é inconstitucional, não 
será necessário respeitar a cláusula de reserva de plenário em processos que discutam essa 
mesma matéria. 
Observação: Esse “outro processo” já julgado pelo plenário do STF ou do TJ pode ser tanto em 
controle incidental quanto em controle abstrato. 
 
“A existência de pronunciamento anterior, emanado do Plenário do STF ou do órgão competente 
do tribunal de justiça local, sobre a inconstitucionalidade de determinado ato estatal, autoriza o 
julgamento imediato, monocrático ou colegiado, de causa que envolva essa mesma 
inconstitucionalidade, sem que isso implique violação à cláusula da reserva de plenário (CF, art. 
97). (Rcl 17185 AgR/MT, rel. Min. Celso de Mello, 30.9.2014. (Rcl-17185) (Informativo 761, 2ª 
Turma)” 
 
 
3 – Quando o caso for de declaração de “não recepção” de determinada norma pela 
Constituição de 88: 
Como o STF trata a “não recepção” de norma anterior à 88 como hipótese de REVOGAÇÃO, 
não será necessário respeitar a cláusula de reserva de plenário, tendo em vista que 
“revogação” não se confunde com “declaração de inconstitucionalidade”. Veja o precedente 
nesse sentido: 
 
“Vê-se, portanto, na linha de iterativa jurisprudência prevalecente nesta Suprema Corte e em outros 
tribunais, que a incompatibilidade entre uma lei anterior (como a norma ora questionada inscrita na Lei 
691/1984 do Município do Rio de Janeiro/RJ, p. ex.) e uma Constituição posterior (como a Constituição de 
1988) resolve-se pela constatação de que se registrou, em tal situação, revogação pura e simples da 
espécie normativa hierarquicamente inferior (o ato legislativo, no caso), não se verificando, por isso 
mesmo, hipótese de inconstitucionalidade. Isso significa que a discussão em torno da incidência, ou não, 
do postulado da recepção – precisamente por não envolver qualquer juízo de inconstitucionalidade (mas, 
sim, quando for o caso, o de simples revogação de diploma pré-constitucional) – dispensa, por tal motivo, 
a aplicação do princípio da reserva de Plenário (CF, art. 97), legitimando, por isso mesmo, a possibilidade de 
reconhecimento, por órgão fracionário do Tribunal, de que determinado ato estatal não foi recebido pela 
nova ordem constitucional, além de inviabilizar, porque incabível, a instauração do processo de fiscalização 
normativa abstrata.” (AI 582.280 AgR, voto do Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 12-9-2006, Segunda 
Turma, DJ de 6-11-2006.) No mesmo sentido: RE 495.370-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 
10-8-2010, Segunda Turma, DJE de 1º-10-2010). 
 
 
 
4 – Quando a decisão em sede de controle difuso for do próprio STF: 
Contrariando a majoritária doutrina sobre o tema, o STF já decidiu que a cláusula de reserva de 
plenário não se aplica a ele próprio, tendo em vista que à Corte Constitucional cabe dar a 
última palavra sobre a compatibilidade de determinada norma legal com a CRFB. Veja o 
precedente nesse sentido: 
 
“O STF exerce, por excelência, controle difuso de constitucionalidade quando do julgamento do recurso 
extraordinário, tendo os seus colegiados fracionários competência regimental para fazê-lo sem ofensa ao art. 
97 da CF.” (RE 361.829-ED, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-3-2010, Segunda Turma, DJE de 19-3-
2010.) 
 
 
5 – Quando a decisão for de juiz de 1ª instância ou de turma de juizado especial: 
Nesse caso, não se trata de TRIBUNAL, conforme mencionado pelo art. 97 da CRFB. Logo, não 
se aplica a cláusula do full bench. 
 
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"A regra chamada reserva do plenário para declaração de inconstitucionalidade (art. 97 da CF) 
não se aplica, deveras, às turmas recursais de Juizado Especial” (STF - RE (AgR) n. 453.744, voto 
do Min. Cezar Peluso) 
 
 
 
É necessária a observância da clausula de reserva de plenário quando há interpretação 
conforme a Constituição? 
 
O tema é muito pouco explorado pela doutrina, mas ainda assim podemos apontar 2 
correntes: 
 
1ª (Rodrigo Padilha) – Aplica-se a cláusula de reserva de plenário quando há interpretação 
conforme a Constituição, uma vez esta acaba negando as hipóteses de incidência da norma 
incompatíveis com a Constituição, incorrendo na violação da já estudada Súmula Vinculante nº 
10. 
2ª (Marcelo Novelino e Bernardo Gonçalves Fernandes) Não se aplica a cláusula de reserva de 
plenário quando há interpretação conforme, tendo em vista que nesta há, em verdade, uma 
declaração de CONSTITUCIONALIDADE, apenas com a exclusão de interpretações 
incompatíveis com a constituição. 
 
Apesar de não ter decidido expressamente sobre o tema, a jurisprudência do STF tende a 
adotar a segunda corrente, conforme se denota da leitura dos seguintes precedentes: 
 
(...) Decisões reiteradas desta Corte têm respaldado a prerrogativa de conferir determinada 
interpretação à lei como atributo inerente à própria atividade jurisdicional, o que, em 
consequência, afasta a equiparação de declaração de inconstitucionalidade

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