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6.DIREITO AMBIENTAL

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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITO AMBIENTAL 
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SUMÁRIO 
 
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ................................................................................... 03 
2. PRINCÍPIOS AMBIENTAIS ..................................................................................... 03 
3. CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE .................................................................. 06 
4. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE ........................................................................... 08 
5. MEIO AMBIENTE COMO DIREITO FUNDAMENTAL ............................................. 09 
6. DANO AMBIENTAL ............................................................................................... 09 
7. COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS .............................................................................. 10 
8. DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA DO MEIO AMBIENTE .................................. 13 
9. ESPAÇOS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS ............................................................ 18 
10. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ............................................................. 25 
11. RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL .......................................................... 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O meio ambiente passou a ter destaque internacional com a Conferência de Estocolmo de 
1972 (5 a 16 de junho). É claro que não foi somente este ato isolado que tornou o meio ambiente uma 
preocupação no meio internacional, mas é dele que se extrai os maiores reflexos.1 No Brasil, por 
exemplo, ensejou a publicação da Lei nº 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente: o PNMA. 
Aliás, o Direito Ambiental como ramo autônomo do direito pode ser estabelecido juntamente com a 
publicação desta lei. 
Não que os bens ambientais (microbens ou elementos naturais) não tivessem proteção até 
então. Sim já possuíam. Entretanto, esta proteção se dava de forma fragmentada/isolada bem por 
bem não considerando o meio, o ambiente como um todo. Já existia, antes da publicação do PNMA, o 
(antigo) Código Florestal – Lei nº 4.771/65, o Código de Águas – Decreto nº 24.643/34, o Código de 
Minas – Decreto nº 1.985/40, etc. Mas foi efetivamente com a Publicação da Lei nº 6.938/81 que 
passamos a visualizar o meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (art. 3º, I 
da Lei nº 6.938/81).2 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sendo, então, atualmente, o Direito Ambiental um ramo autônomo do 
direito, inserido no gênero Direito Público, possui princípios que lhe são 
próprios. Vamos a eles. 
 
 
2.1. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
O princípio do Desenvolvimento Sustentável apresenta-se como aquele que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a 
suas próprias necessidades. Além disso, trata da compatibilização das atividades poluidoras com a 
preservação do meio. Assim procura conciliar a proteção do meio ambiente com o desenvolvimento 
sócio econômico para a melhoria da qualidade de vida do homem. Diz o art. 4º, I da Lei 6.938/81: à 
compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio 
ambiente e do equilíbrio ecológico. 
 
 
1 A partir do final dos anos 60, ocorreu um acelerado desenvolvimento da preocupação ambiental, com a adoção de vários tratados e que 
culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo) em 1972, 
marco do direito ambiental internacional e das relações internacionais. SILVA, Solange Teles da. O direito ambiental internacional. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2009, p. 28. 
2 Destaca Annelise Monteiro Steigleder: a consequência da autonomização jurídica do bem ambiental é a possibilidade de sua tutela como 
bem independente dos diversos elementos corpóreos que o integram, versando a proteção jurídica da qualidade ambiental e sobre as 
características físicas, químicas e biológicas do ecossistema. STEIGLEDER, Annelise Monteiro; CAPPELLI, Silva; MARCHESAN, Ana Maria 
Moreira. Direito ambiental. 4.ed. Porto Alegre: Editora Verbo Jurídico, 2007, p. 16. 
 
 
 
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 2.2. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO 
Este é o princípio que leva a proteção do meio ambiente mais longe do que qualquer outro. 
Ele tem a sua máxima aplicação nos casos de dúvida. Ele significa que o ambiente deve ter em seu 
favor o benefício da dúvida quando haja incerteza, por falta de provas científicas evidentes, sobre o 
nexo causal entre uma actividade e um determinado fenómeno de poluição ou degradação do 
ambiente. 3 Isto quer dizer que havendo dúvida sobre uma possível ação que possa prejudicar o meio 
ambiente e a sadia qualidade de vida, deve prevalecer o princípio da precaução: in dúbio pro 
ambiente. 
 Por força deste princípio há uma presunção de dúvida (ou dano) em favor do meio ambiente, 
o que reflete no ônus probatório. Assim, o empreendedor terá que provar que sua atividade não 
gera dano ao meio, ou se gera, há como mitigar e/ou compensar o impacto causado. O princípio nº 
15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92 ou Eco-92) sobre o tema 
dispôs: 
 
Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado 
pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou 
irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento 
de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. 
 
 2.3. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO 
Contrariamente ao princípio da precaução, no princípio da prevenção já existem provas da 
danosidade de determinada atividade, empreendimento ou obra. Assim este princípio visa evitar a 
consumação do dano, ao invés de contabilizar os danos e tentar repará-los: mais vale prevenir do que 
remediar. Aponta José Joaquim Gomes Canotilho4 alguns motivos do porque vale mais prevenir: 
porque em muitos casos, depois de a poluição ou o dano ocorrerem, são impossíveis de remover; 
porque, mesmo quando a reconstituição natural é materialmente possível, frequentemente ela é de 
modo onerosa, que esse esforço não pode ser exigido do poluidor; por fim, porque economicamente é 
sempre muito mais dispendioso remediar do que prevenir. 
 
 2.4. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (PPP) 
O princípio do poluidor-pagador não pode ser confundido com o direito de poluir. Dessa 
forma, o princípio do poluidor-pagador (PPP) tem por objetivo internalizar os custos (levar em conta 
nos custos de produção) das externalidades negativas (os danos suportados pela sociedade) advindas 
do uso dos bens ambientais. Assim, o agente econômico que causar dano ambiental diante de sua 
atividade deverá arcar com os custos da poluição produzida. Antes de poluir deve pagar. Está 
previsto no art. 4º, VII da Lei 6.938/81: à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de 
recuperar e/ou indenizaros danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos 
ambientais com fins econômicos. 
 
 2.5. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA 
É imperioso permitir que os cidadãos possam ser ouvidos na formulação e execução da 
política do meio ambiente. O indivíduo, a coletividade e o Poder Público podem/devem atuar 
conjuntamente na proteção e preservação do meio ambiente. A realização de audiências públicas e a 
constituição dos conselhos ambientais (por exemplo, o Decreto nº 99.274/90) são formas de 
 
3 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Introdução ao direito do ambiente. Lisboa: Universidade aberta, 1998, p. 48. 
4 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Introdução ao direito do ambiente. op. cit. p. 44. 
 
 
 
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manifestação deste princípio. A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em seu 
princípio 10 assim determinou: 
 
A melhor maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de 
todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a 
informações relativas ao meio de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre 
materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar em 
processos de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a 
participação pública, colocando a informação à disposição de todos. Deve ser propiciado acesso 
efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que diz respeito a compensação e 
reparação de danos. 
 
 2.6. PRINCÍPIO DA INTEGRAÇÃO 
Considerando que não há atividade humana que não seja suscetível de afetar de maneira 
direta ou indireta, em maior ou menor grau, o ambiente, é compreensível que as questões 
ambientais não possam ser apenas preocupações de um ramo, área ou atividade específica. É nesse 
sentido que o ambiente não deve ser um elemento de ponderação e ser levado em consideração 
somente em decisões imediatamente relacionadas com ele, mas também em matérias 
mediatamente relacionadas como transportes, emprego, educação, consumo, energia, etc. 
 
2.7. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL 
DA PROPRIEDADE 
A Constituição Federal de 1988 em seus arts. 5º, XXIII, 170, III, 182, §2º e 186 mencionam e 
expressão função social. O art. 1.228 do Código Civil detalha o que seja função social de uma 
propriedade.5 Quando esta função social aproxima-se do meio ambiente, entende-se que a 
propriedade (urbana ou rural) além de sua função propriamente dita possuiria uma outra que se 
sobressai: à da preservação ambiental. Afirma Annelise Steigleder: a expressão FUNÇÃO não foi 
utilizada por acaso, mas passa a ideia pro-ativa, de molde a que se possa exigir do detentor do direito 
de propriedade não só condutas negativas (não poluir, não perturbar, não impor maus tratos aos 
animais), como também positivas (averbar a reserva legal, revegetar área de preservação 
permanente, fazer contenção acústica numa casa noturna, entre outras).6 
 
 2.8. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO 
Este princípio leva em consideração a dimensão transfronteiriça da degradação ambiental. 
Transmite a ideia de que a proteção do ambiente não é tarefa apenas de um Estado, reclamando a 
busca de soluções a nível internacional. Em raríssimos casos a degradação do ambiente se dá em um 
âmbito puramente local. Não podemos ignorar a transnacionalidade do fenômeno da poluição, que o 
ambiente é um bem de todos e que é responsabilidade de todos protegê-lo. A cooperação, aqui, 
lembra união.7 
 
 
5 O direito da propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam 
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o 
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. Art. 1.228, §1º do Código Civil Brasileiro. 
6 STEIGLEDER, Annelise Monteiro; CAPPELLI, Silva; MARCHESAN, Ana Maria Moreira. Direito ambiental. 4.ed. Porto Alegre: Editora Verbo 
Jurídico, 2007, p. 28-9. 
7 Os Estados devem cooperar, em um espírito de parceria global, para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do 
ecossistema terrestre. Considerando as distintas contribuições para a degradação ambiental global, os Estados têm responsabilidades 
comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que têm na busca internacional do 
desenvolvimento sustentável, em vista das pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio-ambiente global e das tecnologias e 
recursos financeiros que controlam. Princípio nº 7 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92 ou Eco-92). 
 
 
 
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Lembre-se: 
 
 
 
 
 
 
 3.1 MEIO AMBIENTE NATURAL 
É aquele constituído pelo solo, água, recursos minerais, ar atmosférico, flora, fauna, em 
suma, os elementos naturais. Típicos exemplos de meio ambiente natural veem disposto no artigo 
225, §4º da Constituição Federal: a floresta amazônica brasileira, a mata atlântica, a serra do mar, o 
pantanal mato-grossense e a zona costeira.8 Com relação a estes, porém, um cuidado. A Constituição 
classificou esses ecossistemas como patrimônio nacional, e não bens da União (que estão previstos 
no artigo 20 da Constituição Federal). Assim, seguindo a regra, os danos ocorridos envolvendo esses 
ecossistemas, que podem levar à responsabilização civil, penal e/ou administrativa, devem ser 
processados e julgados perante a justiça estadual. Somente, será deslocado para a justiça federal nos 
casos em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na 
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes (artigo 109, I da Constituição Federa). Da mesma, 
somente será competência da Justiça Federal as infrações penais praticadas em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União, de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Novamente, 
como os ecossistemas listados o artigo 225, §4º da Constituição Federal não caracterizam bem da 
União, as infrações penais la cometidas devem ser processadas e julgadas perante a Justiça Estadual. 
 
8 A utilização desses ecossistemas far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive 
quanto ao uso dos recursos naturais. 
 
 
 
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 3.2 MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL 
É aquele compreendido pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de 
edificações, e pelos equipamentos públicos. Art. 182 da CRFB/88, regulado pela Lei nº 10.257/01 
(Estatuto da Cidade). 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme 
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais 
da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. 
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte 
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. 
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de 
ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com préviae justa indenização em dinheiro. 
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano 
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou 
não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente 
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e 
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
 
 3.3. MEIO AMBIENTE CULTURAL 
É aquele integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, 
que embora natural ou artificial, o homem, lhe atribui sentido de valor especial. Reza o art. 216 da 
CRFB/88 sobre esta espécie de meio ambiente: 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados 
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos 
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações 
artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico. 
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio 
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de 
outras formas de acautelamento e preservação. 
§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as 
providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. 
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. 
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. 
§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos 
antigos quilombos. 
(...) 
 
 
 
 
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 3.4. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 
É aquele que engloba o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam 
remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes 
que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da 
condição que ostentem. É o conjunto de condições existentes no local de trabalho relativos à 
qualidade de vida do trabalhador (arts. 7º, XXII e 200, VIII da CRFB/88). 
 
 
 
 
 
 
É o conjunto de princípios e regras destinados à proteção da natureza e da 
vida humana. Complexo de princípio e normas coercivas e preventivas 
reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam 
afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua 
sustentabilidade para as presentes e futuras gerações. 
 
José Rubens Morato Leite9 apresenta o conceito de meio ambiente em dois sentidos um 
genérico e outro jurídico, respectivamente: 
O meio ambiente é um conceito independente que realça a interação homem-natureza; 
O meio ambiente envolve um caráter interdisciplinar ou transdisciplinar; 
O meio ambiente deve ser embasado em uma visão antropocêntrica alargada mais atual, que admite a 
inclusão de outros elementos e valores. Esta concepção faz parte integrante do sistema jurídico 
brasileiro. Assim, entende-se que o meio ambiente deve ser protegido com vistas ao aproveitamento 
do homem, mas também com o intuito de preservar os ecossistemas em si mesmo. 
A lei brasileira adotou o conceito amplo de meio ambiente, que envolve a vida em todas as suas 
formas. O meio ambiente envolve os elementos naturais, artificiais e culturais; 
O meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é um macrobem unitário e integrado.
10
 Considerando-o 
macrobem, tem-se que é um bem incorpóreo e imaterial, com uma configuração também de 
microbem;
11
 
O meio ambiente é um bem de uso comum do povo. Trata-se de um bem jurídico autônomo de 
interesse público; e 
O meio ambiente é um direito fundamental do homem, considerado de quarta geração, necessitando, 
para sua consecução, da participação e responsabilidade partilhada do Estado e da coletividade. Trata-
se, de fato, de um direito fundamental intergeracional, intercomunitário, incluindo a adoção de uma 
política de solidariedade. 
 
Com relação a ser um bem considerado de quarta geração, Annelise Monteiro Steigleder12 
apresenta o meio ambiente como um bem de terceira geração, sendo estes assim considerados 
 
9 LEITE, José Rubens Morato. Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais editora, 
2003, p. 91-2 
10 O bem ambiental é um bem de interesse público, afeto à coletividade, entretanto, a título autônomo. O autor tece duras críticas em 
classificar o meio ambiente como bem de uso comum do povo, logo, bem público. 
11 Microbens são os elementos que compõem o macrobem meio ambiente: florestas, rios, propriedade de valor paisagístico, flora, fauna, 
etc. 
12 STEIGLEDER, Annelise Monteiro; CAPPELLI, Silva; MARCHESAN, Ana Maria Moreira. Direito ambiental. op. cit. p. 20-3. 
 
 
 
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porque de fraternidade ou solidariedade, caracterizando-se, como direitos de titularidade difusa ou 
coletiva (indefinida e/ou indeterminável), porque destinado à proteção de grupos humanos. Traduzir-
se-ia em verdadeiros interesses difusos pela indeterminação dos sujeitos, pela indivisibilidade do 
objeto, pos sua intensa litigiosidade interna e por sua tendência à transição ou mutação no tempo e 
no espaço. 
 
 
 
 
O direito ao meio ambiente é consagrado como direito fundamental, ainda que não constante 
no rol do art. 5º da CRFB/88. Deve-se isto ao fato de que o parágrafo 2º do artigo citado, permite uma 
textura aberta de direitos fundamentais, não restringindo estes ao catálogo do art. 5º. Ademais, como 
afirma o próprio art. 225: todos têm direito ao meio ambiente... 
 
Ao inserir o art. 225 no título correspondente à Ordem Social, o meio ambiente passa a ter 
por objetivo o primado pelo bem-estar (art. 193). 
 
Muito embora inserido no âmbito dos direitos sociais, o direito ao ambiente pode, “numa perspectiva 
de suas vertentes” ser configurado como um direito de natureza análoga aos direitos, liberdade e 
garantias. Nessa hipótese, o direito ao meio ambiente consubstancia um pretensão negativa no 
sentido de exigir de todos, Estado e indivíduos, a abstenção daqueles comportamentos lesivos ao 
ambiente. (...). Por outro lado, na sua dimensão característica de direito social, o direito ao ambiente 
consubstancia um pretensão positiva do Estado para a proteção do ambiente e promoção da 
qualidade de vida.
13
 
 
A Conferência de Estocolmo de 1972 expõe que: natural ou criado pelo homem, é o meio 
ambiente essencial para o bem-estar e para gozo dos direitos humanos fundamentais, até mesmo o 
direito à própria vida. O princípio nº 1 preceitua que O homem tem o direito fundamental à liberdade, 
à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal 
que lhe permitalevar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de 
proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras. Este princípio, aponta 
Morato Leite,14 significou do ponto de vista internacional, o reconhecimento do direito do ser humano 
a um bem jurídico fundamental: o meio ambiente ecologicamente equilibrado e a qualidade de vida. 
 
 
 Ainda seguindo os ensinamentos de José Rubens Morato Leite15 pode-se classificar dano 
ambiental como: 
 
13 GAVIÃO FILHO, Anízio Pires. Direito fundamental ao ambiente. Porto Alegre: Livraria do Advogado editora, 2005, p.34. Morato Leite no 
mesmo sentido aponta que o meio ambiente é ao mesmo tempo um direito fundamental social e individual. 
14 LEITE, José Rubens Morato. Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. op. cit. p. 86. 
15 Idem. p. 95-7. 
 
 
 
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Dano ecológico puro: dano que atinge os bens próprios da natureza de forma intensa, em 
sentido restrito (excluindo-se o patrimônio cultural ou artificial). Em um sentido mais alargado, o dano 
ambiental lato sensu concerne aos interesses difusos da coletividade, e abrangeria todos os seus 
componentes, incluindo-se o patrimônio cultural. 
Dano individual ambiental ou reflexo: é de fato um dano individual, mas conectado ao meio 
ambiente. Não tutela-se os valores ambientais em si, mas sim interesses próprios do lesado. O bem 
ambiental estaria parcialmente (indiretamente) protegido. 
Dano patrimonial ambiental: relativo à restituição, reparação ou indenização do bem 
ambiental lesado. 
Dano extrapatrimonial ou moral ambiental: tudo que diz respeito à sensação de dor 
experimentada ou todo prejuízo não-patrimonial ocasionado à sociedade ou ao indivíduo, em virtude 
da lesão ao meio ambiente. 
Para efeito da Resolução do CONAMA nº 001 de 1986, considera-se impacto ambiental 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por 
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou 
indiretamente, afetam: I) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II) as atividades sociais e 
econômicas; III) a biota; IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V) a qualidade dos 
recursos ambientais. 
Já para a Lei nº 6.938/81, art. 3º, III: poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante 
de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da 
população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem 
desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) 
lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
Veja que dano ambiental, poluição e impacto ambiental seguidamente aparecem como 
sinônimos, ainda que o dano ambiental, doutrinariamente, apareça com um conceito mais amplo. 
Lembre-se: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A classificação adotada no direito ambiental é extraída do constitucionalista José Afonso da 
Silva16. Dar-se-á destaque, citando os respectivos incisos, para aquelas que envolvem questões 
ambientais: 
Competência legislativa: correspondente as atribuições de criar normas primárias – leis 
 Exclusiva nas hipóteses (exemplificativamente) do art. 25, §§ 1º, 2º, e 3º da CRFB/88. 
 
16 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 21.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 478. 
 
 
 
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 Privativa no art. 22 da CRFB/88. Admite delegação pela União aos Estados, por meio de Lei 
Complementar sobre questões específicas (parágrafo único do artigo). 
 Concorrente no art. 24 da CRFB/88, incisos: I (direito urbanístico); VI – florestas, caça, 
pesca, fauna conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do 
meio ambiente e controle da poluição; VI – proteção do patrimônio histórico, cultural, 
artístico, turístico e paisagístico e VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. É de 
chamar atenção o fato de que o artigo excluiu os municípios do caput do presente artigo, 
mencionando-o somente no art. 30. 
 Suplementar no art. 24, §2º da CRFB/88. A terminologia suplementar é resquício das 
Constituições anteriores a de 1988. Hoje costuma-se utilizar o termo subsidiária. Os 
municípios apresentariam a competência suplementar por força do art. 30, II – 
suplementar a legislação federal e estadual no que couber. 
Ainda que os municípios não apresentem expressamente competência concorrente (não 
estão elencados no art. 24, caput), possuem competência suplementar. Não obstante este 
esquecimento do legislador constitucional, a doutrina e jurisprudência entendem que os 
municípios além de competência suplementar possuem também competência 
concorrente. Ou porque esta competência seria retirada do art. 30, I da CRFB/88 (na 
competência legislativa de assuntos de interesse preponderantemente local) ou porque 
para figurar no parágrafo do art. 24 (competência suplementar), necessariamente deveria 
figurar em seu caput (competência concorrente). 
 
Competência administrativa, material ou executiva: se consubstancia na prática de atos 
administrativos relacionados à restrição e condicionamento do uso da propriedade, que pode ser: 
 Exclusiva prevista no art. 21 da CRFB/88. Destaca-se especial atenção ao inciso XXIII 
quando determina ser competência da União explorar os serviços e instalações nucleares 
de qualquer natureza. 
 Comum, cumulativa ou paralela nas hipóteses do art. 23 da CRFB/88, incisos: III – proteger 
os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os 
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; VI – proteger o 
meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII – preservar as 
florestas, a fauna e a flora. O parágrafo único deste artigo permite que leis 
complementares fixem normas para cooperação entre a União e os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar 
em âmbito nacional. 
 
 
Cumpre apontar que a Lei Complementar nº 140, publicada em 08 de dezembro de 2011, veio 
regulamentar o 23 incisos III, VI, VII e parágrafo único da Constituição Federal para a cooperação entre 
a União, Estados, Distrito Federal e Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da 
competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio 
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna 
e da flora. Para esta Lei o licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda 
 
 
 
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concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União 
exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de 
proposição da Comissão Tripartite Nacional (formada, paritariamente, por representantes dos 
Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de 
fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos), assegurada 
a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente(Conama) e considerados os 
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento. 
 
Os artigos 13 e 14 estipularam relevantes regras no que tange às competências em termos de 
licenciamento ambiental, bem como quanto a sua fiscalização, senão vejamos: 
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um 
único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei 
Complementar. 
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença 
ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento 
ambiental. 
§ 2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente 
federativo licenciador. 
§ 3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem guardar 
relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo. 
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos 
processos de licenciamento. 
§ 1º As exigências de complementação oriundas da análise do empreendimento ou atividade devem 
ser comunicadas pela autoridade licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas 
decorrentes de fatos novos. 
§ 2º As exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas pela autoridade 
licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento integral 
pelo empreendedor. 
§ 3º O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão 
tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência 
supletiva referida no art. 15. 
§ 4º A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e 
vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este 
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 
 
Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um 
empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo 
para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade 
licenciada ou autorizada. Qualquer pessoa (princípio da participação) legalmente identificada, ao 
constatar infração ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão competente, 
para efeito do exercício de seu poder de polícia. Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação 
da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato, mesmo me 
originariamente incompetente, deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, 
comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis. Não se impede o 
exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de 
empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos 
naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo, contudo, o auto de infração ambiental 
lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização. 
 
 
 
 
 
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O art. 9º da Lei 6.938/81 enumera uma série de meios utilizados como forma de se alcançar 
todos os objetivos traçados no art. 2º e 4º da mesma lei. São considerados instrumentos da Política 
Nacional do Meio Ambiente: 
 O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
 A avaliação de impactos ambientais; 
 A revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; 
 Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de 
tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
 A criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, 
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse 
ecológico e reservas extrativistas; 
 O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
 O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental; 
 As penalidades disciplinares ou compensatórias não cumprimento das medidas necessárias 
à preservação ou correção da degradação ambiental. 
 A instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente 
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; 
 A garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder 
Público a produzi-las, quando inexistentes; 
 O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos 
recursos ambientais. 
 Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro 
ambiental e outros. 
 
São ainda instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, mas que por sua importância 
requerem um estudo mais aprofundado sobre o tema: 
 
 8.1. ZONEAMENTO AMBIENTAL 
O zoneamento ambiental, previsto no art. 9º, II da Lei 6.938/81, consiste em dividir o 
território em parcelas nas quais se autorizam determinadas atividades ou interditam-se outras. Sobre 
o assunto disserta Luis Paulo Sirvinskas:17 
Procura-se com este instrumento, evitar a ocupação do solo urbano ou rural de maneira desordenada. 
(...). Foi com esse objetivo que o legislador constituinte também atribuiu ao Poder Público (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios) a incumbência de “definir, em todas as unidades da Federação, 
espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
 
17 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de direito ambiental. 9.ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 208-9. 
 
 
 
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integridade dos atributos que justifiquem sua proteção” (art. 225, §1º, III da CRFB/88 e art. 9º, VI da 
6.938/81). 
 
Sobre o zoneamento em nível nacional temos o Decreto nº 4.297/02 que trata do 
Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil – ZEE – e a Lei nº 6.803/80 que dispõe sobre as diretrizes 
básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, as zonas destinadas à instalação 
de estabelecimentos industriais (respeitados o zoneamento urbano). 
 
 8.2. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
O licenciamento ambiental é um instrumento de controle prévio do meio ambiente previsto 
na Lei 6.938/81, art. 10 e na Resolução do CONAMA nº 237/1997. É um procedimento administrativo 
pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de 
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou 
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao 
caso. 
 
Já a licença ambiental, segundo o art. 1º, II da Resolução no CONAMA nº 237, é o ato 
administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas 
de controle ambiental que deverão ser obtidas pelo empreendedor, em atividades utilizadoras de 
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer 
forma,possam causar degradação ambiental. 
Durante o procedimento de licenciamento, busca-se a obtenção de três licenças distintas. A 
Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade 
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os 
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. A 
Licença de Instalação (LI) que autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com 
as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de 
controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante e a Licença de 
Operação (LO) autorizadora da operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do 
efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e 
condicionantes determinados para a operação. 
As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a 
natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. Importante observar ainda que 
cada licença expedida possui um período de validade sendo: o prazo de validade da Licença Prévia (LP) 
não podendo ser superior a 5 (cinco) anos, o prazo de validade da Licença de Instalação (LI) não 
podendo ser superior a 6 (seis) anos e o prazo de validade da Licença de Operação (LO) ser de, no 
mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação 
(LI) poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos 
estabelecidos. 
Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento, o órgão 
ambiental competente poderá, mediante decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de 
validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período de 
vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos de no mínimo de 6 e no máximo de 10 anos. 
Esta renovação (da Licença de Operação) deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 
(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este 
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 
 
 
 
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Cumpre observar também que o órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de 
análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da 
atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde 
que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até 
seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência 
pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses. 
Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e 
empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos 
respectivos Conselhos de Meio Ambiente. Como forma deste procedimento simplificado poderá ser 
admitido um único processo de licenciamento ambiental (licença única ou licença simplificada) para 
pequenos empreendimentos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados 
previamente, pelo órgão governamental competente. Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar 
e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que 
implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o 
aprimoramento do desempenho ambiental. 
Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos 
Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e 
atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por 
instrumento legal ou convênio. 
No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da 
Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em 
conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a 
autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos 
competentes. Esta regra está em consonância com o que estipula o art. 30, VIII da CRFB/88 quando 
expõe ser competente os Municípios promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, 
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do dolo urbano. 
A ideia inicial que se tem é que uma vez concedidas as respectivas licenças estas permaneçam 
inalteradas pelo prazo de sua concessão. Entretanto, é de se observar também que a 
evolução/transformação da sociedade (principalmente em um mundo globalizado) dá-se em 
velocidade jamais vista, o que pode exigir a alteração/adequação da licença concedida dentro do 
prazo pré-estabelecido. Assim é que o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, 
poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar 
uma licença expedida, quando ocorrer: a violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou 
normas legais (cassação e revogação, respectivamente); a omissão ou falsa descrição de informações 
relevantes que subsidiaram a expedição da licença (anulação) ou a superveniência de graves riscos 
ambientais e de saúde (revogação). 
Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter 
implementados os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, 
ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente habilitados. 
Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto 
ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de 
impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a 
implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. 18 
 
 
18 Ver Lei nº 9.985/00, arts. 8º e 32. 
 
 
 
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 8.2.1. ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA (EIV) 
Como instrumento (preventivo) de política urbana podemos citar o Estudo Prévio de Impacto 
de Vizinhança, onde uma Lei municipal define os empreendimentos e atividades privados ou públicos 
em área urbana que dependerão de elaboração deste estudo, para obter as licenças ou autorizações 
de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal. A elaboração do EIV 
não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA). Os 
documentos integrantes do EIV ficam disponíveis para consulta por qualquer interessado (princípio da 
participação) no órgão competente do Poder Público municipal. 
O EIV é executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do 
empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas 
proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões: 
 
 
 
8.2.2. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO 
AMBIENTAL – EIA/RIMA 
Possuindo previsão constitucional no art. 225, §1º, IV exigir, na forma da lei, para instalação 
de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo 
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade, o EIA (ou EPIA – Estudo Prévio de Impacto 
Ambiental) é um estudo de prováveis modificações nas diversas características sócio-ambientaise 
biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um projeto proposto. É um procedimento 
administrativo (consubstancia-se no exercício do poder de polícia) que se sujeita a três condicionantes 
básicos: transparência administrativa, participação da comunidade e motivação da decisão ambiental. 
Tal estudo deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, isso porquanto é elaborado 
segundo critérios técnicos deve ser altamente técnico. 
 A resolução do CONAMA nº 001 de 1986 estabelece algumas regras gerais para a elaboração 
deste estudo, bem como de seu Relatório (RIMA). 
 
 
 
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 Antes de seguirmos no estudo mais aprofundado sobre o tema uma observação deve, de 
antemão, ser feita. O EIA/RIMA somente é exigido (para a obtenção da Licença Prévia) para instalação 
de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente. Caso a 
degradação da atividade, por exemplo, não seja significativa, pode-se exigir somente o Licenciamento 
Ambiental, e não necessariamente o EIA/RIMA, ou seja, o Estudo e seu respectivo Relatório são um 
plus, algo se agrega ao procedimento administrativo de licenciamento. 
Com relação ao EIA/RIMA e eventual compensação que possa ser exigido do empreendedor 
causador de significativa degradação ambiental, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE 
JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE 
EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO 
§ 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 
9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de 
financiamento dos gastos com as unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há violação 
ao princípio da separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o 
Executivo impor deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da 
compensação, de acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório - 
EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um 
mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da 
atividade econômica. 4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental 
que se revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e 
futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida 
amplamente compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente 
garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão "não pode ser inferior a meio por cento 
dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº 
9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto 
ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da 
fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. 6. Ação parcialmente procedente. (ADI nº 
3.378/DF, Relator: Min. CARLOS BRITTO, julgamento: 09/04/2008). 
 
 
 
 Correndo por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à 
realização do Estudo de Impacto Ambiental, este Estudo destina-se a realizar um diagnóstico 
ambiental da área de influência do projeto e uma completa descrição e análise dos recursos 
ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, 
antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, 
destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime 
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas 
naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor 
científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o 
meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando os 
sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência 
entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. 
Destina-se, também, a analisar os impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, 
através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis 
impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos 
e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de 
reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios 
sociais, definindo as medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de 
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas e a 
elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, 
indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. 
 
 
 
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Já o RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As 
informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, 
gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e 
desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação. O 
RIMA é que destina-se a dar publicidade do empreendimento. É ele que se leva às audiências públicas 
de forma a ouvir a sociedade e o que esta pensa a respeito a atividade, devendo conter no mínimo: 
 Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas 
setoriais, planos e programas governamentais; 
 A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para 
cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias 
primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os 
prováveis efluentes, emissões, resíduos e perdas de energia, os empregos diretos e 
indiretos a serem gerados; 
 A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do 
projeto; 
 A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, 
considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos 
impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, 
quantificação e interpretação; 
 A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as 
diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese 
de sua não realização; 
 A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos 
impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser evitados, e o grau de 
alteração esperado; 
 O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 
 Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem 
geral). 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 225, §1º, III da CRFB/88 determina que para assegurar a efetividade 
do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ao Poder Público 
incumbe definir, em todas as unidades daFederação espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos. 
 
 Partindo-se deste pressuposto analisaremos duas formas de proteger ambientalmente áreas 
de relevante interesse ambiental, sendo elas: área de preservação permanente, reserva legal e 
unidade de conservação. 
 
 
 
 
 
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 9.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE 
 Esta espécie de território especialmente protegido vem previsto no Código Florestal 
(atualmente a Lei nº 12.651/2012 – o Novo Código Florestal) e destina-se a proteger área coberta ou 
não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a 
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o 
bem-estar das populações humanas. 
 O art. 4º do Novo Código Florestal cita algumas das áreas que se consideram de preservação 
permanente (ex lege): 
 I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os 
efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: 
 30 metros, para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura; 
 50 metros, para os cursos d’água que tenham de 10 a 50 metros de largura; 
 100 metros, para os cursos d’água que tenham de 50 a 200 metros de largura; 
 200 metros, para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros de largura; 
 500 metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 metros; 
 II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: 
 100 metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 hectares de 
superfície, cuja faixa marginal será de 50 metros; 
 30 metros, em zonas urbanas; 
 III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou 
represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do 
empreendimento 
 IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua 
situação topográfica, no raio mínimo de 50 metros; 
 V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na 
linha de maior declive; 
 VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
 VII - os manguezais, em toda a sua extensão; 
 VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa 
nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais; 
 IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e 
inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível 
correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta 
definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, 
nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; 
 X - as áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação; 
 XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 
metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado 
Não é exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água 
que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais. Nas acumulações 
naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da 
faixa de proteção prevista nos incisos II e III do artigo 4º, vedada nova supressão de áreas de 
vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio 
Ambiente – Sisnama. 
 
 
 
 
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Já o art. 6º da mesma norma, traz outras áreas que podem se tornar áreas de preservação 
permanente, entretanto, para que isso aconteça, faz-se necessário ato por parte do Poder Público. 
Estes espaços são áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou 
mais das seguintes finalidades: 
 Conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; 
 Proteger as restingas ou veredas; 
 Proteger várzeas; 
 Abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; 
 Proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; 
 Formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; 
 Assegurar condições de bem-estar público; 
 Auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. 
 Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional 
Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o 
proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição 
da vegetação (ressalvados os usos autorizados previstos no Código Florestal). A obrigação de 
preservar estas áreas tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de 
domínio ou posse do imóvel rural, ou seja, é propter rem. 
A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente 
somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto 
ambiental, sendo que A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas 
somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública. Contudo, é dispensada a autorização do 
órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança 
nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em 
áreas urbana. 
É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para 
obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental. 
 
 9.2. RESERVA LEGAL 
 O art. 12 do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) estipula que reserva legal são as áreas 
localizadas no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso 
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a 
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o 
abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. 
Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva 
Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados 
os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel: 
 Localizado na Amazônia Legal: 
 80% no imóvel situado em área de florestas; 
 35% no imóvel situado em área de cerrado; 
 20% no imóvel situado em área de campos gerais; 
 Localizado nas demais regiões do País: 20% 
 
 
 
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A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os 
seguintes estudos e critérios: 
 
 O plano de bacia hidrográfica; 
 O Zoneamento Ecológico-Econômico 
 A formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação 
Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida; 
 As áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; 
 As áreas de maior fragilidade ambiental 
Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação 
nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que 
ocorreu a supressão são dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneraçãopara os percentuais exigidos nesta Lei. Estes poderão provar essas situações consolidadas por 
documentos tais como a descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de 
comercialização, dados agropecuários da atividade, contratos e documentos bancários relativos à 
produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos. 
Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades 
rurais, respeitado o percentual previsto na lei em relação a cada imóvel. 
Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável, 
previamente aprovado pelo órgão competente do Sisnama. No manejo sustentável da vegetação 
florestal da Reserva Legal, serão adotadas práticas de exploração seletiva nas modalidades de manejo 
sustentável sem propósito comercial para consumo na propriedade e manejo sustentável para 
exploração florestal com propósito comercial. 
O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito comercial 
depende de autorização do órgão competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orientações: 
 Não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da vegetação 
nativa da área; 
 Assegurar a manutenção da diversidade das espécies; 
 Conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que favoreçam a 
regeneração de espécies nativas 
Já o manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito comercial, para 
consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser 
declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, 
limitada a exploração anual a 20 metros cúbicos 
A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de 
inscrição no CAR (Cadastro Ambiental Rural), sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos 
de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento. A inscrição da Reserva Legal no CAR será 
feita mediante a apresentação de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das 
coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração, conforme ato do Chefe do Poder 
Executivo. 
Na posse, a área de Reserva Legal é assegurada por termo de compromisso firmado pelo 
possuidor com o órgão competente do Sisnama, com força de título executivo extrajudicial, que 
explicite, no mínimo, a localização da área de Reserva Legal e as obrigações assumidas pelo possuidor. 
 
 
 
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O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis, sendo 
que, no período entre a data da publicação da Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor 
rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato. 
 
 9.3. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
 Unidade de conservação é o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas 
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com 
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção. Está regulado pela Lei nº 9.985/00 – Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação – SNUC. Esta lei tem por objetivos: 
 Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no 
território nacional e nas águas jurisdicionais; 
 Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; 
 Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; 
 Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; 
 Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de 
desenvolvimento; 
 Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; 
 Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, 
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; 
 Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; 
 Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; 
 Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e 
monitoramento ambiental; 
 Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; 
 Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em 
contato com a natureza e o turismo ecológico; 
 Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, 
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e 
economicamente. 
 
 As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com 
características específicas: 
 Unidades de Proteção Integral – possui por objetivo básico preservar a natureza, sendo 
admitido apenas o uso indireto19 dos seus recursos naturais, com exceção dos casos 
previstos na Lei. 
 Unidades de Uso Sustentável – possui por objetivo a compatibilização entre a conservação 
da natureza com o uso sustentável20 de parcela dos seus recursos naturais. 
 
19 Aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais – art. 2º, IX, Lei nº 9.985/00 
20 Exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade 
e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável – art. 2º, XI da Lei nº 9.985/00. Os recursos obtidos pelas unidades 
de conservação do Grupo de Proteção Integral mediante a cobrança de taxa de visitação e outras rendas decorrentes de arrecadação, serviços e atividades 
da própria unidade serão aplicados de acordo com os seguintes critérios: I) até cinquenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na 
implementação, manutenção e gestão da própria unidade; II) até cinquenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na regularização fundiária 
 
 
 
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O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade 
de conservação: 
 Estação Ecológica (tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de 
pesquisas científicas. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites serão desapropriadas. Também é proibida a visitação pública, 
exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de 
Manejo da unidade ou regulamento específico); 
 Reserva Biológica (tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos 
naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações 
ambientais. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em 
seus limites serão desapropriadas. Também é proibida a visitação pública, exceto aquela 
com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico); 
 Parque Nacional (tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de 
grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas 
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de 
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. É de posse e domínio 
públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. A 
visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da 
unidade. Quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, 
Parque Estadual e Parque Natural Municipal); 
 Monumento Natural(tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares 
ou de grande beleza cênica. pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja 
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos 
naturais do local pelos proprietários. A visitação pública está sujeita às condições e 
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade); 
 Refúgio de Vida Silvestre (m como objetivo proteger ambientes naturais onde se 
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da 
flora local e da fauna residente ou migratória, pode ser constituído por áreas particulares, 
desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e 
dos recursos naturais do local pelos proprietários, A pesquisa científica depende de 
autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às 
condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em 
regulamento). 
 
 
Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de 
conservação: 
 Área de Proteção Ambiental (é uma área em geral extensa, com um certo grau de 
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais 
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações 
humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o 
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É 
constituída por terras públicas ou privadas. Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao 
proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as 
exigências e restrições legais); 
 
das unidades de conservação do Grupo; III)até cinquenta por cento, e não menos que quinze por cento, na implementação, manutenção e gestão de 
outras unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral. 
 
 
 
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 Área de Relevante Interesse Ecológico (é uma área em geral de pequena extensão, com 
pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que 
abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas 
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo 
a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. É constituída por terras 
públicas ou privadas); 
 Floresta Nacional (é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas 
em seus limites devem ser desapropriadas. é admitida a permanência de populações 
tradicionais que a habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em 
regulamento e no Plano de Manejo da unidade. A visitação pública é permitida, 
condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável 
por sua administração. Quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, 
respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal); 
 Reserva Extrativista (é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja 
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de 
subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos 
proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos 
recursos naturais da unidade. É de domínio público, com uso concedido às populações 
extrativistas tradicionais, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem 
ser desapropriadas. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os 
interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. São proibidas a 
exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional. A exploração 
comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações 
especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista); 
 Reserva de Fauna (é uma área natural com populações animais de espécies nativas, 
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-
científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. é de posse e 
domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser 
desapropriadas. É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. A visitação 
pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo 
com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração); 
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável (é uma área natural que abriga populações 
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos 
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e 
que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da 
diversidade biológica); 
 Reserva Particular do Patrimônio Natural (é uma área privada, gravada com perpetuidade, 
com o objetivo de conservar a diversidade biológica. Este gravame é constará de termo de 
compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse 
público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. Só poderá 
ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural, conforme se dispuser em 
regulamento, a pesquisa científica e à visitação com objetivos turísticos, recreativos e 
educacionais). 
 
 
 
As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público, devendo ser precedida de 
estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites 
mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento. No processo de consulta o 
Poder Público é obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras 
 
 
 
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partes interessadas, sendo desnecessária a consulta na criação de Estação Ecológica ou Reserva 
Biológica. 
As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas total ou 
parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo 
nível hierárquico que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta. Da 
mesma a ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus limites 
originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível 
hierárquico que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta. Contudo, não 
podemos esquecer que a supressão (incluindo, quem sabe, a extinção) destes espaços somente 
poderá ser permitida por lei (art. 225, §1º, III da CRFB/88). É neste sentido também o art. 22, §7º da 
lei estudada que dispõe: a desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só 
pode ser feita mediante lei específica. 
 
O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras atividades 
econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei, decretar limitações 
administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente 
causadores de degradação ambiental, para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade 
de Conservação, quando, a critério do órgão ambiental competente, houver risco de dano grave aos 
recursos naturais ali existentes. Na área submetida às

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