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Transcrição Manuscrito 512

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Prévia do material em texto

Manuscrito 512 
 
Dossiê do manuscrito encontrado na Biblioteca Nacional-RJ, 
Divisão de Manuscritos 
 
 
Vera Lucia M. Faillace 
Chefe da Divisão de Manuscritos 
Fundação Biblioteca Nacional 
 
Abdias Flauber Dias Barros 
Pesquisador 
 
 
Sob o título: O Caso Fawcett/ Documento 512 
Rolo de microfilme: MS-495 
Data: DOC 512 
Tipo: Positivo 
 
 
Lista de organização e documentos inclusos no microfilme MS-495 
 
1º - Cópia do manuscrito original – 10 págs. 
2° - Cópia do impresso na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – 39 págs. 
3° - Artigos do arquivo do jornalista Edmar Morel/ BN 
4º - Série de reportagens de Edmar Morel publicadas no “O Jornal” 
5º - Série de reportagens de Romildo Gurgel publicadas no “Diário da Noite” 2ª edição. 
 
Dados sobre o relatório apresentado 
 
Autor: Diomário Gervásio de Paula Filho 
Correção e acréscimos: Abdias Flauber Dias Barros 
 
Título original do documento 512: 
 
Relação histórica e uma oculta e grande povoação, antiguíssima, sem moradores, que se 
descobriu no ano de 1753. 
 
Cópia fls. 55 a 59 – 5 fls. 27x15 
 
Veio esta notícia em princípio de 1754 publicada na revista IHGB, Tomo I, 1839. 
Catálogo de exposição da História do Brasil, nº 512, p.45 
Procedência do original: BN-DIMss (1,4,1) 
 
 
 
 1
INTRODUÇÃO 
 
Muitas obras já foram escritas apresentando a tese de que o Brasil já teria sido descoberto 
antes da viagem de Cabral. Freqüentemente surgem aqui e ali indícios que revivam essa 
tese,e o assunto volta a ser comentado. O Brasil, talvez tem sido um dos países menos 
estudados em termos da arqueologia e história antiga, mas ultimamente tem sido despertada 
a consciência do povo brasileiro para conhecer melhor seu passado, pois a história é uma 
ciência e como ciência ela poderá ser ampliada ou até mesmo revisto alguns de seus 
conceitos. 
 
Desde pouco depois do descobrimento oficial do Brasil por Cabral, tem sido achado com 
freqüência muitas inscrições em rochas, a primeira delas que se tem notícia, foi achada em 
1598 no atual Estado da Paraíba, e o que mais chamou a atenção era que as inscrições 
continham muitas letras latinas a partir daí, muito mais inscrições foram achadas no interior 
do Brasil, tendo sido uma constante a presença de letras latinas e gregas, muitas formavam 
palavras e a sucessão destas palavras formavam frases, também foram achadas cerâmicas 
em estilo greco-romano e a ainda moedas romanas cunhadas por volta de 200 a.C. 
Em 1938 a Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro editou um livro intitulado 
"Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica" escrito por Bernardo Ramos, que 
passou 30 anos no interior do Brasil colhendo inscrições em rochas, sua obra consta de dois 
volumes em um total de 1000 páginas. A comissão que ficou encarregada pelo Instituto 
Histórico de Manaus de analisar a obra deu o seguinte parecer: 
 
"Que as inscrições apresentavam entre outras, letras latinas e gregas e que a sucessão 
destas formavam palavras e estas em sucessão formavam frases, que as cerâmicas 
apresentadas pertenciam ao estilo grego e que foram reproduzidas por mão humana hábil". 
 
O parecer da comissão nos dá uma visão de uma possível existência em época remota de 
uma civilização clássica greco-romana no atual território brasileiro, mas não só inscrições, 
cerâmicas e moedas foram achadas no interior do Brasil, também foram encontradas muitas 
ruínas de antigas metrópoles romanas, a mais impressionante delas foi a achada em 1753 
por um bandeirante no interior da Bahia, os bandeirantes encontravam-se buscando ouro e 
prata quando em um dado momento descobriram uma milenar cidade romana, os sertanistas 
atônitos a descreveram detalhadamente encaminharam seu relatório ao então vice- rei, tal 
manuscrito foi encontrado em 1838 arquivado na Biblioteca da Corte e publicado logo após 
na primeira revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, o IHGB, então recém-
criado, muitas buscas foram feitas com o objetivo de se localizar a cidade, mas nenhuma 
delas logrou êxito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2
Na época da descoberta, Portugal estava negociando o Tratado de Madrid no qual ficava 
estabelecido que quem provasse que estava de posse de terra seria seu legítimo dono. 
Quando a Coroa Lusitânia soube do encontro com a velha cidade romana, tratou de 
imediato de ocultar o fato, até mesmo o comandante da Bandeira em seu manuscrito 
afirmava estar preocupado com a possibilidade de um companheiro denunciar a existência 
das ruínas e sugeria ao vice-rei que mandasse mais homens para remover todas as pedras. 
O fato é que a Coroa Lusitânia nunca permitiu que qualquer informação sobre a descoberta 
de ruínas chegasse ao conhecimento do grande público, apagando-se então a história da 
colonização Romana no Brasil. 
 
Esta pesquisa está orientada no sentido de demonstrar que o Império Romano em sua época 
de máxima expansão atingiu o Brasil atual graças a sua frota naval,e aqui se instalou com o 
objetivo de explorar as jazidas de ouro e prata, permanecendo em solo brasileiro até pouco 
antes da queda do império em 476 d.C. 
Não quero de forma alguma fazer crer que os fatos ora relacionados e mencionados sejam 
algo definitivo de certo não o é, há muito ainda para se falar e se escrever, contudo é um 
primeiro passo a esse passado esquecido. 
 
Depois de longos anos de pesquisas pude dar uma forma ao que apurei compreendi que 
seria melhor adotar um estilo literário mais simples procurando evitar longas e demoradas 
explicações que tornaria a leitura cansativa. Optei desta forma, por um estilo simples e 
conciso de tal forma que a mais simples das pessoas pudesse ler e compreender o conteúdo 
e tirar suas próprias conclusões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
PARTE I - RECONSTITUIÇÃO DOS FATOS HISTÓRICOS 
 
Entre os povos da antiguidade, três, tiveram papel preponderante na história antiga do 
Brasil, foram os Tartessos, os Fenícios e os Romanos. 
 
Os Fenícios foram grandes comerciantes e navegadores e viviam onde é hoje o Líbano. 
As navegações fenícias começaram há cerca de 2500 a.C., mas limitaram-se durante muito 
tempo ao Mediterrâneo. A saída do Mediterrâneo pelo estreito de Gibraltar foi dominada 
pela dinastia dos Atlantes, cuja capital era Gades. Os Atlantes acreditavam que eram 
descendentes da suposta Atlântida que dominou ambos os lados do Mediterrâneo durante 
500 anos até serem dominados pelos Geriões. Fora do estreito de Gibraltar reinava os 
Tartessos, o Rei judeu Davi dizia que os Tartessos possuíam riquezas iguais às dos 
babilônios e que seus navios andavam em todos os mares. 
 
Com a queda do Império dos Atlantes em 1300 a.C., os Fenícios aproveitaram a ocasião e 
realizaram uma aliança comercial com os Tartessos com o objetivo de exploração marítima 
e comercial, isso em 1200 a.C. 
Em 1008 a.C. o rei Davi da Judéia realizou uma aliança comercial com o rei fenício Hirão 
da cidade de Tiro, o rei Davi conta este acontecimento da seguinte forma: 
 
"O meu senhor encheu meu coração com prudentes conselhos, para eu edificar um templo 
digno de sua glória precisava eu dum auxiliar que me ajudasse com sua riqueza, deus me 
mostrou Hirão, Rei daquele poderoso Tur que tantas riquezas ganhou com sua aliança 
com os tartessos cuja frota anda em todos os mares". 
 
O escritor Diodorus Siculus que viveu em Roma, nos dá nos capítulos 19 e 20 do 5º livro 
da sua Biblioteca Histórica a descrição da primeira viagem que os fenícios fizeram em 
direção ao Brasil, os navegantes fenícios, segundo Diodorus, chegaram a um grande 
continente a oeste da África do outro lado do mar, seguindo as correntes marítimas, cita 
Diodorus que neste continente havia lindas praias, rios navegáveis e uma densa floresta e 
muitas montanhas, climaameno e muita fruta, cita ainda que os navegantes ficaram muito 
tempo na costa deste país e depois retornaram para o Mediterrâneo e contaram a descoberta 
a seus conterrâneos e que estes resolveram de imediato fundar uma colônia lá. 
 
Diodorus Siculus nasceu em Agyrium, na Sicília e viveu entre 90 a 21 a.C. em Roma 
como contemporâneo de Julio César, escreveu uma história universal em 40 livros dos 
quais ainda hoje existem 15 deles, era um historiador consciencioso, fez longas viagens e 
sabia inúmeras línguas, sua obra constitui uma fonte importante de pesquisa sobre história 
antiga, ele cobriu os Egípcios, Mesopotâmicos, Indianos, Citas, Árabes, a história da África 
do Norte e partes da Grécia e história Romana, com a narrativa de Diodoro vemos que era 
bem conhecida pelos romanos a existência de um grande país do outro lado do oceano 
Atlântico a oeste da África e que era de lá que os fenícios traziam grande quantidade de 
ouro e prata, o filósofo Sêneca que morreu em 64 d.C. escreveu: 
 
"Nós romanos, sabemos que existe um país fértil além do oceano e que também lá nasce 
outro orbe, pois a natureza das coisas em parte alguma desaparece”. 
 
 4
A disputa pelo domínio marítimo da antiguidade acirrou a rivalidade entre fenícios e 
romanos, os fenícios faziam de tudo para impedir a vinda dos romanos ao Brasil, 
o escritor americano Charles Berlitz cita: 
 
"Quando as lendas sobre monstros e abismos não desencorajavam a competição, os 
fenícios seguidos por navios romanos pelo estreito de Gibraltar preferiam-se por a pique 
do que revelar sua rota”. 
 
Até esta época, 261 a.C. os navios romanos não eram páreo para os navios fenícios, 
compreenderam os romanos que era preciso também conquistar a superioridade marítima 
para que a conquista fosse total e numa manobra ardilosa conseguem apoderar-se de um 
navio de guerra fenício e o levam intacto para Roma e o aperfeiçoam profundamente e em 
60 dias fazem 100 cópias dele, nasce então a armada romana que era composta de 100 
navios cruzadores de grande porte com 100 metros de comprimento cada e 20 navios de 
assalto com 35 metros cada, um ano após, em 260 a.C. a armada já tinha se multiplicado 
por 10, Roma já possuía 1200 navios de guerra, formando um poderio naval insuperável, 
tendo um efetivo de 50.000 homens embarcados, começou então o Mar Mediterrâneo a 
ficar pequeno para as duas armadas e tornou-se inevitável o confronto entre as duas, ocorre 
então a primeira grande batalha entre as duas armadas. O local foi Mylae, hoje Milazzo na 
Sicília, ambas as armadas posicionaram frontalmente e travaram uma das mais violentas 
batalhas navais da antiguidade, os navios fenícios foram arrasados, com a derrota 
perceberam os fenícios que o fim estava próximo, uma a uma as cidades costeiras fenícias 
caem nas mãos dos romanos, permanece então o último ponto de resistência fenícia, a 
cidade de Cartago em 148 a.C. começa o cerco a Cartago que resiste heroicamente, mas 
acaba caindo em 146 a.C. e é totalmente arrasada. Os romanos levam para Roma os 
arquivos e registros de Cartago, surge então a expressão "mare nostrum" e em pouco tempo 
os romanos tomam conta da Costa da África Ocidental da costa da península Ibérica e do 
canal da Mancha, isto em 130 a.C., por volta de 120 a.C., chega às costas do Brasil a 
primeira esquadra romana, os fenícios que aqui ficaram recuam sem condição de luta, 
instalam-se então os romanos suas primeiras cidades em solo brasileiro ficam localizadas 
nas proximidades dos grandes centros de mineração e extração de ouro e prata, as 
principais ficam localizadas na Chapada Diamantina na Bahia, na Serra do Caparaó, Serra 
do Cachimbo, Serra do Paraíma, todas nas proximidades de grandes áreas mineradoras, as 
cidades tanto serviam como morada dos mineiros como também centralizavam o controle 
sobre a extração do ouro, dois grandes portos foram usados, um ficava na Ilha de Marajó e 
o outro onde é hoje a cidade de Belmonte, no sul na Bahia, nas proximidades de Porto 
Seguro, a carga era transportada em grandes veleiros de 5 velas que eram construídas na 
cidade de Carpássio no Chipre, segundo o historiador da antiguidade Plínio e ainda 
segundo Heródoto esses veleiros tinham capacidade para transportar 800 pessoas além da 
carga e que no seu interior havia grandes tonéis de água para a travessia do Atlântico. 
 
Por volta de 300 d.C., as fronteiras do Império Romano começaram a ser atacadas, começa 
então o retorno das legiões romanas a Europa, por volta de 450 d.C. quase todos os 
romanos deixam o Brasil, preocupados em defender a própria Roma e em 476 d.C. o 
Império é destruído, as colônias do Brasil ficam quase desertas permanecendo apenas 
mulheres e crianças e alguns líderes religiosos começa a ocorrer com o Brasil o mesmo que 
 5
ocorre com as colônias romanas na Inglaterra, o isolamento a aculturação e a regressão as 
antigas culturas greco-romanas. 
 
A Europa passa a sofrer invasões de muitos povos e os mouros invadem a península Ibérica, 
o contato com o Brasil nesta época fica tremendamente precário, da grande esquadra 
sobram 20 veleiros. O avanço dos mouros força o êxodo da população costeira de Portugal 
para o Brasil, uma crônica escrita em 740 d.C. por um padre, narra este fato, cita a crônica 
que em 711 d.C. os mouros já tinham conquistado quase toda a península Ibérica e que o 
arcebispo de Porto-Cale, hoje Porto, recusou-se a submeter-se a dominação dos mouros e 
deliberou com os seus co-diocesanos como fazer para evitar grandes humilhações a seu 
povo e surgiu então como único meio a imigração, conta a crônica que juntaram-se 20 
grandes veleiros e que a expedição partiu em 734 d.C. com 5000 pessoas em direção a um 
grande país do outro lado do oceano e ainda que a expedição chegou a salva a seu destino. 
 
Com o contínuo avanço dos mouros cortou-se o contato entre a Europa e o Brasil e só se 
restabeleceu a partir de 1420 com a expulsão dos mouros da península ibérica, começou 
então a procura pela rota marítima da antiga colônia romana, o então Rei de Portugal D. 
Henrique conclamava os navegantes a procurarem a antiga colônia, até que em 1473, 
chegou em Lisboa o açoriense Fernando Telles dizendo que tinha chegado a velha colônia e 
mostrou um mapa em que aparecia a costa do Brasil atual, o então Rei D. Afonso V doou as 
terras descobertas a Telles com a condição que o mesmo voltasse lá fizesse um melhor 
levantamento da região, e então Telles partiu para a viagem juntamente com Fernando 
Ulmo, seu genro e com João Sanches seu navegador e piloto, Telles morreu nesta viagem 
vitimado por uma febre, seu genro, Fernando Ulmo, ao regressar então tendo dificuldades 
para construir feitorias sozinho, realizou uma sociedade com um rico comerciante da Ilha 
de Madeira de nome João Afonso Estreito, agora já de posse de um mapa náutico 
melhorado, Fernando Ulmo apresentou-o ao então Rei D. João II, nesta mesma ocasião 
João Sanches, piloto e navegador de Ulmo foi a residência de Cristóvão Colombo com a 
cópia do referido mapa, nesta visita o piloto morreu misteriosamente em circunstâncias não 
esclarecidas e com sua morte sumiu a cópia do mapa, Fernando Ulmo e João Afonso 
estreito quando souberam da morte de Sanches na casa de Colombo forma direto ao rei 
D. João II que de imediato resolveu auxiliá-los dando-lhes soldados e navios, mas já era 
tarde, Colombo já tinha ido aos reis de Espanha e tendo conseguido deste bondosamente 
três caravelas, partiu em direção a América atual, Colombo ao regressar espalhou por 
toda a parte que tinha feito uma surpreendente descoberta por acaso e doava as terras 
descobertas a coroa espanhola, Portugal de imediato protestou e criou-se um atrito 
entre as duas coroas católicas a situação chegou a tal ponto que o Papa Alexandre VI 
editou a “Bula Intercoetera” em 1493, que determinava que as terras descobertas após 
100 léguas do arquipélago dos Açoresseriam da Espanha, a Bula agradou muito a 
Espanha e desagradou muito a Portugal que resolveu sitiar a Espanha com sua Armada e a 
abrigou a assinar um novo tratado que dava a Portugal as terras descobertas até 370 léguas 
a oeste do arquipélago dos Açores e a Espanha, sem ter como reagir assinou o tratado que 
ficou conhecido como o Tratado de Tordesilhas, isso tudo seis anos antes da viagem de 
Cabral que tomou posse oficialmente do atual território brasileiro. 
 
 
 
 6
Procurei fazer uma reconstituição dos fatos históricos e como ficou claro esta reconstituição 
é muito diferente do que é contado nos livros de história, mas os fatos aqui relacionados 
podem ser encontrados em manuscritos da antiguidade, cartas régias de doações e entre os 
escritos dos autores da antiguidade clássica talvez a história do Brasil fosse outra se o 
império romano não tivesse caído como caiu ou então os mouros não tivessem invadido a 
península Ibérica, mas em fato é que a história não pode ser mudada e o que aconteceu não 
pode ser eternamente ocultado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7
PARTE II - AS PRIMEIRAS BANDEIRAS 
 
A história das bandeiras está intimamente ligada ao encontro de antigas ruínas de cidades 
romanas, pois as bandeiras foram organizadas com o objetivo de descobrir grandes centros 
de extração de ouro e prata e é lá também que os romanos em época muito distante 
levantaram suas cidades a exemplo do que ocorreu com a cidade Ouro Preto em Minas 
Gerais surgida graças a extração de ouro na região. 
 
Em 1551 uma bandeira partiu da Bahia chefiada por Sebastião Fernandes Tourinho, 
tinha por objetivo descobrir ouro, prata e pedras preciosas, a bandeira seguiu em direção 
ao atual estado do Espírito Santo, que os índios na época diziam que existia uma 
“Mboab”(=aldeia calçada), segundo Sebastião Tourinho esta bandeira encontrou uma 
Serra de Esmeraldas. Tal serra despertou o interesse de muitos aventureiros que perderam a 
vida tentando encontrá-la. 
 
Em 1574, o então Governador-Geral Luis Brito de Almeida resolveu mandar outra bandeira 
com o objetivo de verificar a procedência da informação de Sebastião Tourinho, a bandeira 
foi chefiada por Antonio Dias Adorno e juntos foram, o padre João Pereira e o sertanista 
Jorge Velho, a bandeira tentou seguir o mesmo itinerário de Sebastião Tourinho, mas não 
conseguiu encontrar a tal serra, contudo na altura do Pico da Bandeira a expedição 
descobriu ruínas de uma antiga cidade que Adorno não soube precisar a origem pois a 
região ainda era totalmente inexplorada, era aquele o lugar que os índios chamavam de 
Mboab, a expedição depois seguiu segundo o padre que a acompanhava em direção ao Rio 
São Francisco e atravessou a Chapada da Diamantina, onde também segundo alguns estaria 
uma serra de esmeraldas, a expedição dissolveu-se na Bahia no sítio de Gabriel Soares. 
 
Há um fato interessante na história das primeiras bandeiras na Bahia, logo após a posse do 
Brasil por Cabral, um náufrago chamado Diogo Álvares Correia(1475?-1557) que os índios 
chamavam de “Caramuru”, conseguiu manter boas relações com os nativos e desta relação 
ocorreu um casamento com Diogo e uma princesa índia chamada Paraguassu e depois 
Catarina. Deste casamento nasceram duas filhas uma de nome Filipa e outra Genebra, a 
primeira casou-se com o genovês Paulo Dias Adorno de onde nasceram Antonio Dias 
Adorno e Sebastião Álvares e do casamento de Genebra Álvares nasceu Belchior Dias 
Moreira, desta linha genealógica surgiu a família Dias D'Avilla. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8
Com a dissolução da bandeira de Adorno no sítio de Gabriel Soares, Sebastião Álvares e o 
irmão de Gabriel, João Coelho de Souza resolveram ir a Chapada da Diamantina para 
confirmar a história de que lá também havia uma serra de esmeraldas, e para lá partiram e 
ao chegarem lá João Coelho de Souza foi a tacado por uma febre maligna que assola a 
região e faleceu, voltando então Sebastião Álvares, Gabriel Soares que era escritor na época 
ficou de posse dos mapas de seu irmão e de Antonio Dias adorno e resolveu ir a Espanha 
pedir auxílio ao Rei Felipe II que reinava em ambas as coroas e tendo conseguido o auxílio 
de que precisava e ainda uma carta régia de doação de terras, voltou para o Brasil. Onde 
empreendeu a expedição e quando a bandeira chegou a Chapada Diamantina no mesmo 
ponto onde tinha morrido João Coelho, a mesma febre atacou Gabriel Soares que não 
resistiu e morreu, a bandeira então sem comando voltou para a Bahia, o destino mais uma 
vez tramou sinistramente contra os descendentes de Caramuru, Gabriel foi enterrado na 
capela do mosteiro São Bento, onde lá posteriormente foi enterrada sua esposa Ana de 
Algolo, em sua lápide sepulcral estava escrito "Aqui jaz um pecador". 
 
Dois anos depois um índio manso que acompanhara Gabriel Soares a Chapada Diamantina, 
foi procurar Belchior Dias, primo por parte de mãe de Gabriel Soares e mostrou umas 
pedras semelhante a prata, Belchior tendo confirmado que era prata resolveu então 
empreender viagem a Chapada Diamantina, levou oito anos nesta jornada e em 1601 voltou 
a Bahia e como Gabriel foi até a Espanha pedir ao rei títulos pelo seu achado, tendo em 
1618 firmado um acordo de doação de terras em troca das minas de prata que Belchior teria 
então finalmente descoberto, contudo o rei Felipe II determinou que Belchior teria de levar 
ao local uma expedição do rei que lá então seria entregue a carta de doação, e desta forma 
partiu Belchior Dias para a Chapada da Diamantina e quando a expedição chegou a serra do 
Rio de Contas na Chapada, Belchior convenceu o capitão que chefiava a bandeira a abrir a 
carta de doação e então descobrir que nela só constava uma patente de capitão a sua pessoa, 
Belchior recusou-se a ir em frente e tampouco mostrar onde estava as minas, foi espancado 
e torturado, mas não revelou. Foi então conduzido preso e algemado para a Bahia, onde foi 
jogado em uma prisão de onde morreu ao sair, mais uma vez o destino tramou sinistramente 
contra os netos de caramuru. Belchior deixou um filho chamado Robério Dias, que muitos 
confundem com o pai. 
 
Robério Dias também foi um sertanista e ficou conhecido pelo apelido de o “Muribéca", 
contudo esta é sua historia segundo dados colhidos do Instituto de Pesquisas Históricas da 
Bahia, o qual possui o auto de prisão de Belchior Dias com sua assinatura tomando 
conhecimento de sua prisão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9
A localização da tal Serra de Esmeraldas é algo muito discutido, desde a primeira 
expedição de Sebastião Tourinho que começaram surgir controvérsias um dos historiadores 
diz que a bandeira seguiu em direção ao Espírito Santo, outros afirmam que ela seguiu em 
direção ao Espírito Santo, outros afirmam que ela seguiu em direção a Chapada Diamantina 
isto em 1572, o mesmo se fala da expedição de Dias Adorno que encontrou as ruínas de 
uma cidade Romana, há duvidas que foi na Serra do Caparaó ou Serra do Sincorá. 
Gabriel em seus manuscritos dizia que havia no interior da Bahia uma serra de cristal que 
se enxergava muito longe e que os portugueses que as viram diziam que pareciam com as 
Serras de Espanha cobertas de neve. 
 
Na parte seguinte é narrada a história de uma bandeira que se aprofundou no sertão da 
Bahia em 1753 em busca das Minas de prata de Belchior Dias e descobrir a tal serra de 
cristal e lá em cima encontrou uma grande cidade Romana, tendo a descrevido 
detalhadamente. 
 
O manuscrito escrito por esta bandeira foi achado em 1838 já bastante maltratado pelo 
tempo e reproduzido pela primeira vez pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o 
manuscrito encontra-se hoje guardado no cofre da Biblioteca Nacional como documento 
raríssimo, este manuscrito é uma das maiores evidências da existênciade uma remota 
colonização romana no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10
PARTE III - O ENCONTRO COM A ANTIGA CIDADE 
 
Reproduzo aqui o teor integral de um documento guardado no cofre da Biblioteca Nacional 
sob o nº 512, trata-se de um manuscrito confeccionado por volta de 1754 e encontrado em 
1838 pelo naturalista Manuel Ferreira Lagos arquivado na Livraria Pública da Corte, atual 
Biblioteca Nacional. 
 
Nesta ocasião não havia qualquer tipo de pesquisa arqueológica ou antropológica no Brasil. 
Por ocasião do descobrimento do manuscrito o mesmo já estava se encontrava bastante 
arruinado pela passagem do tempo. A íntegra do documento foi publicado na Revista do 
Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, o IHGB, onde Manuel Lagos se ofereceu para 
litografar e doar 500 exemplares das inscrições sobre a cidade abandonada, com num 
esforço em encontrar seus vestígios. 
 
Na reprodução abaixo, os pontos representam a parte corroída do manuscrito, a formatação, 
grafia e gramática foi mantida fiel ao manuscrito original tal como foi escrito, desta forma 
está diferente do publicado pela Revista do IHGB, que fez as devidas correções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11
 Relação historica de huma oculta, 
 e grande Povoação, antiguissima sem mo- 
 radores, que se descubrio no anno de 1753. 
 
 Em a America ............................................ 
 nos interiores.............................................. 
 contiguo aos............................................... 
 Mestre de campo........................................ 
 e sua comitiva, havendo dez annos de que 
 viajava pelos certões, a vêr se descubria as 
 decantadas minas de Prata do gran- 
 de descubridor Moribeca, que por culpa 
 de hum Governador se não fizerão pa- 
 tentes, pois queria lhe uzurpar-lhe esta gloria 
 e o teve prezo na Bahia até morrer, e fi- 
 carão por descubrir: Veio esta noticia ao 
 Rio de Janeiro em principio do anno 
 de 1754. 
 
 Depois de huma longa, e inoportuna perigri- 
nação, incitados da incaciavel cobiça de ouro, e 
quazi perdidos em muitos annos por este 
vastissimo certão, descubrimos huma cordi- 
lheira de montes tão elevados, que parecia 
chegavão a Região etheria, e que servirão 
de throno ao vento as mesmas estrellas; o 
luzimento que de Longe se admirava, prin- 
cipalmente quando o Sol fazia impressão ao 
Cristal de que era composta e formando hu- 
ma vista tão grande e agradavel, que nin- 
guem daquelles reflexos podia afastar os 
olhos: entrou a chover antes de entrarmos 
 12
a registrar esta christallina maravilha e viamos sobre a 
pedra escalvada correr as agoas precipitando-se dos 
altos rochedos, parecendo-nos como a neve, ferida 
dos raios do sol, pelas admiraveis vistas daquelle chris 
............................................................uina se reduziria 
 
........................................................das aguas e tranqui- 
lidade do tempo nos resolvemos a investigar aquelle 
admiravel prodigio da natureza, chegando-nos no 
pé dos Montes, sem embaraço Algum de Matos, ou 
Rios, que nos difficultasse o trânsito, porem, circulando 
as Montanhas, não achamos pasio franco para exe- 
cutar-mos a rezolução de accommeter-mos estes Al- 
pes e Pyrineos Brasílicos, rezultando-nos deste des- 
engano huma inexplicavel tristeza. 
 
 Abarracados nós, e com o dezignio 
de retrocedermos no dia seguinte, sucedeo correr 
hum negro, andando à lenha, a hum veado 
branco, que vio, e descobrir por este acazo o caminho 
entre duas serras, que parecião cortadas por artifi- 
cio, e não pela Natureza: com o alvoroço desta novi- 
dade principiamos a subir, achando muita pedra 
solta, e amontoada por onde julgamos ser cal- 
çada desfeita com a continuação do tempo. Gasta- 
mos boas tres horas na subida, porém suave pelos 
christaes que admiravamos, e no cume do Monte, 
fizemos alto, do qual estendendo a vista, vimos em 
hum Campo razo maiores demonstracoes para a nos- 
sa admiração. 
 
 
 
 13
 Divisamos cousa de legoa, e meia huma 
Povoação grande, persuadindo-nos pelo dilatado da figu- 
ra ser alguma cidade da Corte do Brazil: descemos lo- 
go ao Valle com cautela..............lferia em semelhante 
cazo, mandando explorar............................................ 
gar a qualidade, e ...................................................... 
se bem que repararam ............................................... 
Fuminés, sendo este, hum dos signaes evidentes das 
povoações. 
 Estivemos dois dias esperando aos ex- 
ploradores para o fim que muito desejavamos, e só 
ouviamos cantar gallos para ajuizar que havia alli po- 
voadores, até que chegarão os nossos desenganados 
de que não havia moradores,ficando todos confu- 
zos: Resolveo-se depois hum índio da nossa com- 
mitiva a entrar a todo risco, e com precaução, mas 
tornando assombrado, afirmou não achar, nem desco- 
brir rastro de pessoa Alguma: este cazo nos fez con- 
fundir de sorte, que não o acreditamos pelo que via- 
mos de domecilios, e assim se arranjarão todos os ex- 
ploradores a ir seguindo os passos do índio. 
 
 Vierão, confirmando o referido depoimento 
de não haver povo, e assim nos determinamos todos 
a entrar com armas por esta povoação, em huma 
madrugada, sem haver quem nos sahisse ao encon- 
tro a impedir os passos, e não achamos outro cami- 
nho senão o unico que tem a grande povoação, cu- 
ja entrada he por tres arcos de grande altura, o 
do meio he maior, e os dois dos lados são mais pe- 
quenos: sobre o grande, e principal devizamos Letras, 
 
 
 14
que se não poderão copiar pela grande altura 
 
 Faz huma rua da largura dos três arcos, 
com cazas de sobrados de huma, e outra parte, com 
as fronteiras de pedra lavrada, e já denegrida. So- 
.........................................inscripções, abertas todas 
..........................................ortas são baxas defei- 
...........................................nas, notando que pela 
regularidade,e semetria em que estão feitas, pa- 
rece huma só propriedade de cazas, sendo em 
realidade muitas, e Algumas com seus terraços des- 
cubertos, e sem telha, porque os tetos são de ladri- 
lho requeimado huns, e de lajes outros. 
 
 Corremos com bastante pavor Algumas 
cazas, e em nenhuma achamos vestígios de alfaias, 
nem móveis, que pudéssemos pelo uso, e trato, co- 
nhecer a qualidade dos naturaes: as cazas são 
todas escuras no interior, e apenas tem huma es- 
caça luz, e como são abóbodas, ressoavam os ecos dos 
que falavão, e as mesmas vozes atemorizavão. 
 
 Passada, e vista a rua de bom cum- 
primento, demos em huma Praça regular, e no meio 
della huma collumna de pedra preta de grandeza 
extraordinária, e sobre ella huma Estatua de homem 
ordinário, com huma mão na ilharga esquerda, e o 
braço direito estendido, mostrando com o dedo index 
ao Polo do Norte: em cada canto da dita Praça es- 
tá huma Agulha a immitação das que usavão 
os Romanos, e mais algumas já maltratadas, e par- 
tidas, como feridas de Alguns raios. 
 
 15
Pelo lado direito desta Praça esta hum 
soberbo edifício, como casa principal de Algum se- 
nhor da Terra, faz hum grande sallão na entrada 
e ainda com medo não corremos todas as casas, 
sendo tantas, e as retrat....................................... 
zerão formar Algum........................................... 
mara achamos hum........................................... 
massa de extraordinária ................................... 
pessoas lhe custavão a levanta lla. 
 
 Os morcegos erão tantos, queinves- 
tião as caras das gentes, e fazião uma tal bulha, 
que admirava: sobre o pórtico principal da rua 
está huma figura de meio relevo talhada da mes- 
ma pedra e despida da cintura para cima, coroa- 
da de louro: reprezenta pessoa de pouca idade, 
sem barba, com huma banda atraveçada, e hum 
fraldelim pela cintura: debaixo do escudo da tal 
figura tem alguns characteres já gastos com o tem- 
po, divizão-se, porém os seguintes: 
 
 Da parte esquerda da dita Praça esta 
outro edifício totalmente arruinado, e pelos vestígios 
bem mostra que foi Templo, porque ainda conserva 
parte de seu magnífico frontespicio, e Algumas na- 
ves de pedra inteira: ocupa grande territorio, e nas 
suas arruinadas paredes, se vem obras de primor 
com Algumas figuras, e retratos embutidos na pedra 
com cruzes de vários feitios, corvos, e outras miudezas que 
carecem de largo tempo para admira llas. 
 Segue-se a este edificio huma gran- 
de parte de Povoação toda arruinada e sepultada em 
 
 16
grandes, e medonhas aberturas da terra, sem que em 
toda esta circunferencia se veja herva, arvore, ou plan- 
ta produzida pela natureza, mas sim montões de pedra, 
humas toscas outras lavradas, pelo que entendemos ha 
as fronteiras de ...................verção, porque ainda entre 
....................................................da de cadáveres, que 
....................................................e parte desta infeliz 
....................................................da, e desamparada, 
...........talves por Algum terremoto. 
 
 Defronte da dita Praça corre hum 
caudalozo Rio, arrebatadamente largo, e espaçoso com 
Algumas margens, que o fazem muito agradavel a 
vista, terá de largura onze, até doze braças, sem vol- 
tas concideraveis, limpas as margens de arvoredo, e 
troncos, que as inundações costumão trazer: sonda- 
mos a sua Altura, e achamos nas partes mais profundas 
quinze, até dezesseis braças. Daparte dalém tudo 
são campos muito viçosos, e com tanta variedade de 
flores, que parece entoar a Natureza, mais cuida- 
doza por estas partes, fazendo produzir os mais mi- 
mozos campos de Flora: admiramos tambem algu- 
mas lagôas todas cheias de arrôs: do qual nos 
aproveitamos e também dos innumeraveis ban- 
dos de patos que se crião na fertilidade destes 
campos, sem nos ser deficil cassa-llos sem chum- 
bo mas sim as mãos. 
 
 Tres dias caminhamos Rio abaixo, 
e topamos huma catadupa de tanto estrondo pe- 
la força das agoas, e rezistencia no lugar, que 
julgamos não faria maior as boccas do decan- 
 
 17
tado Nillo: depois deste salto espraia de sorte o Rio 
que parece o grande Oceano: He todo cheio de Pe- 
ninsulas, cubertas de verde relva: com Algumas ar- 
vores disperças, que fazem.................hum tiro com 
davel. Aqui achamos............................................... 
a falta delle de noss................................................. 
ta variedade de caça................................................ 
tros muitos animais criados sem cassadores que os 
corrão, e os persigão. 
 
 Daparte do oriente desta catadu- 
pa achamos varios subcavões, e medonhas covas, 
fazendo-se experiência de sua profundidade 
com muitas cordas; as quais por mais compri- 
das que fossem, nunca podemos topar com 
o seu centro. Achamos também Algumas pedras 
soltas, e na superfície da terra, cravadas de pra- 
ta, como tiradas das minas, deixadas no tempo 
 
 Entre estas furnas vimos huma 
coberta com huma grande lage, e com as seguin- 
tes figuras lavradas na mesma pedra, que insi- 
nuão grande mistério ao que parece. 
 
Sobre o Portico do Templo vimos outras da forma 
seguinte dessignadas. 
 
 
 Afastado da Povoação, tiro de canhão, está 
hum edificio, como caza de campo, de duzen- 
tos e sincoenta passos de frente; pelo qual se 
entra por hum grande portico, e se sobe, por hu- 
ma escada de pedra de varias côres, dando-se logo 
 18
em huma grande salla, e depois desta em quin- 
ze cazas pequenas todas com portas para a dita 
salla, e cada huma sobre si, e com sua bica de agoa 
..................................................qual agoa de ajunta 
...............................................mão no pateo externo 
...................................................columnatas em cir- 
....................................................dra quadrados por 
arteficio, suspensa com os seguintes caracteres: 
 
 Depois destas admirações entramos pelas 
margens do Rio a fazer experiencia de descobrir 
ouro e sem trabalho achamos boa pinta na su- 
perficie da terra, prometendo-nos muita gran- 
deza, assim de ouro, como de prata: admiramo- 
nos ser deixada esta Povoação dos que a habita- 
vão, não tendo achado a nossa exacta diligencia 
por estes certões pessoa Alguma, que nos conte des- 
ta deploravel maravilha de quem fosse esta po- 
voação, mostrando bem nas suas ruínas a figura, 
de grandeza que teria, e como seria populosa, e 
oppulenta nos séculos em que floreceu po- 
voada; estando hoje habitada de andorinhas, 
Morcegos, Ratos e Rapozas que cebadas na mui- 
ta creação de galinhas, e patos, se fazem maiores 
que hum cão perdigueiro. Os Ratos tem as per- 
nas tão curtas, que saltão como pulgas, e não 
andão, nem correm como os de povoado. 
 
 Daqui deste lugar se apartou 
hum companheiro, o qual com outros mais, 
 
 
 19
depois de nove dias de boa marcha avistarão a beira de 
huma grande enseada que faz hum Rio a huma 
canôa com duas pessoas brancas, e de cabellos pretos, e 
soltos, vestidos a Europea, e dando hum tiro como 
signal para sever......................................................... 
para fugirem. Ter........................................................ 
felpudos, e bravos,.................................................. 
ga a elles se encrespão todos, e investem 
 
 Hum nosso companheiro chama- 
do João Antonio achou em as ruinas de huma 
caza hum dinheiro de ouro, figura esferica, ma- 
ior que as nossas moedas de seis mil e quatro- 
centos: de huma parte com a imagem, ou figura 
de hum moço posto de joelhos, e da outra parte 
hum arco, huma coroa e huma setta, de cujo 
genero não duvidarmos se ache muito na dita 
povoação, ou cidade dissolada, por que se foi 
subversão por Algum terremoto, não daria 
tempo o repente a por em recato o preciozo, mas 
he necessario hum braço muito forte, e podero- 
zo para revolver aquele entulho calçado de tan- 
tos annos como mostra. 
 
 Estas noticias mando a v.m., deste cer- 
tão da Bahia, e dos Rios Pará-oaçu, Uná, assen- 
tando não darmos parte a pessoa Alguma, por- 
que julgamos se despovoarão Villas, e Arraiais; mas 
eu a V.me. a dou das Minas que temos descuber- 
to, lembrando do muito que lhe devo 
 
 Suposto que da nossa Companhia 
sahio já hum companheiro com pretexto 
 20
differente, contudo peço-lhe a V.me. largue essas penú- 
rias, e venha utilizar-se destas grandezas, usando da 
industrias de peitar esse indio, para se fazer per- 
dido, e conduzir a V.me. para estes thesouros, etc 
...................................................Acharão nas entradas 
.............................................................sobre lages. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21
Assim termina o relatório da expedição que alcançou a velha cidade romana abandonada. 
Infelizmente o relatório no início é avariado e não traz o nome do chefe da expedição, todos 
os historiadores que analisaram as bandeiras da época acreditam que este relatório 
possivelmente foi escrito por João da Silva Guimarães que naépoca era tenente-general, 
também conhecido como mestre-de-campo, contudo um outro sertanista que pôde tê-lo 
escrito é Antonio Lourenço da Costa, que em 1757 chegou a distrito diamantino de Tijuco 
em Minas Gerais e disse que passou 10 anos no interior, em uma bandeira e que esta tinha 
feito descobertas surpreendentes na Serra Dourada na então Capitania de Goiás. 
 
Encontrei apenas dois manuscritos que fazem referência a este sertanista no Arquivo 
Nacional, nos quais é analisado umas amostras de material semelhante a prata, tendo o 
exame dado negativo. 
 
Desta mesma época existem algumas cartas que são datadas do mesmo local de onde foi 
escrito o relatório, ou seja, do Rio Paraguaçu na Bahia, o mesmo local onde morreu Gabriel 
Soares e seu irmão, existe uma do cabo da bandeira de João da Silva Guimarães de nome 
Lourenço Antonio Bragança datada de 24/ 5/ 1754 que remeteu amostras de um metal 
muito semelhante à prata, contudo as amostras que foram analisadas na Casa da Moeda do 
Rio de Janeiro deram negativas quanto à prata. 
 
Este Mestre-de-campo João da Silva Guimarães era em 1720 Capitão-mór na província de 
Ouro Preto, quando eclodiu o movimento chefiado por Filipe dos Santos para se libertar do 
domínio dos portugueses, tendo o movimento fracassado o capitão João da Silva fugiu para 
a Bahia tendo posteriormente conseguido o perdão graças à influência de sua família. Em 
1752, João da Silva irrompeu com uma bandeira nas cabeceiras do Rio Paraguaçu na Bahia 
a dizer que vira as minas de Belchior Dias, o Muribéca 
(Cartas do Sertão do Paraoassu, Anais da Biblioteca Nacional, vol. cit. Doc. Raro nº 522, 
datado de Pau-a-pique em 12 de abril de 1753). 
 
A fazenda Pau-a-pique encontra-se, segundo informações fornecidas gentilmente pela 
SUDENE, na margem direita do Rio Paraguaçu, antigo Paraoassu, a fazenda encontra-se 
pouco mais de 30km a leste da Serra do Sincorá e foi por volta de 1750 era uma grande 
estação de parada entre os viajantes e bandeirantes da época. 
 
Em 1753 na Vila de Bom Sucesso das Minas Novas, Pedro Leonimo Maris, amigo pessoal 
do General João da Silva Guimarães apressou-se em convencer ao vice-rei na época, Conde 
de Autougia de que o general finalmente chegara ao maravilhoso local que tantos outros 
tinham tentado chegar em vão. 
(Carta de 07 de dezembro de 1752, Anais da Biblioteca Nacional, cód, raro n.º607) 
 
Com o resultado negativo das amostras emitido pela Casa da Moeda, ficou claro que não 
era ali que estava a suposta Mina de Belchior Dias, se é que ela realmente existira. Diante 
desta situação o general voltou para o sertão para o local incerto e ignorado a última notícia 
que se ouviu dele foi em 1764, depois sumiu por completo, acredita-se que tenha morrido 
por volta de 1766. 
 
 
 22
A história das minas de prata de Belchior Dias talvez tivesse morrido aí juntamente com a 
descoberta da cidade abandonada, mas em 1838 um jovem chamado Manuel Ferreira Lagos, 
vasculhando os arquivos da biblioteca da corte encontrou entre os documentos 
encaminhados ao vice-rei o manuscrito e já bastante danificado pelo tempo e o entregou ao 
cônego Januário da Cunha Barbosa, que o estampou em boa cópia na primeira revista do 
Instituto Histórico e Geográfico do Brasil(IHGB), começou então a busca pela cidade 
abandonada. 
 
Esta é a história da expedição de 1753 e de seu comandante João da Silva Guimarães, a ela 
se junta a de outros como a de Gabriel Soares e seu irmão que morreu na Chapada 
Diamantina e a Belchior Dias preso e torturado por não revelar a localização das tais minas, 
se junta ainda a história de Benigno José da Cunha e de Percy Fawcett que morreram em 
busca da cidade abandonada e uma frase de um general que tentou chegar ao local que 
declarou ao então vice-rei: "As minas são inatingíveis". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23
PARTE IV - O ESTUDO DAS RUÍNAS 
 
Muitos procuraram chegar até a cidade abandonada, mas algo fundamental deixou de ser 
feito, ou seja, duas perguntas: quem construiu e quando foi construída a cidade descoberta 
em 1753? 
O melhor caminho para responder a estas perguntas é seguir a narrativa do manuscrito. 
Cita ele: 
 
“... não achamos nenhum outro caminho a não o único que tem a grande povoação cuja 
entrada é por três arcos de grande altura o do meio é maior os outros dois do lado mais 
pequenos, sobre o grande e principal arco avistamos inscrições que se não podemos copiar 
foi pela grande altura." 
 
Estes arcos são sem dúvida um arco do triunfo. Inicialmente o Arco do Triunfo só possuía 
uma passagem central e em cada lugar que Roma conquistava era erguido um Arco deste. 
Os arcos foram a marca registrada da arquitetura e presença romana, não havia uma só 
posse que não tivesse um arco do Triunfo. Os últimos arcos construídos pelo império 
romano possuíam três aberturas, sendo que a abertura central era maior e sobre ela havia 
muitas inscrições narrando fatos. A cidade de Timgad na África possuía também um arco 
deste feitio. Estes arcos foram construídos até o fim do Império Romano do Ocidente 476 
d.C. e o último deles foi o arco de Constantino. O arco ficava sempre na entrada da cidade a 
exemplo de Timgad. Dele saía uma rua da largura das três passagens. 
 
 
 
 24
O segundo dado importante é a praça, cita o manuscrito: 
 
“... demos em huma praça do tamanho regular e no meio dela uma coluna de pedra preta 
de grandeza extraordinária e sobre ela a estátua de um homem ordinário com a mão na 
ilharga esquerda e o braço direito estendido mostrando com o dedo indicador o polo 
norte". 
 
 
É interessante notar-se a semelhança desta estátua 
com a estátua do cavalheiro romano descoberto no 
arquipélago dos Açores pelos portugueses. Ele 
também tinha o braço direito estendido e apontava 
com o dedo indicador a direção do Brasil, contudo 
existe no vaticano uma estátua de Otávio Augusto 
que viveu na época do máximo apogeu das 
conquistas romanas e em sua homenagem foram 
erguidas muitas estátuas em praças, seguindo a 
forma mostrada na figura ao lado. 
 
 
 
Ainda na praça cita à memória: 
 
“... em cada canto da dita praça está uma agulha à imitação que usavam 
os romanos, mas algumas já maltratadas pela ação do tempo e outras 
partidas”. 
 
 
Neste fragmento do manuscrito os próprios exploradores confirmam que as 
agulhas encontradas eram semelhantes a que os romanos usavam em suas 
cidades. Continuando ainda o manuscrito: 
 
 
“... pelo lado direito da dita praça esta um soberbo edifício como a casa de campo de um 
senhor de terra, faz um grande salão na entrada". 
 
Tal descrição assemelha-se muito aos edifícios públicos romanos, provavelmente tratava-se 
de um fórum, marca constante nas praças de cidades romanas, 
tinham em comum um grande salão na entrada. 
 
Continua a memória... 
 
"Sobre o pórtico principal da rua esta uma figura de meio relevo 
talhada em pedra, representa pessoa de pouca idade coroada de 
louro sem barba com uma banda atravessada e um fraudim pela 
cintura". 
 25
Com respeito a esta estátua há pouco tempo tive a oportunidade de visitar o Museu de 
Belas-Artes no Rio de Janeiro e vi uma escultura praticamente idêntica a esta. 
Representava uma pessoa de pouca idade sem barba coroada de louro e atravessada por 
uma banda. Escultura feita por sinal em mármore. 
Dizia a plaqueta abaixo: 
 
"desenterrada nos arredores de Roma em escavação realizada a custeio da princesa 
Isabel". 
 
Evidentemente, tanto a escultura encontrada em 1753 como a que está no Museu de Belas 
Artes representam um imperador romano, se não o mesmo, a coroa de louros era sem 
dúvida uma característica de imperador romano. 
 
Quanto às inscrições encontradas e copiadas, segundo um professor americano que deu em 
1982 entrevista a Rede Globo, pertenceà escrita grego-ptolomaica e foi utilizada entre 
100 a.C. a 300 d.C., já na época da dominação romana na Grécia, este período de tempo 
concorda perfeitamente com a data dada anteriormente para a chegada de romanos ao 
Brasil, ou seja em 100 a.C. 
 
Um detalhe importante foi dado pelo manuscrito quando referiu-se a moeda achada pelos 
bandeirantes, cita o manuscrito: 
 
"um nosso companheiro de nome João Antonio achou entre as ruínas um dinheiro em ouro 
de forma esférica, maiores que nossas moedas de seis mil e quatrocentos réis de huma 
parte havia um moço posto de joelhos da outra um arco uma coroa e uma flecha". 
 
Um achado importante, pois estátuas podem ser feitas nas mais diversas épocas dentro de 
um mesmo império, mas moedas não possuem data e local onde circularam e a que povo 
pertenciam e nos informam quem as cunhou, sobre esta moeda realizei exaustivos estudos 
em museus e órgãos especializados em numismáticas, consultei um infinito número de 
catálogos sobre todas as moedas de todos os povos de todos os tempos em uma coleção 
doada pelo museu britânico ao Banco do Brasil. Consegui descobrir um lado da moeda o 
lado do moço de joelhos, este cunho era utilizado em portos fenícios dominado por 
romanos com data de 260 d.C. na época do imperador Septimius Severus, o outro lado 
encontrei várias moedas com cunho semelhante todas datavam de 100 d.C. a 300 d.C., 
todas pertencentes ao império romano. Estas datas concordam perfeitamente com a data 
estabelecida aqui com o período de estadia dos romanos no Brasil, mas não só estas moedas 
foram achadas, foram encontradas em uma escavação na Venezuela um pote contendo 
várias moedas romanas, as mesmas ao serem examinadas mostraram ser verdadeiras e 
datavam de 350 d.C. infelizmente as moedas encontradas na fazenda provisão entre as 
ruínas da casa e ruas não foram examinadas quanto a sua data, só sendo verificada sua 
origem romana. 
 
Pelo que foi exposto pode-se concluir que esta cidade deve ter começado a ser construída 
por volta de 50 a.C. tendo atingido o seu apogeu em 400 d.C., sendo então 
progressivamente abandonada até atingir o estado em que foi encontrada em 1753. 
 
 26
Procurei aqui dar uma visão do que foi visto realmente pelos bandeirantes de 1753, evitei 
fazer especulações infundadas ou fazer qualquer afirmação sem estudar minuciosamente 
um a um cada monumento, esta é uma apresentação imparcial dos fatos, a seguir apresento 
cinco perguntas com suas respostas. 
 
 
1o. - A que estilo pertencem os monumentos apresentados? 
Ao estilo romano 
 
2o. - Qual o período destes estilos? 
De 50 a.C. a 400 d.C. 
 
3o. - A que povo e a que época pertence a moeda encontrada? 
Ao povo romano, cunhada entre 260 a 300 d.C. 
 
4o. - A que estilo e povo pertencem as letras copiadas? 
Ao estilo greco-ptolomáico e pertencem ao império romano 
 
5o. - A que religião e época pertencem os símbolos religiosos achados? 
Pertencem ao início da religião católica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27
PARTE V - A BUSCA DA CIDADE ABANDONADA 
 
Ao tomar conhecimento do documento o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, 
incumbiu seu representante na Bahia, o cônego Benigno José de Carvalho e Cunha de 
localizar a cidade encontrada em 1753, contudo a expedição foi acometida por uma doença 
que assola a região e não completou o seu objetivo, Benigno teve a mesma sorte que 
Gabriel Soares e seu irmão tivera anteriormente, faleceu em virtude da doença adquirida. 
Benigno escreveu várias cartas, contudo só achei cinco, afirmava ele em suas cartas que 
tinha localizado a cidade abandonada, mas que não tinha meios de chegar até lá em virtude 
da doença contraída e dos perigos existentes na região, isto em 1845. 
 
Em 1848 o Major do exército Manoel Rodrigues de Oliveira, acusou Benigno de haver 
deliberadamente escondido a localização da cidade e só andar em lugares opostos onde o 
manuscrito indicava e que Benigno tinha na realidade o propósito de se apossar do ouro e 
da prata existente no local e declarou ainda que tinha encontrado ruínas semelhantes em 
uma fazenda denominada Provisão a 150 km da Vila Camamu, e que as mesmas tinham 
fragmentos de louças finas, ruas e casas e que lá também tinham achado moedas com cunho 
romano e deu como testemunha o Senhor Cypriano Antonio Gusmão, juiz da Vila 
Belmonte. 
 
Realmente, segundo informações que gentilmente me cedeu a SUDENE, existe uma 
fazenda chamada Provisão no local indicado por Manuel Rodrigues em 1848 e que lá em 
qualquer lugar que se cave encontra-se fragmentos de louças e utensílios em geral de uso 
comum na antiguidade e fora de uso a mais de 1500 anos. Possivelmente este local às 
margens do Rio de Contas, pertencente hoje ao município de Jequié na Bahia foi na época 
da colonização romana uma estação de parada entre a grande cidade e o porto situado onde 
é hoje a cidade de Belmonte, próximo a Porto Seguro. É interessante frisar que Camamu 
em Tupi significa, lugar onde se guarda ou conserta barcos, seria o que chamamos hoje de 
porto. 
 
Ainda no século XIX, em 1840 chegou à Bahia a fragata dinamarquesa Bellone, com os 
tenentes Suenson, Schultz e o botânico Kruger, encarregados de examinarem estas ruínas, 
mas não chegaram até ela. 
 
O fato é que o descaso e a incúria das autoridades da época transtornou e impediu as buscas 
de tal forma que não se localizou a tal cidade apesar dos fortes indícios de sua localização, 
até mesmo o IHGB abandonou inexplicavelmente Benigno no meio do caminho colocando 
em perigo toda a expedição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28
Em 24/02/1841 Benigno encontrava-se na capital da Bahia quando foi incumbido pelo 
IHGB de procurar a cidade abandonada encontrada em 1753, cita ele na sua primeira carta 
ao IHGB. 
 
"Encarregado pelo IHGB para indagar sobre a cidade abandonada, obtive informações de 
muitas pessoas e em especial a do Sr. Remigio Pereira de Andrade, natural de Minas, 
idade 73 anos e do Sr. Desembargador Mascarenhas, que desde o município do Rio das 
Contas, onde foi ministro, tinha atravessado a Serra do Sincorá e as terras do Rio 
Paraguaçu e Una (citado no manuscrito). 
 
Diria eu, que escreveram entre o Rio Una e o Rio das Contas e não do Una e Paraguaçu, 
procurei informar-me sobre a Serra do Sincorá e soube o seguinte: 
 
1º- que é talvez a mais alta e inacessível serra que tem no sertão da Bahia, vista da parte 
norte, eriçada por grandes penhas em que brilham muitos cristais e seu cume está sempre 
coberto de nuvens até as 11 horas e que não tem mais que uma tromba (caminho aberto na 
rocha até o cume) na parte norte, pela qual só faz acessível ao seu cume; 
 
2º- que esta tromba aberta desde a raiz até o alto da montanha tem a forma de zigue-zague, 
e que se leve três boas horas para subir; 
 
3º-que desde a tromba a povoação do Sincorá vão 2 léguas e não há mata ou rio que 
impeça o trajeto, são campos gerais e tudo isto confirma com a relação dos aventureiros 
de 1753. 
 
Continua ele: “... pretendo examinar a catadupa (cachoeira) do braço do Sincorá, contudo 
se o tempo e as condições meteorológicas permitirem, contaram-me e em especial o Sr. 
Antonio Joaquim Cruz marchante de profissão, que tinha viajado por todos os vales e por 
aquelas terras vizinhas do Sincorá e ao braço do Sincorá e a dois dias acima da dita 
cachoeira e pelas suas informações soube que a cidade está encoberta por matas e que o 
braço do Sincorá se despenca por uma elevada cachoeira por bocas diferentes, fazendo um 
enorme ruído e forma várias penínsulas de verde relva e que nas margens oriental desta 
cachoeira há muitas minas profundas e algumas abertas em penhas em forma de abóbada 
e resultam em furnas insondáveis". 
 
Este é o resumo da primeira carta, a segunda, Benigno já se encontra na povoação do 
Sincorá e é datada de 20/ 08/ 1842 e tambémé endereçada ao IHGB, Benigno não foi ao 
local onde tinha dito na sua carta anterior, segundo Benigno pelas informações que tinha 
colhido no local soube que a cidade estava entre os Rios Tingá e Andaraí de trás dos 
morros de Orobó(ssimo) e que tinha a cidade virado refúgio de escravos fugidos, nesta 
época Benigno foi atacado por uma febre maligna cita ele: 
 
"...adoeci no dia 03 de fevereiro de uma febre que aqui chamam de maligna, que me pôs a 
morte, mas dentro de oito dias ainda mal convalescido fui atacado por sezões(espécie de 
dengue) até o fim de junho, e só pude fazer a primeira viagem ao Sincorá em 16 de junho 
de agosto corrente. O fastio mortal de cinco meses me puseram em um estado de 
debilidade para mim novo, reduzi-me a um esqueleto, todos que me acompanhavam 
 29
também adoeceram, das sete pessoas que me acompanhavam , depois de sãos só ficaram 
comigo dois ordenanças e meu criado particular. Neste tempo chegou a resposta do 
Governador ao auxílio que pedi para continuar a jornada e resposta foi negativa “. 
 
E cita ainda 
 
"Já sem esperança de concluir minha missão por falta de recursos, enquanto acabava de 
convalescer para voltar a Bahia, mandei um ordenança com um negro a examinar a tal 
cachoeira do paraosisinho. 
Voltaram 15 dias depois e não tendo achado notícia da catadupa deste rio, mas só um 
sumidouro de 20 ou 30 passos de extensão, depois do qual surdia o rio, eles não se 
atreveram a descer o rio abaixo até onde se alarga a Serra do Sincorá em razão do 
emaranhado de mato que cerca de um lado a outro lado, adiantaram-se então até o Rio 
Grande, ao norte de Timbó, ali encontraram homens que tinham entranhado por aquelas 
solidões e tendo eles aberto uma nova picada para virem por ela ao Sincorá a um 
casamento, em princípio de março passado, foram sair nos campos gerais, onde há uma 
antiga estrada de sertão esses arrancharam na fralda cristalina dos morros em frente a 
estas gerais e vendo uma boa estrada pra subir os morros, deixaram a cavalgadura e 
malotagem em baixo e subiram a pé até encima, e chegando ao alto avistaram a cerca de 
légua e meia uma povoação na qual sentiram o rufar dos tambores e as ave-marias e viram 
subir dela muitos foguetes, retiraram-se e quando chegaram em baixo só encontraram a 
cavalgadura, os negros lhe haviam queimado toda a roupa e malotagem e se não 
apanhassem caça de certo teriam morrido de fome antes de chegar ao Sincorá. Estes 
morros ficam entre o Tingá e o Andaraí. É este, pois o quilombo que tanto ouvi falar por 
aqui e por estas notícias.”. 
 
Na carta, pede Benigno ajuda ao IHGB para que lhe forneça os meios necessários para 
continuar sua missão. Mas a ajuda nunca veio. 
 
A terceira carta não é muito diferente, escrita dois anos depois em 01/ 06/ 1844, 
Benigno confirma a versão que a cidade teria virado refúgio de escravos fugidos, cita ele: 
 
"Estes meus cálculos sobre a cidade abandonada acabam de ser confirmados por uma 
testemunha de vista. Indo eu para o Rio Tingá, recebi uma carta de Sr. José Rodrigues da 
Costa do arraial de Utinga, na qual me diz que um negro capturado, morador com seu 
senhor no lugar chamado Serrado de Orobó, se oferecia para me acompanhar até a cidade 
em troca de sua alforria e mostrar o quilombo onde ele esteve e a cidade que eu buscava, 
diz este negro que a cidade está próxima ao quilombo e que os negros do quilombo vão lá 
passar o domingo e dá tão exata notícia das casas e entrada e das estátuas e rio que corre 
defronte a dita praça que enquadra perfeitamente com o roteiro de 1753, mandei chamar o 
negro e lhe prometi a alforria, contudo o Sr. dono do escravo não permitiu que viesse e 
não o vende por preço algum. 
“Há três meses estou doente novamente atacado por sezões, se Deus me ajudar entrarei na 
cidade depois de São João”. 
 
 
 30
Sua última carta que achei foi escrita em 23/ 01/ 1845 e era dirigida ao governador da 
Bahia solicitando auxílio para continuar a jornada, visto que o IHGB o tinha abandonado, 
contudo o auxílio não chegou, cita Benigna a carta que tinha esperança que o Sr. dono do 
escravo de nome Francisco permitisse sua vinda, uma de suas últimas frases foi: 
 
“... e por isto creio estar perto da cidade". 
 
Chegou-se até ela, nunca saberemos, morreu vitimado pelas contínuas doenças que contraiu 
uma delas lhe deu uma insuficiência hepática que lhe foi fatal. 
 
A região onde Benigno andava, a Chapada Diamantina é sem sombra de dúvida uma das 
mais difíceis regiões do país em termos de deslocamento e sobrevivência, é um local fatal 
para quem está acostumado a vida urbana, é raro as pessoas que lá empreenderam jornada e 
voltaram com vida, um relatório de um general de nome Miguel Pereira da Costa mostra 
bem como é esta região. 
 
"Até aqui é grande o trabalho, cooperando a maior parte dos elementos contra a saúde e 
contra a vida... contêm a travessia léguas de horroroso caminho, por que parece que a 
natureza se empenhou em fazer se trânsito difícil, sendo não só serrania continuada, mas 
como montões de serras umas sobre as outras, cujo vértice há de se avançar, subindo 
vértice sobre vértice, é raro o dia que a chapada esteja clara sem nuvens, está quase ali 
sempre a chover sendo que esta neblina e chuva miúda maltratam homens e cavalos, pois 
não há lenha para acrescentar fogo, é preciso ajudar os cavalos na travessia da serra, as 
vezes arrebentam seus peitorais e caem as cargas, outras, os cavalos voltam-se pra trás e 
despencam-se pelos precipícios. É tal a ossaria de cavalos mortos por esta serra e chapada 
que se poderia chamá-la de serra dos ossos. O incrível desta chapada é que se poderiam 
consumir exércitos inteiros que tentassem passar por ela utilizando uns poucos defensores. 
 
Conclui o general: "Este lugar é forte por natureza e inconquistável". Durante esta jornada 
o General foi atacado por uma doença e ficou paralítico. 
 
Fica claro que a Chapada Diamantina tornou-se no passado um lugar onde floresceu muitos 
quilombos, justamente pela dificuldade de atacá-los, os maiores foram os quilombos do 
Tupim, Andaraí, Rio de Contas e Orobó, este quilombos foram destruídos em 1789, 
contudo o quilombo Orobó não foi localizado e permanece até hoje incerta a sua 
localização, é natural e lógico que a cidade que foi encontrada em 1753 fosse utilizada 
como refúgio por escravos fugidos. 
 
Há de se lamentar o descaso e abandono que o IHGB, órgão mantido pelo próprio 
Imperador D. Pedro II abandonasse Benigno em sua missão, além desta tentativa de 
Benigno na Chapada Diamantina, nenhuma outra foi oficialmente realizada, ficando apenas 
casos de tentativas isoladas, impressiona a incúria e o descaso dos representantes dos 
órgãos científicos e das autoridades pelo patrimônio histórico-arqueológico do Brasil, as 
tentativas posteriores ficaram por conta de estrangeiros tendo as autoridades brasileiras 
colocado toda sorte de obstáculos e recusando-se terminantemente a voltar a comentar o 
assunto. 
 
 31
Apresento a seguir a história da Expedição Fawcett, que acabou transformando 
involuntariamente esta história em uma lenda. A história da expedição foi muito especulada 
pela imprensa que deturpou os acontecimentos e deu caráter sensacionalista à expedição 
chegando até mesmo ao absurdo de declarar que Fawcett procurava uma cidade subterrânea 
de venusianos, mais uma vez a irresponsabilidade pairou sobre um assunto sério, talvez 
com um objetivo de quem sabe esconder algo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32
PARTE VI - A BUSCA CONTINUA - A EXPEDIÇÃO FAWCETT 
 
A história da Expedição Fawcett veio se somar tragicamente a esta história. 
O coronel inglês Percy Harrison Fawcett, engenheiro, lutou na 1º Guerra Mundial e 
depois dela passou a dedicar-se a expedições arqueológicas na América do Sul,homem de 
grande resistência física, atravessou a floresta amazônica enfrentando índios, onças, cobras 
e toda a sorte de doenças. Acreditava fielmente que o Brasil tinha sido parte da suposta 
Atlântida e que no território brasileiro ainda existia ruínas da Atlântida. Fawcett acreditava 
que a cidade descoberta em 1753 era uma das cidades, bem como a da Serra do Cachimbo e 
da Serra da Paraima. Contudo Fawcett não levou em consideração o estudo das ruínas. 
Aliás, nunca feito em época alguma. Esta fixação pelo mito da Atlântida acabou por afastá-
lo do campo da pesquisa histórica levando-o a envolver-se com mitos e lendas que nada 
tinham a ver com as antigas ruínas das cidades romanas. O coronel Fawcett como a grande 
maioria dos pesquisadores, estavam tão ávidos em achar as cidades abandonadas que 
simplesmente se esqueceram de estudar o que estavam procurando, desta forma saíam para 
procurar algo que não sabiam onde estava e muito menos o que era. Fica óbvio que desta 
forma sem nenhum estudo jamais achariam coisa alguma, pois nem mesmo sabiam o que 
estavam procurando. 
 
Fawcett acreditava que a cidade estava localizada na Chapada Diamantina, nas 
proximidades de 11º 30' lat. e 42º 30' lon. aproximadamente, não muito distante do lugar 
onde Benigno dizia que estava a cidade habitada por escravos fugitivos. Fawcett fez várias 
expedições no interior do Brasil e em sua última pretendia chegar até esta cidade que ele 
chamava de "Z". Sua última notícia datava de 25 de maio de 1925. Desapareceu no norte do 
Mato Grosso, próximo a Serra do Cachimbo seguindo a indicação que lhe deu um índio que 
dizia que havia naquela serra nas margens de um rio que desaguava numa gigantesca 
cachoeira e se abria embaixo como um mar, uma cidade abandonada que tinha ruas, 
calçadas com pedra e nela havia templos onde num passado distante se realizava cerimônia 
semelhante ao batismo de hoje e que lá havia também a estátua de um homem. Esta 
descrição da cidade levou a Fawcett crer que aquela seria a cidade descoberta em 1753, 
apesar de estar firme na convicção que a mesma estava situada na Bahia, nunca mais foi 
visto. De sua expedição e busca só restaram seus manuscritos que ficaram para trás do qual 
pude extrair algumas frases. Há ainda algumas cartas que Fawcett escreveu a sua esposa as 
quais retirei alguns fragmentos que exponho. 
 
Cita o Coronel Fawcett em seu diário na pág.27: 
 
“Há outras cidades perdidas além destas duas: a de 1753 e a descoberta em 1913 pelo 
coronel inglês O’Sullivan” 
 
(na época cônsul britânico no Brasil, segundo o cônsul, tinham encontrado uma cidade 
muito semelhante a de 1753, contudo de menor porte e localizada no interior da floresta na 
Bahia a 12 dias de viagem de Salvador). 
 
 
 
 33
“Há mais outra remanescente de uma antiga civilização, cujos habitantes se degeneraram. 
Eles porém, conservam em seus pergaminhos em chapas de metal os registros de um 
passado esquecido. É quase idêntica a que se encontrou em 1753, porém menos destruídas 
por terremotos “. 
 
Os jesuítas dela tiveram conhecimento e também um francês que neste século fez várias 
tentativas para chegar até ela, sem resultado. Um inglês que havia viajado muito pelo sertão 
soube também de sua existência ao ler um velho documento que se achava sob a guarda dos 
jesuítas. Sofria de câncer em adiantado estado. Desapareceu do cenário talvez pela doença. 
Fawcett referia-se ao coronel O'Sullivan que morreu em Manaus em um hospital vitimado 
de câncer. 
 
Continua ele na página 249: 
 
"...Não está claro o que aconteceu à colônia do Brasil central depois da destruição parcial 
de suas cidades. Os sobreviventes podem ter ficado isolados durante longos períodos de 
tempo no meio dos pântanos". 
 
Fawcett chamava a cidade de 1753 de "Z". Dizia ele na página 287 de seu diário: 
 
"Z não está nas margens do Rio Xingu e nem no Mato Grosso", 
 
prossegue ele na página 251: 
 
"...no nosso caminho para "Z" teremos a oportunidade de atravessar o território dos índios 
morcegos. Quando então terei o prazer de estudá-los" 
 
Foi esse seu grande desastre. Tais índios segundo a FUNAI eram os índios "Avá-canoeiros", 
a tribo mais violenta que se tem tido notícia. Nutrem um ódio profundo pelo homem branco. 
Matam sem piedade e não conhecem nenhuma regra de vida em sociedade. Nem mesmo as 
tribais. São nômades, andam sem parar destruindo tudo o que vêem pela frente, matando os 
animais, homens mulheres crianças e destruindo qualquer construção ou qualquer coisa 
viva ou inerte que encontre. São negros de cabelos compridos. Fawcett acreditava que 
poderia estudá-los. Estava enganado, aliás, um engano fatal. 
 
Cita Fawcett em seu diário: 
 
“... O nosso caminho será entre a latitude 10º 30’ e 11º até as elevações entre a Bahia e 
Goiás, uma região onde dizem ser infestada por índios, onde espero encontrar alguns 
traços de cidade habitada. Pretendo visitar uma torre de pedra a 11º 43'S e 54º 35'W . 
Depois rumaremos para o Araguaia. No distrito de Santa Maria e depois seguiremos para 
o Rio Tocantins passando pela cidade de Pedro Afonso ou ponta do nascimento. O nosso 
caminho será entre 10º e 11º S até as montanhas entre a Bahia e Goiás, depois entre as 
montanhas entre Bahia e Piauí, até o Rio São Francisco até Chique-Chique e se estivermos 
em condições visitaremos a velha cidade abandonada (1753?) a qual já faz 
aproximadamente a 11º 30’ e 42º 30' completando as investigações". 
 
 34
Cita ainda ele na página 240: 
 
"sondei os três lados para assegurar-me qual era o melhor caminho, vi muita coisa que 
faria muita gente arriscar para ver mais". 
 
Pelo que parece Fawcett sabia a localização da cidade perdida, ele mesmo em certa ocasião 
revelou que só pouco antes da sua última expedição, a de 1925 foi que descobriu o rumo 
tomado pela bandeira de 1753. Na página 217 de seu diário cita ele: "ocorreu-me que meu 
principal objetivo poderia ser alcançado passando pelo estado de Goiás, evitando assim 
uma volta pelo Mato Grosso", se tivesse feito isso possivelmente não teria morrido. 
 
O desaparecimento do coronel Fawcett no Mato Grosso, próximo a fronteira da Pará, 
provocou um incidente diplomático entre o Brasil e a Inglaterra. Muitas expedições foram 
realizadas com o objetivo de encontrá-lo, mas não lograram êxito. Muitos boatos 
começaram a aparecer entre os quais que Fawcett procurava uma cidade subterrânea. 
Chegaram até mesmo a dizer o absurdo que Fawcett procurava incas-venusianos, boatos 
levantados com cunho sensacionalista em 1982 no dia 18/07 tive a oportunidade de ver pela 
televisão uma reportagem da Rede Globo de Televisão em seu programa Fantástico uma 
reportagem sobre a Expedição Fawcett. Nesta ocasião foi dito novamente que Fawcett 
procurava uma cidade subterrânea e em conseqüência da afirmação e dos protestos que 
vieram do estrangeiro em particular da Inglaterra, um novo programa foi ao ar em 
03/10/1982 no qual um pesquisador inglês mostrava uma foto de um satélite usando 
câmaras infravermelhas que podem fotografar objetos ocultos sobre as árvores, na qual 
aparecia o que parecia ser uma cidade abandonada bem próximo ao lugar em que Fawcett 
desapareceu. Infelizmente o pesquisador não as coordenadas exatas da foto mas este 
programa apresentou os fatos sem um domínio do assunto de forma que ficou 
completamente vaga a compreensão. Via-se claramente que não se tinha a menor idéia do 
que estava sendo tratado e permanecia a idéia de que era uma cidade de incas-venusianos 
que estavam procurando. Não sei realmente como as coisas chegaram a fluir nesta direção e 
é difícil compreender como um assunto sério pode ser alterado para algo que não 
corresponde a realidade. 
 
Em uma de suas últimas cartas que Fawcett escreveu a sua esposa constava o seguinte: 
 
“Contaram-me que na fazenda do coronel Hermenegildo Galvão, um chefe índio da tribo 
Nafagua de nomeRoberto, cujo território ficava entre os Rios Xingu e Tabatinga afirmou 
conhecer uma cidade onde moravam índios com ruas calçada e casas baixas e havia um 
grande templo onde se realizavam cerimônias de batismo, os outros índios que falavam 
dela diziam haver nestas casas luzes que nunca se apagavam. Foi a primeira vez que ouvi 
falar nestas luzes que tinham sido encontradas em casas antigas". 
 
A respeito destas luzes que também foram vistas pelas bandeiras de 1753, há de se 
esclarecer o seguinte: por volta de 1570, Gabriel Soares, que foi um dos primeiros 
portugueses da Bahia, escreveu em seus manuscritos que havia um bicho que os índios 
chamavam de Mamoa ou Mama que emitia uma forte claridade e que à noite tais bichos 
entravam no interior de casas abandonadas e que lá faziam sua morada e que durante a 
noite parecia que a casa tinha muitos lampiões acesos tal a claridade que tais bichos 
 35
emitiam. Cita ele que às vezes estes bichos entravam em casas habitadas e que seus 
moradores ao abrir os olhos no meio da noite e ver a casa toda clareada. 
 
Escrevia Fawcett em sua última carta: 
 
"Talvez quando voltarmos a nossa história vá surpreender o mundo. Espero estar 
escrevendo a próxima carta de” Z” ou do Estado do Pará, quando já então tivermos feito a 
maior e mais extraordinária descoberta arqueológica de todos os tempos e estou certo que 
chegaremos a "Z". 
 
Esta foi sua última frase. Desapareceu após deixar vestígios. 
Esta última carta era datada de 25 de maio de 1925 nas coordenadas 54º 35' W e 11º lat. 
 
Lamento profundamente o desaparecimento do Coronel Fawcett que sabia das novidades 
que poderia ter trazido se não tivesse desaparecido.depois do desaparecimento do coronel 
Fawcett não houve mais expedições à cidade abandonada.soube apenas por fragmentos que 
outras pessoas viram uma cidade semelhante no alto de uma montanha. A primeira delas foi 
em 1720 segundo consta em um manuscrito datado daquele século no qual consta que um 
padre chamado Franscisco de Mell. Ao afastar-se mais de duzentas léguas da última cidade 
conhecida na Bahia em 1720 viu uma grande montanha que ao aproximar-se dela viu um 
grande templo e que no seu interior tinha muitas capelas voltadas para o centro de um 
grande salão e que no alto da montanha divisava a figura de uma grande cidade. Tal templo 
também foi citado também pela expedição de 1753. Mais tarde por volta de 1790 um padre 
vindo do Estado de Minas Gerais afirmava também ter visto uma grande cidade cuja 
entrada era por grandes arcos no alto de uma montanha, contudo... 
Não foi possível dizer exatamente qual era o local, pois morreu antes disso no Instituto 
Histórico da Bahia há varias descrições de marchantes e tropeiros que perdidos viram tal 
cidade no alto de uma montanha e em todas há um fato constante, na entrada da cidade 
existem grandes arcos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36
Procurei verificar as coordenadas dadas por Fawcett sobre a possível localização de tal 
cidade na Bahia, bem como as indicações dadas por tropeiros e viajantes e procurei associar 
estas informações a dados históricos e tradições sertanejas locais e de posse de fotos aéreas 
tiradas pela SUDENE. Vasculhei cada centímetro destes locais indicados olhando 
detalhadamente rua por rua casa por casa e infelizmente vista do alto todas as construções 
tem os mesmos aspectos. Não é possível identificar do alto um Arco do Triunfo de uma 
casa grande, desta forma verifiquei as coordenadas dadas por Fawcett e nelas não encontrei 
nenhum aglomerado de construções que parecesse uma cidade, apenas casas muito 
espaçadas e algumas cidades pequenas, a não ser é claro que tais ruínas se ainda em bom 
estado de conservação foram invadidas e habitado transformando-se em cidades, fato que é 
bastante possível pelos estudos das fotos. Muitos dados interessantes foram levantados, 
como a de caminhos em formas geométricas rígidas. 
Do estudo das fotos pude verificar até o momento três pontas que guardam as 
características do lugar procurado, um deles encontra-se ao norte da Serra de Rio de Contas 
mais precisamente no lugar denominado Serra da Tromba, onde existe um caminho entre 
duas serras que formam um “V” no qual se leva cerca de três horas pra subir e no alto dela 
se avista uma cidade a uma distância de légua e meia (10 km), esta cidade chama-se hoje 
Catolé, na mesma serra ao sul, existe também a cidade de Livramento do Brumado que 
também guarda muitas características da cidade de 1753, esta serra tem em sua composição 
grande quantidade de cristais e é o pico mais alto de toda a Bahia, sendo 2033mts. 
Ao observador que se encontra embaixo, parece que os picos chegam ao céu e esta mesma 
serra costuma ter grandes terremotos, lá também é onde se encontra os tais veados brancos 
e existe uma quantidade surpreendente de morcegos, tudo isto lembra a descrição dada pelo 
manuscrito de 1753. 
 
Na serra ao lado a Serra de Sincorá, há um estranho alinhamento em forma de cidade, 
exatamente idêntico aos Castrum Romanos, passando pelo lado deste estranho alinhamento 
- uma rua principal dividida em dezesseis quadras retangulares o Rio Una, citado no 
manuscrito que deságua a três dias de caminhada abaixo no Rio Paraguaçu, também citado 
no manuscrito, este alinhamento apesar de se ver do alto uma grande quantidade de casas, 
não tem nome, muito menos aparece nos mapas, o que impressiona pelo seu tamanho que 
se iguala ao da cidade de Salvador. 
Não creio que o que sobrou das antigas cidades dos romanos seja algo difícil de se achar 
em termos arqueológicos. Essas ruínas são muito recentes e tem por volta de 1500 anos, o 
que em termos arqueológicos não tem grande valor, contudo historicamente e no país onde 
se encontram, o Brasil, sua importância cresce muito, pois amplia consideravelmente o 
horizonte histórico, de certo que as pessoas que acreditavam que tais cidades eram parte da 
antiga Atlântida ou mesmo tinham sido construídas por incas-venusianos ficaram 
profundamente decepcionados, pois trata-se de ruínas recentes construídas nesta era sob a 
influência da Igreja Católica. 
 
 
 
 
 
 
 
 37
PARTE VII A INFLUÊNCIA ROMANA SOBRE OS ÍNDIOS 
 
A presença da cultura romana no Brasil por cerca de 500 anos deixou marcas sobre a 
população natural. É importante lembrar que apesar do domínio romano por cerca de 500 
anos, os fenícios que os antecederam aqui permanecem por cerca de 1000 anos, desta forma 
a língua e a religião fenícia influenciaram pesadamente a língua tupi-guarani, a influência 
chegou a tal ponto que a língua tupi-guarani tornou-se praticamente idêntica ao fenício 
antigo. Nas escavações arqueológicas realizadas na Síria, antiga Fenícia, descobriu-se 
tábuas de argila escrita em língua idêntica ao tupi-guarani. 
 
Os romanos por sua vez não tiveram tempo suficiente para alterar a cultura fenícia já 
assimilada pelos naturais, mas influenciaram bastante na pintura. Temos hoje no Brasil as 
tribos indígenas dos Carajás e Marajoaras que utilizam claramente em suas pinturas o estilo 
greco-romano, tendo ainda ficado entre os índios brasileiros algumas influências na língua 
da cultura greco-romana. Temos no tupi AGA significando bom e AGATHOS em grego 
cm o significado de som; OIKIA em grego sendo casa e OKA em tupi; MURUS em latim 
sendo construir e MRU em tupi significando construtor. 
 
A exemplo de Caramuru, nome dado a Diogo Álvares Corrêa que organizou a construção 
da cidade de Salvador (cara = branco e muru = construtor), no grego temos ET e no latim 
temos TE significando duplicidade e no tupi temos TE significando duplo. Ainda em tupi 
temos POTI significando Rio e POTAMOS em grego significando rios. 
 
Poderia prolongar mostrando as semelhanças entre o tupi e a língua clássica, contudo é na 
influência religiosa que ficou uma marca mais forte. Conta os cronistas da época da

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