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PROBLEMÁTICAS E REIVINDICAÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA & ESPORTE E LAZER NO BRASIL Por : Celi Zulke Taffarel Conteúdo a ser exposto na PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS CENTRO ACADÊMICO MANOEL TUBINO SEMANA ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA 2004 0(6$� '(� '(%$7(� 7(0È7,&2� ±� ���� ('8&$d2� )Ë6,&$�� (63257(� (� /$=(5� 12� %5$6,/�� 'HEDWHGRUHV�DV�� 5HQDWR� 6DPSDLR� 6DGL� �8)*�� H� &HOL� 1HO]D� =XONH� 7DIIDUHO� �8)%$��� /RFDO�� $XGLWyULR� $OFHX�$PRURVR� /LPD� �&7&+���'DWD�� ��������� ��0DQKm����K��� 1RLWH����K��� 352%/(0$7,&$6�(�5(,9,1',&$d®(6�12�&$032�'2�(63257(� �/$=(5� 3RU�&HOL�=ONH�7DIIDUHO�±�3URIHVVRUD�'UD��7LWXODU�/3(/�)$&('�8)%$� 5(6802� Serão abordado no debate as problemática especifica, significativas, atuais e as reivindicações dos trabalhadores no campo da política pública para a educação física & esporte e lazer, expressas em documentos de caráter popular e democrático. A abordagem levará em consideração as bases explicativas sobre, imperialismo, decomposição do modelo capitalista de organização da vida em sociedade e a sua expressão na reestruturação produtiva e nas políticas de governo, especificamente do Governo Lula. Serão expostas as contradições e possibilidades referentes aos seguintes âmbitos: a) mundo do trabalho e da ação profissional com a atuação do sistema CREF/CONFEF; b) a formação de professores e as novas diretrizes curriculares, a reestruturação curricular e a avaliação; c) o esporte educacional, comunitário e de alto rendimento. Palavras Chaves: Política Pública de Esporte; Esporte e Lazer no Brasil; I – INTRODUÇÃO Por que privilegiar problemáticas, reivindicações, contradições e possibilidades? Um dado histórico relevante para compreendermos a ontogênese do ser humano é que o homem se torna homem no enfrentamento de problemáticas vitais que dizem respeito a existência humana. Sem o enfrentamento das problemáticas vitais e seus desdobramentos, não chegaríamos onde estamos hoje. Portanto, desde a mais objetivas necessidades – alimentação, reprodução, proteção -, até as mais complexas e subjetivas necessidades humanas atuais no âmbito da cultura de relações, o ser humano enfrentou problemáticas, respondeu a elas, construiu a cultura cientifica & tecnológica e, portanto, é delas que partiremos para reconhecer no âmbito da cultura corporal & esportiva o que vem sendo colocado como problemáticas significativas atuais – os seja – questões atuais da Educação Física Esporte & Lazer. Outro dado histórico relevante para compreendermos a ontogênese do ser humano, é que sua construção histórica se dá em relações de poder, desde o primitivo poder da força bruta até os atuais complexos poderes dos aparatos de coerção da sociedade – poder militar, bélico, policial, o poder econômicos, ideológicos, políticos -, aos aparatos de persuasão – como a escola, igreja, meios de comunicação de massa, aos aparatos de sedução – mídia, marketing, entre outros. Esta super estrutura se forma e consolida para manter relações de produção dos bens materiais e espirituais onde as relações estabelecidas entre as forças produtivas – trabalho, trabalhador, natureza, ciência & tecnologia – estão subsumidas ao capital, pela concentração dos meios de produção e pela apropriação privada dos bens produzidos. Esta estruturação da organização social que culmina na sociedade organizada em classes – os que detém os meios de produzir algo e os que vendem sua força de trabalho – coloca os elementos do conflito central que mantém a luta de classes. No desdobramento da luta de classes organizam-se as reivindicações, que são em ultima instância as necessidades vitais dos trabalhadores que tencionam e pressionam o poder constituído com vistas ao seu atendimento. Portanto, identificar as problemáticas e as reivindicações atuais, no seio das contradições permite que as possibilidades sejam colocadas. Ou seja, seja colocado aquilo que deverá se converter em realidade, ainda não é, mas poderá ser se as condições objetivas para tal forem reunidas. Com esta abordagem entendemos ser possível a partir da reflexão do real, encontrar na teorização o guia da ação concreta e superadora. Uma das grandes contradições que abate a sociedade brasileira, diz respeito ao reconhecimento geral de que os bens culturais entre os quais a EDUCAÇÃO e a educação Física & Esporte e Lazer são dimensões determinantes no desenvolvimento dos povos, por um lado, e por outro, à evidência do descaso e da irresponsabilidade com que estas área vem sendo tratada no âmbito das políticas sociais e econômicas, de caráter excludente e segregadoras, acentuadas, principalmente, por orientações neoliberais de ajustes estruturais, impostos e assumidos pelas elites Brasileiras, sob os auspícios dos países altamente industrializados e seus agentes políticos e econômicos - Políticas de Relações Exteriores, FMI, Banco Mundial, etc. Indicadores desse paradoxo são os dados de realidade apresentados pelas agencias de pesquisa como op IPEA, a FGV, e os dados dos diagnósticos apresentados pelo governo lula. O modelo de desenvolvimento adotado nas últimas décadas, concentrador de riquezas e renda, com uma base produtiva e tecnologicamente defasada e dependente, gerou desemprego, fome, miséria, violência e vem, aceleradamente, deteriorando o meio ambiente, destruindo as forças produtivas. A conseqüência nefasta de tal modelo excludente, explorador, é o rebaixamento da qualidade de vida, principalmente para a maioria (60%) que vive no limite da pobreza critica, pobreza esta localizada na maioria no Nordeste do Brasil. Admitindo que a democracia e a qualidade de vida para todos, está na dependência, também, do exercício da cidadania, - consciente, critica, responsável, solidária, interativa, comunicativa - , e que essas competências humanas precisam ser desenvolvidas, incentivadas, exercidas por todos - o que não se dá fora do marco de acesso aos bens materiais e espirituais, construídos e acumulados pela sociedade, torna-se uma exigência histórica o combate a concentração de renda, dos meios de produção . Deve-se reconhecer, portanto, o papel fundamental de políticas públicas que estejam voltadas para intervenções de qualidade nas áreas Educacional e da educação Física & Esporte a Lazer. Essas políticas públicas devem contemplar dimensões fundamentais, serem asseguradas pelo estado e de caráter universalista. Admitindo, ainda, o grande potencial educativo das Atividades Corporais & Esportivas no processo de formação dos cidadãos, reconhecemos a relevância social de ações políticas voltadas para concretizar metas sintonizadas com reclamos mundiais por qualidade de vida para todos, materializadas, também no âmbito da Cultura Corporal - constituídas por práticas sociais significativas das sociedades contemporâneas, que integram o patrimônio cultural da humanidade. (FORO REGIONAL SOBRE LA ACTIVIDAD FÍSICA Y EL DEPORTE PARA A AMERICA LATINA Y EL CARIBE - MEJOR CALIDAD DE VIDA ATRAVES DE LA ACTIVIDAD FÍSICA Y EL DEPORTE - Ciudad de Mexico, 3,4 y 5 de junio de 1994). Nesse sentido localizamos a sistematizamos as problemáticas e as reivindicações inclusive entregues ao atual presidente Lula quando de suas quatro campanhas eleitorais para presidente do Brasil. O que se faz mister é exigir que a base do governo se da em um programa governamental de transição com bases nas reivindicações dos trabalhadores. II – DESENVOLVIMENTO PROBLEMÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA & ESPORTE NO BRASIL Constituem elementos da PROBLEMÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA & ESPORTE NO BRASIL, reconhecida pelos Coletivos Políticos que se identificam com a histórica luta da classe trabalhadora os seguintes pontos: 1. Não existe no Brasil, evidencias deuma POLÍTICA PUBLICA INTEGRAL, para fomento e desenvolvimento das atividades físicas & esportivas nos seus diferentes âmbitos de manifestação social - educação, saúde, lazer, treino, informação -, o que indica a necessidade do desenvolvimento de uma macrovisão integrada, da relevância e importância social de uma das dimensões significativa da vida no mundo contemporâneo, que são as atividades do âmbito da Cultura Corporal & Esportiva. 2. O DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO & TECNOLÓGICO da Educação Física & Esporte está limitado devido a existência de estruturas de poder, burocratizadas, hierarquizadas, anacrônicas a atrasadas em termos de gerenciamento cientifico-democrático. Setorializada em feudos, ora em Departamentos e Centros nas Instituições de Ensino Superior, ora em estruturas setorializadas no Estado. Os baixos investimentos, a dependência externa, e a fragmentação em setores incomunicáveis, ligados ora a Saúde, ou Educação, ou Cultura, ou isolada no setor Desporto – deixam evidente o atraso cientifico e tecnológico. O que vemos indicado é a necessidade de formas atualizadas, democráticas e interdisciplinares, interativas e comunicativas, investimentos públicos adequados para a produção e gerenciamento de políticas públicas para: - Produção do Conhecimento na Área; - Formação Profissional; - Projetos e Programas na educação, saúde, lazer, treino, informação; - Equipamentos e Instalações. 3. A Brasil não conta com RECURSOS HUMANOS formados e capacitados do ponto de vista cientifico, técnico, pedagógico, ético, moral e político para o trato com as complexas problemáticas presentes nos diferentes âmbitos de manifestações sociais da área da cultura corporal & esportiva - Educação, Saúde, Lazer, Treino, Informação/Comunicação -, em um dos grandes bolsões de miséria humana do Planeta, como é o Brasil. Existem atualmente aproximadamente 400 Cursos de Graduação de formação de Profissionais de Educação Física. Continuam não existindo programas de Pós-Graduação na área no Norte, Nordeste e Centro- Oeste do Pais.Portanto, não são formados profissionais em quantidade e qualidade suficiente para preencher os alcances da demanda da Brasil - o que indica a necessidade de avaliação e medidas consequentes e responsáveis, principalmente por parte de agências formadores de profissionais, tanto na formação inicial, quanto na formação continuada, de caráter público, tanto para atender em termos quantitativos, quanto qualitativos. O que constatamos são os avanços da iniciativa privada na formação e a divisão na formação profissional o que indica a desqualificação na formação acadêmica. 4. O Brasil não conta com EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, principalmente no interior dos Estados, para o desenvolvimento de Atividades Física & Esportivas que beneficiem, especialmente os 60% da população que vive no limite da pobreza critica. Os equipamentos e instalações, muitas vezes, tornam-se barreiras arquitetônicas pois são projetados na perspectiva exclusiva do desporto competitivo de alto rendimento - o que indica a necessidade de políticas de interiorizado e integração regional que potencialize recursos e beneficie amplos setores marginalizados dos benefícios de políticas sociais na perspectiva do desenvolvimento da Cultura Corporal & Esportiva . 5. o Brasil não conta com condições favoráveis para a PRODUÇÃO CRITICA E DIFUSÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO da área, o que pode ser evidenciado, tanto nos recursos financeiros, irrisórios, empregados para o setor, quanto pelos recursos humanos formados e fixados predominantemente nas regiões sul e sudeste. Outra evidencia são os acervos documentais existentes, na quantidade e qualidade da produção cientifica circulante, nos periódicos produzidos e ainda, nas condições de trabalho - organização do processo de trabalho cientifico/pedagógico e salários dos pesquisadores/professores da área, normalmente inseridos em Instituições Públicas de Ensino Superior, sucateadas e enfrentando seriíssimas dificuldades estruturais e conjunturais - o que indica necessidade de um forte combate a nível da defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade para Todos, enquanto centro de formação e produção do conhecimento. A atual reforma universitária em curso decretará definitivamente o fim do caráter público da educação superior no Brasil. 6. A GESTÃO DEMOCRÁTICA de políticas públicas para o setor inexistem, prevalecendo as decisões políticas que beneficiam setores abastados da sociedade, privilegiando-se, com os parcos recursos públicos disponíveis, setores vinculados ao desporto competitivo de alto rendimento ou ao esporte espetáculo, especulativo e de altos rendimentos, principalmente, em função do consumo dos subprodutos da industria cultural esportiva de massa, o que caracteriza uma elite de praticantes de esportes de elite, "espetaculares" e uma maioria de consumidores, alienados, espectadores que não compreendem a cultura do seu tempo e não intervêm na mesma, enquanto produtores da cultura - o que indica a necessidade de esforços coletivos para o gerenciamento democrático de políticas públicas para a área de Educação Física & Esporte, em todos os âmbitos de sua manifestação, seja a aula de Educação Física - onde devem prevalecer aulas participativas, interativas, que ampliem as possibilidades dos estudantes vivenciarem, compreenderem, criticarem e transformarem a cultura corporal & esportiva -, até o emprego de recursos públicos para o setor - o que exige a auto-organização da sociedade para estabelecer novas formas de relações de poder e decisão das políticas de Estado e de Governos. A Conferencia Nacional de Esporte localizou-se no esforço da construção de fóruns para a consolidação de “consensos”, o que na sociedade de classes torna- se complexo e dificílimo 7. As DISPARIDADES REGIONAIS, acentuadas, podem ser evidenciadas: em termos de recursos financeiros empregados no desenvolvimento da área - a maior parte dos recursos disponíveis são disputados e empregados no Sudeste e Sul do Brasil -; em termos de recursos humanos formados na pós-graduação -; em termos de produção do conhecimento - do total produzido na área, a participação do Brasil é irrisória -; em termos de condições objetivas para a produção do conhecimento – o pais não conseguiu instalar centros de produção do conhecimento, centros de documentação e informação, acervos atualizados, publicações de longo alcance, cursos de mestrado; - o que indica a necessidade do rompimento com ajustes estruturais impostos por políticas neoliberais, neotecnicistas que vem assegurando no Brasil POLÍTICAS COMPENSATÓRIAS em detrimento de políticas regionais integradoras de desenvolvimento local e nacional, com base em gestões democráticas voltadas a combater a desintegração e disparidades regionais e para instalar um amplo lastro nacional com padrão unitário de qualidade também no campo da educação Física &esporte e Lazer.. 8. No que tange à EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, constata-se que a precária legislação atual não é comprida, não ocorrendo a devida atenção a Educação Física em todos os âmbitos e níveis escolares, o que pode ser constatado: - na miséria das aulas; - nos pressupostos sustentados nas práticas pedagógicas; - no perfil do profissional que intervém na rede de ensino; - na falta de continuidade de planos e programas; - na falta de atualização curricular; - na falta de relação dos conteúdos básicos para essa área de conhecimento com as características e necessidades regionais; - na carência de pesquisa cientifica em torno da prática pedagógica; - na falta de informações e difusão do conhecimento cientifico; - na falta de espaços, materiais, fontes bibliográficas e Planos de formação continuada, persistentes e consistentes; - o que indica necessidade de revisão da legislação,revisões curriculares, estabelecimento de novas diretrizes curriculares para o ensino da Educação Física na Escola, onde a problematização, a unidade metodológica, a interdisciplinaridade, a autogestão do coletivo de alunos e o eixo curricular de ampliação da capacidade de reflexão critica, signifiquem o estabelecimento de critérios e requerimentos mínimos para a prática pedagógica com qualidade para todos; viabilizando-se aos docentes salários dignos, programas de Capacitação continuada, atualização, planos de carreira e condições de trabalho apropriadas. 9. O Brasil, apesar de ser reconhecido como uma região potencialmente voltada para o TURISMO, LAZER E RECREAÇÃO, na perspectiva de atividades econômicas e culturais, não apresenta uma política, planos ou programas específicos para a área, seja no sentido de integração com outros setores da economia e da cultura, seja na perspectiva da produção do conhecimento, da formação de recursos humanos ou na difusão, em todo o Brasil, de programas que permitam a população conhecer e vivenciar diferentes opções de atividades Físicas & Esportivas para o Lazer - o que indica a necessidade de formação de profissionais com competências para intervir no setor, produção do conhecimento, reformulações curriculares e ainda, integração de ações para o desenvolvimento de estratégias, recursos e estruturas, observando-se interesses humanos e sociais objetivados e equacionados, em responsabilidades educacionais conjuntas entre o Estado e os interesses econômicos da iniciativa privada. 10. Quanto ao DESPORTO COMPETITIVO DE ALTO RENDIMENTO/DESPORTO ESPETÁCULO, não existem políticas regionais de desenvolvimento dessas atividades orientadas por legislações, projetos e programas integrados entre iniciativa privada e setor público, com metas claramente definidas e com ampla participação dos segmentos envolvidos nesses âmbitos. Confundem-se atribuições dos setores público e privado, e como exemplo degradante disso, temos atribuída a escola o papel de "seleiro de atletas", “banco de atletas” o que compromete a sua autonomia pedagógica, submetendo-se as atividades curriculares aos ditames dos princípios e normas comuns ao desporto competitivo que são: o sobrepujar, comparar, selecionar, especializar, tecnifizar, ganhar, competir - para a prática de poucos e a assistência passiva de muitos. Os setores envolvidos com esse âmbito de manifestação da Cultura Corporal & Esportiva confrontam-se, ainda, com problemas de ordem legislativa - em termos de legislação trabalhista de atletas e demais profissionais da área; organizacionais e administrativos - em termos de empreendimentos e programas de longo alcance; de formação e gerenciamento de tecnologias - em termos de recursos humanos para o setor e de demanda por conhecimento cientifico e tecnológico de ponta, sem o que o desporto não prospera; de recursos financeiros, equipamentos e instalações necessários para investimentos no setor. 11. A VIOLÊNCIA nas atividades físicas & esportivas, em suas diferentes formas de manifestações, também constituem a problemática da Educação Física & Esporte no Brasil. Essa VIOLÊNCIA, manifesta-se na segregação de oportunidades de acesso a esse bem cultural, até a violência física, culminando com mortes em estádios de futebol, o que está a exigir intervenções dos setores organizados da sociedade para buscar alternativas, tanto na legislação, como nas políticas educacionais e sociais mais amplas para que as soluções a esses problemas sejam efetivamente encaminhados. 12. A DESTRUIÇÃO DA NATUREZA é outra problemática ligada ao esporte. Outra contribuição importante na discussão vem do Clube de Colônia, na pessoa de Volker Rittner da German Sport University - Universidade de Esportes de Colonia, Alemanha. A exaustão do esporte, nos diz RITTNER, podem ser identificadas por limitações evidentes na performance humana , e dai recorrer-se ao dopping para ultrapassar limites humanos, e ainda, no reconhecimento social, bloqueando as relações entre mente e natureza, corpo e sociedade, evidenciando-se isto nos prejuízos provocados pelo esporte na natureza. 13. A MERCADORIZAÇÃO DAS ATIVIDADES CORPORAIS E ESPORTIVAS. A EXASTÃO DO ESPORTE. Frente a uma série de constatações como : a) destruição sistemática dos valores originais do esporte; b) impotência das organizações atuais frente à crise de valores do esporte, c) a obscuracao das instancias de observação frente ao fascínio do esporte, principalmente o de espetáculo e o competitivo de alto rendimento e o relacionado ao turismo, d) as poucas informações e conhecimentos das organizações esportivas, sobre si mesmas e suas posturas de autodestruição, o Clube de Colônia propõe uma agenda de Ações. Esta agenda está assentada nestas constatações da exaustão no crescimento do esporte. Como sintoma da exaustão do esporte RITTNER menciona a excessiva comercialização, uma vez que o patrocínio desportivo apresenta sinais de estagnação seja pela recessão ou pela degeneração moral do esporte. Merece destaque ainda na posição de RITTNER as abordagens cínicas das relações entre o esporte atual e suas relações socioeconômicas, o que confirma a tensão e os indicativos da exaustão. Ao se observar o profissionalismo no desporto enquanto fim em si mesmo expressa-se esta pressão similar indicativa da exaustão. Observando também a expansão de determinadas práticas esportivas que „consomem“ crescentemente a natureza, praticadas por adeptos egocêntricos reconhecem-se indicadores da exaustão. Existe uma tradição ecológica genuína do desporto que esta em vias de desaparecer. Esta tradição ecológica genuína diz respeito a moral dos desportistas, as responsabilidades e sensibilidades com a natureza, a preservação, do que diz respeito a todos. Tais bases estão ameaçadas na perspectiva ecológica – de preservação do meio ambiente -, pelo comercialismo, profissionalismo e individualismo. RITTNER é taxativo é define a crise atual do esporte pelo seguinte: a) o esporte não garante uma atenção ao corpo como parte da natureza humana; b) o sistema esportivo está perdendo a sua capacidade regulatória nas relações entre atividades corporais e o meio ambiente c) o esporte está dissolvendo o seu potencial de socialização; d) < P> e) o esporte contemporâneo contribuiu para a destruição das bases naturais da existência humana, opondo-se as suas próprias tradições e, portanto, perdendo a sua legitimidade social. RECONHECIMENTO DE REIVINDICAÇÕES Reconhecendo, portanto, que as possibilidades de práticas corporais & esportivas, socializadas e distribuídas democraticamente para todos, constituem, também, a essência social do exercício da democracia, reafirmamos e reconhecemos o compromisso e a responsabilidade de cada cidadão e do Estado, de garantir a moralidade dos processos de gestão política para o desenvolvimento cientifico & tecnológica da Educação Física & Esporte no Brasil, com suas diferentes possibilidades de manifestação social - enquanto disciplina curricular, enquanto campo de desenvolvimento do conhecimento, campo de formação profissional, campo de atividades culturais-econômicas, campo de políticas públicas - lazer, saúde, educação, trabalho. Nesse sentido reconhecemos como alternativa e reivindicamos que: 1. sejam garantidos a todos os cidadãos, os direitos mínimos de acesso as riquezas básicas, sem as quais não se garante vida com dignidade, e muito menos a possibilidade de práticas corporais & esportivas. Trabalho, salários dignos, alimentação, moradia, transporte, saneamento básico, tempo disponível, espaços, conhecimentos, educação, saúde, lazer, são condições "sine qua non" para o desenvolvimento da cultura corporal & esportiva em uma perspectiva humanizante;2. as ações políticas na área de Educação Física & Esporte no Brasil, deverão estar sustentadas por premissas ou referencias fundamentais que se situam na perspectiva de colocar a economia e a cultura na trilha do crescimento econômico e social integrado, baseado em um mercado de massas, voltado para satisfazer as necessidades básicas de toda a população brasileira, rompendo-se com a vergonhosa incapacidade de estender os frutos do crescimento - riqueza e renda - a maioria da população nordestina; 3. o sistema de Educação Física & Esporte esteja organicamente articulado com o sistema produtivo - com o mundo do trabalho -, na perspectiva da produtividade e da qualidade, significando isso, geração de emprego, condições dignas de trabalho para os que trabalham na área, salários condizentes e amplas possibilidades de acesso as práticas corporais & esportivas por parte de toda a população nordestina; 4. sejam coordenados esforços de integração do empenho de toda a coletividade, principalmente de Conselhos e Círculos Populares, e demais organismos da sociedade civil organizada, para buscar articulação multi-setorial, voltados para equacionar o setor da Educação Física & Esporte no Brasil. Isso significa a efetivação da participação popular na gestão pública e articulação orgânica dos setores como saúde, habitação, educação, cultura, transporte, ciência & tecnologia e outros. Significa, ainda, nas Instituições de Ensino Superior, o desenvolvimento de iniciativas em busca da interdisciplinaridade na formação acadêmica, na produção do conhecimento e nos projetos de extensão universitária, rompendo-se com práticas acadêmicas autoritárias, anacrônicas e extremamente prejudiciais ao desenvolvimento da área; 5. ampliação dos percentuais orçamentários - recursos públicos - a serem gerenciados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Física & Esporte, para investimento no setor, a serem empregados sob rigoroso controle público e gestados democraticamente, privilegiando-se a Educação Física Escolar, o Esporte Comunitário para Todos, a produção do conhecimento, a formação de recursos humanos, as instalações e equipamentos na perspectiva das atividades da Cultura Corporal & Esportiva de lazer, os programas de amplo alcance e que beneficiem os setores desfavorecidos da população; 6. as Instituições de Ensino Superior que mantêm ações educacionais para o desenvolvimento da área, tanto de ensino, pesquisa e extensão, assumam a responsabilidade de desenvolver Projetos, Programas, Planos voltados para a expansão e otimização do setor, que deve significar a formação de recursos humanos, a ampliação das perspectivas de trabalho para a criação de produtos sociais úteis para todos os cidadãos, com base em processos que conservem recursos ecológicos, que não agridam o meio ambiente e tenham relevância social; 7. as escolas sejam reconhecidas como espaço central de atividades educativas, a serem dotadas de estrutura material, pedagógica, organizacional e financeira, com recursos humanos valorizados, constantemente aperfeiçoados, para oferecer ações integradas Escola- Comunidade, na área da Cultura Corporal & Esportiva, atendendo-se as necessidades básicas, tanto de aprendizagens escolares, quanto de ações comunitárias coletivas na área de esportes; 8. sejam criados, ampliados e modernizados, por vias informacionais e computacionais, os Centros de Documentação e Informação - Bibliotecas, museus e similares, para atender a demanda de setores ligados a área de: - elaboração, implementação e avaliação de Projetos e Programas, formação de recursos humanos e produção do conhecimento; 9. sejam indicados e difundidos princípios avaliativos, para o funcionamento das agências financiadoras do setor, indicando possíveis reorientações nas políticas de captação e distribuição de recursos, em função de necessidades sociais democraticamente identificadas; 10. os incentivos a pesquisa - produção, critica e difusão do conhecimento cientifico -, na área de Educação Física & Esporte, estejam voltados para garantir a qualidade de vida, contribuindo para um desenvolvimento auto-sustentado e ecologicamente equilibrado, com ênfase no desenvolvimento do conhecimento critico; 11. sejam considerados domínios estratégicos a Educação Física Escolar, o Esporte Comunitário, e o aproveitamento do potencial associado as atividades corporais de lazer e turismo -, setores vitais a serem estimulados e incrementados pela articulação e inserção orgânica entre as áreas de Educação Física & Esporte a nível nacional, estadual e municipal, entre as Instituições de Ensino Superior, entre os setores de Governos, entre os Institutos de Pesquisa e demais setores econômicos da sociedade civil; 12. sejam desenvolvidas políticas especificas para melhoria das condições de trabalho dos profissionais da área e, principalmente, de remuneração. Planos de carreira, capacitação permanente, salários condizentes e condições de trabalho dignas para professores e alunos, estão diretamente associados à melhoria da qualidade na produção acadêmica e com a recuperação da DIGNIDADE DO TRABALHO DOCENTE e da gestão administrativa/pedagógica autônoma da área, o que constitui o cerne da intervenção profissional. 13. sejam criados acordos de cooperação regional, nacional, internacional, associando- se capacitação interna com a incorporação de tecnologia externa, preservando-se a autonomia e especificidades regionais; 14. Seja revogada a lei que criou a regulamentação da profissão, o sistema CREF/CONFEF visto o seu alto poder coercitivo, alienador, desintegrador e degenerador da cultura e das artes em geral e em especial a educação física & esporte. 15. ocorra transparência e efetividade no desenvolvimento de projetos e programas das agências de fomento e desenvolvimento da área, engajando-se amplo setores da sociedade na promoção, avaliação, critica e difusão de esforços. 16. sejam rompidas as ambigüidades entre quem coordena (Ministérios e suas agências) e quem executa (órgãos, instituições, etc.) estabelecendo-se fluxos contínuos de programas e projetos, aplicação de recursos financeiros e avaliação, mediante mecanismos desburocratizados, mais democráticos e participativos. Descentralização de projetos e programas governamentais a serem assumidos pela sociedade civil. 17. seja incentivada a crescente autonomia organizativa, didática-pedagógica, as inovações e a integração comunitária, desburocratizando-se os órgãos estatais, municipalizando-se as ações de coordenação e financiamento das políticas públicas do setor, estabelecendo-se rupturas com ações cartoriais e clientelistas, exercidas principalmente por cartolas, grandes empresários do esporte e confederações com grande poder de barganha; 18. sejam garantidas as conquistas constitucionais na área de Educação Física & Esporte e efetivadas, em todas as regiões do Brasil, expressas na Constituição da República Federativa do Brasil, Promulgada em 05 de outubro de 1988 - Título VIII, Capitulo III, Seção I, II e III; 19. sejam asseguradas as mudanças na natureza qualitativa do Sistema Brasileiro Desportivo - nos âmbitos da administração, legislação e estrutura de organização do esporte competitivo de alto rendimento e de espetáculo -, forjando a quebra da tutela do Estado, rompendo o monopólio das grandes confederações esportivas, detentoras do poder, e que o exercem de maneira totalitária e clientelista, gerando desigualdades no tratamento dos interesses populares; 20. sejam atendidas e materializadas as reivindicações das amplas massas de trabalhadores expressas em DECLARAÇÕES, CARTAS, RESOLUÇÕES E MANIFESTOS, elaborados por entidades e organismos da sociedadecivil organizada nacional e internacional, defensoras de uma Educação Física & Esporte Para Todos, expressão de qualidade de vida. Que tais reivindicações sejam a base de acordos de governabilidade e de programas de transição entre políticas neoliberais e políticas democráticas e populares de caráter universalistas e socialistas. 21. seja consolidado um sistema de estatísticas e indicadores básicos em Educação Física & Esporte - rede e banco de dados - que atenda, com confiabilidade e regularidade, as demandas do Estado, da comunidade cientifica e demais segmentos da sociedade com interesses no setor, consolidando-se um sistema para a produção e disseminação mais articulada das informações sobre Educação Física & Esporte. 22. seja garantida uma Educação Física & Esporte no Brasil de qualidade, o que significa: reconhecer a escola como instituição chave no processo de ensino-aprendizagem dos elementos fundamentais da Cultura Corporal & Esportiva; incrementar os atuais níveis de aprendizagem da disciplina Educação Física, tomando-se como referencia o EIXO CURRICULAR que define como papel da Educação Física Escolar a ampliação da capacidade de reflexão do aluno, ou seja, de perceber, organizar sistematizar dados da realidade, compreender explicar e intervir nessa realidade contraditória e complexa, tendo como objeto de estudo da cultura corporal & esportiva, a expressão corporal como linguagem; assegurar a melhoria do fluxo escolar, eliminando-se mecanismos pedagógicos excludentes, discriminatórios e provocadores de evasão escolar, como o são a especialização técnico- desportiva precoce, o sobrepujar expresso na extrema competitividade, a seleção e comparação precoce e exacerbada, a segregação do conhecimento e de vivências corporais diversificadas. 23. sejam derrubadas as atuais diretrizes curriculares, forjadas em “consensos possíveis” entre setores antagônicos e seja promovida e incentivada a revisão critica dos Currículos de Formação de Profissionais para a área de Educação Física & Esporte, mantendo- se a unidade na formação pela via da licenciatura ampliada, de forma a assegurar nas instituições formadoras, um novo padrão de qualidade, unitário nacionalmente, compatíveis com as exigências atuais de uma região com complexos problemas sociais e econômicos. Esse novo padrão deverá apontar para: - o reconhecimento do trabalho pedagógico como essencial na intervenção social do profissional de Educação Física & esporte em diferentes âmbitos sociais; - a consideração de uma base comum de formação expressa em diretrizes fundamentais na formação acadêmica que abarcam uma sólida formação teórica, a gestão democrática, a unidade metodológica e a interdisciplinaridade no trato com o conhecimento; - a auto- organização do coletivo de alunos; - novas relações de poder e decisão com a quebra dos monopólios dos feudos; - pelo estabelecimento de novos princípios éticos, estéticos e científicos, onde prevaleça uma concepção critica do desenvolvimento do conhecimento cuja referência básica seja a vida com dignidade para todos; 24. seja incentivar, com políticas adequadas, um reordenamento e redescobrimento de espaços urbanos e rurais, na perspectiva de espaços ecológicos, nos quais as oportunidades de práticas corporais & esportivas sejam disseminadas, articulando-se diretrizes com as proposições de políticas de ocupação do solo, arquitetônicas, paisagistas e Planos Diretores de Locais Públicos, nas cidades e no campo, com as formas de manifestação das atividades corporais & esportivas, a saber: - atividades de caráter lúdico/recreativo; atividades de ensino e aprendizagem; atividades de reeducação, reabilitação, compensação e preservação da saúde; atividades de treino e competição. Privilegiar a tendência de espaços abertos, para uma prática esportiva não tradicional, voltada para múltiplos interesses e motivações, superando-se a tendência de trazer o esporte para espaços fechados, unidirecionados, segundo normas do esporte competitivo de alto rendimento. Privilegiar espaços urbanos e rurais que possibilitem as atividades corporais & esportivas incorporadas no cotidiano, no dia-a-dia da vida das pessoas. Por possibilitar a ampliação da compreensão e intervenção na construção da cultura, por expressar novas relações psíquicas, sociais e ecológicas, a Educação Física & Esporte, em todas as possibilidades de manifestações, deverá estar presente, em todas as suas formas de manifestação, na vida de todos os Brasileiros, enquanto um bem, históricamente construído, a ser criticamente observado, criativamente ensinado, ludicamente exercitado por TODOS. Nesse sentido, os que assumem o compromisso de encampar a luta pelas reivindicações, junto a diferentes setores da sociedade, em prol do desenvolvimento da Educação Física & Esportes para Todos, com qualidade socialmente referenciada, em seus diferentes âmbitos de manifestação social - Educação, Saúde, Lazer, Trabalho – assumem também o compromisso de enfrentar as contradições, equívocos e distorções da atual política dnacinal de esporte do Governo Lula. Com políticas públicas integradoras e responsáveis, com profissionais qualificados para a área, com condições de trabalho e salários dignos, com Planos e Projetos voltados para uma Educação Física & Esporte para Todos, O BRASIL pretende acrescentar medidas de impacto, ao esforço realizado em escala mundial, por novas referências éticas, estéticas e científicas na construção da Cultura Corporal & Esportiva - indicador de qualidade de vida digna para todos. CONCLUSÃO PROPOSITIVA �� 3$5$�80�0$1,)(672�(0�'()(6$�'$6�5(,9,1',&$d®(6 (0�'()(6$�'$�('8&$d2�)Ë6,&$� �(63257(�(�/$=(5 A presente contribuição é resultante de discussões travadas, por alguns companheiros que atuam profissional e academicamente no Interior da LEPEL – Linha de Estudo e Pesquisa em Educação Física & Esporte e Lazer – FACED/UFBA-, onde lidam com a temática das políticas públicas e especificamente com a Educação Física & Esporte e Lazer enquanto POLITICA CULTURAL. Apresentamos, de forma sucinta e objetiva, nossas posições enquanto contribuições da Linha, na defesa das raivindicações emergências e históricas da classe trabalhadora, nas quais situam-se as reivindicações no Campo da CULTURA CORPORAL - patrimônio da humanidade, socialmente construídos e historicamente acumulados. Entendemos que um programa de transição, e seu manifesto (que representa uma síntese sobre políticas publicas de Esporte e Lazer) devem contemplar: 1. Processos ampliados e participativos de reflexões coletivas para levantamento de aspirações e reivindicações dos diferentes segmentos das diferentes regiões, em relação aos esportes e lazer, que permitam configurar um programa de transição entre, as reivindicações dos trabalhadores, acumuladas e não atendidas pelos governos reacionários e retrógrados que se instalaram nos estados Brasileiros ao longo da história e, as condições objetivas colocadas para gestar e administrar um governo de trabalhadores – local e quiçá nacional; 2. Devem ser diagnosticadas com precisão as diferentes situações das regiões do Estado, para que as decisões estratégicas do que propor, o que fazer, estejam assentadas em dados concretos de necessidades e demandas regionais; 3. O levantamento do potencial do Estado para implementação de projetos especiais no campo dos esportes e lazer deve ser realizado minuciosa e criteriosamente, para identificarmos as relações entre campos de trabalho que podem ser expandidos, serviços que podem ser oferecidos e relações que podem ser estabelecidas, entre comunidades, meio ambiente, programas e projetos especiais; 4.A inter-relação de secretarias para compreendermos, tanto a Educação, quanto à Saúde, Esporte, Lazer, Planejamento Urbano e outras na perspectiva de uma Política Unificada – POLITICA CULTURAL - em torno de um eixo articulador tipo “GARANTIR, CRITICAR, CRIAR E PRESERVAR A CULTURA CORPORAL” e daí decorrerem desdobramentos para cada um dos âmbitos das políticas. Nesta linha, levantar o ESTRATÉGICO no campo do Esporte e Lazer, por exemplo: 5. GARANTIR, CRITICAR, CRIAR E PRESERVAR A CULTURA CORPORAL – Eixo articulador da prática: a) praticas corporais diversificadas que cultivem a identidade cultural em uma perspectiva critica; b) espaços, implementos e equipamentos coletivizados; c) tempos e orientações técnicas e pedagógicas adequadas aos interesses dos diferentes segmentos sociais; d) aprendizagens sociais significativas na linha da solidariedade, da cooperação, da diversificação, da criatividade, da emancipação, para a construção da cultura esportiva e de lazer dignificada; e) a valorização dos patrimônios naturais, humanos e culturais, ampliando-se formas de relações nas práticas esportivas e de lazer que preservem a natureza, as relações humanas dignas e os valores culturais que contribuam para a emancipação do ser humano; f) as gestões e administrações auto- determinadas, participativas, democráticas e autônomas das comunidades em relação ao Esporte e Lazer. g) o acesso de todos ao patrimônio cultural esportivo e de lazer, imprescindíveis a vida humana com dignidade; h) relações interativas cooperativas entre escolas, comunidades e suas formas de organização, bem como relações interativas inter e entre secretarias para otimizar ações no campo da cultura esportiva e de lazer; h) uma pratica do esporte e do lazer sem violência e agressões entre seres humanos, ou com a natureza e o patrimônio cultural das populações; i) o esporte e lazer que amplie as possibilidades de trabalho, com preservação do meio-ambiente; i) programas e projetos decididos por coletivos políticos ampliados, legitimados e relacionados com perspectivas de trabalho que promovam a autodeterminação e a emancipação dos participantes; J) o controle e avaliação publica na utilização de recursos e na implementação de programas e projetos. Estamos nos dispondo a aprofundar e ampliar o debate acerca da proposta de construção da POLITICA DE ESPORTE E LAZER PARA UM PROGRAMA DE TRANSIÇÃO e SEU MANIFESTO EM DEFESA DE UMA POLITICA CULTURAL que tenha no centro a EMANCIPAÇÃO HUMANA do trabalho alienado, base da sociedade capitalista. Assim o fazemos porque sob a égide do capitalismo as atividades culturais estão sujeitas a abstração do dinheiro. O capitalismo arruinou a utopia do trabalho humanizado, prostituindo-o, ou melhor dito, subsumi-o pela dupla e super exploração da mais-valia absoluta e relativa, transformando-o em trabalho abstrato, encerrado em um tempo espaço depurado de todos os elementos da vida que pudessem perturbá-lo, como a vida pessoal, a moradia, a cultura, fazendo surgir a separação moderna entre tempo do trabalho e tempo livre, diferente do tempo morto e vazio do trabalho, arrebatado à vida como um pesadelo, tempo de trabalho impingido ao individuo até pela violência, como é o trabalho infantil atualmente, com um fim tautológico que é estranho, determinado pela ditadura das unidades temporais abstratas e uniformes da produção capitalista, como nos diz Robert Kurz, sociólogo alemão. Mas arruinou também o que criou, arruinou o „tempo livre“. Arruinou a utopia do tempo livre ao transformar o ócio em consumo acelerado de mercadorias, transformando o tempo livre num consumo de mercadorias de crescimento constante , substituindo as formas raquíticas de descanso por hedonismos que comprimem o tempo livre da mesma forma que, antes, o horário de trabalho conforme nos alerta Robert Kurz , co-editor da revista „Krisis“. O que se apresenta hoje é um tempo-espaço capitalista acelerado para uns, os ainda empregados, e desemprego estrutural de massa para outros. Mas o que fazem estes outros, desempregados. Desenvolvem a economia popular solidária ou não e nesta base constróem a cultura esportiva. Que cultura é esta? A cultura impregnada dos valores de um esporte que interessa ao grande capital, altamente lucrativo, ou valores relacionados com a vida centrada na solidariedade? A utopia do lazer, como nos demonstra Contardo Calligaris, ao analisar a obra de Juliet Schor que publicou dois livros com ensaios sobre o assunto a saber “O Americano que trabalha de mais” e “O Americano que gasta demais”, fomentada pela contracultura dos anos 60, estava baseada na idéia de que a racionalização e o aumento da produtividade diminuiriam proporcionalmente o tempo de trabalho global necessário; permitindo que os trabalhadores dispusessem de crescentes e maravilhosos lazeres. O lazer passa a ser o centro das preocupações dos estudiosos, abrem-se núcleos de estudos, para tentar remediar antecipadamente, a tendência a deteriorização das massas, pela alienação. Muitos acreditaram que o lazer – nova disponibilidade de tempo -, desenvolveria melhores formas de sociabilidade, mais partícipes, mais satisfatórias, nos tornaria, mais respeitosos de nosso planeta e seus recursos. O lazer produziria o fim de desemprego, tornando-se uma campo de trabalho em expansão, e introduziria enfim, um novo pacto ecológico e social. Esta era a utopia que não se realizou. O sonho americano da satisfação (impossível) de desejos (infinitos) faliu. Esgotaram-se as possibilidades da própria natureza e do processo em si, que é autofágico. O pacto ecologico e social faliu. Como se situa o ESPORTE E A ECOLOGIA, abordados a partir do complexo social, cultural, da economia empresarial capitalista; ou da economia estatal ( empresarial-capitalista estatal e empresarial – estatal não regida pelo lucro) ou da economia popular solidária ou não solidária?. Onde afinal, estamos localizando, enfocando, privilegiando a discussão sobre o esporte educacional, esporte de alto rendimento, o esporte espetáculo, o esporte de turismo e a ecologia, neste complexo econômico, social e cultural? Que papel estratégico jogam as instâncias organizativas de classe e a educação neste complexo? As abordagem da problemática sobre esporte e ecologia que desconsideram a base econômica e política em suas análises não radicalizam a reflexão e a ação para a construção de uma nova cultura, considerando o esgotamento do processo civilizatório capitalístico, alimentando a perspectiva da humanização do capitalismo, via ética, ciência, educação, regulação/normatização/monitoramento, sem especificação das bases objetivas, materiais e imateriais da educação e da ética. Defendem o controle através de normatizações e regulações, das nefastas conseqüências, buscando a minimização da avassaladora destruição causada por relações baseadas na lógica do mercado capitalista. Acreditam ainda, no processo regulador, quando o capitalismo altamente regulador, contraditoriamente não poupou sequer o Estado Regulador, e vem destruindo paulatinamente o Estado de Bem Estar Social, com retirada de direitos e conquistas sociais e, vem intervindo brutalmente em economias populares, infiltrando seus setores altamente lucrativos, o setor das drogas, da prostituição, da especulação e o setor armamentista. Ocultam com isto uma catástrofe que se avizinha, silenciam quanto ao holocausto em que estão submetidos 2/3 da humanidade que sobrevivem ou subsistem com base na economia popular, e mais ainda, manipulam o imaginário popular em relação ao ESPORTE NA SOCIEDADE com a idéia das relações neutras e exclusivamente positivas entre ESPORTE E SAÚDE, ESPORTE e QUALIDADE DE VIDA, ESPORTE E EDUCACAO, ESPORTE E REGULACAO SOCIAL. O EsporteEducacional, o esporte de alto rendimento, o esporte de espetáculo, o esporte turismo, tem por base a economia capitalística e só sobrevivera com base nele e, como ela, expressa suas avassaladoras conseqüências. O esporte com esta base é nocivo ao meio ambiente porque, da base, não é assegurado o pacto ecológico e social necessário para superar as contradições presentes no capitalismo. Somente a luta com base nas reivindicações nos dá perspectiva de superação e construção de uma nova cultura, a cultura socialista. Para finalizar, cabe bem aqui e agora a defesa de GRAMSCI (Os intelectuais e a organização da cultura.Civilização Brasileira, Rio de Janeiro:82.), sobre uma nova cultura, o X da questão – uma nova cultura socialista. ..”Criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente descobertas “originais” significa, também, e sobretudo, difundir criticamente verdades já descobertas, “socializa-las” por assim dizer transformá-las, portanto, em base de ações vitais, em elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral.” Recebe: Centro Acadêmico Manoel Tubino. Rua: Imaculada Conceição, 1155 - Ginásio de Esportes - Sala: 07 - Curitiba. Fone: (41) 271-1494 Site: http://www.camt.dcepuc.com/
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