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Livro de Evolução

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UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
FUESPI – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ESPECIALIZAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO
EVOLUÇÃO: UMA INTRODUÇÃO
Prof. Francisco Soares Santos Filho
FUESPI
2015
Presidente da República
Dilma Vana Rousseff
Vice-presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Renato Janine Ribeiro
Diretor de Educação a Distância CAPES/MEC
Jean Marc Georges Mutzig
Governador do Piauí
José Wellington Barroso de Araújo Dias
Secretária Estadual de Educação e Cultura do Piauí
Rejane Ribeiro Sousa Dias
Reitor da FUESPI – Fundação Universidade Estadual do Piauí
Nouga Cardoso Batista
Vice-reitora da FUESPI
Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Pró-reitora de Ensino e Graduação – PREG
Ailma do Nascimento Silva
Coordenadora da UAB-FUESPI
Margareth Torres de Alencar Costa
Coordenadora Adjunta da UAB-FUESPI
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Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação – PROP
Geraldo Eduardo da Luz Junior
Pró-reitor de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX
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Pró-reitor de Administração e Recursos Humanos – PRAD
Raimundo Isídio de Sousa
Pró-reitor de Planejamento e Finanças – PROPLAN
Benedito Ribeiro da Graça Neto
Coordenadora do curso de Especialização em Biodiversidade e Conservação
Simone Mousinho Freire
Edição
UAB - FNDE - CAPES
FUESPI/NEAD
Diretora do NEAD
Margareth Torres de Alencar Costa
Diretora Adjunta
Ailma do Nascimento Silva
Coordenadora do Curso de Especializa-
ção em Biodiversidade e Conservação
Simone Mousinho Freire
Coordenador de Tutoria
Francisco Marques de Oliveira Neto
Coordenadora de Produção de Material 
Didático
Maria do Socorro Rios Magalhães
Autor do Livro
Francisco Soares Santos Filho
Revisão
Antonio Gomes da Silva Neto
Raimundo Isídio de Sousa
Diagramação
José Luís Silva
Capa
Pedro Leonardo de Sousa Magalhães
MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/FUESPI
SUMÁRIO
Unidade I –Fundamentos da Evolução ..................................................09
1. Origem da vida ......................................................................................11
2. Histórico da Evolução ............................................................................22
 A evolução dos seres vivos como problema científico .............................22
2.2. Os Criacionistas .................................................................................35
2.2.1. Categoria de Criacionistas ..............................................................36
2.3. As primeiras hipóteses sobre a evolução dos seres vivos .................37
2.4. A diversidade biológica .......................................................................38
2.4.1. Darwin e Wallace .............................................................................39
3. Evidências da evolução .........................................................................42
3.1. Um pouco de história..........................................................................42
3.2. Evidências paleontológicas ................................................................43
3.2.1. Registro fóssil ..................................................................................44
3.2.2. O problema dos fósseis ...................................................................48
3.2.3. A variedade dos fósseis ...................................................................49
3.2.4. Como são preservados os fósseis? ................................................51
3.2.5. Reconstruindo o passado ................................................................54
3.3. Evidências morfológicas .....................................................................56
3.4. Evidências embriológicas ...................................................................58
Unidade II – Evolução em Teorias ..........................................................67
1. As teorias da Evolução ..........................................................................69
1.1. Lamarckismo ......................................................................................70
1.2. Explicando a variedade – o Darwinismo ............................................74
1.2.1. A seleção natural, segundo Darwin e Wallace ................................76
1.3. Teoria Sintética da Evolução ..............................................................97
1.3.1. Um pouco de história: mutacionistas versus selecionistas .............97
1.3.2. A síntese evolutiva .........................................................................101
1.3.3.Premissas da teoria sintética..........................................................101
1.3.4. O polimorfismo genético ................................................................103
1.3.5.Os questionamentos à Teoria Sintética da Evolução .....................103
1.3.6. Teoria do Equilíbrio Pontuado .......................................................104
1.3.6.1. Inconsistências da Teoria do Equilíbrio Pontuado ........................01
1.3.7. Ajustes na Teoria Sintética ou Neodarwinismo ..............................106
1.3.8. Fatores que sustentam a Teoria Sintética da Evolução ................110
1.3.8.1. Mutações ....................................................................................110
1.3.8.2. Recombinação gênica ................................................................112
1.3.8.3. Seleção natural...........................................................................112
1.3.8.4. Migrações ...................................................................................112
1.3.8.5. Oscilação ou Deriva genética .....................................................113
Unidade III – Adaptação e especiação .................................................140
1. Adaptação ...........................................................................................143
1.1. Mecanismos para explicar a adaptação ...........................................144
1.2. Avanços na Evolução desde Darwin ................................................147
2. Genética de populações ......................................................................148
2.1. Variação entre populações ...............................................................150
2.2. As populações e o Equilíbrio de Hardy-Weimberg ...........................150
3. Especiação ..........................................................................................153
3.1. Introdução.........................................................................................153
3.2. Grupos de vida .................................................................................154
3.3. Relógios moleculares e evolução .....................................................155
3.4. Especiação e o conceito de espécie ................................................156
3.5. Outras definições de espécie ...........................................................157
3.6. Tipos de especiação .........................................................................158
3.7. Mecanismos evolutivos de especiação ............................................159
UNIDADE IV – Evolução e diversidade ................................................177
1. Filogenia ..............................................................................................179
1.1. Revelando a história da vida ............................................................179
1.2. O que é filogenia ..............................................................................180
1.3. Tipos de árvores filogenéticas ..........................................................180
1.4. Tipos de dados .................................................................................181
1.5. Cladística ..........................................................................................181FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
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1.6. Formas e agrupamentos taxonômicos: grupos monofiléticos e 
merofiléticos ............................................................................................182
1.7. A teoria e a racionalidade da construção de árvores .......................186
1.8. Métodos de parcimônia ....................................................................187
1.9. Métodos de distância........................................................................187
1.9.1. Análise de Cluster..........................................................................187
1.9.2. Neighbor-joining ............................................................................187
1.9.3. Métodos de otimização..................................................................188
1.10. Métodos de probabilidade máxima.................................................188
1.11. Encontrando e avaliando árvores ...................................................188
1.12. Avaliando cladogramas: árvores de consenso estrito ....................189
1.13. Avaliando as árvores de distância e de máxima probabilidade ......189
1.14. Algumas dicas para avaliar árvores................................................189
1.15. A genealogia dos genes e a filogenia das espécies .......................190
2. Evolução dos seres vivos ....................................................................192
2.1. Origem da vida pluricelular ...............................................................192
2.2. A explosão do Cambriano.................................................................193
2.3. A evolução das plantas terrestres.....................................................195
2.4. A evolução dos animais vertebrados ................................................196
2.5. A evolução dos mamíferos ...............................................................197
3. Evolução humana ................................................................................200
3.1. Introdução.........................................................................................200
3.2. Os primatas e as origens do homem................................................201
3.3. Os ancestrais do homem desceram para o chão .............................202
3.4. Os humanos se originaram de ancestrais Australopithecus ............203
3.5. Os cérebros se tornaram estavelmente maiores..............................205
3.6. Os humanos desenvolveram a comunicação falada e a cultura ......206
3.7. A população humana cresceu rapidamente .....................................209
Referências ...........................................................................................220
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
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UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DA EVOLUÇÃO
 
OBJETIVOS
• Compreender os mecanismos que permitiram o surgimento da vida 
no planeta Terra.
• Entender o contexto histórico do processo evolutivo.
• Distinguir as principais evidências do processo evolutivo.
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
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I) Fundamentos da Evolução
1) Origem da vida
Uma das grandes dúvidas da humanidade consiste em entender 
sobre a origem da vida. Não é fácil compreender que a vida só teve como 
prosperar na Terra, único planeta do sistema solar a reunir condições para 
abrigar a vida e todas as suas variações. Na epopeia de tentar esclarecer 
como ocorreu o primeiro sopro de vida no planeta muitos insurgiram com 
suas explicações: algumas baseadas em crença, outras baseadas na 
química dos seres vivos, outras em uma combinação de fatores. Mas quem 
está com a verdade?
Os criacionistas explicam que toda a chave de elaboração dos 
seres vivos veio de uma força divina e inteligente, capaz de gerar à sua 
vontade um grande número de projetos de seres vivos, ajustados cada um 
ao seu ambiente, no que ficou conhecido como Criacionismo. 
SAIBA MAIS
A origem da vida na Terra é confirmada também por estudos 
realizados em outros corpos celestes, como planetas e satélites (“luas”) de 
outros planetas. Já foram enviadas várias sondas com robôs capazes de 
registrar o ambiente em Marte, por exemplo. Spirit, Oportunity e por último 
Curiositysão os nomes de algumas das sondas que coletam informações 
ambientais do planeta vermelho, sempre em busca de água e outros sinais 
que possam ter favorecido a vida naquele planeta. Na internet é possível 
encontrar imagens coletadas por estas sondas publicadas no site da Nasa 
e nos blogs de pesquisadores e outros curiosos, inclusive fazendo alusão a 
existência de seres vivos naquele planeta. Vale a pena conferir!
Outra corrente foi liderada pelo cientista sueco SvanteArrhenius. 
Ele sugeriu que a vida tenha chegado na forma de extraterrestres que aqui 
chegaram trazidos por meteoros ou cometas que se chocaram contra a 
Terra trazendo elementos semeadores da vida. Foi a ideia da Panspermia 
cósmica.
Evolução
12
A origem mais difundida na ciência aceita que a vida tenha 
começado a partir de uma série de reações químicas simultâneas, traçadas 
na aleatoriedade, das quais começaram a formar os primeiros aglomerados 
moleculares. Esta teoria foi proposta pelos cientistas Alexander I. Oparin 
e John Haldane, na qual a composição da atmosfera primitiva aliada às 
condições ambientais dominantes foram responsáveis pela formação das 
primeiras moléculas geradoras dos Coacervados. Estas organizações 
formaram o que antecedeu as atuais estruturas celulares, alimentando-se 
da incorporação de outros compostos moleculares mais simples, sempre de 
forma progressiva, até gerarem as primeiras formas de vida. Esta hipótese 
foi testada em laboratório pelo cientista Stanley Miller, em 1953. Miller 
reuniu os elementos previstos pela hipótese de Oparin como os típicos 
da atmosfera primitiva (metano, amônia, hidrogênio e vapor d’água) num 
sistema fechado e controlado e obteve moléculas orgânicas simplificadas.
Questiona-se, entretanto, como estas formas se nutriam. Na 
perspectiva da complexidade do Autotrofismo, inicialmente, previu-
se que as formas mais simplificadas absorviam moléculas presentes 
Fig. 1 – Stanley Miller e seu experimento.(Fonte: ucsdnews.ucsd.edu)
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
13
no meio, incorporando-as e usando a energia armazenada em suas 
ligações químicas, para seu consumo próprio. Entretanto, a descoberta da 
existência de bactérias quimioautotróficas no fundo dos oceanos sugere 
que a vida possa ter iniciado seu processo de nutrição por mecanismos 
quimiossintetizantes bem simplificados. 
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
01) Alguns grupos de animais tiveram maior proliferação em certas épocas 
ao longo do tempo em que se deu a Evolução do planeta Terra. O domínio 
dos dinossauros ocorreu na era
a) Arqueozoica.
b) Proterozoica.
c) Paleozoica.
d) Mesozoica.
e) Cenozoica.
02) As eras geológicas que correspondem ao aparecimento de 
répteis gigantescos e ao soterramento de extensas florestas são, 
respectivamente, a:
a) Cenozoica e mesozoica.
b) Mesozoica e paleozoica.
c) Paleozoica e proterozoica.
d) Proterozoica e paleozoica.
e) Paleozoica e mesozoica.
03) Os primeiros seres vivos que surgiram nos mares do remoto período 
pré-cambriano foram:
a) Bactérias.
b) Algas.
c) Peixes.
d) Vírus.
Evolução
14
04)Organismos atuais carregam suas informações genéticas em 
moléculas de ácidos nucléicos — DNA e RNA — e usam essencialmente 
o mesmo código genético, que especifica a sequência de aminoácidos de 
todas as proteínas. Entretanto, sabe-se que a síntese de ácidos nucléicos 
ocorre somente com a participação de proteínas, e a fabricação destas 
depende da ação dos ácidos nucléicos. Aparentemente, não se pode ter 
uma dessas substâncias sem a outra. Tal questão encerra um paradoxo: 
como, durantea origem da vida, surgiu esse sistema interdependente de 
proteínas e ácidos nucléicos? Pode-se mesmo pensar que a vida não 
poderia ter-se originado por meios químicos. (…)
No final da década de 60, Carl Woese, Francis Crick e Leslie Orgel 
sugeriram, independentemente, uma maneira de resolver essa situação. 
Eles propuseram que o RNA poderia ter aparecido primeiro e estabelecido o 
que é chamado “mundo do RNA”, um mundo no qual o RNA catalisaria todas 
as reações necessárias para que os organismos ancestrais sobrevivessem 
e se replicassem.
Para que isso tivesse acontecido, esses autores observaram que 
o RNA pré-biótico deveria ter duas propriedades que não existem hoje: 
a capacidade de se replicar sem o auxílio de proteínas e a habilidade de 
catalisar cada passo da síntese protéica.
ORGEL, L. “The origin of life on the earth”. In: Scientific American, 
out./94, p. 271-4 (c/ adapt.)
Com base no texto, julgue os itens a seguir como certos ou errados.
( ) A vida não se originou a partir de compostos químicos, pois os ácidos 
nucléicos precisam das proteínas para se formar e vice-versa.
( ) As idéias de Woese, Crick e Orgel contrariam os experimentos de 
Stanley Miller, nos quais se demonstrou que os aminoácidos formaram-se 
a partir da atmosfera primitiva.
( ) No citado “mundo do RNA”, os organismos primitivos usariam moléculas 
de RNA para diminuir a energia necessária para a realização de reações 
químicas.
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
15
( ) Se a hipótese do RNA como primeira molécula de hereditariedade for 
comprovada, será correto afirmar que os retrovírus, que têm o RNA como 
material genético, são os organismos mais antigos do planeta.
( ) As informações contidas no texto não excluem a hipótese de meteoritos 
terem trazido compostos orgânicos para a Terra, os quais, encontrando 
condições favoráveis, deram origem à vida.
05) A vida surgiu na Terra, acidentalmente, graças a ocorrência simultânea 
de um conjunto de fatores. As condições existentes na superfície da Terra 
permitiram o aparecimento da complexidade essencial à vida. A Terra 
constitui um lugar especial do Universo.
(LEMOS et al., p. 46-9 – texto adaptado)
A singularidade da Terra como local onde a vida teve origem 
pressupõe:
(01) a existência de uma atmosfera extremamente oxidante, permitindo as 
combustões geradoras de energia para a vida.
(02) a abundância de compostos contendo carbono, hidrogênio e oxigênio, 
elementos que integram todas as moléculas orgânicas.
(04) a síntese de moléculas orgânicas que levaram à formação imediata de 
uma célula com características primitivas.
(08) a ocorrência de uma série de reações químicas que conduziram à 
formação de moléculas orgânicas com capacidade catalítica e replicativa.
(16) a formação de uma espessa camada de ozônio, criada logo após 
a formação da Terra, que protegia as primeiras células das radiações 
ultravioletas. 
(32) a disponibilidade de energia luminosa, prontamente assimilada pelos 
protobiontes na produção de seu próprio alimento.
(64) a escassez de água, constituindo o único ambiente adequado à 
ocorrência de sínteses por desidratação, imprescindíveis à formação de 
biopolímeros.
Evolução
16
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
06) Num experimento relativo à origem dos seres vivos, três frascos, A, B 
e C, com caldo de carne, foram fervidos e preparados conforme a figura 
abaixo.
 
Após algum tempo, só se observou a existência de microorganismos 
no frasco A. Assinale a alternativa INCORRETA sobre esse experimento.
a) Como a rolha do frasco B impede a entrada de oxigênio, não é 
possível o surgimento de seres vivos.
b) Os microorganismos presentes no frasco A são provenientes de 
outros existentes no ar.
c) A fervura dos frascos tem como objetivo a destruição de 
microorganismos presentes no caldo de carne.
d) A curva existente no tubo do frasco C retém os microorganismos, 
impedindo que eles alcancem o caldo.
e) Um experimento semelhante a esse foi idealizado por Pasteur, 
que conseguiu comprovar a teoria da Biogênese.
07) Em 1950, Stanley Miller colocou num sistema de tubos e 
balões de vidro uma mistura de metano, amônia, água e hidrogênio. 
Essas substâncias, ao circularem pelos tubos e balões, eram submetidas 
a descargas elétricas e grandes variações térmicas. Após alguns dias, ele 
obteve os dois gráficos abaixo:
 
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
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Esse experimento permitiu que Miller demonstrasse que, na 
atmosfera primitiva, pela ação de raios e variações térmicas, seria possível 
a formação de:
a) substâncias orgânicas a partir da energia elétrica dos raios.
b) substâncias orgânicas a partir de moléculas simples pela ação da energia 
elétrica dos raios.
c) substâncias simples, pois a energia das descargas elétricas se materializa.
d) substâncias simples a partir de substâncias orgânicas.
e) coacervados a partir de substâncias simples.
08) Leia com atenção o texto abaixo da autoria de Oparin, 1968:
“Miller, no seu bem conhecido trabalho publicado em 1953, 
obteve dados fundamentais sobre a formação dos aminoácidos quando 
um mistura gasosa, simulando uma possível composição da atmosfera 
primária da Terra, era submetida a descargas elétricas. Miller fez saltar 
faísca e descargas silenciosas durante uma semana numa mistura de CH4, 
NH3, H2 e vapor de água em circulação constante, e encontrou na mistura: 
glicina, alanina, ácidos a – aminoisobutírico, b – alanina, ácidos aspártico 
e glutâmico, sarcosina e NCN3-alanina. Os produtos intermediários da 
reação foram aldeídos e HCN”.
O clássico experimento de Miller veio reforçar a teoria segundo a 
qual a vida na Terra:
a) foi criada por Deus, exatamente como está descrito no Gênese, primeiro 
Evolução
18
livro da Bíblia.
b) surgiu pelo transporte casual para o nosso planeta de microrganismos 
completamente organizados provenientes de outros mundos.
c) originou-se pela semeadura intencional de microrganismos por seres 
inteligentes de outros mundos.
d) iniciou-se pela síntese de monômeros e sua posterior polimerização, 
seguindo-se o surgimento dos primeiros seres vivos.
e) iniciou-se pela chegada à Terra de compostos orgânicos presentes em 
meteoritos e cometas.
09) Na figura abaixo, temos representado um aparelho projetado por 
Stanley Miller, no início da década de 1950. Por esse aparelho circulavam 
metano, amônia, vapor de água e hidrogênio e, através de energia fornecida 
por descarga elétrica, produtos de reações químicas como aminoácidos, 
carboidratos e ácidos graxos eram coletados no alçapão. Através desse 
experimento, Miller testou a hipótese de que, na atmosfera primitiva, pela 
ação de raios,
a) compostos orgânicos puderam se formar a partir de moléculas simples.
b) compostos inorgânicos puderam se formar a partir de moléculas 
orgânicas.
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
19
c) compostos inorgânicos e orgânicos puderam originar os primeiros seres 
vivos.
d) macromoléculas puderam se formar a partir de moléculas orgânicas 
simples.
e) coacervados puderam se formar a partir de moléculas inorgânicas.
10) Em 1860, Pasteur conseguiu uma vitória para a teoria da biogênese, 
enfraquecendo a confiança na abiogênese, com uma experiência simples 
e completa. Analise o esquema dessa experiência, mostrado a seguir, e 
descreva sucintamente o objetivo de cada etapa como também a conclusão 
da experiência.
11) Sobre a origem e a evolução dos primeiros seres vivos é CORRETO 
afirmar que:
a) a atmosfera da Terra primitiva era composta principalmente de metano, 
oxigênio e vapor d’água.
b) os primeiros organismos eram autotróficos.
c) os primeiros organismos a conquistar o ambiente terrestre foram os 
répteis.Evolução
20
d) os primeiros invertebrados viviam exclusivamente no mar.
12) O texto a seguir faz referência à origem da vida na Terra
“O processo metabólico no qual os seres empregam energia luminosa na 
produção de compostos orgânicos exige um grau elevado de complexidade 
estrutural e funcional. Isso implica que os primeiros seres vivos possuíam 
um sistema enzimático bastante desenvolvido”.
 
Marque a alternativa que associa corretamente o texto à teoria sobre a 
origem da vida.
a) Abiogênese
b) Panspermia dirigida
c) Hipótese autotrófica
d) Biogênese
e) Associação endossimbiótica
13) Existem teorias sobre a origem da vida na Terra que relacionam 
a constituição química de componentes celulares dos seres vivos da 
atualidade com evidências geológicas. A presença de átomos de hidrogênio, 
oxigênio, carbono e nitrogênio nas moléculas dos seres vivos pode estar 
relacionada com a abundância, na atmosfera primitiva da Terra, das 
seguintes substâncias:
a) gás nitrogênio, gás oxigênio, gás carbônico e vapor d’água.
b) nitrato de potássio, mercúrio, ácido clorídrico e metano.
c) cloro-flúor-carbono, nitratos, gás oxigênio e cloreto de sódio.
d) vapor d’água, gás hidrogênio, gás metano e amônia.
e) gás metano, ácido cianídrico, cloro-flúor-carbono e vapor d’água.
14) Nos primórdios da vida em nosso planeta, ocorreram dois fatos que se 
encontram intimamente relacionados. São eles
a) quimiossíntese e aparecimento dos vírus.
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
21
b) formação dos mares e extinção dos anaeróbios.
c) fotossíntese e vida aeróbia.
d) formação de argilas e origem das algas.
e) coacervação e evolução dos poríferos.
15)Instrução: Responder à questão com base nos eventos relativos à 
origem da vida em nosso planeta.
I. Aumento gradativo da concentração de O2 na atmosfera.
II. Aparecimento dos organismos heterótrofos.
III. Surgimento de organismos com capacidade de utilizar energia luminosa.
A ordem em que esses eventos ocorreram mais aceita na atualidade está 
contida na alternativa
a) I – II – III d) II – III – I
b) I – III – II e) III – II – I
c) II – I – III
GABARITO:
01) D; 02) B; 03) A; 04) E-E-C-E-C; 05) 02+08=10; 06) E; 07) B; 08) 
D; 09) B; 10) Etapa 1: colocou solução nutritiva em frasco com acesso ao ar, 
com o objetivo de fornecer condições para que os microorganismos, sempre 
presentes nas mãos, no solo e no ar, não perdessem a vitalidade. Etapas 
2 e 3: curvou o gargalo do frasco, na forma de “S” para dificultar a entrada 
de mais ar contaminado depois da fervura, que foi feita com o objetivo de 
esterilizar a solução, e ao mesmo tempo permitir que os vapores saíssem 
livremente pela estreita abertura superior do gargalo. Etapa 4: em seguida, 
deixou o frasco esfriar, e observou que o líquido em tal frasco permaneceu 
imutável indefinidamente. Parecia que o ar comum, entrando com força 
durante os primeiros momentos do resfriamento, deveria penetrar no frasco 
num estado de completa impureza. Isto é verdade, mas ele encontra um 
líquido numa temperatura ainda próxima do ponto de ebulição. A entrada 
do ar ocorre, então, mais vagarosamente e, quando o líquido se resfriou 
Evolução
22
suficientemente, a ponto de não ser mais capaz de tirar a vitalidade dos 
germes, a entrada de ar será lenta, de maneira a deixar nas curvas úmidas 
do pescoço toda a poeira e germes capazes de agir nas infusões. Etapa 
5: Pasteur pôde, então provar que, apesar do líquido ter sido fervido, ele 
ainda possuía a capacidade de manter vida se um organismo fosse nele 
introduzido, com a quebra do gargalo; 11) D; 12) C; 13) D; 14) C; 15) D.
 
Leitura complementar
Quer aprender mais sobre o assunto? Que tal ler mais nos endereços 
abaixo? Você encontrará, numa linguagem acessível mais sobre o assunto.
Experimente: 
De sopa a células – a Origem da Vida (http://www.ib.usp.br/evosite/
evo101/IIE2aOriginoflife.shtml)
Para aprender mais
Se você quiser se aprofundar mais no assunto existem leituras 
indispensáveis. Veja no quadro a seguir:
2. Histórico da Evolução1 
2.1. A evolução dos seres vivos como um problema científico
A ciência lida com a possibilidade de responder perguntas. Para 
que a ciência ou um cientista se preocupe com um assunto é preciso que 
A Origem da Vida – 
obra de Alexander I. 
Oparin. É considerado 
um clássico sobre 
o assunto. Toda a 
descrição da teoria 
de origem da vida 
publicada pelo 
pelo pesquisador 
russo encontra-se 
nesta obra ainda 
encontrada nos sebos 
e algumas livrarias 
do país.
Ab Initio: Origem da 
vida e Evolução – obra 
do Prof. Franklin David 
Rumjanek, colunista da 
Revista Ciência Hoje e 
da Universidade Federal 
Fluminense, da área de 
Bioquímica. Um livro de 
linguagem leve, mas 
capaz de prender o leitor 
até o final, trazendo 
detalhes moleculares 
sobre o processo de 
formação das primeiras 
formas de vida que 
habitaram a Terra.
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
23
existam dúvidas sobre ele e que existam perguntas para as quais não 
existam respostas satisfatórias.
Quanto à origem e à diversificação dos seres vivos, até o inicio 
do século XVIII, havia uma explicação que satisfazia os estudiosos e, 
portanto, não era um problema que deveria ser investigado. A explicação 
de que tudo teria sido projeto e obra de um Criador onipotente era perfeita 
e incontestável. A teoria do Fixismo das espécies, dominante na época, 
propunha que as espécies teriam sido criadas com a mesma forma e 
estrutura atuais, e seriam imutáveis, fixas.
Considerando o Fixismo das espécies como verdadeiro, Linneu 
(1707 – 1778) criou o código de nomenclatura, SystemaNaturae, publicado 
em 1735, como uma maneira de catalogar e organizar a classificação 
das espécies. A ele é atribuída a frase “Deus creavit, Linnaeusdisposuit” 
(Deus criou, Linneu organizou). Chegou-se a imaginar na época que, com 
certo esforço, chegaria o momento em que todas as espécies existentes 
no mundo teriam sido descritas e seria possível ter uma ideia de toda a 
obra do criador em relação à vida. Mesmo a importante viagem de Charles 
Darwin iniciada em 1831, a bordo do navio Beagle, coletando amostras da 
fauna e flora por onde passava, tinha como objetivo inicial uma catalogação. 
O lema da viagem do Beagle era: ad majorem Dei gloriam (para maior 
gloria de Deus). Apesar disso, para muitos autores Lineu é considerado um 
precursor do evolucionismo, tendo em vista que pela primeira vez incluiu o 
Homem na sua classificação, como pertencente ao Reino Animal.
Em Biologia existem os fatos. Os biólogos tentam encontrar 
explicações para os fatos. Assim, inicialmente fazem hipóteses, as mais 
lógicas possíveis. Se a hipótese for confirmada, vira uma teoria. Se a teoria 
for sempre confirmada, vira uma lei. Quando uma teoria deixa de explicar 
os fatos, precisa ser revista e, eventualmente, alterada. Impossível é mudar 
os fatos. 
Em pesquisa biológica, os fatos são revelados pelos dados, tanto 
os coletados na natureza como os resultantes de experimentos e, quando 
não estão de acordo com a teoria, nunca devem ser alterados para serem 
ajustados a ela. A coleta ou o experimento devem ser refeitos. Nunca 
1 Com base no texto de Sene (2009).
se deve descartar a possibilidade de uma teoria estar errada. Foi o que 
aconteceu no final do século XVIII e durante o século XIX.
A teoria do Fixismo das espécies começou a não explicar os fatos, 
fazendo com que a origem dos seres vivos passasse a ser um problema 
a ser investigado cientificamente. Vários eventos foram responsáveis pela 
deflagração dos processos de contestação e, entre eles, dois fatores devem 
ser destacados:
Enquanto os taxonomistas trabalhavam apenas com a fauna 
e a flora da Europa, a distinção entre as espécies era maisfácil. Com a 
ampliação das coletas para a Ásia e outros continentes, começou-se a 
observar que os seres vivos apresentavam diferenças de uma região para 
outra, o que se convencionou chamar de variação geográfica.
A variação tanto podia ser gradual, criando um gradiente de variações 
contínuas, como ser abrupta, com variação descontínua. Começou a ficar 
difícil estabelecer até que ponto as diferenças entre os organismos distantes 
geograficamente eram suficientes para que eles fossem classificados como 
espécies diferentes, abalando o conceito de Fixismo. 
Além da dificuldade para decidir os limites da espécie, com 
base no Fixismo, começou a ficar ainda mais difícil explicar a origem da 
variação geográfica. A enorme diversidade de seres vivos encontrada, a 
partir da ampliação da área de observação para além da Eurásia, tornou 
difícil a manutenção de crenças até então indiscutíveis e, além do Fixismo 
das espécies, também foi abalada a lenda da Arca de Noé. São muitas 
as histórias incríveis nas quais a humanidade já acreditou por falta de 
informação e de conhecimento.
Era o fim da inquisição religiosa e o aparecimento de filósofos do 
movimento conhecido como Iluminismo, entre eles, Voltaire (1694 – 1778), 
Rousseau (1712-1778), Diderot (1713-1784), d`Alembert (1717-1783). 
Fator 1 - A ampliação territorial das coletas biológicas, possível graças à 
expansão das navegações.
Fator 2 - O momento histórico/cultural da época.
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25
A pesquisa cientifica, como hoje é conhecida, teve início nessa época, 
baseada nas afirmações de que o uso leigo da razão, na pesquisa filosófica 
e científica, tinha como missão comum:
a) promover o saber antimetafísico, fundado no sucesso de método 
experimental;
b) banir os preconceitos e as superstições;
c) fazer triunfar o espírito de tolerância;
d) iluminar as consciências;
e) difundir, em todos os estratos sociais, a educação e a cultura;
f) reformar as instituições;
g) limitar a influência das igrejas nos Estados e na educação.
Daquele movimento fez parte o método científico de Descartes 
(René Descartes, 1596-1650) que, em síntese, diz o seguinte:
a) Jamais aceitar como exata coisa alguma da qual não se conheça a 
evidência como tal, evitando a precipitação e só fazendo o espírito aceitar 
aquilo, claro e distinto, sobre o qual não pairem dúvidas;
b) Dividir cada dificuldade a ser examinada em quantas partes forem 
possíveis e necessárias para resolvê-la;
c) Pôr em ordem os pensamentos, começando pelos mais simples e mais 
fáceis de serem conhecidos, para atingir, aos poucos, os mais complexos;
d) Fazer, para cada caso, uma enumeração tão exata e uma revisão tão 
ampla e geral para se ter a certeza de que não se tenha esquecido ou 
omitido algo.
A partir do final do século XVIII, naquele ambiente cultural, a 
discussão sobre a origem das espécies e ou origem da diversidade biológica 
intensificou-se no meio científico.
Evolução
26
ATIVIDADES 
 
16)Julgue as afirmativas como verdadeiras ou falsas:
“Quando se fala em Origem e Evolução dos Seres Vivos, os 
cientistas, tanto os atuais como os antigos, sentem uma curiosidade imediata 
em apresentar teorias sem deixar dúvidas”. A figura abaixo representa a 
situação existente na Terra alguns bilhões de anos atrás. 
( ) A teoria de Oparin ou teoria naturalista diz-nos que o surgimento dos 
primeiros seres vivos deu-se pela combinação química e física dos fatores 
exemplificados nas figuras.
( ) Os primeiros seres a surgir na Terra eram seres heterotróficos de 
respiração anaeróbica. Consideramos seres heterotróficos aqueles 
com capacidade de produzir diferentes tipos de alimentos e respiração 
anaeróbica por causa da ausência de oxigênio na atmosfera primitiva.
( ) As primeiras células a serem formadas eram células primitivas, ou 
seja, tanto o tamanho quanto o seu funcionamento eram bastante limitados, 
contendo poucas organelas. Desta forma, as primeiras células a surgirem 
eram eucarióticas.
( ) Como não havia muita organização nas primeiras células, eram 
encontrados, com frequência, grupos de células unidas entre si, formando 
colônias.
( ) Com a evolução e o surgimento de novos seres vivos, identificou-se a 
necessidade de sua classificação. A divisão foi realizada em reinos: Monera 
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27
(representado pelas bactérias e cianobactérias); Protista (protozoários); 
Fungi(fungos); Metaphyta(todos os vegetais) e Metazoa(todos os animais).
( ) Os Vírus não possuem reino definido, por não serem considerados 
seres vivos, em razão da completa ausência de metabolismo, replicação e 
estrutura celular.
17) Considere os princípios biológicos que sustentam a existência dos 
seres vivos na Terra e a possibilidade, no futuro, de uma sonda espacial 
vir a transmitir dados de outro planeta, indicando a presença de sais 
minerais, água, gás carbônico, uréia e oxigênio. Qual das argumentações 
relacionadas abaixo poderia ser biologicamente interpretada como a mais 
coerente com a suposição de existência de vida nesse outro planeta?
a) A presença de oxigênio é uma prova irrefutável, porque todo ser vivo 
depende dele para respiração.
b) A água, simplesmente pela sua presença, já é uma prova da existência 
de vida.
c) Embora possa ser produzida artificialmente, a uréia é uma boa pista, 
considerando a sua natureza orgânica.
d) Os sais minerais comprovam a presença de vida, pois os fósseis 
encontrados na Terra são constituídos de carbonatos e fosfatos.
e) A detecção de gás carbônico revela a presença de reações fotossintéticas, 
e consequentemente a presença de plantas.
18)Em quase todos os seres vivos, as enzimas que participam da glicólise 
são muito semelhantes quanto à sequência de aminoácidos e quanto à 
estrutura espacial. Isto constitui uma evidência de que todos os seres vivos 
se originam de:
a) múltiplos ancestrais.
b) um ancestral comum eucarioto.
c) Um ancestral eucarioto
d) Um ancestral comum.
e) Múltiplos ancestrais eucariotos.
Evolução
28
19)Supõe-se que na atmosfera primitiva da Terra não havia oxigênio, nem 
mesmo dissolvido na água dosmares. Consequentemente, os processos 
metabólicos dos primeiros seres vivos deveriam ser muito simples.Eles 
utilizavam como fonte de energia e matéria-prima o alimento já pronto e em 
abundância aoseu redor. Posteriormente, com as mudanças nas condições 
ambientais, surgiram seres capazes de utilizara energia luminosa, o CO2 e 
a água, para fabricar seus alimentos, liberando oxigênio no ar. A partirdaí, 
foram criadas as condições para o surgimento de seres que utilizavam esse 
gás para degradar os alimentos.
O texto está se referindo à:
a) teoria da biogênese.
b) hipótese autotrófica.
c) teoria da panspermia.
d) hipótese heterotrófica.
e) teoria da geração espontânea.
20) Sobre a origem da vida, uma das maiores dúvidas referia-se à produção 
do alimento utilizado pelos primeiros seres vivos. Duas hipóteses tentam 
explicar como eles conseguiam obter e degradar o alimento para sua 
sobrevivência. Sobre essas hipóteses, é correto afirmar.
a) Um processo importante para a hipótese autotrófica foi o aparecimento 
da fotossíntese, realizado por algas e plantas, que sintetizam seu próprio 
alimento a partir do O2 e H2O.
b) A via metabólica mais simples para degradar alimento sem O2 é a 
fermentação.
c) Por meio da respiração, o alimento é degradado em O2 e H2O.
d) São autotróficos alguns tipos de bactérias, algumas algas e todas as 
plantas atuais.
e) São heterotróficos alguns fungos, todas as bactérias, os protozoários e 
os animais.
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21) Nas condições da atmosfera primitiva, faça 
uma simulação do experimento históricoe típico de 
Stanley Lloyd Miller (1930), que teria reproduzido 
o surgimento das moléculas orgânicas essenciais 
à vida. Use o desenho esquemático abaixo para 
responder às indagações:
I. Quais os gases que simulavam a mistura submetida 
às descargas elétricas (3), no experimento de 
Miller? Coloque-os no compartimento 1.
II. Qual a substância que foi colocada no 
compartimento 2, para aquecimento (4)?
III. Quais as prováveis moléculas orgânicas simples 
que poderiam ter representantes retidos no espaço 
5?
Marque a alternativa que contém somente dados corretos, seguindo a sequência 
das indagações.
a) I – COO2, CHO4, NH2, H2; II – H2O2; III - Amido, nucleotídeos, glicogênio e 
polipeptídios.
b) I – CO2, CH3, NH2, H3; II – H2O2; III - Amônia, proteínas, ácidos nucléicos e 
vitaminas.
c) I – COO2, CH4, NH2, H2; II – H2O; III - Coacervados, proteínas, ácidos nucléicos 
e polipeptídios.
d) I – CO2, CH3, NH2, H2; II – H2O; III- Sacarose, coacervados, aminoácidos e 
proteínas.
e) I – CH4, H2, NH3; II – H2O; III - Glicina, alanina, sarcosina, purinas e pirimidinas.
22) Leia o texto a seguir da autoria de Oparin, 1968. 
“Miller, no seu bem conhecido trabalho publicado em 1953, obteve dados 
fundamentais sobre a formação dos aminoácidos quando uma mistura 
gasosa, simulando a possível composição da atmosfera primitiva da Terra, 
era submetida a descargas elétricas. Miller fez saltar faísca e descargas 
silenciosas durante uma semana numa mistura de CH4, NH4, H3 e vapor 
de água em circulação constante, e encontrou na mistura: glicina, alanina, 
Evolução
30
ácidos α–aminobutírico e α–aminoisobutírico, β–alanina, ácidos aspártico 
e glutâmico, sarcosina e NCN3-alanina. Os produtos intermediários da 
reação foram aldeídos e HCN”. 
O clássico experimento de Miller veio reforçar a teoria segundo a 
qual a vida na Terra: 
a) foi criada por Deus, exatamente como está descrito no Gênese, primeiro 
livro da Bíblia. 
b) surgiu pelo transporte casual para o nosso planeta de microrganismos 
completamente organizados, provenientes de outros mundos. 
c) originou-se pela semeadura intencional de microrganismos por seres 
inteligentes de outros mundos. 
d) iniciou-se pela síntese de monômeros e sua posterior polimerização, 
seguindo-se o surgimento dos primeiros seres vivos. 
e) iniciou-se pela chegada à Terra de compostos orgânicos presentes em 
meteoritos e cometas. 
23) Duas teorias científicas modernas foram apresentadas para explicar 
a origem da vida na Terra após a queda definitiva da teoria da geração 
espontânea. Na 1ª teoria, as moléculas da vida teriam chegado à Terra por 
fontes extraterrestres; já, na 2ª, a vida é resultado de evolução química na 
Terra. Sobre esse assunto, analise as proposições abaixo.
I. A teoria da evolução química, também conhecida como teoria da 
evolução molecular, foi inicialmente proposta pelo biólogo T. Huxley (1825-
1895), retomada e aprofundada pelo também biólogo J. B. Haldane (1892-
1964) e pelo bioquímico A. Oparin (1870- 1980);
II. As ideias sobre a 1ª teoria surgiram no século XIX e no princípio 
do século XX e tiveram como seus primeiros defensores o físico W. Thomson 
(1824-1907) e o químico S. A. Arrhenius (1859-1927);
III. As duas teorias modernas não são antagônicas, pois, mesmo 
os defensores da origem extraterrestre, entre outras questões, admitem 
que, onde quer que a vida tenha surgido, o processo deve ter ocorrido por 
evolução molecular;
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IV. Os defensores da teoria da evolução química argumentam que água 
líquida, moléculas orgânicas e fonte de energia para as reações químicas 
já existiam na terra primitiva, não sendo necessário, portanto, recorrer à 
possibilidade de viagens interplanetárias de seres ancestrais para explicar 
a origem da vida na Terra.
A opção CORRETA é:
a) Somente I e IV estão corretas.
b) Somente I, II e IV estão corretas.
c) Somente II e III estão corretas.
d) Somente II, III e IV estão corretas.
e) Todas as proposições estão corretas.
24) Avanços no conhecimento científico levantaram dúvidas sobre as ideias 
da criação divina e do surgimento da vida por mecanismos não reprodutivos. 
Em meados do século XIX, experimentos científicos ocasionaram alterações 
no entendimento sobre a origem dos seres vivos. Marque a alternativa que 
contempla o experimento que forneceu evidências irrefutáveis de que os 
seres vivos surgem somente pela reprodução de seres da mesma espécie.
a) Camisas sujas cobertas com grãos de trigo foram guardadas por 
vinte dias até o aparecimento de ratos.
b) Caldos nutritivos à base de carne foram colocados em diversos 
frascos e fervidos por 30 minutos e imediatamente vedados com rolhas 
de cortiça e, depois de vários dias, os caldos estavam repletos de seres 
microscópicos.
c) Caldos nutritivos à base de carne foram colocados em frascos 
com gargalos esticados e curvados, e fervidos até sair vapor pelas 
extremidades, e com o resfriamento as partículas em suspensão no ar 
ficaram retidas nas paredes do gargalo.
d) Caldos nutritivos à base de carne foram colocados em frascos 
vedados com rolhas de cortiça e em frascos vedados hermeticamente, e 
em seguida fervidos por muito tempo e após alguns dias foram observados 
microrganismos nos frascos com cortiça.
Evolução
32
e) Caldos nutritivos à base de carne foram colocados em frascos abertos 
e frascos tampados com pergaminhos e após alguns dias o conteúdo dos 
frascos destampados estava repleto de microrganismos.
25) Sobre a origem dos primeiros seres vivos, analise as afirmativas a 
seguir.
I. A formação dos coacervados pode ter sido um dos primeiros passos rumo 
ao aparecimento da vida no planeta Terra.
II. Organização biológica e reprodução são os dois atributos fundamentais 
para que os coacervados sejam considerados seres vivos.
III. A alimentação dos primeiros coacervados divide a opinião dos cientistas 
que admitem duas hipóteses explicativas: a heterotrófica, que sugere que os 
coacervados eram capazes de fabricar seu próprio alimento, e a autotrófica, 
que sugere que os primeiros seres vivos usavam as substâncias orgânicas 
já disponíveis no meio, sem condições de produzi-las.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente I é verdadeira.
b) Somente II é verdadeira.
c) Somente III é verdadeira.
d) Somente I e II são verdadeiras.
e) Somente II e III são verdadeiras.
26) Dentre as várias hipóteses formuladas para explicar a origem da vida 
na Terra, a mais aceita atualmente é a hipótese heterotrófica, proposta pelo 
bioquímico russo A. I. Oparin, em 1938, que tenta explicar o surgimento 
da vida como uma evolução dos processos bioquímicos com o surgimento 
e a evolução dos organismos responsáveis por estes processos. Os três 
principais processos bioquímicos estão enumerados a seguir: 
1. Respiração aeróbica 
2. Fotossíntese 
3. Fermentação 
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Assinale a alternativa que indica a sequência correta de surgimento 
desses processos, de acordo com a hipótese heterotrófica. 
a) 1, 2, 3 
b) 2, 1, 3 
c) 3, 1, 2 
d) 1, 3, 2 
e) 3, 2, 1 
27) Assinale a alternativa correta:
a) A experiência de Francesco Redi foi um marco na comprovação da teoria 
da geração espontânea.
b) Deve-se a Pasteur, entre outros, método de esterilização de alimentos, 
vacina antirrábica e vacina anti-antraz.
c) Diferentemente de Pasteur, o cientista inglês Needham era um defensor 
da teoria “biogênese”.
d) O frasco em pescoço de cisne comprovou a existência do “princípio vital”, 
tanto defendido por Pasteur.
e) Oparin comprovou a teoria da geração espontânea.
28) Sabe-se hoje que os primeiros seres vivos a habitarem nosso planeta 
surgiram nos mares e eram estruturas bastante simples, caracterizadaspor 
serem:
a) Autotróficos
b) Heterotróficos por saprobiose.
c) Eucarióticos
d) Aeróbicos
e) Protistas
29)As afirmativas abaixo descrevem alguns fatos que ocorreram durante a 
formação do planeta e dos seres vivos.
Evolução
34
I. Os continentes fragmentaram-se, originando dois blocos separados por 
um estreito braço de mar.
II. O planeta foi dominado pelos répteis, principalmente os dinossauros.
III. As plantas com flores começaram a aparecer.
IV. Ao mesmo tempo em que ocorria o início da extinção dos répteis, havia, 
nos céus, a ocupação das aves e, na terra, a expansão dos mamíferos.
V. O clima foi amenizado, quando as montanhas começaram a se formar.
Assinale a alternativa que contempla corretamente a Era Geológica 
acima descrita.
a) Mesozoica. 
b) Paleozoica. d) Pré-Cambriana.
c) Cenozoica. e) Arqueozoica.
30) Qual das proposições abaixo contém informações CORRETAS sobre a 
origem da vida no planeta:
a)A queda da teoria da abiogênese só foi possível graças aos experimentos 
de Leeuwenhoek em meados do séc. XVII, com o microscópio.
b)Francesco Redi, em meados do século XVIII formulou o conceito da “força 
vital”, através de experimentos com cadáveres de animais acondicionados 
em frascos abertos e outros vedados com gaze.
c)LazzaroSpallanzani, grande defensor da teoria da abiogênese, ficou 
conhecido por seus experimentos com “caldos nutritivos” submetidos a 
várias fervuras, que deram origem a vários tipos de microorganismos.
d)John Needham em 1745 refez os experimentos de Spallanzani e concluiu 
que a presença de microorganismos nos frascos contendo o “caldo nutritivo”, 
devia-se ao tempo de fervura e ao tipo de vedação utilizada.
e)Louis Pasteur em 1862, utilizando frascos do tipo “pescoço de cisne”, 
cujo formato impedia o contato da poeira com o interior do mesmo, ferveu 
caldo de carne e conseguiu conservá-lo estéril, mesmo com a entrada de ar 
(condição indispensável segundo os adeptos da geração espontânea para 
surgimento da vida em matéria inanimada). Após alguns meses permitiu 
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35
o contato entre o caldo e a poeira de onde surgiram microorganismos, 
possibilitando assim o fim da teoria da abiogênese.
GABARITO:
16) VFFFVVF; 17) B; 18) D; 19) D; 20) B; 21) E; 22) D; 23) D; 24) 
C; 25) A; 26) E; 27) B; 28) B; 29) A; 30) E.
 
Leitura complementar
Quer aprender mais sobre a história evolutiva da vida? Que tal ler 
mais no endereço abaixo? Você encontrará, numa linguagem acessível 
mais sobre o assunto.
Veja: 
A história evolutiva da vida (http://pt.wikipedia.org/wiki/
Hist%C3%B3ria_evolutiva_da_vida).
2.2. Os criacionistas
Embora a ciência já tenha explicação bem comprovada do 
processo de evolução biológica, a maioria da humanidade ainda acredita 
que tenha havido um planejamento, uma intervenção divina. É normal que 
uma pessoa, sem conhecimento, ao se confrontar com a dúvida sobre a 
origem da vida, sobre a origem das espécies, pense exatamente como 
na Idade Média, que tudo seja obra de um Criador, que tenha seguido um 
planejamento inteligente perfeito.
A falta de conhecimento sobre um assunto não aprendido é algo 
completamente natural. O problema da compreensão do processo evolutivo, 
é que existe resistência ao seu ensinamento e aprendizado, pois teme-se 
que esse conhecimento possa abalar a fé religiosa das pessoas. Embora 
essa resistência seja bem conhecida como existindo nos Estados Unidos, 
aqui no Brasil, não estamos livre dela. 
Evolução
36
2.2.1. Categoria de criacionistas
Embora a designação criacionista seja aplicada de forma geral 
a todos que acreditam que os seres vivos não têm uma origem natural, 
existem diferenças entre eles.
As principais categorias de criacionistas são:
a) Os que aceitam literalmente o texto bíblico; acreditam em Adão e 
Eva; no dilúvio e na Arca de Noé; creem que os fósseis de animais extintos, 
como os dinossauros, por exemplo, decorrem do fato de Noé ter deixado 
alguns animais fora da arca; recusam os dados de datação geológica e 
acreditam que a Terra tenha no máximo 10.000 anos;
b) Há os que acreditam na datação geológica e argumentam que 
os tais seis dias da criação seriam simbólicos e que cada dia poderia durar 
milhões de anos;
c) Outros admitem a mutação, a seleção natural e admitem que 
uma espécie possa dar origem a outra. Porém, o aparecimento dos grandes 
grupos taxonômicos, também chamada de “macroevolução”, teria origem 
divina;
d) Existem também os que aceitam todo o processo proposto pelos 
cientistas, mas recusam no que se refere à ideia do acaso e postulam que 
ele seja produto de uma intenção, de um projeto (intelligent design). Embora 
alguns desses adeptos afirmem que isso não tenha conotação religiosa, o 
projetista é de origem sobrenatural.
De maneira geral, a maioria das pessoas, apesar de ter estudado 
sobre evolução nas escolas, não entende cientificamente como o processo 
funciona, e esse entendimento tem importância muito grande no debate 
entre evolução e criacionismo.
Existe um grupo formado por cientistas, alguns biológicos, que 
sabem tudo sobre teoria científica da Evolução, não acreditam no Fixismo 
das espécies e não se dizem criacionistas. No entanto, acreditam na 
existência do Criador. É um paradoxo interessante: acreditar no Criador 
e não acreditar que ele criou a vida e as espécies. As pessoas com essa 
posição não eram questionadas aqui no Brasil até bem pouco tempo, 
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quando a polêmica sobre Criacionismo e Evolução ocorria em outros países, 
como nos Estados Unidos, e não fazia parte das nossas discussões e elas 
podiam permanecer indefinidas.
Ao contrario do que se possa pensar, a ciência não é uma coleção 
de fatos e teorias, mas sim um processo de reflexão e entendimento de 
fenômenos naturais, o que exige, regularmente, uma reorganização mental 
diante de novos conhecimentos.
Um dos principais argumentos dos criacionistas contra o acaso no 
processo é o de que o acaso não pode produzir estruturas complexas. 
Porém, a ciência diz o seguinte: 
- estruturas complexas se fixam por seleção natural, que é um 
processo determinístico;
- os fatores casuais, ou estocásticos, no processo são a mutação 
e a deriva genética e eles não são os responsáveis pela evolução de 
complexidades.
De fato, quando, por algum motivo, a pressão da seleção natural é 
atenuada sobre uma população, estruturas complexas, como por exemplo, 
a pigmentação da epiderme ou o olho de animais de caverna, degeneram 
lentamente por mutações e deriva genética.
Qualquer pessoa optará, com mais segurança, por uma explicação 
ou outra, por uma questão ou outra, sobre qualquer assunto, se puder 
confrontar fontes diversas de informações. Caso contrário, sem tomar como 
referência outras fontes de conhecimento, tende a acreditar na primeira 
história que contarem para ela. Um indivíduo sem informação e sem senso 
crítico pode ser mais facilmente iludido por ideias fixadas ao longo de muitas 
histórias políticas, religiosas, literárias, lendárias, científicas.
2.3. As primeiras hipóteses sobre a evolução dos seres vivos
Uma das primeiras publicações de textos sobre evolução foi 
Zoonomia, publicado em 1795 por Erasmus Darwin (1731-1802). Embora 
não mencionasse a seleção natural, discutia a questão das adaptações 
e especulava sobre a possibilidade de uma espécie poder evoluir a partir 
Evolução
38
de outra espécie. Embora sem muitos dados ou experimentos, o trabalho 
mostra que o Fixismo já estava sendo questionado e tem importância 
histórica pelo fato de o autor ser avô paterno de Charles Darwin.
Em 1808, o biólogo francês Jean Baptiste Lamarck propôs uma 
hipótese para explicar a incrível adaptação das espécies aos diferentesambientes. Embora essa hipótese seja tratada nos livros escolares como 
uma teoria evolutiva, o impacto emocional para a época não foi muito grande 
porque propunha uma explicação para a adaptação das espécies, mas 
não postulava, necessariamente que, através das adaptações, a espécie 
poderia passar a ser outra espécie. Ou seja, a hipótese de Lamarck não 
questionava a origem das espécies. As hipóteses sobre o uso e desuso 
e da transmissão dos caracteres adquiridos tiveram muito sucesso, 
sendo adotadas ate pelo próprio Darwin a partir da sexta edição do livro 
OrigemdasEspécies.
As principais razões para o sucesso é que elas são muito lógicas, 
intuitivas e fáceis de serem explicadas e entendidas. É muito fácil explicar a 
teoria de Lamarck até para uma criança e costumamos dizer que as pessoas 
nascemlarmarckistas. Para surpresa nossa, há alguns anos, estudantes 
do último ano do curso de Ciências Biológicas, embora tenham ouvido, 
desde o ensino fundamental e médio, que a teoria de Lamarck é errada, 
ao serem instigados a resolver questões evolutivas, cerca de 60% deles 
empregaram um raciocínio lamarckista. Muito importante para a época, o 
trabalho de Lamarck, embora muito lógico, contém erros biológicos graves 
e fundamentais e deixou de ser considerado a partir do final do século XIX.
2.4. A diversidade biológica
Quando os ingleses Charles Robert Darwin (1809 – 1882) e Alfred 
Russel Wallace (1823 – 1913) visitaram o Brasil, na primeira metade do 
século XIX, a grande diversidade biológica das Américas, especialmente 
a da América do Sul, já era conhecida. Antes deles, vários pesquisadores/
coletores europeus já haviam estado aqui e promovido verdadeiros arrastões 
coletando espécimes da flora e da fauna, dando inicio ao que se denomina, 
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hoje, biopirataria. Entre dezenas e talvez centenas de nomes, citam-se: 
Johann Von Spix (1781 – 1826); Karl Von Martius (1794 – 1868); Saint-
Hilaire (1779 – 1853); Johann Natterer (1787 – 1843); Max Von Braunsberg 
(1782 – 1867); Georg Von Langsdorff (1774 – 1852); Wilhelm Ludwig Von 
Eschwege (1777 – 1855); Thomas Ender (1793 – 1875); Jean Agassiz 
(1807 – 1873); Robert Hermann Schomburgk (1804 – 1865); Peter Wilhelm 
Lund (1801 – 1880), Ludwig Riedel (1790 – 1861) e George Gardner (1812 
- 1849).
Todos esses pesquisadores/coletores permaneceram aqui por mais 
tempo do que Darwin e Wallace e coletaram muito mais materiais do que 
os dois juntos, com uma agravante: a maior parte do material coletado por 
Wallace foi perdida pelo naufrágio do navio a caminho da Europa.Por falta 
de uma teoria unificadora da diversidade dos seres vivos, todo material 
era coletado e catalogado como uma coleção de selos, respeitando-se a 
localização e data da coleta e o tipo de material coletado por semelhanças 
e diferenças. 
2.4.1. Wallace e Darwin
Tentar explicar por que só Wallace e Darwin tiveram, 
independentemente e quase simultaneamente, a mesma ideia para explicar 
a origem de tanta diversidade é um exercício puramente especulativo. Dizer 
que eles eram mais inteligentes, mais geniais ou mais espertos do que os 
outros também é uma afirmação leviana. Porém, um fato muito importante 
aconteceu aos dois: depois de terem visto a grande diversidade biológica 
em áreas continentais sul-americanas, Darwin contornando o continente, e 
Wallace viajando pela Amazônia, ambos entraram em contato com a fauna 
e flora de arquipélagos. Darwin, em Galápagos, Wallace, na Malásia. 
E, o que diferencia os arquipélagos das áreas continentais? A 
descontinuidade das populações, isoladas umas das outras pelos limites 
das ilhas. A diferenciação entre populações isoladas é muito maior do que 
se elas tivessem uma distribuição geograficamente contínua e, embora o 
processo evolutivo atue igualmente nas ilhas ou nos continentes, o resultado 
Evolução
40
da diferenciação fica muito evidente nas ilhas.Tanto as discussões anteriores 
sobre evolução, como as ideias de Darwin e Wallace, questionavam 
exclusivamente o Fixismoe a origem das espécies.
Saiba mais
Design Inteligente: ignorar o problema não vai fazer com que ele vá embora 
(*)
Marcio Pie(**)
Estamos presenciando atualmente em Dover, Pensilvânia (EUA) a mais nova 
tentativa do movimento do “Design Inteligente” (DI) para tornar-se parte do currículo 
de escolas secundárias, desta vez através de uma batalha judicial.É interessante 
notar que esse movimento encontra adeptos até no Brasil. Durante os depoimentos 
do julgamento de Dover, Michael Behe, um dos principais proponentes do DI e autor 
do livro “A caixa preta de Darwin”, demonstrou a ginástica mental necessária para 
podermos considerar DI como ciência.
Como alguns poderiam imaginar, ele mudou a definição de ciência que 
é usada rotineiramente por cientistas.O advogado que o interrogava, astutamente, 
perguntou-lhe se, dentro de sua definição, a astrologia seria também considerada 
ciência. Behe teve que concordar.Contudo, apesar de tanta repercussão na mídia, 
poucos cientistas sabem o que propõe o movimento DI. O meu objetivo com o 
presente texto é abordar três questões: o que é DI? Por que DI não é ciência? Seria 
DI o resultado de uma teologia equivocada?
Responder o que é DI é como tentar acertar um alvo móvel, mas imagino 
que a seguinte definição de DI agradaria a maior parte de seus proponentes: a 
ciência em geral (e a teoria da evolução em particular) não consegue explicar vários 
fenômenos. Isso indicaria que algum “designer” interferiu na ordem natural das coisas 
para permitir que esse fenômeno acontecesse.A forma de detectar a influência do 
designer não está clara em nenhum exemplo prático, embora já disponham de 
nomes bonitos como o “filtro explanatório de Dembski”, “complexidade irredutível” e 
“complexidade especificada”.Finalmente, a identidade do designer não é determinada, 
o que deveria dar um ar de não-religiosidade à empreitada. Há inúmeros obstáculos 
para considerarmos DI uma abordagem científica:
(1) Não há uma forma positiva de se detectar o designer, isto é, não há algo 
que possamos observar que o acusaria. Somente a nossa incapacidade de explicar 
um dado fenômeno seria evidência de DI. (Posso imaginar a justificativa em meu 
próximo artigo a ser submetido: “o modelo apresentado no presente estudo explica 
80% da variância nos dados, sendo que para os 20% não explicados pelo modelo eu 
invoco a influência de algum designer não especificado.”);
(2) não há nenhuma proposta sobre os mecanismos que esse designer 
usaria para influenciar os fenômenos estudados (como admitido pelo próprio Behe 
em seu depoimento);
(3) A abordagem do DI não faz previsões que podem ser testadas. Em 
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
41
particular, não podemos saber de antemão onde poderíamos encontrar evidências de 
design - a “previsão” de onde haveria design é sempre feita a posteriori.
Em suma, DI afirma que um designer não especificado, através de um 
mecanismo não especificado, afeta vários fenômenos não especificados. Mas 
isso não impede os seus proponentes de afirmar que há evidências de DI em 
todo lugar: na explosão do Cambriano, no processo de especiação, no sistema 
de coagulação sanguínea, na estrutura do flagelo bacteriano etc.Recentemente 
os proponentes do DI apontaram 300 cientistas que apoiam a abordagem do 
DI. Curiosamente, apesar de tanta gente, não há um único artigo publicado em 
uma revista científica suportando ID (a não ser um artigo obscuro publicado no 
ProceedingsoftheBiologicalSocietyofWashington que passou pelo crivo dos referees 
mesmo não apresentando nenhum dado original).
Essa falta é explicada invocando uma grande conspiração dos cientistas 
para esconder a verdade sobre ID, um argumento bastante convincente nos círculos 
leigos (afinal de contas, quem não gosta deuma boa teoria da conspiração?).
Teologicamente, DI é uma reedição de um conceito antigo, o argumento do “Deus dos 
buracos”. Não sabemos como algo funciona, ergo, isso é evidência de Deus.Vários 
teólogos ao longo dos séculos combateram a ideia de chamar nossa ignorância de 
“Deus” como má teologia, visto que, pela visão bíblica, Deus sustenta e interage com 
a Criação continuamente, não somente em alguns poucos momentos de design.Além 
disso, um Deus que precisaria constantemente “remendar” seu design original de 
tempos em tempos para que ele funcionasse não se parece com o Deus onipotente 
bíblico.
Finalmente, alguns conselhos práticos para cientistas ao se depararem 
com essas questões.Primeiramente, é importante lembrar que os proponentes do 
DI representam uma pequena minoria entre os cientistas cristãos (embora estejam 
entre os que mais fazem barulho).Há uma variedade de pontos de vista, incluindo os 
que sugerem que o processo evolutivo seja o mecanismo usado por Deus para criar 
o homem, como Francisco Ayala, GhilleanPrance e Francis Collins (diretor do projeto 
genoma humano do NHGRI).Uma fonte útil de informações nessa área é a American 
ScientificAffiliation (http://www.asa3.org/). Além disso, é imprescindível lembrar que 
os leigos que ingenuamente simpatizam com DI geralmente o fazem por ignorância 
de como a ciência funciona.A forma mais eficiente de esclarecer essas questões 
é através da educação científica e não através da ridicularização, a qual não só é 
contra-produtiva como também acaba corroborando a visão equivocada de uma 
“batalha” entre fé e ciência.
(*) Artigo publicado no Jornal da Ciência (publicação da Sociedade Brasileira 
para o Progresso da Ciência – SBPC)
(**) Doutor na área de Evolução pela Boston University (EUA).
Evolução
42
Para aprender mais...
Quer entender outra opinião sobre o Criacionismo? Leia A caixa 
preta de Darwin de Michael Behe. Este autor utiliza vários argumentos 
contrários as ideias darwinistas e em favor do Criacionismo científico.
3. Evidências da Evolução
Diferente do Fixismo, a Evolução, como ciência, se baseia em fatos 
que não podem ser contestados. A estes fatos denominamos evidências. 
Vamos resumir as evidências em três tópicos: i) evidências paleontológicas; 
ii) evidências morfológicas e; iii) evidências embriológicas. Antes, um pouco 
de história.
3.1. Um pouco de história
Durante sua Viagem no HMS Beagle (Fig. 02), Darwin coletou um 
grande numero de espécimes, muitas delas desconhecidas na Europa que, 
posteriormente, deram suporte a evolução por seleção natural.
A grande variedade das evidências da evolução fornece ampla e 
rica informação dos processos naturais pelos quais a variedade da vida na 
Terra se desenvolveu.
Fig. 02 - Quadro de Owen Stanley retratando o HMS Beagle. Fonte: Wikipedia.
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
43
3.2. Evidências paleontológicas
Paleontologia é o estudo da vida passada baseado no registro 
fóssil e suas relações com os diferentes períodos de tempo geológicos. 
Mas o que são fósseis?
Fósseis são registros da vida passada preservados nas rochas. 
Dizem-nos que a vida começou nos oceanos, há mais de 3,5 bilhões de 
anos, e que desde então evoluiu e se diversificou para um total estimado 
de 10 milhões de tipos diferentes de organismos. Mais de 99% de todas 
as formas de vida que já existiram estão atualmente extintas e, por isso, a 
história da evolução depende do estudo e interpretação desses escassos 
vestígios da vida passada.
Fósseis são importantes para estimar quando as várias linhagens 
se desenvolveram. Como a fossilização é de rara ocorrência, normalmente 
requerendo as partes duras do corpo dos espécimes e da morte próxima 
a um local onde sedimentos estão sendo depositados.O registro fóssil 
somente fornece informações intermitentes sobre a evolução da vida. 
Evidências de organismos anteriores ao desenvolvimento de partes duras 
do corpo como conchas, ossos e dentes são especialmente raras, mas 
existem na forma de antigos microfósseis de alguns organismos de corpo 
mole.
Quando um organismo morre, ele normalmente decompõe-se 
rapidamente ou é consumido por necrófagos, não deixando nenhuma 
evidência permanente de sua existência. Entretanto, ocasionalmente, 
alguns organismos são preservados. Os restos ou traços dos organismos 
de uma era geológica passada, envoltos em rocha por processos naturais 
são chamados de fósseis. Eles são extremamente importantes para o 
entendimento da história evolucionária da vida na Terra, já que fornecem 
evidências diretas da evolução e informações detalhadas sobre as linhagens 
dos organismos. 
Para que a fossilização ocorra, os traços e restos do organismo 
devem ser rapidamente enterrados para que o descoramento e a 
decomposição não ocorram. Estruturas esqueléticas e outras partes duras 
Evolução
44
do organismo são as formas mais comuns de fossilização de restos de 
organismos. Existem também os “fósseis” de traços, mostrando moldes e 
impressões na rocha de alguns organismos antigos.
Quando um animal morre, o material orgânico deteriora-se 
gradualmente, como os ossos, por exemplo, que se tornam porosos. 
Se o animal é subsequentemente enterrado em lama, sais minerais irão 
infiltrar-se nos ossos e gradualmente preencher os poros. Os ossos se 
solidificarão em rocha e serão preservados como fósseis. Esse processo é 
conhecido como petrificação. Se um animal morto é coberto por areia, e se 
a areia posteriormente transformar-se em lama devido a pesada chuva ou 
enchentes, o mesmo processo de infiltração mineral pode ocorrer. Além da 
petrificação, o corpo morto de um organismo pode ser bem preservado em 
gelo, em resina endurecida de árvores coníferas (âmbar), em alcatrão, em 
ambientes anaeróbios e em turfas ácidas. Fossilização pode ser,às vezes, 
só um traço, uma impressão de uma forma. Exemplos incluem folhas e 
pegadas, fósseis que são feitos em camadas que são posteriormente 
endurecidas por ação natural.
3.2.1. Registro fóssil
Trilobitas (Fig. 03) eram animais com carapaças duras, ancestrais 
dos atuais caranguejos, camarões e demais artrópodes. Foram extintos a 
250 milhões de anos atrás.
É possível descobrir como um 
grupo de organismos evoluiu arrumando 
seu registro fóssil em uma sequência 
cronológica. Tal sequência pode 
ser determinada porque fósseis são 
majoritariamente encontrados em rochas 
sedimentares. Rochas sedimentares são 
formadas por camadas de silte ou lama 
Fig. 03. Fóssil de trilobita.Fonte: www.biomania.
com.br.
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
45
uma sobre o topo da outra; deste modo, a rocha resultante desse processo 
contém uma série de camadas horizontais, ou estratos. Cada camada 
contém fósseis que são típicos para o específico período de tempo durante 
o qual eles se formaram. Os estratos mais baixos contêm as rochas mais 
velhas e os fósseis mais antigos, enquanto os estratos superiores contêm 
as rochas mais novas e os fósseis mais recentes.
Uma sucessão de animais e plantas também pode ser vista no 
registro fóssil. Evidências fósseis apóiam a teoria de que organismos 
tendem a aumentar progressivamente em complexidade. Ao estudar o 
número e a complexidade de diferentes fósseis em diferentes níveis, foi 
demonstrado que rochas antigas que contêm fósseis apresentam poucos 
tipos de organismos fossilizados, e todos eles têm uma estrutura simples, 
enquanto que as rochas mais recentes contêm uma grande variedade 
de fósseis, frequentemente com um aumento na complexidade de suas 
estruturas.
No passado, as idades dos vários estratos e dos fósseis encontrados 
eram irregularmente estimadas por geólogos. Eles faziam, por exemplo, a 
estimativa do tempo para a formação das rochas sedimentares, camada 
por camada. Hoje, realizando medições das proporçõesde elementos 
radioativos e estáveis na rocha, as idades dos fósseis podem ser 
datadas pelos cientistas com uma grande precisão. Essa técnica é 
conhecida como datação radiométrica.
Fig. 04 - Nautilus. Foto: F.S.Santos Filho.
Evolução
46
Pela análise do registro fóssil, muitas espécies que aparecem em 
um nível estratigráfico antigo, desaparecem em níveis posteriores. Isso 
é interpretado em termos evolucionários como a indicação do tempo em 
que uma espécie se originou e tornou-se extinta. Regiões geográficas 
e condições climáticas variaram consideravelmente através da história 
da Terra. Já que organismos se adaptam em ambientes em particular, 
a mudança constante das condições climáticas e geográficas favoreceu 
espécies que se adaptaram a novos ambientes através do mecanismo de 
seleção natural.
De acordo com o registro fóssil, algumas espécies modernas de 
plantas e animais são encontrados quase que praticamente iguais as 
espécies que viveram em tempos geológicos antigos. Eles são espécies 
que fazem parte de antigas linhagens que permaneceram morfologicamente 
(e provavelmente também fisiologicamente) quase inalterados por um 
longo tempo. Consequentemente, eles são chamados de “fósseis vivos” 
por leigos. Exemplos de fósseis vivos incluem o nautilus (Fig. 04), límulo, 
celacanto, a ginkgo e a metasequoia.
Em sua maioria, fósseis são partes mais resistentes, física e 
quimicamente, de organismos extintos. São encontrados dentro das 
camadas de depósitos sedimentares antigos, que se acumularam durante 
centenas de milhões de anos para formar o que conhecemos como registro 
estratigráfico rochoso. O processo que transforma resíduos orgânicos e 
parte do registro rochoso é tão complexo e altamente seletivo que apenas 
uma minúscula percentagem da vida passada é preservada. Das centenas 
de milhões de espécies que existiram até agora, somente os fósseis 
de algumas centenas de milhares de espécies já foram encontrados e 
descritos. E o processo de fossilização frequentemente transforma restos 
orgânicos a ponto de os tornar irreconhecíveis.
Como se pode observar visitando qualquer museu de paleontologia, 
os fósseis têm cor de pedra e aparência de rochas, e estão frequentemente 
completamente achatados na superfície das rochas. Porém, já foram 
organismos cheios de vida, que se moviam e respiravam. Também foram 
encontrados vestígios tridimensionais, que preservaram o formato original 
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
47
de conchas e ossos, mas mesmo nestes casos a fossilização deu-lhes o 
aspecto de rochas, tornando-os mais pesados e duros do que as partes 
originais, e removeu totalmente as suas cores.De uma forma curiosa, os 
processos que reduzem criaturas vivas a fósseis, com a perda de tantas 
informações preciosas, também contribuem para sua enorme popularidade. 
Ao longo dos séculos, os paleontólogos procuraram entender a natureza 
dos registros fosseis e lê-los como a historia da evolução da vida na Terra. 
Saiba mais
Raro ‘fóssil vivo’ é capturado na costa da Austrália - 23 janeiro 2015
Tubarão-enguia foi pescado por barco de arrastro; animal tem características 
de criaturas primitivas
De aparência assustadora, o tubarão-enguia (também chamado de tubarão-
cobra) foi apanhado por um barco de arrasto na região de Gippsland, no Estado de 
Victoria.Raramente os tubarões-enguia são encontrados vivos, porque seu habitat 
natural se localiza a 600 metros ou mais de profundidade.
Tanto o formato do corpo do animal quanto seu número de guelras se 
assemelham aos de fósseis de tubarões que viveram há 350 milhões de anos. Por 
essa razão, o animal é conhecido como um “fóssil vivo”.Com várias características de 
criaturas primitivas, os tubarões-enguias podem atingir até 2 metros de comprimento.
Segundo a Associação de Pesca de Arrasto do Sudeste da Austrália, a 
espécie encontrada tinha praticamente esse tamanho.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150122_tubarao_
fossil_vivo_capturado_lgb
Evolução
48
3.2.2. O problema dos fósseis
Desde os tempos da Grécia antiga e da China, quando sábios 
como Xenófanes de Colofon (c.570-490 a.C.) começaram a escrever 
sobre fósseis, a sua verdadeira natureza tem sido objeto de prolongados 
e intensos debates. Embora eles pareçam ser resquícios de uma vida 
passada, frequentemente são preservados como matéria inorgânica, que 
difere significativamente dos organismos vivos. Por exemplo, um fóssil 
pode ter a aparência externa de uma criatura marinha, como um bivalve 
ou um ouriço-do-mar, mas ser composto por um mineral como a sílica, 
totalmente diferente do carbonato de cálcio das conchas dos bivalves e 
ouriços-do-mar atuais.
Atualmente compreende-se que a fossilização pode ter um efeito 
drástico na composição química do material fóssil, mas os primeiros 
naturalistas viam apenas que os minerais dos fósseis eram mais 
semelhantes aos minerais que formam as rochas do que às conchas e 
esqueletos de organismos vivos. Alguns argumentavam que os fósseis 
teriam, provavelmente, crescido dentro de estratos rochosos e que tinham 
apenas uma semelhança superficial e enganosa com organismos vivos. 
Para apoiar esta linha de raciocínio, lembravam que muitos fósseis 
haviam sido encontrados em ambientes diferentes dos habitados por seus 
equivalentes atuais. Por exemplo, fósseis parecidos com ouriços-do-mar 
podiam ser encontrados em estratos rochosos nas encostas das montanhas, 
muito longe do mar onde essas criaturas vivem hoje. Só recentemente se 
começou a entender como os movimentos da Terra podem deslocar as 
rochas para bem longe de onde se formaram.
Muitas destas questões só começaram a ser resolvidas na época 
Renascentista. Usando os métodos de investigação científica que estavam 
surgindo, diversos naturalistas apresentaram exemplos cuidadosamente 
fundamentados da verdadeira natureza orgânica dos fósseis. Por 
exemplo, na metade do século XVII, NielStensen (também conhecido 
como Steno), médico dinamarquês que trabalhava na Itália, dissecou um 
tubarão moderno e comparou, cuidadosamente, seus dentes com fósseis 
conhecidos como “línguas de pedra” (glossopetrae), encontrados com 
FUESPI/NEAD Especialização em Biodiversidade e Conservação
49
frequência no Mediterrâneo. Steno defendia que as “línguas de pedra”, 
mesmo as encontradas em terra, deviam ser entendidas como dentes de 
tubarão antigos. E, também, que elas provaram que, no passado, o mar 
tinha avançado mais sobre o continente.
Atualmente, até mesmo as crianças em idade escolar sabem 
que os fósseis são restos de organismos que viveram em épocas 
passadas. Mas, mesmo assim, ainda há muitas armadilhas no caminho, e 
paleontólogos menos cuidadosos, e até mesmo profissionais experientes, 
podem ter problemas para decidir se alguns resíduos são fósseis genuínos 
ou não - vejam, por exemplo, as discussões sobre os supostos micróbios 
preservados nas rochas silicosas antigas da Austrália e aqueles outros que 
teriam sido encontrados em meteoritos de Marte.
3.2.3. A variedade de fósseis
Um fóssil é mais do que um antigo osso ou dente petrificado, ele 
pode ser qualquer vestígio deixado pela vida passada e de alguma forma 
preservado, o que inclui uma variedade de diferentes meios de preservação 
e também traços da interação dos animais com seu meio ambiente.
Os fósseis são a principal prova da história e evolução da vida na 
Terra. Mas esta afirmação esconde uma realidade mais complexa. Em sua 
maioria, os fósseis são as partes mais resistentes e menos perecíveis dos 
organismos, mas ocasionalmente estruturas e tecidos mais delicados são 
preservados, como quando um corpo completo é congelado e desidratado 
em solo também congelado.
A composição dos fósseis varia de ossos e conchas mineralizados a 
moléculas orgânicas preservadas como gotas de betume, e restos

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