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INPE-11567-TDI/959 PERFURAÇÃO DE ROCHAS POR JATO SUPERSÔNICO QUENTE Fernando Luiz Viegas Dissertação de Mestrado do Curso da Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Combustão e Propulsão, orientada pelo Dr. Demétrio Bastos Netto, aprovada em 26 de março de 2004. INPE São José dos Campos 2004 541.126 VIEGAS, F. L. Perfuração de rochas por jato supersônico quente / F. L. Viegas. – São José dos Campos: INPE, 2004. 145 p. – (11567-TDI/959). 1.Descamação térmica. 2.Rocha. 3.Jato supersônico. 4.Granito. 5.Penetração. 6.Combustão. I.Título. AGRADECIMENTOS Agradeço às pessoas que estiveram sempre presentes em todas as fases e dificuldades deste trabalho. Em primeiro lugar, agradeço a Deus por me permitir estudar e aprimorar meus conhecimentos hoje e sempre, com toda sua proteção e presença nos momentos mais solicitados. Agradeço em seguida a meus pais por me apoiarem, acreditarem e incentivarem as minhas conquistas e estarem sempre presentes nos momentos que mais precisei. Gostaria de agradecer à minha namorada pelo apoio e compreensão e a todos os meus amigos que me encorajaram a passar por mais esta fase importante. Em especial, agradeço o suporte financeiro da Petrobrás - CENPES e a seu representante, Dr. João Carlos Ribeiro Plácido, que permitiu a realização e a desenvoltura do projeto, fornecendo quando necessário todas as ferramentas indispensáveis para o desenvolvimento do empreendimento. E por fim, gostaria de agradecer aos que estiveram diretamente ligados ao meu trabalho, meu orientador Dr. Demétrio, Fabiano, Netto, Felipe, Eleasar, Chico e o grupo da oficina, Dr. Luís Fernando da PUC Rio, Dr. Gurgel da UNB, Dr. Marco Aurélio Ferreira, aos alunos de mestrado e doutorado César, Cristiane e Daniel e tantos outros que dispuseram de seu precioso tempo para me auxiliar em pequenos e grandes problemas relacionados a este projeto. Obrigado a todos. RESUMO No presente trabalho é apresentado o estudo da técnica de descamação térmica de rochas com o emprego de jatos supersônicos quentes com vistas à possível utilização na perfuração de poços e na abertura de túneis. Tal técnica já foi utilizada com sucesso, permitindo se obter altas taxas de penetração (1 a 10 m/hr) em rochas graníticas, apresentando vantagens econômicas em relação às técnicas convencionais de perfuração para este tipo de rocha. A partir de estudos anteriores, é desenvolvido um dispositivo experimental (motor foguete) utilizando o par Oxigênio/Gás Natural, operando em diferentes razões de mistura sobre amostras de rochas graníticas, com o objetivo de estudar a viabilidade do método e as principais relações envolvidas no processo. São explorados os comportamentos das perfurações com as razões de mistura, variando-se a distância de incidência do jato para a superfície da rocha. A operação do dispositivo aponta a importância de um sistema de resfriamento acoplado, e um mecanismo de avanço do dispositivo de encontro à rocha. Os resultados apresentam um comportamento bem definido das perfurações com o aumento da distância de incidência do jato para a rocha (Stand-off Distance), onde pode-se observar diâmetros equivalentes de perfuração maiores com a proximidade do dispositivo para a superfície. Através dos experimentos pôde- se observar que variações na razão de mistura parecem não influenciar nas perfurações, podendo-se prever que pequenas variações de temperatura no jato não são percebidas diante da escala de temperatura necessária para se iniciar o processo. É ressaltada também a importância da quantidade de movimento do jato nas perfurações, apontada como o principal fator na busca de altas taxas de penetração. Por fim observam-se fatores de escala, onde dispositivos demasiadamente pequenos, como o deste trabalho, parecem disponibilizar, durante os testes, quantidades de energia de ordem menor do que a prevista. ROCK DRILLING USING HOT SUPERSONIC JET ABSTRACT This work discusses the possibility of applying the thermal spallation technique i.e., the use of hot supersonic jets for drilling and tunneling processes, on certain rocks of interest of the oil drilling industry. This technique was successfully used on granite rocks achieving high penetration rates (1 to 10 m/hr) compared to conventional techniques. An experimental unit using Oxygen – Natural Gas, was developed based on previous studies and operated under different oxidizer to fuel ratios (O/F) hitting flat granite surface samples with the objective of checking the applicability of that method for drilling this kind of rock. It was investigated the drilling performance under several oxidizer to fuel ratios and with the variation of the distance between the drilling jet unit exit plane and the rock surface. The operation of the unit indicated the importance of using a coupled refrigeration system and a displacement mechanism for drilling into the rock surface. The results showed a well defined penetration behavior with the change of the drilling distance from the rock surface (Stand-off distance), where larger hole equivalent diameters were obtained with the approach of the drilling unit to the rock surface. It was observed also that the drilling performance is not strongly influenced by reasonable oxidizer to fuel ratio changes where small jet temperature changes are imperceptible as compared to the temperature required to start the spallation process which is around 800 K. It was also observed the importance of the jet momentum in the process, which seems to be the main factor for achieving high penetration rates. Finally, the small drilling unit used in this work led to the unavoidable occurrence of scale factors due to the small amounts of energy released during the tests. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE SÍMBOLOS LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Pág. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO............................................................................. 25 1.1 - Introdução à Perfuração de Rochas ....................................................... 25 1.1.1 - Técnicas Conhecidas de Perfuração de Rochas........................................ 25 1.1.2 - Perfuração de Rochas por Jato Quente ..................................................... 26 1.2 - Trabalhos Mais Recentes no Ramo de Perfuração de Rochas por Jato Supersônico Quente ........................................................................ 28 1.3 - Objetivos do Trabalho.............................................................................. 29 CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA ....................................................... 31 2.1 - Estudo Bibliográfico................................................................................. 31 2.1.1 - Modos de Fratura ....................................................................................... 32 2.1.2 - Modelos Existentes no Estudo da Descamação Térmica .......................... 33 2.1.3 - Estudos Experimentais Relacionados ao Fenômeno................................. 36 CAPÍTULO 3 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA O PROJETO DO DISPOSITIVO EXPERIMENTAL DE PERFURAÇÃO ................. 41 3.1 - Considerações Adotadas Para o Projeto do Dispositivo Experimental de Perfuração .................................................................... 41 3.2 - Projeto do Motor Foguete ........................................................................ 43 3.2.1 - Combustão Associada aos PropelentesUtilizados .................................... 44 3.2.2 - Cálculo da Tubeira e Relações para Escoamento Compressível .............. 46 3.2.3 - Definições dos Parâmetros de Projeto ....................................................... 48 3.2.4 - Estimativa da Vazão Mássica Utilizada no Dispositivo Experimental......... 50 3.2.5 - Dimensões e Características Operacionais do Experimento. .................... 52 3.2.5.1 - Dimensionamento da Parede da Câmara de Combustão .................... 53 3.2.5.2 - Dimensionamento do Comprimento da Câmara de Combustão .......... 56 3.2.5.3 - Considerações a Respeito do Dispositivo Experimental ...................... 57 3.2.5.4 - Dimensionamento do Ancorador de Chamas....................................... 59 3.2.5.5 - Posicionamento da Vela de Ignição ..................................................... 60 3.3 - Linha de Alimentação Do Dispositivo..................................................... 62 CAPÍTULO 4 - DISPOSIÇÃO E ESQUEMA DO EXPERIMENTO ....................... 63 4.1 - Instalação Experimental........................................................................... 63 4.1.1 - Sistema de Aquisição de Dados................................................................. 65 4.1.1.1 - Especificação dos Medidores de Vazão............................................... 67 4.1.1.2 - Especificação do Transdutor de Pressão ............................................. 68 4.1.1.3 - Especificação dos Sensores de Temperatura ...................................... 70 4.2 - Metodologia de Ensaio............................................................................. 70 4.3 - Percalços Experimentais ......................................................................... 73 4.4 - Especificação dos Ensaios...................................................................... 74 CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................... 77 5.1 - Refinamento dos Dados Brutos .............................................................. 77 5.1.1 - Obtenção das Propriedades do Jato e da Rocha....................................... 77 5.1.2 - Determinação da Taxa de Penetração....................................................... 79 5.1.3 - Determinação da Área de Perfuração ........................................................ 81 5.1.4 - Determinação da Temperatura de Descamação........................................ 82 5.2 - Análise dos dados em Rochas Graníticas.............................................. 83 5.2.1 - Relação da Distância entre o Dispositivo e a Superfície da Rocha e as Dimensões da Perfuração.......................................................................... 83 5.2.2 - Relações de Transferência de Energia ...................................................... 86 5.3 - Análise dos Dados em Rochas Calcáreas.............................................. 89 5.3.1 - Relação da Distância Entre o Dispositivo e a Superfície da Rocha e as Dimensões da Perfuração.......................................................................... 89 5.3.2 - Relações de Transferência de Energia ...................................................... 90 CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES ................................................. 93 6.1 - Ensaios em Granito .................................................................................. 93 6.2 - Ensaios em Calcário................................................................................. 95 6.3 - Sugestôes Para os Próximos Trabalhos ................................................ 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 99 APÊNDICE A – RESULTADOS TÍPICOS DO PROGRAMA (CEC-71)............. 101 APÊNDICE B – DESENHOS EM AUTOCAD..................................................... 141 APÊNDICE C – RELATÓRIO DE ENSAIO......................................................... 145 LISTA DE FIGURAS Pág. 1.1 – Processo de Perfuração por Jato Supersônico Quente............................... 28 2.1 – Processo de Descamação.......................................................................... 33 3.1 – Corpo de Prova Inicialmente Definido pelo CENPES................................... 42 3.2 – Dimensões Propostas para Câmara de Combustão .................................... 55 3.3 – Esquema do Dispositivo Perfurador ............................................................. 58 3.4 – Regiões de um Jato. .................................................................................... 61 3.5 – Posicionamento da Vela de Ignição ............................................................. 61 4.1 - Visão do Bunker n° 4 .................................................................................... 63 4.2 - Esquema de Montagem Experimental Proposto ........................................... 64 4.3 – Aquisição de Dados, Dispositivo de Perfuração e Painel de Controle ......... 65 4.4 - Tela de Leitura do Sistema de Aquisição de Dados...................................... 66 4.5 - Calibração do Transdutor de Pressão........................................................... 69 4.6 - Resfriamento para o Transdutor de Pressão ................................................ 70 4.7 - Ensaio em Rocha Granítica .......................................................................... 74 5.1 - Dados Brutos de Um Ponto de Ensaio.......................................................... 77 5.2 – Definição da Correção da Taxa de Penetração............................................ 80 5.3 – Medida da Área de Perfuração..................................................................... 81 5.4 – Perfurações Obtidas nas Rochas Calcáreas (à esquerda) e Graníticas (à direita).......................................................................................................... 82 5.5 - Diagrama de Blocos para Estimativa da Temperatura de Descamação ....... 83 5.6 - Diâmetro Equivalente Relacionado com a Distância de Aplicação do Jato... 85 5.7 - Influência da Quantidade de Movimento do Jato nas Perfurações ............... 86 5.8 - Influência do SOD (Stand-off Distance) sobre o N° de Stanton .................... 88 5.9 - Comportamento das Dimensões das Perfurações a SOD (Stand-off Distance) ..................................................................................................... 90 6.1 – Placa de Orifício do Ancorador de Chamas ............................................... 141 6.2 - Tubeira de Grafite ....................................................................................... 141 6.3 – Injetor de Propelentes ................................................................................ 142 6.4 – Câmara de Combustão .............................................................................. 142 6.5 – Flange (Junção Tubeira) ............................................................................ 143 6.6 – Camisa para Tubeira de Grafite ................................................................. 143 6.7 – Montagem do Dispositivo de Perfuração.................................................... 144 LISTA DE TABELAS Pág. 3.1 – Considerações de Projeto ............................................................................ 42 3.2 – Considerações dos Propelentes Utilizados .................................................. 43 3.3 – Composição do Gás Natural Boliviano......................................................... 45 3.4 – Parâmetros de Operação .............................................................................49 3.5 – Determinação das Dimensões da Tubeira .................................................. 51 3.6 – Dimensões da Tubeira e Faixa de Vazão Mássica ...................................... 52 3.7 – Determinação do Diâmetro do Ancorador de Chamas................................. 60 4.1 - Especificação dos Medidores de Vazão........................................................ 67 4.2 - Calibração dos Medidores de Vazão ............................................................ 68 4.3 - Ensaios Válidos Efetuados em Rocha Granítica........................................... 75 4.4 - Ensaios Válidos Efetuados em Rocha Calcárea ........................................... 76 5.1 - Propriedades das Rochas ............................................................................. 78 5.2 - Correção da Taxa de Penetração para o Granito ......................................... 80 5.3 - Resultados das Perfurações ......................................................................... 84 5.4 - Energias Térmicas Envolvidas no Ensaios ................................................... 87 5.5 – Resultados para Rocha Calcárea................................................................. 90 LISTA DE SÍMBOLOS Latinos a - Velocidade do som, m s-1 A2 - Área do plano de saída da tubeira, m2 Ac - Área da seção interna da câmara de combustão, m2 At - Área da garganta da tubeira, m2 c* - Velocidade característica, m s-1 CL - Fator de forma dos estilhaços gerados na descamação, adimensional cp - Calor específico a pressão constante, J kg-1 K-1 cpjet - Calor específico a pressão constante do jato, J kg-1 K-1 cpr - Calor específico a pressão constante da rocha, J kg-1 K-1 cv - Calor específico a volume constante, J kg-1 K-1 D2 - Diâmetro da saída da tubeira (exaustão), m Di - Diâmetro interno da câmara de combustão, m di - Diâmetro interno, m dm - Diâmetro médio do cilindro da câmara de combustão, m Dt - Diâmetro da garganta da tubeira, m E - Módulo de Young, GPa F - Força de Empuxo, N F/O - Razão de mistura combustível/oxidante utilizado na combustão, (molar ou mássico) H - Degrau do ancorador de chamas, m 0 fh - Entalpia de formação média dos reagentes, J mol -1 0 sh - Entalpia de formação média dos produtos, J mol -1 k - Razão de calores específicos, adimensional ka - Fator de superfície, adimensional kb - Fator de tamanho, adimensional kd - Fator de temperatura, adimensional L - Comprimento da câmara de combustão, m L* - Comprimento característico da câmara de combustão, m M - Número de Mach, adimensional m - Parâmetro de homogeneidade da rocha, adimensional (valores típicos entre 10 e 20 para o granito) M2 - Número de Mach no plano de saída da tubeira, adimensional Mt - Número de Mach na garganta da tubeira, adimensional ne - Número de moles dos reagentes, mol ns - Número de moles dos produtos, mol O/F - Razão de mistura oxidante/combustível utilizado na combustão, (molar ou mássica) p - Pressão, MPa P - Probabilidade cumulativa de falha para um certo nível de tensão, adimensional p1 - Pressão na câmara de combustão, Pa p2 - Pressão no plano de saída da tubeira, Pa patm - Pressão atmosférica local, Pa jetQ& - Fluxo de calor gerado pelo jato supersônico, MW m -2 rQ& - Fluxo de calor utilizado para o processo de descamação, MW m -2 R - Constante do gás, J kg-1 K-1 Rnoz - Raio da tubeira (plano de saída), m Se - Limite de resistência à fadiga, MPa Sn’ - Limite de resistência à fadiga por flexão cíclica, MPa Srt - Limite de ruptura do material, MPa St - Número de Stanton, adimensional T - Temperatura, K T(z) - Temperatura no interior da rocha (z>0, avança para o interior da rocha), K T1 - Temperatura média na câmara de combustão, K T2 - Temperatura no plano de saída da tubeira, K tc - Espessura da parede da câmara de combustão, m Tjet - Temperatura do jato supersônico, K Tro - Temperatura inicial da rocha (temperatura de equilíbrio), K Ts - Temperatura da superfície da rocha no momento de descamação, K u - Velocidade do escomento, m s-1 u2 - Velocidade no plano de saída da tubeira, m s-1 ujet - Velocidade do jato supersônico, m s-1 ur - Taxa de penetração, m s-1 v - Volume específico, m3 kg-1 v1 - Volume específico na câmara de combustão, m3 kg-1 v2 - Volume específico no plano de saída da tubeira, m3 kg-1 Vc - Volume da câmara de combustão, m3 X - Distância entre o centro da vela de ignição e o ancorador de chamas, m zdr - Distância entre o plano de saída da tubeira e a superfície da rocha, m Gregos αr - Difusividade térmica da rocha, µm2 s-1 β - Coeficiente linear de expansão térmica, µΚ−1 e _ h∆ - Entalpia Sensível média dos reagentes, J mol-1 s _ h∆ - Entalpia Sensível média dos produtos, J mol-1 ∆T - Diferença de temperatura, K ∆Ts - Diferença de temperatura entre a superfície exposta da rocha e a sua temperatura inicial (equilíbrio), K ν - Coeficiente de Poisson, adimensional (relação entre as tensõe transversais e logitudinais) ρGNV - Densidade do gás natural veicular, kg m-3 ρjet - Densidade do jato supersônico, kg m-3 ρO2 - Densidade do oxigênio, kg m-3 ρr - Densidade da rocha, kg m-3 σ - Tensão térmica acumulada, Mpa σ0 - Tensão de ruptura da rocha para uma homogeneidade m, Mpa m3/20 θ - Ângulo de incidência do jato na saída do ancorador de chamas, ° Especiais GNVm& - Vazão mássica de Gás Natural Veicular, kg s-1 2Om& - Vazão mássica de Oxigênio, kg s-1 m& - Vazão mássica, kg s-1 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS CENPES - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello GNV - Gás Natural Veicular INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais LCP - Laboratório Associado de Combustão e Propulsão PUC Rio - Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro CEC-71 - Chemical Equilibrium Code - 1971 24 25 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 Introdução à Perfuração de Rochas No século XX, com o desenvolvimento industrial e econômico do mundo, pesquisas no ramo energético estiveram sempre presentes com o objetivo de proporcionar eficiência e diminuir custos para a obtenção de energia. A alavanca do crescimento industrial foi a fonte de energia mais procurada, o petróleo. Localizado inicialmente a pequenas profundidades, meios para a sua extração foram criados e aperfeiçoados com o passar dos anos. Porém, à medida em que era prospectado e consumido, as jazidas mais superficiais foram se esgotando e a procura por este líquido precioso se tornava cada vez mais complexa uma vez que os custos de prospecção aumentam exponencialmente com a distância de perfuração. A profundidade em que era encontrado tornava-se cada vez maior, elevando os custos e tornando a sua exploração cada vez menos viável. Novos meios de perfuração mais baratos, permitiam a procura por petróleo em camadas cada vez mais profundas e é daí que, a cada ano, são estudados novos meios de se conseguir eficiência nos meios de perfuração. Assim, a exploração do petróleo se tornou a principal responsável pela pesquisa no ramo das perfurações. O desafio é encontrar sempre meios mais baratos e rápidos de perfuração, proporcionando viabilidade em perfurações mais profundas. 1.1.1 Técnicas Conhecidas de Perfuração de Rochas Dentre as técnicas mais conhecidas, se encontam a perfuração convencional por brocas rotativas, a perfuração por pulsos percussivos e a perfuração porjatos hidráulicos (Williams et al., 1988). Não raro estas técnicas são auxiliadas por substâncias como óleos especiais, tais como a bentonita e a baritina, por exemplo. 26 Dentre as técnicas não muito convencionais, encontramos a perfuração por plasma, por laser e a perfuração por jato quente. Todas estas técnicas esbarram ou na complexidade do projeto da unidade de perfuração, influenciando diretamente o custo de perfuração, ou na inviabilidade de perfurar certos tipos de materiais, tornando o processo ineficiente para regiões de grande diversidade rochosa. No entanto, sabe-se que o custo da perfuração está relacionado diretamente com o tempo gasto no processo. Sabe-se ainda que a troca das brocas por desgaste ou mesmo pequenas taxas de perfuração (de 0,1 a 1 m/h) devido à dureza do material da rocha são os principais fatores que contribuem para o acréscimo de tempo e custos nas perfurações convencionais segundo Rauenzahn (1986). Com isso, as pesquisas neste ramo nos últimos anos buscaram conseguir maiores taxas de penetração em rochas mais resistentes e proporcionar dispositivos de perfuração com menor desgaste e manutenção, permitindo o alcance de maiores profundidades sem a necessidade de trocas do dispositivo perfurador por longos períodos. 1.1.2 Perfuração de Rochas por Jato Quente Neste trabalho é dada atenção ao método de perfuração por jato supersônico quente, um dos métodos anteriormente mencionados. Tal método consiste em apontar um jato quente para a superfície de uma rocha, a fim de criar tensões térmicas que proporcionam a fratura da mesma em pequenos estilhaços, retirando a camada superficial da rocha continuamente e produzindo uma perfuração. O fundamento do método é que rochas com difusividade térmica baixa podem acumular quantidades elevadas de energia, proporcionando altas tensões térmicas no seu interior. Dependendo das características físicas dos materiais dessas rochas e com o acúmulo de tensões térmicas geradas pelo jato quente, pequenas falhas internas podem se propagar em trincas desencadeando um processo de descamação da rocha em pequenos 27 estilhaços. Este método de perfuração tem grande eficiência em rochas mais duras como o granito ou quartzo, onde as taxas de penetração são mais altas se comparadas às taxas obtidas com os métodos convencionais. A fonte de calor para o aquecimento da rocha pode ser elétrica (comumente feixe de laser) ou química (combustão). No primeiro caso, o acúmulo dos estilhaços gerado na descamação, tende a obstruir a superfície da rocha, prejudicando a continuidade do processo. Jatos de gases supersônicos quentes, gerados por combustão, parecem mais eficientes por proporcionar altos fluxos de calor ao mesmo tempo em que podem carregar os estilhaços gerados para fora do local da perfuração. O fenômeno seria auxiliado pela grande quantidade de movimento do jato, resultado das altas velocidades envolvidas no processo. Neste caso, um motor foguete poderia ser usado como ponto de partida para a idealização de um dispositivo perfurador. A FIGURA 1.1 mostra um exemplo de um dispositivo seguindo esta linha de raciocínio. Foi constatado por Rauenzahn (1986) que fluxos de calor da ordem de 1 a 10 MW/m2 seriam necessários para o desencadeamento deste processo de perfuração. Tais fluxos de calor poderiam ser obtidos facilmente com a queima de misturas de propano, gás natural com oxigênio ou com ar, onde suas temperaturas de combustão se encontram na faixa de 2500 a 3000 K, tornando o processo viável. Além disso, estudos em campo demonstraram que, para o método por descamação térmica, a elevação dos custos de perfuração com a profundidade ocorre à uma taxa linear, consistindo em um importante fator para seu desenvolvimento. 28 FIGURA 1.1 – Processo de Perfuração por Jato Supersônico Quente. FONTE: Adaptada de Wilkinson e Tester (1992). 1.2 Trabalhos Mais Recentes no Ramo de Perfuração de Rochas por Jato Supersônico Quente Diversas pesquisas neste ramo têm sido realizadas nos últimos anos. E os estudos se diversificaram em todos os aspectos do processo de perfuração, se estendendo desde o mecanismo de fratura da rocha, passando pelo processo de transferência de calor, até, finalmente, aos dispositivos experimentais e às predições numéricas. Mesmo com métodos avançados de pesquisa, um problema desta ordem, envolvendo estudos mineralógicos, estatística, transferência de calor e escoamento compressível supersônico, dificulta uma análise com soluções gerais e restringem a validade dos equacionamentos para casos isolados. Dentre as maiores dificuldades se encontram a medição da temperatura no momento da descamação da rocha. Nesta região, uma camada logo abaixo da 29 superfície da rocha, é difícil a determinação da temperatura através de sensores como termopares, uma vez que a camada é muito fina (na ordem de microns), e a taxa de penetração é muito alta (na ordem de metros por hora). A medição da temperatura, por este método, no momento exato da descamação é dificultada pela chegada do jato quente, o que provoca a destruição do sensor antes da estabilização da temperatura na aquisição. A obtenção da temperatura na superfície exposta da rocha é importante por permitir a estimativa do fluxo de calor entre a rocha e o jato supersônico. Outra dificuldade encontrada nesses estudos é a derivação de uma expressão analítica universal para o comportamento da descamação por fratura em vários tipos de rocha com a aplicação do jato supersônico quente. E por fim, ainda é encontrada certa dificuldade de representar o processo numericamente devido à complexidade dos modelamentos e os fenômenos físico-químicos envolvidos. Mesmo assim, importantes relações já foram obtidas, os estudos numéricos se encontram em estágio avançado (Wilkinson e Tester, 1993) e os equacionamentos descrevem com razoável fidelidade alguns casos mais comuns. Além disso, dispositivos experimentais demonstraram sucesso em perfurações realizadas por Williams et al. (1988), com diâmetros de 30 cm, profundidades de 300 m e velocidades de perfuração de até 10 m/h. 1.3 Objetivos do Trabalho Seguindo a abordagem dos trabalhos experimentais mais recentes nesta área como por exemplo o de Rauenzahn e Tester (1991), o presente trabalho tem como objetivo desenvolver um dispositivo experimental para o estudo da perfuração de rochas por jato supersônico quente. Tem como objetivo também confirmar a viabilidade do método em rochas graníticas. Resultados em rochas calcáreas também serão explorados, a fim de investigar o comportamento do mecanismo de perfuração em rochas com características diferentes das rochas policristalinas. 30 O estudo é parte de um Projeto ora em execução no LCP–INPE e no Departamento de Engenharia Mecânica da PUC – Rio com recursos principalmente advindos do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello (CENPES – PETROBRÁS), que também forneceu as amostras de rocha pesquisadas. Serão analisadas relações entre distâncias do jato à superfície da rocha com o diâmetro equivalente de perfuração, efeitos da razão de mistura dos propelentes e observados fatores como refrigeração do sistema, controle e aquisição de dados. Este trabalho busca comprovar a eficiência do processo com experimentos em pequena escala, permitindo o controle e a aquisição dos parâmetros mais importantes envolvidos no experimento, na expectativa de resultados que possam servir como base para a operação em dispositivos em escalas industriais. E por fim, esta pesquisa buscacompreender melhor este método de perfuração pouco explorado, permitindo direcionar futuros estudos para ramos mais específicos da atividade. 31 CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Estudo Bibliográfico O mecanismo de descamação de rochas por aplicação superficial de altos fluxos de calor é descrito em estudos realizados por Freeman et al. (1963) e por Soles e Geller (1964) citados por Rauenzahn (1986), com foco nas características termomecânicas das rochas e dos modos de fratura. Além de análises termomecânicas, estudos direcionados à perfuração de rochas por jato supersônico quente e importantes melhoramentos nos dispositivos experimentais foram realizados por Calaman e Rolseth (1961) citados por Rauenzanh (1986), permitindo avanços consideráveis neste método de perfuração. Estudos voltados exclusivamente para perfuração de rochas por jato supersônico quente foram realizados com sucesso por Browning (1981) e Williams (1985) citados por Rauenzahn (1986). Estudos neste sentido também foram realizados em grande escala pelo laboratório de Los Alamos por Williams et al. (1988) onde foram analisados os principais mecanismos do processo de perfuração por jato quente. Observações em estudos experimentais de Preston (1934) citado por Rauenzahn (1986) demonstraram que o processo de perfuração por jato quente é melhor descrito como um processo de descamação da rocha. De acordo com esses estudos, fluxos de calor gerados pelo jato quente na superfície das rochas proporcionam altas tensões térmicas. Pela teoria estatística de falhas por tensões, tais tensões internas seriam suficientes para desencadear o crescimento de micro-fissuras em regiões de não- homogeneidade da rocha. Essas micro-fissuras se desenvolveriam até entrarem em uma condição instável (falha crítica por propagação de diversas fissuras), ocasionando a falha por ruptura da região superficial em pequenas 32 placas ou estilhaços (descamação ou spall). Este processo contínuo de descamação resulta no avanço da retirada de material da superfície da rocha ocasionando a perfuração. 2.1.1 Modos de Fratura O mecanismo de fratura das rochas por tensões térmicas geradas pela incidência de um jato quente foi descrito por Rauenzahn (1986) e Rauenzahn e Tester (1991) com base em estudos de Dey (1984) e de Preston (1934) citados por Rauenzahn (1986). A superfície da rocha exposta ao jato quente tem sua temperatura elevada por efeito de convecção e radiação do jato, a energia térmica é então tranferida por condução de calor para o interior da rocha. Uma pequena porção desta superfície fica exposta a altos gradientes de temperatura gerando grandes tensões térmicas em camadas paralelas à superfície. Qualquer falha pré- existente no material se estende, sob tensão de compressão, na direção de aplicação da tensão. Deste modo as micro-fissuras se desenvolvem paralelamente à superfície da rocha, já que a tensão de compressão atua também paralelamente à mesma. Não encontrando resistência na região superficial, esta camada, comprimida, pode sofrer flambagem (Boley e Weiner, 1960). Por fim, as extremidades desta camada, sob efeito das tensões, se rompem, criando o estilhaço (descamação ou spall). Assim, abaixo de cada estilhaço gerado, são expostas novas superfícies ao jato quente e todo o mecanismo se repete sucessivamente, ocasionando a perfuração por descamação como pode ser visualizado na FIGURA 2.1. 33 FIGURA 2.1 – Processo de Descamação FONTE: Adaptada de Rauenzahn (1986). 2.1.2 Modelos Existentes no Estudo da Descamação Térmica Outros mecanismos similares para falhas foram propostos por Peng e Johnson (1972) para a ruptura em rochas no formato cilíndrico, com considerações idênticas às dos trabalhos anteriores. Em todo o caso, os estudos foram baseados nos trabalhos de Dey (1984) e de Preston (1934) citados por Rauenzanh (1986) que propuseram um mecanismo de falhas que descrevia de modo quantitativo o problema. Como a teoria da descamação das rochas por jato supersônico quente está baseada nas tensões térmicas internas geradas por uma fonte de calor, o desafio é encontrar uma relação entre as propriedades termomecânicas da rocha e o fenômeno físico de transferência de calor do jato para a superfície a ser perfurada. Inicialmente, foi constatado que o mecanismo de perfuração funcionava melhor em rochas com grande quantidade de quartzo (rochas policristalinas), fazendo- se supor que o processo de fratura da rocha se relacionaria com as mudanças 34 de fase α−β do quartzo, o que ocorre aproximadamente a 573° C. No entanto, uma possível mudança de fase do material poderia prejudicar a continuidade do processo, uma vez que porções de rochas fundidas na superfície de perfuração poderiam aumentar a difusividade térmica, invalidando as demais teorias de falhas por tensões térmicas atuantes e contribuindo para a fundição do material superficial da rocha. Gray (1965) citado por Rauenzahn (1986) propôs um equacionamento onde a superfície de um material rochoso homogêneo e elástico, aquecida uniformemente, apresenta uma tensão térmica acumulada de intensidade igual a: ν βσ − ∆= 1 TE , (2.1) onde β é o coeficiente linear de expansão térmica, E é o módulo de Young, ν o coeficiente de Poisson e ∆T a diferença de temperatura entre a superfície exposta da rocha T(z) (considerando que Ts i.e., a temperatura de fratura da rocha, ainda não seja conhecida) e a temperatura inicial da mesma Tro, com z>0 avançando para o interior da rocha. Como a superfície lateral adjacente à área aquecida é muitas ordens de grandeza maior do que a dimensão de uma descamação, a hipótese de condução de calor unidimensional na direção da perfuração é uma boa consideração. Deste modo, admitindo que o processo ocorra em uma camada muito fina, a transferência de calor pode ser aproximada por um processo de condução transiente unidimensional em um corpo semi-infinito. Supondo ainda que a rocha se comporte como um sólido em sublimação, onde sua superfície avança à velocidade uniforme ur toda vez que a temperatura Ts for atingida, a distribuição de temperatura no interior da rocha pode ser expressa por (Carslaw e Jaeger, 1959): 35 ( ) ro r r s T zuexpTzT + −∆= α , (2.2) onde ur é a taxa de penetração, αr é a difusividade térmica da rocha, e ∆Ts=Ts- Tro é a diferença entre a temperatura de descamação da rocha Ts e a temperatura inicial da rocha Tro. Considerando-se ainda a probabilidade cumulativa de falha para um certo nível de tensão, Rauenzahn (1986) propôs uma fórmula empírica utilizando a função de distribuição estatística de Weibull (1951), dependente de duas variáveis do material da rocha obtidas experimentalmente (m, σ0): −−= ∫ ∞ 0 0 1 dvexpP m σ σ , (2.3) onde m, o parâmetro de homogeneidade, expressa o grau de uniformidade do material. Na medida que o valor de m tende ao infinito, mais homogênea é a rocha e a tensão de ruptura tende ao valor de σ0. Substituindo a equação (2.1) nas equações (2.2) e (2.3), pode-se relacionar a probabilidade de falha como função da diferença de temperatura entre a superfície e o interior da rocha. Considerando-se ainda a probabilidade média para a formação de uma escama (P=0,5), chega-se a: ( ) m r r m L s mu CE T 31 2 0 38611 −=∆ απβ σν , , (2.4) onde CL é o fator de forma dos estilhaços gerados, uma relação entre diâmetroe espessura dos mesmos, podendo assumir valores típicos para o granito compreendidos entre 10 e 15. 36 Derivando da equação (2.2) obtem-se uma relação direta entre a velocidade de perfuração e o fluxo de calor, rQ& , envolvido no processo dado por: rQ& =(ρcP)rur ∆Ts . (2.5) Então, substituindo na equação (2.4), pode-se escrever: ( ) 3 1 3 2 0 3 38611 + − = m rL m rp r s m C , Ec QT απβ σν ρ∆ & . (2.6) E assim, de posse dos valores dos parâmetros térmicos e mecânicos presentes nesta equação, que podem ser medidos ou estimados, a temperatura da superfície da rocha durante o processo de perfuração pode ser calculada, uma vez conhecido o valor de rQ& que leva à descamação. Os valores dos parâmetros físicos definidos na equação acima para um granito típico, foram propostos por Rauenzahn (1986), onde, m = 20, β = 8 µΚ−1, E = 45GPa, σ0 = 70 MPa m3/20, ν =0,25 (adimensional) e αr = 1 µm2/s. Com estes valores, para um fluxo de calor variando de 1 a 10 MW/m2, a temperatura da superfície exposta da rocha deverá se situar entre 450 e 550° C. 2.1.3 Estudos Experimentais Relacionados ao Fenômeno Na tentativa de se obter diretamente a temperatura da superfície da rocha no momento da descamação térmica, algumas técnicas experimentais de medição foram sugeridas em estudos mais recentes. Rauenzahn (1986) propôs ensaios utilizando vários termopares distribuídos no interior da rocha. Sabendo exatamente a localização de cada termopar, o tempo de cada ensaio e a temperatura em cada um destes pontos, propôs-se um modelo de distribuição de temperatura, e deste modo a temperatura da superfície exposta da rocha (Ts) pôde ser obtida. Porém, erros relacionados a 37 tempo de resposta dos termopares, bem como a danificação de algumas unidades pela exposição direta ao jato quente com o avanço do dispositivo perfurador para o interior da rocha, não permitiram muita acurácia nas medidas. Fatores como perda de calor nas paredes, variações na vazão de propelentes e imperfeições no material da rocha, contribuem para a dificuldade de se estimar adequadamente o fluxo de calor transferido para a superfície da rocha. Wilkinson e Tester (1993) obtiveram uma medida mais exata da temperatura na superfície da rocha, utilizando um sensor infravermelho previamente calibrado. A medição da temperatura baseava-se na emissividade da superfície da rocha no momento da descamação térmica. Um feixe de laser potente com fluxo de calor previamente definido foi usado para a calibração da coloração das imagens obtidas com o sensor infravermelho. Em seguida, com a aplicação do fluxo de calor por um jato supersônico, o campo de temperatura na superfície pôde ser obtido, diretamente, pela coloração das imagens. Neste caso, a visualização direta do campo de temperatura permitiu que os erros de medição fossem minimizados. Em ambos os casos a quantidade de calor transferida para a rocha é função da distância adimensionalizada SOD (stand-off distance), proposta por Rauenzahn (1986) e que pode ser definida como: noz dr R ZSOD ≡ , (2.7) onde Zdr é definida como a distância entre a saída do bocal do jato e a superfície exposta da rocha e Rnoz o raio da saída do bocal do jato. Resultados experimentais são geralmente comparados em termos adimensionais, utilizando-se o número de Stanton como a referência para as relações entre quantidades de calor envolvidas no processo. Para o estudo do processo de descamação térmica ele é definido como: 38 jet r Q QSt & & = , (2.8) onde rQ& é a o fluxo de calor transferido para a rocha, e jetQ& é o fluxo de calor fornecido pelo jato supersônico quente. De acordo com o balanço energético considerando um volume de controle ao redor da interface entre o gás do jato quente e a rocha, o fluxo de calor transferido para a rocha é igual a: ( ) ( )rosrrpr TTucQ −= ρ& , (2.9) onde ρr é a densidade da rocha, cp r o calor específico da rocha, ur a velocidade de perfuração, Ts a temperatura na superfície da rocha no momento da descamação e Tro a temperatura inicial da rocha no equilíbrio. Já o fluxo de calor disponibilizado pelo jato quente para a rocha é: ( ) ( )sjetjetjetpjet TTucQ −= ρ& , (2.10) onde ρjet é a densidade dos gases de escape do jato, cp jet o calor específico à pressão constante na saída do jato, ujet a velocidade do jato no plano de saída do bocal, Tjet a temperatura do jato no plano de saída do bocal, e Ts a temperatura na superfície da rocha no momento da descamação. A partir destes parâmetros as relações de interesse para o estudo experimental da descamação térmica podem ser obtidas, como por exemplo o comportamento do número de Stanton com a distância adimensionalizada SOD. Fatores como razão de mistura, os propelentes utilizados, o tipo de rocha, bem como a diferença de pressão entre a câmara de combustão do dispositivo e a atmosfera, influenciam diretamente nos resultados experimentais, uma vez que estes parâmetros estão diretamente relacionados com os fluxos de calor envolvidos. 39 Lembrando ainda que os estudos anteriores se concentraram exclusivamente no granito, com dispositivos abastecidos por querosene e ar, a possibilidade de pesquisa da descamação térmica utilizando diversos tipos de rocha e propelentes totalmente gasosos abre um imenso leque de opções não exploradas neste campo. 40 41 CAPÍTULO 3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA O PROJETO DO DISPOSITIVO EXPERIMENTAL DE PERFURAÇÃO 3.1 Considerações Adotadas Para o Projeto do Dispositivo Experimental de Perfuração Na tentativa de se desenvolver um perfurador por descamação térmica de rochas, são primeiramente analisadas as principais características do processo e a possibilidade de se construir um aparato experimental de fácil operação e sua viabilidade. De acordo com estudos anteriormente mencionados, as principais características do processo de perfuração de rochas por descamação são: - Altas velocidades de jato, no caso supersônicas. - Altas temperaturas do jato, acima de 2500 K. - Fluxos de calor da ordem de 1-3 MW/m2 A geração de tal fluxo de energia, associado à velocidade supersônica na saída do jato, sugerem o projeto de um motor foguete. Quanto ao fator operacional deve-se atentar também para a velocidade de perfuração, bem como para com a distância do jato à superfície da rocha. Estes fatores naturalmente dependem das propriedades termofísicas da rocha a ser perfurada. Como ponto de partida, foi escolhido o tipo de rocha usado no experimento e definidas as suas dimensões. Os corpos de prova que seriam previamente disponibilizados pelo CENPES deveriam ser de granito, em formato cilíndrico, com 122 mm de diâmetro e aproximadamente 200 mm de altura. 42 FIGURA 3.1 – Corpo de Prova Inicialmente Definido pelo CENPES Com base nestas informações iniciais foi possível conceber um dispositivo para a experiência com perfurações por descamação térmica. Foi considerada uma faixa de operação para o dispositivo variando-se os dados de entrada dos parâmetros mais importantes, como por exemplo a pressão de trabalho e a estequiometria da mistura. Dentro das condições impostas, seria possível transferir e/ou dissipar a energia disponibilizada pelo jato em uma área circular definida entre 40 a 60% do diâmetro dos corpos de prova, bem como se poderia trabalhar com 1 a 3 MW/m2 de fluxo de calor transferido para a rocha. Logo, foram considerados os quatro casos,dados na TABELA 3.1. TABELA 3.1 – Considerações de Projeto. Fluxo de Calor Necessário Diâmetro de Perfuração MW/m2 % do diâmetro dos corpos de prova 1 40 1 60 3 40 3 60 Como ponto de partida é necessário definir o par combustível/oxidante para o funcionamento do motor foguete. Diante da necessidade de se obter altas temperaturas na saída do jato e levando-se em consideração a disponibilidade, bem como o fator econômico na obtenção dos propelentes, foram cogitadas duas misturas apresentadas na TABELA 3.2. 43 TABELA 3.2 – Considerações dos Propelentes Utilizados. Combustível Oxidante CH4 (metano) O2 Gás Natural (GNV) O2 Nota a respeito da tabela 3.2: Considera-se que os componentes estejam na fase gasosa. Em termos de comparação, foram usados valores de pressão de câmara próximos aos usados nos experimentos realizados por Rauenzahn (1986). Com isso pode-se obter uma estimativa para os resultados experimentais a partir dos cálculos teóricos. Deste modo foram considerados os seguintes valores para a pressão de câmara do motor: - 8 atm. - 9 atm. - 10 atm. Definidas as faixas de operação do dispositivo, foram executados os cálculos físico-químicos necessários, e então, definidas algumas dimensões como ponto de partida para o dimensionamento da câmara de combustão do motor foguete. 3.2 Projeto do Motor Foguete Um motor foguete que utiliza energia química funciona através da reação dos propelentes, que são transformados em gases quentes, que por sua vez são acelerados através de um bocal e ejetados a alta velocidade (Sutton,1992). Todo projeto de um motor foguete parte de dois princípios: - Os propelentes usados para a combustão e a energia associada a este par combustível/oxidante. - Faixa de operação (pressão da câmara, empuxo, velocidade do jato) para o dimensionamento da tubeira. 44 A seguir, são apresentados a teoria e o equacionamento necessário para o projeto de um motor foguete, com foco nos dois princípios básicos de projeto apresentados acima. 3.2.1 Combustão Associada aos Propelentes Utilizados Imposições para o cálculo: - Componentes da reação considerados gases perfeitos. - Equilíbrio químico considerado na reação. No caso dos dois pares combustível/oxidante escolhidos, as equações simplificadas que regem as reações na estequiometria são: - Para o metano 2224 22 COOHOCH ENERGIA +⇔+ , (3.1) Com uma razão molar de mistura F/O(Combustível/Oxidante) = 0,5. - Para o GNV De acordo com a Gerência de Transporte da Petrobrás o posto de abastecimento localizado no km 58 da Rodovia Presidente Dutra, na cidade de Guaratinguetá fornece gás natural veicular boliviano. Para os cálculos com a reação da mistura de GNV/O2 sua composição média é dada pela TABELA 3.3 : 45 TABELA 3.3 – Composição do Gás Natural Boliviano. Elementos Composição (% volumétrica) Metano 88,27 Etano 7,67 Propano 1,55 I-Butano 0,16 N-Butano 0,29 I-Pentano 0,08 N-Pentano 0,065 Hexano e Superiores 0,075 Nitrogênio 1,19 Dióxido de Carbono 0,64 Total 100 A reação estequiométrica simplificada para o Gás natural é então representada por, 2222 011900939521187511657252 N,OH,CO,O,GNV ENERGIA ++⇔+ , (3.2) Com uma razão de mistura F/O=0,46. Através da reação acima são estimadas, por um processo iterativo, as temperaturas médias de combustão para cada reação. Para isso é aplicada a primeira lei da termodinâmica para sistemas reagentes em um processo adiabático em regime permanente (Van Wylen and Sonntag, 1985): 46 sP __ fs eR __ fe hhnhhn ∑∑ += + ∆∆ 00 (3.3) Onde n são os números de moles, 0fh são as entalpias de formação e _ h∆ são as entalpias sensíveis de cada componente. Os sub-índices “e” e “s” correspondem respectivamente a “reagentes” e “produtos”. De posse das temperaturas das reações e energia associadas à combustão dos componentes, são realizados os cálculos referentes ao projeto da tubeira do motor foguete. 3.2.2 Cálculo da Tubeira e Relações para Escoamento Compressível O projeto da tubeira é baseado nas leis de escoamento compressível. Com o projeto da tubeira é possível determinar, a partir das propriedades da câmara de combustão, as propriedades do jato supersônico no plano de saída da mesma (Sutton, 1992). Hipóteses de trabalho: - A substância de trabalho (produto da reação química entre os propelentes) é homogênea; - Todas as espécies do fluido de trabalho são gasosas e qualquer fase condensada líquida ou sólida tem massa desprezível; - A substância de trabalho obedece à lei dos gases perfeitos; - Não existe transferência de calor pelas paredes, logo o escoamento é adiabático; - O escoamento de propelente é permanente e constante e a expansão se faz de maneira uniforme e estável; - Os gases de exaustão que passam pelo bocal possuem velocidades orientadas na direção do eixo de simetria; - Não há atrito e os efeitos de camada limite são desprezados; 47 - Não há ondas de choque ou descontinuidades no escoamento pelo bocal. Das imposições acima, cálculos realizados no projeto da tubeira do motor foguete podem ser levantados a partir das equações que relacionam os estados iniciais e finais de processos isentrópicos (Anderson, 1982). Deste modo, v p c c k = , (3.4) Rcc vp =− . (3.5) Onde cp é o calor específico a pressão constante, cv é o calor específico a volume constante e R é a constante universal dos gases dividida pela massa molecular da substância de trabalho, todos na unidade J/kg.K. E assim, )k( k )k( v v p p T T 1 1 2 1 2 1 2 1 −− = = . (3.6) Onde T1 é a temperatura no ponto 1 e T2 é a temperatura no ponto 2 respectivamente. v é o volume específico e p a pressão. Sabendo que a velocidade do som para gases perfeitos é definida como kRTa = . (3.7) Pode-se definir o número de Mach como 48 a uM = , (3.8) onde u é a velocidade do escoamento e a é a velocidade do som. E assim é possível relacionar todas as equações isentrópicas apresentando-as em termos de M. A equação da razão das áreas para bocais isentrópicos pode ser expressa em termos de número de Mach: ( )[ ] ( )[ ] 1 1 2 2 2 2 2 211 211 − + −+ −+= k k t t t M/k M/k M M A A . (3.9) Deste modo, a tubeira do motor foguete pode ser calculada considerando-se apenas transformações isentrópicas. As condições da câmara de combustão equivalem às condições de estagnação, onde a velocidade do escoamento é igual a 0, as condições de garganta equivalem às condições críticas onde M é igual a 1 e finalmente, as condições da saída da tubeira são obtidas através da expansão isentrópica dos gases até a pressão atmosférica local. Esta configuração de bocal (Bocal De Laval) proporciona a aceleração do escoamento a velocidades supersônicas, transformando grande parte da energia térmica da reação dos propelentes em energia cinética (velocidades altas). 3.2.3 Definições dos Parâmetros de Projeto Devido à repetibilidade dos cálculos e com a intenção de se minimizar o tempo de obtenção de resultados, além da maior praticidade, foi utilizado o programa CEC-71 (Gordon e MacBride, 1976), dedicado a cálculos com equilíbrio químico, detonações de Chapman-Jouguet, escoamentos compressíveis e problemas dotipo motor foguete para a obtenção dos resultados de projeto. Com este programa computacional, a teoria e o equacionamento definidos 49 anteriormente puderam ser aplicados em diversas condições de trabalho, a fim de, prever a melhor faixa de operação do dispositivo experimental. Os valores dos calores de formação para cada componente dos propelentes, necessários como dados de entrada para os cálculos, foram obtidos ou estimados a partir de Penner (1957). Comparando-se esses resultados pode-se chegar à algumas conclusões: - Devido às diferenças desprezíveis encontradas entre os resultados obtidos para o CH4 e o GNV, pode-se considerar os cálculos baseados na reação GNV/oxigênio. - Com a faixa de operação limitada pelo corpo de prova disponibilizado, valores de fluxo de calor abaixo de 3 MW/m2 tornam as dimensões da tubeira muito pequenas, ao ponto de comprometer sua construção. - Da mesma forma, tomando-se 40% do diâmetro do corpo de prova como o diâmetro de perfuração faz com que o transporte de energia necessário para a descamação da rocha seja menor. Conseqüentemente, são obtidas pequenas vazões mássicas, inviabilizando a construção da tubeira e o controle das quantidades de propelentes utilizados. De acordo com os resultados obtidos, foram definidas as faixas de operação do dispositivo experimental, como mostrado na TABELA 3.4. TABELA 3.4 – Parâmetros de Operação. Pressão da Câmara 7-10 atm Razão de Pressão 7-10 Fluxo de Calor 1-5 MW/m2 Diâmetro Perfurado 60% do diâm. do corpo de prova Faixa de operação Onde a razão de pressão é a relação entre a pressão da câmara e a pressão atmosférica. 50 3.2.4 Estimativa da Vazão Mássica Utilizada no Dispositivo Experimental Os resultados obtidos no CEC-71 (Gordon e MacBride, 1976) foram aplicados à uma planilha Excel onde foram implementados os cálculos necessários para a obtenção das dimensões da tubeira e da vazão mássica do motor foguete. Aplicando a teoria de transferência de calor e massa (Incropera e De Witt, 1992), ( )sjetpjet TTcmQ −= && , (3.10) onde Q& (fluxo de calor) é definido através de Rauenzahn (1986), como sendo compreendido entre 1 e 5 MW/m2. cp jet é obtido através dos resultados do CEC-71 (Gordon e MacBride,1976). (Tjet-Ts) é previsto de acordo com valores de estudos de penetração nas rochas por Wilkinson e Tester (1993). Para o caso mais comum, em uma perfuração na velocidade de 1 m/hr, a temperatura da superfície da rocha permanece entre 450 e 550° C ou aproximadamente 800K. Obtêm-se assim m& , e através da relação F/O (mássica), a quantidade de combustível e oxidante usada na reação necessária para o processo de perfuração por descamação térmica. Com as relações A2/A1 e c* apresentadas nos resultados do programa CEC-71 (Gordon e McBride, 1976) no Apêndice A, são definidas as dimensões da tubeira, de acordo com a equação abaixo. m Apc t* & 1= , (3.10) onde c* é a velocidade característica, parâmetro relacionado com a eficiência do propelente, p1 a pressão na câmara de combustão e At a área da garganta da tubeira. Na TABELA 3.5 são apresentados de forma simplificada estes resultados. 51 TABELA 3.5 – Determinação das Dimensões da Tubeira. Pressão da Câmara = 7 atm O/F = Estequiométrico P1/Patmosférica mJet (kg/s) Cp (J/kg*K) ∆T(K) c*(m/s) A2/At Dt(m) D2(m) Mach u2(m/s) a(m/s) R(J/kg*K) Tjet(K) Ts(K) 6 7,82E-04 1,01E+04 2126 1759 1,75 0,00157 0,0021 1,88 2011,0 1068,3 981,5 2898,9 773,2 7 7,97E-04 1,01E+04 2094 1759 1,93 0,00159 0,0022 1,97 2088,0 1060,0 970,7 2867,4 773,2 8 8,11E-04 1,00E+04 2067 1759 2,12 0,0016 0,0023 2,04 2151,5 1052,9 960,9 2840,6 773,2 9 8,23E-04 1,00E+04 2044 1759 2,30 0,00161 0,0024 2,11 2205,4 1046,7 952,9 2817,2 773,2 10 8,35E-04 9,96E+03 2023 1759 2,48 0,00162 0,0026 2,16 2252,0 1041,3 945,2 2796,6 773,2 11 8,46E-04 9,93E+03 2005 1759 2,65 0,00163 0,0027 2,21 2293,1 1036,4 937,6 2778,1 773,2 12 8,56E-04 9,89E+03 1988 1759 2,82 0,00164 0,0028 2,26 2329,5 1031,9 931,0 2761,4 773,2 Pressão da Câmara = 8 atm O/F = Estequiométrico P1/Patmosférica mJet (kg/s) Cp (J/kg*K) ∆T(K) c*(m/s) A2/At Dt(m) D2(m) Mach u2(m/s) a(m/s) R(J/kg*K) Tjet(K) Ts(K) 6 7,90E-04 9,96E+03 2139 1762 1,75 0,0015 0,0020 1,88 2014,5 1070,2 969,8 2912,2 773,2 7 8,06E-04 9,91E+03 2107 1762 1,93 0,0015 0,0021 1,97 2091,5 1061,8 958,3 2880,3 773,2 8 8,20E-04 9,87E+03 2080 1762 2,12 0,0015 0,0022 2,04 2155,1 1054,7 949,5 2853,2 773,2 9 8,32E-04 9,83E+03 2056 1762 2,30 0,0015 0,0023 2,11 2209,1 1048,4 940,8 2829,5 773,2 10 8,44E-04 9,80E+03 2035 1762 2,48 0,0015 0,0024 2,16 2255,8 1042,9 933,2 2808,6 773,2 11 8,55E-04 9,76E+03 2017 1762 2,65 0,0015 0,0025 2,21 2296,8 1038,0 925,7 2789,9 773,2 12 8,66E-04 9,72E+03 2000 1762 2,82 0,0015 0,0026 2,26 2333,3 1033,6 919,2 2773,0 773,2 Pressão da Câmara = 9 atm O/F = Estequiométrico P1/Patmosférica mJet (kg/s) Cp (J/kg*K) ∆T(K) c*(m/s) A2/At Dt(m) D2(m) Mach u2(m/s) a(m/s) R(J/kg*K) Tjet(K) Ts(K) 6 7,98E-04 9,81E+03 2151 1765 1,75 0,0014 0,0019 1,88 2017,41 1071,8 958,5 2923,9 773,2 7 8,14E-04 9,77E+03 2119 1765 1,93 0,0014 0,0020 1,97 2094,52 1063,4 948,0 2891,7 773,2 8 8,28E-04 9,73E+03 2091 1765 2,12 0,0014 0,0021 2,04 2158,24 1056,2 938,4 2864,3 773,2 9 8,41E-04 9,69E+03 2067 1765 2,30 0,0014 0,0022 2,11 2212,24 1050,0 929,9 2840,4 773,2 10 8,53E-04 9,65E+03 2046 1765 2,47 0,0014 0,0023 2,16 2258,98 1044,4 922,4 2819,3 773,2 11 8,64E-04 9,61E+03 2027 1765 2,65 0,0015 0,0024 2,21 2300,04 1039,5 915,7 2800,4 773,2 12 8,74E-04 9,58E+03 2010 1765 2,82 0,0015 0,0025 2,26 2336,59 1035,0 909,3 2783,3 773,2 Pressão da Câmara = 10 atm O/F = Estequiométrico P1/Patmosférica mJet (kg/s) Cp (J/kg*K) ∆T(K) c*(m/s) A2/At Dt(m) D2(m) Mach u2(m/s) a(m/s) R(J/kg*K) Tjet(K) Ts(K) 6 8,05E-04 9,68E+03 2161 1767 1,75 0,0013 0,0018 1,88 2020,14 1073,2 949,6 2934,4 773,2 7 8,21E-04 9,64E+03 2129 1767 1,93 0,0014 0,0019 1,97 2097,32 1064,8 938,4 2901,9 773,2 8 8,35E-04 9,59E+03 2101 1767 2,12 0,0014 0,0020 2,04 2161,06 1057,6 929,8 2874,2 773,2 9 8,48E-04 9,56E+03 2077 1767 2,30 0,0014 0,0021 2,11 2215,19 1051,3 921,3 2850,1 773,2 10 8,60E-04 9,52E+03 2056 1767 2,47 0,0014 0,0022 2,16 2261,94 1045,7 913,8 2828,8 773,2 11 8,72E-04 9,48E+03 2037 1767 2,65 0,0014 0,0023 2,21 2303,02 1040,8 906,5 2809,7 773,2 12 8,82E-04 9,45E+03 2019 1767 2,82 0,0014 0,0024 2,26 2339,59 1036,3 900,2 2792,5 773,2 Onde os sub-índices “2” referem-se às condições no plano de saída da tubeira e os sub-índices “t” referem-se às condições na garganta da tubeira. Variando-se o parâmetro de quantidade de calor transferida, obteve-se, dentro das dimensões da tubeira pré-definidas, uma faixa de vazão mássica dentro dos limites de projeto da garganta da tubeira. 52 É definida desta forma a faixa de operação quanto à vazão mássica do processo e às dimensões da tubeira, como pode ser mostrado na TABELA 3.6. TABELA 3.6 – Dimensões da Tubeira e Faixa de Vazão Mássica. Diâmetro da Garganta da Tubeira 1,5 mm Diâmetro da Seção de Saída da Tubeira 2,0 mm Vazão Mássica 0,8 - 1,4 g/s Características do Motor Foguete Ainda através da relação F/O, e sabendo que a soma das vazões mássicas dos propelentes deve ser igual à vazão mássica total do sistema, são definidas as quantidades de cada propelente utilizado. Prevendo-se ensaios com várias razões de mistura, são apresentadas apenas como referência de ordem de grandeza, as vazões mássicas médias para a operação na estequiometria: 796532 , m m GNV O =& & , (3.11) 001100 2 ,mm GNVO =+ && kg/s, (3.12) 00110079653 ,mm, GNVGNV =+ && kg/s, Assim, s/g,mGNV 230=& , s/g,mO 8702 =& . 3.2.5 Dimensões e Características Operacionaisdo Experimento De posse das dimensões da tubeira e das quantidades de propelentes utilizados, a forma e a montagem do sistema foram projetadas. 53 3.2.5.1 Dimensionamento da Parede da Câmara de Combustão Sabendo-se das altas temperaturas envolvidas, foram considerados materiais resistentes a cargas térmicas elevadas para a composição do motor foguete, prevendo-se, em um estágio mais avançado da pesquisa, um sistema de refrigeração para o mesmo. Os materiais selecionados são grafite para a tubeira, onde é encontrado o maior fluxo de calor e aço inox AISI 310 para a câmara de combustão, de acordo com MatWeb (2002). A câmara de combustão foi dimensionada para suportar as cargas térmicas trabalhando com uma pressão constante de 10 atm. Foi levado em consideração o comprimento característico da câmara para que a maior parte da reação química se completasse na mesma, como será discutido no item 3.2.5.2. Em contrapartida, não foram consideradas dimensões excessivas, a fim de proporcionar a operação do aparato, envolto em grande parte, pela perfuração gerada pelo processo de descamação das rochas. Seguindo a teoria de resistência dos materiais, o limite de resistência à fadiga Se é definido como : Se= Sn’.Ka.Kb.Kd, (3.13) onde Ka é o fator de superfície relacionado com o acabamento do material , Kb é o fator de tamanho relacionado com as dimensões da peça, Kd é o fator de temperatura relacionado a operação da peça em altas temperaturas e Sn’ é o limite de resistência à fadiga à flexão cíclica (condição mais crítica quanto à fadiga), descritos em Shigley (1984). Utilizando a teoria para vasos de pressão de paredes finas citado em Shigley (1984): e m c S dpt 2 1= , (3.14) 54 onde tc é a espessura da parede, p1 a pressão interna da câmara, dm o diâmetro médio do vaso de pressão e Se a tensão de escoamento do material utilizado. Considerando fadiga como o caso mais crítico, e definindo os valores das constantes de acordo com Shigley (1984): - Ka=0,7 (Considerando-se acabamento superficial de material usinado); - Kb=0,85 (Valor adotado para diâmetros da peça compreendidos entre 7,6 e 50 mm); Quando se exige operação a altas temperaturas, deve se obter o fator de temperatura Kd como medida de diminuição da resistência por efeito de fluência. Este fator é obtido através da equação (3.15) e é descrita em Shigley (1984). Para aços, esta equação é representada por: T, ,Kd += 15273 4344 , Para T > 71°C. (3.15) Kd foi calculado considerando-se uma temperatura iterna de 2500 K, deste modo substituindo-se T na equação obtem-se Kd=0.13 ; Ainda, Ka.Kb.Kd=0.08, e Sn’=0,5*Srt, (3.16) onde Srt é o limite de ruptura do material. Utilizando-se os valores das propriedades dos materiais de acordo com MatWeb (2002), para o aço AISI 310 (inox): 55 Srt=620 MPa. Deste modo, Sn’ = 620.106. 0,5 = 310 MPa. e Se = 310.0,08 = 24,8 MPa. Foi então pré-definindo um diâmetro para a câmara de combustão como o representado pela FIGURA 3.2: FIGURA 3.2 – Dimensões Propostas para Câmara de Combustão. Dadas as dimensões do vaso cilíndrico, foi considerado o diâmetro médio de 20 mm. A pressão máxima de operação foi considerada como 10 atm ou 1013250 Pa. Deste modo: 6108242 0201013250 .,. ,.tc = , ou tc= 0,4 mm. De acordo com estes resultados, considerando-se qualquer espessura de parede maior para estas condições de operação torna o projeto conservativo. 56 Assim, as dimensões pré-definidas podem ser utilizadas com margem de segurança. 3.2.5.2 Dimensionamento do Comprimento da Câmara de Combustão Segundo Huzel e Huang (1992) o comprimento mínimo da câmara de combustão depende dos propelentes utilizados, da fase em que estes se encontram, e de fatores relacionados aos injetores, sendo possível sua determinação precisa apenas através de testes experimentais. No entanto, para efeitos de projeto, é possível se obter uma estimativa para propelentes líquidos através da equação proposta abaixo: t c* A VL = , (3.17) onde Vc é o volume da câmara de combustão, At é a área da seção transversal da garganta da tubeira em polegadas quadradas, e L* é definido como o comprimento característico da câmara. Para cada par combustível/oxidante é tabelado, com base em dados experimetais, um valor de L*, o que leva ao comprimento da câmara. No entanto, valores para a combinação de propelentes definidas neste trabalho não se encontram na bibliografia uma vez que os propelentes utilizados se encontram na fase gasosa. Com isso, sugere- se a adoção de um valor que mais se relaciona com a combinação de propelentes utilizada, fazendo-se desta forma uma aproximação conservativa. Neste caso adotou-se a combinação de LOX/H2 líquidos com injeção gasosa, onde o valor de L* se encontra entre 22 e 28 polegadas. Adotando este valor como referência e utilizando as dimensões pré-definidas para a tubeira e câmara de combustão a equação pode ser reescrita como: t c* A LAL = , (3.18) onde Ac é a área da seção transversal da câmara de combustão em polegadas quadradas e L o comprimento da câmara de combustão em polegadas. 57 Substituindo os valores da área da garganta, com o diâmetro de 1,5 mm (1,768 mm2 ou 0,00274 pol2) e da área da seção da câmara de combustão, com o diâmetro interno de 15 mm (17,68 mm2 ou 0,0274 pol2) na equação (3.18), chega-se a : 02740 274022 , L,= , onde L = 0,22 in ou 5,6 mm. A fim de permitir facilidades no manuseio do dispositivo e atentando-se à necessidade de espaço para a implementação de sensores e instrumentos de medida, optou-se por um comprimento de câmara de 100 mm. Considerando- se ainda que um comprimento de câmara de 5,6 mm seriam suficientes, 100 mm de comprimento tornam as medidas de câmara conservativas. 3.2.5.3 Considerações a Respeito do Dispositivo Experimental Fisicamente, o dispositivo perfurador foi concebido definindo-se três seções distintas: - Injetor e pré-misturador. - Câmara de combustão. - Tubeira. Na primeira região os gases são injetados e pré-misturados com o objetivo de homogeneizar a mistura dos propelentes. Na segunda região é onde ocorre a ignição e a combustão dos gases, e na terceira região a queima se completa e os gases são expandidos a velocidades supersônicas. 58 A fim de prevenir vazamentos nos acoplamentos entre flanges, é usinado um rebaixo em uma face. Na face oposta é usinado um anel de 1 mm de altura por 2 mm de largura (FIGURA 3.3). Entre a primeira e a segunda região é colocada uma placa de orifício criando um degrau no escoamento a jusante do pré-misturador. A função deste degrau é a de criar uma zona de recirculação dos gases (regiões de baixa pressão) a fim de ancorar a chama e manter a combustão dos propelentes. A ignição é efetuada por uma vela alimentada por corrente elétrica, que é disposta em uma posição apropriada para à iniciação da reação. Desta forma, a geometria do dispositivo pôde ser pré-definida como ponto de partida para a construção de um protótipo. Uma representação gráfica motor foguete é demonstrada na FIGURA 3.3. Ademais, todos os componentes do motor foguete e suas dimensões são apresentadas na forma de desenhos técnicos efetuados no programa AutoCad e podem ser encontrados no Apêndice B. FIGURA 3.3 – Esquema do Dispositivo Perfurador. 59 3.2.5.4 Dimensionamento do Ancorador de Chamas SegundoWinthrop e Smith (2002) a combustão de misturas CH4/O2 apresenta uma velocidade de chama em torno de 5 m/s. O ancorador de chamas deve ter um diâmetro tal que permita a mistura acelerar à velocidades maiores do que as velocidades de frente de chama da combustão, com o objetivo de evitar o retorno de chama para as linhas de abastecimento. Uma vez que o GNV é composto principalmente de CH4, obtendo-se velocidades acima de 5 m/s, o ancorador de chamas cumpre o seu papel. Da teoria da mecânica dos fluidos (Fox e McDonald,1995) sabe-se que: A mu ρ &= , (3.19) onde m& é a vazão mássica do sistema, ρ é a densidade da mistura e A a área da seção transversal. Para a mistura de GNV/O2 toma-se para a densidade da mistura um valor médio, ρmédio, como: ( ) ( )O/FO/F GNVOmédio ρρρ +−= 12 (3.20) Onde F/O é a razão molar combustível/oxidante (Combustível/Oxidante) da mistura. Para os cálculos de densidade foi considerada a uma pressão média de 8 atm, simulando a operação do dispositivo em regime permanente. A partir dos valores de projeto de vazão mássica e densidade de GNV e O2, respectivamente 0,001 kg/s, 5,9 kg/m3 e 10,4 kg/m3, obtem-se o valor da velocidade do escoamento a jusante do ancorador para vários diâmetros e valores de F/O. Os resultados podem ser conferidos na TABELA 3.7: 60 TABELA 3.7 – Determinação do Diâmetro do Ancorador de Chamas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2,166 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 0,46 0,40 0,33 0,29 0,25 0,22 0,20 0,18 0,17 0,15 0,14 0,13 8,32 8,60 8,90 9,11 9,28 9,40 9,50 9,58 9,65 9,71 9,76 9,80 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 D (m) A (m2) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) u(m/s) D1 0,0020 3E-06 42,1 40,7 39,3 38,4 37,8 37,2 36,9 36,5 36,3 36,1 35,9 35,7 D2 0,0025 5E-06 26,9 26,1 25,2 24,6 24,2 23,8 23,6 23,4 23,2 23,1 23,0 22,9 D3 0,0030 7E-06 18,7 18,1 17,5 17,1 16,8 16,6 16,4 16,2 16,1 16,0 15,9 15,9 D4 0,0035 1E-05 13,7 13,3 12,8 12,5 12,3 12,2 12,0 11,9 11,8 11,8 11,7 11,7 D5 0,0040 1E-05 10,5 10,2 9,8 9,6 9,4 9,3 9,2 9,1 9,1 9,0 9,0 8,9 D6 0,0045 2E-05 8,3 8,0 7,8 7,6 7,5 7,4 7,3 7,2 7,2 7,1 7,1 7,1 D7 0,0050 2E-05 6,7 6,5 6,3 6,1 6,0 6,0 5,9 5,8 5,8 5,8 5,7 5,7 D8 0,0055 2E-05 5,6 5,4 5,2 5,1 5,0 4,9 4,9 4,8 4,8 4,8 4,7 4,7 O/F (molar) F/O (molar) ρ medio (kg/m3) Como valor conservativo foi adotado um diâmetro de 3 mm para o ancorador de chamas, resultando numa velocidade de escoamento cerca de 3 a 4 vezes maior do que a velocidade de propagação da frente de chama. 3.2.5.5 Posicionamento da Vela de Ignição A posição da vela de ignição influencia diretamente as condições de iniciação da combustão na câmara. A sua localização incorreta pode acarretar em instabilidade de reação, ignição com retardo (o que pode ocasionar explosão da câmara), e dificuldades na iniciação da combustão. Para chamas de difusão o problema se torna um pouco mais complexo, porém com os gases pré- misturados a dificuldade se limita a determinar a incidência do jato da pré- mistura a jusante do ancorador, uma vez que a mistura já se encontra homogeneizada. No caso específico deste trabalho, a segunda descrição é válida, visto que os propelentes são pré-misturados na câmara de injeção a montante da câmara de combustão. Segundo a formulação desenvolvida por Beér e Chigier (1972) quando um fluido é ejetado de um tubo, ele forma um jato ao interagir com o fluido externo, o qual pode ser dividido em quatro regiões, conforme mostrado na FIGURA 3.4: 61 FIGURA 3.4 – Regiões de um Jato. FONTE: Adaptada de Beér e Chigier (1972). O comprimento do jato então pode ser estimado em função do diâmetro de saída do tubo a partir das relações propostas por Beér e Chigier (1972). Assim, é possível determinar a posição da vela no combustor a partir da determinação do ângulo de incidência do jato, como mostra a FIGURA 3.5: FIGURA 3.5 – Posicionamento da Vela de Ignição. 62 Tomando-se um valor médio entre 4 e 5 vezes o diâmetro do tubo, como mostram as figuras FIGURA 3.4 e FIGURA 3.5 , considera-se a primeira região do jato como 4,5 vezes o valor de di (valor médio). Deste modo o posicionamento da vela pode ser equacionado por: ( ) di, /diarctg 54 2=θ . (3.21) Substituindo os valores, obtem-se θ = 6,34°. Resolvendo para x: θtg Hx = ou, ( ) ( )[ ]θtg /di/Dix 22 −= . (3.22) x = 0,054 m. E assim a vela pode ser disposta a uma distância de 54 mm a partir do orifício do ancorador de chamas ou distância superior. Obedecendo este posicionamento, as dificuldades quanto à ignição são minimizadas. 3.3 Linha de Alimentação Do Dispositivo As linhas de alimentação do dispositivo são dimensionadas levando-se em conta principalmente à resistência mecânica para uma pressão de operação. De acordo com cálculos previamente apresentados na secção 3.2.5.1, operando em um mesmo regime de pressão, porém sem efeitos de temperaturas excessivas e com o mesmo material, pode-se concluir que qualquer tubulação com parede de espessura maior que 0,4 mm suportam os esforços exigidos. No caso, optou-se por tubulação de inox 306, sem costura com parede de 1 mm. Ainda no sentido de evitar vazamentos, são utilizadas conexões da marca swagelok nas uniões entre segmentos das linhas de gases. 63 CAPÍTULO 4 DISPOSIÇÃO E ESQUEMA DO EXPERIMENTO 4.1 Instalação Experimental O Bunker n° 4 do Prédio de Ensaios do Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP – INPE), mostrado na FIGURA 4.1, foi escolhido para a instalação do equipamento de teste. Ocupando área de 15 m2 com parede de concreto armado e areia com 1 m de espessura separando a área de medidas do ponto de teste, com cobertura e saídas leves o ambiente é apropriado para a execução do presente trabalho. FIGURA 4.1 - Visão do Bunker n° 4. Além disso, o Bunker se encontra distanciado do armazenamento de gases, estes, dispostos na região externa do prédio em um local protegido com aterramento adequado e ventilação necessária. O esquema de montagem para o sistema é proposto de acordo com a FIGURA 4.2: 64 FIGURA 4.2 - Esquema de Montagem Experimental Proposto. Como mostrado na FIGURA 4.2, o sistema é suportado por uma bancada de testes na forma de armação metálica fixa que abriga tanto o corpo de prova como o dispositivo de perfuração (i.e.;motor foguete). A rocha a ser perfurada é disposta em um trilho escalonado, onde pode ser regulada a distância entre a tubeira e a superfície do corpo de prova. O dispositivo de perfuração se encontra fixado em um suporte com dois graus de liberdade, disposto com a tubeira apontada para a superfície da rocha, permitindo regulagem fina no ângulo de incidência do jato. Maiores detalhes são mostrados na FIGURA 4.3 . 65 FIGURA 4.3 – Aquisição de Dados, Dispositivo de Perfuração e Painel de Controle. Na linha, as vazões de cada propelente são controladas a partir de válvulas do tipo agulha de alta precisão, sendo conferidas por medidores de vazão. Uma vez reguladas as quantidades necessárias de cada reagente, válvulas do tipo solenóide são controladas a distância para o início da operação do motor. As pressões são ajustadas através de reguladores de pressão nos cilindros e conferidas nas linhas de gases através de manômetros dispostos entre as válvulas solenóides e o motor foguete. As especificações destes componentes se encontram nos Itens 4.1.1.1, 4.1.1.2 e 4.1.1.3 A ignição se dá por acionamento de uma mini-vela (tipo J, GLOW, para aeromodelismo) disposta na câmara
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