Buscar

Apostila Processo penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 304 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 304 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 304 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB 2ª FASE 
 
PROCESSO PENAL 
 
PROF. NIDAL AHMAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
2 
 
ÍNDICE 
 
01 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DA PRISÃO PROCESSUAL ........................................................ 3 
02 PRISÃO EM FLAGRANTE ..................................................................................................... 4 
03 PRISÃO PREVENTIVA ....................................................................................................... 33 
04 PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei n. 7960/89) ........................................................................... 54 
05 PROCEDIMENTOS ............................................................................................................. 60 
06 QUEIXA-CRIME ................................................................................................................. 65 
07 DENÚNCIA ........................................................................................................................ 81 
08 CITAÇÃO ........................................................................................................................... 85 
09 RESPOSTA À ACUSAÇÃO – Art. 396 e 396-A ..................................................................... 87 
10 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO ........................................................................................... 104 
11 MEMORIAIS .................................................................................................................... 106 
12 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA – Art. 386 ............................................................................. 111 
13 EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI – PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E PRINCÍPIO 
DA CONSUBSTANCIAÇÃO ............................................................................................... 123 
14 MEMORIAIS DO JÚRI ..................................................................................................... 129 
15 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ................................................................................... 142 
16 APELAÇÃO ....................................................................................................................... 166 
17 APELAÇÃO DAS DECISÕES DO JÚRI ............................................................................... 184 
18 REFORMATIO IN PEJUS .................................................................................................. 194 
19 EMBARGOS INFRINGENTES DE NULIDADE .................................................................... 197 
20 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ......................................................................................... 207 
21 CARTA TESTEMUNHÁVEL ................................................................................................ 212 
22 RECURSO EXTRAORDINÁRIO ......................................................................................... 221 
23 RECURSO ESPECIAL ....................................................................................................... 227 
24 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ..................................................................... 237 
25 AGRAVO EM EXECUÇÃO .................................................................................................. 247 
26 REVISÃO CRIMINAL ....................................................................................................... 262 
27 HABEAS CORPUS ............................................................................................................ 267 
28 COMPETÊNCIA ................................................................................................................ 277 
29 COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ......................................................... 289 
30 DA PROVA ....................................................................................................................... 294 
31 DAS NULIDADES ............................................................................................................ 300 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
3 
 
 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DA PRISÃO PROCESSUAL 
 
A) Considerações gerais 
A prisão processual ocorre por força da necessidade de segregação cautelar do 
acusado da prática de um delito durante as investigações ou no curso da ação penal nas hipóteses previstas 
na legislação processual penal. 
É aquela que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Não visa a punição do agente, mas de impedir que volte a praticar novos delitos 
ou que adote conduta voltada a influenciar na instrução criminal ou na aplicação da sanção decorrente da 
prática delituosa. 
Nos termos do artigo 283 do CPP, três são as espécies de prisão provisória: prisão 
em flagrante (art. 301 e segs., CPP), preventiva (art. 311 e segs.) e temporária (Lei 7.960/89). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01
 
PRISÃO EM FLAGRANTE – artigo 301 e seguintes do CPP 
PRISÃO PREVENTIVA – artigo 311 e seguintes do CPP 
PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 7.960/89 
ESPÉCIES DE PRISÃO PROVISÓRIA 
Obrigatório mandado 
 
(Se não houver, a prisão é 
ilegal, e deve ser relaxada) 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
4 
 
PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
2.1) CONCEITO 
Trata-se de medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e processual, 
consistente na prisão, independente de ordem escrita do juiz competente, de quem é surpreendido 
cometendo, ou logo após ter cometido, um crime. 
A Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do CPP, suprimindo a 
possibilidade de a prisão em flagrante prender por si só, na medida em que, se presentes os requisitos do 
artigo 312 do CPP e inadequada ou insuficiente a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, o juiz 
deverá converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. 
Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir natureza 
precautelar, com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das providências do artigo 310 do CPP 
(relaxar a prisão em flagrante, convertê-la em prisão preventiva ou conceder a liberdade provisória). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
02
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
5 
 
2.2) ESPÉCIES DE FLAGRANTE – Art. 302 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Flagrante próprio – Art. 302, I e II 
Trata-se de prisão efetivada no momento em que o sujeito está praticando uma 
infração penal, ou quando acabou de cometê-la. 
É, pois, aquele em que o agente é surpreendido cometendo uma infração penal ou 
quando acaba de cometê-la. Aqui o agente ainda está no local do crime. 
Ex: prisão em flagrante no exato instante em que agentes criminosos buscam sair da agência bancária onde 
praticavam o delito de roubo. 
b) Flagrante impróprio (QUASE-FLAGRANTE) – Art. 302, III 
A definição da expressão “logo após” traduz uma relação de imediatidade, com 
perseguição iniciada em momento bem próximo da infração. Aqui o agente já deixou o local do crime. 
É o tempo que decorre entre a prática do delito e as primeiras coletas de 
informações a respeito da identificação do autor, iniciando-se, logo após, imediatamente a perseguição. 
Uma vez cessada a perseguição, cessa a situação de flagrância.Ou seja, a perseguição deve ser 
contínua, sem interrupções. 
ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
PRÓPRIO 
Art. 302, inciso III, do CPP. Ver art. 290, CPP. 
Art. 302, inciso I, do 
CPP. 
 
Art. 302, inciso II, 
do CPP. 
 
Preso praticando 
o delito ou 
quando acabou 
de cometê-lo 
Perseguição 
ININTERRUPTA 
IMPRÓPRIO 
Encontrado – Art. 
302, IV, CPP 
PRESUMIDO 
a)
) 
b)
) 
c)
) 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
6 
 
A concepção de perseguição pode ser extraída do art. 290 do CPP, notadamente 
das alíneas “a” e “b” do parágrafo primeiro. 
Não confundir início com duração da perseguição. O início da perseguição deve ser 
logo após o fato; a perseguição, no entanto, pode perdurar por muitas horas e até dias, como, por exemplo, 
em crime de roubo a banco, em que a polícia chega imediatamente ao local, faz o primeiro levantamento e, 
de imediato, sai em perseguição dos suspeitos, que se embrenharam numa mata por mais de 30 horas. 
Se o agente for preso após a cessação da perseguição, a prisão em flagrante será 
ilegal, devendo, pois, ser relaxada. 
 
 
 
 
 
 
c) Flagrante presumido – Art. 302, inciso IV, do CPP 
Aqui a pessoa não é “perseguida”, mas “encontrada” na posse de objetos ou 
instrumentos do crime, cujo contexto fático permita a conclusão de que o sujeito detido é autor do delito. 
Quanto ao alcance da expressão “logo depois”, a jurisprudência tem admitido 
prisões ocorridas várias horas depois do crime, ou até no dia seguinte ao do crime. Não aceita, no entanto, 
dias depois ao do crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUIDADO: a perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada a 
perseguição, não há mais situação de flagrância, devendo-se, a partir 
de então, efetivar-se a prisão somente munido de mandado judicial 
(prisão preventiva ou temporária, conforme o caso). 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
7 
 
2.3) OUTRAS VARIAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
A) FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO 
O flagrante preparado ocorre quando uma pessoa, policial ou particular, provoca, 
induz ou instiga alguém a praticar uma infração penal, somente para poder prendê-la. Nesse caso, não fosse 
a ação do agente provocador, o sujeito não teria praticado o delito, pelo menos nas circunstâncias pelas 
quais foi preso. 
Trata-se, na verdade, de hipótese de crime impossível, já que, por força da 
preparação engendrada pelo policial ou terceiro para prendê-lo, jamais o sujeito consumaria o crime. Em 
síntese, simultaneamente à indução à prática do crime, o agente provocador do flagrante age para evitar a 
consumação. 
É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do 
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. Trata-se de hipótese de crime impossível, 
que não é punível nos termos do artigo 17 do Código Penal. 
Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a ilegalidade 
também pode decorrer de flagrante preparado por particular. 
Ex: Suspeitando que a empregada doméstica esteja furtando objetos da residência, dona de casa deixa uma 
jóia na mesa de centro da sala, ficando a espreita. No momento em que a empregada pega a jóia, a dona 
de casa, auxiliada ou não por outras pessoas, a detém, prendendo-a em flagrante. Trata-se de prisão ilegal, 
já decorrente de flagrante preparado. 
Em suma, o flagrante provocado é ilegal, devendo, pois, a prisão ser relaxada. 
B) FLAGRANTE ESPERADO 
O flagrante esperado ocorre quando a autoridade policial, tomando conhecimento, 
por fonte segura, de que será praticado um delito, desloca-se até o local indicado, aguarda o início da 
execução do delito ou, se for o caso, a consumação, e, na sequência, prende em flagrante o agente 
criminoso. 
O flagrante esperado não se confunde com o flagrante preparado, a começar pelo 
fato de que constitui modalidade de flagrante válido, regular e, portanto, legal. 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
8 
 
C) FLAGRANTE FORJADO 
O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a prática de 
um crime inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um particular visa a simular um fato típico 
inexistente, com o objetivo de incriminar falsamente alguém. 
Ex: policial coloca/enxerta droga no interior do veículo de determinada pessoa para prendê-la pelo delito de 
tráfico ilícito de entorpecentes. 
Trata-se de hipótese de flagrante absolutamente nulo, merecendo, pois, ser 
relaxado. A autoridade policial ou particular que forjou o flagrante responderá por denunciação caluniosa 
e/ou abuso de autoridade, se for funcionário público no exercício da função. 
D) FLAGRANTE RETARDADO OU DIFERIDO 
Caracteriza-se pela possibilidade de retardar o momento da prisão em flagrante, 
não obstante estar o delito em curso, justamente para buscar maiores informações ou provas contra pessoas 
envolvidas em organizações criminosas ou tráfico ilícito de entorpecentes. 
Há previsão de ação controlada, com destaque ao flagrante retardado ou diferido, 
no art. 53, II, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), no art. 4º, B, da Lei 9.613/98, com redação dada pela 
Lei 12.683/2012 (Lei de Lavagem de Capitais) e art. 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das Organizações 
Criminosas). 
Nos termos do artigo 53, II, da Lei 11.343/2006, a não atuação policial na prisão 
imediata em flagrante depende de autorização judicial e manifestação do MP. Essa autorização judicial está 
condicionada ao conhecimento do itinerário provável e à identificação dos agentes do delito ou de 
colaboradores. 
Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei 12.850/2013, o retardamento da intervenção 
policial não exige prévia autorização judicial, mas mera comunicação ao juiz competente que, se for o caso, 
fixará os limites da atuação e comunicará ao MP. 
De acordo com o artigo 53, II, da Lei de Drogas, a não atuação imediata da 
autoridade policial exige autorização judicial e manifestação do MP. Sem essa autorização judicial na Lei de 
Drogas ou comunicação ao juiz competente prevista na Lei 12.850/2013, a prisão será ilegal, devendo ser 
relaxada. 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
9 
 
DIFERIDO/ 
RETARDADO 
ESPERADO espera a prática do delito para prender em flagrante. Prisão LEGAL. 
Cumpre no futuro 
PREPARADO/ 
PROVOCADO 
 
provoca, induz ou instiga 
 
 
Prisão ILEGAL 
 
Para aprofundar INVESTIGAÇÃO 
* artigo 53, inciso II, da Lei n. 11.343/2006; 
* artigo 4º, B, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei 12.683/2012; 
* artigo 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas). 
 
Súmula 145 STF. CRIME IMPOSSÍVEL (artigo 17 do CP) 
 
Prisão ILEGAL 
 
acusa INOCENTE 
 
FORJADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
10 
 
Questão 02 XII EXAME DE ORDEM 
Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos contra o patrimônio sem 
deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da impunidade, Wilson, policial e irmão de uma das 
vítimas de Ricardo, decide que irá empenhar todos os seus esforços na busca de uma maneira para prender, 
em flagrante, o facínora. 
Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a confiança deste. Certo dia, 
decidido que havia chegada a hora, pergunta se Ricardo poderia ajudá-lo na próxima empreitada.Wilson diz 
que elaborou um plano perfeito para assaltar uma casa lotérica e que bastaria ao amigo seguir as instruções. 
O plano era o seguinte: Wilson se faria passar por um cliente da casa lotérica e, percebendo o melhor 
momento, daria um sinal para que Ricardo entrasse no referido estabelecimento e anunciasse o assalto, 
ocasião em que o ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante nas suas próprias habilidades e 
empolgado com as ideias dadas por Wilson, Ricardo aceita. No dia marcado por ambos, Ricardo, seguindo o 
roteiro traçado por Wilson, espera o sinal e, tão logo o recebe, entra na casa lotérica e anuncia o assalto. 
Todavia, é surpreendido ao constatar que tanto Wilson quanto todos os “clientes” presentes na casa lotérica 
eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo preso em flagrante, sob os aplausos da comunidade e dos 
demais policiais, contentes pelo sucesso do flagrante. Levado à delegacia, o delegado de plantão imputa a 
Ricardo a prática do delito de roubo na modalidade tentada. 
Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no enunciado, responda justificadamente: 
A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo? (Valor: 0,80 ) 
B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à sua responsabilidade 
Jurídico penal? (Valor: 0,45 ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
11 
 
2.4) PROCEDIMENTO PARA A LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (Arts. 304 a 
309 do CPP) 
Auto de prisão em flagrante é o documento elaborado, via de regra, sob a 
presidência da autoridade policial, contendo as formalidades que revestem a prisão em flagrante, tendo por 
objetivo precípuo retratar os fatos que ensejaram a restrição de liberdade do agente e, ainda, reunir os 
primeiros elementos de convicção acerca da infração penal que motivou a prisão. 
Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser 
conduzido à presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se tratar de situação de 
flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura do auto de prisão, incumbindo-lhe proceder 
da seguinte forma: 
a) oitiva do condutor: 
O condutor é a pessoa que levou o preso até a Delegacia de Polícia e o apresentou 
à autoridade policial. Pode ser policial ou qualquer pessoa. Embora na maioria das vezes o condutor seja 
quem procedeu à prisão, não precisa necessariamente ser o responsável pela detenção do suspeito. 
Ex: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela 
prática do delito de furto e acionam a polícia militar, que conduzem o preso à Delegacia de Polícia. Será um 
dos policiais, portanto, quem apresenta o preso ao delegado de polícia, figurando, assim, como condutor. 
b) oitiva de testemunhas: 
Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que acompanharam o condutor, 
que, pelos arts. 304, caput, e 304, §1º, devem ser, no mínimo, duas (referem-se a “testemunhas”, no plural). 
Não há qualquer vedação a que sirvam como testemunhas agentes policiais. 
O condutor também pode ser considerado como testemunha numerária. 
A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto de prisão em 
flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assinar a peça pelo menos duas pessoas que tenham 
testemunhado a apresentação do preso à autoridade (art. 304, § 2º). Considera-se, portanto, testemunha 
de apresentação aquelas que presenciaram o momento em que o condutor apresentou o preso à autoridade 
policial. 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
12 
 
c) Interrogatório do preso. 
As formalidades para o interrogatório devem observar as mesmas regras do 
interrogatório judicial, previstas nos arts. 185 a 196, dentre as quais se destaca a advertência ao preso do 
seu direito constitucional ao silêncio, sem que isso possa ser interpretado em seu desfavor (art. 5º, LXIII, 
da CF1). 
O direito à assistência por advogado constitui direito constitucionalmente 
assegurado ao preso (art. 5º, LXIII, da CF/88). Nesse sentido, à evidência, não cabe à autoridade policial 
vedar a presença do advogado nos atos que integram a lavratura do auto de prisão em flagrante, podendo 
o profissional acompanhar a oitiva do condutor, das testemunhas, bem como o interrogatório do flagrado. 
d) Nota de culpa: 
Superadas essas etapas, cumpre à autoridade policial, em até 24 horas após a 
realização da prisão, encaminhar o auto de prisão em flagrante devidamente instruído ao juiz competente, 
bem como entregar ao preso, no mesmo prazo, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, 
com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. 
Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade policial 
cientifica o preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas. 
Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de 
formalidade essencial. 
 
 
 
 
 
 
1 Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso da ação penal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado; 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5) GARANTIAS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS DO PRESO 
A) Da comunicação imediata ao juiz competente e ao Ministério Público 
De acordo com o artigo 306 do CPP, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do 
preso ou à pessoa por ele indicada. 
O artigo 5º, LXII, da CF/88 dispõe que a prisão de qualquer pessoa e o local onde 
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. 
A ausência da comunicação imediata da prisão em flagrante ao juiz competente e 
ao Ministério Público torna a prisão ilegal, devendo, portanto, ser relaxada. 
B) Da comunicação imediata da prisão à família do preso ou à pessoa por ele indicada. 
Nos termos do artigo 306 do CPP e artigo 5º, LXII, da CF/88, cumpre à autoridade 
policial providenciar a comunicação imediata da prisão em flagrante à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. 
Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da localização do 
preso, bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da família. 
REQUISITOS PROCEDIMENTO LAVRATURA APF – artigo 304 do CPP 
Oitiva condutor Policial ou responsável pela prisão que conduz o flagrado à presença da 
autoridade. 
Oitiva testemunhas (mínimo duas – condutor também conta). 
Interrogatório Necessário advertência do direito ao SILÊNCIO (art. 186 do CPP e art. 5º, 
LXIII, CF). 
Nota de Culpa 24h para a autoridade policial encaminhar ao Juiz (Se passar desse tempo é 
ilegal) 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
14 
 
A comunicação à família ou à pessoa pelo preso indicada constitui direito subjetivo 
do flagrado. Se não for observada essa formalidade pela autoridade policial, a prisão em flagrante será ilegal, 
devendo, pois, ser relaxada. 
C) Da assistência de advogado ao preso 
Nos termos do artigo 5º,inciso LXIII, parte final, da Constituição Federal, o preso 
tem direito à assistência da família e de advogado. 
Se o flagrado não informar o nome do seu advogado, deverá a autoridade policial 
encaminhar, em até 24 horas, cópia integral do APF à Defensoria Pública, nos termos do artigo 306, § 1º, 
do Código de Processo Penal. 
Em síntese, a inobservância de qualquer dessas regras gera a ilegalidade da prisão 
em flagrante, devendo o juiz, ao receber os autos, e verificar que não houve comunicação imediata (ao juiz 
plantonista, à família do preso, ao advogado e ao Ministério Público), deixar de homologar o auto de prisão 
em flagrante, determinando o relaxamento da prisão por ilegalidade formal. 
 
 
 
 
 
 
 
2.6) PROVIDÊNCIAS JUDICIAIS AO RECEBER O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE – Art. 310 
Ao receber o Auto de Prisão em Flagrante, o Juiz deverá adotar uma das 
providências previstas na nova redação do artigo 310 do CPP: 
A) 
B) 
C) 
GARANTIAS LEGAIS e CONSTITUCIONAIS DO PRESO 
COMUNICAÇÃO AO JUIZ (imediata) 
COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO 
COMUNICAÇÃO FAMÍLIA ou QUEM INDIQUE 
ACESSO A ADVOGADO (DPE se não indicar adv.) 
A falta é 
ilegal 
RELAXAR O FLAGRANTE 
CONVERTER A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA 
CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança) 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
15 
 
Nesse sentido, num primeiro momento, o Magistrado deverá analisar o aspecto 
formal, a legalidade do auto de prisão em flagrante, bem como se há situação de flagrância, conforme as 
hipóteses do artigo 302 do CPP. Se observadas as formalidades, o Juiz homologa; na hipótese de alguma 
ilegalidade, seja formal ou material, o Juiz deverá relaxar a prisão em flagrante. 
Num segundo momento, uma vez homologado o auto de prisão em flagrante, o 
Juiz deverá verificar a necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ou a concessão 
de liberdade provisória, com ou sem fiança e a eventual imposição de medida cautelar diversa. 
Em sendo legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a liberdade 
provisória ou se converterá a prisão em flagrante em prisão preventiva2. 
É importantíssimo ressaltar que a prisão preventiva somente poderá ser decretada 
em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP3 e se não 
for suficiente outra medida diversa da prisão, bem como se presente as hipóteses do artigo 313 do CPP. 
Assim, pela leitura do artigo 310, II, CPP, verifica-se que a prisão preventiva é 
a última ratio das medidas cautelares. Ela somente deve ser decretada quando todas as demais medidas 
cautelares se revelarem inadequadas e insuficientes para o caso concreto. Em outras palavras, a insuficiência 
das medidas cautelares diversas da prisão passou a ser mais um requisito para o cabimento da prisão 
preventiva. 
Além disso, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá 
converter a prisão em flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os requisitos do artigo 312 e 
313 do CPP. 
Em síntese: O juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá, 
fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II, primeira parte), desde que: 
a) a prisão seja legal (inciso I); 
b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem inadequadas ou insuficientes (inciso II, parte final); 
c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão da ilicitude previstas no art. 23, 
do CP; 
 
2 Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz simplesmente homologava o APF e 
mantinha a prisão em flagrante. Com a alteração, o juiz, se presentes os requisitos, deverá converter a prisão em flagrante em prisão 
preventiva. Eis a razão do caráter pré-cautelar da prisão em flagrante (pois dura até ser convertida em preventiva ou concedida a liberdade 
provisória). 
3 Garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal. 
Será estudado oportunamente. 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
16 
 
d) estejam presentes os requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP. 
Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem cautelares). 
2.7) PEÇAS POSSÍVEIS NO CONTEXTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
2.6.1) RELAXAMENTO DA PRISÃO 
 
 
O pedido de relaxamento de prisão guarda relação com PRISÃO ILEGAL. A prisão 
ilegal pode decorrer de vício material ou formal. 
 
 
 
 
RELAXAMENTO DA PRISÃO PRISÃO ILEGAL 
BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 
PEÇA: 
 RELAXAMENTO DA PRISÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO ILEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
17 
 
I) ILEGALIDADE FORMAL 
Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades 
procedimentais previstas no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos do art. 5º da Constituição Federal, 
notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV. 
As ilegalidades formais podem ocorrer durante ou depois da lavratura do auto de 
prisão em flagrante. 
Além da inobservância das formalidades no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos do 
art. 5º da Constituição Federal, notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV, pode incidir a ilegalidade pelo excesso 
de prazo da prisão, como, por exemplo, na conclusão do inquérito policial além do prazo previsto em lei, 
sem justificativa plausível ou, ainda, não oferecimento da denúncia de réu preso (prazo 05 dias). 
II) ILEGALIDADE MATERIAL 
Além das formalidades legais e constitucionais para a lavratura do APF, devem 
estar presentes situações autorizadoras da prisão em flagrante. 
Nesse sentido, se a prisão realizada não se enquadra em nenhuma das hipóteses 
do artigo 302, a prisão será materialmente ilegal. Em outras palavras, se não estiver configurada nenhuma 
das hipóteses de flagrância, a prisão é ilegal. 
Assim, em tese, a ilegalidade da prisão em flagrante, na forma material, ocorre 
invariavelmente antes do início da lavratura do auto de prisão em flagrante. 
Para melhor sistematizar o estudo, recomenda-se identificar as ilegalidades no seu 
aspecto formal e material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELAXAMENTO DA PRISÃO 
ALGUMAS ILEGALIDADES FORMAIS 
* Inobservância das formalidades legais e constitucionais na lavratura do APF. 
* Não comunicação imediata da prisão à autoridade judiciária. 
* Não comunicação imediata ao Ministério Público 
* Não encaminhamento do APF à Defensoria Pública, quando o autuado não informa 
nome de advogado. 
* Não entrega da nota de culpa no prazo de 24 horas. 
* Não viabilizar assistência de advogado. 
* Não comunicação imediata à família. 
* Falta de representação do ofendido, sendo hipótese de prisão decorrente de crime 
de ação penal pública condicionada à representação. 
* Ausência de requerimento da vítima na hipótese de prisão em flagrante por crime 
de ação penal privada; 
* Inversão da ordem de oitiva prevista no artigo 304 do CPP. 
* Falta de laudo de constatação da natureza da substância entorpecente (art. 50, §1º, 
da Lei 11.343/2006) 
ALGUMAS ILEGALIDADES MATERIAIS 
* Não está em situação de flagrância (artigo 302 do CPP) 
* Flagrante preparado/provocado – Súmula 145 do STF 
* Flagrante forjado 
* Preso por fato atípico 
* Condutor veículo no trânsito se prestar socorroà vítima (art. 301 do CTB). 
* Delito menor potencial ofensivo – comprometimento de audiência. Artigo 69 da Lei 
9.099/95. 
* Preso por posse de drogas – Vedação usuário (art. 48, §2º, da Lei 11.343/2006). 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
19 
 
SUGESTÃO DE PEDIDO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____Vara do Tribunal do Júri da Comarca_______ (se 
crime doloso contra a vida da competência da Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___Vara do Tribunal do Júri da Seção Judiciária__________ 
(se crime doloso contra a vida da competência da Justiça Federal4) 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___Vara Criminal da Comarca ________________(se 
crime da competência da Justiça Estadual) 
d) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____ Vara Criminal da Seção Judiciária de ________(se 
crime da competência da Justiça Federal) 
 
Autos nº 
Fulano de Tal (nome e qualificação do acusado5), por seu procurador infra-
assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO 
EM FLAGRANTE, com base no art. 310, inciso I, Código de Processo Penal e art. 5º, LXV da 
Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
2 linhas 
I – DOS FATOS6 
II – DO DIREITO 
a) Da ilegalidade material 
b) Da ilegalidade formal 
Como se vê, restou suficientemente demonstrada a ilegalidade da prisão do 
requerente, já que não observadas as formalidades previstas na legislação, devendo, por isso, ser relaxada 
a prisão em flagrante. 
III – Do pedido 
Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, a fim 
de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de 
soltura, ou, subsidiariamente, a concessão da liberdade provisória sem fiança, por ser medida de inteira 
justiça. 
Nestes termos, 
 
4 Competência da Justiça Federal – ver artigo 109 da CF/88. 
5 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 
6 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
20 
 
pede deferimento. 
Local e data 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
2.7) LIBERDADE PROVISÓRIA 
I) CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
 
 
 
 
BASE LEGAL: art. 310, inciso III, CPP e art. 5º, LXVI da CF/88 
PEÇA: 
 LIBERDADE PROVISÓRIA 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO LEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
21 
 
Cabe pedido de liberdade provisória nas hipóteses de prisão em flagrante legal, 
cuja custódia não se afigura necessária, por estarem ausentes os pressupostos da prisão preventiva. 
Entende-se por liberdade provisória o instituto destinado a conferir ao acusado o 
direito de responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento ou não de determinadas condições. 
Nas palavras de Avena, com o advento da Lei 11.719/2008, modificada a redação 
do art. 408 (que restou substituído pelo atual art. 413) e revogado o art. 594, ficou o instituto da liberdade 
provisória limitado à prisão em flagrante.7 
Esse também é o entendimento de Nucci8, segundo o qual “a liberdade provisória, 
com ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, mas não com a prisão preventiva 
ou temporária”. 
A liberdade provisória está prevista no artigo 310, inciso III, do CPP, segundo o 
qual ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz poderá, fundamentadamente, conceder a liberdade 
provisória, com ou sem fiança. Está prevista ainda no art. 5º, LXVI, da CF/88, ninguém será levado à prisão 
ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. 
Além disso, o artigo 321 do CPP dispõe que, ausentes os requisitos que autorizam 
a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as 
medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste 
Código. 
Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida cautelar 
(na verdade, uma contracautela), alternativa à prisão preventiva, nos termos do art. 310, III, do CPP. No 
sistema brasileiro, situa-se após a prisão em flagrante e antes da prisão preventiva, como medida impeditiva 
da prisão cautelar [...] É a liberdade provisória uma forma de evitar que o agente preso em flagrante tenha 
sua detenção convertida em flagrante.9 
 
 
 
 
 
77 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973. 
88 NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2013, p. 693. 
9 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2012, p. 890. 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
22 
 
II) LIBERDADE PROVISÓRIA PERMITIDA 
 
 
 
Trata-se da hipótese de a prisão em flagrante se revestir de legalidade, mas o 
Magistrado considerar o direito ao suspeito responder ao processo em liberdade. Pode o Magistrado conceder 
a liberdade provisória sem nenhuma restrição, ou, ao contrário, impor ao liberado, a prestação de fiança ou 
outras medidas cautelares diversas da prisão. 
Eis as hipóteses: 
a) Quando ausentes os fundamentos da prisão preventiva (art. 321 do CPP) 
Nos termos do artigo 321do CPP, ausentes os requisitos da prisão preventiva, o 
juiz deverá conceder a liberdade provisória, sendo-lhe facultado, com a observância dos critérios da 
necessidade e da adequação previstos no art. 282, exigir a prestação de fiança com a finalidade de assegurar 
o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência 
injustificada à ordem judicial, bem como aplicar outras medidas cautelares diversas da prisão previstas no 
art. 319 do CPP. 
b) Quando houver indicativos de que o agente praticou a infração penal abrigado por 
excludentes de ilicitude (art. 310, parágrafo único, do CPP) 
Trata-se da hipótese em que os elementos constantes no auto de prisão em 
flagrante indicam ter o agente praticado o fato em situação de legítima defesa, estado de necessidade, 
exercício regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal. 
Nesses casos, deverá o juiz conceder a liberdade provisória ao agente, 
independentemente se o fato praticado caracteriza delito afiançável ou inafiançável. 
Embora não esteja previsto no artigo 310, parágrafo único, do CPP, parte da 
doutrina entende possível a concessão da liberdade provisória nas hipóteses de excludente de culpabilidade 
(embriaguez acidental completa, coação moral irresistível, erro de proibição, etc), uma vez que, ao final, o 
agente não será privado de liberdade. 
c) Quando, embora afiançável o crime, não possui o flagrado condições econômicas para pegar 
a fiança (art. 350 do CPP) 
Ausência dos requisitos preventiva – art. 321 CPP do CPP 
 
Existência Excludentes da ilicitude – art. 310, parágrafo único, do CPP 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
23 
 
III) LIBERDADE PROVISÓRIA X TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES 
A jurisprudência e a doutrina oscilavam em relação ao artigo 44 da Lei 
11.343/2006, que veda a concessão de liberdade provisória no crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 
Todavia, o STF, no julgamento do HC 104.339/SP, considerou inconstitucional o 
disposto no artigo 44 da Lei 11.343/2006 também na parteque vedada a concessão da liberdade provisória, 
sob o fundamento de que o dispositivo viola o princípio da presunção da inocência e da dignidade da pessoa 
humana, bem como que a Lei 11.464/2007, ao excluir dos crimes hediondos e equiparados a vedação à 
liberdade provisória, sendo posterior à Lei de Drogas, revogou, tacitamente, o artigo 44 desta Lei, que proibia 
o benefício ao crime de tráfico de drogas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inconstitucionalidade do artigo 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte que veda a concessão da 
liberdade provisória 
Ofensa ao princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da CF/88. 
Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da CF/88. 
.. 
Ofensa ao princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5º, inciso LIV, da CF/88. 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
24 
 
QUESTÃO 4 XV EXAME 
Wesley, estudante, foi preso em flagrante no dia 03 de março de 2015 porque conduzia um veículo automotor 
que sabia ser produto de crime pretérito registrado em Delegacia da área em que residia. Na data dos fatos, 
Wesley tinha 20 anos, era primário, mas existia um processo criminal em curso em seu desfavor, pela suposta 
prática de um crime de furto qualificado. Diante dessa anotação em sua Folha de Antecedentes Criminais, a 
autoridade policial representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando que existiria 
risco concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos com o aparato judicial. 
Você, como advogado(a) indicado por Wesley, é comunicado da ocorrência da prisão em flagrante, além de 
tomar conhecimento da representação formulada pelo Delegado. Da mesma forma, o comunicado de prisão 
já foi encaminhado para o Ministério Público e para o magistrado, sendo todas as legalidades da prisão em 
flagrante observadas. Considerando as informações narradas, responda aos itens a seguir. 
A) Qual a medida processual, diferente de habeas corpus, a ser adotada pela defesa técnica de Wesley? 
(Valor: 0,50) 
B) A representação da autoridade policial foi elaborada de modo adequado? (Valor: 0,75) Responda 
justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao 
caso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
25 
 
SUGESTÃO DE PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA: 
Endereçamento: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____Vara Criminal da Comarca ______________(se 
crime da competência da Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da _____Vara Criminal da Seção Judiciária ________(se crime 
da competência da Justiça Federal) 10 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____Vara do Tribunal do Júri da Comarca_______ (se 
crime doloso contra a vida da competência da Justiça Estadual) 
d) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___Vara do Tribunal do Júri da Seção Judiciária________ 
(se crime doloso contra a vida da competência da Justiça Federal) 
 
Autos nº 
 
Fulano de Tal (nome e qualificação do acusado11), por seu procurador infra-
assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer a LIBERDADE PROVISÓRIA, 
com base no art. 310, inciso III, Código de Processo Penal e art. 5º, LXVI, da Constituição 
Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
2 linhas 
I – DOS FATOS12 
II – DO DIREITO13 
Fundamentar o pedido de liberdade provisória com o disposto no art. 5º, LVII, 
da CF/88 (princípio da presunção da inocência). 
Demonstrar a ausência dos requisitos e pressupostos da prisão preventiva: 
Sugere-se postular, como tese subsidiária, a aplicação de uma das medidas 
cautelares previstas no artigo 319 do CPP. 
III – Do pedido 
 
10 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
11 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 
12 Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
13 Ausência dos requisitos da prisão preventiva (art. 321 CPP) ou hipótese de excludente de ilicitude (art. 310, parágrafo 
único). 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
26 
 
Ante o exposto, requer a concessão da LIBERDADE PROVISÓRIA, a fim de que 
possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, como 
medida de inteira justiça. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local e data 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
 
Em suma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando não for caso de conversão da prisão em flagrante em 
preventiva 
Formal ou material 
ma 
Ausência dos requisitos preventiva – art. 321 CPP e 
excludentes ilicitude – art. 310, parágrafo único do CPP 
Medidas cautelares – art. 319 do CPP 
FLAGRANTE 
DELITO 
PRISÃO 
LEGAL 
PRISÃO 
ILEGAL 
LIBERDADE 
PROVISÓRIA 
Se indeferido, 
HABEAS 
CORPUS 
 
Se denegado, 
ROC 
RELAXAMENTO 
DA 
PRISÃO 
 
Se indeferido, 
HABEAS CORPUS 
 
Se denegado, 
ROC 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
27 
 
PEÇA RESOLVIDA – RELAXAMENTO PRISÃO 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – VI EXAME OAB 
No dia 10 de março de 2011, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, José Alves pegou seu 
automóvel e passou a conduzi-lo ao longo da estrada que tangencia sua propriedade rural. Após percorrer cerca 
de dois quilômetros na estrada absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por uma equipe da Polícia 
Militar que lá estava a fim de procurar um indivíduo foragido do presídio da localidade. Abordado pelos policiais, 
José Alves saiu de seu veículo trôpego e exalando forte odor de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, 
os policiais lhe compeliram a realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste, foi 
constatado que José Alves tinha concentração de álcool de um miligrama por litro de ar expelido pelos pulmões, 
razão pela qual os policiais o conduziram à Unidade de Polícia Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em 
Flagrante pela prática do crime previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II, do Decreto 
6.488/2008, sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus 
advogados ou com seus familiares. 
Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José Alves ter permanecido encarcerado 
na Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do preso, sob protestos de que não conseguiam vê-lo e de 
que o delegado não comunicara o fato ao juízo competente, tampouco à Defensoria Pública. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na 
qualidade de advogado de José Alves, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de 
seu cliente, questionando, em juízo, eventuais ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para 
tanto toda a matéria de direito pertinente ao caso. 
(Valor: 5,0) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
28 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___VARA CRIMINAL DA COMARCA 
DE _______ 
 
Autos nº 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO ALVES, nacionalidade, estado civil,profissão, RG nº ...., por seu procurador 
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer o RELAXAMENTO DA 
PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no art. 310, inciso I, Código de Processo Penal e art. 5º, LXV, 
da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I – DOS FATOS 
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em tese, o delito 
previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997 c/c o artigo 2º, inciso II, do Decreto 6.488/2008. 
O requerente foi compelido a realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar 
alveolar, sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus 
advogados ou com seus familiares. 
O requerente permanece preso dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em 
flagrante, sendo que a autoridade policial não comunicou o fato ao juízo competente nem à Defensoria 
Pública. 
É o breve relatório. 
II – DO DIREITO 
 
O requerente foi preso em flagrante acusado, em tese, de ter praticado o delito do 
artigo 306 da Lei 9.503/97. Todavia, a prisão deve ser relaxada, porque absolutamente ilegal. 
 
A) DA PROVA ILÍCITA 
 
O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em aparelho de ar 
alveolar. Todavia, trata-se de prova ilícita, porque violou o direito do requerente de não produzir prova contra 
si mesmo, previsto no artigo 5º, LXIII, da Constituição Federal de 1988 e no artigo 8º, nº 2, “g”, do Decreto 
678/1992. 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
29 
 
Logo, trata-se de prova ilícita, nos termos do artigo 157 do Código de Processo Penal 
e artigo 5º, LVI, da Constituição Federal, já que realizada de forma forçada, sendo, portanto, o flagrante ilegal. 
B) DO DIREITO À COMUNICAÇÃO COM ADVOGADO E FAMILIARES 
Conforme se observa dos autos, a autoridade policial negou ao requerente o direito 
de se entrevistar com advogado, bem como não permitiu comunicação com a família. 
Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, 
LXIII, da Constituição Federal/88, o preso tem direito à presença de advogado. Logo, deveria a autoridade 
policial providenciar a presença de advogado para acompanhar a lavratura do auto de prisão em flagrante ou 
encaminhar a cópia dos autos à Defensoria Pública. 
Além disso, nos termos do artigo 306 do Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso 
LXII, da Constituição Federal/88, a prisão deveria ter sido comunicada imediatamente à família do preso. 
Logo, a prisão é ilegal, devendo, portanto, ser relaxada. 
C) DA AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO À AUTORIDADE JUDICIÁRIA E À DEFENSORIA PÚBLICA 
Conforme se observa dos autos, a autoridade policial não comunicou a prisão à 
autoridade judiciária competente, nem tampouco à Defensoria Pública. 
Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, 
LXII, da Constituição Federal/88, a prisão deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente, bem como 
à Defensoria Pública, no prazo de 24 horas. 
Logo, trata-se de prisão ilegal, devendo ser relaxada. 
Convém referir que vigora a favor do requerente o princípio da presunção da 
inocência, previsto no artigo 5º, inciso VII, da Constituição Federal/88. 
Como se vê, restou suficientemente demonstrada a ilegalidade da prisão do 
requerente, já que não observadas as formalidades previstas na legislação, devendo, por isso, ser relaxada 
a prisão em flagrante. 
III – DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, a fim 
de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de 
soltura, ou, subsidiariamente, a concessão da liberdade provisória sem fiança, por ser medida de inteira 
justiça. 
 
Nestes termos, 
 
pede deferimento. 
 
Local e data 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
30 
 
PEÇA RESOLVIDA – LIBERDADE PROVISÓRIA 
No dia 15 de janeiro de 2011, por volta das 14 horas, nº 2000, na Rua das Mocas, São Paulo/SP, Josué Silva 
foi preso em flagrante pela prática do delito de receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal, 
acusado de estar conduzindo veículo automotor que sabia ser produto de crime. Marilda, esposa de Josué, 
procurou um advogado e lhe informou que o marido jamais havia se envolvido em atividade ilícita. Disse, 
ainda, possuírem residência fixa e que Josué tinha carteira de trabalho, embora estivesse, na ocasião, 
desempregado. Informou que estava grávida e o marido era o único que poderia contribuir para o sustento 
da família. Ao analisar a folha de antecedentes criminais de Josué, a autoridade policial constatou que o 
flagrado respondia a processo pelo delito de furto. Diante dessa anotação na Folha de Antecedentes Criminais 
de Josué, a autoridade policial representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando 
que existiria risco concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos com o aparato 
judicial. Você, como advogado(a) indicado por Josué, é comunicado da ocorrência da prisão em flagrante, 
além de tomar conhecimento da representação formulada pelo Delegado. Da mesma forma, o comunicado de 
prisão já foi encaminhado para o Ministério Público e para o magistrado, sendo todas as legalidades da prisão 
em flagrante observadas. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas 
pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de Josué, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, 
em favor do seu cliente, apontando os argumentos e fundamentos jurídicos pertinentes ao caso. (Valor: 5,0) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
31 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO 
PAULO/SP 
 
 
 
 
 
 
 
 JOSUÉ DA SILVA, nacionalidade, estado civil, profissão, RG..., por seu 
procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer/apresentar a 
presente LIBERDADE PROVISÓRIA, com base no artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal, e artigo 
5º, LXVI, da CF/88, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. 
 
I. DOS FATOS 
 
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado o delito de receptação, 
previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal. 
O auto de prisão em flagrante observou todas as formalidades e foi encaminhado, 
no prazo legal, ao juiz, para apreciação. 
 
II – DO DIREITO 
 
A) DA IMPOSSIBILIDADE DE CONVERTER A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA 
 
O requerente foi preso em flagrante acusado de ter praticado o delito de receptação, 
previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal. Todavia, conforme o artigo 180 do Código Penal, a pena 
máxima cominada prevista para o delito de receptação é de 04 anos. Logo, considerando que o requerente é 
primário, não é possível a conversão da prisão em flagrante em preventiva, nos termos do artigo 313, inciso 
I, do Código de Processo Penal. Não se aplica ao caso, a hipótese do inciso II do artigo 313, porque o 
requerente não é reincidente. 
 
B) DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DA PREVENTIVA 
 
No caso, a autoridade policial representou pela conversão da prisão em flagrante em 
preventiva, para preservar a ordem pública. Todavia, não estão presentes os requisitos que autorizam a prisão 
preventiva. 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
32 
 
O requerente é trabalhador e jamais se envolveuem atividade ilícita. Além disso, 
possui residência fixa e tem carteira de trabalho. Ademais, a esposa está grávida, sendo o único que poderá 
contribuir para o sustento da família. 
Logo, o requerente não representa perigo à ordem pública, estando, portanto, 
ausentes os requisitos da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal. 
Assim, deve-se conceder a liberdade provisória, nos termos do artigo 321 do Código 
de Processo Penal. 
 
C) DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA 
Convém destacar que prevalece no nosso ordenamento jurídico o princípio da 
presunção da inocência, previsto no artigo 5º, LVII, da CF/88. 
Nesse sentido, a liberdade provisória é medida que se impõe. 
 
D) DA MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO 
 
Na hipótese de não ser concedida a liberdade plena, viável a aplicação da concessão 
da medida cautelar prevista no artigo 319 do Código de Processo Penal, já que constitui medida mais 
conveniente do que a conversão em prisão preventiva. 
 
III – DO PEDIDO 
 
Ante o exposto, requer a concessão da LIBERDADE PRÓVISÓRIA, com a expedição 
do alvará de soltura, a fim de que possa responder o processo em liberdade. Subsidiariamente, requer seja 
aplicada medida cautelar diversa da prisão. 
 
Nestes termos 
Pede deferimento 
 
São Paulo, data 
 
Advogado 
OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
33 
 
 PRISÃO PREVENTIVA 
 
3.1) CONCEITO 
Trata-se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente por juiz 
competente quando presentes os pressupostos e as hipóteses previstas em lei (arts. 312 e 313 do CPP). 
Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação 
criminal e garantir a aplicação da pena. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do 
 
Como repercute na esfera da liberdade do acusado, que constitui direito e garantia 
fundamental do cidadão, a possibilidade de decretação da prisão preventiva encontra embasamento também 
no artigo 5º, especificamente no inciso LXI, da Constituição Federal, que permite a prisão provisória, antes do 
trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que precedida de ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente. Em síntese, somente é possível decretar a prisão preventiva
 
 
 
Momento e forma de execução da prisão provisória 
Conforme dispõe o art. 283, §2º, do CPP, a prisão poderá ser efetuada em qualquer 
dia e a qualquer hora, respeitada a garantia fundamental da inviolabilidade do domicílio, prevista no artigo 
5º, inciso XI, da Constituição Federal. 
Nos termos do artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal, salvo na hipótese de 
prisão em flagrante, a prisão somente pode ser efetivada mediante ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente. 
De acordo com o artigo 293 do CPP, durante o período noturno, no caso de prisão 
preventiva e temporária, em que se exige mandado de prisão expedido por juiz competente, é vedado à 
autoridade policial ingressar em domicílio alheio para efetivar a prisão do suspeito. Todavia, nesse caso, se 
o morador consentir com o ingresso no seu domicílio, a autoridade policial, desde que munida de mandado, 
poderá efetivar a prisão. 
fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou periculum libertatis). 
 
“por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente”. 
03
33
Necessita de Mandado 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
34 
 
Se o morador não permitir o ingresso no seu domicílio, a autoridade policial deverá 
aguardar o amanhecer, com os primeiros raios solares, para invadir, com ou sem consentimento do morador, 
a residência e aí sim efetivar a prisão. Se invadir sem permissão do morador, a prisão é ilegal, devendo ser 
relaxada. 
O mandado de prisão deverá preencher os requisitos do artigo 285, parágrafo 
único, do CPP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 NOITE 
 
HIPÓTESES CUMPRIMENTO MANDADO NO DOMICÍLIO 
Com permissão de acesso do morador (necessário 02 testemunhas) 
Pode ser cumprido SEMPRE – Sem restrições 
 
Sem permissão: é ILEGAL – Cabe relaxamento da prisão. 
Tese de inviolabilidade do domicílio – art. 293, CPP e art. 5º, inciso XI, 
CF. CCF 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
35 
 
3.2) MOMENTO DA DECRETAÇÃO 
Atualmente, a decretação da prisão preventiva pode ser verificada em três situações: 
 
Nesse caso, de acordo com o art. 310 do CPP, ao receber a cópia do auto de prisão 
em flagrante deverá o juiz relaxar a prisão nos casos em que esta for ilegal, convertê-la em preventiva ou 
ainda conceder liberdade provisória. 
Vale lembrar que o Juiz só decretará a preventiva nos casos em que inadequadas 
ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão. 
 
Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a 
prisão preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. Em outras palavras, 
nessa hipótese a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do 
processo penal. 
a) Na conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva – Art. 310, II, CPP 
 
b) Quando não for prisão decorrente de flagrante, mas as circunstâncias do caso revelam a necessidade da 
decretação da prisão preventiva – Art. 311 do CPP 
 
MOMENTO 
DA 
DECRETAÇÃO
CONVERSÃO 
DO FLAGRANTE 
EM 
PREVENTIVA
ART. 310, II, CPP
PELO JUIZ
QUANDO AS 
CIRCUNSTÂNCIAS 
DO CASO 
REVELAREM 
NECESSIDADE
FASE 
INVESTIGATÓRIA
FASE JUDICIAL
DESCUMPRIMENTO 
DE MEDIDA 
CAUTELAR
ART.282, §4º, CPP
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
36 
 
Conforme se extrai do artigo 311 do CPP, nesse caso, durante as investigações 
policiais, o juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício, mas apenas a requerimento do Ministério 
Público ou representação da autoridade policial. 
Durante a ação penal, a decretação da prisão preventiva pode ser decretada de 
ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente de acusação. 
 
Na hipótese de descumprimento injustificado da medida cautelar anteriormente 
imposta, o Magistrado poderá substituir por outra, determinar a cumulação com outra e, somente em último 
caso, decretar a prisão preventiva. 
3.3) LEGITIMAÇÃO 
Diante do que dispõe o art. 5º, LXI, CF/88, no sentido de que ninguém será preso 
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo 
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, resta claro que a prisão 
preventiva somente pode ser decretada por ordem judicial. 
Nesse caso, nos termos do disposto nos arts. 311 e 282, § 2º, do CPP, forçoso 
concluir que a prisão preventiva poderá ser decretada pelo juiz da seguinte forma: 
 
F
A
S
E
 I
N
V
E
S
T
I
G
A
T
Ó
R
IA • Mediante 
representação da 
autoridade policial
• Mediante 
requerimento do 
Ministério Público
N
O
 C
U
R
S
O
 D
O
 P
R
O
C
E
S
S
O
• O Juiz de ofício
• Mediante 
requerimento do 
Ministério Público, 
do querelante ou 
do assistente 
acusação
c) Quando o acusado descumprir, injustificadamente, medida cautelar diversa da prisão – Art. 282, § 4º, do 
CPP. 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
37 
 
Se, na fasede investigação, o juiz decretar de ofício a prisão preventiva, a prisão 
será ilegal, sendo, nesse caso, cabível relaxamento de prisão. 
 
3.4) PRESSUPOSTOS 
Nos termos da parte final do artigo 312 do CPP, a prisão preventiva somente é 
possível, se, no caso concreto, houver: 
 
Como o dispositivo se refere expressamente a “crime”, forçoso concluir que não 
cabe prisão preventiva nas contravenções penais. 
3.5) FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 312 
De acordo com o artigo 312 do CPP, a prisão preventiva pode ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, para assegurar a 
aplicação da lei penal ou em caso de descumprimento das obrigações impostas por força de outras medidas 
cautelares. 
 
 
 
 
 
INDÍCIOS 
SUFICIENTES 
DE AUTORIA
PROVA DA 
MATERIALIDADE 
DO CRIME
PRESSUPOSTOS 
DA PREVENTIVA
Fase de Investigação Juiz Decreta de 
Ofício a Preventiva 
PRISÃO 
ILEGAL 
RELAXAMENTO DE PRISÃO 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
38 
 
 
a) Garantia da ordem pública 
A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em 
hipóteses de crimes que se revestem de especial gravidade no caso concreto, seja pela pena prevista, seja, 
sobretudo, pelos meios de execução utilizados. Cabe, ainda, prisão preventiva para garantia da ordem 
pública diante do risco de reiteradas investidas criminosas e quando presente situação de comprovada 
intranquilidade coletiva no seio social ou de uma determinada comunidade. 
A gravidade em abstrato do crime não autoriza a prisão preventiva. O juiz deve 
analisar a gravidade de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se não fosse assim, todo crime de 
homicídio ou de roubo, por serem abstratamente graves, autorizariam a prisão preventiva compulsória. 
Em suma: a gravidade em concreto que autoriza a prisão preventiva é aquela 
revelada não só pela pena abstratamente prevista para o crime, mas também pelos meios de execução, 
quando a perversidade e o desprezo pelo bem jurídico atingido, reclamem medidas imediatas para assegurar 
a ordem pública, decretando-se a prisão preventiva. 
C
A
U
T
E
L
A
R
ID
A
D
E
SOCIAL
GARANTIA DA 
ORDEM PUBLICA
Não confundir com clamor 
popular. Deve haver 
gravidade em concreto, o 
criminoso deve oferecer 
perigo real, capaz de abalar a 
paz social.
GARANTIA DA 
ORDEM 
ECONOMICA
Se aplica, por exemplo, a 
crimes econômicos, nos 
casos em que o autor possa 
colocar em risco a situação 
financeira de instituição ou 
órgão estatal.
PROCESSUAL
ASSEGURAR A 
INSTRUÇÃO 
CRIMINAL
Não basta o mero receio da 
vitima ou testemunha, deve 
haver provas de que o 
acusado está interferindo na 
produção de provas
ASSEGURAR A 
APLICAÇÃO DA LEI 
PENAL
Nos casos de fundado receio 
de fuga do acusado. 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
39 
 
O clamor público, por si só, não autoriza o decreto da prisão preventiva, servindo 
como uma referência adicional para o exame da necessidade da custódia cautelar, devendo, portanto, estar 
acompanhado de situação concreta excepcional, que justifique a prisão processual. 
b) Conveniência da instrução criminal 
É empregada quando houver risco efetivo para a instrução criminal e não meras 
suspeitas ou presunções. Ou seja, simples receio ou medo da vítima ou testemunha em relação ao acusado, 
não autoriza o decreto da prisão preventiva. 
Não cabe prisão preventiva com fundamento na conveniência da instrução criminal 
quando se pretende interrogar ou compelir o acusado a participar de algum ato probatório (acareação, 
reconstituição ou reconhecimento), sobretudo pela violação ao direito ao silêncio. 
Evidentemente, sendo a custódia decretada unicamente com base no fundamento 
in examen, uma vez esgotada a instrução, não há mais razões para que subsista o decreto, impondo-se, então, 
a revogação, conforme se infere dos arts. 316 e 282, § 5º, ambos do CPP. Do contrário, passa a preventiva a 
se constituir uma forma de execução antecipada de pena, configurando constrangimento ilegal. (AVENA, 2013, 
p. 938). 
 
 
c) Garantia da aplicação da lei penal 
Significa assegurar a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao 
Estado o exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado autor da infração 
penal. 
É a prisão para evitar que o agente empreenda fuga, tornando inútil a sentença 
penal por impossibilidade de aplicação da pena cominada. 
Se o réu 
estava preso 
por ameaçar 
testemunhas
Ocorreu a 
oitiva das 
testemunhas 
Cessou o 
motivo que 
ensejava a 
preventiva
PEDIDO DE 
REVOGAÇÃO 
DA 
PREVENTIVA
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
40 
 
Todavia, o risco de fuga não pode ser presumido. Tem de estar fundado em 
circunstâncias concretas. Logo, não havendo nenhum elemento concreto, mas mera suspeita de fuga, não 
há motivo suficiente para o decreto da prisão preventiva. 
d) Garantia de ordem econômica 
Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o agente, 
causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira ou mesmo de 
órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade reinante nessa área. 
Equipara-se o criminoso do colarinho branco aos demais delinquentes comuns, na 
medida em que o desfalque em uma instituição financeira pode gerar maior repercussão na vida das pessoas, 
do que um simples roubo contra um indivíduo qualquer. 
 
 
e) Descumprimento de obrigações impostas por força de outras medidas cautelares 
Nos termos do art. 312, parágrafo único, do CPP, a prisão preventiva também 
poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras 
medidas cautelares (art. 319), conforme art. 282, § 4º, do CPP. 
Nesse caso, é imprescindível que o juiz atente para a proporcionalidade, devendo 
sempre priorizar a cumulação de medidas cautelares ou adoção de outra mais grave, optando pela prisão 
preventiva em último caso. 
Em síntese, o Juiz deve priorizar a aplicação de medida cautelar diversa da prisão 
caso entenda adequada e suficiente diante do caso concreto. Ex: Suponha que o juiz determine a proibição 
do acusado de estabelecer contato com pessoa determinada (art. 319, III, CPP) e ele descumpre a medida. 
Nesse caso, o juiz deve, primeiro, optar por substituir a medida ou aplicar outra em cumulação, para só 
então, se persistir o descumprimento, decretar a preventiva, conforme dispõe o art. 312, parágrafo único, 
c/c o art. 282, § 4º, CPP. 
 
Descumprimento 
de Cautelar
Nova 
Cautelar
Cumular 
Cautelares
DECRETAR 
PREVENTIVA
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
41 
 
3.6) CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 313 
Não se mostra suficiente a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva, 
devendo, além disso, ser decretada somente em determinadas espécies de infração penal ou sob certas 
circunstâncias. Trata-se das condições de admissibilidade. 
 
Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes 
dolosos com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos. Logo, não cabe, em tese, prisão 
preventiva por crime culposo. 
O limite de 04 anos tem a sua razão de ser, porquanto, se condenado 
definitivamente, o agente poderá, se preenchidos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, ter substituída 
sua pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. Nesse sentido,se condenado o agente não irá, a 
princípio, para prisão, com muito mais razão não poderá ser mantido preso quando incide a seu favor a 
presunção da inocência. 
Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir 
a pena privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e retornar ao 
cárcere à noite. 
São inúmeros os crimes que, em razão deste inciso, não comportam prisão 
preventiva, tais como furto simples (art. 155 CP), apropriação indébita (art. 168 CP), receptação simples (art. 
180 CP), descaminho (Art. 334 do CP), dentre outros. 
No caso de concurso material de crimes, somam-se as penas para fins de prisão 
preventiva. Nos casos de concurso formal de crimes e crime continuado, considera-se a causa de aumento no 
máximo e a de diminuição no mínimo. Em qualquer caso, se a pena máxima for superior a 04 anos, poderá, 
em tese, ser decretada a prisão preventiva. 
Tratando-se de causas de aumento de pena e de diminuição da pena, deve-se 
considerar a quantidade que mais aumente ou que menos diminua, respectivamente, a fim de se chegar a 
pena máxima cominada ao delito. 
Ex1: Furto noturno, previsto no artigo 155, § 2º, CP, a pena é aumentada em 1/3. 
O furto simples não autoriza o decreto da prisão preventiva, pois a pena máxima cominada é de 04 anos. 
Todavia, se for praticado durante repouso noturno, a pena é aumentada em 1/3, superando os 04 anos e, por 
conseguinte, autorizando o decreto da prisão preventiva. 
A) NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR 
A 4 (QUATRO) ANOS: 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
42 
 
Ex2: Tentativa de estelionato. Conforme o artigo 171 do CP, a pena máxima 
cominada ao delito de estelionato é de 05 anos. Na hipótese de tentativa de estelionato, esta pena poderá ser 
reduzida de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o art. 14, parágrafo único, do Código Penal. Se aplicada sobre a pena 
de05 anos a redução mínima (1/3), a pena resultará em 03 anos e 04 meses, quantidade, portanto, 
incompatível com o disposto no artigo 313, inciso I, do CPP, o decreto da prisão preventiva. 
 
Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que 
se trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se 
o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos do art. 312. 
Assim, se uma pessoa primária está sendo processada por crime cuja pena máxima 
não excede 4 anos, descabe inicialmente a prisão preventiva, ainda que existam provas de que ela, por 
exemplo, está ameaçando testemunhas, podendo, nesse caso, ser aplicada uma das medidas cautelares 
previstas no art. 319 CPP. Somente se descumprida a medida cautelar, pode-se aventar a possibilidade de 
decreto da preventiva, com base no artigo 282, § 4º, c/c art. 312, parágrafo único, CPP. 
 
Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a 
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas 
protetivas de urgência. 
Além das medidas protetivas previstas na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a 
nova redação do artigo 313 do CPP incluiu os casos de violência doméstica, não só em relação à mulher, mas 
à criança, adolescente, idoso, enfermo ou qualquer pessoa com deficiência. 
Essas medidas protetivas estão previstas no art. 22 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria 
da Penha), arts. 43 a 45 do Estatuto do Idoso, e arts. 98 a 101 do ECA. 
Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de imposição anterior 
das cautelares protetivas de urgência. 
 
 
B) SE O RÉU OSTENTAR CONDENAÇÃO ANTERIOR DEFINITIVA POR OUTRO CRIME DOLOSO NO 
PRAZO DE 05 ANOS DA REINCIDÊNCIA 
C) SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, CRIANÇA, 
ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
43 
 
3.7) ALGUMAS HIPÓTESES QUE NÃO ADMITEM A DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA 
 
Não cabe prisão preventiva nas contravenções penais, uma vez que o próprio art. 
312 prevê a possibilidade de prisão preventiva na hipótese de existência de CRIME, carecendo, assim, 
previsão legal quando se tratar de contravenção penal. 
 
Nos termos do artigo 314 do CPP, a decretação da prisão preventiva é vedada se 
o juiz verificar, pelas provas constantes dos autos, que o agente praticou o ato sob a égide de uma das 
causas excludentes de ilicitude (Legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito ou 
estrito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A) NAS CONTRAVENÇÕES PENAIS: 
 
B) NA HIPÓTESE DE O AGENTE TER PRATICADO O FATO ACOBERTADO POR UMA DAS 
CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE: 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
44 
 
3.8) PEÇAS EXCLUSIVAS DE ADVOGADO POSSÍVEIS NO CONTEXTO DE PRISÃO PREVENTIVA 
3.8.1) REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA 
 
Nos termos do artigo 315 do CPP, observando, ainda, o disposto no artigo 93, IX, 
da CF/88, o decreto da prisão preventiva deve ser fundamentado quanto aos seus pressupostos e motivos 
ensejadores. 
Além disso, levando-se em conta o disposto no artigo 282, § 6º, do CPP, segundo 
a preventiva apenas poderá ser decretada quando não for cabível a sua substituição por outra medida 
cautelar diversa da prisão, cumpre ao juiz manifestar-se sobre insuficiência e inadequação da aplicação de 
uma medida cautelar. 
O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no decorrer do processo, verificar 
falta de motivo para que subsista. 
Da decisão que indeferir ou revogar a prisão preventiva, cabe recurso em sentido 
estrito (art. 581, V, CPP). 
Da decisão que decretar a prisão preventiva cabe habeas corpus. 
 
 
 
PEÇA: 
REVOGAÇÃO 
 DA PREVENTIVA 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO PREVENTIVA 
LEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
BASE LEGAL: art. 316 do CPP e art. 5º, LXI, da CF/88 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
45 
 
3.8.2) RELAXAMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA 
 
 
O relaxamento da prisão no contexto da prisão preventiva poderá ocorrer quando 
a prisão for ilegal. Ou seja, na hipótese de inobservância de uma formalidade prevista em lei ou quando 
decretada em delito que não comporta prisão preventiva. 
Exemplos: 
* Prisão preventiva decretada em crime não listado no rol do art. 313 CPP. 
* Nos casos de crimes culposo 
* Nos casos de Contravenções Penais 
* Inobservância dos requisitos essenciais do mandado de prisão (art. 285, p. único, do CPP). 
* Prisão preventiva sem fundamentação. 
* Prisão preventiva decretada de ofício pelo juiz na fase investigatória 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BASE LEGAL: art. 5º, LXV, CF/88 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
46 
 
Em suma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUIZ DECRETA 
A PRISÃO 
PREVENTIVA 
 
PRISÃO LEGAL 
 
PRISÃO ILEGAL 
 
PEDIDO DE 
REVOGAÇÃO DA 
PREVENTIVA 
 
PEDIDO DE 
RELAXAMENTO 
DE PRISÃO 
 
HC 
 
ROC 
 
DA DECISÃO 
QUE INDEFERE 
DA DECISÃO 
QUE DENEGA 
ROC 
 
HC 
 
DA DECISÃO 
QUE INDEFERE 
DA DECISÃO 
QUE DENEGA 
PRISÃO 
PREVENTIVA 
LEGAL
•Crimes dolosos com pena
máxima superior a 4 anos
•Independente da pena, sendo
o réu reincidente

Outros materiais