Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UFAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS FACULDADE DE DIREITO DE ALAGOAS TEORIA DA CONSTITUIÇÃO ATIVIDADE II: LEITURA DIRIGIDA DE TEXTO NOVOS PARADIGMAS E CATEGORIAS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL (Luis Roberto Barroso) ADEMAR DA SILVA PAULINO Maceió – AL, novembro de 2013. ADEMAR DA SILVA PAULINO ATIVIDADE II: LEITURA DIRIGIDA DE TEXTO NOVOS PARADIGMAS E CATEGORIAS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL (Luis Roberto Barroso) Trabalho apresentado à disciplina de Teoria da Constituição como um dos critérios de avaliação bimestral. Maceió, AL, novembro de 2013. ATIVIDADE 1. Quais os paradigmas hermenêuticos da interpretação tradicional? Gramatical, histórico, sistemático e teleológico. 2. Quais as características da interpretação contemporânea? A interpretação contemporânea desenvolve-se para realização da vontade da Constituição, considerando-se a subsunção muitas vezes insuficiente. A norma jurídica perde ênfase e passa for- necer apenas um início de solução. O problema passa a fornecer parte dos elementos que irão pro- duzir o Direito, deixando de ser apenas um conjunto de fatos sobre o qual incidiria a norma. O in- térprete torne-se coparticipante do processo de criação do Direito, completando o trabalho do cons- tituinte ou do legislador. Esses novos papéis reconhecidos à norma, ao problema e ao intérprete decorrem de: (i) a melhor compreensão de fenômenos que sempre existiram, mas não eram adequadamente elabora- dos; (ii) a maior complexidade da vida moderna. A nova interpretação precisou atribuir sentido a conceitos jurídicos indeterminados, reconhecer a normatividade dos princípios e a existência de co- lisões de normas constitucionais, utilizar a técnica da ponderação e argumentação. 3. O que são conceitos jurídicos indeterminados? Os conceitos jurídicos indeterminados, assim como os princípios, estão situados na categoria ampla das cláusulas gerais. As cláusulas gerais têm emprego de linguagem intencionalmente aberta e vaga, de modo a transferir para o intérprete o papel de completar o sentido da norma, à vista dos elementos do caso concreto. Conceitos jurídicos indeterminados são expressões de sentido fluido, destinados a lidar com situações nas quais o legislador não pôde ou não quis especificar de forma detalhada suas hipóteses de incidência ou extrair o comando a ser dele extraído. Isso possibilita ao intérprete um espaço considerável de valoração subjetiva. 4. Qual a distinção dada pelo autor entre princípios e regras? Princípios e regras desfrutam igualmente do status de norma jurídica, mas com algumas dis- tinções em critérios variados como segue abaixo: Quanto ao conteúdo: regras são relatos objetivos descritivos de condutas a serem seguidas. Princípios expressam valores ou fins a serem alcançados. Quanto à estrutura normativa: as regras se estruturam, normalmente, no modelo tradicional das normas de conduta: previsão de um fato – atribuição de um efeito jurídico. Princípios indicam estados ideais e comportam realização por meio de variadas condutas. Quanto ao modo de aplicação: regras operam por via do enquadramento do fato no relato normativo, com anunciação da consequência jurídica daí resultante, isto é, aplicam-se mediante subsunção. Princípios podem entrar em rota de colisão com outros princípios ou encontrar resistên- cia por parte da realidade fática, hipóteses em que serão aplicados mediante ponderação. 5. Em que consistem as colisões de normas constitucionais? As colisões entre normas constitucionais consistem da complexidade e do pluralismo das so- ciedades modernas, os quais abrigam na Constituição valores, interesses e direitos variados, que eventualmente entram em choque. Não existe hierarquia em abstrato entre os princípios, devendo a precedência relativa de um sobre o outro ser determinada à luz do caso concreto. 6. Defina eficácia direta, interpretativa e negativa dos princípios constitucionais. A consumação dos efeitos jurídicos da norma é identificada como efetividade da norma. Os princípios também são dotados de eficácia jurídica. Na eficácia direta, positiva ou simétrica, quando o princípio será fundamento direto de uma decisão, o princípio incide sobre a realidade à semelhança de uma regra, pelo enquadramento do fato relevante na proposição jurídica nele contida. Na eficácia interpretativa, os princípios constitucionais funcionam como vetores da ativida- de do intérprete e condicionam o sentido e o alcance das normas jurídicas em geral, ou seja, quando na aplicação de normas jurídicas que comportam mais de uma possibilidade interpretativa, a eficá- cia interpretativa orienta para que o intérprete opte, dentro das regras em geral, pela que melhor rea- liza o efeito pretendido pelo princípio constitucional pertinente. A eficácia negativa implica na paralisação da aplicação de qualquer norma ou ato jurídico que esteja em contrariedade com o princípio constitucional em questão. 7. Defina e apresente as principais características do princípio da razoabilidade. Referenciado quando da resolução de colisões entre princípios jurídicos, o princípio da razo- abilidade, também entendido como proporcionalidade, é uma diretriz de senso comum, ou mais exa- tamente, de bom-senso, aplicada ao Direito. Esse bom-senso jurídico se faz necessário à medida que as exigências formais que decorrem do princípio da legalidade tendem a reforçar mais o texto das normas, a palavra da lei, que o seu espírito. 8. Qual a diferença entre e ponderação e subsunção? A ponderação e a subsunção são técnicas de decisão jurídica. Mas a subsunção se desenvol- ve por via de um raciocínio silogístico, no qual premissa maior – norma – incide sobre a premissa menor – fatos – levando a um resultado. A subsunção se mostra insuficiente para lidar com colisões de princípios fundamentais, os quais não têm hierarquia entre si, e induzem a várias premissas mai- ores para uma única premissa menor. Nessa situação a ponderação tem seu papel de destaque, ope- rando de forma multidirecional (diferentemente da subsunção que tem na unidirecionalidade sua ca- racterística marcante) considerando os múltiplos elementos em jogo na medida de sua importância e pertinência para o caso concreto. 9. Quais as etapas da técnica da ponderação, como técnica jurídica aplicável a casos difíceis? A ponderação consiste de uma técnica de decisão jurídica, aplicável a casos difíceis. Pode ser descrita como um processo em três etapas: Na primeira etapa, detecção no sistema de normas relevantes à solução do caso concreto e identificação de eventuais conflitos. Os diversos fundamentos normativos serão agrupados de ma- neira que, ao indicarem mês solução, formarão um conjunto de argumentos. Na segunda etapa, examinar fatos, circunstâncias concretas do caso e sua interação com ele- mentos normativos. O reflexo das normas sobre os fatos e o exame deles apontará o papel de cada norma e sua influência. Na terceira etapa, os diferentes grupos de normas e a repercussão dos fatos do caso concreto, fornecerão o grupo que deve prevalecer (pela análise de todo conjunto) e em seguida, baseado no princípio da proporcionalidade ou razoabilidade, dosar a intensidade de aplicação do grupo de nor- mas selecionado em detrimento das demais. 10. Explique as principais características da argumentação jurídica. A argumentação faz parte do mundo jurídico, ela fornece razões para a defesa de um ponto de vista, meios de justificar uma tese ou conclusão. Tem como elementos fundamentais: (i) a lingua- gem; (ii) as premissas que funcionam como ponto de partida e (iii) regras norteadoras da passagem das premissas à conclusão. Dentre as incontáveis propostas de critériospara orientar a argumenta- ção jurídica três parâmetros são considerados pertinentes e recomendáveis: a) a necessidade de fun- damentação normativa, a argumentação jurídica deve ser capaz de apresentar fundamentos normati- vos, preservar exatamente o seu caráter jurídico; b) a necessidade de respeito à integridade do siste- ma, decisões devem ser universalizáveis, não se pode ignorar a história, os precedentes; c) o peso a ser dado às consequências concretas da decisão, na argumentação, o interprete não pode fugir à rea- lidade e sim buscar um equilíbrio entre a norma, os valores e os efeitos sobre a realidade. þÿ
Compartilhar