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Capı´tulo 3 Vetores no Plano e no Espac¸o Muitas grandezas fı´sicas, como velocidade, forc¸a, deslocamento e impulso, para serem comple- tamente identificadas, precisam, ale´m da magnitude, da direc¸a˜o e do sentido. Estas grandezas sa˜o chamadas grandezas vetoriais ou simplesmente vetores. Geometricamente, vetores sa˜o representados por segmentos (de retas) orientados (segmentos de retas com um sentido de percurso) no plano ou no espac¸o. A ponta da seta do segmento orientado e´ chamada ponto final ou extremidade e o outro ponto extremo e´ chamado de ponto inicial ou origem do segmento orientado. Segmentos orientados com mesma direc¸a˜o, mesmo sentido e mesmo comprimento representam o mesmo vetor. A direc¸a˜o, o sentido e o comprimento do vetor sa˜o definidos como sendo a direc¸a˜o, o sentido e o comprimento de qualquer um dos segmentos orientados que o representam. Este fato e´ ana´logo ao que ocorre com os nu´meros racionais e as frac¸o˜es. Duas frac¸o˜es repre- 150 151 Figura 3.1: Segmentos orientados representando o mesmo vetor Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 152 Vetores no Plano e no Espac¸o sentam o mesmo nu´mero racional se o numerador e o denominador de cada uma delas estiverem na mesma proporc¸a˜o. Por exemplo, as frac¸o˜es 1/2, 2/4 e 3/6 representam o mesmo nu´mero racio- nal. A definic¸a˜o de igualdade de vetores tambe´m e´ ana´loga a igualdade de nu´meros racionais. Dois nu´meros racionais 푎/푏 e 푐/푑 sa˜o iguais, quando 푎푑 = 푏푐. Dizemos que dois vetores sa˜o iguais se eles possuem o mesmo comprimento, a mesma direc¸a˜o e o mesmo sentido. Na Figura 3.1 temos 4 segmentos orientados, com origens em pontos diferentes, que representam o mesmo vetor, ou seja, sa˜o considerados como vetores iguais, pois possuem a mesma direc¸a˜o, mesmo sentido e o mesmo comprimento. Se o ponto inicial de um representante de um vetor 푉 e´ 퐴 e o ponto final e´ 퐵, enta˜o escrevemos 푉 = −→ 퐴퐵 � � � � � �* 퐴 퐵 −→ 퐴퐵 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar A soma, 푉 +푊 , de dois vetores 푉 e푊 e´ determinada da seguinte forma: ∙ tome um segmento orientado que representa 푉 ; ∙ tome um segmento orientado que representa푊 , com origem na extremidade de 푉 ; ∙ o vetor 푉 +푊 e´ representado pelo segmento orientado que vai da origem de 푉 ate´ a extremi- dade de푊 . Da Figura 3.2, deduzimos que a soma de vetores e´ comutativa, ou seja, 푉 +푊 = 푊 + 푉, (3.1) Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 153 푊 푉 푉 푊 푉 + 푊 푊 + 푉 Figura 3.2: 푉 +푊 = 푊 + 푉 푊 푉 푈 푊 + 푈 푉 + 푊 푉 + ( 푊 + 푈 )( 푉 + 푊 ) + 푈 Figura 3.3: 푉 + (푊 + 푈) = (푉 +푊 ) + 푈 Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 154 Vetores no Plano e no Espac¸o para quaisquer vetores 푉 e 푊 . Observamos tambe´m que a soma 푉 + 푊 esta´ na diagonal do paralelogramo determinado por 푉 e푊 , quando esta˜o representados com a mesma origem. Da Figura 3.3, deduzimos que a soma de vetores e´ associativa, ou seja, 푉 + (푊 + 푈) = (푉 +푊 ) + 푈, (3.2) para quaisquer vetores 푉 ,푊 e 푈 . O vetor que tem a sua origem coincidindo com a sua extremidade e´ chamado vetor nulo e deno- tado por 0¯. Segue enta˜o, que 푉 + 0¯ = 0¯ + 푉 = 푉, (3.3) para todo vetor 푉 . Para qualquer vetor 푉 , o sime´trico de 푉 , denotado por −푉 , e´ o vetor que tem mesmo compri- mento, mesma direc¸a˜o e sentido contra´rio ao de 푉 . Segue enta˜o, que 푉 + (−푉 ) = 0¯. (3.4) Definimos a diferenc¸a푊 menos 푉 , por 푊 − 푉 = 푊 + (−푉 ). Segue desta definic¸a˜o, de (3.1), (3.2), (3.4) e de (3.3) que 푊 + (푉 −푊 ) = (푉 −푊 ) +푊 = 푉 + (−푊 +푊 ) = 푉 + 0¯ = 푉. Assim, a diferenc¸a 푉 −푊 e´ um vetor que somado a푊 da´ 푉 , portanto ele vai da extremidade de푊 ate´ a extremidade de 푉 , desde que 푉 e푊 estejam representados por segmentos orientados com a mesma origem. A multiplicac¸a˜o de um vetor 푉 por um escalar 훼, 훼푉 , e´ determinada pelo vetor que possui as seguintes caracterı´sticas: Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 155 (a) e´ o vetor nulo, se 훼 = 0 ou 푉 = 0¯, (b) caso contra´rio, i. tem comprimento ∣훼∣ vezes o comprimento de 푉 , ii. a direc¸a˜o e´ a mesma de 푉 (neste caso, dizemos que eles sa˜o paralelos), iii. tem o mesmo sentido de 푉 , se 훼 > 0 e tem o sentido contra´rio ao de 푉 , se 훼 < 0. As propriedades da multiplicac¸a˜o por escalar sera˜o apresentadas mais a frente. Se 푊 = 훼푉 , dizemos que 푊 e´ um mu´ltiplo escalar de 푉 . ´E fa´cil ver que dois vetores na˜o nulos sa˜o paralelos (ou colineares) se, e somente se, um e´ um mu´ltiplo escalar do outro. As operac¸o˜es com vetores podem ser definidas utilizando um sistema de coordenadas retangu- lares ou cartesianas. Em primeiro lugar, vamos considerar os vetores no plano. Seja 푉 um vetor no plano. Definimos as componentes de 푉 como sendo as coordenadas (푣1, 푣2) do ponto final do representante de 푉 que tem ponto inicial na origem. Vamos identificar o vetor com as suas componentes e vamos escrever simplesmente 푉 = (푣1, 푣2). Assim, as coordenadas de um ponto 푃 sa˜o iguais as componentes do vetor −→ 푂푃 , que vai da origem do sistema de coordenadas ao ponto 푃 . Em particular, o vetor nulo, 0¯ = (0, 0). Em termos das componentes, podemos realizar facilmente as operac¸o˜es: soma de vetores e multiplicac¸a˜o de vetor por escalar. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 156 Vetores no Plano e no Espac¸o 푊−푊 푉 푉 −푊 푊 푉 푉 −푊 Figura 3.4: A diferenc¸a 푉 −푊 푉 −2푉 3푉 1 2 푉 Figura 3.5: Multiplicac¸a˜o de vetor por escalar Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 157 x y 푉 = (푣1, 푣2) 푣2 푂 푣1 Figura 3.6: As componentes do vetor 푉 no plano x y 푃 = (푥, 푦) −→ 푂푃 푦 푂 푥 Figura 3.7: As coordenadas de 푃 sa˜o iguais as componentes de −→ 푂푃 Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 158 Vetores no Plano e no Espac¸o ∙ Como ilustrado na Figura 3.8, a soma de dois vetores 푉 = (푣1, 푣2) e푊 = (푤1, 푤2) e´ dada por 푉 +푊 = (푣1 + 푤1, 푣2 + 푤2); ∙ Como ilustrado na Figura 3.9, a multiplicac¸a˜o de um vetor 푉 = (푣1, 푣2) por um escalar 훼 e´ dada por 훼 푉 = (훼 푣1, 훼 푣2). Definimos as componentes de um vetor no espac¸o de forma ana´loga a que fizemos com vetores no plano. Vamos inicialmente introduzir um sistema de coordenadas retangulares no espac¸o. Para isto, escolhemos um ponto como origem 푂 e como eixos coordenados, treˆs retas orientadas (com sentido de percurso definido), passando pela origem, perpendiculares entre si, sendo uma delas vertical orientada para cima. Estes sera˜o os eixos 푥, 푦 e 푧. O eixo 푧 e´ o eixo vertical. Os eixos 푥 e 푦 sa˜o horizontais e satisfazem a seguinte propriedade. Suponha que giramos o eixo 푥 pelo menor aˆngulo ate´ que coincida com o eixo 푦. Se os dedos da ma˜o direita apontam na direc¸a˜o do semi- eixo 푥 positivo de forma que o semi-eixo 푦 positivo esteja do lado da palma da ma˜o, enta˜o o polegar aponta no sentido do semi-eixo 푧 positivo. Cada par de eixos determina um plano chamado de plano coordenado. Portanto os treˆs planos coordenados sa˜o: 푥푦, 푦푧 e 푥푧. A cada ponto 푃 no espac¸o associamos um terno de nu´meros (푥, 푦, 푧), chamado de coordenadas do ponto 푃 como segue. ∙ Trace uma reta paralela ao eixo 푧, passando por 푃 ; ∙ A intersec¸a˜o da reta paralela ao eixo 푧, passando por 푃 , com o plano 푥푦 e´ o ponto 푃 ′. As coordenadas de 푃 ′, (푥, 푦), no sistema de coordenadas 푥푦 sa˜o as duas primeiras coordenadas de 푃 . Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 159 x y 푣2 푤2 푣2+푤2 푣1 푤1 푣1+푤1 푉 푊 푉 +푊 Figura 3.8: A soma de dois vetores no plano x y 푣2 훼푣2 푣1 훼푣1 푉 훼푉 Figura 3.9: A multiplicac¸a˜ode vetor por es- calar no plano Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 160 Vetores no Plano e no Espac¸o ∙ A terceira coordenada e´ igual ao comprimento do segmento 푃푃 ′, se 푃 estiver acima do plano 푥푦 e ao comprimento do segmento 푃푃 ′ com o sinal negativo, se 푃 estiver abaixo do plano 푥푦. As coordenadas de um ponto 푃 sa˜o determinadas tambe´m da maneira dada a seguir. ∙ Passe treˆs planos por 푃 paralelos aos planos coordenados. ∙ A intersec¸a˜o do plano paralelo ao plano 푥푦, passando por 푃 , com o eixo 푧 determina a coorde- nada 푧. ∙ A intersec¸a˜o do plano paralelo ao plano 푥푧, passando por 푃 , com o eixo 푦 determina a coorde- nada 푦 ∙ A intersec¸a˜o do plano paralelo ao plano 푦푧, passando por 푃 , com o eixo 푥 determina a coorde- nada 푥. Agora, estamos prontos para utilizarmos um sistema de coordenadas cartesianas tambe´m nas operac¸o˜es de vetores no espac¸o. Seja 푉 um vetor no espac¸o. Como no caso de vetores do plano, definimos as componentes de 푉 como sendo as coordenadas (푣1, 푣2, 푣3) do ponto final do repre- sentante de 푉 que tem ponto inicial na origem. Tambe´m vamos identificar o vetor com as suas componentes e vamos escrever simplesmente 푉 = (푣1, 푣2, 푣3). Assim, as coordenadas de um ponto 푃 sa˜o iguais as componentes do vetor −→ 푂푃 que vai da origem do sistema de coordenadas ao ponto 푃 . Em particular, o vetor nulo, 0¯ = (0, 0, 0). Assim como fizemos para vetores no plano, para vetores no espac¸o a soma de vetores e a multiplicac¸a˜o de vetor por escalar podem ser realizadas em termos das componentes. Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 161 ∙ Se 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) e푊 = (푤1, 푤2, 푤3), enta˜o a adic¸a˜o de 푉 com푊 e´ dada por 푉 +푊 = (푣1 + 푤1, 푣2 + 푤2, 푣3 + 푤3); ∙ Se 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) e 훼 e´ um escalar, enta˜o a multiplicac¸a˜o de 푉 por 훼 e´ dada por 훼 푉 = (훼 푣1, 훼 푣2, 훼 푣3). Exemplo 3.1. Se 푉 = (1,−2, 3),푊 = (2, 4,−1), enta˜o 푉 +푊 = (1 + 2,−2 + 4, 3 + (−1)) = (3, 2, 2), 3푉 = (3 ⋅ 1, 3 (−2), 3 ⋅ 3) = (3,−6, 9). Quando um vetor 푉 esta´ representado por um segmento orientado com ponto inicial fora da origem (Figura 3.13), digamos em 푃 = (푥1, 푦1, 푧1), e ponto final em푄 = (푥2, 푦2, 푧2), enta˜o as componentes do vetor 푉 sa˜o dadas por 푉 = −→ 푃푄= −→ 푂푄 − −→ 푂푃= (푥2 − 푥1, 푦2 − 푦1, 푧2 − 푧1). Portanto, as componentes de 푉 sa˜o obtidas subtraindo-se as coordenadas do ponto 푄 (extremi- dade) das do ponto 푃 (origem). O mesmo se aplica a vetores no plano. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 162 Vetores no Plano e no Espac¸o Exemplo 3.2. As componentes do vetor 푉 que tem um representante com ponto inicial 푃 = (5/2, 1, 2) e ponto final 푄 = (0, 5/2, 5/2) sa˜o dadas por 푉 = −→ 푃푄= (0− 5/2, 5/2− 1, 5/2− 2) = (−5/2, 3/2, 1/2). Observac¸a˜o. O vetor e´ “livre”, ele na˜o tem posic¸a˜o fixa, ao contra´rio do ponto e do segmento orien- tado. Por exemplo, o vetor 푉 = (−5/2, 3/2, 1/2), no exemplo acima, estava representado por um segmento orientado com a origem no ponto 푃 = (5/2, 1, 2). Mas, poderia ser representado por um segmento orientado cujo ponto inicial poderia estar em qualquer outro ponto. Um vetor no espac¸o 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) pode tambe´m ser escrito na notac¸a˜o matricial como uma matriz linha ou como uma matriz coluna: 푉 = ⎡ ⎣ 푣1푣2 푣3 ⎤ ⎦ ou 푉 = [ 푣1 푣2 푣3 ] . Estas notac¸o˜es podem ser justificadas pelo fato de que as operac¸o˜es matriciais 푉 +푊 = ⎡ ⎣ 푣1푣2 푣3 ⎤ ⎦+ ⎡ ⎣ 푤1푤2 푤3 ⎤ ⎦ = ⎡ ⎣ 푣1 + 푤1푣2 + 푤2 푣3 + 푤3 ⎤ ⎦ , 훼푉 = 훼 ⎡ ⎣ 푣1푣2 푣3 ⎤ ⎦ = ⎡ ⎣ 훼푣1훼푣2 훼푣3 ⎤ ⎦ ou 푉 +푊 = [ 푣1 푣2 푣3 ] + [ 푤1 푤2 푤3 ] = [ 푣1 + 푤1 푣2 + 푤2 푣3 + 푤3 ] , Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 163 훼푉 = 훼 [ 푣1 푣2 푣3 ] = [ 훼푣1 훼푣2 훼푣3 ] produzem os mesmos resultados que as operac¸o˜es vetoriais 푉 +푊 = (푣1, 푣2, 푣3) + (푤1, 푤2, 푤3) = (푣1 + 푤1, 푣2 + 푤2, 푣3 + 푤3), 훼푉 = 훼(푣1, 푣2, 푣3) = (훼푣1, 훼푣2, 훼푣3). O mesmo vale, naturalmente, para vetores no plano. No teorema seguinte enunciamos as propriedades mais importantes da soma de vetores e multiplicac¸a˜o de vetores por escalar. Teorema 3.1. Sejam 푈, 푉 e푊 vetores e 훼 e 훽 escalares. Sa˜o va´lidas as seguintes propriedades: (a) 푈 + 푉 = 푉 + 푈 ; (b) (푈 + 푉 ) +푊 = 푈 + (푉 +푊 ); (c) 푈 + 0¯ = 푈 ; (d) 푈 + (−푈) = 0¯; (e) 훼(훽푈) = (훼훽)푈 ; (f) 훼(푈 + 푉 ) = 훼푈 + 훼푉 ; (g) (훼 + 훽)푈 = 훼푈 + 훽푈 ; (h) 1푈 = 푈 . Demonstrac¸a˜o. Segue diretamente das propriedades da a´lgebra matricial (Teorema 1.1 na pa´gina 10). ■ Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 164 Vetores no Plano e no Espac¸o Exemplo 3.3. Seja um triaˆngulo 퐴퐵퐶 e sejam푀 e 푁 os pontos me´dios de 퐴퐶 e 퐵퐶, respectiva- mente. Vamos provar que푀푁 e´ paralelo a 퐴퐵 e tem comprimento igual a metade do comprimento de 퐴퐵. Devemos provar que −→ 푀푁= 1 2 −→ 퐴퐵 . Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 165 A B C M N Agora, a partir da figura acima temos que −→ 푀푁= −→ 푀퐶 + −→ 퐶푁 . Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 166 Vetores no Plano e no Espac¸o Como푀 e´ ponto me´dio de 퐴퐶 e 푁 e´ ponto me´dio de 퐵퐶, enta˜o −→ 푀퐶= 1 2 −→ 퐴퐶 e −→ 퐶푁= 1 2 −→ 퐶퐵 . Logo, −→ 푀푁= 1 2 −→ 퐴퐶 + 1 2 −→ 퐶퐵= 1 2 ( −→ 퐴퐶 + −→ 퐶퐵) = 1 2 −→ 퐴퐵 . Exemplo 3.4. Dados quatro pontos 퐴, 퐵, 퐶 e 푋 tais que −→ 퐴푋= 휆 −→ 퐴퐵, vamos escrever −→ 퐶푋 como combinac¸a˜o linear de −→ 퐶퐴 e −→ 퐶퐵, isto e´, como uma soma de mu´ltiplos escalares de −→ 퐶퐴 e −→ 퐶퐵. Como −→ 퐴푋= 휆 −→ 퐴퐵, enta˜o os vetores −→ 퐴푋 e −→ 퐴퐵 sa˜o paralelos e portanto o ponto푋 so´ pode estar na reta definida por 퐴 e 퐵. Vamos desenha´-lo entre 퐴 e 퐵, mas isto na˜o vai representar nenhuma restric¸a˜o. O vetor que vai de 퐶 para 푋 , pode ser escrito como uma soma de um vetor que vai de 퐶 para 퐴 com um vetor que vai de 퐴 para 푋 , −→ 퐶푋= −→ 퐶퐴 + −→ 퐴푋 . Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 167 A B C X Agora, por hipo´tese −→ 퐴푋= 휆 −→ 퐴퐵, o que implica que −→ 퐶푋= −→ 퐶퐴 +휆 −→ 퐴퐵. Mas, −→ 퐴퐵= −→ 퐶퐵 − −→ 퐶퐴, portanto −→ 퐶푋= −→ 퐶퐴 +휆( −→ 퐶퐵 − −→ 퐶퐴). Logo, −→ 퐶푋= (1− 휆) −→ 퐶퐴 +휆 −→ 퐶퐵 . Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 168 Vetores no Plano e no Espac¸o Observe que: ∙ Se 휆 = 0, enta˜o −→ 퐶푋= −→ 퐶퐴. ∙ Se 휆 = 1, enta˜o −→ 퐶푋= −→ 퐶퐵. ∙ Se 휆 = 1/2, enta˜o −→ 퐶푋= 1 2 −→ 퐶퐴 +1 2 −→ 퐶퐵. ∙ Se 휆 = 1/3, enta˜o −→ 퐶푋= 2 3 −→ 퐶퐴 +1 3 −→ 퐶퐵. Exemplo 3.5. Vamos mostrar, usando vetores, que o ponto me´dio de um segmento que une os pontos 퐴 = (푥1, 푦1, 푧1) e 퐵 = (푥2, 푦2, 푧2) e´ 푀 = ( 푥1 + 푥2 2 , 푦1 + 푦2 2 , 푧1 + 푧2 2 ) . O ponto푀 e´ o ponto me´dio de 퐴퐵 se, e somente se, −→ 퐴푀= 1 2 −→ 퐴퐵. Enta˜o, aplicando o exemplo anterior (com o ponto 퐶 sendo a origem 푂), −→ 푂푀= 1 2 −→ 푂퐴 +1 2 −→ 푂퐵. Como as coordenadas de um ponto sa˜o iguais as componentes do vetor que vai da origem ate´ aquele ponto, segue-se que −→ 푂푀= 1 2 (푥1, 푦1, 푧1) + 1 2 (푥2, 푦2, 푧2) e 푀 = ( 푥1 + 푥2 2 , 푦1 + 푦2 2 , 푧1 + 푧2 2 ) . Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 169 Exercı´cios Nume´ricos (respostas na pa´gina 585) 3.1.1. Determine o ponto 퐶 tal que −→ 퐴퐶= 2 −→ 퐴퐵 sendo 퐴 = (0,−2) e 퐵 = (1, 0). 3.1.2. Uma reta no plano tem equac¸a˜o 푦 = 2푥+ 1. Determine um vetor paralelo a esta reta. 3.1.3. Determine uma equac¸a˜o para a reta no plano que e´ paralela ao vetor 푉 = (2, 3) e passa pelo ponto푃0 = (1, 2). 3.1.4. Determine o vetor 푋 , tal que 3푋 − 2푉 = 15(푋 − 푈). 3.1.5. Determine os vetores 푋 e 푌 tais que { 6푋 − 2푌 = 푈 3푋 + 푌 = 푈 + 푉 3.1.6. Determine as coordenadas da extremidade do segmento orientado que representa o vetor 푉 = (3, 0,−3), sabendo-se que sua origem esta´ no ponto 푃 = (2, 3,−5). 3.1.7. Quais sa˜o as coordenadas do ponto 푃 ′, sime´trico do ponto 푃 = (1, 0, 3) em relac¸a˜o ao ponto 푀 = (1, 2,−1)? (Sugesta˜o: o ponto 푃 ′ e´ tal que o vetor −→ 푀푃 ′= − −→ 푀푃 ) 3.1.8. Verifique se os pontos dados a seguir sa˜o colineares, isto e´, pertencem a uma mesma reta: (a) 퐴 = (5, 1,−3), 퐵 = (0, 3, 4) e 퐶 = (0, 3,−5); (b) 퐴 = (−1, 1, 3), 퐵 = (4, 2,−3) e 퐶 = (14, 4,−15); 3.1.9. Dados os pontos 퐴 = (1,−2,−3), 퐵 = (−5, 2,−1) e 퐶 = (4, 0,−1). Determine o ponto 퐷 tal que 퐴, 퐵, 퐶 e 퐷 sejam ve´rtices consecutivos de um paralelogramo. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 170 Vetores no Plano e no Espac¸o 3.1.10. Verifique se o vetor 푈 e´ combinac¸a˜o linear (soma de mu´ltiplos escalares) de 푉 e푊 : (a) 푉 = (9,−12,−6),푊 = (−1, 7, 1) e 푈 = (−4,−6, 2); (b) 푉 = (5, 4,−3),푊 = (2, 1, 1) e 푈 = (−3,−4, 1); 3.1.11. Verifique se e´ um paralelogramo o quadrila´tero de ve´rtices (na˜o necessariamente consecutivos) (a) 퐴 = (4,−1, 1), 퐵 = (9,−4, 2), 퐶 = (4, 3, 4) e 퐷 = (4,−21,−14) (b) 퐴 = (4,−1, 1), 퐵 = (9,−4, 2), 퐶 = (4, 3, 4) e 퐷 = (9, 0, 5) 3.1.12. Quais dos seguintes vetores sa˜o paralelos 푈 = (6,−4,−2), 푉 = (−9, 6, 3), 푊 = (15,−10, 5). Exercı´cios usando o MATLABⓇ >> V=[v1,v2,v3] cria um vetor V, usando as componentes nume´ricas v1, v2, v3. Por exemplo >> V=[1,2,3] cria o vetor 푉 = (1, 2, 3); >> V+W e´ a soma de V e W; >> V-W e´ a diferenc¸a V menos W; >> num*V e´ o produto do vetor V pelo escalar num; >> subs(expr,x,num) substitui x por num na expressa˜o expr; >> solve(expr) determina a soluc¸a˜o da equac¸a˜o expr=0; Comandos gra´ficos do pacote GAAL: >> desvet(P,V) desenha o vetor V com origem no ponto P e >> desvet(V) desenha o vetor V com origem no ponto 푂 = (0, 0, 0). Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 171 >> po([P1;P2;...;Pn]) desenha os pontos P1, P2, ..., Pn. >> lineseg(P1,P2,’cor’) desenha o segmento de reta P1P2. >> tex(P,’texto’) co- loca o texto no ponto P. >> axiss reescala os eixos com a mesma escala. >> eixos desenha os eixos coordenados. >> box desenha uma caixa em volta da figura. >> rota faz uma rotac¸a˜o em torno do eixo 푧. >> zoom3(fator) amplifica a regia˜o pelo fator. 3.1.13. Coloque em duas varia´veis 푉 e푊 dois vetores do plano ou do espac¸o a seu crite´rio (a) Use a func¸a˜o ilsvw(V,W) para visualizar a soma dos dois vetores. (b) Coloque em uma varia´vel a um nu´mero e use a func¸a˜o ilav(a,V) para visualizar a multiplicac¸a˜o do vetor V pelo escalar a. 3.1.14. Use o MATLABⓇ para resolver os Exercı´cios Nume´ricos a partir do Exercı´cio 1.3. Exercı´cios Teo´ricos 3.1.15. Demonstre que o segmento que une os pontos me´dios dos lados na˜o paralelos de um trape´zio e´ paralelo a`s bases, e sua medida e´ a me´dia aritme´tica das medidas das bases. (Sugesta˜o: mostre que −→ 푀푁= 1 2 ( −→ 퐴퐵 + −→ 퐷퐶) e depois conclua que −→ 푀푁 e´ um mu´ltiplo escalar de −→ 퐴퐵. Revise o Exemplo 3.3 na pa´gina 164) Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 172 Vetores no Plano e no Espac¸o A B C M N D 3.1.16. Demonstre que as diagonais de um paralelogramo se cortam ao meio. (Sugesta˜o: Sejam푀 e 푁 os pontos me´dios das duas diagonais do paralelogramo. Mostre que o vetor −→ 푀푁= 0¯, enta˜o conclua que푀 = 푁 .) Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 173 A B C M N D Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 174 Vetores no Plano e no Espac¸o 3.1.17. Considere o triaˆngulo 퐴퐵퐶 e sejam푀 o ponto me´dio de 퐵퐶, 푁 o ponto me´dio de 퐴퐶 e 푃 o ponto me´dio de 퐴퐵. Mostre que as medianas (os segmentos 퐴푀 , 퐵푁 e 퐶푃 ) se cortam num mesmo ponto que divide as medianas na proporc¸a˜o 2/3 e 1/3. (Sugesta˜o: Sejam 퐺, 퐻 e 퐼 os pontos definidos por −→ 퐴퐺= 2 3 −→ 퐴푀 , −→ 퐵퐻= 2 3 −→ 퐵푁 e −→ 퐶퐼= 2 3 −→ 퐶푃 . Mostre que −→ 퐺퐻= 0¯, −→ 퐺퐼= 0¯, conclua que 퐺 = 퐻 = 퐼 .) Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 175 A B C M P N GH I 3.1.18. Sejam 퐴, 퐵 e 퐶 pontos quaisquer com 퐴 ∕= 퐵. Prove que: (a) Um ponto 푋 pertence a reta determinada por 퐴 e 퐵 ( −→ 퐴푋= 휆 −→ 퐴퐵) se, e somente se, −→ 퐶푋= 훼 −→ 퐶퐴 +훽 −→ 퐶퐵, com 훼 + 훽 = 1. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 176 Vetores no Plano e no Espac¸o (b) Um ponto 푋 pertence ao interior do segmento 퐴퐵 ( −→ 퐴푋= 휆 −→ 퐴퐵, com 0 < 휆 < 1) se, e somente se, −→ 퐶푋= 훼 −→ 퐶퐴 +훽 −→ 퐶퐵, com 훼 > 0, 훽 > 0 e 훼 + 훽 = 1. (c) Um ponto 푋 e´ um ponto interior ao triaˆngulo 퐴퐵퐶 ( −→ 퐴′푋= 휆 −→ 퐴′퐵′, com 0 < 휆 < 1, em que 퐴′ e´ um ponto interior ao segmento 퐴퐶 e 퐵′ e´ interior ao segmento 퐶퐵) se, e somente se, −→ 퐶푋= 훼 −→ 퐶퐴 +훽 −→ 퐶퐵, com 훼 > 0, 훽 > 0 e 훼 + 훽 < 1. Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 177 A B C 3.1.19. Mostre que se 훼푉 = 0¯, enta˜o 훼 = 0 ou 푉 = 0¯. 3.1.20. Se 훼푈 = 훼푉 , enta˜o 푈 = 푉 ? E se 훼 ∕= 0 ? 3.1.21. Se 훼푉 = 훽푉 , enta˜o 훼 = 훽 ? E se 푉 ∕= 0¯ ? Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 178 Vetores no Plano e no Espac¸o x y z 푃 = (푥, 푦, 푧) 푧 푃 ′ 푦푥 x y z 푃 = (푥, 푦, 푧) 푦푥 푧 Figura 3.10: As coordenadas de um ponto no espac¸o Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.1 Soma de Vetores e Multiplicac¸a˜o por Escalar 179 x y z 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) 푣2 푣1 푣3 Figura 3.11: As componentes de um vetor no espac¸o x y z 푃 = (푥, 푦, 푧) −→ 푂푃 푂 푦푥 푧 Figura 3.12: As coordenadas de 푃 sa˜o iguais as componentes de −→ 푂푃 Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 180 Vetores no Plano e no Espac¸o x y z 푄 푃 푂 푉 Figura 3.13: 푉 = −→ 푃푄= −→ 푂푄 − −→ 푂푃 Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 181 3.2 Produtos de Vetores 3.2.1 Norma e Produto Escalar Ja´ vimos que o comprimento de um vetor 푉 e´ definido como sendo o comprimento de qualquer um dos segmentos orientados que o representam. O comprimento do vetor 푉 tambe´m e´ chamado de norma de 푉 e e´ denotado(a) por ∣∣푉 ∣∣. Segue do Teorema de Pita´goras que a norma de um vetor pode ser calculada usando as suas componentes, por ∣∣푉 ∣∣ = √ 푣21 + 푣 2 2 , no caso em que 푉 = (푣1, 푣2) e´ um vetor no plano, e por ∣∣푉 ∣∣ = √ 푣21 + 푣 2 2 + 푣 2 3 , no caso em que 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) e´ um vetor no espac¸o (verifique usando as Figuras 3.14 e 3.15). Um vetor de norma igual a 1 e´ chamado vetor unita´rio. A distaˆncia entre dois pontos 푃 = (푥1, 푦1, 푧1) e 푄 = (푥2, 푦2, 푧2) e´ igual a` norma do vetor −→ 푃푄 (Figura 3.13 na pa´gina 180). Como −→ 푃푄= −→ 푂푄 − −→ 푂푃= (푥2 − 푥1, 푦2 − 푦1, 푧2 − 푧1), enta˜o a distaˆncia de 푃 a 푄 e´ dada por dist(푃,푄) = ∣∣ −→ 푃푄 ∣∣ = √ (푥2 − 푥1)2 + (푦2 − 푦1)2 + (푧2 − 푧1)2. Analogamente, a distaˆncia entre dois pontos 푃 = (푥1, 푦1) e 푄 = (푥2, 푦2) no plano e´ igual a` norma do vetor −→ 푃푄, que e´ dada por dist(푃,푄) = ∣∣ −→ 푃푄 ∣∣ = √ (푥2 − 푥1)2 + (푦2 − 푦1)2. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 182 Vetores no Plano e no Espac¸o x y ∣ ∣ 푉 ∣ ∣ 푉 = (푣1, 푣2) ∣푣2∣ ∣푣1∣ Figura 3.14: A norma de um vetor 푉 no plano x y z 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) ∣푣 2 ∣ ∣ 푣 1 ∣ ∣푣3∣ Figura 3.15: A norma de um vetor 푉 no espac¸o Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 183 Exemplo 3.6. A norma do vetor 푉 = (1,−2,3) e´ ∣∣푉 ∣∣ = √ 12 + (−2)2 + 32 = √ 14. A distaˆncia entre os pontos 푃 = (2,−3, 1) e 푄 = (−1, 4, 5) e´ dist(푃,푄) = ∣∣ −→ 푃푄 ∣∣ = ∣∣(−1− 2, 4− (−3), 5− 1)∣∣ = ∣∣(−3, 7, 4)∣∣ = √ (−3)2 + 72 + 42 = √ 74. Se 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) e 훼 e´ um escalar, enta˜o da definic¸a˜o da multiplicac¸a˜o de vetor por escalar e da norma de um vetor segue-se que ∣∣훼푉 ∣∣ = ∣∣(훼푣1, 훼푣2, 훼푣3)∣∣ = √ (훼푣1)2 + (훼푣2)2 + (훼푣3)2 = √ 훼2(푣21 + 푣 2 2 + 푣 2 3), ou seja, ∣∣훼푉 ∣∣ = ∣훼∣ ∣∣푉 ∣∣. (3.5) Dado um vetor 푉 na˜o nulo, o vetor 푈 = ( 1 ∣∣푉 ∣∣ ) 푉. e´ um vetor unita´rio na direc¸a˜o de 푉 , pois por (3.5), temos que ∣∣푈 ∣∣ = ∣∣∣∣ 1∣∣푉 ∣∣ ∣∣∣∣ ∣∣푉 ∣∣ = 1. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 184 Vetores no Plano e no Espac¸o Exemplo 3.7. Um vetor unita´rio na direc¸a˜o do vetor 푉 = (1,−2, 3) e´ o vetor 푈 = ( 1 ∣∣푉 ∣∣ ) 푉 = ( 1√ 14 ) (1,−2, 3) = ( 1√ 14 , −2√ 14 , 3√ 14 ). O aˆngulo entre dois vetores na˜o nulos, 푉 e푊 , e´ definido pelo aˆngulo 휃 determinado por 푉 e푊 que satisfaz 0 ≤ 휃 ≤ 휋, quando eles esta˜o representados com a mesma origem (Figura 3.16). Quando o aˆngulo 휃 entre dois vetores 푉 e푊 e´ reto (휃 = 90o), ou um deles e´ o vetor nulo, dizemos que os vetores 푉 e푊 sa˜o ortogonais ou perpendiculares entre si. Vamos definir, agora, um produto entre dois vetores, cujo resultado e´ um escalar. Por isso ele e´ chamado produto escalar. Este produto tem aplicac¸a˜o, por exemplo, em Fı´sica: o trabalho realizado por uma forc¸a e´ o produto escalar do vetor forc¸a pelo vetor deslocamento, quando a forc¸a aplicada e´ constante. Definic¸a˜o 3.1. O produto escalar ou interno de dois vetores 푉 e푊 e´ definido por 푉 ⋅푊 = { 0, se 푉 ou푊 e´ o vetor nulo, ∣∣푉 ∣∣ ∣∣푊 ∣∣ cos 휃, caso contra´rio, em que 휃 e´ o aˆngulo entre eles. Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 185 Quando os vetores sa˜o dados em termos das suas componentes na˜o sabemos diretamente o aˆngulo entre eles. Por isso, precisamos de uma forma de calcular o produto escalar que na˜o necessite do aˆngulo entre os vetores. Se 푉 e푊 sa˜o dois vetores na˜o nulos e 휃 e´ o aˆngulo entre eles, enta˜o pela lei dos cossenos, ∣∣푉 −푊 ∣∣2 = ∣∣푉 ∣∣2 + ∣∣푊 ∣∣2 − 2∣∣푉 ∣∣ ∣∣푊 ∣∣ cos 휃. Assim, 푉 ⋅푊 = ∣∣푉 ∣∣ ∣∣푊 ∣∣ cos 휃 = 1 2 (∣∣푉 ∣∣2 + ∣∣푊 ∣∣2 − ∣∣푉 −푊 ∣∣2) . (3.6) Ja´ temos enta˜o uma fo´rmula para calcular o produto escalar que na˜o depende diretamente do aˆngulo entre eles. Substituindo-se as coordenadas dos vetores em (3.6) obtemos uma expressa˜o mais sim- ples para o ca´lculo do produto interno. Por exemplo, se 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) e푊 = (푤1, 푤2, 푤3) sa˜o vetores no espac¸o, enta˜o substituindo- se ∣∣푉 ∣∣2 = 푣21+푣22+푣23 , ∣∣푊 ∣∣2 = 푤21+푤22+푤23 e ∣∣푉 −푊 ∣∣2 = (푣1−푤1)2+(푣2−푤2)2+(푣3−푤3)2 em (3.6) os termos 푣2푖 e 푤2푖 sa˜o cancelados e obtemos 푉 ⋅푊 = 푣1푤1 + 푣2푤2 + 푣3푤3. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 186 Vetores no Plano e no Espac¸o 푊 푉 휃 푊 푉 휃 Figura 3.16: ˆAngulo entre dois vetores, agudo (a` esquerda) e obtuso (a` direita) 푊 푉 푉 −푊 휃 푊 푉 휃 푉 −푊 Figura 3.17: Triaˆngulo formado por representantes de 푉 ,푊 e 푉 −푊 . `A esquerda o aˆngulo entre 푉 e푊 e´ agudo e a` direita e´ obtuso. Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 187 Teorema 3.2. O produto escalar ou interno, 푉 ⋅푊 , entre dois vetores e´ dado por 푉 ⋅푊 = 푣1푤1 + 푣2푤2, se 푉 = (푣1, 푣2) e푊 = (푤1, 푤2) sa˜o vetores no plano e por 푉 ⋅푊 = 푣1푤1 + 푣2푤2 + 푣3푤3, se 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) e푊 = (푤1, 푤2, 푤3) sa˜o vetores no espac¸o. Exemplo 3.8. Sejam 푉 = (0, 1, 0) e푊 = (2, 2, 3). O produto escalar de 푉 por푊 e´ dado por 푉 ⋅푊 = 푣1푤1 + 푣2푤2 + 푣3푤3 = 0 ⋅ 2 + 1 ⋅ 2 + 0 ⋅ 3 = 2 . Podemos usar o Teorema 3.2 para determinar o aˆngulo entre dois vetores na˜o nulos, 푉 e 푊 . O cosseno do aˆngulo entre 푉 e푊 e´, enta˜o, dado por cos 휃 = 푉 ⋅푊 ∣∣푉 ∣∣ ∣∣푊 ∣∣ . Se 푉 e푊 sa˜o vetores na˜o nulos e 휃 e´ o aˆngulo entre eles, enta˜o (a) 휃 e´ agudo (0 ≤ 휃 < 90o) se, e somente se, 푉 ⋅푊 > 0, Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 188 Vetores no Plano e no Espac¸o (b) 휃 e´ reto (휃 = 90o) se, e somente se, 푉 ⋅푊 = 0 e (c) 휃 e´ obtuso (90o < 휃 ≤ 180o) se, e somente se, 푉 ⋅푊 < 0. Exemplo 3.9. Vamos determinar o aˆngulo entre uma diagonal de um cubo e uma de suas arestas. Sejam 푉1 = (1, 0, 0), 푉2 = (0, 1, 0) e 푉3 = (0, 0, 1) (Figura 3.18). Uma diagonal do cubo e´ represen- tada pelo vetor 퐷 dado por 퐷 = 푉1 + 푉2 + 푉3 = (1, 1, 1) . Enta˜o o aˆngulo entre 퐷 e 푉1 satisfaz cos 휃 = 퐷 ⋅ 푉1 ∣∣퐷∣∣∣∣푉1∣∣ = 1.1 + 0.1 + 0.1 ( √ 12 + 12 + 12)( √ 12 + 02 + 02) = 1√ 3 ou seja, 휃 = arccos( 1√ 3 ) ≈ 54o . Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 189 x y z (0, 0, 1) (0, 1, 0) (1, 0, 0) (1, 1, 1) 휃 Figura 3.18: ˆAngulo entre a diagonal de um cubo e uma de suas arestas Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 190 Vetores no Plano e no Espac¸o Teorema 3.3. Sejam 푈, 푉 e푊 vetores e 훼 um escalar. Sa˜o va´lidas as seguintes propriedades: (a) (comutatividade) 푈 ⋅ 푉 = 푉 ⋅ 푈 ; (b) (distributividade) 푈 ⋅ (푉 +푊 ) = 푈 ⋅ 푉 + 푈 ⋅푊 ; (c) (associatividade) 훼(푈 ⋅ 푉 ) = (훼푈) ⋅ 푉 = 푈 ⋅ (훼푉 ); (d) 푉 ⋅ 푉 = ∣∣푉 ∣∣2 ≥ 0, para todo 푉 e 푉 ⋅ 푉 = 0 se, e somente se, 푉 = 0¯. Demonstrac¸a˜o. Sejam 푈 = (푢1, 푢2, 푢3), 푉 = (푣1, 푣2, 푣3) e푊 = (푤1, 푤2, 푤3). (a) 푈 ⋅ 푉 = 푢1푣1 + 푢2푣2 + 푢3푣3 = 푣1푢1 + 푣2푢2 + 푣3푢3 = 푉 ⋅ 푈 ; (b) 푈 ⋅(푉 +푊 ) = (푢1, 푢2, 푢3)⋅(푣1+푤1, 푣2+푤2, 푣3+푤3) = 푢1(푣1+푤1)+푢2(푣2+푤2)+푢3(푣3+푤3) = (푢1푣1+푢1푤1)+(푢2푣2+푢2푤2)+(푢3푣3+푢3푤3) = (푢1푣1+푢2푣2+푢3푣3)+(푢1푤1+푢2푤2+푢3푤3) = 푈 ⋅ 푉 + 푈 ⋅푊 ; (c) 훼(푈 ⋅ 푉 ) = 훼(푢1푣1 + 푢2푣2 + 푢3푣3) = (훼푢1)푣1 + (훼푢2)푣2 + (훼푢3)푣3 = (훼푈) ⋅ 푉 ; (d) 푉 ⋅ 푉 = ∣∣푉 ∣∣2 e´ uma soma de quadrados, por isso e´ sempre maior ou igual a zero e e´ zero se, e somente se, todas as parcelas sa˜o iguais a zero. ■ Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 191 3.2.2 Projec¸a˜o Ortogonal Dados dois vetores 푉 e푊 a projec¸a˜o ortogonal de 푉 sobre푊 denotada por proj푊 푉 e´ o vetor que e´ paralelo a푊 tal que 푉 − proj푊 푉 seja ortogonal a푊 (Figura 3.19). Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 192 Vetores no Plano e no Espac¸o Proposic¸a˜o 3.4. Seja 푊 um vetor na˜o nulo. Enta˜o, a projec¸a˜o ortogonal de um vetor 푉 em 푊 e´ dada por proj푊 푉 = ( 푉 ⋅푊 ∣∣푊 ∣∣2 ) 푊 . Demonstrac¸a˜o. Sejam 푉1 = proj푊 푉 e 푉2 = 푉 − proj푊 푉 . Como 푉1 e´ paralelo a푊 , enta˜o 푉1 = 훼푊. (3.7) Assim, 푉2 = 푉 − 훼푊 . Multiplicando-se escalarmente 푉2 por푊 e usando o Teorema 3.3 (d) obtemos 푉2 ⋅푊 = (푉 − 훼푊 ) ⋅푊 = 푉 ⋅푊 − 훼∣∣푊 ∣∣2. (3.8) Mas, 푉2 e´ ortogonal a푊 , enta˜o 푉2 ⋅푊 = 0. Portanto, de (3.8) obtemos 훼 = 푉 ⋅푊 ∣∣푊 ∣∣2 . Substituindo este valor de 훼 na equac¸a˜o (3.7) segue-se o resultado. ■ Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 193 Exemplo 3.10. Sejam 푉 = (2,−1, 3) e 푊 = (4,−1, 2). Vamos encontrar dois vetores 푉1 e 푉2 tais que 푉 = 푉1 + 푉2, 푉1 e´ paralelo a푊 e 푉2 e´ perpendicular a푊 (Figura 3.19). Temos que 푉 ⋅푊 = 2 ⋅ 4 + (−1)(−1) + 3 ⋅ 2 = 15 ∣∣푊 ∣∣2 = 42 + (−1)2 + 22 = 21 . 푉1 = proj푊 푉 = ( 푉 ⋅푊 ) ∣∣푊 ∣∣2 ) 푊 = ( 15 21 ) (4,−1, 2) = (20 7 ,−5 7 , 10 7 ) 푉2 = 푉 − 푉1 = (2,−1, 3)− (20 7 ,−5 7 , 10 7 ) = (−6 7 ,−2 7 , 11 7 ) . 3.2.3 Produto Vetorial Vamos, agora, definir um produto entre dois vetores, cujo resultado e´ um vetor. Por isso, ele e´ chamado produto vetorial. Este produto tem aplicac¸a˜o, por exemplo, em Fı´sica: a forc¸a exercida sobre uma partı´cula com carga unita´ria mergulhada num campo magne´tico uniforme e´ o produto vetorial do vetor velocidade da partı´cula pelo vetor campo magne´tico. Definic¸a˜o 3.2. Sejam 푉 e푊 dois vetores no espac¸o. Definimos o produto vetorial, 푉 ×푊 , como sendo o vetor com asseguintes caracterı´sticas: (a) Tem comprimento dado numericamente por ∣∣푉 ×푊 ∣∣ = ∣∣푉 ∣∣ ∣∣푊 ∣∣ sen 휃, ou seja, a norma de 푉 ×푊 e´ numericamente igual a` a´rea do paralelogramo determinado por 푉 e푊 . Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos 194 Vetores no Plano e no Espac¸o 푊 푉 푉 − p r o j 푊 푉 proj푊 푉 푊 푉 푉 − p r o j 푊 푉 proj푊 푉 Figura 3.19: Projec¸a˜o ortogonal do vetor 푉 sobre o vetor푊 ∣∣푉 ∣∣ ∣ ∣ 푊 ∣ ∣ 푊 푉 ℎ = ∣ ∣ 푊 ∣ ∣ s e n 휃 휃 Figura 3.20: ´Area de um paralelogramo determinado por dois vetores Matrizes Vetores e Geometria Analı´tica Marc¸o 2010 3.2 Produtos de Vetores 195 (b) Tem direc¸a˜o perpendicular a 푉 e a푊 . (c) Tem o sentido dado pela regra da ma˜o direita (Figura 3.21): Se o aˆngulo entre 푉 e 푊 e´ 휃, giramos o vetor 푉 de um aˆngulo 휃 ate´ que coincida com푊 e acompanhamos este movimento com os dedos da ma˜o direita, enta˜o o polegar vai apontar no sentido de 푉 ×푊 . Da forma como definimos o produto vetorial e´ difı´cil o seu ca´lculo, mas as propriedades que apresentaremos a seguir possibilitara˜o obter uma fo´rmula para o produto vetorial em termos das componentes dos vetores. Marc¸o 2010 Reginaldo J. Santos
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