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21 Questões - Concurso Delegado / MEGE

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21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
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21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
Olá, aqui é o Arnaldo Bruno Oliveira, Coordenador Institucional do Curso Mege (rede de fomentação de 
conteúdo jurídico oriunda dos grupos de estudos desenvolvidos nas redes sociais que deram vida ao curso 
preparatório para carreiras jurídicas), tenho a honra de apresentar o nosso projeto de divulgação de produções 
autorais com temas específicos para o público de nosso segmento. Nesta proposta lançaremos ebooks gratuitos, 
vinculados ao compromisso de manter a tradição no apoio aos candidatos que prestam concursos públicos. 
O intuito é apresentar um conteúdo pesquisado e fornecido de forma objetiva para fácil assimilação aos 
nossos leitores. Os autores, pertencentes ao nosso corpo docente, escolherão temas atuais e pertinentes ao nível de 
exigência que entendemos adequado para a melhor leitura. Temos certeza que bons frutos nascerão dessa iniciativa 
e estaremos de portas abertas para mesclá-los com o devido direcionamento através dos grupos de estudos 
colaborativos e cursos personalizados.A Editora Mege nasce para ajudar todos aqueles que buscam um conteúdo 
seleto e pensado para o estudante de ponta. 
 
Atenciosamente, 
Arnaldo Bruno Oliveira 
Coordenador Institucional do Curso Mege. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
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ÍNDICE 
01 - Qual o sistema adotado para a aplicação de pena no Direito Penal brasileiro?.......................................09 
Quais as fases deve o julgador percorrer para aplicação da pena? Explique-as. 
As qualificadoras fazem parte das etapas de fixação da pena? 
Explique as diferenças entre agravantes/atenuantes x causas de aumento e de diminuição de pena x 
qualificadoras. 
 
02 - Quais as espécies de penas privativas de liberdade?.............................................................................12 
E quais são os regimes iniciais de cumprimento da pena? Quais são as regras gerais atinentes a cada 
um dos regimes? 
Em que momento da sentença o juiz deverá fixar o regime inicial de cumprimento da pena? 
Poderá a pena de reclusão ser cumprida em regime inicial aberto? E a pena de detenção, poderá ser 
cumprida em regime inicial fechado? E a prisão simples, poderá ser cumprida em qual (is) regime (s) 
iniciais? 
 
 
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03 - Quais as espécies de penas restritivas de direitos previstas no CP? ........................................................15 
Trata-se de rol exaustivo ou exemplificativo? 
Quais as características das penas restritivas de direitos? Explique-as. 
Qual a duração das penas restritivas de direitos? 
 
04 - No que consiste o livramento condicional e qual a sua natureza jurídica?...............................................16 
Qual o juízo competente para concessão do livramento condicional? 
Quais os pontos em comum e as diferenças entre livramento condicional e sursis? 
 
05 - O que se entende por Ponte de Ouro?..................................................................................................18 
E Ponte de Prata? 
E Ponte de Diamante? 
 
06 - Aponte a diferenças entre os conceitos de progressão criminosa e crime progressivo..............................19 
 
07 - No direito penal existem três teorias acerca do dolo, quais sejam: teoria da representação, da vontade e 
do assentimento. Discorra sobre cada uma delas estabelecendo suas distinções. Qual das referidas 
teorias é a adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro?.................................................................20 
 
 
 
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08 - O rol de crimes meio para a lavagem de dinheiro é taxativo?.................................................................21 
Quais as fases da lavagem de capitais? 
Por que se fala que o legislador brasileiro adotou, para fins de tipificação de lavagem de dinheiro, o 
princípio da acessoriedade limitada? 
 
09 - No que consiste o perdão judicial previsto no Título dos crimes contra a pessoa?....................................22 
Qual a sua natureza jurídica? Aplica-se ao homicídio doloso? E a lesão corporal? É necessária a 
aceitação do réu para sua aplicação? 
 
10 - Quais as principais distinções existentes entre os crimes de associação criminosa e organização criminosa? 
Conceitue crime organizado por natureza e crime organizado por extensão.......................................23 
11 - É possível denunciação caluniosa contra os mortos?.............................................................................25 
Comunicação falsa de crime perante policiais militares configura o crime do art. 340? 
O crime de falso testemunho admite o concurso de agente? E a falsa perícia? 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
12 - No que consiste o indiciamento?..........................................................................................................26 
Em que momento deve se dar o indiciamento? 
 
 
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Quais os pressupostos para o indiciamento? 
O indiciamento dispensa a fundamentação? 
 
13 - O que é notitia criminis? Quais são as suas espécies?...........................................................................28 
O que é a notitia criminis inqualificada? Qual o seu valor? E a delatio criminis? 
 
14 - No que consiste o relatório da autoridade policial?...............................................................................29 
Poderá a autoridade policial emitir juízo de valor em seu relatório? 
Há algum crime em que a lei expressamente exija que o Delegado de Polícia indique a classificação 
criminosa? 
 
15 - No que concerne à prisão preventiva, esta pode ser decretada de ofício pelo juiz?.................................30 
A autoridade policial pode representar pela decretação da prisão preventiva após a instauração do 
processo criminal? É necessário a existência de um inquérito policial formalmente instaurado para que 
seja possível a decretação da preventiva? 
 
16 - Conceitue prisão em flagrante.............................................................................................................32 
 
 
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Estabeleça a distinção entre flagrante próprio, impróprio e presumido. 
Qual a natureza jurídica da prisão em flagrante? 
 
17 - Diferencie a permissão de saída da saída temporária, abordando os seguintes aspectos:.......................34 
a) requisitos; b) prazo; c) competência. 
O que se entende por saída temporária automatizada? 
Qual o posicionamento dos tribunais superiores acerca do instituto? 
 
18 - Quais as distinções entre provas e elementos informativos?................................................................37 
Podem os elementos informativos serem utilizados como fundamento para condenação do acusado? 
Há alguma hipótese em que elementos produzidos na fase investigatória podem ser utilizados 
exclusivamente para fundamentar um decreto acusatório? Qual (is)? 
O que são provas cautelares, não repetíveis e antecipadas? 
 
19 - Quais as características dos sistemas da íntima convicção do magistrado, da prova tarifada e do livre 
convencimento motivado?...............................................................................................................39Qual o sistema adotado, em regra, no Brasil? 
Há resquícios dos outros sistemas em nosso ordenamento jurídico? Exemplique-os. 
 
 
 
 
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20 - Conceitue prova ilegal, prova ilícita e prova ilegítima..........................................................................41 
A “teoria dos frutos da árvore envenenada” encontra previsão no ordenamento jurídico brasileiro? 
Explique. 
 
21 - No que consiste o princípio da comunhão da prova?..........................................................................42 
E o princípio da oralidade? 
Quais subprincípios decorrem do princípio da oralidade? 
Explique cada um desses subprincípios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO 
CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
NÃO DEIXE DE LER. 
Rafael Faria Domingos 
Alex Andrade Coelho 
 
01 - Qual o sistema adotado para a aplicação de pena no Direito Penal brasileiro? 
Quais as fases deve o julgador percorrer para aplicação da pena? Explique-as. 
As qualificadoras fazem parte das etapas de fixação da pena? 
Explique as diferenças entre agravantes/atenuantes x causas de aumento e de diminuição de pena x 
qualificadoras. 
O Código Penal brasileiro, em decorrência do seu artigo 68, adotou o sistema trifásico ou Nelson Hungria para aplicação 
de pena. 
 
 
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Neste sistema, o julgador percorrerá três fases para a aplicação da pena. 
Na primeira fase, fixará a pena-base, considerando as circunstâncias judiciais previstas no art. 59, CP, a saber, 
culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivo, circunstâncias e consequências do crime, bem 
como o comportamento da vítima. Aqui, o juiz não poderá ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena prevista no tipo 
penal. Também é de se ressaltar que o CP não fixou o quantum de aumento para as circunstâncias judiciais desfavoráveis. Como 
bem ensina Rogério Sanches Cunha (in: Manual de Direito Penal – Parte Geral. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 380), a 
jurisprudência sugere 1/6 para cada circunstância presente enquanto a doutrina propõe 1/8. 
Na segunda fase, fixará a pena intermediária, partindo da pena-base, levando em conta as agravantes dos arts. 61 e 
62 do CP, bem como as atenuantes dos arts. 65 e 66, CP. Tais circunstâncias são denominadas genéricas por estarem previstas 
na Parte Geral do CP. Aqui, o juiz fica, mais uma vez, atrelado aos limites mínimo e máximo da pena previstos no preceito 
secundário da infração penal. 
Por fim, na terceira fase de aplicação da pena, o juiz, partindo da pena intermediária, estabelecerá a pena definitiva, 
considerando, para tanto, as causas de aumento e de diminuição de pena, previstas tanto na parte geral quanto na parte 
especial do Código Penal. Nesta etapa, o juiz não fica adstrito aos limites da pena máxima cominada em abstrato para o crime, 
podendo a causa de aumento elevar a pena além da sanção máxima e, de igual modo, a causa de diminuição reduzir a pena 
aquém do mínimo abstratamente previsto. 
 
 
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Como se nota, as qualificadoras não se incluem em quaisquer das etapas de fixação da pena, haja vista que integram 
o preceito secundário do tipo, sendo, pois, consideradas como ponto de partida para a dosimetria da pena (in: CUNHA, Rogério 
Sanches, ob. cit., p. 379). 
As agravantes/atenuantes não podem ser confundidas com as causas de aumento/diminuição da pena. 
As primeiras são denominadas circunstâncias legais, sendo consideradas na segunda fase de aplicação da pena. 
Localizam-se apenas na parte geral do CP, sem prejuízo de existirem também na legislação extravagante. Para elas, não há 
previsão legal em relação ao quantum de aumento ou de diminuição. Ademais, como visto, o juiz fica adstrito aos limites legais 
da pena cominada em abstrato à infração penal, não podendo, com a utilização das circunstâncias, elevar a pena além do 
máximo nem aquém do mínimo. 
De outro lado, as causas de aumento e de diminuição de pena, também denominadas majorantes e minorantes, são 
consideradas na 3ª fase do cálculo da pena e localizam-se tanto na parte geral como na parte especial do CP, além da legislação 
extravagante. Nelas, o quantum de aumento ou de diminuição tem previsão legal, podendo ser fixo (exemplo: 1/3) ou variável 
(exemplo: 1/3 a 2/3). Finalmente, o juiz não se vincula aos limites legais, podendo, ao aplicar a majorante ou minorante, 
aumentar a pena além da pena máxima em abstrato ou diminui-la aquém da pena mínima. 
Em arremate, não há como confundir as causas de aumento com as qualificadoras, tendo em vista que estas últimas, 
como o próprio nome diz, qualificam o crime, dando a ele um novo preceito secundário. Estas estabelecem novos patamares 
 
 
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mínimo e máximo para a sanção penal em abstrato e servem como ponto de partida na primeira fase da fixação da penal, tal 
como ocorre com o tipo simples. 
 
02 - Quais as espécies de penas privativas de liberdade? 
E quais são os regimes iniciais de cumprimento da pena? Quais são as regras gerais atinentes a cada 
um dos regimes? 
Em que momento da sentença o juiz deverá fixar o regime inicial de cumprimento da pena? 
Poderá a pena de reclusão ser cumprida em regime inicial aberto? E a pena de detenção, poderá ser 
cumprida em regime inicial fechado? E a prisão simples, poderá ser cumprida em qual (is) regime (s) 
iniciais? 
São três as espécies de penas privativas de liberdade, a saber: reclusão e detenção, quando se tratar de crime; e prisão 
simples, exclusiva das contravenções penais. 
Também são três os regimes iniciais de cumprimento da pena: fechado, semiaberto e aberto. 
 
 
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No regime fechado a pena deverá ser cumprida em penitenciária, alojando-se o condenado, de acordo com a LEP, em 
cela individual, salubre e aerada, com dormitório, aparelho sanitário e lavatório, além de área mínima de seis metros quadrados 
(arts. 87 e 88 da LEP). Aqui, o preso fica sujeito a trabalho durante o dia, dentro do próprio estabelecimento e de acordo com 
suas aptidões, e ao isolamento à noite (art. 34, §. Excepcionalmente, admite-se o trabalho externo, desde que autorizado pelo 
juiz ou diretor do estabelecimento, a ser realizado em obras ou serviços públicos. 
Já o regime semiaberto será cumprido em colônia agrícola, industrial ou similar, podendo o condenado ser alojado em 
compartimento coletivo, desde que em condições adequadas. O trabalho se realiza durante o período diurno, dentro do 
estabelecimento, possibilitando-se ser realizado externamente, até mesmo na iniciativa privada. Inexiste previsão para 
isolamento durante o período de repouso noturno. Permite-se ainda a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de 
instrução de segundo grau ou superior, mesmo que fora do estabelecimento prisional (art. 35, §2º, CP). 
Por sua vez, o regime aberto, nos termos do art. 36, CP, se baseia na autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado. Neste, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, frequentar curso ou exercer outra atividade 
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga (art. 36, §1º, CP). O recolhimento noturno 
se dará, em regra, em estabelecimento denominado Casa de Albergado,cujo prédio se caracterizará pela ausência de obstáculos 
físicos contra a fuga. Na falta de Casa do Albergado, o cumprimento poderá se dar em estabelecimento adequado (art. 33, §1º, 
CP) ou, conforme as condições pessoais do reeducando, por meio de prisão domiciliar (art. 117, LEP). 
O regime inicial de cumprimento da pena será estabelecido na sentença após a fixação da pena definitiva (terceira fase). 
 
 
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A pena de reclusão poderá, sem qualquer sombra de dúvidas, ser cumprida no regime aberto, desde que a pena fixada 
seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, o que poderá ser influenciado, entretanto, pela primariedade do agente – nas mesmas 
condições, se reincidente, o regime inicial poderá ser fechado ou semiaberto, a depender de circunstâncias judiciais favoráveis 
ou não (art. 33, caput, 1ª parte, CP). 
Sendo a pena de reclusão fixada em patamar superior a 4 (quatro) anos e não superior a 8 (oito) anos, poderá ser fixado o 
regime inicial semiaberto, desde que o condenado seja primário. Se reincidente, o regime inicial a lhe ser imposto será o 
fechado. 
Ainda, em se tratando de pena de reclusão fixada em quantum superior a 8 (oito) anos, o CP impõe o início de cumprimento da 
pena em regime fechado, independentemente de ser o condenado reincidente ou primário. 
Já em relação à pena de detenção, esta só poderá ser cumprida em regime semiaberto ou aberto, conforme estabelece 
o art. 33, caput, 2ª parte, CP. Se a pena aplicada for superior a 4 (quatro) anos, será fixado o regime semiaberto, 
independentemente da reincidência do condenado. De outro lado, se a pena imposta não for superior a 4 (quatro) anos, o 
regime inicial poderá ser o aberto, desde que primário o condenado – se reincidente, o regime deverá ser o semiaberto. Ressalte-
se, entretanto, que é possível o cumprimento de pena de detenção em regime fechado, desde que isso ocorra por meio de 
regressão (art. 118 da LEP). 
 
 
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Por fim, a pena de prisão simples, cominada às contravenções penais, será cumprida, sem rigor penitenciário, em 
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto (art. 6º, LCP). Não há qualquer 
previsão de regime prisional fechado para a prisão simples, sequer por meio de regressão. 
03 - Quais as espécies de penas restritivas de direitos previstas no CP? 
Trata-se de rol exaustivo ou exemplificativo? 
Quais as características das penas restritivas de direitos? Explique-as. 
Qual a duração das penas restritivas de direitos? 
Consoante estabelece o art. 43, CP, as penas restritivas de direitos são: prestação pecuniária, perda de bens e valores, 
prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana. 
Trata-se de rol exaustivo; por isso, não pode o juiz, no caso concreto, criar outras espécies de pena alternativa (In: MASSON, 
Cléber. Direito Penal Esquematizado – Parte Geral – vol. 1. 9ª edição. São Paulo, Método, 2015, p. 800-ss.) 
As penas restritivas de direitos possuem duas características marcantes, as quais encontram indicação nos arts. 44 e 54 do CP: 
substitutividade e autonomia. 
 
 
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A substitutividade deve ser entendida no sentido de que as penas restritivas de direitos resultam de um procedimento 
judicial no qual, depois de aplicada uma pena privativa de liberdade, esta é substituída por uma ou mais penas restritivas de 
direitos, se presentes os requisitos legais. Isto porque não há previsão direta de penas restritivas de direitos nos preceitos 
secundários dos tipos penais. 
Por sua vez, a autonomia se faz presente nas penas restritivas de direitos, pois uma vez que o juiz as substitua, não pode cumulá-
las com a pena privativa de liberdade. As penas restritivas de direitos não são, deste modo, meramente acessórias. 
O art. 55, CP, estatui que as penas restritivas de direitos de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, 
interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana têm a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. 
Destaque-se, todavia, que, em se tratando de pena de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas superior a 
1 (um) ano, esta pode ser cumprida em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada, como 
excepciona o art. 46, §4º, CP. 
Por fim, não há que se falar em “duração” das penas de prestação pecuniária e perda de bens e valores, já que possuem cunho 
patrimonial e não de restrição de direitos por prazo certo, ao contrário das outras espécies. 
04 - No que consiste o livramento condicional e qual a sua natureza jurídica? 
Qual o juízo competente para concessão do livramento condicional? 
 
 
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Quais os pontos em comum e as diferenças entre livramento condicional e sursis? 
Como bem ensina Cléber Masson (In: Direito Penal Esquematizado – Parte Geral – vol. 1. 9ª edição. São Paulo, Método, 
2015, p. 901) livramento condicional é “o benefício que permite ao condenado à pena privativa de liberdade superior a 2 (dois) 
anos a liberdade antecipada, condicional e precária, desde que cumprida parte da reprimenda imposta e sejam observados os 
demais requisitos legais”. 
Para a doutrina e jurisprudência majoritárias, o livramento condicional possui natureza de benefício conferido pela lei 
ao condenado que preenche os requisitos legais, funcionando como direito público subjetivo de liberdade deste. Damásio de 
Jesus, em sentido diverso, diz se tratar de medida penal de natureza restritiva da liberdade, de cunho repressivo e preventivo, 
não se tratando de benefício. 
O juízo competente para a concessão do livramento condicional é o juízo da execução, uma vez que o benefício só pode ser 
concedido depois de cumprida parte da pena privativa de liberdade. Isto se encontra previsto no art. 66, III, “e”, da LEP. 
Sublinhe-se que o STF tem admitido a concessão do livramento condicional em sede de execução provisória, ou seja, quando 
há o trânsito em julgado apenas para a acusação. Nesta hipótese, também é competente o juízo da execução. 
Em relação aos pontos em comum e diferenças entre o livramento condicional e o sursis, Cléber Masson (in: ob. cit., p. 903-
904) apresenta didático quadro esquemático, o qual aqui reproduzimos, com adaptações: 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
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Pontos em comum Diferenças 
- ambos os institutos se destinam a condenados à pena 
privativa de liberdade; 
- em ambos, há requisitos legais que devem ser 
preenchidos pelo condenado; 
- ambos são condicionais, ou seja, o condenado se 
sujeita ao cumprimento de condições; 
- em ambos, o período de prova se inicia com a 
realização da audiência admonitória; 
- em ambos, a finalidade é evitar a execução da pena 
privativa de liberdade, total ou parcialmente. 
- no sursis, a execução da pena não tem início; no 
livramento, o condenado cumpre parte da pena imposta; 
- duração do período no sursis é de 2 a 4 anos, em regra; 
no livramento condicional é o restante da pena; 
- o sursis é concedido na sentença ou no acórdão; o 
livramento condicional durante a execução da pena; 
- contra a decisão concessiva do sursis é cabível o recurso 
de apelação; no livramento condicional, cabe agravo de 
execução. 
 
05 - O que se entende por Ponte de Ouro? 
E Ponte de Prata? 
E Ponte de Diamante? 
 
 
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Ponte de ouro, preconizada por Von Liszt, é a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, ambos previstos no art. 
15 do CP. Tais institutos visam eliminar a responsabilidade penal do agente, estimulando-o a evitar a consumação. 
Já a ponte de prata é arrependimento posterior, previsto art. 16 do CPP. Dispõe o referido artigo que “nos crimes cometidos 
sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, 
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.” Tal instituto, como se pode notar, pretende suavizar 
ou diminuir a responsabilidade penal do agente. 
Quanto à ponte de diamante, trata-se uma nomenclatura nova utilizada pela doutrina, em especial por Luiz Flávio Gomes, 
para a colaboração premiada. 
 
06 - Aponte a diferenças entre os conceitos de progressão criminosa e crime progressivo: 
Ocorre crime progressivo quando o agente, para alcançar o resultado mais gravoso, passa por outro, necessariamente 
menos grave. Em outras palavras, o crime progressivo para ser praticado necessariamente viola norma penal menos grave 
(várias lesões corporais são praticadas para o resultado intencional morte). 
A progressão criminosa é aquela realizada mediante dois atos, dois movimentos, ou seja, quando o agente inicia um 
comportamento que configura um crime menos grave, porém, ainda dentro do mesmo iter criminis, resolve praticar uma infração 
mais grave, que pressupõe a primeira. 
A diferença básica entre crime progressivo e progressão criminosa se relaciona diretamente com a questão de dolo. No crime 
progressivo o agente, desde o início, tem a intenção de praticar um crime mais grave, mas, para concretizá-lo, passa pelo menos 
 
 
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grave. Na progressão criminosa o agente inicialmente queria o resultado menos grave, mas muda de ideia e passa a querer o 
resultado mais grave. 
07 – No direito penal existem três teorias acerca do dolo, quais sejam: teoria da representação, da 
vontade e do assentimento. Discorra sobre cada uma delas estabelecendo suas distinções. Qual das referidas 
teorias é a adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro? 
Cleber Masson, em sua obra intitulada Direito Penal Esquematizado – Parte Geral, estabelece com precisão a distinção entre as 
teorias da representação, da vontade e do assentimento, senão, vejamos: 
Teoria da Representação: para essa teoria, a configuração do dolo exige apenas a previsão do resultado. Privilegia 
o lado intelectual, não se preocupando com o aspecto volitivo, pois pouco importa se o agente quis o resultado ou 
assumiu o risco de produzi-lo. Basta que o resultado tenha sido antevisto pelo sujeito. Em nosso sistema penal tal teoria 
deve ser afastada, por confundir o dolo com a culpa consciente. 
Teoria da vontade: Essa teoria se vale da teoria da representação, ao exigir a previsão do resultado. Contudo, vai 
mais longe. Além da representação, reclama ainda a vontade de produzir o resultado. 
Teoria do assentimento: também chamada de teoria do consentimento ou da anuência, complementa a teoria da 
vontade, recepcionando sua premissa. Para essa teoria, há dolo não somente quando o agente quer o resultado, mas 
também quando realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo. 
Por fim, considerando as diferenciações acima expostas, nota-se que o ordenamento jurídico brasileiro adotou tanto a teoria da 
vontade como a teoria do assentimento, conforme se depreende do art. 18, I, do Código Penal. 
 
 
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Art. 18 CP: Diz o crime: 
I – doloso, quando o agente quis o resultado (teoria da vontade) ou assumiu o risco de produzi-lo (teoria do assentimento). 
08 - O rol de crimes meio para a lavagem de dinheiro é taxativo? 
Quais as fases da lavagem de capitais? 
Por que se fala que o legislador brasileiro adotou, para fins de tipificação de lavagem de dinheiro, o 
princípio da acessoriedade limitada? 
Com o advento da Lei 12683/2012, suprimiu-se o rol taxativo de crimes antecedentes anteriormente constantes nos 
incisos I a VIII do art. 1º da Lei nº 9613/98. Desde então, o caput do referido art. 1º, passou a prever que a lavagem de capitais 
restará caracterizada quando houver a ocultação ou dissimulação de bens, direitos ou valores, provenientes, direta ou 
indiretamente, de infração penal. Assim, em tese, qualquer infração penal – crime ou contravenção penal – poderá ser 
antecedente do crime de lavagem de dinheiro. 
Em relação às fases da lavagem de dinheiro, segundo o Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI), na lição 
de Renato Brasileiro (Legislação Criminal Especial Comentada, p. 284), são as seguintes: 
a) colocação (placement): é a introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro, dificultando a identificação da procedência 
dos valores de modo a evitar qualquer ligação entre o agente e o resultado obtido com a prática do crime antecedente; 
 
 
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b) dissimulação ou mascaramento (layering): aqui, realizam-se diversos negócios ou movimentações financeiras, com o objetivo 
de impedir o rastreamento e encobrir a origem ilícita dos valores; 
c) integração (integration): nesta fase, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, com a aparência lícita, 
geralmente por meio de investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário, transações de importação/exportação com preços 
superfaturas ou aquisição de bens em geral, tais como ouro, obras de arte, joias, etc. 
Por fim, diz-se que o legislador brasileiro adotou, para fins de tipificação da lavagem de dinheiro, o princípio da 
acessoriedade limitada. Isto porque, há necessidade de que o delito antecedente à lavagem de dinheiro seja, ao menos, típico 
e antiujurídico, o que torna impossível a prática de lavagem de dinheiro se o fato antecedente previsto na lei não for considerado 
crime. Ademais, não há necessidade de comprovação de elementos referentes à autoria, culpabilidade ou punibilidade da 
infração antecedente. Neste sentido o art. 2º, §1º, da lei 9613/98, o qual dispõe que “a denúncia será instruída com indícios 
suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou 
isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente”. 
09 - No que consiste o perdão judicial previsto no Título dos crimes contra a pessoa? Qual a sua 
natureza jurídica? 
Aplica-se ao homicídio doloso? E a lesão corporal? É necessária a aceitação do réu para sua aplicação? 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 23 
O perdão judicial encontra previsão no art. 121, §5º, CP e estabelece que “Na hipótese de homicídio culposo, o juiz 
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o agente de forma tão grave que a sanção penal se 
torne desnecessária”. 
A natureza jurídica do perdão judicial é de causa extintiva de punibilidade, nos termos do art. 107, IX, do Código Penal. 
Não se admite o perdão judicial para o homicídio doloso, mas somente para o culposo, por expressa disposição legal. 
Entretanto, possibilita-se a aplicação do mesmo instituto para a hipótese de lesão corporal culposa, consoante estatui o art. 129, 
§8º, CP 
Destaque-se que o perdão judicial é ato unilateral, ou seja, não precisa ser aceito pelo réu para surtir efeitos. Diferencia-se do 
perdão do ofendido, aplicável somente à ação penal privada e dependentede aceitação pelo responsável pela infração penal. 
10 - Quais as principais distinções existentes entre os crimes de associação criminosa e organização 
criminosa? 
Conceitue crime organizado por natureza e crime organizado por extensão. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 24 
O crime de associação criminosa, inserido no art. 288, caput, do Código Penal, não se confunde com o crime de 
organização criminosa, constante nos arts. 1º, §1º c/c 2º, caput, ambos da Lei 12.850/2013. Segundo Renato Brasileiro 
(Legislação Criminal Especial Comentada, p. 609), as distinções são as seguintes: 
a) a organização criminosa demanda a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas, ao passo que a associação criminosa exige a 
presença de 3 (três) ou mais agentes; 
b) a organização criminosa deve ser estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, 
ao passo que o crime do art. 288, caput, do CP, dispensa a organização, sendo indiferente a posição ocupada por cada 
associado; 
c) a organização criminosa tem como finalidade a obtenção de vantagem de qualquer natureza, media a prática de infrações 
penais cujas penas máximas sejam superior a 4 (quatro) anos, ou de caráter transnacional; por sua vez, a associação criminosa 
tem como finalidade a prática de uma série indeterminada de crimes, que pode ser de igual natureza (ou homogênea) ou de 
natureza diversa (ou heterogênea), pouco importando a quantidade de pena a eles cominada. 
Também não se pode confundir os conceitos de crime organizado por natureza e crime organizado por extensão. 
Crime organizado por natureza, também na lição de Brasileiro (ob. cit), refere-se à punição, de per si, pelo crime de 
organização criminosa, previsto no tipo penal do art. 2º, caput, da Lei 12850/2013 ou pelos delitos de associação criminosa 
(art. 288, CP; art. 35 da Lei 11343/2006). 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 25 
De outra ponta, a expressão crime organizado por extensão refere-se às infrações penais praticadas pela organização 
criminosa ou pelas associações criminosas. Por exemplo, verificada a existência de organização criminosa especializada em 
crimes de peculato, os agentes deverão ser denunciados pelo crime de organização criminosa – crime organizado por natureza 
– em concurso material com os delitos de peculato – crime organizado por extensão. 
11 - É possível denunciação caluniosa contra os mortos? 
Comunicação falsa de crime perante policiais militares configura o crime do art. 340? 
O crime de falso testemunho admite o concurso de agente? E a falsa perícia? 
Na lição de Rogério Sanches (Manual de Direito Penal – Parte Especial), não se há denunciação caluniosa contra mortos. 
Isto porque a lei pune a ofensa contra os mortos somente na calúnia (art. 138, §2º, CP). Deste modo, no silêncio da lei, está 
vedada a integração incriminadora. Ademais, a elementar “de que o sabe inocente” indica tempo presente e não passado, o 
que impede, por si só, falar-se em denunciação caluniosa de pessoa morta. 
Do mesmo modo, não é possível tipificar o crime de comunicação falsa de crime se esta comunicação for feita perante policiais 
militares. Conforme Mirabete (Manual de Direito Penal, v. 3, p. 398), citando jurisprudência, afirma que a lei se refere a ação 
da ‘autoridade’ e não se pode equiparar os policiais militares a esta, impedindo o princípio da reserva legal tal conceito amplo. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 26 
Por sua vez, o crime do art. 342 do CP, na modalidade falso testemunho admite o concurso de pessoas, limitado, porém, somente 
à participação (induzimento, instigação ou auxílio). Conforme ensina Rogério Sanches (ob. cit., p. 866), em que pese decisão do 
STF admitindo a coautoria do advogado que instrui testemunha, são frequentes as decisões de nossos Tribunais afirmando a 
incompatibilidade do instituto (coautoria) com o delito de falso testemunho, face à sua característica de mão própria. Deste 
modo, pode-se tratar a hipótese do causídico como mera participação ou, a depender do caso, corrupção de testemunha (art. 
343, CP). 
No que concerne à falsa perícia, é possível o concurso de agentes tanto na coautoria quanto na participação, em especial nos 
laudos que exigem a subscrição de um número plural de peritos. Trata-se de um caso excepcional de crime de mão própria 
praticado em codelinquência. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: 
12 - No que consiste o indiciamento? 
Em que momento deve se dar o indiciamento? 
Quais os pressupostos para o indiciamento? 
O indiciamento dispensa a fundamentação? 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 27 
Segundo RENATO BRASILEIRO (Curso de Direito Processual Penal, 2014, p. 141) “indiciar é atribuir a autoria (ou 
participação) de uma infração penal a uma pessoa. É apontar uma pessoa como provável autora ou partícipe de um delito”. 
Possui caráter ambíguo, constituindo-se, ao mesmo tempo, fonte de direitos, prerrogativas e garantias processuais (CF, art. 5°, 
LVII e LXIII), e fonte de ônus e deveres que representam alguma forma de constrangimento, além da inegável estigmatização 
social que a publicidade lhe imprime. 
A condição de indiciado poderá ser atribuída já no auto de prisão em flagrante ou até o relatório final do delegado de 
polícia. Logo, uma vez recebida a peça acusatória, não será mais possível o indiciamento, já que se trata de ato próprio da fase 
investigatória. Os Tribunais Superiores têm considerado que o indiciamento formal após o recebimento da denúncia é causa de 
ilegal e desnecessário constrangimento à liberdade de locomoção, visto que não se justifica mais tal procedimento, próprio da 
fase inquisitorial. 
No que atine os pressupostos, o indiciamento só pode ocorrer a partir do momento em que reunidos elementos 
suficientes que apontem para a autoria da infração penal, quando, então, o delegado de polícia deve cientificar o investigado, 
atribuindo-lhe, fundamentadamente, a condição jurídica de "indiciado", respeitadas todas as garantias constitucionais e legais. 
Portanto, devem estar presentes os requisitos indícios de autoria e prova da materialidade delitiva. 
Quanto à necessidade de fundamentação, com a vigência da Lei n° 12.830/13, que dispõe sobre a investigação criminal 
conduzida pelo Delegado de Polícia, parece não haver mais dúvidas quanto à necessidade de fundamentação do indiciamento. 
Deveras, consoante disposto no art. 2°, § 6°, da referida Lei, o indiciamento, privativo do Delegado de Polícia, dar-se-á por ato 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 28 
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias 
(RENATO BRASILEIRO, CURSO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL, 2014, p. 142). 
13 - O que é notitia criminis? Quais são as suas espécies? 
O que é a notitia criminis inqualificada? Qual o seu valor? E a delatio criminis? 
Como ensina Renato Brasileiro (ob. cit., p. 125-ss.), notitia criminis “é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por 
parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso”. 
A notitia criminis tem como espécies: 
a) notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea): que se dá quando a autoridade policial toma conhecimento de 
uma infração penal por meio de suas atividades rotineiras (e.g. através de uma notícia de jornal): 
b) notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da 
infração penal por meio de um expediente escrito. Exemplo: requisiçãodo MP, representação do ofendido, etc; 
c) notitia criminis de cognição coercitiva: quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal por meio 
da apresentação do indivíduo preso em flagrante. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 29 
Por sua vez, a notitia criminis inqualificada é popularmente conhecida como “denúncia anônima”. Conforme consagrado 
na jurisprudência, esta não serve, por si só, como base para instauração de inquérito policial. Isto porque, antes de instaurar o 
inquérito, a autoridade policial deverá efetuar diligências com objetivo de verificar a procedência e veracidade das informações 
constantes da “denúncia anônima”, sob pena de fomentar o denuncismo inescrupuloso. 
Por fim, a delatio criminis, na lição de Renato Brasileiro, também é uma espécie de notitia criminis, consubstanciada na 
comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade policial, e não pela vítima ou seu 
representante legal. 
14 - No que consiste o relatório da autoridade policial? 
Poderá a autoridade policial emitir juízo de valor em seu relatório? 
Há algum crime em que a lei expressamente exija que o Delegado de Polícia indique a classificação 
criminosa? 
O relatório se trata de documento elaborado pela autoridade policial, ao final do inquérito policial, em que se consta 
tudo que foi apurado no transcurso do inquérito policial. O art. 10, §1º, CPP, estabelece que a autoridade policial, ao finalizar 
o inquérito policial, “fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente”. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 30 
Por conta disso, a maioria da doutrina entende que o Delegado de Polícia não deve fazer qualquer juízo valorativo no 
relatório final. Neste sentido, Renato Brasileiro de Lima (ob. cit., p. 148) afirma: “cuida-se, o relatório, de peça elaborado pela 
autoridade policial, de conteúdo eminentemente descritivo (...). Deve a autoridade policial abster-se de fazer qualquer juízo de 
valor no relatório, já que a opinio delicti deve ser formada pelo titular da ação penal (...)” (1). 
Todavia, na Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), a regra é que o Delegado de Polícia conste, em seu relatório final, as 
circunstâncias do fato, justificando as razões que o levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da 
substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da 
prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente, como se vê no art. 52, I, do aludido diploma. Ressalte-se, no 
entanto, que esta classificação levada a efeito pelo Delegado não vincula o Ministério Público e muito menos o juízo. 
É de se destacar, finalmente, que com o advento da Lei nº 12.830/2013, a autoridade policial passa a ter o dever de 
fundamentar técnica e juridicamente o indiciamento do investigado, conforme estabelece o art 2º, §6º, da citada lei. Assim, 
perde valor a corrente que entende que o Delegado de Polícia deve se abster de estabelecer juízo de valor quando da elaboração 
do relatório final do inquérito policial. 
15 – No que concerne à prisão preventiva, esta pode ser decretada de ofício pelo juiz? 
A autoridade policial pode representar pela decretação da prisão preventiva após a instauração do 
processo criminal? 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 31 
É necessário a existência de um inquérito policial formalmente instaurado para que seja possível a 
decretação da preventiva? 
Em regra, de acordo com o art. 311 do CPP, alterado pela Lei 12.403/2011, a prisão preventiva é cabível em qualquer 
fase da investigação policial ou do processo penal, sendo que o juiz somente poderá decretá-la ex oficio se no curso da ação 
penal. 
Logo, caso haja a necessidade de decretação da preventiva antes de instaurada a ação penal, ou seja, no curso de investigação 
policial, será necessário requerimento do Ministério Público, da autoridade policial, do querelante ou do assistente para que o 
juiz decrete a medida constritiva. 
Observa-se, portanto, que a lei 12.403/2011 alterou a referida legitimação, haja vista que o art. 311 do CPP antes da reforma 
preceituava que era facultado ao juiz decretar a prisão preventiva de ofício, tanto na fase de inquérito policial como no curso da 
instrução criminal. Vejamos quadro comparativo abaixo: 
 
Art. 311 do CPP 
(Anterior à Lei 12.403/2011) 
Art. 311 do CPP 
(Após a Lei 12.403/2011) 
Art. 311 – Em qualquer fase do inquérito policial ou da 
instrução criminal, caberá a prisão preventiva decretada 
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou 
do querelante, ou mediante representação da autoridade 
policial. 
Art. 311 – Em qualquer fase da investigação policial ou do 
processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo 
juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento 
do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou 
por representação da autoridade policial. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 32 
Interessante consignar, no entanto, que na hipótese de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher o juiz poderá 
decretar a prisão preventiva, de ofício, tanto no inquérito policial como no curso da ação penal, conforme se depreende do art. 
20 da Lei 11.34/2006: 
 
Art. 20 – Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, 
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade 
policial. 
 
Em relação ao segundo questionamento, o eminente doutrinador Norberto Avena (Processo Penal Esquematizado, 6ª edição, p. 
970) assevera que “a prisão preventiva decretada pelo juiz em face de representação da autoridade policial é aquela que tem 
por fim tutelar as investigações policiais. Ora, se não há uma investigação policial em andamento, desaparece, também, o 
interesse do delegado de polícia na custódia, dada a inexistência de uma investigação policial a ser tutelada. Portanto, 
entendemos que a autoridade policial apenas pode representar pela decretação da prisão preventiva enquanto houver uma 
investigação policial em curso. ” 
Por fim, com o advento da Lei 12.403/2011, ao substituir a nomenclatura “inquérito policial” por “investigação policial”, 
conforme se observa no art. 311 do CPP, o dispositivo passou a dispensar a existência de um inquérito policial formalmente 
instaurado para que seja possível a decretação da preventiva na fase que antecede o processo judicial. Destarte, nota-se que a 
custódia pode ser viabilizada o curso de investigação preliminar onde o delegado de polícia demonstre a efetiva necessidade da 
segregação. 
16 – Conceitue prisão em flagrante. Estabeleça a distinção entre flagrante próprio, impróprio e 
presumido. 
Qual a natureza jurídica da prisão em flagrante? 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 33 
O flagrante é modalidade de prisão expressamente autorizada pela Constituição Federal, nos termos do art. 5º, XI, 
ocorrendo quando o flagrado é surpreendido no momento da prática do delito ou momentos depois. 
No que concerne à distinção entre flagrante próprio, impróprio e presumido, traça-se breve linhas abaixo: 
Flagrante próprio (art. 302, I e II, do CPP): caracteriza-se quando o agente está cometendo a infração penal ou acabou de 
cometê-la. 
Flagrante impróprio ou quase flagrante (art. 302, III, do CPP): ocorre na hipótese em que o agente, muito embora não tenha 
sido surpreendido cometendo a infração ou acabandode cometê-la, é perseguido, logo após esses atos, de forma ininterrupta 
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, sendo, ao final, localizado e preso. 
Flagrante presumido ou ficto (art. 302, IV, do CPP): perfaz-se em relação ao indivíduo que, logo depois da prática da infração, 
é encontrado portando instrumentos, armas, objetos ou papéis que indiquem, presumidamente, ter sido ele o autor do crime. 
 
Em relação à natureza jurídica da prisão em flagrante, colaciona-se, logo abaixo, as lições do eminente doutrinador Norberto 
Avena (Processo Penal Esquematizado, 6ª ed., p. 925/926): 
Antes das alterações ao Código de Processo Penal pela Lei 12.403/2011, predominava o entendimento de que sua natureza 
jurídica era a de prisão cautelar, sendo capaz de manter, por si, o agente segregado enquanto isto fosse necessário para 
garantir o resultado concreto da investigação criminal ou do processo penal. Enfim, o indivíduo poderia permanecer preso 
em flagrante por tempo indeterminado no correr do inquérito ou do processo, podendo isto perdurar até o final da demanda 
se assim justificassem as circunstâncias do caso concreto. 
No entanto, passando a vigorar as mudanças inseridas pela referida Lei 12.403/2011, o art. 310, II, do CPP suprimiu do 
flagrante esta legitimidade para manter o flagrado sob segregação no período que se segue ao recebimento do respectivo 
auto de prisão pelo juiz. Dispôs, com efeito, esse artigo que, para este fim, será necessária a conversão da prisão em 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 34 
flagrante em preventiva, desde que presentes os requisitos do art. 312 do CPP e que não seja adequada ou suficiente a 
aplicação das medidas cautelares diversas da prisão arroladas no art. 319 do CPP. 
Ora, se as modificações introduzidas pela citada Lei 12.403/2011 suprimiram do flagrante o atributo de manter o agente 
sob custódia após o recebimento do auto de prisão pelo juiz, exigindo para tanto a sua conversão em prisão preventiva, 
resta conclusivo que tais mudanças afastaram, também, a possibilidade de ser a prisão em flagrante considerada uma prisão 
cautelar. Afinal, se houver a necessidade de tutelar a investigação ou o processo, é a prisão preventiva que deve ser 
decretada como resultado da conversão do flagrante. Por conseguinte, é a prisão preventiva que possui natureza 
cautelar e não a prisão em flagrante que, por anteceder à preventiva no regramento do art. 310, II, do CPP, assume a 
natureza de prisão precautelar. 
 
17 - Diferencie a permissão de saída da saída temporária, abordando os seguintes aspectos: 
a) requisitos; b) prazo; c) competência. 
O que se entende por saída temporária automatizada? 
Qual o posicionamento dos tribunais superiores acerca do instituto? 
A permissão de saída se funda em razões humanitárias. Trata-se de uma autorização concedida pelo diretor do 
estabelecimento penal aos presos em regime fechado, semi-aberto e provisório, para saírem do estabelecimento prisional, 
mediante escolta, pelo tempo de duração necessário quando ocorrer um dos seguintes fatos: falecimento ou doença grave do 
cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; ou, para tratamento médico. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 35 
A saída temporária tem por objetivo a ressocialização do condenado, permitindo sua gradativa reintegração social. 
Trata-se de uma autorização concedida pelo juiz da execução penal apenas aos condenados que cumprem pena em regime 
semi-aberto. Através da autorização de saída temporária, os condenados podem sair temporariamente do presídio sem vigilância 
direta com o intuito de: a) visitarem a família; b) frequentarem curso supletivo profissionalizante, de ensino médio ou 13 superior; 
ou c) participar de outras atividades que concorram para o retorno ao convívio social. LEP. Art. 123. A autorização será concedida 
por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação 
dos seguintes requisitos: I - comportamento adequado; II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for 
primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. 
Como se vê, estando o condenado em regime semi-aberto – pressuposto indispensável para a saída temporária - o prazo a que 
se refere o art. 123, inc. II, é o da pena cumprida anteriormente ao pedido, sem qualquer consideração quanto ao regime de 
cumprimento. Deve-se computar, assim, também o tempo em que o condenado cumpriu pena no regime fechado. 
Nesse sentido é o enunciado da Súmula 40 do STJ: "Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, 
considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado." Diferentemente da permissão de saída, que possui a 
duração necessária à sua finalidade, a saída temporária é concedida por prazo não superior a 7 dias, renováveis por 4 vezes 
durante o ano, salvo quando se tratar de saída que tenha a finalidade de frequência em curso profissionalizante, nos termos do 
art. 124 da LEP. 
Conforme estabelece o art. 123 da LEP, autorização para saída temporária “será concedida por ato motivado do juiz da 
execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária”. 
Perceba que, enquanto a permissão de saída é concedida diretamente pelo Diretor do estabelecimento (e é feita mediante 
escolta), na saída temporária não há vigilância direta sobre o apenado. Justamente em razão disso, a saída temporária deve ter 
cunho jurisdicional, ou seja, a competência para conceder a saída temporária é do juiz da execução. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 36 
Grandes controvérsias surgiram a respeito da seguinte questão: seria possível, após o juiz ter concedido uma saída 
temporária para o condenado, serem concedidas novas saídas temporárias automaticamente pela direção do Presídio, sem a 
avaliação do Juízo da Execução e oitiva do Ministério Público? 
Esse procedimento simplificado recebeu o nome de saída temporária automatizada. Alguns julgados consideravam que esse 
procedimento seria legal, enquanto outros consideravam indevido. 
O STF e o STJ estão divididos sobre o tema: 
STF: possui julgado da 1ª Turma afirmando que a saída temporária é legal. 
Uma vez observada a forma alusiva à saída temporária - gênero -, manifestando-se os órgãos técnicos, o Ministério 
Público e o Juízo da Vara de Execuções, as subsequentes 14 mostram-se consectário legal, descabendo a burocratização a ponto 
de, a cada uma delas, no máximo de três temporárias, ter-se que formalizar novo processo. A primeira decisão, não vindo o 
preso a cometer falta grave, respalda as saídas posteriores. Interpretação teleológica da ordem jurídica em vigor consentânea 
com a organicidade do Direito e, mais do que isso, com princípio básico da República, a direcionar à preservação da dignidade 
do homem. (HC 98067, Relator (a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 06/04/2010, DJe-091 DIVULG 20-05-
2010 PUBLIC 21-05- 2010 EMENT VOL-02402-04 PP-00767) 
STJ: decidiu recentemente que a saída temporária automatizada é indevida. A 3ª Seção do STJ, por maioria, entendeu que deve 
ser afastada a concessão de saídas automatizadas, para que haja manifestação motivada do juízo da execução, com intervenção 
do Ministério Público, em cada saída temporária. Consignou-se que a autorização das saídas temporárias é ato jurisdicional da 
competência do juízo das execuções penais, que deve ser motivada com a demonstração da conveniência de cada medida (art. 
124 da LEP). 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADODE POLÍCIA. 
 
 37 
Desse modo, é indevida a delegação do exame do pleito à autoridade penitenciária, impedindo o Parquet de se 
manifestar na concessão do benefício e, ainda, de exercer a sua função fiscalizadora no tocante à ocorrência de excesso, abuso 
ou mesmo de irregularidade na execução da medida. Ressalte-se que esta decisão do STJ foi tomada segundo o rito do recurso 
repetitivo. (Terceira Seção. REsp 1.166.251-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/3/2012.) 
Inclusive, o STJ recentemente editou a Súmula 520, que assim dispõe: “O benefício de saída temporária no âmbito da execução 
penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. 
18 - Quais as distinções entre provas e elementos informativos? 
Podem os elementos informativos serem utilizados como fundamento para condenação do acusado? 
Há alguma hipótese em que elementos produzidos na fase investigatória podem ser utilizados 
exclusivamente para fundamentar um decreto acusatório? Qual (is)? 
O que são provas cautelares, não repetíveis e antecipadas? 
Conforme ensina a doutrina de Renato Brasileiro (Manual de Processo Penal, p. 550), o art. 155 do CPP, após a reforma 
operada em 2008, passou a fazer distinção entre prova e elementos informativos. 
Para o renomado autor, o termo “prova” só deve ser utilizada para indicar os elementos de convicção produzidos, em regra, no 
curso do processo judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. Destaca que, neste sentido, o contraditório funciona 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
 38 
“como verdade condição de existência e validade das provas, de modo que, caso não sejam produzidas em contraditório, 
exigência impostergável em todos os momentos da atividade instrutória, não lhe caberá a designação de prova”. 
De outro o lado, “elementos de informação” se referem àqueles produzidos na fase investigatória, sem necessidade de 
observância do contraditório e da ampla defesa vez que, “nesse momento, ainda não há falar em acusados em geral, na dicção 
do inciso LV do art. 5º da Constituição Federal”. Apesar disso, podem estes elementos ser utilizados para subsidiar a decretação 
de medidas cautelares pelo magistrado, bem como auxiliar na formação da opinio delicti pelo órgão acusador. 
Pode-se dizer, interpretando-se o art. 155 do CPP, que, isoladamente considerados, os elementos informativos não são idôneos 
para fundamentar uma condenação, até porque são produzidos sem que haja necessidade de observância do contraditório e 
da ampla defesa, como já expusemos. No entanto, podem estes ser somados à prova produzida em juízo, servindo, assim, como 
mais um elemento de formação da convicção do julgador. 
A despeito disso, o mesmo art. 155 do CPP autoriza que o juiz forme sua convicção exclusivamente em provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas, mesmo que estas tenham sido produzidas na fase de investigação. 
Provas cautelares são aquelas em que há risco de desaparecimento do objeto de prova em razão do decurso do tempo. Aqui, o 
contraditório será diferido. Podem ser produzidas tanto na fase investigatória quanto na fase judicial e, em regra, dependem de 
autorização judicial. É o que acontece, por exemplo, com uma interceptação telefônica. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
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Prova não repetível, por sua vez, é aquela que, uma vez produzida, não tem como ser novamente coletada ou produzida, 
em virtude do desaparecimento, destruição ou perecimento da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória e 
na fase judicial e, em regra, não dependem de autorização judicial. O contraditório também será diferido. Exemplos de provas 
não repetíveis são o exame de corpo de delito e quaisquer outras perícias. 
Por fim, provas antecipadas são aquelas produzidas em contraditório, na presença do juiz, em momento processual distinto 
daquele legalmente previsto ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Podem 
ser produzidas até mesmo na fase investigatória, desde que o seja feita em juízo, sendo indispensável autorização judicial. É o 
caso do depoimento ad perpetuam rei memoriam, previsto no art. 225 do CPP. 
19 - Quais as características dos sistemas da íntima convicção do magistrado, da prova tarifada e do 
livre convencimento motivado? 
Qual o sistema adotado, em regra, no Brasil? 
Há resquícios dos outros sistemas em nosso ordenamento jurídico? Exemplique-os. 
Os três sistemas mencionados, conforme Renato Brasileiro (ob. cit), se referem à relação existente entre o julgamento 
da causa pelo juiz natural e as provas produzidas em juízo. 
 
 
21 QUESTÕES DECISIVAS PARA SUA APROVAÇÃO NO CONCURSO DE DELEGADO DE POLÍCIA. 
 
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No sistema da íntima convicção, também denominado como sistema da certeza moral do juiz ou da livre convicção, o 
juiz é livre para valorar provas, incluindo aquelas que não se encontram nos autos. Além disso, não é obrigado a fundamentar 
seu convencimento. 
Já no sistema da prova tarifada (ou sistema das regras legais, da certeza moral do legislador ou da prova legal), determinados 
meios de prova têm valor probatório fixado em abstrato pelo legislador. Aqui, basta ao magistrado tão somente apreciar o 
conjunto probatório e lhe atribuir o valor conforme estabelecido pela lei. O juiz fica vinculado de forma dosimétrica às provas 
apresentadas. 
Finalmente, no sistema do livre convencimento motivado, também conhecido como persuasão racional ou livre 
apreciação judicial da prova, o julgador tem ampla liberdade na valoração das provas constantes dos autos, as quais possuem 
o mesmo valor em abstrato. Entretanto, o magistrado tem o dever legal de fundamentar sua decisão. Trata-se do sistema 
adotado, em regra, em nosso ordenamento jurídico, em decorrência do art. 93, IX, CF, que exige que todas as decisões judiciais 
sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. De igual modo, o CPP, após a reforma de 2008, também passou a consagrar o 
sistema do livre convencimento motivado em seu art. 155, CPP, estabelecendo que “o juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”. 
Não obstante a adoção do sistema do livre convencimento motivado como regra no Brasil, há resquícios dos sistemas da íntima 
convicção e da prova tarifada. 
 
 
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Pode-se dizer, por exemplo, que o sistema da íntima convicção foi adotado em relação às decisões dos jurados no tribunal 
do júri, as quais não precisam ser motivadas, em decorrência da garantia do sigilo das votações do júri, prevista no art. 5º, 
XXXVIII da Constituição. 
De igual modo, o art. 158 do CPP, ao estabelecer que quando a infração penal deixar vestígios, será indispensável o exame de 
corpo de delito, revela resquícios do sistema da prova da tarifada em nosso ordenamento jurídico, assim como o art. 155, 
parágrafo único, do CPP (“somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil”). 
20 - Conceitue prova ilegal, prova ilícita e prova ilegítima. 
A “teoria dos frutos da árvore envenenada” encontra previsão no ordenamento jurídico brasileiro? 
Explique. 
Como ensina Renato Brasileiro (ob. cit), uma prova será considerada ilegal sempre que sua obtenção se der por meio 
de violação de normas legais ou de princípios gerais do ordenamento, de natureza material ou processual. Trata-se de gênero, 
doqual são espécies as provas ilícitas e as provas ilegítimas. 
Prova ilícita é aquela obtida através da violação de regra de direito material (penal ou constitucional). De outro lado, a prova 
será ilegítima quando, para sua obtenção, seja violada norma de direito processual. 
 
 
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A teoria dos frutos da árvore envenenada teve origem na Suprema Corte norte-americana e relaciona-se ao fenômeno 
das provas ilícitas por derivação. As provas ilícitas por derivação “são os meios probatórios que, não obstante produzidos, 
validamente, em momento posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se transmite, 
contaminando-os, por efeito de repercussão penal”. 
A referida teoria foi incorporada ao CPP brasileiro, por intermédio da reforma de 2008, encontrando previsão no art. 157, §1º 
do diploma processual penal, em que se estabelece que “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando 
não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras”. 
21 - No que consiste o princípio da comunhão da prova? 
E o princípio da oralidade? 
Quais subprincípios decorrem do princípio da oralidade? 
Explique cada um desses subprincípios. 
Pelo princípio da comunhão da prova, entende-se que a prova, uma vez produzida, é comum, não pertencendo a 
nenhuma das partes que a introduziu no processo. Ainda, a prova não pertence exclusivamente ao juiz, podendo ser utilizada 
por qualquer das partes (Renato Brasileiro, ob. cit.). 
 
 
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O princípio da oralidade, por sua vez, adotado nos Juizados Especiais e, após a reforma de 2008, também no 
procedimento comum e no procedimento bifásico do júri, é no sentido de que deve ser dada preponderância à palavra falada 
sobre a escrita, sem que esta seja excluída. Dele decorrem quatro subprincípios ou consequências: 
- princípio da concentração: consubstanciado no art. 400, §1º, do CPP (“as provas serão produzidas numa só audiência, 
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias), consiste na tentativa de redução do 
procedimento a uma única audiência – caso isto não seja possível, deve-se designar a próxima audiência para a data mais 
próxima; 
- princípio do imediatismo: segundo o qual o juiz deve proceder diretamente à colheita de todas as provas, em contato 
imediato com as partes; 
- princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: objetiva impedir sucessivas interrupções na marcha processual 
em virtude de eventuais recursos interpostos pelas partes; 
- princípio da identidade física do juiz: previsto no art. 399, §2º, CPP, estabelece que o juiz que presidir a instrução deverá 
proferir a sentença, de modo a se evitar o distanciamento entre a prova e o magistrado. O referido princípio comporta exceções, 
aplicando-se subsidiariamente o art. 132, caput, do CPC (“salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, 
promovido ou aposentado, casos em que passará os autos a seu sucessor”).

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