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TX 5 ECA

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ÁREA JURÍDICA
O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
E O DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO
Decorridos vinte e um anos da promulgação do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, há muito ainda a ser debatido. O entendimento 
de suas normativas circulam no imaginário social entre o senso 
comum e o radicalismo de interpretações que julgam ser mais 
benéficas a alguns atores sociais do que a outros. Neste encontro 
serão debatidas as temáticas relativas a sua atualização, 
envolvendo o Direito à Educação e as Medidas Preventivas e 
Socioeducativas aplicáveis nos casos em que este direito não é 
atendido nas escolas de educação básica.
www.portalpositivo.com.br/spe/areajuridica
0800 725 3536
Sílvia Fráguas
sfraguas@positivo.com.br
30
Caro (a) Educador (a)
O espaço escolar é um lugar onde se compartilham saberes e se 
manifestam expressões, um lugar de múltiplas determinações culturais, 
constituindo-se num universo particular em que há um patrimônio imaterial 
cultural e histórico que se manifesta nas:
§ Práticas sociais, cerimoniais e atos festivos escolares;
§ Conhecimentos e práticas relacionados às práticas pedagógicas;
§ Técnicas de ensino e de aprendizagem.
Olhar para o Patrimônio Imaterial da escola é permitir aos educadores 
uma incursão a um universo que lhes confere uma identidade. Esse patrimônio 
imaterial é o que permite a cada um identificar o professor ou aluno dessa ou 
daquela instituição escolar, dizer que há um modo de ser aluno ou professor de 
uma escola em especial.
Por meio da preservação e da salvaguarda do patrimônio cultural escolar 
material e imaterial alimenta-se essa memória que torna cada escola um espaço 
singular em toda sua multiplicidade de saberes, fazeres, expressões e lugares, 
tanto na sua variedade como na sua complexidade.
Esse é o convite do Programa de Cursos “Patrimônio Imaterial, 
CONTEXTOS escola singular.
Acedriana Vicente Sandi
Diretora Pedagógica
Este texto compõe o material do Programa de Cursos Positivo 2012. Este Programa destina‐se às Escolas 
Conveniadas ao Sistema Positivo de Ensino (SPE). O texto apresenta aprofundamento
didático‐metodológico da Proposta Pedagógica dos Livros Didáticos Integrados Positivo e do Portal Positivo. A 
seguir, conheça a equipe de assessoria da área Jurídica:
Conheça a equipe!
Assessora de Área
Sílvia Fráguas
sfraguas@positivo.com.br
Assessora da Área Jurídica
http://www.portalpositivo.com.br/spe/areajuridica
Gerência de Área
Patrícia Romagnani
promagnani@positivo.com.br
Gerente da Área Pedagógica
http://www.portalpositivo.com.br/spe/areapedagogica
3
FALE CONOSCO
0800 725 3536
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“Quando a sociedade deixa matar as crianças é porque começou seu suicídio como sociedade. Quando não 
as ama é porque deixou de se reconhecer como humanidade.” (Herbert de Souza) 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO 
 
Apresentação 
 
Em 2012, nosso foco é a equipe diretiva! A área jurídica quer colaborar com a gestão de sua escola, 
auxiliando-a a entender alguns temas importantes para a condução das atividades escolares. Esta será uma 
ótima oportunidade para discutirmos assuntos relacionados ao Estatuto da Criança e do Adolescente, com 
destaque para os seguintes temas: 
 Visão geral do Estatuto da Criança e do Adolescente 
 Direito fundamental à educação 
 Crianças e adolescentes com direitos ameaçados ou violados 
 O papel da escola na Rede de Proteção 
Nossos encontros terão como objetivo demonstrar de que forma a escola pode e deve atuar no 
atendimento integral aos educandos, tal como determinado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e, 
ainda, como deve interagir com os órgãos da Rede de Proteção, na defesa dos interesses de crianças e 
adolescentes. 
 
1. Visão Geral. Da Doutrina da Situação Irregular à Doutrina da Proteção Integral 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.º 8.069/90 (13 de julho de 1990), surgiu para 
regulamentar o disposto nos artigos 227 e 228 da Constituição Federal de 1988 (CF/88). Fortemente 
influenciado pela Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959 (Declaração) e pela Convenção dos 
Direitos da Criança de 1989 (Convenção), rompeu com o consolidado modelo da “Situação Irregular” que se 
ocupava, apenas, dos “menores” em situação de abandono ou estado de delinquência, para adotar a 
“Doutrina da Proteção Integral” como diretriz. 
A “Doutrina da Situação Irregular”, oficializada pelo Código de Menores de 1979, mas implícita 
desde o Código de Mello Matos (1927), limitava-se a tratar daquele menor privado de condições essenciais 
à sua subsistência. Na prática, tratava-se de uma política segregatória, pois os menores eram lançados em 
entidades de internação, sem nenhuma preocupação em se manterem os laços familiares, mesmo porque a 
família era considerada como uma das causas da situação irregular. 
A Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela ONU em 1959, foi o grande marco no 
reconhecimento de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. Estabeleceu, entre outros princípios, 
a proteção especial para o desenvolvimento físico, mental, moral e espiritual; a educação garantida e 
 
5 
 
compulsória; a prioridade em proteção e socorro; a proteção contra negligência, crueldade e exploração e 
contra atos de discriminação. 
Em 1979, teve início a atualização deste documento, fato consolidado pela Convenção dos Direitos 
da Criança, aprovada no mês de novembro de 1989 pela Resolução ONU n.º 44. Esta Convenção foi 
subscrita pelo governo brasileiro, em 26 de janeiro de 1990, aprovada pelo Congresso Nacional por meio do 
Decreto n.º 28/90 e promulgada pelo Decreto Executivo n.º 99.710/90. 
A “Doutrina da Proteção Integral” adotada, pela primeira vez, na Convenção é a base estrutural de 
toda legislação, cuja temática seja a criança e o adolescente e se funda em três pilares: 1) Reconhecimento 
da peculiar condição da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento, titular de proteção 
especial; 2) Crianças e adolescentes têm direito à convivência familiar; e 3) As Nações subscritoras obrigam-
se a assegurar os direitos insculpidos na Convenção, com absoluta prioridade. 
Regulamentada pelo artigo 3.º do ECA, a “Doutrina da Proteção Integral” está baseada no 
reconhecimento de direitos especiais e específicos a todas as crianças e os adolescentes. Esta Doutrina 
rompeu com o padrão preestabelecido pela “Doutrina da Situação Irregular” e absorveu os valores 
insculpidos na Convenção dos Direitos da Criança. 
A “Doutrina da Situação Irregular” era restritiva, limitando-se a tratar, apenas, dos menores 
abandonados e daqueles considerados “delinquentes”. O Juiz de Menores atuava com base no binômio 
carência x delinquência, centralizando as funções jurisdicional e administrativa. Com a “Doutrina da 
Proteção Integral”, o ECA previu um conjunto de medidas governamentais, distribuídas entre os três entes 
da Federação, adotando o princípio da descentralização político-administrativa, materializando-o na esfera 
municipal pela participação direta da comunidade, pela atuação do Conselho Municipal dos Direitos da 
Criança e do Conselho Tutelar, que revelam a participação da sociedade civil na proteção das crianças e dos 
adolescentes. 
Foi com a adoção da “Doutrina da Proteção Integral” pela CF/88 e pelo ECA que crianças e 
adolescentes passaram a ser considerados como sujeitos de direitos, assim como qualquer ser humano. 
Vejamos as comparações1: 
ASPECTO ANTERIOR ATUAL 
Doutrinário Situação Irregular Proteção Integral 
Caráter FilantrópicoPolítica Pública 
Fundamento Assistencialista Direito Subjetivo 
Centralidade Local Judiciário Município 
Competência Executória União / Estados Município 
Decisório Centralizador Participativo 
Institucional Estatal Cogestão da Sociedade Civil 
Organização Piramidal / Hierárquica Rede 
Gestão Monocrática Democrática 
 
 
1
 MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóricos e práticos. 4. Ed. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 15. 
 
 
6 
 
2. Regra ou Princípio da Prioridade Absoluta 
 
O atendimento prioritário aos direitos da criança e do adolescente foi regulamentado pelo artigo 
3.º da Convenção dos Direitos da Criança, que assim estabelece: 
 
Art. 3.º Todas as ações relativas às crianças levadas a efeito por instituições públicas ou privadas de 
bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, 
primordialmente (com prevalência), o interesse maior da criança. 
 
 Traduzindo o preceito constitucional exarado no artigo 227 da CF/88, bem como respeitando o 
disposto na Convenção acima citada, o ECA definiu e materializou o conceito de prioridade absoluta no 
parágrafo único do artigo 4.º, a seguir transcrito: 
 
Art. 4.º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, assegurar, 
com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade 
e à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
a) a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à 
juventude. 
 
A “Regra da Prioridade Absoluta” estabelece a primazia em favor das crianças e dos adolescentes 
de todas as esferas de interesses. O interesse infanto-juvenil deve preponderar, com intuito de facilitar a 
concretização dos direitos fundamentais elencados pela Constituição Federal e pelo ECA.2 
 
3. Dos Direitos Fundamentais das Crianças e Adolescentes 
 
Seguindo os ensinamentos de J. J. CANOTILHO (1998), direitos fundamentais são os direitos do 
homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados no espaço e no tempo. São os direitos 
objetivamente vigentes em uma ordem jurídica concreta e que se opõem ao Estado, limitando e 
condicionando sua atuação. 
No tocante a crianças e adolescentes, o legislador constituinte particularizou, entre os direitos 
fundamentais, aqueles que se mostram indispensáveis à formação do indivíduo, ainda em 
desenvolvimento, elencando-os nos artigos 227 da CF/88 e 4.º do ECA. 
 
2
 AMIN, Andréa Rodrigues. Princípios Orientadores do Direito da Criança e do Adolescente. In: MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade (coord.). 
Curso de Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóricos e práticos. 4. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 19/30. 
 
 
7 
 
São eles: o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a 
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
4. Direito Fundamental à Educação 
 
Partindo do conceito extraído do DICIONÁRIO AURÉLIO (2004), temos que educação é um processo 
de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança, do adolescente e do ser humano 
em geral, visando à sua melhor integração individual e social. O processo educacional visa à integral 
formação da criança e do adolescente, buscando seu preparo para o exercício da cidadania e, também, 
para o ingresso no mercado de trabalho. É um direito social, garantido pelo artigo 205 da CF/88. É, 
também, um direito fundamental, que permite a instrumentalização de todos os demais, pois, sem 
conhecimento, não há o implemento universal dos direitos fundamentais. 
 
4.1 Política Educacional 
 
A política educacional é determinada pela CF/88, em seu artigo 206. 
 
As medidas disciplinares deverão ser aplicadas sem ofertar prejuízo irreparável para a criança ou o 
adolescente. Assim, o aluno não poderá ser suspenso no período de provas escolares, bem como não poderá 
sofrer expulsão em período do ano escolar no qual se mostra inviável a transferência ou matrícula em outro 
estabelecimento de ensino.3 
 
Os principais aspectos dessa política educacional são: a igualdade, o acesso à escola a e 
permanência nela e a garantia do padrão de qualidade. 
De acordo com as disposições do ECA, temos que a igualdade se traduz na garantia de educação a 
todas as crianças e a todos os adolescentes, sem distinção. Assegurar esse direito é dever dos pais, 
matriculando seus filhos na rede de ensino (público ou particular). É dever da sociedade fiscalizar os casos 
de evasão ou não ingresso na rede escolar, por meio do Conselho Tutelar e dos profissionais da educação. 
Cabe ao Poder Público manter a oferta de vagas, permitindo o livre e irrestrito acesso à educação. 
É importante pontuar que aos portadores de necessidades especiais devem ser garantidos o 
número de vagas e o atendimento por profissionais capacitados. É dever do Estado ofertar vagas para 
educação especial, sem prejuízo da inclusão, que deve ser adequada, tendo em vista que a escola deve 
prover serviços especializados para atender às peculiaridades da demanda (acessibilidade, adaptação do 
mobiliário, cuidadores, profissionais treinados). 
 
3
 AMIN, Andréa Rodrigues. Dos Direitos Fundamentais. In: MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade (coord.). Curso de Direito da Criança e do 
Adolescente: aspectos teóricos e práticos. 4. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 31/65. 
 
 
8 
 
Ainda no que tange à igualdade, a oferta de educação aos adolescentes infratores é parte 
integrante do processo de ressocialização daqueles que estão em cumprimento de medida socioeducativa. 
Ao pontuar o aspecto do acesso e da permanência, o ECA estabelece que não basta a oferta de 
vagas, tanto pelo Poder Público quanto pela iniciativa privada. Não há país no mundo que não preveja em 
suas normas essa garantia, já que a educação pode ser considerada um dos pilares da cidadania. É 
necessário que se garanta a permanência na escola, considerando este “direito à permanência” como um 
direito público subjetivo, que deve ser garantido e assegurado pelo Estado, que tem obrigação de fornecer 
todos os meios necessários a esta permanência na escola. 
Por fim, é importante destacar o aspecto “qualidade no ensino”, disciplinado pela Política 
Educacional, no art. 206 da CF/88. Este aspecto se traduz na necessidade de constante capacitação e 
qualificação de todos os profissionais que atuam na educação, na implementação de políticas públicas de 
ensino, de cargos e carreiras e progressão salarial – políticas essas que, também, devem ser observadas 
pelas instituições privadas de ensino – na elaboração e na revisão de material didático atrativo e coerente 
e, ainda, na valorização do estudo pela família, ponto crucial para que o aluno perceba a importância de 
sua formação. 
 
4.2 Níveis e Modalidades da Educação 
 
A estrutura do sistema educacional brasileiro foi determinado e regulamentado pela LDB, que 
classifica a educaçãoem dois níveis: educação básica e educação superior4. 
A educação básica compreende: 
a) Educação Infantil5; 
b) Ensino Fundamental6; 
c) Ensino Médio7. 
 Por fim, temos a educação superior8, cujos objetivos básicos são a formação profissional e a 
produção científica. 
 
5. Crianças e Adolescentes com Direitos Violados 
 
 Partindo do pressuposto exposto na CF/88 e no ECA, para o Estado Brasileiro, crianças e 
adolescentes são prioridades absolutas no que se refere à salvaguarda de seus direitos. Cabe ao Estado, à 
sociedade, à família e à comunidade assegurar o respeito aos direitos garantidos em lei. 
 
4
 Artigo 21 da LDB. 
5
 Artigos 29 e 30 da LDB. 
6
 Artigo 32 da LDB. 
7 
Artigo 35 da LDB. 
8 
Artigo 43 da LDB. 
 
9 
 
Todavia, a realidade encontrada nos Estados Brasileiros é totalmente distante do que dispõe o ECA. 
Não é raro ler, ver e ouvir notícias que chocam, apavoram, impressionam. Os problemas enfrentados pela 
infância e pela adolescência, no Brasil, são muitos e não estão limitados a determinada faixa etária, a uma 
classe social específica ou a um grupo cultural. Ameaças e dificuldades provêm de qualquer lugar. Ameaças 
e violações ocorrem a todo momento e atingem crianças e adolescentes com os mais diferentes perfis e 
níveis de desenvolvimento. 
 Entre as ameaças e violações mais comuns estão a mortalidade, a exploração do trabalho infantil, a 
evasão escolar, a exploração sexual e a violência, formas de violação de direitos combatidas pela 
Declaração dos Direitos Humanos9. Todas essas violações têm, em comum, um mesmo fundamento: são 
causadas, na sua grande maioria, por fatores socioeconômicos e de exclusão. Vale lembrar que a violência 
aqui indicada pode ser entendida tanto no campo físico como no emotivo. 
GONÇALVES (2008) afirma que a vivência da violência contra crianças e adolescentes é usual e 
cotidiana. Todavia, para entender sua lógica, determinar sua extensão e avaliar o real perigo que a violência 
representa, fazem-se necessárias tanto a busca de um mínimo de informação quanto a reunião de 
recursos. A imprensa e a literatura especializada discutem, à exaustão, a temática, suscitando diversas 
hipóteses acerca das suas causas e consequências. Conselhos e comissões debatem as causas e tentam 
estabelecer planos de metas para o combate à violência e à violação de direitos. 
 Talvez, em razão de toda informação, bem como da presença inevitável da violência na sociedade 
brasileira, esta tenha sido banalizada. E, esta banalização da violência, no entendimento de ARENDT, apud 
GONÇALVES (2008), pode ser entendida como a corrupção da consciência que se sedimenta em pequenos 
hábitos do cotidiano e condiciona a forma pela qual os indivíduos, suprimindo a capacidade de pensar 
criticamente, se acostumam e se acomodam ao arbítrio, à covardia e ao cinismo. 
Nos últimos 40 anos, a violência contra a criança tem sido incansavelmente estudada. Cumpre 
ressaltar que grande parte dos trabalhos produzidos nesta área provém de estudos de perfil 
epidemiológico, especialmente dos ferimentos encontrados nos corpos de crianças, que tinham origem em 
agressões praticadas pelos genitores. Esses estudos acabaram por romper com a visão da família como 
centro e núcleo da proteção à criança, conforme nos ensina GONÇALVES (2008). 
O diagnóstico precoce da violência familiar permite a tomada de ações de caráter preventivo. É 
justamente neste diagnóstico precoce que se encontra um importante papel da escola, já que as 
consequências acarretadas pela violência para a criança e o adolescente variam de físicas a psíquicas. Um 
acompanhamento diário realizado pelos profissionais da educação que têm contato próximo com a criança 
e o adolescente vitimizados pode auxiliar na identificação dos sinais, das causas e dos efeitos gerados pela 
violência. 
 
9 
Adotada pela Organização das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, como um ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as 
nações. 
 
10 
 
O ECA prevê, em seus artigos 5.º e 13, que nenhuma criança e nenhum adolescente poderão ser 
expostos a qualquer tipo de violência e que, casos suspeitos ou confirmados, deverão ser imediatamente 
comunicados à autoridade competente (Conselho Tutelar local ou Autoridade Judiciária competente), para 
que sejam tomadas as providências e penalidades cabíveis ao caso. 
É evidente que a decisão de notificar pressupõe toda uma coleta de informações pelo profissional, 
com o intuito de contextualizar a situação que examina e, assim, poder encerrar sua avaliação, decidindo, 
ou não, pela notificação ao Conselho Tutelar, órgão encarregado de zelar pelos direitos da criança e do 
adolescente, sempre que estes forem ameaçados ou violados. É o Conselho Tutelar quem recebe a 
notificação e procede a uma primeira avaliação dos fatos relatados. Se verificada sua procedência, decide 
pelo encaminhamento do relato ao Ministério Público. 
Além de apurar os fatos, o Conselho Tutelar também pode aplicar as medidas de proteção previstas 
no artigo 101, I a VII do ECA ou as medidas de atendimento aos pais ou responsáveis previstas no artigo 
129, I a VII, também do Estatuto. 
O ECA privilegia o convívio familiar, determinando, ainda, que sempre que possível, sejam aplicadas 
medidas que visem ao fortalecimento do vínculo familiar. O respeito aos valores familiares deve ser a regra. 
Para isso, afirma GONÇALVES (2008), antes de apartar pais e filhos, cabe suprir as necessidades mais 
permanentes da família, inclusive aquelas que dizem respeito a recursos pessoais e sociais que 
instrumentalizam sua tarefa de construir, na próxima geração, um ambiente menos contaminado pela 
violência. 
 
5.1 Medidas Protetivas e Medidas Socioeducativas. O Papel da Escola 
 
Disseminar o ECA nas escolas, fazendo com que os envolvidos no processo educacional possam 
refletir e problematizar questões relacionadas aos direitos das crianças e dos adolescentes é tão 
importante que uma das últimas alterações10 introduzidas na LDB trouxe como conteúdo obrigatório para o 
currículo do Ensino Fundamental a temática dos direitos fundamentais, das medidas protetivas e 
socioeducativas, bem como de todo sistema disciplinado pelo ECA11. 
As medidas protetivas, ou medidas de proteção,12 são aquelas efetivadas por meio de ações ou 
programas assistenciais, podendo ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa, quando a criança ou o 
adolescente estiver em situação de risco13 ou, ainda, quando praticar ato infracional14. 
 Entre as medidas aplicáveis, temos a matrícula e a frequência obrigatória em estabelecimento 
oficial de Ensino Fundamental. Essa medida está diretamente ligada à evasão, normalmente relacionada ao 
trabalho infantil e à omissão dos pais, e à infrequência escolar, constatadas pelos serviços de assistência 
 
10
 Lei n.º 11.525/2007. 
11
 Art. 32, § 5.º da LDB. 
12
 Artigo 101 do ECA. 
13
 Artigo 98 do ECA. 
14
 Artigo 105 do ECA. 
 
11 
 
social e pelo Conselho Tutelar, órgãos que precisam da atuação conjunta dos agentes de ensino, que, 
verificando a impossibilidade de resolução do problema com diálogo e conscientização, têm o dever de 
comunicar isso ao Conselho Tutelar. 
 É importante ressaltar que a aplicação das medidas protetivas não se faz, necessariamente, pela via 
judicial. De todas as medidas elencadas pelo artigo 101, somente a inclusão em programa de acolhimento 
familiar e a colocação em família substituta não podem ser realizadas pelo Conselho Tutelar. 
 Por sua vez, as medidas socioeducativas, que não deixam de ser medidas protetivas,são aplicáveis 
somente aos adolescentes, cujo comportamento está identificado como crime ou contravenção penal (ato 
infracional)15, sem, todavia, ter natureza de pena, isso porque a imputabilidade penal só se inicia aos 18 
(dezoito) anos. 
 
A medida socieducativa é a manifestação do Estado, em resposta ao ato infracional, praticado por menores 
de 18 anos, de natureza jurídica impositiva, sancionatória e retributiva, cuja aplicação objetiva inibir a 
reincidência, desenvolvida com finalidade pedagógica-educativa. Tem caráter impositivo, porque a medida é 
aplicada independente da vontade do infrator – com exceção daquelas aplicadas em sede de remissão, que 
têm finalidade transacional. Além de impositiva, as medidas socioeducativas têm cunho sancionatório, 
porque com sua ação ou omissão, o infrator quebrou a regra de convivência dirigida a todos. E, por fim, ela 
pode ser considerada uma medida de natureza retributiva, na medida em que é uma resposta do Estado à 
prática do ato infracional praticado. (LIBERATTI, 2006, p. 102). 
 
De acordo com o ECA16, as medidas socioeducativas são: advertência, obrigação de reparar o dano, 
prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade, internação 
em estabelecimento educacional e qualquer uma das medidas protetivas previstas no artigo 101, I a VI do 
ECA. 
Tendo em vista a opção do legislador em manter e fortalecer os vínculos familiares e comunitários, 
prefere-se a aplicação das medidas em meio aberto, sempre que possível. Nesse sentido, a atuação da 
escola se mostra extremamente importante, tendo em vista que a oferta de educação aos adolescentes em 
conflito com a lei faz parte do processo de ressocialização. 
Geralmente, o histórico escolar dos adolescentes em conflito com a lei é uma história de fracasso; a 
grande maioria deles abandonou os estudos, sob as mais diversas alegações. Por vezes, esse abandono se 
deu em razão da falta de estrutura da escola em atendê-lo. 
Lidar com o adolescente em conflito com a lei tem sido um dos grandes desafios do sistema 
educacional; de conselhos de classe a seminários e congressos nacionais, todos têm tratado com afinco do 
tema. Como reflexo dessas discussões, as quais vêm de longa data, o ECA disciplinou uma política baseada 
em mecanismos pedagógicos, cuja proposta é a de uma atuação socioassistencial. Nesse sentido, as 
medidas socioeducativas visam educar o adolescente em conflito com a lei para o convívio social e o 
 
15
 Artigo 103 do ECA. 
16
 Artigo 112 do ECA. 
 
12 
 
exercício da cidadania, evidenciando, assim, a relação direta entre as medidas e o direito fundamental à 
educação. 
Todavia, não é raro perceber na escola as mesmas representações da sociedade sobre o 
adolescente em conflito com a lei: medo, indiferença, pena, dó e piedade, além da compaixão e da 
hostilidade, que são os sentimentos mais comuns. O adolescente estigmatizado se apresenta à escola como 
um problema, sendo aceito, em algumas instituições, somente sob ordem judicial. Assim, não é raro 
perceber o adolescente, que se encontra em situação de vulnerabilidade social entediado com o cotidiano 
escolar, apresentando respostas agressivas e intolerantes à forma como é recebido – o marginal, o 
problema – e acolhido pela escola – sob olhares que traduzem medo e intolerância. 
Segundo TEIXEIRA (2008), compreender as questões relacionadas com a entrada e a permanência 
do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto na escola implica na 
compreensão de que a educação escolar é construída por processos históricos, culturais, econômicos, 
sociais, políticos, éticos e psicológicos, pois é na escola que identificamos todas as tensões, todos os 
conflitos e antagonismos presentes na convivência coletiva. 
Para que a escola possa atuar dentro dos parâmetros estabelecidos pela CF/88, pelo ECA e pela 
LDB, o primeiro passo é conhecer o aluno, distanciando-o do ato infracional que cometeu e não 
relacionando esse ato a uma patologia do adolescente. Conhecendo o adolescente, fica mais fácil para o 
professor estabelecer uma relação de confiança e um diálogo com o aluno. Outro aspecto importante diz 
respeito à formação continuada dos profissionais da educação: conhecer as normativas e diretrizes do ECA 
deve ser tão importante quanto dominar conteúdos escolares. É imprescindível que o profissional conheça 
a natureza das medidas socioeducativas para que o ECA não seja entendido como um instrumento que, tão 
somente, defende o adolescente infrator, deixando de lado responsabilidades e deveres. 
As escolas devem ser espaços para formação continuada, debate e diálogo que tenham como pauta 
temas relacionados com a política de garantia dos direitos da criança e do adolescente. Deve, ainda, 
conhecer a realidade local e os órgãos, governamentais e não governamentais, que trabalham na 
promoção e na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes: entidades e associações da sociedade 
civil, órgãos públicos, Ministério Público e, principalmente, o Conselho Tutelar. A partir desta proximidade, 
poderão, então, trabalhar juntos na promoção e no acompanhamento das medidas impostas ao 
adolescente em conflito com a lei. 
 
O adolescente deve ser alvo de um conjunto de ações socioeducativas que contribua na 
sua formação, de modo que venha a ser um cidadão autônomo e solidário, capaz de se 
relacionar melhor consigo mesmo, com os outros e com tudo o que integra a sua 
circunstância e sem reincidir na prática de atos infracionais. Ele deve desenvolver a 
capacidade de tomar decisões fundamentadas, com critérios para avaliar situações 
relacionadas ao interesse próprio e ao bem comum, aprendendo com a experiência 
acumulada individual e social, potencializando sua competência pessoal, relacional, 
cognitiva e produtiva. (SINASE, 2006, p. 46). 
 
 
13 
 
Segundo PEREIRA E SUDBRACK (2009, p. 259 e 260), com a publicação e a implementação de 
normativas nacionais sobre o direito à educação, exigiu-se das escolas públicas a abertura das matrículas 
para toda e qualquer criança e adolescente, o que significou a inclusão escolar de uma população infanto-
juvenil com perfil pessoal, social, cultural e econômico diversificado. Parte desse público era constituída por 
crianças e adolescentes que costumavam abandonar precocemente a escola, que apresentavam biografia 
escolar instável ou eram rejeitados pela escola por indisciplina ou por problemas de aprendizagem. Dentro 
desse universo, os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, ou aqueles 
egressos das unidades de internação, têm maior dificuldade em aceitação e interesse pela escola, porque 
uma interpretação equivocada das disposições do ECA levou ao entendimento da palavra “direito” como 
ausência de responsabilidades e deveres, fazendo com que os profissionais da educação acabassem por 
culpar o direito da criança e do adolescente pela diminuição da autoridade do professor em sala de aula, a 
indisciplina e a violência nas escolas. 
Sendo inevitável à escola impedir o acesso dessa classe de alunos, ainda que por ordem judicial, a 
ausência do adolescente às aulas, somada ao desconhecimento da rede de proteção, é considerada um 
alívio para a comunidade escolar. Assim, aqueles que deveriam auxiliar no processo de ressocialização, 
acompanhando o adolescente em cumprimento de medida e procedendo ao preenchimento dos 
documentos que visam à reinserção do adolescente na escola e na comunidade, deixam de fazê-lo, não 
sendo possível aos Conselhos, Ministério Público e demais órgãos envolvidos na rede de proteção atuar no 
combate à evasão escolar e à marginalização do adolescente em conflito coma lei, que passa a carregar o 
estigma de infrator. E, uma vez estigmatizado, esse adolescente passa a não ser bem-vindo na escola, 
mesmo sendo a educação um direito estabelecido pelas normativas nacionais e internacionais, como, por 
exemplo, a Convenção dos Direitos da Criança (ONU, 1989). 
Para que a escola possa atuar de forma eficaz no atendimento aos adolescentes em conflito com a 
lei, é importante que a política de atendimento traga, em sua concepção, um projeto pedagógico que 
organize uma proposta de escolarização, que leve em conta as especificidades que envolvem o tratamento 
desses adolescentes, sem esquecer que a grande maioria deles possui defasagem idade-série, dificuldades 
de aprendizagem e uma relação difícil de violação de direitos com a escola. 
É importante ressaltar que todas as medidas socioeducativas têm natureza pedagógica e, dessa 
forma, é de extrema importância que as instituições escolares, seus dirigentes e professores tenham um 
entendimento do ECA e relacionem suas normativas às do regimento interno e do projeto pedagógico da 
escola. 
Como práxis pedagógica, a socioeducação compartilha objetivos e critérios metodológicos 
próprios de um trabalho social reflexivo, crítico e construtivo, mediante processos 
educativos orientados à transformação das circunstâncias que limitam a integração social, 
uma melhora significativa do bem-estar coletivo e, por extensão, a sua legítima aspiração 
a uma maior qualidade de vida. 
Como forma de atuar particularmente com o adolescente, a socioeducação se especializa, 
incorporando elementos convergentes e complementares para o trabalho a ser 
 
14 
 
desenvolvido. Assim, deve-se ter claro que é a partir dessa compreensão que se torna 
possível a construção de uma nova realidade nas escolas. (ZANELLA, 2010, p. 19/20) 
 
Assim, fazem-se necessárias a formação legalista básica e o conhecimento das garantias e direitos 
fundamentais das crianças e dos adolescentes para que os profissionais da educação auxiliem no processo 
de ressocialização daqueles que, muito cedo, sofreram os impactos da marginalização. 
 
5.2 Política de Atendimento. Rede de Proteção. O Conselho Tutelar. 
 
As políticas públicas, que dizem respeito à criança e ao adolescente, são de responsabilidade de 
todos os entes da Federação: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A política de atendimento vem 
disciplinada a partir do artigo 86 do ECA e baseia-se, precipuamente, em políticas sociais, tendo como 
objetivo primordial assegurar que os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes sejam 
resguardados. 
Observa-se aqui a responsabilidade da União para a criação de normas gerais e de 
coordenação da política de atendimento. A efetivação direta compete ao município. Por 
exemplo, obrigação do Poder Executivo Municipal em providenciar creches, vagas no 
ensino fundamental a partir dos seis anos de idade; tratamento de saúde ao menor 
impossibilitado de por si só bancar o mesmo etc. (ISHIDA, 2010, p. 161). 
 
 Assim, visando ao atendimento pleno dessa parcela da população, temos a seguinte divisão de 
atuação: 
ESFERA ÓRGÃO ATUAÇÃO 
Federal Conselho Nacional dos Direitos 
da Criança e do Adolescente 
Elaborar diretrizes da política 
de atendimento 
Fundo Nacional para a Criança 
e o Adolescente 
Administração de recursos 
 
Subsecretaria de Promoção dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente 
Assessoramento da Presidência 
Estadual Conselhos Estaduais dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente 
Implementar diretrizes da 
política de atendimento 
Municipal Conselhos Municipais dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente 
Efetivação das diretrizes da 
política de atendimento 
 
Conselhos Tutelares Atuação junto à comunidade 
 
 
15 
 
Todos os órgãos anteriormente identificados são de participação popular e, como órgãos 
colegiados, são compostos por uma ala governamental e outra formada por representantes da sociedade 
civil. A eles incumbe estabelecer prioridades e definir as políticas de atendimento, bem como a gerência e a 
administração de fundos vinculados aos procedimentos menoristas. 
Dentro dessa política de atendimento, é importante destacar a atuação das entidades de 
atendimento, governamentais e não governamentais, voltadas aos adolescentes e crianças cujos direitos 
foram ameaçados ou violados e, também, àqueles em cumprimento de medidas protetivas e 
socioeducativas. Os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente são responsáveis pelo 
cadastramento dessas instituições. 
A política de atendimento engloba, ainda, a tutela dos adolescentes em conflito com a lei, a guarda 
de crianças e adolescentes que, ainda que temporariamente, necessitem ser afastados do convívio familiar 
para sua proteção e a internação em clínica de tratamento a dependentes químicos. 
A fiscalização das entendidas de atendimento fica a cargo do Ministério Público, do Juízo da 
Infância e da Juventude e do Conselho Tutelar, aferindo-se as condições de atendimento estipuladas pelo 
artigo 94 do ECA. 
Próximo às escolas está o Conselho Tutelar. Criado pelo artigo 131 do ECA, reflete a importância da 
participação da sociedade no que diz respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes17. A esse 
Conselho cabe, precipuamente, a apreciação de questões que envolvem problemas de justiça social, cuja 
intervenção judicial não se faz necessária. O Conselho Tutelar possui poder para tomar decisões, mas não é 
órgão jurisdicional e, por essa razão, tem sua atuação limitada. É órgão de execução das medidas de 
efetivação dos direitos da criança e do adolescente18 e, como órgão de proteção dos interesses das crianças 
e dos adolescentes, cumpre ao Conselho Tutelar a aplicação das medidas de proteção nas situações 
previstas pelos artigos 98 e 105 do ECA. 
Também cabe ao Conselho Tutelar a aplicação das medidas aos pais ou responsáveis e a requisição 
de vaga em escolas do Ensino Fundamental. Em caso de negativa à deliberação pelo diretor da escola ou 
delegado de ensino, os membros do Conselho Tutelar deverão comunicar o Ministério Público mediante 
envio de documentos comprobatórios, para averiguação dos fatos e aplicação da pena prevista no artigo 
236 do ECA. 
O Conselho Tutelar pode, ainda, requisitar certidão de nascimento e de óbito de crianças e 
adolescentes junto aos Cartórios de Registro Civil; realizar abrigamento de menor, em caso de urgência e 
emergência, comunicando o fato, imediatamente, ao Juízo da Infância e da Juventude; realizar a 
representação ao órgão ministerial ou, diretamente, ao Poder Judiciário de programas ou programações 
que contrariem os princípios do artigo 221 da CF/88, bem como daqueles produtos ou serviços que possam 
 
17
 Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela Comunidade local para 
mandato de três anos, permitida uma reeleição. 
18
 Todas as atribuições dos Conselhos Tutelares estão dispostos no artigo 136 do ECA. 
 
16 
 
ser nocivos à saúde e ao meio ambiente; e, por fim, podem, em caso de abuso ou violência sexual, 
representar ao Ministério Público, visando à providência adequada. 
 
Tem singular relevância a atenção do Conselho Tutelar para com o Direito à Educação da 
criança e do adolescente, especialmente o direito à educação escolar e, ainda mais 
precisamente, o direito ao ensino fundamental. Criança ou adolescente sem matrícula ou 
excluída da escola, criança ou adolescente sem freqüência regular ou sem aproveitamento 
adequado, criança ou adolescente com condutas inadequadas no estabelecimento de 
ensino, criança ou adolescente com sintomas de maus-tratos,são crianças e adolescentes 
em situação de proteção especial, causa justificadora da pronta atuação do agente tutelar, 
sempre com vistas à permanência e ao sucesso na Escola. (KONZEN, 2000, p. {s.p.}). 
 
 Nesse mesmo contexto, temos a atuação da escola, que, por qualquer um dos profissionais 
envolvidos no processo educacional, pode perceber qualquer anomalia no desenvolvimento do aluno, no 
que tange às relações familiares e sociais, de aprendizado e desenvolvimento. Assim, ao lado do Conselho 
Tutelar, possui o condão de desencadear os processos de providências que visam à proteção de crianças e 
adolescentes cujos direitos foram ameaçados ou violados e, ainda, participar do processo de 
ressocialização daqueles em conflito com a lei. 
 
O Conselho Tutelar não possui capacidade legal de interferência em assuntos internos da 
Escola. No entanto, tem plena legitimidade para verificar, por exemplo, o aproveitamento 
escolar de determinada criança ou adolescente, não com o propósito de interferir na 
Escola, mas para determinar aos pais ou ao responsável as medidas para a correção das 
insuficiências, inclusive se as causas do aproveitamento inadequado residirem na Escola, 
com a possibilidade concreta de determinar aos pais ou ao responsável o 
acompanhamento da frequência e do aproveitamento escolar (artigo 129, inciso V). Na 
prática, simples orientação aos pais, chamando-os para o exercício de suas obrigações, 
não raras vezes já contribui positivamente para a reversão da ambiência de exclusão da 
Escola. 
Outras tantas vezes a causa do abandono escolar não está nos pais, mas na atuação da 
Escola. O Conselho Tutelar pode servir como o agente impulsionador capaz de retirar a 
instituição escolar do seu isolamento. Para tanto, não é necessário afrontar a Escola, em 
busca de expiatórios de nenhuma ou de quase nenhuma valia. Impõe-se, no caminho 
inverso, aliar ao que há de melhor nas escolas, e muito há de exemplar e de aproveitável 
em metodologia, esforço, criatividade e dedicação em escolas de todo País. (KONZEN, 
2000 {s.p.}). 
 
 A integração entre escola e Conselho Tutelar está disposta no ECA, que confere aos dirigentes 
escolares e aos professores o dever de comunicar aos Conselheiros Tutelares quaisquer casos de maus-
tratos, envolvendo seus alunos, bem como situações de reiteradas e injustificadas ausências e de evasão 
escolar. Nas palavras de Konzen (2000), a legislação cercou o direito à educação de inúmeros mecanismos 
protetivos. Aos pais ou ao responsável impôs o dever da matrícula, sob pena de abandono intelectual e o 
dever de zelar pela frequência à escola, sujeitando-os a medidas, inclusive à possibilidade da perda ou 
suspensão do poder familiar. À escola conferiu o dever da chamada e do zelo pela frequência, com as 
comunicações e implicações já referidas e aos Conselhos Tutelares, impôs o dever da determinação das 
providências destinadas a manter o educando na escola. 
 
17 
 
 
Em síntese, o Direito à Educação, notadamente o direito ao ensino fundamental, 
enquanto direito público subjetivo e, portanto, direito indisponível, está cercado de um 
conjunto de atores e de providências, todos destinados a impedir qualquer possibilidade 
de frustração. O sistema de garantia do Direito à Educação escolar pressupõe a integração 
desses diversos atores. Na falta ou na falha de um, deve agir o outro. Em auxílio ao 
esforço de um, deve atuar o outro. Entretanto, não há como visualizar sucesso na atuação 
desses atores sem a atuação integrada e parceira, especialmente entre os dirigentes do 
sistema e da instituição escolar e os agentes tutelares. (KONZEN, 2000, p. {s.p.}) 
 
Com essa necessidade de atuação, tem-se a concepção de uma nova escola: a escola desafiada a 
assumir um papel social, comprometida com a comunidade na qual está inserida e aberta à participação 
comunitária. A escola deve ser um agente formador de cidadãos, tendo em vista ter como público-alvo 
crianças e adolescentes, pessoas em desenvolvimento. 
 
6. Referências Bibliográficas 
 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 1998. 
Nesta obra, o autor, diante da evidência de que o direito constitucional se confrontaria com os desafios do 
direito constitucional europeu, entendeu pela concretização dos princípios jurídico-constitucionais de suma 
importância na teoria dos direitos fundamentais. 
 
CURY, Munir; PAULA, Paulo Afonso Garrido de; MARÇURA, Jurandir Norberto. Estatuto da Criança e do 
Adolescente Anotado. 2. Ed. São Paulo: RT, 1999. 
Coordenado por um Procurador de Justiça aposentado (Munir Cury), este trabalho foi idealizado com o 
propósito de fornecer aos profissionais e estudantes de Direito e da área social um meio rápido de consulta 
à legislação atinente às crianças e aos adolescentes. Durante todo o texto, foram feitas remissões aos 
dispositivos legais inter-relacionados com a disciplina. 
 
ELIAS, Roberto João. Direitos Fundamentais da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2005. 
Este trabalho, elaborado pelo Procurador de Justiça do Estado de São Paulo e professor da Faculdade de 
Direito da USP, tem por objeto de estudo a essência do subsistema de normas que protegem a criança e o 
adolescente, que corresponde aos direitos fundamentais descritos nos artigos 1.º a 69 do ECA. 
 
_________________. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei n.º 8.069/90, de 13 de 
Julho de 1990. 4 Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 
Observando as evoluções e principais modificações promovidas pelas Leis n.º 11.829/2008, 12.010/2009, 
12.015/2009 e 12.038/2009 no ECA, o autor apresenta comentários aos artigos da Lei. 
 
18 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Míni Aurélio. 6.ª Edição Revista e Atualizada. Curitiba, Posigraf, 
2004. 
 
GONÇALVES, Hebe Signorini; BRANDÃO, Eduardo Ponte. Psicologia Jurídica no Brasil. 2 Ed. Rio de Janeiro: 
Nau Editora, 2008. 
A obra apresenta didaticamente, e de forma ampla, um ramo da psicologia que está em franca expansão e 
em franco desenvolvimento: a psicologia jurídica. Dividida em capítulos de acordo com as práticas que 
envolvem as instituições jurídicas – Varas de Justiça, Conselhos Tutelares, prisões, abrigos, unidades de 
internação, entre outras – o livro aborda os muitos e diversos setores e questões de que trata o mundo 
jurídico. Psicologia jurídica no Brasil é um livro didático que tem como público-alvo os estudantes de 
psicologia, direito e demais interessados no tema. 
 
ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudência. 12 Ed. São Paulo: 
Atlas, 2010. 
Esta obra contém um resumo de doutrina, indicações legais e a resenha jurisprudencial atualizada referente 
a cada um dos artigos do vigente Estatuto da Criança e do Adolescente. Faz menções e inclui comentários às 
principais legislações que alteraram dispositivos do ECA e às que têm interferência sobre sua normatização. 
 
KONZEN, Afonso Armando. Conselho Tutelar, escola e família: parcerias em defesa do direito à educação. 
Porto Alegre, 2000. Disponível em http://www.mp.rs.gov.br/infancia/doutrina/id194.htm. Acesso em 
23/12/2011. 
De acordo com o próprio autor, Procurador de Justiça do Rio Grande do Sul, o texto analisa os papéis do 
Conselho Tutelar, da Escola e da Família com a educação escolar da criança e do adolescente. Traz à 
discussão a ruptura orgânica e cultural introduzida pelo Estatuto, realça a função do Município e reflete 
sobre algumas das dificuldades técnico-jurídicas derivadas da concepção, da organização e do 
funcionamento do Conselho Tutelar. Por fim, sinaliza para o exercício compartilhado, por todos os 
segmentos diretamente envolvidos, da educação escolar da criança e do adolescente. 
 
LENZA,Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12 Ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 
Esta obra tem enfoque nas perspectivas do neoconstitucionalismo e nas principais decisões do Supremo 
Tribunal Federal. 
 
MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente: 
Aspectos Teóricos e Práticos. 4 Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. 
Elaborado por Promotores e Procuradores de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, todos com vivência na 
área da infância e da juventude, o Curso não constitui apenas manual prático, posto que realiza estudos 
 
19 
 
dogmáticos, revelando a formação acadêmica de vários dos autores, o que lhe confere também viés 
didático. A coordenação dos trabalhos teve o cuidado de preservar os entendimentos individuais, sem 
prejuízo da harmonia do conjunto. Nessa percepção, o Curso, após contextualizar o nascimento do Estatuto 
da Criança e do Adolescente, examina a doutrina da proteção integral e seus princípios orientadores, 
dedicando capítulo especial aos direitos fundamentais da criança e do adolescente. Segue-se análise 
minuciosa das disposições estatutárias, que não perde de vista o papel essencial dessas normas: o de 
mediadoras das relações entre a criança, o adolescente e a sociedade em que vivem atentas à sua condição 
especial de pessoa em desenvolvimento. O estudo levado a efeito tem natureza interdisciplinar, incluindo 
temas muitas vezes preteridos, como a rede e a política de atendimento, as infrações administrativas e as 
medidas judiciais e extrajudiciais que dão efetividade ao Estatuto. Examinam-se o ato infracional e os 
crimes em espécie. 
 
PAULA, Paulo Affonso Garrido de. Educação. Direito e Cidadania. In: Cadernos de direito da criança e do 
adolescente. Vol. I. São Paulo: Malheiros, 1995. 
Esta coleção traz diversos artigos cuja temática da infância e da juventude é abordada por vários autores 
especialistas na matéria, como Luiz Carlos de Barros Figueiredo, Wilson Donizeti Liberati, Paulo Afonso 
Garrido de Paula. Traz, ainda, jurisprudência especializada sobre a matéria. 
 
PEREIRA, Sandra Eni; SUDBRACK, M. Fátima. A formação dos grupos na adolescência: A escola que exclui. 
In: Cadernos de Resumos. XIII Colóquio Internacional de Psicossociologia e Sociologia Clínica. Belo 
Horizonte, 2009. p. 259 e 260. 
Este artigo é o resultado das pesquisas de doutorado realizadas pela primeira autora, com a orientação da 
segunda. O objetivo foi buscar compreender o processo de construção das relações do adolescente nos seus 
espaços de socialização e as implicações deste nos riscos de envolvimento com o contexto do tráfico de 
drogas e da violência. 
 
SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. 
Brasília: Conanda, 2006. 
Em comemoração aos 16 anos da edição do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Secretaria Especial dos 
Direitos Humanos da Presidência da República e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente apresentaram o “Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE”, fruto de uma 
construção coletiva que envolveu diversas áreas de governo, representantes de entidades e especialistas na 
área. O resultado desses estudos foi publicado em 2006 e serve de parâmetro para todos os estudos que 
envolvam as temáticas do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
 
20 
 
TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Uma relação delicada: a escola e o adolescente. São Paulo, 2008. 
Disponível em http://www.promenino.org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/ConteudoId/88cc0cd9-
2ae1-42a2-bc8f-31b2f9f1f6d9/Default.aspx. Acesso em 23 de dezembro de 2011. 
Estudando a tendência mundial à universalização da escolarização, a autora se deparou com os inúmeros 
desafios éticos, políticos, técnicos e de orçamento a serem pensados por todos os setores da sociedade. 
Conclui, então, que esses desafios se revelam nas escolas dos bairros pobres na falta de pessoal para 
atender os alunos, na superlotação das salas, na falta de espaço físico adequado, no número excessivo de 
períodos escolares, na diversidade de níveis de ensino, na ausência de integração com a comunidade, na 
questão salarial dos professores. Em síntese, com este artigo, a autora busca entender e superar o desafio 
da precariedade da qualidade do ensino que é oferecido a todos os adolescentes, educandos do sistema 
público de ensino. 
 
ZANELLA, Maria Nilvane. Adolescente em conflito com a lei e escola: uma relação possível? In: Revista 
Brasileira Adolescência e Conflitualidade n.º 03. São Paulo: Uniban, 20140. 
Este artigo trata dos desafios e contradições que envolvem a inclusão escolar dos adolescentes, focalizando 
especialmente aqueles que estão em situação de conflito com a lei, cuja trajetória escolar tem sido a de 
abandono, evasão ou desinteresse pela escola. Veremos ainda algumas tentativas de resposta institucional 
diante das dificuldades do processo de escolarização desses adolescentes em diferentes momentos do 
cumprimento da medida socioeducativa. 
 
	CAPA FINAL AREA JURIDICA XXX
	Página 1
	ASSESSORIA AREA JURIDICA alt1 xxx
	Página 1
	30 - AREA JURIDICA alt1 xxx

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