Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 1: Direitos humanos da criança e do adolescente e Direito Internacional Infantojuvenil Apresentação Você sabia que o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) representa o marco da consolidação do Direito Infantojuvenil no Brasil, em um processo iniciado com a Constituição Federal? E que o Direito Internacional teve um papel de destaque, principalmente por meio dos Tratados de Direitos Humanos que versam direitos relativos a crianças e adolescentes? Nesta aula, iremos discorrer sobre esse tema que tanto mexe com os ânimos, lida com preconceitos, envolve sentimentos que variam da pena ao ódio, fazendo surgir diversas questões que envolvem preconceito e discriminação em relação a este grupo especial que ainda está em desenvolvimento. Objetivos • Identificar as diversas legislações internacionais, entre Declarações e Convenções que reconhecem a criança como objeto de proteção ou sujeito de direito, assim como todos os demais seres humanos; • Compreender a atual posição da comunidade internacional sobre os direitos humanos de crianças e adolescentes. Direitos humanos de crianças e adolescentes Em face da condição de pessoas em desenvolvimento, ou seja, de seres que estão em processo de formação física e psicológica, crianças e adolescentes devem receber um tratamento diferenciado. Iniciaremos nossa aula com um breve histórico evolutivo dos direitos das crianças e adolescentes. • 1899 - 1905 No âmbito internacional, a primeira referência que se tem acerca da proteção dos direitos humanos da criança e do adolescente é a Juvenile Court Art de Illinois, criada em 1899, sendo considerada o primeiro Tribunal de Menores nos Estados Unidos, expandindo-se para a Europa somente a partir de 1905, quando grande parte dos Estados criaram Tribunais de Menores (SPOSATO, 2006). • 1919 Em 1919, finda a Primeira Guerra Mundial, foi criado o Comitê de Proteção da Infância, pela liga das Nações, diante dos horrores vivenciados e da percepção de que a criança é um ser especial diante de sua vulnerabilidade, a qual, portanto, merece atenção e proteção especiais. A partir do século XX, houve uma adesão mais ampla da comunidade internacional em prol dos direitos humanos, o que acabou repercutindo nas declarações e convenções internacionais firmadas. • 1924 - 1948 Posteriormente, em 1924, a Declaração de Genebra reconheceu a criança e o adolescente como seres detentores de proteção especial ao determinar que há a “necessidade de proporcionar à criança uma proteção especial”. Da mesma forma ocorreu na Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, firmada em 1948, que também defendia o “direito e assistência especiais” à criança. • 1959 Em 1959, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, passando a reconhecê-la como sujeito detentor de direitos e não mais apenas como objeto de proteção. • 1969 Por sua vez, a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, 1969) elencou, no artigo 19, que “toda criança tem direito às medidas de proteção que sua condição de menor requer, por parte da família, da sociedade e do Estado”. Dessa forma, percebemos que o dever de proteger e resguardar a criança e o adolescente não é uma função apenas do Estado, mas também da família com quem eles convivem, bem como da própria sociedade que os integra. Mais recentemente, a comunidade mundial criou novas bases para a formulação de um ordenamento jurídico que possa ser adotado por todos os países, independentemente das condições socioeconômicas destes, cuja característica fundamental é “a nobreza e a dignidade do ser humano criança”. Tais estruturas normativas foram fruto do esforço conjunto de diversos estudiosos e comunidades empenhadas na defesa e promoção da criança e do adolescente, que participaram das Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude. São elas: Regras de Beijing Resolução 40/33 da Assembleia Geral, de novembro de 1985. Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil – Diretrizes de Riad Assembleia da ONU, de novembro de 1990. Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade Assembleia Geral da ONU, de novembro de 1990. A proteção integral garantida ao público infantojuvenil surge a partir da Convenção sobre o Direito da Criança, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989, também conhecida como Convenção de Nova York. Esse momento foi tão importante que teve o maior número de ratificações e adesões mais rápidas da história, pois protege todas as crianças do planeta e não apenas grupos determinados. Nesse contexto, a comunidade internacional reconheceu que as crianças necessitam de atenção especial que as preserve das consequências danosas decorrentes de situações que podem colocá-las em risco. No tópico seguinte, serão abordados documentos internacionais relevantes, estabelecendo a relação direta entre eles e a defesa dos interesses de crianças e adolescentes. Declaração de Genebra – Carta da Liga sobre a criança A Declaração de Genebra, ou Carta da Liga sobre a Criança, de 1924, é considerada o primeiro documento voltado à proteção da criança de forma ampla e genérica, pois não se limita a apenas um enfoque na defesa dos direitos humanos da criança, mas engloba a proteção à infância de maneira integral. Ela incorporou os princípios dos direitos da criança, incentivando os Estados a criarem meios que efetivamente garantissem a proteção desse grupo especial. (Fonte: Nowik Sylwia / Shutterstock) Acerca da Declaração de Genebra, descreve Eglantine (apud DOLINGER, 2003, p. 82) cinco princípios basilares do documento, os quais devem ser seguidos tendo em vista a necessidade de se resguardar a criança como sujeito de direito: 1 A criança deve receber os meios necessários para seu desenvolvimento normal, tanto material, como espiritual. 2 A criança que estiver com fome deve ser alimentada; a criança que estiver doente precisa ser ajudada; a criança atrasada precisa ser ajudada; a criança delinquente precisa ser recuperada; o órfão e o abandonado precisam ser protegidos e socorridos. 3 A criança deverá ser a primeira a receber socorro em tempos de dificuldade. 4 A criança precisa ter possibilidade de ganhar seu sustento e deve ser protegida de toda forma de exploração. 5 A criança deverá ser educada com a consciência de que seus talentos devem ser dedicados ao serviço de seus semelhantes. Muito embora seja voltada para a garantia da proteção da criança e do adolescente, percebemos que a Declaração de Genebra foi um avanço para a época. No que diz respeito ao reconhecimento da vulnerabilidade da criança, a Declaração não as tratava como autênticos sujeitos de direitos e sim como objetos de proteção, como pode ser observado pelo emprego das palavras “a criança deve receber”, “deve ser alimentada”, “deve ser ajudada”, “deve ser educada”, diferentemente da Declaração de 1959, segundo a qual a criança tem direito a um nome, como veremos a seguir. Declaração dos Direitos da Criança Após a Segunda Guerra Mundial, diversos movimentos voltados a resguardar as crianças e adolescentes da devastação decorrente das guerras surgiram, a exemplo do Instituto Interamericano da Criança e da UNICEF (United Nations International Child Emergency Fund). Porém, foi em 1959 que se conseguiu mais abrangência aos direitos da infância, sendo firmada a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a qual passa a tratar a criança como sujeito de direito e não mais como mero objeto de proteção. A Declaração, além de conceder uma nova percepção da criança, agora sujeito de direitos, ressalta também a necessidade dapromoção do respeito aos direitos dela, sua sobrevivência, desenvolvimento e participação no combate à exploração e ao abuso. Princípios da Declaração dos Direitos da Criança Clique no botão acima. http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1 Atividade 1. Observando a imagem a seguir, discorra sobre a violação dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente e a importância da proteção integral. Gabarito Comentado Regras de Pequim ou Regras de Beijing, Diretrizes de RIAD e Regras de Tóquio As Regras de Beijing, as Regras de Riad e as Regras de Tóquio, ao contrário das demais Convenções, voltam-se à criminalidade juvenil, como veremos a seguir. Clique nos botões para ver as informações. Regras de Beijing http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#collapse01-01 Diretrizes de Riad Regras de Tóquio Como se pode perceber, as Regras de Beijing, as Diretrizes de Riad e as Regras de Tóquio compõem a Doutrina das Nações Unidas para a Proteção Integral à Infância, pois estas Regras constituíram os primeiros pilares do Sistema de Justiça da Infância e da Juventude pautado na especialidade e na garantia de direitos. Ainda falando em proteção dos direitos humanos das crianças, deve-se mencionar a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1989, abordada no tópico seguinte. Atividade 2. No plano internacional, as Regras Mínimas para a Administração da Justiça, da Infância e da Juventude referem-se a qual instrumento jurídico? a) Regras de Riad. b) Regras de Beijing. c) Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança de 1989. d) Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959. e) Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Gabarito Comentado Convenção sobre os direitos da criança de 1989 Adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1989, e vigente desde 1990, este tratado internacional de proteção dos direitos humanos possui apenas 54 artigos e se destaca dos anteriores pelo fato de ter sido ratificado por todos os países-membros, com exceção dos Estados Unidos, da Somália e do Sudão do Sul. Os direitos previstos na Convenção sobre os Direitos as Criança incluem: 1 Direito à vida e à proteção contra a pena capital. http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#collapse01-02 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#collapse01-03 2 Direito a ter uma nacionalidade. 3 Direito à proteção ante a separação dos pais. 4 Direito de deixar qualquer país e de entrar em seu próprio país. 5 Direito de entrar em qualquer Estado e sair dele, para fins de reunião familiar. 6 Direito à proteção para não ser levada ilicitamente ao exterior. 7 Direito à proteção de seus interesses no caso de adoção. 8 Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. 9 Direito de acesso a serviços de saúde, devendo o Estado reduzir a mortalidade infantil e abolir práticas tradicionais prejudiciais à saúde. 10 Direito a um nível adequado de vida e segurança social. 11 Direito à educação, devendo os Estados oferecer educação primária compulsória e gratuita. 12 Direito à proteção contra a exploração econômica, com fixação de idade mínima para admissão em emprego. 13 Direito à proteção contra o envolvimento na produção, tráfico e uso de drogas e substâncias psicotrópicas. 14 Direito à proteção contra a exploração e o abuso sexual. Nos termos do Art. 1 dessa Convenção, a criança é definida como: "Todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável, a maioridade seja alcançada antes." - Convenção sobre os direitos da criança. Esse importante tratado recepciona, portanto, a concepção do desenvolvimento integral da criança, reconhecendo assim sua absoluta prioridade e necessidade de proteção integral. A Convenção sobre os Direitos da Criança foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990, ou seja, depois da vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente. Complementando e fortalecendo o rol de medidas protetivas à criança e ao adolescente, as Nações Unidas adotou dois Protocolos Facultativos à Convenção sobre os Direitos da Criança, por meio da Resolução A/RES/54/263 da javascript:void(0); Assembleia Geral: o Protocolo Facultativo sobre Venda de Crianças, Prostituição Infantil e Pornografia Infantil, passando a vigorar em 18.01.2002, sendo aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro, por meio do Decreto Legislativo nº 230/2003, e promulgado pelo Decreto nº 5.007/2004; e o Protocolo Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados, o qual passou a vigorar em 12.02.2002. Aula 2: Estatuto da Criança e do Adolescente: disposições preliminares Apresentação Iniciaremos os estudos sobre o tratamento jurídico conferido à criança e ao adolescente ao longo do tempo no cenário nacional. Trataremos, ainda, da doutrina da proteção integral, esclarecendo os principais pontos desta. Compreenderemos a utilização inicial do termo menor, a partir do primeiro Código de Menores, bem como a evolução dessa designação até ser empregada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Definiremos criança e adolescente, e demonstraremos como estes são sujeitos de direitos fundamentais. Finalizando, conheceremos a importância do critério de interpretação do ECA. Objetivos • Descrever a evolução do tratamento jurídico conferido à criança e ao adolescente; • Explicar a doutrina da proteção integral; • Esclarecer a utilização da designação “menor”, a definição de criança e adolescente e o critério de interpretação do ECA. Disposições preliminares Fonte: //www.engemed.med.br/ javascript:void(0); Ao longo da história jurídica, nem sempre as crianças e os adolescentes receberam um tratamento diferenciado por serem pessoas em pleno desenvolvimento. No Brasil, já houve um tempo em que a condição de seres em processo de formação física e psicológica não conferia a crianças e adolescentes a titularidade de direitos humanos, diferentemente do que acontece hoje. Como se deu, portanto, a evolução do tratamento jurídico conferido à criança e ao adolescente? Como ambos se tornaram sujeitos de direitos fundamentais? Veremos isso a seguir. Acompanhe. Evolução do tratamento jurídico conferido à criança e ao adolescente como sujeitos de direitos fundamentais A criança nem sempre foi vista e respeitada, no Brasil, como um ser detentor de direitos especiais e específicos, pela condição de pessoa em desenvolvimento. Ela era vista, podemos dizer, como um mini-adulto, sem proteção especial. Na sociedade contemporânea, as crianças ganharam mais espaço. A evolução do tratamento da criança e do adolescente, pelo mundo jurídico, pode ser resumida em quatro fases, como bem ressalta Garrido de Paula: “Fase da absoluta indiferença, em que não existiam normas relacionadas a essas pessoas;” “Fase da mera imputação criminal, em que as leis tinham o único propósito de coibir a prática de ilícitos por aquelas pessoas (Ordenações Afonsinas e Filipinas, Código Criminal do Império de 1830, Código Penal de 1890);” “Fase tutelar, conferindo-se ao mundo adulto poderes para promover a integração sócio familiar da criança, com tutela reflexa de seus interesses pessoais (Código Mello Mattos, de 1927 e Código de Menores, de 1979);” “Fase da proteção integral, em que as leis reconhecem direitos e garantias às crianças, considerando-as como uma pessoa em desenvolvimento (Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069/1990).” (GARRIDODE PAULA, 2002, p. 26) No cenário nacional foi longa a jornada em busca de uma proteção integral à criança. No Brasil colonial não havia qualquer proteção especial para a criança, a qual não era percebida como sujeito de direito. Nesse sentido, assevera Alberton (2005, p. 25) que: “as crianças, eram chamadas de ‘grumetes’, tinham expectativa de vida muito baixa, até por volta dos 14 anos; (...) as crianças eram consideradas um pouco mais do que animais, e por isso usavam sua força de trabalho que acreditavam ser necessário.” Em 1927, no Brasil, foi publicado o primeiro Código de Menores sendo direcionado às crianças expostas e às crianças abandonadas. O documento tratava não apenas da culpabilidade e da responsabilidade, mas também declarava como menor aquelas crianças e adolescentes identificadas como sujeitos em situação de vulnerabilidade e infração. Essa designação estava em consonância com o desenvolvimento intelectual, identificando que menores seriam aqueles com idade inferior a 18 anos. Na época, a responsabilidade sobre os menores ainda era inerente ao Estado, competindo a este estabelecer medidas repressivas e formas de se evitar a delinquência. Outro destaque inerente ao Código de Menores é que a punição perdeu a natureza punitiva passando a ser percebida como de natureza pedagógica, havendo a mudança da sanção-castigo para sanção-educação. Pela primeira vez se identificava o caráter assistencial voltado às crianças e aos adolescentes brasileiros; porém, a doutrina adotada ainda era a doutrina da Situação Irregular, resultado do Código Civil de 1916, conhecido como normatização voltada aos direitos dos maiores, de modo que as crianças e adolescentes não eram, portanto, percebidos como sujeitos de direitos. compare_ arrows Posteriormente, a Constituição de 1934 trouxe em seu texto questões pertinentes à criança e ao adolescente impedindo, por exemplo, o trabalho noturno realizado por menores de 16 anos de idade. A Constituição de 1937 trouxe em seu texto uma amplitude acerca da proteção da criança referindo que a infância e a juventude são objetos de cuidado e garantias especiais por parte do Estado e dos municípios, devendo ser garantido a elas o acesso ao ensino público e gratuito. “Art. 127. A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por parte do Estado que tomara todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições físicas e morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das suas faculdades. O abandono moral e intelectual ou físico da infância e da juventude importará falta grave dos responsáveis por sua guarda e educação, e cria ao Estado o dever de provê-las do conforto e dos cuidados indispensáveis à preservação física e moral. Aos pais miseráveis assiste o direito de invocar o auxílio e proteção do Estado para a subsistência e educação da sua prole.” (BRASIL, 1937) • Em 1979 Foi publicado o novo Código de Menores (Lei nº 6.697/79), substituindo o código anterior, mas mantendo a natureza repressiva e assistencialista, fazendo menção ao menor em situação irregular, ou seja, os menores de 18 anos de idade que tivessem cometido alguma conduta infracional, ou que tivessem sofrido maus-tratos, ou que estivessem abandonados. Ao Juiz de Menores era concedido o poder de decidir o destino das crianças, permitindo tratamentos discricionários e julgamentos baseados na situação irregular. • Na década de 1980 que se deu mais ênfase à preocupação com a proteção de crianças e adolescentes. O texto constitucional de 1988 trouxe uma gama de garantias dos direitos desse grupo especial, atribuindo não apenas ao Estado, mas também à família e à sociedade a responsabilidade de assegurar a efetividade de tais direitos. Foi com a Constituição de 1988 que se adotou a proteção integral da criança, “a população infanto-juvenil deixa de ser tutoria/discriminatória para tornar-se sujeito de direitos” (BRUÑOL, 2001, p. 39). “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” (BRASIL, 1988) A mudança ocorrida no tratamento da criança e do adolescente a partir da Constituição de 1988, adotando a teoria da proteção integral, possibilitou o surgimento de um tratamento jurídico específico para esse grupo especial: o ECA, Lei nº 8.069/1990, pautado no disposto no inciso XV, do art. 24, da Constituição Federal de 1988, e inspirado nas normas internacionais de direitos humanos, tais como a Declaração Universal de Direitos Humanos, a Declaração Universal dos Direitos da Criança e a Convenção sobre os Direitos da Criança. O ECA surge com uma nova proposta de proteção e efetividade dos direitos das crianças e dos adolescentes impondo mudanças nas políticas públicas voltadas ao tratamento destes, percebidos, então, como sujeitos de direitos. Doutrina da Proteção Integral da criança e do adolescente O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão brasileiro que nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as exigências físicas até o aprimoramento moral e espiritual. Nesse contexto moderno, com visão mais humana e amparada por um conjunto de princípios e regras que regem diversos aspectos da vida, desde o nascimento até a maioridade, a Lei nº 8.069/1990, estabelece a necessidade de proteção integral registrando em seu artigo 1º que “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”; abandonando, por conseguinte, a Doutrina da Situação Irregular para adotar a Doutrina da Proteção Integral. Fonte: Por ProStockStudio / Shutterstock. Por proteção integral, entende-se o conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à tutela da criança e do adolescente, tendo ligação com o princípio do melhor interesse infanto-juvenil, considerando que a criança e o adolescente são sujeitos de direitos em relação à família, ao Estado e à sociedade. A Doutrina da Proteção Integral pondera, ainda, que a criança e o adolescente são pessoas que estão em desenvolvimento físico, o que lhes torna especiais frente aos adultos no sentido de necessitarem de estruturações especiais e diversas para atendê-los. O ECA deve ser interpretado e aplicado com foco nos fins sociais a que se destina, uma vez que, na verdade, em situação irregular estão as famílias, que carecem de infraestrutura e que abandonam as crianças. Os pais descumprem os deveres do poder familiar; o Estado não cumpre as políticas sociais básicas. Fonte: Por gst / Shutterstock. Dessa forma, o ECA está voltado para o desenvolvimento da população infanto- juvenil do país, garantindo proteção especial a este segmento considerado como pessoas em desenvolvimento, não tendo a percepção apenas repressora e punitiva característica do Código de Menores – este, nitidamente de natureza judicial –, mas sim uma percepção pedagógica norteada de medidas socioeducativas e protetivas, buscando sempre a ressocialização da criança e do adolescente. Afirmando que apenas por meio da educação, do tratamento e da prevenção é que se terá uma redução da delinquência juvenil, diversos órgãos foram criados com a intenção de implementar o ECA e efetivar os direitos das crianças e adolescentes, como os Conselhos de Direitos, os Conselhos Tutelares, os Fundos da Criança, bem como a ação civil pública para a responsabilização de autoridades que, por ação ou omissão, descumprirem o estatuto. Atenção É relevante ressaltar, por fim, que o ECA rompe com a barreira da situação irregular resguardada noCódigo de Menores, pois os direitos assegurados não estão direcionados apenas àqueles que se encontram em situação irregular, mas sim a toda e qualquer criança, todo e qualquer adolescente, independentemente da situação em que se encontre, pois todos são sujeitos de direitos Menor, criança e adolescente Na concepção técnica jurídica, a expressão “menor” designa aquela pessoa que não atingiu ainda a maioridade, ou seja, os 18 anos de idade, não lhe sendo atribuída a imputabilidade penal, nos termos do art. 104 do ECA e do art. 27 do Código Penal. Fonte: Por Tasty_Cat / Shutterstock. Por outro lado, a palavra menor utilizada pelo Código de Menores, era sinônimo de pessoa carente, abandonada, delinquente, infratora, pivete, ou seja, a pessoa estigmatizada como sendo um indivíduo em situação irregular. Isso estava em conformidade com a doutrina da época, a Doutrina da Situação Irregular, a qual acabou por provocar o preconceito e a marginalização, gerando até mesmo traumas nos sujeitos. Voltado para a proteção integral dos infantes e dos jovens respeitando as peculiaridades de seu desenvolvimento e condições de amadurecimento, o legislador considerou ser mais adequado substituir o termo menor cuja conotação era pejorativa para a criança e o adolescente. O ECA tem como objetivo distinguir o atendimento socioeducativo, pela definição dos conceitos de criança e adolescente, fundado no aspecto da idade, não levando em consideração sua condição social ou econômica, ponderando apenas o processo de desenvolvimento físico e intelectual em que estão tais indivíduos. Dessa forma, conforme previsto no artigo 2º, criança é toda pessoa até doze anos de idade incompletos. Já adolescente é aquele que estiver entre os doze e os dezoito anos de idade. A distinção entre criança e adolescente tem importância em diversos aspectos, entre eles na aplicação de medidas socioeducativas quando da prática de um ato infracional, pois, para a criança, não será aplicada qualquer medida socioeducativa, mas de proteção. As medidas socioeducativas serão aplicadas somente aos adolescentes, conforme previsto pelo artigo 105 do ECA. Exemplo Outro exemplo que ressalta a importância da distinção entre crianças e adolescentes é a Lei nº 13.257/2016 que dispõe políticas públicas e estabelece princípios e diretrizes para a formulação e a implementação de políticas públicas para a primeira infância, ou seja, os primeiros 06 anos de vida. É relevante ressaltar que o ECA, no artigo 2º, em seu parágrafo único, permite que o atendimento aos adolescentes ultrapasse o limite dos 18 anos de idade em situações excepcionais. Isso ocorre em face da hipótese da maioridade civil, pois, à época da entrada em vigor do estatuto, estava vigente o antigo Código Civil, a Lei nº 3.071/1916. Com a chegada do novo Código Civil em 2002, a Lei nº 10.406/2002, foi alterada a maioridade civil, sendo esta reduzida para 18 anos de idade (CC, art. 5º, caput). É possível, dessa forma, o atendimento aos adolescentes que tenham mais de 18 anos de idade, por exemplo, a possibilidade de adoção de maior de 18 anos, nas hipóteses em que o adotando já se encontre sob os cuidados e a guarda dos adotantes, conforme previsto no artigo 40 do ECA, ou quando, por exemplo, é autorizada a aplicação e o cumprimento de medida socioeducativa de internação até os 21 anos de idade, conforme previsto no artigo 121, parágrafo 5º do mesmo estatuto. Atenção É importante destacar a Lei nº 13.431/2017, que estabeleceu o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Ela cria mecanismos para prevenir e coibir a violência e dispõe sobre a hipótese de aplicação excepcional de seus preceitos para as pessoas entre 18 e 21 anos: “Art. 3. Na aplicação e interpretação desta lei serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento, às quais o Estado, a família e a sociedade devem assegurar a fruição dos direitos fundamentais com absoluta prioridade.” “Parágrafo único. A aplicação desta lei é facultativa para as vítimas e testemunhas de violência entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos, conforme disposto no parágrafo único do art. 2º da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).” (BRASIL, 2017) Sendo assim, o jovem terá um tratamento diferenciado, como escuta e depoimento especiais, visando oferecer a ele um sistema que lhe proteja os direitos de maneira mais eficaz, mesmo que a apuração da violência ocorra depois de a vítima ou testemunha ter atingido a maioridade. Criança e adolescente como sujeitos de direitos fundamentais Os direitos fundamentais da criança e do adolescente estão previstos no ECA, a partir do artigo 7º, os quais, pela leitura do Livro, depreendemos que são os mesmos direitos de qualquer pessoa humana. No entanto, por se tratarem de pessoas em desenvolvimento, deverão ter oportunidades que potencializem o seu estado físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Conforme o disposto no artigo 3º do ECA, incluído pela Lei nº 13.257/2016: “Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se- lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.” “Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.” (BRASIL, 2016) Em consonância com o previsto no artigo descrito, podemos estabelecer três princípios básicos que norteiam a proteção dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, resguardando a situação de sujeitos de direito deles. São eles: A A criança e os adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais assegurados a toda pessoa humana; B Possuem direito à proteção integral; C A eles são garantidos todos os instrumentos necessários para assegurar seu desenvolvimento físico, mental, moral e espiritual, em condições de liberdade e dignidade. Adotando a Doutrina de Proteção Integral, que atribui a função de resguardar a criança e o adolescente não apenas ao Estado mas também à família e à própria sociedade, e seguindo a orientação do texto constitucional (art. 227, CF/1988), o ECA mantém tal diretriz de forma expressa estabelecendo que, primeiramente, a família e, supletivamente, o Estado e a sociedade têm o dever de assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos fundamentais. Deixa claro que não é suficiente que um órgão ou entidade se encarregue de tal função; é necessário que haja um esforço conjunto, uma atuação articulada entre família, Estado e sociedade: “Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execuçãodas políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.” (BRASIL, 1990) Atenção É importante ressaltar que o ECA destaca, em primeiro lugar, a participação da família como forma de resguardar a criança e o adolescente, pois se entende que antes de qualquer outro órgão, a família é responsável por todo o trabalho desenvolvido em benefício das crianças e dos adolescentes, pela proteção e segurança destes. No artigo 19 do ECA é enfatizado novamente o convívio não apenas com a família, mas com a comunidade, agora como direito; registrando expressamente que “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”. Nota-se, por conseguinte, a preocupação não apenas com relação ao jovem infrator, como ocorria nos códigos anteriores (Código de Menores), mas efetivamente com o ser humano criança e com o ser humano adolescente. Digiácomo e Digiácomo referem-se à garantia de prioridade prevista no parágrafo único do artigo 4º, que deverá ser promovida e fiscalizada pelo Ministério Público, do seguinte modo: “[...] o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente deve nortear a atuação de todos, em especial do Poder Público, para defesa/promoção dos direitos assegurados a crianças e adolescentes. A clareza do dispositivo em determinar que crianças e adolescentes não apenas recebam uma atenção e um tratamento prioritários por parte da família, sociedade e, acima de tudo, do Poder Público, mas que esta prioridade seja absoluta (ou seja, antes e acima de qualquer outra), somada à regra básica de hermenêutica, segundo a qual “a lei não contém palavras inúteis”, não dá margem para qualquer dúvida acerca da área que deve ser atendida em primeiríssimo lugar pelas políticas públicas e ações de governo. O dispositivo, portanto, estabelece um verdadeiro comando normativo dirigido em especial ao administrador público, que em suas metas e ações não tem alternativa outra além de priorizar – e de forma absoluta – a área infanto-juvenil, como vem sendo reconhecido de forma reiterada por nossos Tribunais (exemplos dessa jurisprudência se encontram compilados ao longo da presente obra).” (DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2017) A destinação privilegiada dos recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude está assegurada no próprio ECA por meio dos artigos 59, 87, 88 e artigo 261, parágrafo único. Voltado à proteção da criança e do adolescente, o ECA estabelece ainda, em seu artigo 5º, que é dever de todos a função de velar por direitos das crianças e adolescentes, impedindo que sejam submetidos a negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão: “Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.” (BRASIL, 1990) Tal previsão não faz diferenciação diante da ação ou da omissão. Não é relevante de que forma a conduta ocorreu, de modo que, em ambas as situações, o indivíduo deverá ser punido, pois o objetivo primordial é resguardar os direitos fundamentais da criança e do adolescente afirmando o princípio da proteção integral destes, bem como o princípio da prioridade absoluta. Como já foi dito anteriormente, as crianças e os adolescentes possuem os mesmos direitos fundamentais que qualquer outra pessoa, ou seja, possuem direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer, à liberdade, entre outros, ressalvado o fato de serem pessoas em desenvolvimento. Ciente de tal situação especial, o ECA registra, no artigo 15, um tópico destinado ao direito à liberdade e ao respeito, a saber: “A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis” (BRASIL, 1990). Como se observa, o ECA enfatiza novamente que se está tratando não de objetos de proteção, mas de sujeitos de direitos e, como tal, devem ser tratados e respeitados, ressaltando o princípio da dignidade humana previsto pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e consagrado universalmente. Como bem ressalta o artigo transcrito anteriormente, à criança e ao adolescente são destinados não apenas os direitos humanos fundamentais, mas também os direitos civis e sociais, de tal forma que a violação de tais direitos repercutirá em sanções legais, para mera exemplificação. Vejamos a decisão acerca do abandono paterno: “INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS. RELAÇÃO PATERNO-FILIAL. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE. A dor sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito à convivência, ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no princípio da dignidade da pessoa humana.” (TA/MG. 7ª C. Civ. Ap. Civ. n° 408.550-5. Rel. Juiz Unias Silva. J. em 01/04/2004) A relação de paternidade não é apenas um direito do pai, mas da criança e do adolescente, devendo-lhes ser, portanto, assegurado. O descumprimento de tal direito importará a possibilidade de ação judicial e a respectiva indenização, ainda que não se tenha por interesse tornar patrimonial o sentimento, a relação entre pai e filho. O que se pretende em si é aplicar uma sanção ao descumprimento do direito inerente à criança e ao adolescente. Critério de interpretação do estatuto Quando se fala em Estatuto da Criança e do Adolescente, em hipótese alguma poderá a interpretação da norma ocorrer de modo a prejudicar a criança ou o adolescente – e não poderia ser diferente, uma vez que são os destinatários da Doutrina de Proteção Integral adotada pela legislação específica. O ECA, em seu artigo 6º, inspirado no artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (BRASIL, 1942), estabelece que a lei deverá ser interpretada considerando-se “os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento” (BRASIL, 1990). Nesse sentido, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal: “ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – INTERPRETAÇÃO. O Estatuto da Criança e do Adolescente há de ser interpretado dando-se ênfase ao objetivo visado, ou seja, a proteção e a integração do menor no convívio familiar e comunitário, preservando-se-lhe, tanto quanto possível, a liberdade. Estatuto da Criança e do Adolescente – segregação. O ato de segregação, projetando- se no tempo medida de internação do menor, surge excepcional, somente se fazendo alicerçado uma vez atendidos os requisitos do artigo 121 da Lei nº 8.069/90.” (STF. 1ª T. HC nº 88945/SP. Rel. Min. Marco Aurélio Melo. J. em 04/03/2008). Dessa forma, podemos afirmar que, ao interpretar o ECA, sempre será priorizado o fim social ligado à proteção integral da criança e do adolescente, sobrepondo-se a qualquer outro bem ou interesse judicialmente tutelado, levando em conta a destinação social da lei e a condição de pessoas em desenvolvimento. Saiba mais Negligência deriva do latim negligentia e significa desatenção, desleixo. É um ato omissivo, por exemplo, a falta de cuidados pelo responsável legal. Discriminação é a segregação, a diferenciação, seja por motivos relacionados a etnia, religião, gênero, orientação sexual, nacionalidade etc., por exemplo, quando não se quer proximidade com criança ou adolescente em razão da cor deles. Exploração é a forma de extrairde modo irregular algum proveito da conduta da criança ou do adolescente, como ocorre, por exemplo, com os denominados “pais de rua”, os quais colocam os filhos para pedir esmolas nos semáforos. Violência, crueldade e opressão são condutas coercitivas contra o adolescente, causando-lhe dor e sofrimento. Cabe dano moral para criança de 3 anos? A Ministra Nancy Andrighi do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Recurso Especial de nº 107.775-9, em 23 de fevereiro de 2010, citando o art. 3º do ECA, reconheceu que as crianças e os adolescentes possuem o mesmo direito que a pessoa humana adulta, e assim fixou uma indenização no valor de R$ 4.000,00 a uma criança de três anos em razão de deficiência na prestação do serviço médico e recusa na feitura do exame radiológico (Resp. 103.775-9, j. 23-2-2010). Atenção Nas comunidades indígenas, não é comum a utilização da expressão adolescente. Em relação às crianças e adolescentes indígenas, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança baixou, em 2003, a Resolução 91, regulamentando a aplicação do ECA para eles, devendo ser observadas as peculiaridades socioculturais das comunidades indígenas, em consonância com o art. 231 da CF (BRASIL, 1988). Ocorre que o índio, ao passar pela puberdade e pelo seu respectivo “ritual de passagem”, deixa de ser criança e é considerado um adulto. O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão brasileiro que nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as exigências físicas até o aprimoramento moral e religioso. compare_ arrows O ECA adota, por conseguinte, a teoria de Proteção Integral, definindo que a função de resguardar a criança e o adolescente não é apenas uma função do Estado, mas também da família e da própria sociedade. Seguindo a orientação constitucional, o estatuto mantém a mesma diretriz de forma expressa estabelecendo que, primeiramente, a família e, supletivamente, o Estado e a sociedade têm o dever de assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos fundamentais. Deixa claro que não é suficiente que um órgão ou entidade se encarregue de tal função, é necessário que haja um esforço conjunto, uma atuação articulada entre família, Estado e sociedade. Atividade 1. O artigo 4º da Lei Federal nº 8.069/90, ECA, estabelece que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária e, em seu parágrafo único, esclarece que a garantia de prioridade compreende, além de outras, a: a) Primazia na destinação de recursos voltados à proteção e ao socorro nas instituições públicas. b) Primazia na destinação de recursos para atendimento emergencial exclusivamente no sistema público de saúde. c) Primazia na formulação e na execução das políticas públicas voltadas ao esporte. d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. e) Destinação privilegiada de recursos materiais e financeiros voltados ao atendimento em instituições particulares especializadas. Gabarito comentado 2. O ECA, em vigor no Brasil a partir da Lei nº 8.069, desde 1990, dispõe sobre a atenção integral à criança e ao adolescente. De acordo com tal estatuto, assinale a alternativa correta: a) É considerada adolescente a pessoa entre 14 e 18 anos. b) É considerada adolescente a pessoa a partir dos 15 anos de idade completos. c) É considerada criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos. d) É considerada adolescente a pessoa a partir dos 13 anos. e) É considerada criança a pessoa até 12 anos completos. Gabarito comentado 3. Assinale V (Verdadeiro) ou F (Falso) para as assertivas a seguir: a) O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão brasileiro que nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as exigências físicas até o aprimoramento moral e espiritual. VerdadeiroFalso b) Devemos entender por proteção integral o conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à tutela da criança e do adolescente, não tendo ligação com o princípio do melhor interesse infanto-juvenil. VerdadeiroFalso c) Criança é aquela pessoa com 12 anos incompletos; adolescente, dos 12 anos completos aos 18 anos incompletos. VerdadeiroFalso d) O ECA está voltado para o desenvolvimento da população infanto-juvenil do país, garantindo proteção especial a este segmento considerado composto por pessoas em desenvolvimento. VerdadeiroFalso Gabarito comentado 4. Julgue certo ou errado o item subsecutivo acerca do ECA. “O poder público, a família, a sociedade e a comunidade devem garantir a efetivação dos direitos da criança e do adolescente”. Aula 3: Dos direitos fundamentais da criança e do adolescente Apresentação Iniciaremos os estudos sobre os direitos fundamentais da criança e do adolescente, como o direito à vida e à saúde, o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, o direito à convivência familiar e à comunitária, o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, o direito à profissionalização e à proteção no trabalho, compreendendo que tais indivíduos em formação são sujeitos de direitos básicos. A condição de pessoas em desenvolvimento desse grupo especial o torna detentor de oportunidades e faculdades que potencializam seu estado físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Objetivos • Descrever os direitos fundamentais da criança e do adolescente; • Reconhecer que a criança e o adolescente são sujeitos de direitos fundamentais; • Demonstrar que a criança e o adolescente são detentores de oportunidades e faculdades que potencializam o estado físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente Já sabemos que as crianças e os adolescentes foram reconhecidos, pela Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, como sujeitos de direitos humanos fundamentais e, consequentemente, passaram a receber um tratamento jurídico diferenciado. Mas quais são os direitos devidos a esse grupo especial de seres em desenvolvimento? Eles são os mesmos direitos de qualquer pessoa humana, a começar pelo direito à vida, pois, sem ela, todos os outros direitos não fazem sentido. Discutiremos, a seguir, os direitos fundamentais a que crianças e adolescentes fazem jus, esclarecendo os principais pontos de cada um deles. Acompanhe. (Fonte: howcolour / Shutterstock) Dos direitos fundamentais Recepcionando a Doutrina da Proteção Integral, a Constituição da República Federativa do Brasil (CF), promulgada em 5 de outubro de 1988, passou a atribuir uma gama de garantias e direitos à criança e ao adolescente, corroborando a teoria de que são sujeitos de direitos. O artigo 227 faz referência expressa aos direitos considerados fundamentais, os quais, portanto, não podem ser suprimidos ou desconsiderados por qualquer indivíduo ou pelo Poder Público: "Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão." - Brasil, 2008-B. Os direitos descritos no artigo 227 da CF são de caráter prestacional, ou seja, os pais ou responsáveis, a sociedade e o Poder Público têm o dever de prestá-los. Eles foram recepcionados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de tal forma que: Do art. 7º ao art. 14º Estão previstos o direito à vida e à saúde. Do art. 15º ao art. 18º Estão previstos os direitos relacionados à liberdade, ao respeito e à dignidade humana. Do art. 19º ao art. 52º Estão previstos os direitos relativos ao direito à convivência familiar e comunitária. Artigo 59º Estão previstos os pontos relativo à cultura, ao esporte e ao lazer. Do art. 60º ao art. 69º Estão previstos os direitos relativos à profissionalização e ao trabalho. Direito à vida e à saúde Dentre os direitos fundamentais protegidos e assegurados pela lei, o direito à vida destaca-se pela importância, pois não seria possível tratar de qualquer outro tipo de tutela de direitos ou princípios e regras sem a existência da vida humana. Com ele, desponta o direito à saúde, pois não há sentido em defender o direito à vida sem que haja saúde. Para tanto, o referido artigo obriga o Poder Público, nas esferas federal, estadual e municipal, a reservar parte do orçamento à aplicação de ações com vistas ao atendimento do bem coletivo. (Fonte: yavyav / Shutterstock) (Fonte: Serhii Bobyk / Shutterstock) As medidas protetivas não se destinam apenas às crianças e aos adolescentes, mas também àquele que ainda vai nascer, passando, por conseguinte, pelo cuidado com a gestante e o atendimento hospitalar. Desse modo, a redação das Leis nº 13.257/2016 e nº 13.798/2019 garante o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo. Institui a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, objetivando difundir informações sobre medidas preventivas e educativas que permitam a redução da gravidez juvenil. Da mesma maneira, o ECA determina que o Estado e os empregadores da iniciativa privada têm o dever de proporcionar condições adequadas para o aleitamento materno (art. 9º). O direito ao aleitamento está previsto inclusive na Consolidação dos Direitos Trabalhistas, a qual, em seu artigo 396, prevê o direito de aleitamento à empregada, bem como às mães que estejam cumprindo medida socioeducativa de privação de liberdade, conforme o artigo 63 §2º da Lei nº 12.594/2012, que cria o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). (Fonte: ESB Professional / Shutterstock) Recuperação da criança e do adolescente internados Assegurar condições adequadas para a recuperação da criança e do adolescente internados também é tema do ECA. Este determina que as instituições hospitalares devam proporcionar condições aos pais ou responsável, para que permaneçam com a criança ou o adolescente internado em tempo integral. Desfrutar a companhia dos pais é um direito deles e, como tal, deve ser resguardado. Caso haja violação desse direito, responde-se judicialmente. O artigo 10º do ECA traz um rol de obrigações a serem cumpridas por todos os estabelecimentos de saúde e hospitais, sejam eles públicos ou particulares, visando regular a adequada identificação dos recém-nascidos e de suas genitoras, para evitar a troca de identidades e garantir a orientação e o acompanhamento técnico no período das primeiras amamentações: "Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: I. Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; II. Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; III. Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutico de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; IV. Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; V. Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe; VI. Acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. - Brasil, 2008-A. A seguir veremos mais sobre o assunto. SUS, pessoa com deficiência e integridade da criança Clique no botão acima. Atividade 1. Acerca dos direitos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, assinale a opção correta: a) Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe no pré e no pós-natal, desde que esta não manifeste interesse em entregar os filhos à adoção. b) No SUS, não há previsão legal de atendimento preferencial da parturiente pelo médico que a acompanhou no período pré-natal. c) É previsto atendimento pré e perinatal à gestante, por meio do SUS, incluindo assistência psicológica, como forma de prevenir ou minorar as consequências de estado puerperal. d) Incumbe ao poder público proporcionar apoio alimentar somente à nutriz; pois isso, resultará no desenvolvimento físico adequado da criança. e) Para que a gestante seja encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, basta que haja necessidade específica. Gabarito Comentado Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade O Capítulo II do ECA vincula-se ao princípio da dignidade humana referenciado pelo texto constitucional em seus artigos 1º e 5º. O princípio http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1 reconhecido internacionalmente aplica-se a todo e qualquer indivíduo indiferentemente de idade, sexo, raça, cor e condição econômica, entre outros. Dessa forma, a liberdade, o respeito e a dignidade da pessoa humana são valores sociais que permeiam todo o sistema normativo. (Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock) O artigo 15º do ECA garante a liberdade, o respeito e a dignidade às crianças e adolescentes, considerando a peculiaridade de se tratar de pessoas em processo de desenvolvimento e sujeitos de direitos civis, humanos e sociais. O texto legal garante a liberdade sob as suas mais variadas formas: • A liberdade de ir e vir bem como de estar nos logradouros públicos e espaços comunitários ressalvadas as restrições legais; • A liberdade de opinião e de expressão; • O direito de crença e de culto religioso, de brincar, de praticar esportes e se divertir; • A liberdade de participar da vida familiar e comunitária sem discriminação, de participar da vida política e buscar refúgio, auxílio e orientação. São direitos que devem ser assegurados e muitos dependem da articulação de diversos órgãos para efetivação, a exemplo da Lei nº 10.891/2004 que criou a Bolsa Atleta para atletas olímpicos e paraolímpicos, de forma a incentivar a prática de esportes; a necessidade de participação da família na orientação e educação das crianças e dos adolescentes que, muitas vezes, acabam por necessitar de apoio e orientação de órgãos e programas específicos de atendimento à criança. No que diz respeito ao divertimento, há outros dispositivos que tutelam o ingresso e a permanência de crianças e adolescentes em shows e casas de espetáculos (art. 74-76, ECA). Atenção O direito ao respeito previsto no ECA se vincula à integridade física, psicológica e moral, abrangendo a preservação da identidade, da autonomia, dos valores, da ideias e das crenças bem como a preservação dos espaços e objetos pessoais da criança e do adolescente, evitando traumas e exposições que muitas vezes trazem consequências irreversíveis. Ressaltamos que a violação de qualquer desses direitoscaracteriza o desrespeito ao princípio da proteção integral e do melhor interesse da criança, sendo passível, em algumas situações, de indenização, como na divulgação de imagem sem autorização dos pais ou responsáveis. Diante do exposto é que a lei estabelece que não se trata apenas de um dever dos pais ou do Estado mas de todos, sejam governantes ou não, a proteção da criança e do adolescente inibindo todo o tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18, ECA). A criança e o adolescente detêm o direito de serem educados sem o uso de castigo físico, tratamento cruel ou degradante como forma de correção, disciplina e educação. Dessa forma, e considerando o respeito aos direitos da criança e do adolescente, todos têm o dever de atuar em defesa destes diante de uma violação ou ameaça de violação, sob pena de responsabilização pela omissão. Como vimos, a liberdade de participar da vida familiar e comunitária sem discriminação é um direito garantido pelo artigo 15º do ECA. Agora, veremos mais detalhe sobre esse direito. Direito à convivência familiar e comunitária Clique no botão acima. Da família natural O conceito de família natural ou família de origem está previsto no art. 25 do ECA. Trata-se da comunidade formada por pais, ambos ou um só, e filhos, abarcando também a família monoparental (formada por apenas um dos pais e seus descendentes), não fazendo nenhuma menção ao casamento. Como já mencionado, em prol do princípio do melhor interesse, a preferência será sempre assegurar a convivência da criança e do adolescente com sua família natural e somente em situações excepcionais ela será adotada por uma família substituta. Para dar uma amplitude à noção de família, o ECA, no parágrafo único do artigo 25, trata da família extensa ou ampliada, ou seja, aquela que se estende para além da unidade de pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. Um exemplo são as crianças ou os adolescentes criados por irmãos mais velhos, tios ou avós. É importante frisar que não estão inclusos na família ampliada todos os parentes dos pais, mas somente aqueles que possuírem vínculos de afetividade e afinidade. http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2 Saiba mais Também existe a família recomposta. Apesar de não ser mencionada no ECA, ela é reconhecida pela doutrina e caracteriza-se por homens e mulheres, com filhos de relacionamentos anteriores, que se casam ou vivem em relação de união estável. No que se refere ao reconhecimento de filho, o artigo 26 do ECA possibilita que tal ato jurídico ocorra no termo de nascimento, por meio de escritura pública ou outro documento público competente, independentemente da origem da filiação, podendo preceder o nascimento ou mesmo suceder ao falecimento, sendo irrevogável, ainda que feito em testamento (art. 1.610, CC). Considerando que é um ato jurídico, não poderá ser definida a gama de efeitos que dele irão decorrer ou não, ou seja, não há a possibilidade de reconhecido o filho negar-lhe os direitos sucessórios ou mesmo o sobrenome. Paralelo ao direito do pai de reconhecer o filho existe o direito do filho de conhecer a filiação e de ver reconhecido o vínculo familiar, conforme o art. 27 do ECA. Nesse caso, o reconhecimento é personalíssimo, indisponível e imprescritível. Como se trata de direito da criança e do adolescente, não compete à genitora dele dispor ou mesmo abrir mão. Conhecer a paternidade biológica é um direito fundamental da criança e do adolescente devendo, portanto, ser apurada na forma da lei. Da família substituta Por família substituta se entende aquela em que a criança ou o adolescente é inserido quando é impossível a permanência com a família natural. O ECA indica, no artigo 28, as três formas de inserção em família substituta: Clique nos botões para ver as informações. Guarda Tutela Adoção Ainda que se considere como fundamento a impossibilidade da permanência do convívio com a família natural, o ECA, em respeito ao princípio do melhor interesse, ressalta que a http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#collapse01-02 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#collapse01-03 criança deve ser ouvida e que o adolescente deve consentir em ser inserido em família substituta. A identificação de uma família substituta é realizada com a máxima responsabilidade, pois ela deve proporcionar um ambiente adequado ao crescimento saudável. Dessa forma, considera-se o grau de parentesco e afinidade ou afetividade, pois o intuito é assegurar à criança e ao adolescente uma vida digna. Trata-se de um trabalho gradativo no que diz respeito à adaptação e ao acompanhamento posterior. Na hipótese de irmãos, o objetivo será a manutenção do grupo no momento da substituição familiar, evitando separá-los ao colocá-los em lares diversos. (Fonte: pixelheadphoto digitalskillet / Shutterstock) Considerando que o ECA se direciona a toda e qualquer criança ou adolescente, a lei faz referência de forma expressa a crianças e adolescentes provenientes de comunidade remanescente de quilombo ou indígena, mencionando que é obrigatório observar e respeitar a identidade social e cultural, os costumes e as tradições, devendo a inserção ocorrer no seio da comunidade ou em meio a membros de mesma etnia (art. 28, ECA). Atenção A inserção da criança ou do adolescente em famílias substitutivas é ato de competência privativa da autoridade judiciária. Sendo assim, não poderão ser transferidos a terceiros ou a entidades governamentais, pois isso somente ocorrerá mediante intervenção de autoridade judiciária, que procederá cautelosamente respeitando os direitos fundamentais da criança ou do adolescente, bem como o princípio do melhor interesse. Por fim, o ECA esclarece que a inserção da criança e do adolescente em famílias substitutivas estrangeiras será medida de natureza excepcional, pois a preferência será sempre das famílias nacionais (art. 31, ECA). Atividade 2. Julgue se a afirmativa é verdadeira ou falsa. “Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.” Gabarito Comentado 3. Julgue se a afirmativa é verdadeira ou falsa. “Existe cláusula impeditiva na Lei nº 8.069/90 à adoção por irmão e pelos ascendentes do adotando.” Gabarito Comentado Do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer O direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer estão ligados ao desenvolvimento sadio e pleno das crianças e adolescentes. Por isso, estão elencados no rol dos direitos fundamentais dos artigos 53 a 59. No que se refere ao direito à educação, e alinhado ao texto constitucional (art. 208, CRFB), o ECA ressalta a necessidade de promover meios para que a criança e o adolescente sejam preparados efetivamente para o exercício da cidadania, além de serem qualificados para o trabalho. (Fonte: wavebreakmedia / Shutterstock) Vejamos sobre as responsabilidades relacionadas a educação: Responsabilidade do responsável Da mesma forma que se impõem ao Estado deveres voltados à inserção da criança e do adolescente no sistema educacional de forma isonômica, também se preveem deveres dos pais (art. 55, ECA) ou responsável, por exemplo, a obrigação de matricular o filho ou pupiloem rede regular de ensino. Seu descumprimento caracteriza crime de abandono intelectual (art. 246, CP). Responsabilidade da instituição de ensino O ECA, no artigo 56, traz importante previsão quanto à responsabilidade dos dirigentes de estabelecimentos de Ensino Fundamental reportarem ao Conselho Tutelar maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas, evasão escolar e elevado nível de repetência. Isso alinhado ao artigo 57, que determina a obrigação do Poder Público ao estímulo a pesquisas e novas propostas pedagógicas com vistas à inserção de jovens excluídos do Ensino Fundamental. Por fim, o ECA aponta a preocupação com o respeito às particularidades culturais, artísticas e históricas, de forma que obriga os municípios, com o apoio dos estados e da União, a estimularem e facilitarem o destino dos recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer (art. 59, ECA). Do direito à profissionalização e à proteção no trabalho (Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock) O último capítulo do ECA referente aos direitos fundamentais trata do direito à profissionalização e à proteção ao trabalho (art. 60 a 69, ECA). Os direitos garantidos aqui estão direcionados aos adolescentes, pois a criança, sendo considerada como a pessoa que ainda não completou 12 anos, não pode trabalhar. O adolescente, a partir de 14 anos completos, pode trabalhar na condição de aprendiz. Dessa forma, o trabalho realizado pelo adolescente não possui apenas o viés de contraprestação pecuniária, devendo respeitar a condição de pessoa em desenvolvimento e a capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Atenção Segundo o ECA, o adolescente possui direito à profissionalização, mas devem ser observados o respeito à condição de pessoa em desenvolvimento e à capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Atividade 4. Julgue se a afirmativa é verdadeira ou falsa. “De acordo com o ECA, o conselho tutelar pode aplicar, conforme a gravidade do caso, medida de encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico aos pais que apliquem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de disciplina ou correção de comportamento de criança e adolescente.” Gabarito Comentado 5. Considerando os direitos fundamentais à profissionalização e à proteção do trabalho de crianças e adolescentes, discorra sobre a imagem a seguir. (Fonte: SOMO) javascript:void(0); Gabarito Comentado Referências Próxima aula Explore Mais Créditos Redatora: Patrícia Sotello Designer Instrucional: Maiara Machado Web Designer: Roberta Meireles Administrador do LMS: Rostan Luiz Aula 4: Do dever de prevenir a ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html Apresentação Estudaremos as diretrizes gerais de observância dirigidas às diversas atividades, determinando o respeito às crianças e aos adolescentes no que concerne à sua condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. Trataremos das regras dirigidas a atividades específicas, como o acesso a diversões e espetáculos públicos, às obrigações das emissoras de rádio e de televisão e às obrigações relativas à venda de revistas e publicações. Por fim, examinaremos a Lei nº 12.921/2013 e a nova normativa sobre a autorização para viajar deferida a crianças e a adolescentes. Objetivos • Descrever as diretrizes gerais de observância sobre as diversas atividades; • Identificar as regras dirigidas a atividades específicas; • Apontar a importância da Lei nº 12.921/2013 e da nova normativa sobre a autorização para viajar. Prevenção à ameaça ou à violação dos direitos da criança e do adolescente Como já estudado anteriormente, as crianças e os adolescentes são titulares de direitos humanos como qualquer pessoa, porém, em face de sua condição de pessoas em desenvolvimento, ou seja, de se configurarem como seres que estão em processo de formação física e psicológica, devem receber um tratamento diferenciado. Dessa forma, as condutas política, social e econômica do Estado e da sociedade devem estar voltadas a resguardar integralmente a criança e o adolescente, independentemente da origem, raça, sexo, cor e classe social, uma vez que são percebidos como sujeitos de direito. Fonte: Por New Africa / Shutterstock. Fonte: Por ambrozinio / Shutterstock. 1. Da prevenção Os dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que tratam da prevenção à ameaça ou à violação dos direitos da criança e do adolescente (artigos 70 a 85) estão intimamente ligados à doutrina da proteção integral e à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento apresentada por esses indivíduos, pois o objetivo primordial é evitar colocá-los em situação de risco. Conforme prevê o ECA e, seguindo a doutrina da proteção integral, “é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente”. Da mesma forma, coíbe o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante contra crianças e adolescentes (art. 70-A, ECA) sendo necessária uma articulação entre os diversos entes do governo para se evitar formas violentas de educação. Complementando o dispositivo, foi editada a Lei nº 13.046/2014, que introduziu ao Estatuto da Criança e do Adolescente o artigo 70-B, cuja redação determina que as entidades públicas e privadas que atuem na realização dos direitos da criança e do adolescente, como a informação, a cultura, o lazer e o esporte, assim como aquelas que recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter temporário, devem possuir, em seus quadros, pessoas capacitadas a reconhecer e, de imediato, comunicar ao Conselho Tutelar as suspeitas ou casos de maus-tratos, o que demonstra a necessidade de constante profissionalização da rede de atendimento socioeducativo. Atenção Cabe lembrar que se está tratando de pessoas em formação, de crianças e adolescentes que estão em desenvolvimento e que, portanto, necessitam do apoio e do amparo de profissionais efetivamente capacitados a ajudá-los, a protegê-los e, cuja omissão deve ser responsabilizada. O ECA estabelece, no artigo 71, que “A criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”. Dessa forma, e considerando a prevenção especial disciplinada na lei, divide-se entre aquelas medidas relativas ao direito à informação, à cultura, ao lazer e aos esportes; medidas destinadas à proteção, no que se refere a diversões e espetáculos (artigos 74 a 80); medidas voltadas a produtos e serviços (artigos 81 e 82); e, à autorização para viajar (artigos 83 a 85), considerando e respeitando sempre o fato de a criança e o adolescente serem pessoas em desenvolvimento. Considerando a necessidade de resguardar e prevenir violações dos direitos da criança e do adolescente, o ECA prevê, ainda, no artigo 73, que a inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica. Nesse caso, no âmbito civil, violações ao ECA podem ser reparadas por meio de ações individuais ou coletivas, com a ação civil pública, intentada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública (art. 5º da Lei nº 7.347/1985). Por sua vez, na seara penal, as responsabilidades são apuradas e punidas por meio das ações promovidas pelo Ministério Público. Comentário A prevenção é o principal meio de se impedir que as crianças e os adolescentes sejam submetidos a situaçõesque possam violar-lhes os direitos. Ela pode ser aplicada mesmo a jovens que já tenham sido emancipados, pois, embora emancipados, não deixam de ser crianças ou adolescentes. 2. Da informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos Visando a manutenção de uma vida saudável, o crescimento intelectual e social, as crianças e os adolescentes necessitam ter acesso a diversões e espetáculos públicos, porém adequados ao seu desenvolvimento, ou seja, à sua faixa etária. Para tanto, o Ministério da Justiça intervém com ações de natureza informativa e pedagógica, devendo ser exercidas em coparticipação com a própria sociedade. Aliados ao ECA nessa missão se tem, também: Lei nº 10.359/2001 e o Decretonº 6.061/2007 Relativos ao processo de classificação indicativa de obras audiovisuais destinadas à televisão, ambos do Ministério da Justiça/SNJ. Portaria nº 1.100/2006 Que dispõe sobre a classificação indicativa de diversões públicas, especialmente obras audiovisuais destinadas a cinema, vídeo, DVD, jogos eletrônicos, jogos de interpretação (RPG) e congêneres. Portaria nº 1.549/2002 Do Ministério da Justiça, que institui o “Comitê Interinstitucional para Classificação Indicativa de Filmes, Programas Televisivos, Espetáculos Públicos e Jogos Eletrônicos e de RPG”, o qual desenvolve função consultiva e opinativa acerca da classificação para a faixa etária. Classificação indicativa Clique no botão acima. 3. Dos produtos e serviços Os artigos 81 e 82 do ECA apresentam um rol de itens, produtos e serviços, cuja venda é terminantemente proibida a crianças e adolescentes. A violação do dispositivo é tão grave que importa em crime, e nem poderia ser diferente, se o que se está buscando é a proteção integral da criança e do adolescente, considerados como sujeitos em desenvolvimento, ou seja, pessoas que estão em processo de formação física e psicológica, devendo, portanto, receber um tratamento especial, diferenciado. De acordo com a lei, é proibida a venda de: 1 Armas, munições e explosivos 2 Bebidas alcoólicas 3 Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida 4 Fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que, pelo reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida 5 Bilhetes lotéricos e equivalentes http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1 6 Revistas e publicações às quais alude o art. 78 Veja mais sobre outros produtos ou serviços: Clique nos botões para ver as informações. Revistas e publicações Hospedagem Produtos em formato de cigarros Fonte: Por MNStudio / Shutterstock. 4. Da autorização para viajar O objetivo de uma regulamentação própria para a viagem de crianças e de adolescentes é combater o tráfico desses indivíduos e também o afastamento do filho menor da convivência com um dos pais ou responsável. Saiba mais Anteriormente a lei fazia referência apenas à criança deixando de fora da proteção os adolescentes. Isso possibilitava o tráfico interno ou mesmo a fuga destes para outras residências que não a dos pais. Porém, em 16 de março de 2019, foi publicada a Lei nº 13.812, a qual concedeu a mesma proteção ao adolescente, bem como instituiu a Política Nacional de Pessoas Desaparecidas. Foi criado um cadastro de pessoas desaparecidas, de forma a facilitar a comunicação entre as diversas entidades e a localização dos desaparecidos, dever não apenas dos estados, mas do Distrito Federal e dos territórios. http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#collapse01-02 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#collapse01-03 A busca pelos desaparecidos é considerada prioridade, com caráter de urgência, e são considerados desaparecidos, segundo a nova legislação mencionada: “(...) pessoa desaparecida: todo ser humano cujo paradeiro é desconhecido, não importando a causa de seu desaparecimento, até que sua recuperação e identificação tenham sido confirmadas por vias físicas ou científicas; criança ou adolescente desaparecido: toda pessoa desaparecida menor de 18 (dezoito) anos.” (BRASIL, 2019) Dessa forma, resguardando o adolescente, a lei veda que os menores de 16 (dezesseis) anos possam viajar para fora da comarca em que residem desacompanhados dos pais ou dos responsáveis sem a expressa autorização judicial. A autorização não é necessária quando se tratar de comarca contígua à da residência da criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos se, na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana ou quando a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco, ou de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. Cabe ressaltar que, quando a lei faz referência ao responsável, ela está se referindo ao responsável legal, de forma que, somente aquele que estiver exercendo o poder familiar, ou o tutor, ou o guardião ou mesmo o dirigente da entidade de acolhimento em que se encontra a criança ou o adolescente é que podem se deslocar com estes. Viagem para o exterior http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar2 Clique no botão acima. Atividade 1. Com relação à autorização para viajar, pode-se afirmar, tomando por base as disposições do ECA, que: a) Constitui instrumento judicial no exercício da prevenção especial, previsto pelo Estatuto. b) Constitui instrumento judicial de prevenção geral, previsto pelo Estatuto. c) Será dispensada quando se tratar de viagem ao exterior de adolescente acompanhado de um dos pais e autorizado pelo outro, em declaração simples, sem maiores formalidades. d) Será exigida somente quando a criança ou o adolescente menor de 16 anos estiver desacompanhado dos pais ou responsável e tratar-se de deslocamento à comarca contígua à de sua residência, mesmo que acompanhado de pessoa por eles autorizada. e) Será exigida quando a criança ou o adolescente menor de 16 anos estiverem desacompanhados dos pais ou responsável e tratar-se de deslocamento à comarca contígua à de sua residência, mesmo que acompanhada de pessoa por eles autorizada. Gabarito comentado 2. Julgue a assertiva a seguir e responda se ela está CORRETA ou INCORRETA. “As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.” Gabarito comentado 3. Complete as lacunas e assinale a alternativa CORRETA: _______________ criança ou adolescente menor de _______________ poderá viajar para fora da comarca onde reside desacompanhado dos _______________ sem expressa autorização judicial. a) Toda - 12 (doze) anos - pais ou dos responsáveis. b) Toda - 14 (quatorze) anos - pais ou dos responsáveis. c) Toda - 14 (quatorze) anos - responsáveis legais. d) Nenhuma - 16 (dezesseis) anos - pais ou dos responsáveis. e) Nenhuma - 16 (dezesseis) anos - responsáveis legais. Gabarito comentado 4. De acordo com o ECA, assinale as alternativas que apresentam produtos e/ou serviços cuja venda é proibida para crianças e adolescentes (art. 81): a) Armas, munições e explosivos. b) Bebidas alcoólicas. c) Hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo
Compartilhar