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Estatuto da Criança e do Adolescente ECA estacio 2020

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Aula 1: Direitos humanos da criança e 
do adolescente e Direito Internacional 
Infantojuvenil 
Apresentação 
Você sabia que o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) 
representa o marco da consolidação do Direito Infantojuvenil no Brasil, em um 
processo iniciado com a Constituição Federal? E que o Direito Internacional 
teve um papel de destaque, principalmente por meio dos Tratados de Direitos 
Humanos que versam direitos relativos a crianças e adolescentes? 
Nesta aula, iremos discorrer sobre esse tema que tanto mexe com os ânimos, lida 
com preconceitos, envolve sentimentos que variam da pena ao ódio, fazendo 
surgir diversas questões que envolvem preconceito e discriminação em relação a 
este grupo especial que ainda está em desenvolvimento. 
Objetivos 
• Identificar as diversas legislações internacionais, entre Declarações e 
Convenções que reconhecem a criança como objeto de proteção ou 
sujeito de direito, assim como todos os demais seres humanos; 
• Compreender a atual posição da comunidade internacional sobre os 
direitos humanos de crianças e adolescentes. 
Direitos humanos de crianças e 
adolescentes 
Em face da condição de pessoas em desenvolvimento, ou seja, de seres que estão 
em processo de formação física e psicológica, crianças e adolescentes devem 
receber um tratamento diferenciado. 
Iniciaremos nossa aula com um breve histórico evolutivo dos direitos das 
crianças e adolescentes. 
• 1899 - 1905 
No âmbito internacional, a primeira referência que se tem 
acerca da proteção dos direitos humanos da criança e do 
adolescente é a Juvenile Court Art de Illinois, criada em 1899, 
sendo considerada o primeiro Tribunal de Menores nos Estados 
Unidos, expandindo-se para a Europa somente a partir de 1905, 
quando grande parte dos Estados criaram Tribunais de Menores 
(SPOSATO, 2006). 
• 1919 
Em 1919, finda a Primeira Guerra Mundial, foi criado o 
Comitê de Proteção da Infância, pela liga das Nações, diante 
dos horrores vivenciados e da percepção de que a criança é um 
ser especial diante de sua vulnerabilidade, a qual, portanto, 
merece atenção e proteção especiais. 
A partir do século XX, houve uma adesão mais ampla da 
comunidade internacional em prol dos direitos humanos, o que 
acabou repercutindo nas declarações e convenções 
internacionais firmadas. 
• 1924 - 1948 
Posteriormente, em 1924, a Declaração de Genebra reconheceu 
a criança e o adolescente como seres detentores de proteção 
especial ao determinar que há a “necessidade de proporcionar à 
criança uma proteção especial”. Da mesma forma ocorreu na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações 
Unidas, firmada em 1948, que também defendia o “direito e 
assistência especiais” à criança. 
• 1959 
Em 1959, a Assembleia Geral da Organização das Nações 
Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, 
passando a reconhecê-la como sujeito detentor de direitos e não 
mais apenas como objeto de proteção. 
• 1969 
Por sua vez, a Convenção Americana sobre os Direitos 
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, 1969) elencou, no 
artigo 19, que “toda criança tem direito às medidas de proteção 
que sua condição de menor requer, por parte da família, da 
sociedade e do Estado”. Dessa forma, percebemos que o dever 
de proteger e resguardar a criança e o adolescente não é uma 
função apenas do Estado, mas também da família com quem 
eles convivem, bem como da própria sociedade que os integra. 
Mais recentemente, a comunidade mundial 
criou novas bases para a formulação de um 
ordenamento jurídico que possa ser adotado 
por todos os países, independentemente das 
condições socioeconômicas destes, cuja 
característica fundamental é “a nobreza e a 
dignidade do ser humano criança”. 
Tais estruturas normativas foram fruto do esforço conjunto de diversos 
estudiosos e comunidades empenhadas na defesa e promoção da criança e do 
adolescente, que participaram das Regras Mínimas das Nações Unidas para a 
Administração da Justiça da Infância e da Juventude. São elas: 
Regras de Beijing 
Resolução 40/33 da Assembleia Geral, de novembro de 1985. 
Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da 
Delinquência Juvenil – Diretrizes de Riad 
Assembleia da ONU, de novembro de 1990. 
Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção 
dos Jovens Privados de Liberdade 
Assembleia Geral da ONU, de novembro de 1990. 
A proteção integral garantida ao público infantojuvenil surge a partir da 
Convenção sobre o Direito da Criança, aprovada pela Assembleia Geral das 
Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989, também conhecida como 
Convenção de Nova York. Esse momento foi tão importante que teve o maior 
número de ratificações e adesões mais rápidas da história, pois protege todas as 
crianças do planeta e não apenas grupos determinados. 
Nesse contexto, a comunidade internacional reconheceu que as crianças 
necessitam de atenção especial que as preserve das consequências danosas 
decorrentes de situações que podem colocá-las em risco. 
No tópico seguinte, serão abordados documentos internacionais relevantes, 
estabelecendo a relação direta entre eles e a defesa dos interesses de crianças e 
adolescentes. 
Declaração de Genebra – Carta da 
Liga sobre a criança 
A Declaração de Genebra, ou Carta da Liga sobre a Criança, de 1924, é 
considerada o primeiro documento voltado à proteção da criança de forma ampla 
e genérica, pois não se limita a apenas um enfoque na defesa dos direitos 
humanos da criança, mas engloba a proteção à infância de maneira integral. Ela 
incorporou os princípios dos direitos da criança, incentivando os Estados a 
criarem meios que efetivamente garantissem a proteção desse grupo especial. 
 (Fonte: Nowik Sylwia / Shutterstock) 
 
Acerca da Declaração de Genebra, descreve Eglantine (apud DOLINGER, 2003, 
p. 82) cinco princípios basilares do documento, os quais devem ser seguidos 
tendo em vista a necessidade de se resguardar a criança como sujeito de direito: 
 
1 
A criança deve receber os meios necessários para seu desenvolvimento normal, 
tanto material, como espiritual. 
 
2 
A criança que estiver com fome deve ser alimentada; a criança que estiver doente 
precisa ser ajudada; a criança atrasada precisa ser ajudada; a criança delinquente 
precisa ser recuperada; o órfão e o abandonado precisam ser protegidos e 
socorridos. 
 
3 
A criança deverá ser a primeira a receber socorro em tempos de dificuldade. 
 
4 
A criança precisa ter possibilidade de ganhar seu sustento e deve ser protegida de 
toda forma de exploração. 
 
5 
A criança deverá ser educada com a consciência de que seus talentos devem ser 
dedicados ao serviço de seus semelhantes. 
Muito embora seja voltada para a 
garantia da proteção da criança e do 
adolescente, percebemos que a 
Declaração de Genebra foi um 
avanço para a época. 
No que diz respeito ao reconhecimento da vulnerabilidade da criança, a 
Declaração não as tratava como autênticos sujeitos de direitos e sim como 
objetos de proteção, como pode ser observado pelo emprego das palavras “a 
criança deve receber”, “deve ser alimentada”, “deve ser ajudada”, “deve ser 
educada”, diferentemente da Declaração de 1959, segundo a qual a criança tem 
direito a um nome, como veremos a seguir. 
Declaração dos Direitos da Criança 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, diversos movimentos voltados a resguardar as 
crianças e adolescentes da devastação decorrente das guerras surgiram, a 
exemplo do Instituto Interamericano da Criança e da UNICEF (United Nations 
International Child Emergency Fund). 
Porém, foi em 1959 que se conseguiu mais abrangência aos direitos da infância, 
sendo firmada a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a qual passa a 
tratar a criança como sujeito de direito e não mais como mero objeto de 
proteção. 
A Declaração, além de conceder uma nova percepção da criança, agora sujeito 
de direitos, ressalta também a necessidade dapromoção do respeito aos direitos 
dela, sua sobrevivência, desenvolvimento e participação no combate à 
exploração e ao abuso. 
 
 
Princípios da Declaração dos Direitos da Criança 
 
 Clique no botão acima. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#complementar1
Atividade 
1. Observando a imagem a seguir, discorra sobre a violação dos Direitos 
Humanos da Criança e do Adolescente e a importância da proteção integral. 
 
 
Gabarito Comentado 
Regras de Pequim ou Regras de 
Beijing, Diretrizes de RIAD e Regras 
de Tóquio 
As Regras de Beijing, as Regras de Riad e as Regras de Tóquio, ao contrário das 
demais Convenções, voltam-se à criminalidade juvenil, como veremos a seguir. 
Clique nos botões para ver as informações. 
Regras de Beijing 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#collapse01-01
Diretrizes de Riad 
Regras de Tóquio 
Como se pode perceber, as Regras de Beijing, as Diretrizes de Riad e as Regras 
de Tóquio compõem a Doutrina das Nações Unidas para a Proteção Integral à 
Infância, pois estas Regras constituíram os primeiros pilares do Sistema de 
Justiça da Infância e da Juventude pautado na especialidade e na garantia de 
direitos. 
Ainda falando em proteção dos direitos humanos das crianças, deve-se 
mencionar a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das 
Nações Unidas (ONU), de 1989, abordada no tópico seguinte. 
Atividade 
2. No plano internacional, as Regras Mínimas para a Administração da Justiça, 
da Infância e da Juventude referem-se a qual instrumento jurídico? 
a) Regras de Riad. 
b) Regras de Beijing. 
c) Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança de 1989. 
d) Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959. 
e) Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. 
 
Gabarito Comentado 
Convenção sobre os direitos da 
criança de 1989 
Adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1989, e vigente desde 
1990, este tratado internacional de proteção dos direitos humanos possui apenas 
54 artigos e se destaca dos anteriores pelo fato de ter sido ratificado por todos os 
países-membros, com exceção dos Estados Unidos, da Somália e do Sudão do 
Sul. 
Os direitos previstos na Convenção sobre os Direitos as Criança incluem: 
 
1 
Direito à vida e à proteção contra a pena capital. 
 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#collapse01-02
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula1.html#collapse01-03
2 
Direito a ter uma nacionalidade. 
 
3 
Direito à proteção ante a separação dos pais. 
 
4 
Direito de deixar qualquer país e de entrar em seu próprio país. 
 
5 
Direito de entrar em qualquer Estado e sair dele, para fins de reunião familiar. 
 
6 
Direito à proteção para não ser levada ilicitamente ao exterior. 
 
7 
Direito à proteção de seus interesses no caso de adoção. 
 
8 
Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. 
 
9 
Direito de acesso a serviços de saúde, devendo o Estado reduzir a mortalidade 
infantil e abolir práticas tradicionais prejudiciais à saúde. 
 
10 
Direito a um nível adequado de vida e segurança social. 
 
11 
Direito à educação, devendo os Estados oferecer educação primária compulsória 
e gratuita. 
 
12 
Direito à proteção contra a exploração econômica, com fixação de idade mínima 
para admissão em emprego. 
 
13 
Direito à proteção contra o envolvimento na produção, tráfico e uso de drogas e 
substâncias psicotrópicas. 
 
14 
Direito à proteção contra a exploração e o abuso sexual. 
Nos termos do Art. 1 dessa Convenção, a criança é definida como: 
"Todo ser humano com menos de 
dezoito anos de idade, a não ser que, 
em conformidade com a lei aplicável, a 
maioridade seja alcançada antes." 
- Convenção sobre os direitos da criança. 
Esse importante tratado recepciona, portanto, a concepção do desenvolvimento 
integral da criança, reconhecendo assim sua absoluta prioridade e necessidade de 
proteção integral. 
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi promulgada no Brasil pelo 
Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990, ou seja, depois da vigência do 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Complementando e fortalecendo o rol de medidas protetivas à criança e ao 
adolescente, as Nações Unidas adotou dois Protocolos Facultativos à Convenção 
sobre os Direitos da Criança, por meio da Resolução A/RES/54/263 da 
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Assembleia Geral: o Protocolo Facultativo sobre Venda de Crianças, 
Prostituição Infantil e Pornografia Infantil, passando a vigorar em 18.01.2002, 
sendo aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro, por meio do Decreto 
Legislativo nº 230/2003, e promulgado pelo Decreto nº 5.007/2004; e o 
Protocolo Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados, 
o qual passou a vigorar em 12.02.2002. 
Aula 2: Estatuto da Criança e do 
Adolescente: disposições 
preliminares 
Apresentação 
Iniciaremos os estudos sobre o tratamento jurídico conferido à criança e ao 
adolescente ao longo do tempo no cenário nacional. Trataremos, ainda, da 
doutrina da proteção integral, esclarecendo os principais pontos desta. 
Compreenderemos a utilização inicial do termo menor, a partir do primeiro 
Código de Menores, bem como a evolução dessa designação até ser empregada 
no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Definiremos criança e 
adolescente, e demonstraremos como estes são sujeitos de direitos fundamentais. 
Finalizando, conheceremos a importância do critério de interpretação do ECA. 
Objetivos 
• Descrever a evolução do tratamento jurídico conferido à criança e ao 
adolescente; 
• Explicar a doutrina da proteção integral; 
• Esclarecer a utilização da designação “menor”, a definição de criança e 
adolescente e o critério de interpretação do ECA. 
Disposições preliminares 
 
Fonte: //www.engemed.med.br/ 
javascript:void(0);
 
Ao longo da história jurídica, nem sempre as crianças e os adolescentes 
receberam um tratamento diferenciado por serem pessoas em pleno 
desenvolvimento. No Brasil, já houve um tempo em que a condição de seres em 
processo de formação física e psicológica não conferia a crianças e adolescentes 
a titularidade de direitos humanos, diferentemente do que acontece hoje. 
Como se deu, portanto, a evolução do 
tratamento jurídico conferido à 
criança e ao adolescente? 
Como ambos se tornaram sujeitos de 
direitos fundamentais? 
Veremos isso a seguir. Acompanhe. 
Evolução do tratamento jurídico 
conferido à criança e ao adolescente 
como sujeitos de direitos 
fundamentais 
A criança nem sempre foi vista e respeitada, no Brasil, como um ser detentor de 
direitos especiais e específicos, pela condição de pessoa em desenvolvimento. 
Ela era vista, podemos dizer, como um mini-adulto, sem proteção especial. 
Na sociedade contemporânea, as crianças ganharam mais espaço. A evolução do 
tratamento da criança e do adolescente, pelo mundo jurídico, pode ser resumida 
em quatro fases, como bem ressalta Garrido de Paula: 
“Fase da absoluta indiferença, em que não 
existiam normas relacionadas a essas pessoas;” 
“Fase da mera imputação criminal, em que as 
leis tinham o único propósito de coibir a prática 
de ilícitos por aquelas pessoas (Ordenações 
Afonsinas e Filipinas, Código Criminal do 
Império de 1830, Código Penal de 1890);” 
“Fase tutelar, conferindo-se ao mundo adulto 
poderes para promover a integração sócio 
familiar da criança, com tutela reflexa de seus 
interesses pessoais (Código Mello Mattos, de 
1927 e Código de Menores, de 1979);” 
“Fase da proteção integral, em que as leis 
reconhecem direitos e garantias às crianças, 
considerando-as como uma pessoa em 
desenvolvimento (Estatuto da Criança e do 
Adolescente - Lei nº 8.069/1990).” 
(GARRIDODE PAULA, 2002, p. 26) 
No cenário nacional foi longa a jornada em busca de uma proteção integral à 
criança. No Brasil colonial não havia qualquer proteção especial para a criança, 
a qual não era percebida como sujeito de direito. Nesse sentido, assevera 
Alberton (2005, p. 25) que: 
“as crianças, eram chamadas de ‘grumetes’, 
tinham expectativa de vida muito baixa, até por 
volta dos 14 anos; (...) as crianças eram 
consideradas um pouco mais do que animais, e 
por isso usavam sua força de trabalho que 
acreditavam ser necessário.” 
Em 1927, no Brasil, foi publicado o primeiro Código de Menores sendo 
direcionado às crianças expostas e às crianças abandonadas. O documento 
tratava não apenas da culpabilidade e da responsabilidade, mas também 
declarava como menor aquelas crianças e adolescentes identificadas como 
sujeitos em situação de vulnerabilidade e infração. Essa designação estava em 
consonância com o desenvolvimento intelectual, identificando que menores 
seriam aqueles com idade inferior a 18 anos. Na época, a responsabilidade sobre 
os menores ainda era inerente ao Estado, competindo a este estabelecer medidas 
repressivas e formas de se evitar a delinquência. 
Outro destaque inerente ao Código de Menores é que a punição perdeu a natureza 
punitiva passando a ser percebida como de natureza pedagógica, havendo a 
mudança da sanção-castigo para sanção-educação. Pela primeira vez se 
identificava o caráter assistencial voltado às crianças e aos adolescentes 
brasileiros; porém, a doutrina adotada ainda era a doutrina da Situação Irregular, 
resultado do Código Civil de 1916, conhecido como normatização voltada aos 
direitos dos maiores, de modo que as crianças e adolescentes não eram, portanto, 
percebidos como sujeitos de direitos. 
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Posteriormente, a Constituição de 1934 trouxe em seu texto questões pertinentes 
à criança e ao adolescente impedindo, por exemplo, o trabalho noturno realizado 
por menores de 16 anos de idade. A Constituição de 1937 trouxe em seu texto 
uma amplitude acerca da proteção da criança referindo que a infância e a 
juventude são objetos de cuidado e garantias especiais por parte do Estado e dos 
municípios, devendo ser garantido a elas o acesso ao ensino público e gratuito. 
“Art. 127. A infância e a juventude devem ser 
objeto de cuidados e garantias especiais por 
parte do Estado que tomara todas as medidas 
destinadas a assegurar-lhes condições físicas e 
morais de vida sã e de harmonioso 
desenvolvimento das suas faculdades. O 
abandono moral e intelectual ou físico da 
infância e da juventude importará falta grave 
dos responsáveis por sua guarda e educação, e 
cria ao Estado o dever de provê-las do conforto 
e dos cuidados indispensáveis à preservação 
física e moral. Aos pais miseráveis assiste o 
direito de invocar o auxílio e proteção do 
Estado para a subsistência e educação da sua 
prole.” 
(BRASIL, 1937) 
• Em 1979 
Foi publicado o novo Código de Menores (Lei nº 6.697/79), 
substituindo o código anterior, mas mantendo a natureza 
repressiva e assistencialista, fazendo menção ao menor em 
situação irregular, ou seja, os menores de 18 anos de idade que 
tivessem cometido alguma conduta infracional, ou que 
tivessem sofrido maus-tratos, ou que estivessem abandonados. 
Ao Juiz de Menores era concedido o poder de decidir o destino 
das crianças, permitindo tratamentos discricionários e 
julgamentos baseados na situação irregular. 
• Na década de 1980 
que se deu mais ênfase à preocupação com a proteção de 
crianças e adolescentes. O texto constitucional de 1988 trouxe 
uma gama de garantias dos direitos desse grupo especial, 
atribuindo não apenas ao Estado, mas também à família e à 
sociedade a responsabilidade de assegurar a efetividade de tais 
direitos. Foi com a Constituição de 1988 que se adotou a 
proteção integral da criança, “a população infanto-juvenil deixa 
de ser tutoria/discriminatória para tornar-se sujeito de direitos” 
(BRUÑOL, 2001, p. 39). 
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do 
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao 
jovem, com absoluta prioridade, o direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de 
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade 
e opressão.” 
(BRASIL, 1988) 
A mudança ocorrida no tratamento da criança e do adolescente a partir da 
Constituição de 1988, adotando a teoria da proteção integral, possibilitou o 
surgimento de um tratamento jurídico específico para esse grupo especial: 
o ECA, Lei nº 8.069/1990, pautado no disposto no inciso XV, do art. 24, da 
Constituição Federal de 1988, e inspirado nas normas internacionais de direitos 
humanos, tais como a Declaração Universal de Direitos Humanos, a Declaração 
Universal dos Direitos da Criança e a Convenção sobre os Direitos da Criança. 
 O ECA surge com uma nova 
proposta de proteção e efetividade 
dos direitos das crianças e dos 
adolescentes impondo mudanças nas 
políticas públicas voltadas ao 
tratamento destes, percebidos, então, 
como sujeitos de direitos. 
Doutrina da Proteção Integral da 
criança e do adolescente 
O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão 
brasileiro que nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as 
exigências físicas até o aprimoramento moral e espiritual. 
Nesse contexto moderno, com visão mais humana e amparada por um conjunto 
de princípios e regras que regem diversos aspectos da vida, desde o nascimento 
até a maioridade, a Lei nº 8.069/1990, estabelece a necessidade de proteção 
integral registrando em seu artigo 1º que “Esta Lei dispõe sobre a proteção 
integral à criança e ao adolescente”; abandonando, por conseguinte, a Doutrina 
da Situação Irregular para adotar a Doutrina da Proteção Integral. 
 
Fonte: Por ProStockStudio / Shutterstock. 
Por proteção integral, entende-se o conjunto amplo de mecanismos jurídicos 
voltados à tutela da criança e do adolescente, tendo ligação com o princípio do 
melhor interesse infanto-juvenil, considerando que a criança e o adolescente são 
sujeitos de direitos em relação à família, ao Estado e à sociedade. A Doutrina da 
Proteção Integral pondera, ainda, que a criança e o adolescente são pessoas que 
estão em desenvolvimento físico, o que lhes torna especiais frente aos adultos no 
sentido de necessitarem de estruturações especiais e diversas para atendê-los. 
O ECA deve ser interpretado e aplicado com foco nos fins sociais a que se 
destina, uma vez que, na verdade, em situação irregular estão as famílias, que 
carecem de infraestrutura e que abandonam as crianças. Os pais descumprem os 
deveres do poder familiar; o Estado não cumpre as políticas sociais básicas. 
 Fonte: Por gst / Shutterstock. 
 
Dessa forma, o ECA está voltado para o desenvolvimento da população infanto-
juvenil do país, garantindo proteção especial a este segmento considerado como 
pessoas em desenvolvimento, não tendo a percepção apenas repressora e 
punitiva característica do Código de Menores – este, nitidamente de natureza 
judicial –, mas sim uma percepção pedagógica norteada de medidas 
socioeducativas e protetivas, buscando sempre a ressocialização da criança e do 
adolescente. 
Afirmando que apenas por meio da educação, do tratamento e da prevenção é 
que se terá uma redução da delinquência juvenil, diversos órgãos foram criados 
com a intenção de implementar o ECA e efetivar os direitos das crianças e 
adolescentes, como os Conselhos de Direitos, os Conselhos Tutelares, os Fundos 
da Criança, bem como a ação civil pública para a responsabilização de 
autoridades que, por ação ou omissão, descumprirem o estatuto. 
Atenção 
É relevante ressaltar, por fim, que o ECA rompe com a barreira da situação 
irregular resguardada noCódigo de Menores, pois os direitos assegurados não 
estão direcionados apenas àqueles que se encontram em situação irregular, mas 
sim a toda e qualquer criança, todo e qualquer adolescente, independentemente 
da situação em que se encontre, pois todos são sujeitos de direitos 
Menor, criança e adolescente 
Na concepção técnica jurídica, a expressão 
“menor” designa aquela pessoa que não 
atingiu ainda a maioridade, ou seja, os 18 
anos de idade, não lhe sendo atribuída a 
imputabilidade penal, nos termos do art. 104 
do ECA e do art. 27 do Código Penal. 
 Fonte: Por Tasty_Cat / Shutterstock. 
 
Por outro lado, a palavra menor utilizada pelo Código de Menores, era sinônimo 
de pessoa carente, abandonada, delinquente, infratora, pivete, ou seja, a pessoa 
estigmatizada como sendo um indivíduo em situação irregular. Isso estava em 
conformidade com a doutrina da época, a Doutrina da Situação Irregular, a qual 
acabou por provocar o preconceito e a marginalização, gerando até mesmo 
traumas nos sujeitos. 
Voltado para a proteção integral dos infantes e dos jovens respeitando as 
peculiaridades de seu desenvolvimento e condições de amadurecimento, o 
legislador considerou ser mais adequado substituir o termo menor cuja 
conotação era pejorativa para a criança e o adolescente. 
O ECA tem como objetivo distinguir o atendimento socioeducativo, pela 
definição dos conceitos de criança e adolescente, fundado no aspecto da idade, 
não levando em consideração sua condição social ou econômica, ponderando 
apenas o processo de desenvolvimento físico e intelectual em que estão tais 
indivíduos. Dessa forma, conforme previsto no artigo 2º, criança é toda pessoa 
até doze anos de idade incompletos. Já adolescente é aquele que estiver entre os 
doze e os dezoito anos de idade. 
A distinção entre criança e adolescente tem importância em diversos aspectos, 
entre eles na aplicação de medidas socioeducativas quando da prática de um ato 
infracional, pois, para a criança, não será aplicada qualquer medida 
socioeducativa, mas de proteção. As medidas socioeducativas serão aplicadas 
somente aos adolescentes, conforme previsto pelo artigo 105 do ECA. 
Exemplo 
Outro exemplo que ressalta a importância da distinção entre crianças e 
adolescentes é a Lei nº 13.257/2016 que dispõe políticas públicas e estabelece 
princípios e diretrizes para a formulação e a implementação de políticas públicas 
para a primeira infância, ou seja, os primeiros 06 anos de vida. 
É relevante ressaltar que o ECA, no artigo 2º, em seu parágrafo único, permite 
que o atendimento aos adolescentes ultrapasse o limite dos 18 anos de idade em 
situações excepcionais. Isso ocorre em face da hipótese da maioridade civil, 
pois, à época da entrada em vigor do estatuto, estava vigente o antigo Código 
Civil, a Lei nº 3.071/1916. Com a chegada do novo Código Civil em 2002, 
a Lei nº 10.406/2002, foi alterada a maioridade civil, sendo esta reduzida para 
18 anos de idade (CC, art. 5º, caput). 
É possível, dessa forma, o atendimento aos adolescentes que tenham mais de 18 
anos de idade, por exemplo, a possibilidade de adoção de maior de 18 anos, nas 
hipóteses em que o adotando já se encontre sob os cuidados e a guarda dos 
adotantes, conforme previsto no artigo 40 do ECA, ou quando, por exemplo, é 
autorizada a aplicação e o cumprimento de medida socioeducativa de internação 
até os 21 anos de idade, conforme previsto no artigo 121, parágrafo 5º do mesmo 
estatuto. 
Atenção 
É importante destacar a Lei nº 13.431/2017, que estabeleceu o sistema de 
garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de 
violência. Ela cria mecanismos para prevenir e coibir a violência e dispõe sobre 
a hipótese de aplicação excepcional de seus preceitos para as pessoas entre 18 e 
21 anos: 
“Art. 3. Na aplicação e interpretação desta lei 
serão considerados os fins sociais a que ela se 
destina e, especialmente, as condições 
peculiares da criança e do adolescente como 
pessoas em desenvolvimento, às quais o 
Estado, a família e a sociedade devem assegurar 
a fruição dos direitos fundamentais com 
absoluta prioridade.” 
“Parágrafo único. A aplicação desta lei é 
facultativa para as vítimas e testemunhas de 
violência entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) 
anos, conforme disposto no parágrafo único do 
art. 2º da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 
(Estatuto da Criança e do Adolescente).” 
(BRASIL, 2017) 
Sendo assim, o jovem terá um tratamento diferenciado, como escuta e 
depoimento especiais, visando oferecer a ele um sistema que lhe proteja os 
direitos de maneira mais eficaz, mesmo que a apuração da violência ocorra 
depois de a vítima ou testemunha ter atingido a maioridade. 
Criança e adolescente como sujeitos 
de direitos fundamentais 
Os direitos fundamentais da criança e do adolescente estão previstos no ECA, a 
partir do artigo 7º, os quais, pela leitura do Livro, depreendemos que são os 
mesmos direitos de qualquer pessoa humana. No entanto, por se tratarem de 
pessoas em desenvolvimento, deverão ter oportunidades que potencializem o seu 
estado físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e 
dignidade. Conforme o disposto no artigo 3º do ECA, incluído pela Lei nº 
13.257/2016: 
“Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de 
todos os direitos fundamentais inerentes à 
pessoa humana, sem prejuízo da proteção 
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-
lhes, por lei ou por outros meios, todas as 
oportunidades e facilidades, a fim de lhes 
facultar o desenvolvimento físico, mental, 
moral, espiritual e social, em condições de 
liberdade e de dignidade.” 
“Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta 
Lei aplicam-se a todas as crianças e 
adolescentes, sem discriminação de nascimento, 
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou 
cor, religião ou crença, deficiência, condição 
pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, 
condição econômica, ambiente social, região e 
local de moradia ou outra condição que 
diferencie as pessoas, as famílias ou a 
comunidade em que vivem.” 
(BRASIL, 2016) 
Em consonância com o previsto no artigo descrito, podemos estabelecer três 
princípios básicos que norteiam a proteção dos direitos fundamentais da criança 
e do adolescente, resguardando a situação de sujeitos de direito deles. São eles: 
 
A 
A criança e os adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais 
assegurados a toda pessoa humana; 
 
B 
Possuem direito à proteção integral; 
 
C 
A eles são garantidos todos os instrumentos necessários para assegurar seu 
desenvolvimento físico, mental, moral e espiritual, em condições de liberdade e 
dignidade. 
Adotando a Doutrina de Proteção Integral, que atribui a função de resguardar a 
criança e o adolescente não apenas ao Estado mas também à família e à própria 
sociedade, e seguindo a orientação do texto constitucional (art. 227, CF/1988), o 
ECA mantém tal diretriz de forma expressa estabelecendo que, primeiramente, a 
família e, supletivamente, o Estado e a sociedade têm o dever de assegurar, com 
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos fundamentais. Deixa claro que não 
é suficiente que um órgão ou entidade se encarregue de tal função; é necessário 
que haja um esforço conjunto, uma atuação articulada entre família, Estado e 
sociedade: 
“Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da 
sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos referentes à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade 
compreende: 
a) primazia de receber proteção e socorro em 
quaisquer circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços 
públicos ou de relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execuçãodas 
políticas sociais públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos 
nas áreas relacionadas com a proteção à 
infância e à juventude.” 
(BRASIL, 1990) 
Atenção 
É importante ressaltar que o ECA destaca, em primeiro lugar, a participação da 
família como forma de resguardar a criança e o adolescente, pois se entende que 
antes de qualquer outro órgão, a família é responsável por todo o trabalho 
desenvolvido em benefício das crianças e dos adolescentes, pela proteção e 
segurança destes. 
No artigo 19 do ECA é enfatizado novamente o convívio não apenas com a 
família, mas com a comunidade, agora como direito; registrando expressamente 
que “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da 
sua família e excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência 
familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”. 
Nota-se, por conseguinte, a preocupação não apenas com relação ao jovem 
infrator, como ocorria nos códigos anteriores (Código de Menores), mas 
efetivamente com o ser humano criança e com o ser humano adolescente. 
Digiácomo e Digiácomo referem-se à garantia de prioridade prevista no 
parágrafo único do artigo 4º, que deverá ser promovida e fiscalizada pelo 
Ministério Público, do seguinte modo: 
“[...] o princípio da prioridade absoluta à 
criança e ao adolescente deve nortear a atuação 
de todos, em especial do Poder Público, para 
defesa/promoção dos direitos assegurados a 
crianças e adolescentes. A clareza do 
dispositivo em determinar que crianças e 
adolescentes não apenas recebam uma atenção 
e um tratamento prioritários por parte da 
família, sociedade e, acima de tudo, do Poder 
Público, mas que esta prioridade seja absoluta 
(ou seja, antes e acima de qualquer outra), 
somada à regra básica de hermenêutica, 
segundo a qual “a lei não contém palavras 
inúteis”, não dá margem para qualquer dúvida 
acerca da área que deve ser atendida em 
primeiríssimo lugar pelas políticas públicas e 
ações de governo. O dispositivo, portanto, 
estabelece um verdadeiro comando normativo 
dirigido em especial ao administrador público, 
que em suas metas e ações não tem alternativa 
outra além de priorizar – e de forma absoluta – 
a área infanto-juvenil, como vem sendo 
reconhecido de forma reiterada por nossos 
Tribunais (exemplos dessa jurisprudência se 
encontram compilados ao longo da presente 
obra).” 
(DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2017) 
A destinação privilegiada dos recursos públicos nas áreas relacionadas com a 
proteção à infância e à juventude está assegurada no próprio ECA por meio dos 
artigos 59, 87, 88 e artigo 261, parágrafo único. 
Voltado à proteção da criança e do adolescente, o ECA estabelece ainda, em seu 
artigo 5º, que é dever de todos a função de velar por direitos das crianças e 
adolescentes, impedindo que sejam submetidos a negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão: 
“Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será 
objeto de qualquer forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade 
e opressão, punido na forma da lei qualquer 
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos 
fundamentais.” 
(BRASIL, 1990) 
Tal previsão não faz diferenciação diante da ação ou da omissão. Não é 
relevante de que forma a conduta ocorreu, de modo que, em ambas as situações, 
o indivíduo deverá ser punido, pois o objetivo primordial é resguardar os direitos 
fundamentais da criança e do adolescente afirmando o princípio da proteção 
integral destes, bem como o princípio da prioridade absoluta. 
Como já foi dito anteriormente, as crianças e os adolescentes possuem os 
mesmos direitos fundamentais que qualquer outra pessoa, ou seja, possuem 
direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer, à liberdade, entre outros, ressalvado 
o fato de serem pessoas em desenvolvimento. Ciente de tal situação especial, o 
ECA registra, no artigo 15, um tópico destinado ao direito à liberdade e ao 
respeito, a saber: “A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito 
e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como 
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas 
leis” (BRASIL, 1990). 
Como se observa, o ECA enfatiza novamente que se está tratando não de objetos 
de proteção, mas de sujeitos de direitos e, como tal, devem ser tratados e 
respeitados, ressaltando o princípio da dignidade humana previsto pela 
Declaração Universal dos Direitos do Homem e consagrado universalmente. 
Como bem ressalta o artigo transcrito anteriormente, à criança e ao adolescente 
são destinados não apenas os direitos humanos fundamentais, mas também os 
direitos civis e sociais, de tal forma que a violação de tais direitos repercutirá em 
sanções legais, para mera exemplificação. Vejamos a decisão acerca do 
abandono paterno: 
“INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS. 
RELAÇÃO PATERNO-FILIAL. PRINCÍPIO 
DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 
PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE. A dor 
sofrida pelo filho, em virtude do abandono 
paterno, que o privou do direito à convivência, 
ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser 
indenizável, com fulcro no princípio da 
dignidade da pessoa humana.” 
(TA/MG. 7ª C. Civ. Ap. Civ. n° 408.550-5. Rel. Juiz Unias Silva. J. em 01/04/2004) 
A relação de paternidade não é apenas um direito do pai, mas da criança e do 
adolescente, devendo-lhes ser, portanto, assegurado. O descumprimento de tal 
direito importará a possibilidade de ação judicial e a respectiva indenização, 
ainda que não se tenha por interesse tornar patrimonial o sentimento, a relação 
entre pai e filho. O que se pretende em si é aplicar uma sanção ao 
descumprimento do direito inerente à criança e ao adolescente. 
Critério de interpretação do estatuto 
Quando se fala em Estatuto da Criança e do Adolescente, em hipótese alguma 
poderá a interpretação da norma ocorrer de modo a prejudicar a criança ou o 
adolescente – e não poderia ser diferente, uma vez que são os destinatários da 
Doutrina de Proteção Integral adotada pela legislação específica. 
O ECA, em seu artigo 6º, inspirado no artigo 5º da Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro (BRASIL, 1942), estabelece que a lei deverá ser 
interpretada considerando-se “os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do 
bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar 
da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento” (BRASIL, 
1990). Nesse sentido, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal: 
“ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE – INTERPRETAÇÃO. O 
Estatuto da Criança e do Adolescente há de ser 
interpretado dando-se ênfase ao objetivo 
visado, ou seja, a proteção e a integração do 
menor no convívio familiar e comunitário, 
preservando-se-lhe, tanto quanto possível, a 
liberdade. Estatuto da Criança e do Adolescente 
– segregação. O ato de segregação, projetando-
se no tempo medida de internação do menor, 
surge excepcional, somente se fazendo 
alicerçado uma vez atendidos os requisitos do 
artigo 121 da Lei nº 8.069/90.” 
(STF. 1ª T. HC nº 88945/SP. Rel. Min. Marco Aurélio Melo. J. em 04/03/2008). 
Dessa forma, podemos afirmar que, ao interpretar o ECA, sempre será 
priorizado o fim social ligado à proteção integral da criança e do adolescente, 
sobrepondo-se a qualquer outro bem ou interesse judicialmente tutelado, 
levando em conta a destinação social da lei e a condição de pessoas em 
desenvolvimento. 
Saiba mais 
Negligência deriva do latim negligentia e significa desatenção, desleixo. É um 
ato omissivo, por exemplo, a falta de cuidados pelo responsável legal. 
Discriminação é a segregação, a diferenciação, seja por motivos relacionados a 
etnia, religião, gênero, orientação sexual, nacionalidade etc., por exemplo, 
quando não se quer proximidade com criança ou adolescente em razão da cor 
deles. 
Exploração é a forma de extrairde modo irregular algum proveito da conduta 
da criança ou do adolescente, como ocorre, por exemplo, com os denominados 
“pais de rua”, os quais colocam os filhos para pedir esmolas nos semáforos. 
Violência, crueldade e opressão são condutas coercitivas contra o adolescente, 
causando-lhe dor e sofrimento. 
Cabe dano moral para criança de 3 anos? 
A Ministra Nancy Andrighi do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no 
julgamento do Recurso Especial de nº 107.775-9, em 23 de fevereiro de 2010, 
citando o art. 3º do ECA, reconheceu que as crianças e os adolescentes possuem 
o mesmo direito que a pessoa humana adulta, e assim fixou uma indenização no 
valor de R$ 4.000,00 a uma criança de três anos em razão de deficiência na 
prestação do serviço médico e recusa na feitura do exame radiológico (Resp. 
103.775-9, j. 23-2-2010). 
Atenção 
Nas comunidades indígenas, não é comum a utilização da 
expressão adolescente. 
Em relação às crianças e adolescentes indígenas, o Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança baixou, em 2003, a Resolução 91, regulamentando a 
aplicação do ECA para eles, devendo ser observadas as peculiaridades 
socioculturais das comunidades indígenas, em consonância com o art. 231 da CF 
(BRASIL, 1988). 
Ocorre que o índio, ao passar pela puberdade e pelo seu respectivo “ritual de 
passagem”, deixa de ser criança e é considerado um adulto. 
O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão brasileiro 
que nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as exigências 
físicas até o aprimoramento moral e religioso. 
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O ECA adota, por conseguinte, a teoria de Proteção Integral, definindo que a 
função de resguardar a criança e o adolescente não é apenas uma função do 
Estado, mas também da família e da própria sociedade. Seguindo a orientação 
constitucional, o estatuto mantém a mesma diretriz de forma expressa 
estabelecendo que, primeiramente, a família e, supletivamente, o Estado e a 
sociedade têm o dever de assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos 
direitos fundamentais. 
Deixa claro que não é suficiente que um órgão ou entidade se encarregue de 
tal função, é necessário que haja um esforço conjunto, uma atuação 
articulada entre família, Estado e sociedade. 
Atividade 
1. O artigo 4º da Lei Federal nº 8.069/90, ECA, estabelece que é dever da 
família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, 
com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária e, em 
seu parágrafo único, esclarece que a garantia de prioridade compreende, além de 
outras, a: 
a) Primazia na destinação de recursos voltados à proteção e ao socorro nas instituições 
públicas. 
b) Primazia na destinação de recursos para atendimento emergencial exclusivamente no 
sistema público de saúde. 
c) Primazia na formulação e na execução das políticas públicas voltadas ao esporte. 
d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à 
infância e à juventude. 
e) Destinação privilegiada de recursos materiais e financeiros voltados ao atendimento 
em instituições particulares especializadas. 
 
Gabarito comentado 
2. O ECA, em vigor no Brasil a partir da Lei nº 8.069, desde 1990, dispõe sobre 
a atenção integral à criança e ao adolescente. De acordo com tal estatuto, 
assinale a alternativa correta: 
a) É considerada adolescente a pessoa entre 14 e 18 anos. 
b) É considerada adolescente a pessoa a partir dos 15 anos de idade completos. 
c) É considerada criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos. 
d) É considerada adolescente a pessoa a partir dos 13 anos. 
e) É considerada criança a pessoa até 12 anos completos. 
 
Gabarito comentado 
3. Assinale V (Verdadeiro) ou F (Falso) para as assertivas a seguir: 
a) O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão 
brasileiro que nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as 
exigências físicas até o aprimoramento moral e espiritual. 
VerdadeiroFalso 
b) Devemos entender por proteção integral o conjunto amplo de mecanismos 
jurídicos voltados à tutela da criança e do adolescente, não tendo ligação com o 
princípio do melhor interesse infanto-juvenil. 
VerdadeiroFalso 
c) Criança é aquela pessoa com 12 anos incompletos; adolescente, dos 12 anos 
completos aos 18 anos incompletos. 
VerdadeiroFalso 
d) O ECA está voltado para o desenvolvimento da população infanto-juvenil do 
país, garantindo proteção especial a este segmento considerado composto por 
pessoas em desenvolvimento. 
VerdadeiroFalso 
 
Gabarito comentado 
4. Julgue certo ou errado o item subsecutivo acerca do ECA. 
“O poder público, a família, a sociedade e a comunidade devem garantir a 
efetivação dos direitos da criança e do adolescente”. 
 
Aula 3: Dos direitos fundamentais da 
criança e do adolescente 
Apresentação 
Iniciaremos os estudos sobre os direitos fundamentais da criança e do 
adolescente, como o direito à vida e à saúde, o direito à liberdade, ao respeito 
e à dignidade, o direito à convivência familiar e à comunitária, o direito à 
educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, o direito à profissionalização e à 
proteção no trabalho, compreendendo que tais indivíduos em formação são 
sujeitos de direitos básicos. A condição de pessoas em desenvolvimento desse 
grupo especial o torna detentor de oportunidades e faculdades que 
potencializam seu estado físico, mental, moral, espiritual e social, em 
condições de liberdade e dignidade. 
Objetivos 
• Descrever os direitos fundamentais da criança e do adolescente; 
• Reconhecer que a criança e o adolescente são sujeitos de direitos 
fundamentais; 
• Demonstrar que a criança e o adolescente são detentores de 
oportunidades e faculdades que potencializam o estado físico, mental, 
moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. 
Direitos e garantias fundamentais da 
criança e do adolescente 
Já sabemos que as crianças e os adolescentes foram reconhecidos, pela 
Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente de 1990, como sujeitos de direitos humanos fundamentais e, 
consequentemente, passaram a receber um tratamento jurídico diferenciado. 
Mas quais são os direitos devidos a esse grupo especial de seres em 
desenvolvimento? 
Eles são os mesmos direitos de qualquer pessoa humana, a começar pelo 
direito à vida, pois, sem ela, todos os outros direitos não fazem sentido. 
Discutiremos, a seguir, os direitos fundamentais a que crianças e adolescentes 
fazem jus, esclarecendo os principais pontos de cada um deles. Acompanhe. 
 (Fonte: howcolour / Shutterstock) 
 
Dos direitos fundamentais 
Recepcionando a Doutrina da Proteção Integral, a Constituição da 
República Federativa do Brasil (CF), promulgada em 5 de outubro de 1988, 
passou a atribuir uma gama de garantias e direitos à criança e ao adolescente, 
corroborando a teoria de que são sujeitos de direitos. O artigo 227 faz 
referência expressa aos direitos considerados fundamentais, os quais, portanto, 
não podem ser suprimidos ou desconsiderados por qualquer indivíduo ou pelo 
Poder Público: 
"Art. 227. É dever da família, da 
sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao 
lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda 
forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e 
opressão." 
- Brasil, 2008-B. 
Os direitos descritos no artigo 227 da CF são de caráter prestacional, ou seja, 
os pais ou responsáveis, a sociedade e o Poder Público têm o dever de prestá-los. Eles foram recepcionados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA) de tal forma que: 
Do art. 7º ao art. 14º 
Estão previstos o direito à vida e à saúde. 
Do art. 15º ao art. 18º 
Estão previstos os direitos relacionados à liberdade, ao respeito e à dignidade 
humana. 
Do art. 19º ao art. 52º 
Estão previstos os direitos relativos ao direito à convivência familiar e 
comunitária. 
Artigo 59º 
Estão previstos os pontos relativo à cultura, ao esporte e ao lazer. 
Do art. 60º ao art. 69º 
Estão previstos os direitos relativos à profissionalização e ao trabalho. 
Direito à vida e à saúde 
Dentre os direitos fundamentais protegidos e assegurados pela lei, o direito à 
vida destaca-se pela importância, pois não seria possível tratar de qualquer 
outro tipo de tutela de direitos ou princípios e regras sem a existência da vida 
humana. 
Com ele, desponta o direito à saúde, pois não há sentido em defender o direito 
à vida sem que haja saúde. Para tanto, o referido artigo obriga o Poder 
Público, nas esferas federal, estadual e municipal, a reservar parte do 
orçamento à aplicação de ações com vistas ao atendimento do bem coletivo. 
 (Fonte: yavyav / Shutterstock) 
 
 (Fonte: Serhii Bobyk / Shutterstock) 
 
As medidas protetivas não se destinam apenas às crianças e aos adolescentes, 
mas também àquele que ainda vai nascer, passando, por conseguinte, pelo 
cuidado com a gestante e o atendimento hospitalar. 
Desse modo, a redação das Leis nº 13.257/2016 e nº 13.798/2019 garante o 
acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento 
reprodutivo. Institui a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na 
Adolescência, objetivando difundir informações sobre medidas preventivas e 
educativas que permitam a redução da gravidez juvenil. 
Da mesma maneira, o ECA determina que o Estado e os empregadores da 
iniciativa privada têm o dever de proporcionar condições adequadas para o 
aleitamento materno (art. 9º). O direito ao aleitamento está previsto inclusive 
na Consolidação dos Direitos Trabalhistas, a qual, em seu artigo 396, prevê 
o direito de aleitamento à empregada, bem como às mães que estejam 
cumprindo medida socioeducativa de privação de liberdade, conforme o artigo 
63 §2º da Lei nº 12.594/2012, que cria o Sistema Nacional de Atendimento 
Socioeducativo (SINASE). 
 (Fonte: ESB Professional / Shutterstock) 
 
Recuperação da criança e do adolescente 
internados 
Assegurar condições adequadas para a recuperação da criança e do 
adolescente internados também é tema do ECA. Este determina que as 
instituições hospitalares devam proporcionar condições aos pais ou 
responsável, para que permaneçam com a criança ou o adolescente internado 
em tempo integral. 
Desfrutar a companhia dos pais é um direito 
deles e, como tal, deve ser resguardado. Caso 
haja violação desse direito, responde-se 
judicialmente. 
O artigo 10º do ECA traz um rol de obrigações a serem cumpridas por todos 
os estabelecimentos de saúde e hospitais, sejam eles públicos ou particulares, 
visando regular a adequada identificação dos recém-nascidos e de suas 
genitoras, para evitar a troca de identidades e garantir a orientação e o 
acompanhamento técnico no período das primeiras amamentações: 
"Art. 10. Os hospitais e demais 
estabelecimentos de atenção à saúde de 
gestantes, públicos e particulares, são 
obrigados a: 
I. Manter registro das atividades 
desenvolvidas, através de 
prontuários individuais, pelo 
prazo de dezoito anos; 
II. Identificar o recém-nascido 
mediante o registro de sua 
impressão plantar e digital e da 
impressão digital da mãe, sem 
prejuízo de outras formas 
normatizadas pela autoridade 
administrativa competente; 
III. Proceder a exames visando ao 
diagnóstico e terapêutico de 
anormalidades no metabolismo do 
recém-nascido, bem como prestar 
orientação aos pais; 
IV. Fornecer declaração de nascimento 
onde constem necessariamente as 
intercorrências do parto e do 
desenvolvimento do neonato; 
V. Manter alojamento conjunto, 
possibilitando ao neonato a 
permanência junto à mãe; 
VI. Acompanhar a prática do processo 
de amamentação, prestando 
orientações quanto à técnica 
adequada, enquanto a mãe 
permanecer na unidade hospitalar, 
utilizando o corpo técnico já 
existente. 
- Brasil, 2008-A. 
A seguir veremos mais sobre o assunto. 
 
 
SUS, pessoa com deficiência e integridade da criança 
 
 Clique no botão acima. 
Atividade 
1. Acerca dos direitos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, 
assinale a opção correta: 
a) Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe no pré e 
no pós-natal, desde que esta não manifeste interesse em entregar os filhos à adoção. 
b) No SUS, não há previsão legal de atendimento preferencial da parturiente pelo médico que 
a acompanhou no período pré-natal. 
c) É previsto atendimento pré e perinatal à gestante, por meio do SUS, incluindo assistência 
psicológica, como forma de prevenir ou minorar as consequências de estado puerperal. 
d) Incumbe ao poder público proporcionar apoio alimentar somente à nutriz; pois isso, 
resultará no desenvolvimento físico adequado da criança. 
e) Para que a gestante seja encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, basta que haja 
necessidade específica. 
 
Gabarito Comentado 
Do direito à liberdade, ao respeito e à 
dignidade 
O Capítulo II do ECA vincula-se ao princípio da dignidade humana 
referenciado pelo texto constitucional em seus artigos 1º e 5º. O princípio 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar1
reconhecido internacionalmente aplica-se a todo e qualquer indivíduo 
indiferentemente de idade, sexo, raça, cor e condição econômica, entre outros. 
Dessa forma, a liberdade, o respeito e a 
dignidade da pessoa humana são valores 
sociais que permeiam todo o sistema 
normativo. 
 
(Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock) 
 
O artigo 15º do ECA garante a liberdade, o respeito e a dignidade às crianças e 
adolescentes, considerando a peculiaridade de se tratar de pessoas em 
processo de desenvolvimento e sujeitos de direitos civis, humanos e sociais. 
O texto legal garante a liberdade sob as suas mais variadas formas: 
• A liberdade de ir e vir bem como de estar nos logradouros públicos e 
espaços comunitários ressalvadas as restrições legais; 
• A liberdade de opinião e de expressão; 
• O direito de crença e de culto religioso, de brincar, de praticar esportes 
e se divertir; 
• A liberdade de participar da vida familiar e comunitária sem 
discriminação, de participar da vida política e buscar refúgio, auxílio e 
orientação. 
São direitos que devem ser assegurados e muitos dependem da articulação de 
diversos órgãos para efetivação, a exemplo da Lei nº 10.891/2004 que criou 
a Bolsa Atleta para atletas olímpicos e paraolímpicos, de forma a incentivar a 
prática de esportes; a necessidade de participação da família na orientação e 
educação das crianças e dos adolescentes que, muitas vezes, acabam por 
necessitar de apoio e orientação de órgãos e programas específicos de 
atendimento à criança. 
No que diz respeito ao divertimento, há outros dispositivos que tutelam o 
ingresso e a permanência de crianças e adolescentes em shows e casas de 
espetáculos (art. 74-76, ECA). 
 
Atenção 
O direito ao respeito previsto no ECA se vincula à integridade física, 
psicológica e moral, abrangendo a preservação da identidade, da autonomia, 
dos valores, da ideias e das crenças bem como a preservação dos espaços e 
objetos pessoais da criança e do adolescente, evitando traumas e exposições 
que muitas vezes trazem consequências irreversíveis. Ressaltamos que a 
violação de qualquer desses direitoscaracteriza o desrespeito ao princípio da 
proteção integral e do melhor interesse da criança, sendo passível, em algumas 
situações, de indenização, como na divulgação de imagem sem autorização 
dos pais ou responsáveis. 
Diante do exposto é que a lei estabelece que não se trata apenas de um dever 
dos pais ou do Estado mas de todos, sejam governantes ou não, a proteção da 
criança e do adolescente inibindo todo o tratamento desumano, violento, 
aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18, ECA). A criança e o 
adolescente detêm o direito de serem educados sem o uso de castigo físico, 
tratamento cruel ou degradante como forma de correção, disciplina e 
educação. 
Dessa forma, e considerando o respeito aos direitos da criança e do 
adolescente, todos têm o dever de atuar em defesa destes diante de uma 
violação ou ameaça de violação, sob pena de responsabilização pela omissão. 
Como vimos, a liberdade de participar da vida familiar e comunitária sem 
discriminação é um direito garantido pelo artigo 15º do ECA. Agora, veremos 
mais detalhe sobre esse direito. 
 
 
Direito à convivência familiar e comunitária 
 
 Clique no botão acima. 
Da família natural 
O conceito de família natural ou família de origem está previsto no art. 25 
do ECA. Trata-se da comunidade formada por pais, ambos ou um só, e filhos, 
abarcando também a família monoparental (formada por apenas um dos pais e 
seus descendentes), não fazendo nenhuma menção ao casamento. 
Como já mencionado, em prol do princípio do melhor interesse, a preferência 
será sempre assegurar a convivência da criança e do adolescente com sua 
família natural e somente em situações excepcionais ela será adotada por uma 
família substituta. 
 
 
Para dar uma amplitude à noção de família, o ECA, no parágrafo único do 
artigo 25, trata da família extensa ou ampliada, ou seja, aquela que se estende 
para além da unidade de pais e filhos ou da unidade do casal, formada por 
parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e mantém 
vínculos de afinidade e afetividade. 
Um exemplo são as crianças ou os adolescentes criados por irmãos mais 
velhos, tios ou avós. É importante frisar que não estão inclusos na família 
ampliada todos os parentes dos pais, mas somente aqueles que possuírem 
vínculos de afetividade e afinidade. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#complementar2
Saiba mais 
Também existe a família recomposta. Apesar de não ser mencionada no ECA, 
ela é reconhecida pela doutrina e caracteriza-se por homens e mulheres, com 
filhos de relacionamentos anteriores, que se casam ou vivem em relação de 
união estável. 
No que se refere ao reconhecimento de filho, o artigo 26 do ECA possibilita 
que tal ato jurídico ocorra no termo de nascimento, por meio de escritura 
pública ou outro documento público competente, independentemente da 
origem da filiação, podendo preceder o nascimento ou mesmo suceder ao 
falecimento, sendo irrevogável, ainda que feito em testamento (art. 1.610, 
CC). Considerando que é um ato jurídico, não poderá ser definida a gama de 
efeitos que dele irão decorrer ou não, ou seja, não há a possibilidade de 
reconhecido o filho negar-lhe os direitos sucessórios ou mesmo o sobrenome. 
Paralelo ao direito do pai de reconhecer o filho existe o direito do filho de 
conhecer a filiação e de ver reconhecido o vínculo familiar, conforme o art. 27 
do ECA. Nesse caso, o reconhecimento é personalíssimo, indisponível e 
imprescritível. Como se trata de direito da criança e do adolescente, não 
compete à genitora dele dispor ou mesmo abrir mão. Conhecer a paternidade 
biológica é um direito fundamental da criança e do adolescente devendo, 
portanto, ser apurada na forma da lei. 
Da família substituta 
Por família substituta se entende aquela em que a criança ou o adolescente é 
inserido quando é impossível a permanência com a família natural. O ECA 
indica, no artigo 28, as três formas de inserção em família substituta: 
Clique nos botões para ver as informações. 
Guarda 
Tutela 
Adoção 
Ainda que se considere como fundamento a 
impossibilidade da permanência do convívio 
com a família natural, o ECA, em respeito ao 
princípio do melhor interesse, ressalta que a 
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#collapse01-02
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html#collapse01-03
criança deve ser ouvida e que o adolescente 
deve consentir em ser inserido em família 
substituta. 
A identificação de uma família substituta é realizada com a máxima 
responsabilidade, pois ela deve proporcionar um ambiente adequado ao 
crescimento saudável. Dessa forma, considera-se o grau de parentesco e 
afinidade ou afetividade, pois o intuito é assegurar à criança e ao adolescente 
uma vida digna. Trata-se de um trabalho gradativo no que diz respeito à 
adaptação e ao acompanhamento posterior. 
Na hipótese de irmãos, o objetivo será a manutenção do grupo no momento da 
substituição familiar, evitando separá-los ao colocá-los em lares diversos. 
 (Fonte: pixelheadphoto digitalskillet / Shutterstock) 
 
Considerando que o ECA se direciona a toda e qualquer criança ou 
adolescente, a lei faz referência de forma expressa a crianças e adolescentes 
provenientes de comunidade remanescente de quilombo ou indígena, 
mencionando que é obrigatório observar e respeitar a identidade social e 
cultural, os costumes e as tradições, devendo a inserção ocorrer no seio da 
comunidade ou em meio a membros de mesma etnia (art. 28, ECA). 
Atenção 
A inserção da criança ou do adolescente em famílias substitutivas é ato de 
competência privativa da autoridade judiciária. Sendo assim, não poderão ser 
transferidos a terceiros ou a entidades governamentais, pois isso somente 
ocorrerá mediante intervenção de autoridade judiciária, que procederá 
cautelosamente respeitando os direitos fundamentais da criança ou do 
adolescente, bem como o princípio do melhor interesse. 
Por fim, o ECA esclarece que a inserção da criança e do adolescente em 
famílias substitutivas estrangeiras será medida de natureza excepcional, pois a 
preferência será sempre das famílias nacionais (art. 31, ECA). 
Atividade 
2. Julgue se a afirmativa é verdadeira ou falsa. 
“Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além 
da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes 
próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e mantém vínculos 
de afinidade e afetividade.” 
 
Gabarito Comentado 
3. Julgue se a afirmativa é verdadeira ou falsa. 
“Existe cláusula impeditiva na Lei nº 8.069/90 à adoção por irmão e pelos 
ascendentes do adotando.” 
 
Gabarito Comentado 
Do direito à educação, à cultura, ao 
esporte e ao lazer 
O direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer estão ligados ao 
desenvolvimento sadio e pleno das crianças e adolescentes. Por isso, estão 
elencados no rol dos direitos fundamentais dos artigos 53 a 59. 
No que se refere ao direito à educação, e alinhado ao texto constitucional 
(art. 208, CRFB), o ECA ressalta a necessidade de promover meios para que a 
criança e o adolescente sejam preparados efetivamente para o exercício da 
cidadania, além de serem qualificados para o trabalho. 
 (Fonte: wavebreakmedia / Shutterstock) 
 
Vejamos sobre as responsabilidades relacionadas a educação: 
 
Responsabilidade do responsável 
Da mesma forma que se impõem ao Estado deveres voltados à inserção da 
criança e do adolescente no sistema educacional de forma isonômica, também se 
preveem deveres dos pais (art. 55, ECA) ou responsável, por exemplo, a 
obrigação de matricular o filho ou pupiloem rede regular de ensino. Seu 
descumprimento caracteriza crime de abandono intelectual (art. 246, CP). 
 
Responsabilidade da instituição de ensino 
O ECA, no artigo 56, traz importante previsão quanto à responsabilidade dos 
dirigentes de estabelecimentos de Ensino Fundamental reportarem ao Conselho 
Tutelar maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas, evasão escolar e elevado 
nível de repetência. Isso alinhado ao artigo 57, que determina a obrigação do 
Poder Público ao estímulo a pesquisas e novas propostas pedagógicas com vistas 
à inserção de jovens excluídos do Ensino Fundamental. 
Por fim, o ECA aponta a preocupação com o respeito às particularidades 
culturais, artísticas e históricas, de forma que obriga os municípios, com o 
apoio dos estados e da União, a estimularem e facilitarem o destino dos 
recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer (art. 59, 
ECA). 
Do direito à profissionalização e à 
proteção no trabalho 
 (Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock) 
 
O último capítulo do ECA referente aos direitos fundamentais trata do direito 
à profissionalização e à proteção ao trabalho (art. 60 a 69, ECA). Os 
direitos garantidos aqui estão direcionados aos adolescentes, pois a criança, 
sendo considerada como a pessoa que ainda não completou 12 anos, não pode 
trabalhar. O adolescente, a partir de 14 anos completos, pode trabalhar na 
condição de aprendiz. 
Dessa forma, o trabalho realizado pelo adolescente não possui apenas o viés 
de contraprestação pecuniária, devendo respeitar a condição de pessoa em 
desenvolvimento e a capacitação profissional adequada ao mercado de 
trabalho. 
Atenção 
Segundo o ECA, o adolescente possui direito à profissionalização, mas devem 
ser observados o respeito à condição de pessoa em desenvolvimento e à 
capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. 
Atividade 
4. Julgue se a afirmativa é verdadeira ou falsa. 
“De acordo com o ECA, o conselho tutelar pode aplicar, conforme a gravidade 
do caso, medida de encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico 
aos pais que apliquem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como 
formas de disciplina ou correção de comportamento de criança e adolescente.” 
 
Gabarito Comentado 
5. Considerando os direitos fundamentais à profissionalização e à proteção do 
trabalho de crianças e adolescentes, discorra sobre a imagem a seguir. 
 (Fonte: SOMO) 
javascript:void(0);
 
 
Gabarito Comentado 
 
Referências 
 
 
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Créditos 
Redatora: Patrícia Sotello 
Designer Instrucional: Maiara Machado 
Web Designer: Roberta Meireles 
Administrador do LMS: Rostan Luiz 
Aula 4: Do dever de prevenir a 
ameaça ou violação dos direitos da 
criança e do adolescente 
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Apresentação 
Estudaremos as diretrizes gerais de observância dirigidas às diversas atividades, 
determinando o respeito às crianças e aos adolescentes no que concerne à sua 
condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. 
Trataremos das regras dirigidas a atividades específicas, como o acesso a 
diversões e espetáculos públicos, às obrigações das emissoras de rádio e de 
televisão e às obrigações relativas à venda de revistas e publicações. Por fim, 
examinaremos a Lei nº 12.921/2013 e a nova normativa sobre a autorização para 
viajar deferida a crianças e a adolescentes. 
Objetivos 
• Descrever as diretrizes gerais de observância sobre as diversas atividades; 
• Identificar as regras dirigidas a atividades específicas; 
• Apontar a importância da Lei nº 12.921/2013 e da nova normativa sobre a 
autorização para viajar. 
Prevenção à ameaça ou à violação 
dos direitos da criança e do 
adolescente 
Como já estudado anteriormente, as crianças e os adolescentes são titulares de 
direitos humanos como qualquer pessoa, porém, em face de sua condição de 
pessoas em desenvolvimento, ou seja, de se configurarem como seres que estão 
em processo de formação física e psicológica, devem receber um tratamento 
diferenciado. 
Dessa forma, as condutas política, social e econômica do Estado e da sociedade 
devem estar voltadas a resguardar integralmente a criança e o adolescente, 
independentemente da origem, raça, sexo, cor e classe social, uma vez que são 
percebidos como sujeitos de direito. 
 
Fonte: Por New Africa / Shutterstock. 
 
Fonte: Por ambrozinio / Shutterstock. 
 
1. Da prevenção 
Os dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que tratam da 
prevenção à ameaça ou à violação dos direitos da criança e do adolescente 
(artigos 70 a 85) estão intimamente ligados à doutrina da proteção integral e à 
condição peculiar de pessoas em desenvolvimento apresentada por esses 
indivíduos, pois o objetivo primordial é evitar colocá-los em situação de risco. 
Conforme prevê o ECA e, seguindo a doutrina da proteção integral, “é dever de 
todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do 
adolescente”. Da mesma forma, coíbe o uso de castigo físico ou de tratamento 
cruel ou degradante contra crianças e adolescentes (art. 70-A, ECA) sendo 
necessária uma articulação entre os diversos entes do governo para se evitar 
formas violentas de educação. 
Complementando o dispositivo, foi editada a Lei nº 13.046/2014, que introduziu 
ao Estatuto da Criança e do Adolescente o artigo 70-B, cuja redação determina 
que as entidades públicas e privadas que atuem na realização dos direitos da 
criança e do adolescente, como a informação, a cultura, o lazer e o esporte, 
assim como aquelas que recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em 
caráter temporário, devem possuir, em seus quadros, pessoas capacitadas a 
reconhecer e, de imediato, comunicar ao Conselho Tutelar as suspeitas ou casos 
de maus-tratos, o que demonstra a necessidade de constante profissionalização 
da rede de atendimento socioeducativo. 
Atenção 
Cabe lembrar que se está tratando de pessoas em formação, de crianças e 
adolescentes que estão em desenvolvimento e que, portanto, necessitam do 
apoio e do amparo de profissionais efetivamente capacitados a ajudá-los, a 
protegê-los e, cuja omissão deve ser responsabilizada. 
O ECA estabelece, no artigo 71, que “A criança e o adolescente têm direito à 
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços 
que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”. Dessa 
forma, e considerando a prevenção especial disciplinada na lei, divide-se entre 
aquelas medidas relativas ao direito à informação, à cultura, ao lazer e aos 
esportes; medidas destinadas à proteção, no que se refere a diversões e 
espetáculos (artigos 74 a 80); medidas voltadas a produtos e serviços (artigos 81 
e 82); e, à autorização para viajar (artigos 83 a 85), considerando e respeitando 
sempre o fato de a criança e o adolescente serem pessoas em desenvolvimento. 
Considerando a necessidade de resguardar e prevenir violações dos direitos da 
criança e do adolescente, o ECA prevê, ainda, no artigo 73, que a inobservância 
das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou 
jurídica. 
Nesse caso, no âmbito civil, violações ao ECA podem ser reparadas por meio de 
ações individuais ou coletivas, com a ação civil pública, intentada pelo 
Ministério Público ou pela Defensoria Pública (art. 5º da Lei nº 7.347/1985). Por 
sua vez, na seara penal, as responsabilidades são apuradas e punidas por meio 
das ações promovidas pelo Ministério Público. 
Comentário 
A prevenção é o principal meio de se impedir que as crianças e os adolescentes 
sejam submetidos a situaçõesque possam violar-lhes os direitos. Ela pode ser 
aplicada mesmo a jovens que já tenham sido emancipados, pois, embora 
emancipados, não deixam de ser crianças ou adolescentes. 
2. Da informação, cultura, lazer, 
esportes, diversões e espetáculos 
Visando a manutenção de uma vida saudável, o crescimento intelectual e social, 
as crianças e os adolescentes necessitam ter acesso a diversões e espetáculos 
públicos, porém adequados ao seu desenvolvimento, ou seja, à sua faixa etária. 
Para tanto, o Ministério da Justiça intervém com ações de natureza informativa e 
pedagógica, devendo ser exercidas em coparticipação com a própria sociedade. 
Aliados ao ECA nessa missão se tem, também: 
Lei nº 10.359/2001 e o 
Decretonº 6.061/2007 
Relativos ao processo de classificação indicativa de obras audiovisuais destinadas à televisão, ambos do Ministério da 
Justiça/SNJ. 
Portaria nº 1.100/2006 Que dispõe sobre a classificação indicativa de diversões públicas, especialmente obras audiovisuais destinadas a cinema, 
vídeo, DVD, jogos eletrônicos, jogos de interpretação (RPG) e congêneres. 
Portaria nº 1.549/2002 Do Ministério da Justiça, que institui o “Comitê Interinstitucional para Classificação Indicativa de Filmes, Programas 
Televisivos, Espetáculos Públicos e Jogos Eletrônicos e de RPG”, o qual desenvolve função consultiva e opinativa acerca 
da classificação para a faixa etária. 
 
 
Classificação indicativa 
 
Clique no botão acima. 
3. Dos produtos e serviços 
Os artigos 81 e 82 do ECA apresentam um rol de itens, produtos e serviços, cuja 
venda é terminantemente proibida a crianças e adolescentes. A violação do 
dispositivo é tão grave que importa em crime, e nem poderia ser diferente, se o 
que se está buscando é a proteção integral da criança e do adolescente, 
considerados como sujeitos em desenvolvimento, ou seja, pessoas que estão em 
processo de formação física e psicológica, devendo, portanto, receber um 
tratamento especial, diferenciado. 
De acordo com a lei, é proibida a venda de: 
 
1 
Armas, munições e explosivos 
 
2 
Bebidas alcoólicas 
 
3 
Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, 
ainda que por utilização indevida 
 
4 
Fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que, pelo reduzido potencial, 
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida 
 
5 
Bilhetes lotéricos e equivalentes 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar1
 
6 
Revistas e publicações às quais alude o art. 78 
Veja mais sobre outros produtos ou serviços: 
Clique nos botões para ver as informações. 
Revistas e publicações 
Hospedagem 
Produtos em formato de cigarros 
 
Fonte: Por MNStudio / Shutterstock. 
 
4. Da autorização para viajar 
O objetivo de uma regulamentação própria para a viagem de crianças e de 
adolescentes é combater o tráfico desses indivíduos e também o afastamento do 
filho menor da convivência com um dos pais ou responsável. 
Saiba mais 
Anteriormente a lei fazia referência apenas à criança deixando de fora da 
proteção os adolescentes. Isso possibilitava o tráfico interno ou mesmo a fuga 
destes para outras residências que não a dos pais. Porém, em 16 de março de 
2019, foi publicada a Lei nº 13.812, a qual concedeu a mesma proteção ao 
adolescente, bem como instituiu a Política Nacional de Pessoas Desaparecidas. 
Foi criado um cadastro de pessoas desaparecidas, de forma a facilitar a 
comunicação entre as diversas entidades e a localização dos desaparecidos, 
dever não apenas dos estados, mas do Distrito Federal e dos territórios. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#collapse01-01
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#collapse01-02
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#collapse01-03
A busca pelos desaparecidos é considerada prioridade, com caráter de urgência, 
e são considerados desaparecidos, segundo a nova legislação mencionada: 
“(...) pessoa desaparecida: todo ser 
humano cujo paradeiro é 
desconhecido, não importando a causa 
de seu desaparecimento, até que sua 
recuperação e identificação tenham 
sido confirmadas por vias físicas ou 
científicas; criança ou adolescente 
desaparecido: toda pessoa 
desaparecida menor de 18 (dezoito) 
anos.” 
(BRASIL, 2019) 
Dessa forma, resguardando o adolescente, a lei veda que os menores de 16 
(dezesseis) anos possam viajar para fora da comarca em que residem 
desacompanhados dos pais ou dos responsáveis sem a expressa autorização 
judicial. A autorização não é necessária quando se tratar de comarca contígua à 
da residência da criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos se, na 
mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana ou 
quando a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver 
acompanhado de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado 
documentalmente o parentesco, ou de pessoa maior, expressamente autorizada 
pelo pai, mãe ou responsável. 
Cabe ressaltar que, quando a lei faz referência ao responsável, ela está se 
referindo ao responsável legal, de forma que, somente aquele que estiver 
exercendo o poder familiar, ou o tutor, ou o guardião ou mesmo o dirigente da 
entidade de acolhimento em que se encontra a criança ou o adolescente é que 
podem se deslocar com estes. 
 
 
Viagem para o exterior 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula4.html#complementar2
 
Clique no botão acima. 
Atividade 
1. Com relação à autorização para viajar, pode-se afirmar, tomando por base as 
disposições do ECA, que: 
a) Constitui instrumento judicial no exercício da prevenção especial, previsto pelo 
Estatuto. 
b) Constitui instrumento judicial de prevenção geral, previsto pelo Estatuto. 
c) Será dispensada quando se tratar de viagem ao exterior de adolescente acompanhado 
de um dos pais e autorizado pelo outro, em declaração simples, sem maiores 
formalidades. 
d) Será exigida somente quando a criança ou o adolescente menor de 16 anos estiver 
desacompanhado dos pais ou responsável e tratar-se de deslocamento à comarca 
contígua à de sua residência, mesmo que acompanhado de pessoa por eles autorizada. 
e) Será exigida quando a criança ou o adolescente menor de 16 anos estiverem 
desacompanhados dos pais ou responsável e tratar-se de deslocamento à comarca 
contígua à de sua residência, mesmo que acompanhada de pessoa por eles autorizada. 
 
Gabarito comentado 
2. Julgue a assertiva a seguir e responda se ela está CORRETA ou 
INCORRETA. 
“As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos 
locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou 
responsável.” 
 
Gabarito comentado 
3. Complete as lacunas e assinale a alternativa CORRETA: 
_______________ criança ou adolescente menor de _______________ poderá 
viajar para fora da comarca onde reside desacompanhado dos _______________ 
sem expressa autorização judicial. 
a) Toda - 12 (doze) anos - pais ou dos responsáveis. 
b) Toda - 14 (quatorze) anos - pais ou dos responsáveis. 
c) Toda - 14 (quatorze) anos - responsáveis legais. 
d) Nenhuma - 16 (dezesseis) anos - pais ou dos responsáveis. 
e) Nenhuma - 16 (dezesseis) anos - responsáveis legais. 
 
Gabarito comentado 
4. De acordo com o ECA, assinale as alternativas que apresentam produtos e/ou 
serviços cuja venda é proibida para crianças e adolescentes (art. 81): 
a) Armas, munições e explosivos. 
b) Bebidas alcoólicas. 
c) Hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento 
congênere, salvo

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