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Impostos em Espécie

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�LFG – TRIBUTÁRIO – Aula 12 – Profª. Tathiane Piscitelli – Intensivo II – 09/11/2009
Impostos em Espécie
	
	
IMPOSTOS EM ESPÉCIE
	A gente não vai ter tempo de analisar todos os impostos em espécie previstos na Constituição. Então, eu separei essa matéria em alguns blocos. Vamos analisar os mais importantes e por associação. Vamos fazer isso, basicamente em dupla. Hoje a gente vai ver ICMS e IPI, que são impostos basicamente parecidos, observam o mesmo princípio, que é o da não-cumulatividade. Depois, vamos ver o IPTU e ITR, que também são impostos parecidos, que incidem sobre a propriedade. Depois, ITCMB e ITBI, que incidem sobre a transmissão de propriedade e, isoladamente, o ISS, que não se relaciona com nenhum imposto, mas é muito importante, tem muitas discussões. Depois, em uma última aula, vou falar só sobre as contribuições da União e, especificamente, do PIS e da COFINS, que são contribuições muito debatidas na jurisprudência e, para concursos federais é absolutamente importante que vocês saibam o que acontece com elas.
	Antes de começarmos a falar dos impostos em espécie, eu vou relembrar com vocês como é a divisão dos impostos e situá-los dentro da competência tributária.
	Então, vejam, como estão discriminados os impostos na Constituição:
Impostos da União – Art. 153, da CF – A União pode criar:
Imposto de Importação
Imposto de Exportação
IPI
IOF
ITR
Imposto de Renda
IGF (Imposto sobre grandes fortunas)
Impostos dos Estados e DF – Art. 155, da CF
ICMS
ITCMB
IPVA
Impostos dos Municípios e DF (tem competência para criar impostos municipais) – Art. 156, da CF.
ISS
ITBI
IPTU
	Que impostos vamos estudar? IPI junto com o ICMS; ITCMB e ITBI; ITR e IPTU e, isoladamente, o ISS. Esses são os mais importantes. O IPVA tem muito pouca coisa para falar; o II, IE e IOF, basicamente porque são impostos extrafiscais; o Imposto Sobre Grandes Fortunas sequer foi criado e o IR é um imposto muito específico (há um livro do Roque Carraza que trata só sobre IR) e sobre ele a gente não vai falar porque demandaria muito tempo. De qualquer forma teremos um panorama bastante bom dos impostos em espécie na Constituição.
1.	IPI e ICMS
	O que une esses dois impostos? Qual é o ponto de junção entre eles? Está no princípio da não-cumulatividade. Quando a gente trata de ICMP e IPI a questão importante de se notar é o princípio da não-cumulatividade porque esses dois impostos são não-cumulativos. Tanto o IPI, quanto o ICMS. E o que significa dizer que são não-cumulativos? Qual é a importância disso?
	A não-cumulatividade é um princípio cujo objetivo é reduzir a incidência da carga tributária sobre o consumo. Toda vez que se falar de não-cumulatividade, a questão é redução da carga tributária sobre o consumo ou redução da carga tributária sobre a cadeia produtiva, que resulta na produção de determinado bem (pode aparecer em prova assim também).
	A não-cumulatividade se mostra como uma técnica. Essa técnica está muito bem especificada na Constituição, tanto para o ICMS, quanto para o IPI. Quando dizemos que o sistema tributário deve ser não-cumulativo, significa dizer que deve diminuir a carga tributária sobre o consumo ou diminuir a carga tributária sobre a produção. Mas como isso vai ser feito? E como eu faço isso? Pela adoção de algumas técnicas. No caso do ICMS e do IPI essas técnicas estão descritas na Constituição. No caso desses impostos, a CF nos diz qual é o caminho através do qual eu consigo chegar à redução da carga tributária sobre o consumo ou sobre a produção. Como eu consigo esse resultado. E aí, nessa descrição na constituição, dessa técnica de não-cumulatividade, há um ponto comum em relação ao ICMS e ao IPI. Essa técnica implica ou pressupõe a compensação entre créditos e débitos. Essa compensação entre créditos e débitos é, absolutamente essencial para que se realize a não-cumulatividade nesses impostos. Genericamente, não-cumulatividade é isso: representa redução da carga tributária sobre o consumo ou sobre a produção através de uma determinada técnica descrita, para o IPI e ICMS, na Constituição. E o conteúdo mínimo dessa técnica é a compensação entre créditos e débitos. Vamos ver o que isso significa e tornar essas coisas mais concretas.
	A gente vai estudar separadamente a não-cumulatividade do ICMS e do IPI, mas tendo em vista que a não-cumulatividade é basicamente a mesma para esses dois tributos.
1.1.	A não-cumulatividade no ICMS
	No ICMS, onde a não-cumulatividade está prevista? No art. 155, § 2º, I e II. Vamos entender essa não-cumulatividade do ICMS. Para tanto, antes mesmo de ler a Constituição, a gente tem que ter em mente alguns pontos:
	a)	O ICMS, em regra, é um imposto plurifásico. 
	Isso significa dizer que ele incide em todas as etapas de circulação de mercadorias. Toda vez que houver uma circulação de mercadoria, incide o ICMS. A empresa A vende uma mercadoria para a empresa B, que vende a mesma mercadoria para a empresa C e a empresa C vende para o consumidor final. A empresa A vendeu uma caixa de caneta para a empresa B, esta vendeu essa mesma caixa para a empresa C que vendeu para o consumidor final. Como será a incidência do ICMS sobre essa caixa de caneta? Ele vai incidir sobre a operação entre A e B, entre B e C e incide entre C e consumidor final. Ou seja, incide toda vez que a mercadoria circular. Isso porque é um imposto plurifásico. Essa, portanto, é a primeira coisa que a gente tem que levar em consideração quando se trata de estudar a não-cumulatividade do ICMS.
	b)	A não-cumulatividade do ICMS pressupõe uma compensação entre créditos e débitos. 
	O que isso significa? A compensação é sempre uma operação de subtração. Quando eu compenso, eu subtraio uma coisa da outra. Nesse caso, eu compenso crédito e débito. E de onde eu tiro o débito e de onde eu tiro crédito? Isso daqui vocês têm que gravar, não tem jeito. Anotem aí: eu vou ter crédito toda vez que tiver entrada de mercadoria e eu vou ter débito toda vez que houver saída de mercadoria. De quanto é o meu crédito e de quanto é o meu débito? Como eu quantifico esse crédito e esse débito? Para responder isso, a gente tem que levar em conta uma terceira regra, a regra segundo a qual o ICMS é o imposto indireto. E sendo um imposto indireto, isso significa que ele será repassado ao próximo da cadeia. Como essa regra ajuda a saber o valor do crédito e o valor do débito? Ambos serão relativos ao ICMS repassado, que foi transferido para o próximo da cadeia. 
	Então, vejam com calma. Essas são as regrinhas: o ICMS é um imposto plurifásico, incide toda vez que a mercadoria circular; a não-cumulatividade pressupõe compensação entre créditos e débitos que significa compensação entre valores relativos à entrada e à saída e, em terceiro lugar, eu chego nesses valores pelo repasse do ICMS. Vamos ver como isso na prática funciona:
 
	A empresa A vendeu uma mercadoria para a empresa B. Nessa operação, incide o ICMS. Só que além de incidir o ICMS, nessa operação, a empresa A mandou a mercadoria para B e B recebeu essa mercadoria. Então, se a mercadoria saiu de A, o que temos que colocar nessa saída? Temos que colocar um débito. Toda vez que há saída, há um débito. No mesmo sentido, a empresa B recebeu a mercadoria. Se a mercadoria entrou, a empresa B vai ter um crédito. A empresa B vende a mercadoria para a empresa C, se é assim, a mercadoria saiu. E se é assim, é porque a empresa B vai ter um débito na saída. No mesmo sentido, a empresa C recebe a mercadoria. Se a mercadoria entrou, ela vai ter um crédito. Depois, C vende para o consumidor final. Se a mercadoria sai, ela vai ter um débito. A mercadoria vai para o consumidor final. Pergunto a vocês: o consumidor final tem crédito? Pensem no texto. Existe algum crédito? Não. Então, aqui, o consumidor final não tem crédito porque é o consumidor final. Então:
1ª Regra: o ICMS é um imposto plurifásico, incide em todas as etapas. 
2ª Regra: hádébito quando houver saída e crédito quando houver entrada.
3ª Regra: Diz respeito ao cálculo do valor para o débito e para o crédito – Esse valor é relativo ao ICMS devido na operação.
	Nessa operação entre A e B, a mercadoria vale 100 reais. Depois, B vende para C por 200 reais. E C vende para o consumidor final por 300 reais. Para eu calcular o crédito e o débito eu terei que saber quanto de ICMS foi devido em cada operação e quanto foi repassado. Se a gente considerar que a base de cálculo do ICMS é o valor da operação, a base de cálculo vai ser 100, 200 e 300. Vamos considerar que a alíquota do imposto é de 18%, sendo a alíquota de 18%, eu vou pegar esses 18% e aplico sobre a base de cálculo, que é 100. Então, o ICMS devido, na primeira operação é 18. Na segunda operação, o ICMS devido será de 36, e na terceira operação, o ICMS devido é de 54. Calculado o ICMS em cada uma dessas operações, tem-se que esse valor vai informar o débito e vai informar o crédito. O débito será equivalente ao valor do ICMS devido e o crédito será equivalente ao valor do ICMS repassado. O ICMS devido na primeira operação é de 18 reais. Quanto a empresa A vai ter de débito? 18 reais. Essa empresa vai ter um livro onde vai inscrever seus débitos e seus créditos. Ali, ela vai inscrever como débito, os 18 reais. A empresa A vende para a empresa B. Nesse momento, a empresa A soma o valor de ICMS no preço. Então, o preço, ao invés de ser 100 reais, vai ser de 118. Isso porque o ICMS é repassado para o próximo da cadeia. Se é assim, a mercadoria entra na empresa B com um crédito. Quanto que a empresa B vai colocar em seu livrinho como crédito? Ela vai colocar esses mesmos 18 reais isso porque foi o valor devido na operação e repassado para B. Na próxima operação, a empresa B vende para a empresa C. Ao vender, a empresa B vai ter um débito que vai corresponder ao valor do ICMS devido na operação. Neste caso, o ICMS devido é de 36, que é o valor que a empresa B vai anotar no seu livrinho. A empresa B vende para C. Ao fazer isso, ela embute o ICMS no preço e, em vez de cobrar 200, ela cobra 236. Se ela cobra 236, quanto vai ser o crédito da empresa C? O valor do ICMS repassado. Então, a empresa C vai colocar na coluna de crédito o valor de 36 reais que foi exatamente o valor repassado de ICMS. Aí a empresa C vende para o consumidor final. Se ela vendeu, é porque vai ter débito. Se vai ter débito, de quanto vai ser este débito? O valor do ICMS devido na operação. E quanto é esse valor? 54. Quando ela vende para o consumidor final, ela soma 300 com 54 e o consumidor final paga os 354. O consumidor final não vai ter crédito de 354 porque o consumidor final não tem livro de ICMS.
	O que eu fiz? Eu tenho uma cadeia de circulação de mercadoria. Toda vez que a mercadoria circula, incide o ICMS e toda vez que há saída, há débito e toda vez que eu tenho entrada, há crédito. E isso, de A para B, de B para C e de C para o consumidor final. Primeira etapa? Como eu identifico o valor do débito e como eu identifico o valor do crédito? Essa identificação depende do ICMS devido na operação. Quanto é o débito? O ICMS devido, nesse caso, 18. Quanto vai ser o crédito? O ICMS repassado que, nesse caso, será 18. Faço as operações de circulação de mercadorias, e vou anotando no livro: débito-crédito, débito-crédito. Como eu chego no princípio da não-cumulatividade? A não-cumulatividade pressupõe uma compensação entre créditos e débitos e, portanto, uma subtração entre créditos e débitos. Eu vou chegar no final do mês e vou fazer essa subtração. Vamos olhar para a empresa A, imaginando que ela só fez essa operação. Então, débito menos crédito, será 18 – 0, ou seja, o ICMS devido é de 18. Empresa B, pelo princípio da não-cumulatividade: débito – crédito; 36-18 = 18. A empresa C, no final do mês faz a mesma coisa: débito – crédito que equivale a 54 – 36, também é 18 o valor do ICMS devido. 
	O imposto é não-cumulativo porque incidiu, nesse exemplo, que é um exemplo ideal, unicamente sobre o valor agregado do bem, ou seja, da primeira operação para segunda o valor de aumento do bem foi de 100 reais. E da segunda para a terceira, também de 100 reais. No final das contas, o imposto só incidiu sobre 100 reais. É um exemplo ideal porque isso, na prática, acaba não acontecendo. Mas, idealmente, o ICMS deveria ser assim. O imposto só incide sobre o valor que foi agregado ao bem e, portanto, 100 reais em cada uma das operações. Por isso, todo mundo chega no final do mês e vai pagar 18 reais de ICMS.
	Então, o princípio da não-cumulatividade, que vale também para o IPI, é uma compensação entre créditos e débitos. De onde eu tiro meu crédito e de onde eu tiro meu débito? Do ICMS ou do IPI, se for o caso, devido na operação. O ICMS devido na operação vai dizer de quanto é o débito e de quanto é o crédito. Chegou no final do mês, faço a conta, débito menos o crédito e isso me dá o princípio da não-cumulatividade.
	Vamos ver o art. 155, § 2º, I:
	§ 2º - O imposto previsto no inciso II (ICMS) atenderá ao seguinte: 
	I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação (E, PORTANTO, OS DÉBITOS DEVIDOS) relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;
	Ou seja, compenso débito com crédito, compenso o valor devido nesta operação com o ICMS devido nas operações anteriores e que me foi repassado. Esse é o princípio da não cumulatividade. 
	Só para que isso fique claro, porque agora a gente vai ter que trabalhar bastante em cima desse princípio: no ICMS (e essa regra geram também fale para o IPI), há uma compensação entre créditos e débitos. Significa que o ICMS devido equivale à débitos menos créditos apurados no mês. Como eu chego no valor do débito? Como eu chego no valor do crédito? Eu tenho que levar em consideração o ICMS devido mais a operação. Débito é igual ao ICMS devido na operação atual e, portanto, empresa A vede para B e o débito de A vai ser o ICMS devido nessa operação, e o crédito equivale ao ICMS repassado e, portanto, ao ICMS devido na operação anterior. Operação anterior, do ponto de vista de B. Vai ser o ICMS que B vai receber embutido no preço. Essa é a regra geral da não-cumulatividade.
	Acontece que esse princípio da não-cumulatividade, para o ICMS apresenta algumas limitações constitucionais e, portanto, no texto da Constituição há algumas situações em que o direito a crédito é limitado, ou seja, em que o contribuinte não vai poder se apropriar do crédito. Ou seja, são limitações constitucionais que proíbem o crédito. São situações em que o direito ao crédito é limitado. Isso está no art. 155, § 2º, II, da CF. E o dispositivo diz que só existe direito a crédito se houver incidência do ICMS antes e depois. O que isso significa?
	Limitações à não cumulatividade
	A questão aqui é: de acordo com a CF, existe direito a crédito no seguinte caso: empresa A, que vendeu para a empresa B, que vendeu para a empresa C. B sofreu a entrada da mercadoria. Se teve entrada, ele vai ter o crédito. Mas eu só tenho certeza absoluta de que B vai ter o crédito se eu tiver incidência do ICMS nessa operação e nessa operação. Se em uma das duas operações falhar o ICMS, se eu tiver uma situação de isenção, por exemplo, esse direito ao crédito não se verifica. Então, o crédito decorre da entrada e somente persiste se houver incidência antes e depois. É o que diz o art. 155, § 2º, II. Como podemos detalhar essa situação? Como podemos detalhar essa regra geral, para que eu tenha direito ao crédito? Aqui é possível haver duas situações:
	1ª Situação:	Não há ICMS antes (a operação anterior é isenta, não tributada).
	2ª Situação:	Não há o ICMS depois (e, portanto, entre B e C, não incide o imposto).
	O que vai acontecer com o crédito? Vamos estudar a primeira situação, tendo em mente a regra da não-cumulatividade (compensa débito com crédito), sendo que meu crédito somente persiste seeu tenho ICMS antes e ICMS depois. Vamos estudar a situação em que não há ICMS antes.
	a)	1ª Limitação – Operação atual sem o ICMS. Significa que eu tenho uma isenção, não incidência ou eu tenho imunidade. O fato é que eu não tenho que pagar o ICMS. A empresa A vende para B, que vende para C. Vamos imaginar que nessa operação, eu não tenho ICMS, mas a operação entre B e C sofre a incidência do ICMS. A mercadoria saiu de A que não vai ter débito de ICMS porque o débito equivale ao ICMS devido na operação atual. Neste caso, não tem ICMS devido, então, não há débito. No mesmo sentido, a mercadoria entrou em B. Pergunto: empresa B vai ter crédito? Bem, o crédito equivale ao ICMS devido na operação anterior. Eu tenho ICMS devido na operação anterior? Também não. Então, nesse caso, não tem crédito. É óbvio que não tem direito a crédito porque não há ICMS devido na operação anterior. Então, essa é a primeira limitação. O crédito, em primeiro lugar, depende da incidência do imposto na operação anterior. Nesse caso, como não há imposto devido na operação anterior, não tem crédito. Em contrapartida, quando B vender para C, haverá débito porque neste caso, o ICMS será devido. Aí ele vai ter débito e não terá crédito par compensar e nem faria sentido porque o ICMS não incidiu na operação anterior. Essa é a primeira situação, que é óbvia.
	b)	2ª Limitação – É a seguinte: a operação posterior não é tributada. Eu tenho a empresa A que vende para a empresa B que vende para a empresa C. Entre A e B incide o ICMS. Só que, entre B e C, há uma isenção. A operação é isenta. Pergunto: a empresa A vai ter débito porque há ICMS devido na operação. Se a empresa A tem débito, a empresa B vai ter crédito? Vai, porque o crédito equivale ao ICMS devido na operação anterior. Até aqui está tudo normal entre A e B. Tem débito e tem crédito. Mas a empresa B vende para C e nessa operação há uma isenção. Se é assim, a empresa B vai ter débito? Não, porque a operação é isenta. Se a empresa B não vai ter débito, a Constituição diz que esse crédito aqui deve ser anulado porque você não tem um débito posterior para compensar com ele. Você não vai ter débito na saída porque a operação é isenta. Então, esse crédito do qual você se apropriou e se apropriou direitinho porque na operação anterior tinha o ICMS, tem que ser anulado. E tem que ser anulado porque a operação seguinte é isenta. Na operação seguinte, não há o ICMS. Se é assim, conclui-se que o crédito também depende do ICMS devido na operação posterior, na operação seguinte. Ele não depende só do imposto devido na operação atual. Ele depende também do ICMS devido na operação posterior. Portanto, a regra, de novo, para o direito a crédito no ICMS é: existe direito a crédito se ele incidir antes e depois. Não basta que incida numa só. Tem que incidir nas duas. Antes e depois, aí você tem direito a crédito. Essa é a regra em relação ao ICMS que está prevista no art. 155, § 2º, II. Vamos ler e em relação a ele, há duas ressalvas a ser feitas:
	II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: 
	a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes;
					b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;
	
	A alínea “a” é a primeira situação. Eu tenho isenção antes e, claro que não vou ter crédito porque não tenho do quê me creditar. Quanto à aliena “b”, eu tinha um crédito, só que depois o ICMS não incidiu. Falhou. Eu vou ter que anular, terei que cancelar aquele crédito.
	Em relação a esse dispositivo, há duas ressalvas a ser feitas. Se você reparar bem, o inciso II faz uma ressalva. Ou seja, a Constituição estabelece essa regra, mas a legislação pode excepcionar. Esse é o primeiro ponto. É super importante você saber a regra, que está na Constituição, mas é possível haver ressalva da legislação. 
	Uma segunda observação que eu quero fazer é a seguinte: a Constituição, ela mesma, estabelece uma exceção a essa regra, a essas limitações à não-cumulatividade. A gente viu: eu tenho direito a crédito se tiver ICMS antes e depois. Só que a gente pode ter uma ressalva pela legislação tributária e, no texto da Constituição, temos uma exceção que se refere às operações destinadas à exportação. A empresa A vende para B e a empresa B exporta. Nessa venda entre A e B incidiu ICMS. A empresa A vai ter um débito e a empresa B vai ter um crédito. Só que nessa operação, em que B manda o produto para fora, não incide ICMS porque há uma imunidade nesse caso, prevista no art. 155, § 2º, X, “a”. Se o ICMS não incide aqui, segundo a regra que acabamos de ver, esse crédito deveria ser anulado, porque esse crédito depende do ICMS antes e depois. Aqui, não há ICMS depois, portanto, deveria ser anulado. Só que, nesse caso, a Constituição excepciona. Ela diz: esse crédito poderá ser mantido. Você não precisa anular este crédito. E ele é mantido como um incentivo às exportações. Nesse caso, então, não há cancelamento do crédito. Essa exceção é muito importante. E caiu agora no último concurso da PGE/SP. Onde isso está? No art. 155, § 2º, X, “a”:
	§ 2º - O imposto previsto no inciso II (ICMS) atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; 
	Então, ele não incide, mas você pode ficar com o imposto que foi cobrado anteriormente. Portanto, você pode ficar com o crédito. Você não precisa anular o crédito, como seria a regra da Constituição. Com isso, com a leitura desse último dispositivo, a gente termina o princípio da não-cumulatividade no ICMS. 
	O princípio da não-cumulatividade pressupõe aquelas regrinhas: o ICMS é plurifásico, a não-cumulatividade pressupõe compensação entre crédito e débito e de onde eu tiro o valor do crédito e do débito? Do ICMS devido naquela operação. Essa é a regra geral da não-cumulatividade. Essa regra sobre limitações, de forma que eu só tenho direito a crédito se o ICMS incidir antes e depois. E essas limitações podem ser excepcionadas pela legislação tributária e, em segundo lugar, a gente tem uma limitação constitucional que é relativa às operações de exportação.
	Tendo visto a não-cumulatividade no ICMS, vamos passar para a não-cumulatividade no IPI.
1.2.	A não-cumulatividade no IPI
	No IPI, onde está previsto este princípio? No art. 153, § 3º, II, da CF.
	§ 3º - O imposto previsto no inciso IV (IPI):
	II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;
	Mesma regra da não-cumulatividade do ICMS. O que eu faço com o IPI? Eu compenso crédito com débito. Como eu chego no débito, como eu chego no crédito? Eu olho para o IPI devido naquela operação. Então, a regra é semelhante ao do ICMS. Numa operação entre A, B e C, em que eu tenho em todas elas o IPI devido, vai acontecer a mesma coisa: quando eu tiver saída eu tenho débito e quanto eu tiver entrada, crédito. Saída, débito, entrada crédito. Como é a não-cumulatividade? É uma compensação entre créditos e débitos. Então, assim como no ICMS, o IPI devido no mês equivale aos débitos menos créditos. Igualzinho ao ICMS. Como eu chego no valor do débito? Eu olho para o IPI devido na operação. Como eu chego no valor do crédito? Olho para o IPI devido na operação anterior. Então, a regra é igualzinha do ICMS. Compenso débito e crédito e o débito equivale ao IPI da operação atual e o crédito equivale ao IPI da operação anterior. Então, igual ao ICMS. Não tem nenhuma diferença nesse sentido, em relação à regra geral.
	Onde está a diferença, considerando que a regra geral é igualzinha? A diferença é que, em relação ao IPI, a Constituição não estabeleceu nenhuma limitação. Em relação ao IPI, não há previstas na Constituição limitações ao crédito. Tanto não está previsto na Constituição que quandoela inscreve o princípio da não-cumulatividade do IPI, vai dizer: compensa crédito com débito e ponto final. Não estabelece aquele detalhamento que temos no ICMS para dizer: só tem direito ao crédito se incide antes e se incide depois. Essa limitação não existe em relação ao IPI. O que acontece é o seguinte: no IPI, de acordo com a Constituição, nós temos um direito a crédito independentemente da incidência do imposto. E nesse sentido está a diferença em relação ao ICMS. Ou seja, existe o direito a crédito independentemente da incidência do imposto. Ninguém falou que precisa incidir o imposto antes e depois para ter o direito a crédito. O direito a crédito existe. Então, a gente teria em relação ao IPI, duas situações em que o direito a crédito poderia ser questionado:
	a)	IPI não incide na operação atual, igualzinho no ICMS. Ou seja, a empresa A vende para a empresa B e depois a empresa B vende para empresa C. Esta operação é isenta. Se é isenta, pergunto: a empresa A vai ter débito? Não. E a empresa B, pode ser crédito? A resposta lógica seria não. Mas, como nesse caso, não há limitações na Constituição (porque ela não fala nada de que ele não poderia ter esse crédito), então, os contribuintes começaram a dizer que tinham direito ao crédito. E em relação a esse direito a crédito se estabelece uma discussão judicial (já que a Constituição não limita), que a gente já vai ver.
	b)	IPI não incide na operação posterior, como no caso do ICMS. Então, empresa A vende para B, que vende para C. Nessa operação entre A e B, incide o IPI e na operação entre B e C eu tenho isenção (é uma operação isenta). Se incidiu na primeira, a empresa A vai ter débito e a empresa B vai ter crédito. Só que de B para C, a operação é isenta. E se é assim, a empresa B não vai ter débito. E aí se estabelece a discussão. Esse crédito pode ser mantido? Ou, de forma semelhante ao ICMS ele terá que ser anulado? O que eu faço com ele? Ele pode ser mantido? Aí a discussão é a mesma: não tem limitação na Constituição. Se é assim, nós também tivemos, em relação a esse direito, uma discussão judicial, que acabou recentemente, sobre a possibilidade de eu manter esse crédito.
	Vamos tratar, então, dessas duas discussões. Então, a não cumulatividade do IPI, como regra, é semelhante à do ICMS, só que tem uma diferença: não há limitações ao direito ao crédito. E essa ausência de limitações gerou diversas discussões jurídicas. Vamos estudá-las.
1ª Discussão judicial – Direito a crédito nos casos em que o IPI não incide na operação anterior. 
	Essa discussão consiste no seguinte: empresa A, vende para B, que vende para C e nessa operação, não há IPI. O que os contribuintes começaram a dizer? Apesar disso, eu tenho direito ao crédito. Essa é a questão. Então, o IPI não incide nessa operação anterior. Sobre essa primeira discussão, a gente tem que dividi-la em dois blocos:
	
	a)	Existe ou não direito a crédito (o que a jurisprudência diz).
	b)	O que significa dizer que o IPI não incide na operação anterior. 
	Ou seja, quais são as modalidades segundo as quais eu posso dizer que o IPI não incide? E a questão aqui é saber a diferença entre determinadas categorias como não-tributação, isenção e alíquota zero. Qual a diferença entre essas categorias porque dizer que o IPI não incide é muito genérico. Eu posso ter uma situação de não tributação, de isenção e de alíquota zero.
	Vamos, em primeiro lugar, esclarecer esse ponto: o que significa dizer que o IPI não incide, para depois a gente debater sobre a existência ou não do direito a crédito. Então, coloquem aí:
	a.1)	Quais são essas modalidades segundo as quais não há IPI devido? 
	Isenção – o que é a isenção? A isenção representa, como a gente viu, uma opção do ente tributante, quanto ao não exercício da tributação. O ente detém a competência tributária, ele pode tributar, mas opta pela não tributação para incentivar o mercado, as montadoras. Essa isenção pode ser realizada de várias formas. Como posso ter isenção, como posso ter essa opção? Um exemplo é dizer: sobre esse fato gerador não incide o IPI. Ou eu posso dizer: quando esse sujeito passivo comprar um carro, ele não vai pagar o IPI, que é o caso dos deficientes físicos ou taxistas. Então, eu posso dizer que esse fato gerador não incide, esse sujeito passivo não paga, ou eu posso dizer que nesse caso a alíquota vai ser zero. Nesse caso específico, não há IPI devido porque a alíquota é zero. Isso quer dizer que a isenção pode aparecer diante desse instituto da alíquota zero que representa uma modalidade possível de isenção. Assim como é uma modalidade possível de isenção eu dizer que esse sujeito passivo não paga ou que esse fato gerador fica isento. Se eu tenho isenção, genericamente, relativa à fato gerador e sujeito passivo, haverá a discussão sobre o direito a crédito. Se eu tenho a alíquota zero, eu tenho essa mesma discussão porque se trata de uma modalidade de isenção.
	Não-tributação – Agora, qual seria a isenção e alíquota zero (que são a mesma coisa) e a não-tributação. Quando você vê essa expressão “NT”, produtos não tributados, na não tributação, o ente tributante não detém competência tributária. O ente tributante não cobra o IPI porque não detém competência tributária. E não detém competência tributária porque aquela operação está fora do âmbito de incidência do imposto. Vou explicar: o IPI incide sobre produtos industrializados. Só que pode haver a comercialização de um produto que não é industrializado como, por exemplo, frango vivo ou cavalo. Como eu faço com a incidência do IPI nesses casos (cavalo, frango vivo, gado)? Não incidirá IPI nesses casos porque não é tributado. Não é tributado porque não se tratam de produtos industrializados, porque não há competência tributária. Porque está fora do âmbito possível de incidência. Então essa expressão NT (não tributado) significa que o ente não detém competência tributária porque não se trata de produto industrializado. É uma outra coisa que não se sujeita à incidência do IPI. 
	De todo modo, a gente pode ter isenção, alíquota zero ou não-tributação nessas operações anteriores. E aí se eu tenho uma dessas categorias nas operações anteriores, existe ou não o direito a crédito? Essa é a segunda pergunta:
	a.2)	Existe ou não direito a crédito?
	Isso a gente tem que estudar com calma porque nós tivemos dois momentos na jurisprudência. Existe direito a créditos nesses casos de isenção, alíquota zero ou não-tributação? Todas relativas à operação anterior, sobre se há ou não direito a crédito. Em relação a essa pergunta, nós tivemos três momentos na jurisprudência. 
	1º Momento:	A jurisprudência do Supremo, em primeiro lugar, em 1997, definiu, pelo Pleno, que havia direito a crédito. E decidiu um caso relativo a isenção. Era o caso da coca-cola. A coca-cola mandava xarope para a sua fábrica na Zona Franca de Manaus e toda vez que há remessa de produtos para Zona Franca de Manaus, essa remessa é equiparada à exportação. Então, nessa remessa, não incidia o IPI porque era equiparado à exportação, mas a indústria de lá queria se apropriar do crédito, dizendo que tinha direito a crédito de todo modo. Esse caso chega Pleno que fala que existe direito a crédito porque a Constituição não limita, porque, diferentemente do ICMS não existe limitação. Então, nós temos o seguinte, sobre se existe ou não direito a crédito. Num primeiro momento, vem o STF em 1997 e diz que sim, que existe direito a crédito. E por quê? O fundamento era: a constituição não limita, diferente do que faz com o ICMS. E o STF reconhece em 1997 esse direito a crédito em relação à isenção. 
	2º Momento:	O STF, em 2002, se manifesta novamente sobre essa questão. Houve diversas decisões das turmas, mas aí a gente tem uma outra decisão do Pleno, para dizer que sim, reafirma a posição de que há direito ao crédito e, neste caso, fala que existe o direito a crédito também quando se trata de alíquota zero. E nessa decisão, nós temos uma equiparação dos institutos,uma equiparação entre alíquota zero e isenção. O STF vai dizer que alíquota zero e isenção são a mesma coisa.
	E depois de 2002, várias decisões nesse mesmo sentido foram tomadas. Só que todas as decisões que o STF tomou, inclusive essas duas do pleno, sempre havia um ministro, que foi o Ilmar Galvão, que discordava da tese. Ele dizia que não faz sentido ter o crédito. Iria ter o crédito do quê se sequer o IPI foi cobrado? E ele era contra. Até que um belo dia, em 2005, ele consegue remeter novamente essa discussão para o Pleno e o argumento foi o seguinte: “olha, eu estou aqui com um caso na minha frente em que a empresa pleiteia receber 250 milhões de reais de crédito. Esse é um caso muito importante. Eu quero saber se a gente vai manter mesmo essa posição de que existe o direito ao crédito, que é um direito absurdo.” E aí o ministro consegue remeter essa discussão pra o Pleno novamente. Só que nesse momento em que a discussão chega ao Pleno, a composição do STF já tinha mudado um pouco. E aí, em 2005, uma nova discussão tem início no supremo para saber se esse direito a crédito existe ou não existe.
	3º Momento:	Em 2007 termina o julgamento e o Supremo muda de opinião para dizer que o direito a crédito não existe. Muda de opinião para alterar aquela jurisprudência anterior que já estava consolidada. Então, coloquem aí: “Num segundo momento, a discussão volta para o Pleno e tendo em vista a nova composição do STF, a conclusão é: não há direito a crédito.” O direito a crédito não existe. Qual o fundamento desta vez? Não há direito a crédito porque não há IPI devido na operação anterior. Não está embutido o crédito. E de fato, não faz sentido. Você ter crédito do quê? Como calcular esse crédito se não existe IPI devido na operação anterior. Essa é a nova posição. E a posição atual.
	Só que essa posição representa uma quebra de segurança jurídica para os contribuintes porque muita gente estava se creditando tendo em vista as decisões do Pleno. Por conta dessa quebra de segurança jurídica, houve uma questão de ordem que foi levantada para que se modulassem os efeitos dessa decisão, para que essa decisão que mudou a jurisprudência anterior do supremo não tivesse aplicação retroativa e os contribuintes não saíssem prejudicados. Houve pedido de modulação de efeitos. E nesse pedido apenas um ministro foi favorável, que foi o Ricardo Lewandowski que achava que os efeitos da decisão tinham que ser modulados, mas ele perdeu. Então, por 10 votos a 1 não houve a modulação de efeitos. Vamos ler, nesse sentido, uma notícia do dia 25/06/07, que trata exatamente dessa impossibilidade de modulação de efeitos. Depois a gente lê a ementa do julgado que tratou da questão:
Supremo decide que empresas terão de repor IPI 
Fonte: STF - 25/06/2007
Por dez votos a um, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (25) que a União poderá reaver o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) das empresas que compensaram tributos com créditos de matérias-primas em que incide alíquota zero ou naquelas não-tributadas. A cobrança só poderá ser feita nos casos dos pagamentos não realizados nos últimos cinco anos, prazo de prescrição de tributos.
O julgamento desta tarde durou pouco mais de três horas e debateu questão de ordem proposta por duas empresas que perderam, em fevereiro deste ano, o direito de creditar o IPI na aquisição de matérias-primas tributadas sob os regimes da alíquota zero e da não-tributação. Na ocasião, ao julgar Recursos Extraordinários (REs 370682 e 353657) interpostos pela União contra as empresas, o STF decidiu, por seis votos a cinco, que a Constituição Federal não dá direito a crédito se não for pago imposto na compra das matérias-primas tributadas sob esses dois regimes.
Essa decisão do Supremo mudou orientação anterior da Corte que, em 2002, ao julgar caso similar, proferiu decisão favorável aos contribuintes. Em vista disso, as empresas alegaram que o Supremo estaria modificando sua jurisprudência em relação à matéria. Por isso, cobrar os tributos creditados por força de decisões judiciais anteriores ao novo entendimento da Corte seria penalizar os contribuintes retroativamente e violar o princípio da segurança jurídica.
Apesar do voto favorável do ministro Ricardo Lewandowski, que levantou a questão de ordem perante o Plenário, a tese das empresas não vingou. Somente Lewandowski viu razoabilidade no argumento de que houve uma mudança abruta no entendimento do Supremo sobre o assunto e, para evitar prejuízo às empresas e salvaguardar o princípio da segurança jurídica, seria necessário que a decisão do início do ano só tivesse efeito para o futuro.
Os demais integrantes da Corte entenderam que não houve uma “virada jurisprudencial na matéria”, para citar palavras do ministro Sepúlveda Pertence. Segundo ele, o que ocorreu foi uma “reversão de precedente” em virtude da mudança de composição do Supremo e da longa rediscussão do assunto. 
O ministro Marco Aurélio, primeiro a abrir divergência em relação a Lewandowski, ponderou que a premissa das empresas era falsa, já que o Supremo não havia proferido decisão final, sem possibilidade de recurso, sobre a matéria.
Ele disse ainda que permitir que as empresas que ingressaram em juízo obtivessem o direito de não devolver o que haviam creditado seria uma “manifesta injustiça” para com a sociedade e as demais empresas que pagaram o tributo. “Contribuintes que ingressaram em juízo conseguirão o implemento do crédito, embora à margem da autorização normativa constitucional, como se essa não estivesse em vigor desde 1998.” 
Eros Grau comentou que as empresas que não pagaram o tributo o fizeram “por sua própria conta e risco”. Para ele, permitir o não pagamento do IPI no caso em discussão seria um “autêntico non sense” e um “negócio da China para os contribuintes”, já que não havia jurisprudência pacificada e coisa julgada sobre o assunto.
	Marco Aurélio fala assim: as decisões do Supremo, mesmo que favoráveis aos contribuintes, não tinham transitado em julgado porque havia embargos de declaração pendentes. Ainda assim, várias outras já estavam julgadas. Mas o fato é que não houve modulação de efeitos. E as empresas que se creditaram desses valores teriam que recolher o IPI retroativamente. Essa foi a decisão do Supremo então. Só que se vocês perceberam pela leitura essa discussão de que não há direito a crédito porque não há IPI devido na operação anterior, em tese, de acordo com a notícia alcançou as operações tributadas à alíquota zero e operações não tributadas. Anda se falou aqui das operações isentas, dos casos de isenção e nada se falou dos casos de imunidade. O que se falou, basicamente foi sobre a alíquota zero e a não-tributação. Porque não houve um detalhamento sobre essas outras operações possíveis, então os contribuintes começaram a dizer: “essa decisão do Supremo não alcança as operações isentas e as operações imunes. Ela somente alcança a alíquota zero e as operações não tributadas.” Então, ainda segundo desse segundo momento, se estabelece uma nova discussão relativa ao alcance do julgado. Ele alcança o quê? Apenas as operações tributadas à alíquota zero e operações não tributadas ou também alcança as operações isentas e imunes?
	O que o Supremo já falou sobre isso? Ele já proferiu decisões subsequentes para dizer que se o IPI não for cobrado, ano tem crédito. E independe da modalidade: se é imune, alíquota zero, isenção, não importa. Se o IPI não for cobrado por qualquer motivo, não existe o direito ao crédito. Há decisões do Supremo nesse sentido e uma discussão que ainda está em andamento sobre a possibilidade ou não de tributação em relação à alíquota zero, mas já temos decisões das turmas entendendo favorável e que não, não tem direito a crédito.
(Intervalo – 01:30:30)
	O Supremo já falou que não existe mais o direito ao crédito, mas será que esse julgado fica limitado somente às hipóteses de alíquota zero e não tributação? E, com isso, os contribuintes começaram a dizer que essa novaposição não abarcava os casos de isenção e de imunidades. O que já temos do Supremo sobre esse tema? Algumas decisões das turmas que reconhecem a extensão dessa decisão a todas as modalidades em que o IPI não incide. Então, não teve cobrança, não há crédito. Nesse sentido, o AgRg no RE 444267, do fim de 2007:
RE 444267 AgR, Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 18/12/2007, PUBLIC 29-02-2008
EMENTA: Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Insumos. IPI. Alíquota zero, isenção ou não-tributação. Crédito na operação posterior. Impossibilidade. Ausência de violação ao art. 153, § 3o, II, da CF/88. Precedentes. 3. Limitação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Inaplicabilidade. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.
	E aí também nesse sentido, há uma discussão que foi afetada ao Pleno e, sobre isso, temos uma notícia do dia 05/08/09, exatamente para saber se dentro desse novo posicionamento, as operações isentas estão incluídas. Essa discussão ainda se desenrola no RE 566819, mas temos votos já proferidos e, possivelmente a decisão do Supremo será: não tem IPI cobrado antes, não tem direito a crédito.
STF - 5/8/2009 - Pedido de vista interrompe julgamento sobre direito a crédito presumido de IPI 
Pedido de vista da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha interrompeu, nesta quarta-feira (5), no Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 566819, em que a Jofran Embalagens Ltda., de Lajeado (RS), contesta acórdão (decisão colegiada) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que lhe negou a obtenção de crédito presumido relativamente à aquisição de insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
O pedido de vista foi formulado quando o relator, ministro Marco Aurélio, já havia votado pelo não provimento do recurso, por entender que, não tendo havido pagamento de tributo na compra de insumos, não há direito a compensação. Caso contrário, segundo ele, haveria uma inversão de valores, pois, se o imposto de cujo pagamento o insumo foi isentado fosse maior do que o imposto incidente na saída do produto final do adquirente desse insumo, a União (o Fisco) poderia acabar como devedora da empresa.
Ele lembrou que o princípio da não cumulatividade do IPI, previsto no artigo 153, parágrafo 3º, inciso II, da Constituição Federal (CF), visa apenas evitar a cobrança cumulativa do tributo, não a compensação de tributo que sequer foi recolhido.
"Se não há tributação ou a incidência de alíquota zero, não há como definir quantia a ser compensada", sustentou o ministro-relator, reportando-se a decisões anteriores do STF e a seus votos no julgamento dos REs 353657, originário do Paraná, de que ele próprio foi relator, e 370682, oriundo de Santa Catarina, relatado pelo ministro Ilmar Galvão (aposentado).
No mesmo sentido se pronunciou o TRF-4, no acórdão impugnado pela empresa. Segundo aquele tribunal, "somente os valores efetivamente recolhidos na operação anterior é que podem gerar créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por ocasião da saída do produto final do estabelecimento comercial".
Alegações 
Por seu turno, a empresa invoca jurisprudência do STF firmada, segundo ela, no RE 212484, para sustentar que a aquisição de insumos ou matérias-primas isentos de IPI por fabricante de produtos tributados com esse imposto, na saída do produto por ela fabricado, dá direito à aquisição de crédito-prêmio presumido do tributo.
Ela alega que no seu caso trata-se da aquisição de insumos e matérias-primas isentas do IPI, hipótese que se distinguiria dos casos de insumos adquiridos com alíquota zero ou não tributadas pelo IPI.
Isto porque, segundo a empresa, tanto a doutrina quanto a jurisprudência do STF teriam assentado que "tributo que seria devido é considerado pago". Portanto, essa hipótese admitiria a compensação do tributo.
Nesse sentido, alega a ação que o RE 212484, julgado em março de 1998, teria assegurado ao adquirente de insumos isentos do IPI o direito ao crédito do imposto na saída do produto por ela fabricado, quando sujeito à incidência do tributo.
Assim, a decisão do TRF-4 teria afrontado o disposto no artigo 153, parágrafo 3º, inciso II, da Constituição Federal (CF), que prevê a não cumulatividade do IPI e, também, o artigo 150, inciso IV, que veda a utilização de tributo com efeito de confisco.
Por fim, a defesa pede que, se o STF decidir mudar sua jurisprudência sobre o assunto, que module a decisão para que ela passe a vigorar apenas para casos futuros, e não passados.
	E aí, só para a gente fechar esse bloco sobre a primeira discussão do IPI, eu só queria ver com vocês a ementa do julgado que mudou a posição do Supremo em 2007. É o RE 353657
RE 353657 / PR – PARANÁ Min. MARCO AURÉLIO - Julgamento:  25/06/2007 - Órgão Julgador:  Tribunal Pleno
IPI - INSUMO - ALÍQUOTA ZERO - AUSÊNCIA DE DIREITO AO CREDITAMENTO. Conforme disposto no inciso II do § 3º do artigo 153 da Constituição Federal, observa-se o princípio da não-cumulatividade compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, ante o que não se pode cogitar de direito a crédito quando o insumo entra na indústria considerada a alíquota zero. IPI - INSUMO - ALÍQUOTA ZERO - CREDITAMENTO - INEXISTÊNCIA DO DIREITO - EFICÁCIA. Descabe, em face do texto constitucional regedor do Imposto sobre Produtos Industrializados e do sistema jurisdicional brasileiro, a modulação de efeitos do pronunciamento do Supremo, com isso sendo emprestada à Carta da República a maior eficácia possível, consagrando-se o princípio da segurança jurídica.
	Então, não existe direito a crédito se o IPI não for cobrado anteriormente. Essa é a primeira discussão. Só que temos ainda uma segunda discussão sobre essas limitações do direito a crédito no IPI.
2ª Discussão judicial – Direito manutenção do crédito nos casos em que a operação posterior não sofre a incidência do IPI. 
	Que situação é essa? Empresa A, que vende para B, que vende para C. Entre A e B, eu tenho IPI e entre B e C, há hipótese de não tributação. A empresa A vendeu para B. Como tem IPI, vai ter débito. A empresa B recebe o produto. Se recebeu e tem IPI, ela vai ter crédito. Só que, na hora de vender a mercadoria, como a operação é não-tributada, esse débito não existe. A questão é: esse crédito pode ser mantido? De novo: não existem limitações na CF, diferente do que ocorre com o ICMS porque, para o ICMS a gente sabe, tem que ser anulado. Para o IPI não existe limitação constitucional. Então, esse crédito pode ou não ser mantido? Essa foi a pergunta colocada pelo Supremo. Nesse caso, a discussão se estabeleceu dentro do seguinte: a grande questão era saber se a manutenção do crédito dependia de autorização legal. Essa foi a grande discussão levada para o Supremo. E por que essa foi a discussão? Porque o art. 11, da Lei 9.779/99 estabelece a possibilidade de manutenção desse crédito. Como veio esse art. 11 em 1999 apenas e disse que o crédito podia ser mantido, o que a Fazenda começou a dizer? Que esse direito só existe a partir de 1999. Antes disso, quando não havia autorização legal, não havia esse direito. A discussão levada ao Supremo foi saber se a Lei 9.779 criou o direito de se manter o crédito. E se criou esse direito, para as operações anteriores esse direito simplesmente não existe. E aí os contribuintes só poderiam manter o crédito a partir de 1999 e, ainda assim, porque a lei diz e se essa lei fosse revogada, esse direito deixaria de existir. Essa foi, portanto, a questão levada ao Supremo. E o argumento da Fazenda era o de que somente haveria direito a crédito a partir de 1999. Essa discussão terminou este ano. E aí eu queria ler a notícia do STF do dia 06/05/09, que conta como essa discussão terminou. O RE em que isso foi debatido foi o RE 460785:
STF Notícia - Quarta-feira, 06 de Maio de 2009 - STF limita concessão de créditos de IPI em matériaprima tributada para período posterior a 1999
Somente depois da entrada em vigor da Lei 9.779/99 se tornou possível a compensação de créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pagos na entrada de insumos, quando o produto final for isento do tributo ou sujeito à alíquota zero. Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu na tarde desta quarta-feira (6) que não havia essa compensação no período de cinco anos anteriores à vigência da lei.
(Então, antes da lei não poderia haver esse tipo de compensação, o crédito deveria ser anulado)
A decisão foi tomada no julgamento conjunto dos Recursos Extraordinários (REs) 460785, 562980 e 475551. Os processos discutiam a possibilidade de, antes da edição da norma, as empresas terem direito de receber crédito do IPI pagos na entrada da matéria-prima, quando o produto final era isento do tributo ou se sujeito à alíquota zero. A Lei 9.779/99 regulamenta, entre outras questões tributárias, o aproveitamento de créditos do IPI, conforme determina o artigo 150, parágrafo 6º, da Constituição Federal de 1988.
(E continua a notícia para dizer que apenas os ministros Cesar Peluso e Lewandowski foram contrários a essa decisão, mas que todos os outros se posicionaram que o direito a crédito depende de autorização legal. Se depende de autorização legal, significa que hoje ele existe, mas quando a lei for revogada, ele simplesmente deixa de existir.)
Os recursos foram interpostos pela União contra a Imprimax, de Santa Catarina (RE 562980), a Indústria Têxtil Apucarana Ltda., do Paraná (RE 475551) e contra a Calçados Tabita, do Rio Grande do Sul (RE 460785), que haviam conseguido decisões favoráveis a seus interesses nos Tribunais Regionais Federais (TRFs). As empresas recorreram à Justiça com base no entendimento de que o objetivo dos créditos ou isenções dos impostos era evitar um efeito em cascata da cobrança do imposto, segundo o princípio constitucional da não cumulatividade, que veda a cobrança de tributos em duplicidade. A União recorreu contra esse entendimento ao STF.
RE 460785 - No começo do julgamento, em junho de 2008, o ministro Marco Aurélio, relator do RE 460785, descartou a alegada ofensa à Constituição e votou pelo provimento do recurso, alegando que, se somente há tributação de insumos, matéria-prima e embalagens na entrada da indústria e não na saída, não há cumulatividade e, portanto, não há ofensa à Constituição. Em outras palavras, a matéria prima ou o insumo tributado não geram créditos de IPI se o produto final é isento ou alíquota zero. “Se na operação final verificou-se isenção, não existirá compensação do que recolhido anteriormente, ante a ausência do objeto”, explicou o ministro.
Na sessão desta quarta-feira (6), o ministro Eros Grau divergiu em parte do ministro Marco Aurélio. Isso porque o RE 460785 envolvia produto final isento de IPI, e para Eros Grau, somente nos casos de produtos sujeitos à alíquota zero não deve ser concedido crédito. Neste recurso e no RE 562980, ficaram vencidos ainda os ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, que entendiam que a não cumulatividade já existia no ordenamento constitucional, e portanto não poderia ser contrariado por uma legislação ordinária – no caso a Lei 9.779/99.
No caso do RE 475551, a maioria que deu provimento ao recurso da União, contando ainda com o voto do ministro Eros Grau, uma vez que, nesse caso, tratava-se de produto final sujeito à alíquota zero, o que no entender do ministro não permitiria a concessão do crédito do tributo. Também neste processo ficaram vencidos os ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso.
	Pois bem, essa foi a segunda discussão. Considerando essa segunda discussão e a posição atual do STF na primeira discussão, qual o saldo que tiramos sobre o princípio da não-cumulatividade do IPI?
	Atualmente, nos termos da posição do STF, as limitações à não-cumulatividade do IPI são equivalentes ao ICMS. No fundo, acaba sendo isso. São limitações equivalentes. Porque, no ICMS, do que eu preciso para ter crédito? Que incida antes e depois. E no IPI, pelo visto, também. A não ser o quê? A não ser previsão legal em sentido contrário, que é o caso da Lei 9.779/99. Então. O resultado dessas decisões equivale a uma equiparação entre os regimes do ICMS e do IPI. A gente acaba tendo o mesmo tipo de limitação, tanto ara o ICMS, quanto para o IPI, ainda que isso não esteja claramente previsto na Constituição.
	Só para fechar esse ponto e encerrar o IPI. Vamos fazer um resumo do que vimos e a comparação entre o ICMS e o IPI.
Onde está o princípio da não-cumulatividade no ICMS? Art. 155, § 2º, I e II, da CF.
Onde está o princípio da não-cumulatividade no IPI? Art. 153, § 3º, II, da CF.
Qual é a regra no ICMS? A compensação entre créditos e débitos. E aí eu tenho crédito sempre que eu tiver entrada e o crédito equivale ao ICMS devido na operação anterior. E eu tenho débito toda vez que eu tiver saída e o débito equivale ao ICMS devido na operação atual. ICMS devido equivale a débito menos crédito no mês. Essa é a regra. Só que essa regra apresenta limitações. Genericamente é o seguinte: o direito a crédito depende da incidência antes e depois. O direito a crédito depende de eu ter imposto devido antes e depois. Essas limitações devem observar, no entanto, duas ressalvas: a) previsão legal em sentido contrário (aí eu posso ter o crédito) e b) Imunidade das exportações (aqui há manutenção do crédito). São exceções constitucionais. Isso descreve o princípio da não-cumulatividade no ICMS.
Qual é a regra no IPI? A regra é a mesma do que a regra do ICMS. E, portanto, eu vou ter, no mesmo sentido, créditos e débitos. Mas, em relação ao IPI, nós temos uma diferença relevante (ainda que a regra seja a mesma): é a de que não há limitações expressas na Constituição. E, por conta disso, o resultado dessa ausência de limitações expressas, foi o desenvolvimento de duas discussões na jurisprudência: a) Crédito relativo à operação anterior sem o IPI (não há que pagar IPI na operação anterior) e isso significa isenção alíquota zero (que é o mesmo que isenção) e não tributação. O resultado dessa discussão: STF, em 2007, muda de opinião e diz que não há direito à crédito. b) crédito relativo à operação posterior sem o IPI. A questão aqui é saber se eu posso manter o crédito, se o crédito que eu já me apropriei pode ser mantido. O STF agora, em 2009, vai dizer: depende de lei, de autorização legal. E se depende de autorização legal, o que está dizendo? Nos termos da Constituição, a resposta seria não. A não ser que haja uma autorização legal. Essa lei existe? Existe a partir de 1999, Lei 9779/99 que contempla algumas situações em que o crédito pode ser mantido. Tendo em vista essas duas discussões relativas ao IPI, qual é, então, o saldo? De acordo com o STF, a não-cumulatividade do IPI se assemelha à do ICMS, tanto em relação à regra (que de fato já era a mesma), quanto em relação às limitações. Então, acaba sendo a mesma coisa.
	Como a não-cumulatividade do IPI foi um tema muito debatido, há grande chance de você encontrar isso em segunda fase de concurso, mas também em primeira fase. É importante que vocês saibam essa virada jurisprudencial do Supremo especialmente. Aqui a gente termina IPI. Sobre isso, a gente não vai falar mais nada, mas sobre ICMS, ainda há duas coisas para falar. Vamos focar em relação a alguns temas relativos ao ICMS.
1.3.	A incidência do ICMS na importação
	Vamos focar a questão do ICMS na importação de mercadorias, que é um tema bastante atual. O ICMS, como sabemos, é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da Constituição:
	Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 
	II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
	O ICMS incide sobre circulação de mercadoriase sobre a prestação de determinados serviços, mesmo que os fatos geradores tenham início no exterior. É o seguinte: de acordo com esse dispositivo, eu tenho aqui fatos geradores possíveis do ICMS. E que fatos geradores possíveis são esses?
Operações de circulação de mercadorias
Prestação de serviços de:	 Transporte interestadual
					Transporte intermunicipal
					Comunicação 
	Esses são os fatos geradores do ICMS, que incidirá toda vez que eu tiver circulação de mercadorias ou prestação de alguns serviços. O ICMS incide mesmo que um desses fatos geradores tenham início no exterior, comecem no exterior e terminem no Brasil. 
	Vamos pegar o fato gerador circulação de mercadorias. Eu tenho uma empresa nos EUA que vende mercadoria para uma empresa no Brasil. O fato gerador circulação de mercadorias começou no exterior e terminou no Brasil. Por conta disso, haverá a incidência do ICMS, só que esse ICMS que incide tendo em vista esse fato gerador que teve início no exterior é um imposto que incide na importação. A bem da verdade, o que eu tive aqui foi a importação da mercadoria tendo em vista o fato gerador do ICMS. Incide o imposto chamado de ICMS-importação, porque pressupõe a importação para que eu tenha a incidência desse ICMS. Só que, ainda que o ICMS se chame ICMS-importação, porque incide no momento em que a mercadoria entra no país, esse imposto só pode incidir se um dos fatos geradores do ICMS se concretizar. É verdade que incide na importação, mas está vinculado a esse fato gerador. O que isso significa? Eu só posso ter a incidência do ICMS na importação se houver este fato gerador “operação de circulação de mercadorias.” Então, a pergunta é: quando eu tenho esse fato gerador? O que caracteriza esse fato gerador “operação de circulação de mercadorias”? respondendo a essa pergunta, eu sei dizer se o ICMS incide ou não na importação. O fato gerador é “operação de circulação de mercadorias”. Se esse fato gerador começar no exterior e terminar no Brasil, eu posso ter a incidência do ICMS na importação. 
	Vamos ver o que significa “operação de circulação de mercadorias”, e, portanto, vamos ver o que significa dizer que esse fato gerador se verificou.
	Operação de circulação de mercadorias – A operação representa a existência de um negócio jurídico. Quando há operação, há, necessariamente, um negócio jurídico. O negócio jurídico teve por objeto a circulação de uma mercadoria. E o que é circulação? A circulação representa a transferência de titularidade do bem. E, portanto, a transferência de propriedade do bem. E mercadoria significa um bem móvel destinado ao comércio de forma habitual com intuito de lucro. Se eu tiver esse fato gerador (operação de circulação de mercadoria) que começa no exterior e termina no Brasil, eu posso ter a incidência do ICMS-importação. 
	Vou dar um exemplo: eu tenho entre EUA e Brasil duas empresas que firmam um contrato de compra e venda. A empresa ABC no Brasil está importando uma mercadoria da empresa XYZ dos EUA, ou seja, está importando um bem móvel que posteriormente vai ser destinado ao comércio interno e destinar ao comércio interno essa mercadoria é o negócio da empresa, que faz isso de forma habitual e com intuito de lucro. Nesse caso, tem que haver a incidência do ICMS nessa importação? Nesse caso, sim, porque eu tenho uma operação (negócio jurídico), contrato de transferência de titularidade (compra e venda) de uma mercadoria destinada ao comércio com intuito de lucro.
	Agora imagine que a empresa XYZ firme um contrato de compra e venda, não com a empresa ABC, mas com uma pessoa física que importa um determinado bem, um computador, por exemplo, que não vai revender o computador, mas usar o bem. É um bem destinado ao uso dessa pessoa física. Nesse caso, eu tenho que ter a incidência do ICMS nessa operação? Para que eu tenha a incidência do ICMS, eu tenho que ter o fato gerador e qual é ele? Operação (negócio jurídico) de transferência de titularidade, que é o contrato de compra e venda, mas cujo objeto é um bem móvel destinado ao comércio de forma habitual e com intuito de lucro. Essa pessoa física, quando compra o computador irá revendê-lo, está destinando ao comércio? Não. Então, este computador não é mercadoria. Se não é mercadoria, o resultado deve ser, pelo menos em tese, a não incidência do ICMS. O ICMS não tem que incidir mesmo havendo a importação, porque eu não tenho o fato gerador. Para haver fato gerador, é preciso uma operação de circulação de mercadoria. O fato gerador tem que começar no exterior e terminar no Brasil, mas nesse caso eu não tenho fato gerador porque falta um dos elementos, que é a mercadoria (destinada ao comércio).
	Esse panorama do ICMS-importação, relativo à pessoa física, foi submetida à análise do Supremo porque a Fazenda queria cobrar o ICMS, não importando se é pessoa física, se é jurídica que não paga ICMS (por exemplo, prestadora de serviço). Entrou no País, tem que pagar o ICMS, era o que a Fazenda dizia. Essa discussão sobre a possibilidade de pessoas físicas e determinadas pessoas jurídicas não pagarem ICMS vai para o Supremo. Isso vai para o Supremo que decide que o ICMS não deve incidir porque o fato gerador não se realizou. Só se realiza o fato gerador se há mercadoria e se é uma pessoa física que importa, não tem mercadoria. Se é uma pessoa jurídica que não é comerciante, por exemplo, um prestador de serviço, também não tem mercadoria porque o prestador não vai revender aquele bem. O resultado desta postura é a publicação da Súmula 656, do STF.
	Vamos começar a esquematizar esse ponto em uma cronologia, porque houve outras decisões no caso do ICMS na importação.
	A Constituição diz que o ICMS incide na importação diante do fato gerador. Apesar disso, a Fazenda quer cobrar de pessoa física e de pessoa jurídica não contribuintes. Como resultado, o STF, na Súmula 660 e diz: não incide. E por que não incide? Porque não tem o fato gerador. Vamos ver a redação da súmula.
	STF Súmula nº 660 - DJ de 30/3/2006 - Não incide ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto.
	Só que, apesar de o Supremo ter firmado essa posição, a Fazenda não ficou muito satisfeita e queria continuar cobrando ICMS dessas pessoas. Como ela podia cobrar cobrando ICMS nesse caso? A única saída seria alterar a Constituição. Vem o Supremo e diz, pela Súmula 660, que não incide porque não há mercadoria, já que ou se estava diante de uma pessoa física ou de uma pessoa jurídica não contribuinte. A despeito disso, para se manter essa cobrança e a pretensão da Fazenda, houve uma alteração na Constituição: EC-33/01, que altera o art. 155, § 2º, IX, “a”, da Constituição. Altera esse dispositivo para dizer: o ICMS incide sempre que houver entrada de bem ou entrada de mercadoria do exterior. A incidência do ICMS decorre da entrada e, portanto, a incidência do ICMS, diz a EC-33, independe do fato gerador previsto no art. 155, II, da Constituição. O que importa é: entrou a mercadoria proveniente do exterior, incide o ICMS. Vamos ler este dispositivo:
	§ 2º - O imposto previsto no inciso II (ICMS) atenderá ao seguinte: IX - incidirá também: a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; (Alterado pela EC-000.033-2001)
	Ou seja, entrou, pagou. Não importa a finalidade, se é pessoa física, se é jurídica, se é mercadoria. Nada importa. Entrou no País, paga ICMS. O que a EC-33/01 fala? Ela desvincula o ICMS-importação do fato gerador do ICMS e desvincula especialmente tendo em vista o fato gerador “operação de circulação de mercadorias”. Não importa se houve operação de circulação de mercadorias. Entrou, pagou. Então, a emenda desvincula o ICMSimportação da ocorrência do fato gerador previsto no art. 155, II. Se desvincula, qual é o resultado? A EC-33 criou um imposto. Criou um imposto de importação estadual. É isso que ela faz. Porque cobra na entrada, não importa se está vinculado ao fato gerador do art. 155, II. Entrou no País, vai pagar o ICMS. Então, ela desvincula do fato gerador e cria um imposto de importação dos Estados. E veja, invade a competência tributária da União porque tributar importação é competência da União. É isso que faz a emenda.
	Vamos ver o que a jurisprudência já falou em relação a essa EC-33/01. Quais foram os resultados dessa EC-33/01?
	a)	Amplia a base de incidência do ICMS na importação para desvincular a incidência na importação do fato gerador descrito no art. 155, II, da CF. Qual é o fato gerador afetado? Operação de circulação de mercadoria.
	b)	Cria um “imposto estadual de importação” e ao fazer isso, temos a invasão de competência tributária da União porque a competência para tributar importação é da União. 
	Evidentemente, essa emenda é questionada no Supremo. Só que o seu questionamento vem sob um assunto muito específico, que é o tema do leasing internacional. Sob qual pretexto essa emenda é questionada? Para discutir as operações de leasing internacionais. Leasing ou arrendamento mercantil internacional. Sob esse pretexto a discussão chega no Supremo? O que caracteriza essas operações é a ausência de transferência da propriedade. Não há transferência da propriedade do bem quanto há leasing ou arrendamento mercantil. Pode ser que, ao final, o bem seja transferido, pode ser que, ao final, eu tenha opção de compra. Mas durante o contrato, não há transferência da propriedade. E se não há transferência da propriedade, qual é o resultado? O resultado é a não ocorrência do fato gerador do ICMS. Ele não ocorre porque, nesse caso, não há circulação. Para que eu tenha fato gerador do ICMS, eu preciso de uma operação de circulação de mercadoria. E circulação implica transferência de propriedade. E aqui, não há transferência. A questão é: uma operação de leasing internacional, tendo em vista a EC-33/01 deve ou não ser tributada pelo ICMS, porque, afinal de contas, não ocorre o fato gerador do imposto. Essa foi a questão levada para o Supremo e foi levada para o Supremo especialmente porque na LC 87/96, que é a lei que disciplina o ICMS, temos uma isenção do ICMS quanto a essas operações de arrendamento mercantil. E como fica se há a isenção no art. 3º, VIII, da LC 87/96 e agora vem a EC e fala: incide. Eu tenho ou não tenho que pagar esse ICMS devido se a operação for internacional? Essa foi a questão colocada em debate no Supremo. Essa isenção ainda permanece? É uma isenção genérica, que não fala se é para operação nacional ou internacional. E essa isenção foi superada em relação ás operações internacionais pela EC-33/01? Como fica a incidência do ICMS? Esse caso foi levado ao Supremo para discutir especialmente a importação de aeronave, que são importadas sob o regime de arrendamento mercantil, de leasing. Deve ou não haver a incidência do imposto?
	Em relação à importação de aeronaves, o que o Supremo decidiu? Nesse caso, tratando-se de arrendamento mercantil internacional, não incide o ICMS. E essa é uma decisão do Pleno relatada pelo Min. Eros Grau. E por que não incide? Segundo Eros Grau, não incide porque nesse tipo de contrato, que tem por objeto aeronave, não existe a possibilidade de compra. Não há a possibilidade prática de aquisição da aeronave pela empresa aérea. E por que não? Porque não faz parte da empresa comprar aeronave. Ela presta serviço de transporte e para que se mantenha bem atualizada, ela não pode comprar uma aeronave, porque o custo é muito grande. É melhor que faça contrato de leasing. Por não haver a possibilidade de transferência da propriedade, diz o Min. Eros Grau, não tem que incidir ICMS nessa operação, a despeito da EC-31. Vejam, nesse sentido, o RE 461968, que é um julgado de 2007, do Pleno do STF:
RE 461968 / SP - SÃO PAULO - Min. EROS GRAU - Julgamento:  30/05/2007 - Órgão Julgador:  Tribunal Pleno
1. A importação de aeronaves e/ou peças ou equipamentos que as componham em regime de leasing não admite posterior transferência ao domínio do arrendatário. 
2. A circulação de mercadoria é pressuposto de incidência do ICMS. O imposto --- diz o artigo 155, II da Constituição do Brasil --- é sobre "operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior". 
3. Não há operação relativa à circulação de mercadoria sujeita à incidência do ICMS em operação de arrendamento mercantil contratado pela indústria aeronáutica de grande porte para viabilizar o uso, pelas companhias de navegação aérea, de aeronaves por ela construídas. 
4. Recurso Extraordinário do Estado de São Paulo a que se nega provimento e Recurso Extraordinário de TAM - Linhas Aéreas S/A que se julga prejudicado.
	Em se tratando de aeronave não há que se falar em incidência do ICMS porque não vai haver transferência da propriedade. Se não tem transferência, não tem incidência do imposto. Essa foi uma situação analisada pelo Supremo já depois da EC-33/01. 
	Só que além dessa situação relativa às aeronaves, que é uma situação muito específica, a gente teve uma segunda discussão relativa ao arrendamento mercantil internacional que tinha por objeto um bem (não uma aeronave) destinado ao ativo fixo da empresa. Exemplo: Nívea da Alemanha manda uma máquina pra creme para a Nívea do Brasil. Há um arrendamento mercantil entre elas, sendo que o objeto é uma máquina que vai integrar o ativo fixo da indústria brasileira. Ela vai ser utilizada e se desgastar. Vai ficar dentro da indústria. Não é que ela vai ser adquirida. Houve um contrato de arrendamento mercantil e pode ser que ela seja adquirida ao final do contrato. Nesse caso específico, o Supremo diz que incide o ICMS. E por que nesse caso incide o ICMS? Porque neste caso, temos a transferência de propriedade presumida porque o bem vai integrar o ativo fixo da indústria. Eu não posso ficar esperando o decurso do contrato para saber se vai haver ou não a aquisição. Eu presumo que vai haver e cobro o ICMS logo na entrada. Uma decisão como essa, relativa a bens destinados ao ativo fixo, foi tomada em 2005 pelo Supremo e a relatora foi a Min. Ellen Gracie. Se nesse caso incide, qual é a consequência? É a de que, nesses casos de bens destinados ao ativo fixo, a isenção prevista no art. 3.º, VIII, somente se aplica às operações internas. Ela não alcança as operações internacionais de arrendamento mercantil. Isso na aquisição de bens destinados ao ativo fixo, desde que não seja aeronave, porque no caso de aeronave não se aplica mesmo porque a transferência nunca vai existir. Vamos ver, nesse sentido, o RE 206069
RE 206069 / SP - SÃO PAULO - Min. ELLEN GRACIE - Julgamento:  01/09/2005 - Órgão Julgador:  Tribunal Pleno
1. De acordo com a Constituição de 1988, incide ICMS sobre a entrada de mercadoria importada do exterior. Desnecessária, portanto, a verificação da natureza jurídica do negócio internacional do qual decorre a importação, o qual não se encontra ao alcance do Fisco nacional. 
2. O disposto no art. 3º, inciso VIII, da Lei Complementar nº 87/96 aplica-se exclusivamente às operações internas de leasing. 
3. Recurso extraordinário conhecido e provido.
	Não se aplica às operações internacionais, a não ser quando se trata de arrendamento mercantil de aeronave porque aí não tem que incidir mesmo. Essas duas decisões do Supremo refletiram no STJ porque esse também é um tema do STJ, na medida em que discute uma isenção, um tema infraconstitucional. Qual foi o reflexo no STJ? Vamos ver o AgRg na MC 13339:
STJ - AgRg na MC 13339 / SP - AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR - Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA - Julgamento 02/04/2009 - DJe 27/04/2009 
1. A Medida Cautelarde competência originária do STJ é medida excepcional cuja finalidade é conferir efeito suspensivo a recurso especial, nas situações em que verificar-se cumulativamente o fumus boni iuris, consubstanciado na forte probabilidade de êxito do apelo, e o periculum in mora, quando comprovado que a demora na prestação jurisdicional possa causar dano irreparável ou de difícil reparação.
2. Na hipótese dos autos, a plausibilidade do direito do requerente restou configurada à toda evidência na jurisprudência consolidada nesta Corte Superior, que, seguindo orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário 461.968/SP (Relator Ministro Eros Grau, DJ de 24.8.2007), reconheceu que a importação de aeronave mediante arrendamento mercantil (leasing) não implica circulação de mercadoria, pois não há transferência da titularidade do bem arrendado. Por esse motivo, não está caracterizado o fato gerador do ICMS. Contudo, excetuou-se apenas aqueles casos em que se verifica a importação de equipamento destinado ao ativo fixo da empresa, situação na qual a opção do arrendatário pela compra do bem arrendado é presumida. Nessa hipótese, como houve efetiva circulação da mercadoria, há incidência da mencionada exação.
3. Agravo regimental não provido.
	Nesse caso, tem que incidir porque se presume a transferência de propriedade. Quando não incide definitivamente? Se for aeronave. Se não for aeronave, incide porque a compra e presumida. Só no caso da aeronave que o Supremo excepcionou a incidência da EC 33/01.
	Só para gente fechar esse ponto: a partir da EC 33/01, quais são os reflexos na jurisprudência?
	Súmula 660, na sequência, a Emenda EC 33/01 – Em primeiro lugar, vem o STF, em 2005 e diz: “no leasing internacional que tenha por objeto bens destinados o ativo fixo, incide o ICMS. Se é assim, há a isenção limitada às operações internas. Isso em 2005 (Ellen Gracie). Depois, o STF, em 2007 (Eros Grau) e diz: na mesma situação, só que tendo por objeto aeronave, não incide o ICMS porque não há fato gerador. E aí, posteriormente, vem o STJ, nessa decisão que vimos de 2009 e segue o Supremo para dizer que aeronave não e ativo fixo sim, incide o imposto.
	Aí vocês podem se perguntar: e se a situação não se trata nem de aeronave e nem de ativo fixo? E se eu tiver um bem que não vai integrar o ativo fixo? Nesse caso, ainda não tem decisão. Caso de um bem arrendado pelas vias internacionais, um bem móvel qualquer. Nesse caso, não há decisão, mas há uma discussão em andamento, que está no RE 226899, cujo andamento do julgamento está relatado no Informativo 534. De todo modo, ainda não tem decisão. Com isso, a gente termina o ICMS na importação.
1.4.	A incidência do ICMS nos serviços de comunicação
	Para tratar do ICMS - comunicação, a gente precisa saber o que significa prestar serviço de comunicação. Aqui é o seguinte: há comunicação nos casos em que há um emissor de uma mensagem de um lado e o receptor do outro. Então, o emissor manda uma mensagem, o receptor recebe e este receptor devolve esta mensagem. É importante que vocês saibam que essa resposta do receptor não necessariamente vai ser o início de uma conversa. Você entra no seu elevador e fala bom dia para o seu vizinho que não responde, ele não quer se comunicar. Essa emissão não precisa ser uma resposta positiva. O simples fato de haver comunicação significa que tem troca. Você teve uma mensagem transmitida, mesmo que não seja verbal, oral. Isso é comunicação. Quando o receptor devolve a mensagem, ele vira emissor e quando o emissor recebe a mensagem, vira receptor. É essa troca de mensagens que é tributada pelo ICMS? Óbvio que não. O que é tributado é o serviço de comunicação. Eu tenho tributação se eu tenho um terceiro que faz a intermediação entre emissor e receptor. Emissor e receptor, sozinhos, não conseguem trocar mensagem. Eles precisam de um terceiro que preste o serviço. Se eu tenho um terceiro viabiliza a comunicação, sem o qual a comunicação não existe, então eu tenho a incidência do ICMS. Qual é o exemplo típico? Companhia telefônica. No telefone, que é o exemplo clássico, eu consigo ver com clareza o ICMS-comunicação.
	E quais são as discussões relativas ao ICMS - comunicação?
A incidência do ICMS - comunicação nos serviços prestados pelos provedores de acesso à internet.
Serviços prestados pelas operadoras de telefonia móvel, especificamente quando você recebe a habilitação dos telefones celulares.
Serviços prestados pelas empresas de TV a cabo em relação aos serviços de habilitação do decodificador.
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