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Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 51 AULA 10: DA SENTENÇA. ESPÉCIES. EFEITOS. DA COISA JULGADA. SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I – Considerações Gerais sobre os Atos Jurisdicionais no Processo Penal 02 II – Sentenças Definitivas 04 Lista das Questões 31 Questões Comentadas 38 Gabarito 51 Salve, salve, meu povo! Estudando muito? Hoje vamos estudar a respeito da Sentença. Veremos as modalidades de sentença, seus efeitos, dentre eles o efeito de produzir coisa julgada, que é um fenômeno de imprescindível à Tutela Jurisdicional. Vamos ao que interessa!!! Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 51 I – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ATOS JURISDICIONAIS NO PROCESSO PENAL Os atos jurisdicionais podem ser classificados em dois grandes grupos: Despachos de mero expediente – Aqueles que não possuem carga decisória, servindo apenas para impulsionar o processo; Decisões ou sentenças em sentido amplo – Possuem carga decisória e se destinam a resolver alguma questão incidental no processo ou o próprio mérito da ação penal. O primeiro grupo não traz grandes dificuldades. A questão “pega” mesmo é no segundo grupo, no qual existem várias subdivisões, de forma que devemos conhecer cada uma das espécies de decisão do segundo grupo, pois o conhecimento da natureza de uma decisão influencia em diversos aspectos, dentre eles, na caracterização do RECURSO CABÍVEL. A Doutrina possui inúmeras classificações (Cada autor cria uma, pra vender livro, sabem como é...). Entretanto, podemos sintetizá-las da seguinte forma: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 51 Para a nossa aula de hoje interessam apenas as sentenças DEFINITIVAS, sejam elas CONDENATÓRIAS OU ABSOLUTÓRIAS. ATOS JURISDICIONAIS DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE DECISÕES OU SENTENÇAS LATO SENSU SENTENÇAS DEFINITIVAS (CONDENAÇÃO OU ABSOLVIÇÇAO) DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS MISTAS SIMPLES TERMINATIVAS NÃO- TERMINATIVAS Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 51 II - SENTENÇAS DEFINITIVAS A) Requisitos formais Os requisitos formais das sentenças definitivas estão previstos no art. 381 do CPP. Vejamos: Art. 381. A sentença conterá: I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; V - o dispositivo; VI - a data e a assinatura do juiz. A ausência de qualquer destes elementos torna viciada a sentença, sendo passível de anulação. Vamos ver um pouco sobre cada um deles: Relatório – O relatório compreende os incisos I e II do art. 381 do CPP. Consiste, grosso modo, num resumo do que foi o processo até então; Fundamentação – A fundamentação é o segundo requisito, e está previsto nos incisos III e IV do art. 381. A fundamentação Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 51 é mais que obrigatória, pois permite às partes (e a todos, pois o processo é público) saberem os motivos que levaram o Juiz a tomar esta ou aquela decisão. A ausência de fundamentação, inclusive, atenta contra o contraditório e a ampla defesa, pois dificulta a vida da parte prejudicada quando esta for recorrer, pois como irá fundamentar seu recurso se não souber o que fundamentou a decisão? A fundamentação é tão importante que está prevista, inclusive, na Constituição. Vejamos o que diz o art. 93, IX da Constituição: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) A única sentença que é proferida sem motivação é aquela proferida nos julgamentos do Tribunal do Júri, eis que os Jurados não são obrigados a fundamentar suas decisões, pois julgam de acordo com sua íntima convicção. Isso não quer dizer que o Juiz deva, na sentença, abordar cada um dos argumentos trazidos pelas partes. Significa apenas que ele deve fundamentar claramente no que ele se baseou para tomar aquela decisão. Existe uma forma de fundamentação que a Jurisprudência vem aceitando, chamada “motivação ad relationem”, que é aquela na qual um órgão do Judiciário se remete à decisão proferida por outro para fundamentar a sua. Explico: Imaginem Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 51 que o MP, inconformado com a sentença, apela. No Tribunal, o órgão colegiado que vai julgar o processo, ao proferir o acórdão, ao invés de gastar páginas e mais páginas fundamentando o acórdão (sentença proferida pelos Tribunais), apenas faz remição aos fundamentos da sentença, caso a mantenha. Isso é muito comum e aceito na Jurisprudência. Dispositivo – É a parte da sentença na qual o Juiz expressa sua decisão, condenando ou absolvendo o réu com base na fundamentação anteriormente exposta. Este requisito está previsto no inciso V do art. 381. É a parte da sentença em que há, propriamente, A DECISÃO. Autenticação – É a parte da sentença consistente na data e assinatura do Juiz (previsto no inciso VI do art. 381 do CPP). Para a Doutrina e Jurisprudência majoritária, a ausência de ASSINATURA torna a sentença inexistente. Há entendimentos em contrário, no sentido de que seria MERA IRREGULARIDADE, podendo o Juiz, posteriormente, colocar sua assinatura. A regra de que o Juiz deve rubricar todas as folhas da sentença constitui mera irregularidade, caso não observada, nos termos do entendimento do STJ. Esta regrinha está prevista no art. 388 do CPP: Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em todas as folhas. Toda e qualquer sentença (condenatória ou absolutória) possui um efeito inexorável, que é o de colocar um ponto final no trâmite processual NAQUELA INSTÂNCIA. Assim, podemos dizer que um efeito de toda e qualquer sentença é o ESGOTAMENTO DA Direito Processual Penal – TRE/MGANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 51 INSTÂNCIA. Quando Juiz profere uma sentença ele termina sua participação no processo, não podendo modificá-la, nem mesmo para sanar nulidade absoluta (que poderia ter sido declarada ex officio). Entretanto, pode ser que o Juiz tenha trocado uma palavra, a sentença tenha um erro de digitação...esses pequenos erros, que não são relacionados ao conteúdo, à ideia da sentença, são chamados de erros materiais, e podem ser sanados pelo Juiz. O Juiz poderá, ainda, modificar a sentença após sua prolação quando da apreciação do recurso de embargos de declaração (que é dirigido ao próprio Juiz prolator da sentença e não a um órgão superior). Vejamos: Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão. B) Sentença Penal Absolutória É a sentença que julga improcedente a acusação, absolvendo o réu, por algum dos motivos do art. 386 do CPP. Vejamos: Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato; II - não haver prova da existência do fato; III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 51 V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) No primeiro caso (estar provada a inexistência do fato), o Juiz entende ter ficado evidenciado que o fato não ocorreu. No segundo caso é diferente, o Juiz verifica que NÃO FICOU PROVADA A EXISTÊNCIA DO FATO, ou seja, ele não diz que o fato não ocorreu, diz apenas que não houve prova de sua existência, de forma que não se pode condenar o réu. No terceiro caso, o fato pode ter ou não ocorrido, isso não importa. O que importa é que, em abstrato, ainda que tivesse ocorrido, ELE SERIA ATÍPICO (não tem previsão legal como crime). No quarto caso, ficou CABALMENTE PROVADO que o réu não participou da infração penal, embora esta tenha ocorrido. No quinto caso, simplesmente não ficou provada a participação do réu na infração, ou seja, ele até pode ter participado, mas o acusador NÃO CONSEGUIU PROVAR ISTO. No sexto caso que leva à absolvição, o Juiz reconhece que o fato ocorreu, o réu dele participou, o fato é TÍPICO (está previsto como crime), mas está presente uma causa excludente de ilicitude ou culpabilidade, ou, ainda, o réu agiu mediante erro de tipo ou erro de proibição. No sétimo e último caso, temos uma fundamentação “residual” para a sentença absolutória, eis que será o réu absolvido SEMPRE QUE Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 51 NÃO HOUVER PROVA SUFICIENTE PARA A SUA CONDENAÇÃO. Trata-se da materialização do princípio do in dubio pro reo. A.1) Efeitos da Sentença Penal Absolutória Os efeitos da sentença penal condenatória podem ser principais ou secundários. Como efeito principal, temos a IMEDIATA COLOCAÇÃO do réu em liberdade, caso esteja preso. Esta previsão está contida no art. 386, § único, I do CPP. Vejamos: Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; CUIDADO! Este artigo deve ser analisado com muito cuidado. Porque motivos o réu poderia estar preso quando proferida a sentença penal? Ora, ele só poderia estar preso provisoriamente (prisão preventiva). Ora, o simples fato de sobrevir sentença absolutória (recorrível) não faz com que desapareçam os requisitos que autorizam a prisão preventiva, de forma que o réu preso só será colocado em liberdade se o Juiz entender que o fim do processo em primeiro grau extingue o requisito que autorizava sua prisão (exemplo: réu foi preso para não coagir testemunhas, logo, já tendo sido estas ouvidas, não se justifica sua prisão). Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 51 Existe a figura da sentença absolutória IMPRÓPRIA. A sentença que absolve o réu tem como conseqüência a ausência de reflexos penais negativos. A essa sentença (normal) se dá o nome de sentença absolutória própria. Pode ocorrer, no entanto, de o réu ser absolvido mas lhe ser imposta medida de segurança, em razão de sua periculosidade. Essa medida de segurança é aplicada quando o réu é absolvido por ser inimputável à época do fato, em razão de doença mental ou desenvolvimento mental retardado ou incompleto. Havendo a absolvição do réu em razão de sua inimputabilidade, e sendo- lhe aplicada medida de segurança, estaremos diante de uma sentença absolutória imprópria. Os efeitos secundários, por sua vez, estão espalhados pelo CPP. Vejamos: Levantamento do sequestro incidente sobre bens do acusado – Está previsto no art. 131, III do CPP; Cancelamento da hipoteca legal e do arresto determinados sobre o patrimônio ilícito do acusado – Está previsto no art. 141 do CPP; Restituição integral da fiança eventualmente paga – Previsão contida no art. 337 do CPP; Impede a propositura de ação civil de indenização pelo fato (ação civil ex delicto) quando a absolvição: a) for fundada na presença de excludente de ilicitude; b) Ficar COMPROVADO que o réu NÃO CONCORREU PARA A PRÁTICA DO FATO ou que o FATO NÃO EXISTIU. B) SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 51 É a sentença que reconhece a responsabilidade do réu em decorrência da infração penal, condenando-o. Exige prova CABAL (irrefutável) de que o réu tenha participado do crime, pois na dúvida o réu deve ser absolvido (in dubio pro reo). O Juiz pode CONDENAR o réu mesmo que MP, nos crimes de ação penal pública, requeira sua absolvição. Vejamos o que dispõe o art. 385 do CPP: Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. Quando o Juiz profere uma sentença penal condenatória, ele deve, ao mesmo tempo: Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008) I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantesdefinidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 51 IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro; VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código Penal). Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Devo chamar a atenção de vocês para dois pontos: A lei 11.719/08 alterou a redação do inciso IV do art. 387, de forma que o Juiz, ao condenar o réu, fixará na sentença um VALOR MÍNIMO para a reparação do dano na esfera civil – Isso significa que a sentença condenatória PENAL pode ser EXECUTADA diretamente no Juízo Cível. Entretanto, ela só poderá ser executada no Juízo civil após o seu trânsito em julgado, pois antes disso ela não possui um dos requisitos do título executivo cível, que é a “CERTEZA”. Além disso, ela estipula um valor mínimo. Nada impede que a parte promova a ação de reparação no Juízo cível, visando à condenação do acusado a um valor maior; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 51 A lei 11.719/08 incluiu o § único ao art. 387, estabelecendo que quando o Juiz proferir sentença condenatória, deverá decidir acerca da prisão do réu – Ou seja, quando o Juiz profere sentença condenatória, o RÉU NÃO É AUTOMATICAMENTE PRESO. A prisão antes do trânsito em julgado é EXCEÇÃO, de forma que o Juiz, para decretar a prisão do réu, deve avaliar se estão presentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva. Não há, portanto, um efeito automático da sentença condenatória consistente na prisão do réu. Ela será decretada somente se estiverem presentes os requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP. B.1) Efeitos da sentença penal condenatória A sentença penal condenatória possui efeitos penais e extrapenais. Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal (óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou secundários. Os efeitos penais primários estavam previstos no art. 393 do CPP. Vejamos: Art. 393. São efeitos da sentença condenatória recorrível: (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). I - ser o réu preso ou conservado na prisão, assim nas infrações inafiançáveis, como nas afiançáveis enquanto não prestar fiança; II - ser o nome do réu lançado no rol dos culpados. Vejam que o art. 393 foi REVOGADO pela Lei 12.403/11 (fresquinha, portanto, GRANDE CHANCE DE CAIR NA PROVA). Então Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 51 não existem mais efeitos primários? Sim, existem, só que os efeitos penais primários, atualmente, só ocorrerão quando a sentença penal condenatória TRANSITAR EM JULGADO. A sentença condenatória recorrível não possui mais o condão de levar o réu à prisão ou de levar à inscrição do seu nome no rol dos culpados. Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais secundários aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurídico- PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como efeito penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas consequências) caso o condenado seja novamente condenado dentro de um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por afetarem diversas áreas do Direito (civil, administrativo, etc). Por sua vez, dividem-se em genéricos e específicos. Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer condenação, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: Obrigação de reparar o dano e confisco: Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 51 II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de ser expressamente declarados pelo Juiz na sentença. Exemplo: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o dano causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse efeito, pois é decorrência natural e automática da sentença. Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 51 b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contrafilho, tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo constar na sentença condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está previsto no § único do art. 92 do CP: Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) B.1.1) Efeitos genéricos Obrigação de reparar o dano Embora as esferas cível e criminal sejam independentes, a sentença criminal condenatória possui o condão de fazer coisa julgada na seara cível, tornando certa e indiscutível (naquela esfera) o dever de reparar o dano. Porém, o valor poderá ser discutido na esfera cível. A ocorrência de abolitio criminis ou anistia, embora seja fato que gere a rescisão da sentença condenatória, extinguindo-se a punibilidade, Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 51 NÃO ALTERA OS REFLEXOS CIVIS DA CONDENAÇÃO. Nos termos do art. 2° do CP: Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Essa obrigação de reparar o dano pode, inclusive, ser cobrada dos herdeiros do falecido, até o limite do patrimônio a eles transferido, por força do art. 5°, XLV da Constituição. Confisco O confisco é a perda de bens de natureza ilícita em favor da União. O confisco recai apenas sobre os instrumentos e sobre o produto do crime. O instrumento do crime (instrumenta sceleris) é aquilo de que se valeu o agente para praticar o delito. Só poderão ser confiscados se se tratarem de coisas cuja, fabricação, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito. Assim, um carro utilizado para a prática de um homicídio doloso por atropelamento não pode ser confiscado, por ao ser objeto de natureza ilícita. Entretanto, uma arma de fogo sem registro, com a numeração raspada e cujo possuidor não possua autorização para tal, deverá ser objeto de confisco. Nos termos do art. 91, II, a do CP: Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 51 II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; O art. 91, II, b, por sua vez, trata da perda do produto ou do proveito do crime: Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. O produto do crime (producta sceleris) é a vantagem direta auferida pelo infrator em decorrência da prática do crime. O proveito do crime, por sua vez, é a vantagem indireta obtida pelo agente através da especificação do produto do crime (transformação do ouro roubado em jóia), da alienação do produto do crime (dinheiro Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 51 decorrente da venda do produto do crime) ou preço do crime (crime encomendado, por exemplo). O confisco do produto ou do proveito do crime em prol da União possui natureza subsidiária, pois, em regra, o produto ou proveito crime será restituído à vítima, sendo efetuado em prol da União apenas no caso de ser desconhecida a vítima ou não ser reclamado seu valor. B.1.2) Efeitos específicos Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo Está previsto no art. 92, I do CP: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Como já disse a vocês, estes não são efeitos automáticos, devendo estar expressos na sentença. Assim, se um funcionário público é Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 51 condenado a pena privativa de liberdade de 03 anos, pelo crime de peculato, a perda do cargo público não decorre automaticamente da sentença condenatória, devendo o Juiz se manifestar expressamente neste sentido. Na primeira hipótese (alínea a), o agente comete o crime contra a administração pública, valendo-se da sua condição de funcionário público (crime funcional). Nesse caso, a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo ocorrerá se for aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano. Na segunda hipótese, trata-se de perda de cargo, função pública ou mandato eletivo em razão da prática de qualquer crime, desde que a pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. Cuidado! A pena deve ser superior a quatro anos, e não DE QUATRO ANOS. Incapacidade para exercício do pátrio poder, tutela ou curatela Trata-se de mais um efeito específico da condenação, pois só poderá ocorrer na hipótese de prática de crime doloso sujeito à pena de reclusão, praticado contra filho, tutelado ou curatelado. Assim, além da necessidade de expressa previsão na sentença condenatória, outros três são os requisitos para a ocorrência desse efeito: O crime deve ser doloso; Deve ser apenado com reclusão; Deve ter sido praticado contra filho, tutelado ou curatelado; A sua aplicação, obviamente, não é obrigatória, pois, como vimos, trata-se de um efeito não-automático da condenação, devendo estar expressamente consignada na sentença a ocorrência deste efeito. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 51 A perda do pátrio poder, tutela ou curatela se dá de duas formas diferentes: Em relação à vítima do delito – Em caráter permanente (nunca mais o infratorpoderá ter o pátrio poder em relação àquela pessoa); Em relação a outros filhos, tutelados ou curatelados – Em caráter provisório. Ocorrendo a reabilitação, poderá o infrator restabelecer o pátrio poder, a tutela ou curatela em relação aos demais filhos, tutelados ou curatelados. Imagine um caso de estupro, no qual o pai estupra a filha menor de idade. Condenado, o pai perderá o poder familiar (pátrio poder) em relação a todos os filhos. No entanto, se posteriormente ele se reabilitar, poderá recuperar o poder familiar em relação aos demais filhos, mas nunca mais poderá recuperar este poder em relação à vítima do crime (Pode parecer mentira, mas é verdade ). Inabilitação para dirigir veículo O art. 92, III do CP diz o seguinte: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 51 Portanto, são dois os requisitos: Trate-se de crime doloso; O veículo tenha sido usado como meio para a prática do crime Por “meio” deve-se entender “meio direto”, aquele que produz efetivamente o resultado delituoso. Assim, se A mata B, atropelando-o com seu Honda Civic, o veículo foi utilizado como meio do crime. No entanto, se A pega seu Honda Civic e se dirige até a casa de B, esperando-o chegar do trabalho e, quando o vê, o esfaqueia por trás, o veículo não foi utilizado como meio para a prática do crime, mas como meio de transporte. Quadro esquemático C) PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E PRINCÍPIO DA CONSUBSTANCIAÇÃO EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAIS EXTRAPENAIS PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS GENÉRICOS (AUTOMÁTICOS) ESPECÍFICOS (NÃO- AUTOMÁTICOS) Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 51 O princípio da correlação (ou da congruência) prega que a sentença deve se amoldar ao FATO descrito na denúncia ou queixa, não podendo o Juiz decidir fora dos limites que lhe foram colocados, pois isso importaria em violação a outro princípio, o PRINCÍPIO DA INÉRCIA. Assim, é vedado ao Juiz proferir sentença ultra, citra e extra-petita. O que seriam essas sentenças? Vejamos: Ultra-petita – É uma sentença na qual o Juiz vai além daquilo que lhe foi pedido, julgando mais do que fora pedido (ex.: Indivíduo é acusado por um estupro e o Juiz lhe condena, também, por um roubo, que não foi narrado na inicial acusatória); Extra-petita – É aquela na qual o Juiz julga fato diverso do que aquele que lhe foi posto (ex.: O indivíduo é acusado por estupro e o Juiz lhe condena por roubo, deixando de apreciar o pedido de condenação pelo estupro); Citra-petita – Aqui o Juiz não analisa, não julga todos os FATOS narrados na inicial acusatória, deixando de apreciar algum deles (ex.: O indivíduo é acusado por um estupro e por um homicídio. O Juiz lhe condena pelo estupro, ficando silente quanto ao crime de homicídio). O princípio da congruência retira seu fundamento de outro princípio, o princípio da CONSUBSTANCIAÇÃO, segundo o qual o acusado se defende dos FATOS QUE LHE SÃO IMPUTADOS, de forma que uma sentença que extrapole estes limites, além de violar o princípio da INÉRCIA, viola, ainda, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Existem dois institutos de direito processual penal que buscam dar efetividade a estes princípios. São eles os institutos da emendatio e da mutatio libelli. Vejamos: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 51 C.1) EMENDATIO LIBELLI Este instituto está previsto no art. 383 do CPP, vejamos: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Este instituto (emendatio libelli) possibilita ao Juiz alterar a “capitulação legal” do fato descrito na denúncia. EXEMPLO: Imaginem que o Promotor descreva o seguinte fato: “José, apontando uma arma para Maria, subtraiu-lhe seu relógio”. Este fato configura um ROUBO (art. 157 do CP). Agora imaginem que o Promotor qualifique, erradamente, este crime como crime de furto. A emendatio libelli permite que o Juiz altere a capitulação dada ao fato, sem que o modifique, mesmo que a nova capitulação preveja pena mais severa (como é o caso do exemplo). Pode ocorrer, no entanto, que ao realizar a emendatio libelli, o Juiz torne o fato uma infração de menor potencial ofensivo. Nesse caso, procederá o Juiz nos termos do art. 383, §1° do CPP: § 1o Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 51 Da mesma forma, se o Juiz, em razão da alteração da capitulação do crime, verificar que houve alteração na competência para julgar o processo, deverá reconhecer sua incompetência e remeter os autos ao Juízo competente. Nos termos do art. 383, §2° do CPP: § 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). C.2) MUTATIO LIBELLI O instituto da mutatio libelli está previsto no art. 384 do CPP. Vejamos: Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Aqui não há mera alteração da definição jurídica do fato, mas alteração da definição jurídica do fato em razão do surgimento de novas provas em relação a fatos que não estavam previstos inicialmente na peça inicial acusatória. EXEMPLO: Imaginem que o MP denuncia uma pessoa por homicídio em face de uma criança. Posteriormente, após a instrução, fica provado que a homicida era a mãe da criança e estava sob a influência do estado puerperal (estado que a mãe fica após o parto). Nesse caso, o surgiu um Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 51 fato até então desconhecido, que leva à alteração da classificaçãodo crime de homicídio para INFANTICÍDIO. OUTRO EXEMPLO: Imaginem que o MP denuncia o acusado por crime de homicídio simples. Após toda a instrução criminal se descobre que o crime foi cometido mediante tortura (meio cruel). Nesse caso, surgiu um fato que qualifica o crime, passando a ser homicídio qualificado (art. 121, §2° do CP) e não mais homicídio simples. Em ambos os casos teremos hipóteses de MUTATIO LIBELLI, devendo o membro do MP ADITAR a denúncia, sendo possibilitado ao réu se defender destes novos fatos, sob pena de prejuízo ao direito ao contraditório e à ampla defesa. Vejamos: § 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Mas e se o membro do MP se recusar a aditar a denúncia? Obviamente, não pode o Juiz fazer isto no lugar do MP, pois essa não é a sua função. Nesse caso procede-se da mesma forma que no caso de o membro do MP requerer arquivamento de Inquérito Policial e o Juiz discordar: O Juiz submete o caso à apreciação do chefe do MP Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 51 (Procurador-Geral de Justiça), que decidirá o caso. Isso é o que prevê o art. 384, § 1° do CPP: § 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Aplicam-se à MUTATIO LIBELLI as mesmas regras previstas para a EMENDATIO LIBELLI no que se refere à desqualificação do crime para outro Juízo ou para crime em que haja possibilidade de suspensão condicional do processo. Vejamos: § 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). A Doutrina se divide quanto à possibilidade de aplicação da MUTATIO LIBELLI nos crimes de ação penal privada. Parte da Doutrina entende que não é possível, visto que a Lei fala apenas em “MP” e “Ação Penal Pública”, o que, em tese, exclui a possibilidade de aplicação do instituto nos crimes de ação penal privada. Outra parcela da Doutrina entende ser possível, por entender que a lei não veda, e que isto não iria de encontro a nenhum princípio processual. Em provas objetivas, fiquem com a PRIMEIRA CORRENTE, por privilegiar a redação literal da lei. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 51 D) Publicação e intimação da sentença Segundo o CPP, a sentença é publicada (se torna pública), quando entregue nas mãos do escrivão. Vejamos: Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim. Até a publicação não há, propriamente, sentença, mas apenas “expectativa de sentença”, pois o ato jurisdicional só se perfectibiliza coma publicação. Caso a sentença seja proferida em audiência, considera-se publicada com a sua mera leitura. As partes serão intimadas de formas distintas, conforme sua situação no processo, vejamos: Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume. Art. 392. A intimação da sentença será feita: I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso; II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 51 III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça; IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça; V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça; VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça. § 1o O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos. § 2o O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo. Podemos resumir isto com o seguinte quadro: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 51 Após a intimação, a parte que restar inconformada com a sentença poderá recorrer, e o recurso cabível é a APELAÇÃO. INTIMAÇÃO DA SENTENÇA DEFESA ACUSAÇÃO SENTENÇA CONDENATÓRIA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA MP QUERELANTE PESSOALMENTE OU POR MEIO DO ADVOGADO PESSOALMENTE PESSOALMENTE, POR MEIO DE ADVOGADO OU POR EDITAL (CASO AMBOS NÃO FOREM ENCONTRADOS) RÉU SOLTO: PESSOALMENTE, POR MEIO DE ADVOGADO OU POR EDITAL (CASO AMBOS NÃO FOREM ENCONTRADOS) RÉU PRESO: PESSOALMENTE Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 51 LISTA DAS QUESTÕES 01 - (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR) A perda de função pública constitui efeito da condenação quando aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a A) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, independentemente de motivação na sentença. B) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente a necessária motivação. C) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente a necessária motivação. D) um ano, para qualquer crime, desde que a sentença apresente a necessária motivação. E) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação dedever para com a Administração Pública, independentemente de motivação na sentença. 02 - (FCC – 2011 – TRE/TO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Nos termos do Código Penal, é efeito automático da condenação, não sendo necessário ser declarado na sentença: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 51 A) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos em qualquer crime, salvo nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. B) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. C) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. D) A incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. E) A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. 03 - (FCC – 2010 – TJ/PI – ASSESSOR JURÍDICO) Constitui, dentre outros, efeito penal secundário da condenação A) a inscrição do nome do condenado no rol dos culpados. B) a reparação do dano resultante do crime. C) o confisco dos instrumentos do crime, na forma prevista em lei. D) a incapacidade para o exercício do pátrio poder, nos casos previstos em lei. E) inabilitação para dirigir veículos, nos casos previstos em lei. 04 - (FCC – 2009 – TJ/SE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Os efeitos extrapenais da condenação, previstos no art. 92 do Código Penal brasileiro, são: A) não específicos e genéricos. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 51 B) automáticos e secundários. C) específicos e não automáticos. D) primários e não automáticos. E) genéricos e específicos. 05 - (FCC - 2011 - TRE-AP - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Sobre a sentença é correto afirmar que: A) O juiz, ao proferir a sentença condenatória, não poderá fixar em favor do ofendido valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, devendo a discussão ser dirimida no juízo cível. B) Qualquer das partes poderá, no prazo de cinco dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. C) O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, desde que, em consequência, não tenha de aplicar pena mais grave. D) Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. E) Havendo aditamento da denúncia, cada parte poderá arrolar até cinco testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. 06 - (FCC - 2010 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 51 "A" foi denunciado pela prática de furto, tendo a denúncia narrado que ele abordou a vítima e, após desferir-lhe socos e pontapés, subtraiu para si a bolsa que ela carregava. Nesse caso: A) o Juiz não poderá condenar o réu por roubo, por ser a pena desse crime mais grave que a do furto. B) como o fato foi classificado erroneamente, o Juiz poderá condenar o réu por roubo, devendo, antes, proceder ao seu interrogatório. C) o Juiz poderá dar aos fatos classificação jurídica diversa, condenando o réu pela prática de roubo. D) o Juiz poderá dar ao fato classificação jurídica diversa da que constou da denúncia, dando ao Ministério Público e à Defesa oportunidade para se manifestarem e arrolarem testemunhas. E) o processo será nulo se o Juiz condenar o acusado por roubo, porque violado o princípio da correlação entre a sentença e o pedido. 07 - (FCC - 2009 - MPE-SE - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO - ESPECIALIDADE DIREITO) Admitido o aditamento da denúncia, as partes poderão arrolar até A) cinco testemunhas, realizando-se novo interrogatório do acusado. B) oito testemunhas, realizando-se novo interrogatório do acusado. C) três testemunhas, dispensado novo interrogatório do acusado. D) três testemunhas, realizando-se novo interrogatório do acusado. E) cinco testemunhas, dispensado novo interrogatório do acusado. 08 - (FCC - 2009 - MPE-SE - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO - ESPECIALIDADE DIREITO) Sentença absolutória imprópria é aquela em que o réu é Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 51 A) condenado, mas depois tem reconhecida a prescrição da pretensão punitiva. B) absolvido por insuficiência de provas. C) condenado, mas recebe perdão judicial. D) absolvido, mas recebe medida de segurança. E) absolvido em primeira instância e, provido recurso do Ministério Público, condenado pelo Tribunal. 09 - (FCC - 2001 - TRF - 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Quando na sentença criminal houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão, qualquer das partes poderá pedir ao juiz que a declare, no prazo de A) 10 dias. B) 8 dias. C) 5 dias. D) 2 dias. E) 24 horas. 10 - (FCC - 2010 - TRE-AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) O réu foi denunciado como incurso nas penas do artigo 155, "caput", do Código Penal, porém a prova colhida na fase de instrução demonstra que ele não subtraiu a coisa alheia mas, sim, apropriou-se de coisa de que tinha a posse. Nesse caso, o Juiz deverá A) condenar o réu às penas do artigo 168, "caput", do Código Penal, sem necessidade de aditamento à inicial, já que os crimes são igualmente apenados. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 51 B) julgar o processo, atribuindo ao fato definição jurí- dica diversa, ainda que tenha que aplicar pena mais grave. C) determinar a abertura de vista dos autos ao Minis- tério Público para proceder ao aditamento da de- núncia. D) anular o processo desde o início, pois o réu defen- deu-se de um fato diferente daquele na verdade ocorrido. E) condenar o réu às penas do furto, posto que não pode obrigar o Ministério Público a dar nova defi- nição jurídica ao fato. 11 - (FCC - 2011 - TJ-AP - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS) O juiz A) só poderá atribuir definição jurídica diversa, mesmo sem modificar a descrição do fato contido na denúncia, se implicar na aplicação de penaigual à do delito previsto na definição jurídica dela constante. B) sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, poderá atribuir- lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. C) para aplicar pena mais grave, mesmo sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, atribuindo- lhe definição jurídica diversa, deverá baixar os autos para o Ministério Público aditar a denúncia. D) para aplicar pena mais grave, mesmo sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, atribuindo- lhe definição jurídica diversa, deverá encaminhar os autos à Procuradoria-Geral de Justiça, para que outro representante do Ministério Público analise eventual aditamento. E) só poderá atribuir definição jurídica diversa, mesmo sem modificar a descrição do fato contido na denúncia, se implicar na aplicação de pena mais branda que a do delito previsto na definição jurídica dela constante. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 51 12 - (FCC - 2010 - TRE-AC - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) No caso de ação penal por crime cometido contra vítima maior de sessenta anos, em que o Ministério Público não pediu a aplicação de agravante por tal circunstância, o Juiz, ao proferir sentença, A) não considerará a circunstância, porque não prevista na lei penal. B) pode levar em conta a agravante, desde que não contestada pela defesa na primeira oportunidade de manifestação nos autos. C) não pode reconhecer a agravante, porque não invocada pela acusação, em face do princípio do contraditório. D) pode levar em conta a agravante e aumentar a pena. E) não pode reconhecer a agravante, pois se trata de circunstância qualificadora, que implica em mutatio libelli. 13 - (FCC - 2009 - TJ-PA - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Sentença absolutória imprópria é a que A) concede ao acusado a suspensão condicional da pena. B) impõe ao acusado somente medida de segurança. C) substitui a pena privativa da liberdade por multa. D) substitui a pena privativa da liberdade por pena restritiva de direitos. E) estabelece o regime prisional aberto para o cumprimento da pena Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 51 01 - (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR) A perda de função pública constitui efeito da condenação quando aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a A) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, independentemente de motivação na sentença. B) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente a necessária motivação. C) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente a necessária motivação. D) um ano, para qualquer crime, desde que a sentença apresente a necessária motivação. E) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, independentemente de motivação na sentença. COMENTÁRIOS: A perda da função pública é um efeito secundário extrapenal da condenação, sendo também classificado como um efeito específico, pois só se aplica a determinados casos. Está previsto no art. 92, I do CP: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984), I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996), a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996), b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996). QUESTÕES COMENTADAS Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 51 Vejam que ela pode ocorrer e duas hipóteses: Crime praticado contra a administração pública (pena aplicada igual ou superior a um ano); Qualquer crime (Pena privativa de liberdade superior a 04 anos). Este efeito da condenação não é automático, devendo constar expressamente na sentença, nos termos do § único do mesmo art.: Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Portanto, a alternativa correta é a letra C. 02 - (FCC – 2011 – TRE/TO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Nos termos do Código Penal, é efeito automático da condenação, não sendo necessário ser declarado na sentença: A) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos em qualquer crime, salvo nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. B) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. C) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. D) A incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. E) A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. COMENTÁRIOS: A ocorrência automática dos efeitos extrapenais só se dá nas hipóteses de efeitos extrapenais genéricos, previstos no art. 91 do CP (obrigação de reparar o dano e confisco), o que se extrai mediante uma interpretação a contrario sensu do § único do art. 92, que diz ser Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 51 aplicável somente aos efeitos previstos naquele art. Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Como os efeitos citados (obrigação de reparar o dano e confisco) se encontram no art. 91, daí decorre que sejam efeitos automáticos, dispensando expressa previsão na sentença. Desta maneira, a alternativa correta é a letra C. 04 - (FCC – 2010 – TJ/PI – ASSESSOR JURÍDICO) Constitui, dentre outros, efeito penal secundário da condenação A) a inscrição do nome do condenado no rol dos culpados. B) a reparação do dano resultante do crime. C) o confisco dos instrumentos do crime, na forma prevista em lei. D) a incapacidade para o exercício do pátrio poder, nos casos previstos em lei. E) inabilitação para dirigirveículos, nos casos previstos em lei. COMENTÁRIOS: O efeito penal é aquele que, como o próprio nome diz, afeta a vida do condenado na esfera criminal. Pode ser primário, quando se tratar do objetivo principal da condenação, que é a aplicação da lei penal (pena ou medida de segurança). Pode ser, ainda, secundário, quando, de qualquer outra maneira, afeta a vida do condenado na esfera penal. Assim, um dos efeitos penais secundários é a inscrição do nome do condenado no rol dos culpados, que embora não esteja previsto no CP, é efeito estabelecido no art. 393, II do CPP. Vejamos: Art. 393. São efeitos da sentença condenatória recorrível: (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). (...), II - ser o nome do réu lançado no rol dos culpados. Entretanto, este artigo 393, como vocês podem perceber, foi revogado recentemente pela Lei 12.403/11, de forma que, atualmente, não possui mais vigência. Assim, a alternativa correta é a letra A, com a ressalva de que, atualmente, o dispositivo que fundamentava este efeito da condenação encontra-se revogado. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 51 04 - (FCC – 2009 – TJ/SE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Os efeitos extrapenais da condenação, previstos no art. 92 do Código Penal brasileiro, são: A) não específicos e genéricos. B) automáticos e secundários. C) específicos e não automáticos. D) primários e não automáticos. E) genéricos e específicos. COMENTÁRIOS: Os efeitos extrapenais, como vimos, podem ser genéricos ou específicos e automáticos ou não-automáticos. Os efeitos previstos no art. 91, por interpretação a contrario sensu do § único do art. 92 do CP são genéricos e automáticos. Por sua vez, os efeitos extrapenais previstos no art. 92, em razão de expressa previsão em seu § único, dependem de previsão na sentença condenatória, sendo, portanto, não automáticos. São considerados, ainda, específicos, eis que não se aplicam a todo e qualquer caso de condenação, indistintamente, mas somente naqueles casos previstos nos incisos I, II e III do art. 92. Desta maneira, a alternativa correta é a letra C. 05 - (FCC - 2011 - TRE-AP - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Sobre a sentença é correto afirmar que: A) O juiz, ao proferir a sentença condenatória, não poderá fixar em favor do ofendido valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, devendo a discussão ser dirimida no juízo cível. ERRADA: Isso é possível, conforme expressa previsão do art. 387, IV do CPP: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 51 Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008) (...) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). B) Qualquer das partes poderá, no prazo de cinco dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. ERRADA: O prazo para a interposição dos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO é de apenas dois dias, nos termos do art. 382 do CPP: Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão. C) O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, desde que, em consequência, não tenha de aplicar pena mais grave. ERRADA: O Juiz pode fazer isto (emendatio libelli), ainda que em decorrência desta prática possa resultar em aplicação de pena mais grave. Vejamos o que diz o art. 383 do CPP: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 51 D) Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. CORRETA: Esta é a previsão literal do art. 385 do CPP: Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. E) Havendo aditamento da denúncia, cada parte poderá arrolar até cinco testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. ERRADA: Havendo aditamento da denúncia em razão de MUTATIO LIBELLI, cada parte poderá arrolar até TRÊS testemunhas, no prazo de cinco dias, conforme §4° do art. 384 do CPP: § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 06 - (FCC - 2010 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) "A" foi denunciado pela prática de furto, tendo a denúncia narrado que ele abordou a vítima e, após desferir-lhe socos e pontapés, subtraiu para si a bolsa que ela carregava. Nesse caso: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 51 A) o Juiz não poderá condenar o réu por roubo, por ser a pena desse crime mais grave que a do furto. B) como o fato foi classificado erroneamente, o Juiz poderá condenar o réu por roubo, devendo, antes, proceder ao seu interrogatório. C) o Juiz poderá dar aos fatos classificação jurídica diversa, condenando o réu pela prática de roubo. D) o Juiz poderá dar ao fato classificação jurídica diversa da que constou da denúncia, dando ao Ministério Público e à Defesa oportunidade para se manifestarem e arrolarem testemunhas. E) o processo será nulo se o Juiz condenar o acusado por roubo, porque violado o princípio da correlação entre a sentença e o pedido. COMENTÁRIOS: Nesse caso, não há alteração do fato descrito na denúncia (eis que a denúncia narrou a violência praticada), mas somente redefinição da capitulação legal do fato. Estamos diante, portanto, de emendatio libelli, de forma que o Juiz pode dar ao fato classificação jurídica diversa, AINDA QUE ISSO RESULTE EM APLICAÇÃO DE PENA MAIS GRAVE. Nos termos do art. 383 do CPP: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Portanto, a alternativa correta é a letra C. 07 - (FCC - 2009 - MPE-SE - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO - ESPECIALIDADE DIREITO)Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 51 Admitido o aditamento da denúncia, as partes poderão arrolar até A) cinco testemunhas, realizando-se novo interrogatório do acusado. B) oito testemunhas, realizando-se novo interrogatório do acusado. C) três testemunhas, dispensado novo interrogatório do acusado. D) três testemunhas, realizando-se novo interrogatório do acusado. E) cinco testemunhas, dispensado novo interrogatório do acusado. COMENTÁRIOS: Havendo aditamento da denúncia em razão de MUTATIO LIBELLI, cada parte poderá arrolar até TRÊS testemunhas, no prazo de cinco dias, conforme §4° do art. 384 do CPP: § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Deverá ser procedido, ainda, a novo interrogatório do réu, nos termos do art. 384, §2° do CPP: § 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Assim, a alternativa correta é a letra D. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 51 08 - (FCC - 2009 - MPE-SE - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO - ESPECIALIDADE DIREITO) Sentença absolutória imprópria é aquela em que o réu é A) condenado, mas depois tem reconhecida a prescrição da pretensão punitiva. B) absolvido por insuficiência de provas. C) condenado, mas recebe perdão judicial. D) absolvido, mas recebe medida de segurança. E) absolvido em primeira instância e, provido recurso do Ministério Público, condenado pelo Tribunal. COMENTÁRIOS: A sentença que absolve o réu tem como conseqüência a ausência de reflexos penais negativos. A essa sentença (normal) se dá o nome de sentença absolutória própria. Pode ocorrer, no entanto, de o réu ser absolvido mas lhe ser imposta medida de segurança, em razão de sua periculosidade. Essa medida de segurança é aplicada quando o réu é absolvido por ser inimputável à época do fato, em razão de doença mental ou desenvolvimento mental retardado ou incompleto. Havendo a absolvição do réu em razão de sua inimputabilidade, e sendo- lhe aplicada medida de segurança, estaremos diante de uma sentença absolutória imprópria. Assim, a alternativa correta é a letra D. 09 - (FCC - 2001 - TRF - 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Quando na sentença criminal houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão, qualquer das partes poderá pedir ao juiz que a declare, no prazo de A) 10 dias. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 51 B) 8 dias. C) 5 dias. D) 2 dias. E) 24 horas. COMENTÁRIOS: O prazo para oferecimento dos embargos de declaração no processo penal é de apenas dois dias, nos termos do que dispõe o art. 382 do CPP. Vejamos: Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão. 10 - (FCC - 2010 - TRE-AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) O réu foi denunciado como incurso nas penas do artigo 155, "caput", do Código Penal, porém a prova colhida na fase de instrução demonstra que ele não subtraiu a coisa alheia mas, sim, apropriou-se de coisa de que tinha a posse. Nesse caso, o Juiz deverá A) condenar o réu às penas do artigo 168, "caput", do Código Penal, sem necessidade de aditamento à inicial, já que os crimes são igualmente apenados. B) julgar o processo, atribuindo ao fato definição jurídica diversa, ainda que tenha que aplicar pena mais grave. C) determinar a abertura de vista dos autos ao Ministério Público para proceder ao aditamento da de- núncia. D) anular o processo desde o início, pois o réu defendeu-se de um fato diferente daquele na verdade ocorrido. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 51 E) condenar o réu às penas do furto, posto que não pode obrigar o Ministério Público a dar nova definição jurídica ao fato. COMENTÁRIOS: Percebam que, neste caso, não estamos diante de mera alteração na classificação do fato, mas de alteração dos fatos descritos na denúncia, pois a denúncia não narrou este fato (apropriação da coisa alheia da qual estava na posse), mas narrou um furto (narrou fatos distintos). Assim sendo, estamos diante do fenômeno da MUTATIO LIBELLI. Sendo MUTATIO LIBELLI, o Juiz deverá abrir vista ao MP para que este faça o aditamento da denúncia, caso entenda cabível. Assim, a alternativa correta é a letra C. 11 - (FCC - 2011 - TJ-AP - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS) O juiz A) só poderá atribuir definição jurídica diversa, mesmo sem modificar a descrição do fato contido na denúncia, se implicar na aplicação de pena igual à do delito previsto na definição jurídica dela constante. B) sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. C) para aplicar pena mais grave, mesmo sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, atribuindo- lhe definição jurídica diversa, deverá baixar os autos para o Ministério Público aditar a denúncia. D) para aplicar pena mais grave, mesmo sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, atribuindo- lhe definição jurídica diversa, deverá encaminhar os autos à Procuradoria-Geral de Justiça, para que outro representante do Ministério Público analise eventual aditamento. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 51 E) só poderá atribuir definição jurídica diversa, mesmo sem modificar a descrição do fato contido na denúncia, se implicar na aplicação de pena mais branda que a do delito previsto na definição jurídica dela constante. COMENTÁRIOS: O Juiz poderá dar ao fato narrado definição jurídica diversa, ainda que disso possa resultar PENALIDADE MAIS GRAVE. Trata- se da EMENDATIO LIBELLI. Vejamos o art. 383 do CPP: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Assim, a alternativa correta é a letra B. 12 - (FCC - 2010 - TRE-AC - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) No caso de ação penal por crime cometido contra vítima maior
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