Buscar

EXERCÍCIOS DO MÓDULO 01 - POS EBRADI ( DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL APLICADO)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ATIVIDADES POS GRADUAÇÃO EBRADI
· POS GRADUAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL APLICADO
· MÓDULO 01
· DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
1 - Em determinada Comarca, a cadeia está lotada; novos presos em flagrante chegam; a autoridade policial determina que eles sejam algemados uns aos outros e todos em volta do poste, em frente ao estabelecimento policial. São autores de crime grave e alguns, reincidentes. Como o advogado desses novos presos deve agir?
RESPOSTA - Não importa a gravidade do crime ou a situação pessoal de cada um (se reincidente ou primário); fere-se a dignidade da pessoa humana, pelo desrespeito com que são tratados pelos agentes estatais; não se pode amarrar pessoas em postes, a pretexto de superlotação do presídio. A autoestima é um valor universalmente consagrado e ela representa a própria dignidade do ser humano. Se presos forem tratados como ‘animais’, a lesão a direito individual torna-se evidente. O advogado deve ingressar com HC: como argumentação: a lesão à dignidade da pessoa humana; como pedido: a imediata soltura dos algemados ao poste; como pedido alternativo: a imediata transferência para cela de presídio.
· DEVIDO PROCESSO LEGAL
2 - Terminado um julgamento no Tribunal do Júri, o réu foi condenado a 28 anos de reclusão pela prática de dois homicídios. Lida a sentença em plenário, após transcurso do prazo, nem o acusado nem seu advogado dativo recorrem. Transita em julgado e o acusado vai cumprir a pena. A família se esforça e contrata um defensor. O que ele pode fazer para buscar uma saída técnica para o caso?
RESPOSTA - O advogado deve ingressar com HC, alegando nulidade absoluta, pois houve evidente prejuízo para o réu, que não pôde utilizar o duplo grau de jurisdição, por conta da deficiência nítida da defesa dativa. Portanto, feriu-se o devido processo legal, pois dois outros princípios foram lesados: ampla defesa (efetiva) e duplo grau de jurisdição. Há que se anular o trânsito em julgado permitindo que o réu possa recorrer da decisão condenatória.
· LEGALIDADE
3 - Um auxiliar de escritório foi ao banco fazer um depósito a mando de seu chefe. Chegando ao local, ficou preso naquela porta giratória. Pediram-lhe que tirasse todas as moedas do bolso, relógio, celular etc. Ele tirou tudo e ainda assim não passou. Pediram para que ele tirasse o cinto e os sapatos. Ele o fez e continuou preso. Disseram a ele que não poderia ingressar no banco. Irritado, ele tirou toda a roupa e ficou somente de cueca. O gerente chamou a polícia e ele foi preso por prática de ato obsceno (art. 233, CP). Como advogado, o que fazer?
RESPOSTA - Não aceitar a transação (embora seja crime de menor potencial ofensivo) e questionar ao juiz a
legalidade da prisão com os seguintes enfoques: a) feriu-se o princípio da taxatividade, corolário
da legalidade, pois ato obsceno é expressão muito aberta, sem significado claro; b) inexiste
tipicidade, pois não houve dolo do agente; o acusado pretendia entrar no banco para fazer um
depósito e foi tirando a roupa para mostrar que não portava arma; nunca teve a intenção de
praticar um fato típico previsto no art. 233 do CP.
· ANTERIORIDADE
4 - O agente sequestrou uma pessoa maior de 60 anos em 10 de setembro de 2003. A vítima foi colocada em liberdade em 25 de setembro do mesmo ano. Inicia-se o processo-crime contra o réu. Em fevereiro de 2004, o juiz condena o acusado, com fundamento no art. 159, § 1o, do CP, a cumprir 12 anos de reclusão. Argumenta o magistrado que a vítima é idosa e, à data da sentença, já estava em vigor o Estatuto do Idoso, que acrescentou “se o sequestrado é maior de 60 anos” no parágrafo primeiro do art. 159, pois é Lei de 1º de outubro de 2003, com vacatio legis de 90 dias, igualmente ultrapassada. Na apelação, o que se deve alegar?
RESPOSTA - Houve erro do magistrado, que não respeitou o princípio da anterioridade. Para incidir a qualificadora de crime contra idoso, o delito teria que consumar-se após o período de vacatio legis. Ora, o crime se deu em setembro de 2003, quando ainda não havia a referida qualificadora. Logo, a pena precisa ser reduzida para o montante previsto no caput do art. 159.
· RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA 1
5 - A Lei 11.464/2007 estabeleceu a possibilidade legal de progressão de regime para crimes considerados hediondos. Com a entrada em vigor do novo diploma legal, o § 1º do artigo 2º da Lei 8.072/1990, "Lei dos Crimes Hediondos" (LCH), passou a expressamente restabelecer o sistema progressivo de cumprimento de pena nos crimes rotulados como "hediondos" ao estatuir que a pena seja cumprida "inicialmente em regime fechado". A redação original estabelecia que a sanção penal fosse cumprida "integralmente em regime fechado".
A nova lei, contudo, determina parâmetros objetivos diferenciados para a progressão de regime nessa categoria de crimes. A atual redação do §2º do artigo 2º da LCH impõe o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena para que apenados primários tenham direito à progressão. Para condenados reincidentes a exigência legal é de cumprimento de 3/5 (três quintos) da sanção penal para que se possa obter o direito de ingresso em regime prisional menos gravoso.
Como é cediço, a regra geral para a progressão de regime é disciplina pelo artigo 112 da Lei 7.210/1984, "Lei de Execução Penal" (LEP), o qual estabelece como requisito objetivo para a concessão do benefício o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena. O ordenamento execucional penal atual, portanto, apresenta três requisitos objetivos distintos para a progressão de regime: cumprimento de 1/6 da pena para apenados por crimes não rotulados como hediondos; 2/5 para condenados por crimes hediondos, desde que primários; e, por fim, 3/5 para condenados por crimes hediondos, quando reincidentes. (Fonte: Da irretroatividade dos novos patamares para progressão de regime em crimes hediondos, Napoleão Bernardes Neto, site: https://jus.com.br/)
Os condenados por crimes cometidos antes da entrada em vigor da nova lei têm direito de avançar ao regime prisional menos severo após o cumprimento da 1/6, 2/5 e 3/5 de pena?
RESPOSTA - Malgrado a lei atual se mostre benigna no que tange a assegurar a possibilidade de progressão aos condenados por crimes hediondos, é certo que, mesmo antes de sua edição, os tribunais reconheciam tal possibilidade, promovendo o sentenciado após o cumprimento de 1/6 da reprimenda, com fulcro na regra geral da LEP. Nesse passo, denota-se que a nova lei, na prática, configura novatio in pejus, pois institui frações maiores (2/5 e 3/5) de cumprimento para a progressão, razão pela qual não deve retroagir em face daqueles que praticaram crimes antes de sua edição.
· RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA 2
6 - Considerando os conceitos de ultratividade e retroatividade, analise os seguintes dispositivos e responda:
Lei 11.343/2006
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§4º Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
Lei 6.368/1976
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornece ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamentode 50 (cinquenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
Como deve se resolver a situação de traficante que cometeu o crime antes da vigência da nova lei, porem está sendo julgado em janeiro deste ano?
RESPOSTA - Sendo inviável a combinação de leis, a análise do caso dependerá das circunstâncias concretas, para saber qual dos diplomas regerá a situação.
 Assim teremos:
a) Caso o sujeito seja primário, estará guarnecido pelo reconhecimento do redutor previsto no §4º, da nova lei, cuja pena final poderá ser de 1 ano e 8 meses, sendo, portanto, mais benéfica que a disposição anterior
b) não sendo o sujeito primário, o diploma anterior será mais benéfico, pois a pena -base parte do patamar de 3 anos (menor que 5 anos previsto pela nova lei).
· PRINCIPIO DA HUMANIDADE 
7 - Genival foi beneficiado com a progressão ao regime semiaberto pelo magistrado da vara das execuções criminais de Serro Azul, onde cumpre pena em regime fechado. Determinada a remoção, a Secretaria de Administração Penitenciária informou, por intermédio de ofício encaminhado ao juízo, que Genival ocupa a posição de número 137 na listagem de espera pela abertura de vaga no regime intermediário. Considerando que a decisão que deferiu a progressão foi proferida há 8 meses, como deve proceder o advogado de Genival?
RESPOSTA - O advogado de Genival deve impetrar habeas corpus perante o Tribuna l de Justiça, alegando constrangimento ilegal por patente ofensa humanidade, decorrente da manutenção de sua prisão sob o regime fechado. Deverá, por sua vez, requerer a expedição de alvará de soltura em favor do paciente, com o fito de que aguarde, em liberdade, a abertura da respectiva vaga no regime para o qual foi progredido. 
· PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE
8 - Analise a seguinte situação e responda:
Sujeito é condenado a pena de 1 ano de reclusão, em regime aberto, substituída por prestação pecuniária, no importe de 3 salários mínimos, em favor da vítima. Tendo em vista as dificuldades financeiras enfrentadas pelo sentenciado, seu irmão acaba depositando o valor integral da condenação, na conta do ofendido.
Tal situação enseja ofensa ao princípio da responsabilidade penal pessoal?
RESPOSTA - Sendo o patrimônio disponível, nada veda a doação de dinheiro entre pessoas. Neste caso, se o valor depositado pelo irmão, provém de origem lícita, não há como se sustentar qualquer impedimento ao depósito realizado, razão pela qual, muito embora burle a responsabilidade penal pessoal, não será vedada.
· PRINCIPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
9 - Josué foi condenado em primeira instância pela prática de receptação (art. 180, caput, do CP). A pena aplicada foi de 01 (um) ano de reclusão, bem como 10 (dez) dias-multa, já que não havia circunstâncias judiciais e legais desabonadoras. Todavia, o juiz fixou o regime inicial fechado de cumprimento de pena, sob o argumento de que a receptação “fomenta a prática de inúmeros outros delitos patrimoniais”. Como advogado de Josué, quais argumentos você utilizaria em defesa de seu cliente no tocante ao regime inicial aplicado?
RESPOSTA - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não é motivo hábil para a fixação de regime mais gravoso do que o permitido segundo a pena aplicada. O fato de a receptação fomentar a prática de outros crimes patrimoniais é um argumento genérico, já considerado pelo legislador na etapa da individualização legislativa da pena (ver súmulas 718 e 719 do STF, e ainda súmula 440 do STJ).
· PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
10 - Fernando está sendo processado pela prática de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, CP). Em debates orais, o representante do Ministério Público pugnou pela condenação do acusado. No tocante à dosimetria da pena, requereu a fixação da pena-base acima do mínimo legal em razão da existência de inquéritos em andamento contra Fernando. Na segunda fase, o promotor pediu a elevação da pena por conta da reincidência específica, pois o acusado possui uma sentença condenatória em primeira instância (ainda pendente de recurso) pela prática de um furto anterior. Finda a manifestação do promotor, o magistrado lhe concede a palavra para, na qualidade de advogado de Fernando, apresentar suas alegações finais. Formule suas considerações em relação aos argumentos do promotor de Justiça acerca da dosimetria da pena.
RESPOSTA - A elevação da pena por conta de inquéritos em andamento ou sentenças sem trânsito em Julgado ofende o princípio constitucional da presunção de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado d e sentença penal Condenatória”). Nos termos da súmula 444 do STJ, “é vedada a utilização de inquéritos poli ciais e ações Penais em curso para agravar a pena -base”. Portanto, o advogado deve aduzir que não assiste razão ao representante do Ministério Público, sendo indevida a elevação da pena, quer na primeira fase, quer na segunda fase.
· CONTRADITÓRIO
11 - "Marcos está sendo processado pela prática de associação para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei 11.343/2006). Durante a instrução, foi ouvida uma testemunha arrolada pela acusação, que não se lembrou dos fatos, e interrogado o acusado, o qual negou veementemente a participação no crime. O juiz declarou encerrada a instrução e concedeu às partes prazo para apresentação de memoriais escritos.
Nessa peça, o promotor de Justiça pediu a condenação de Marcos, juntando depoimento policial prestado em processo instaurado contra Ricardo, no qual o agente da lei relata o envolvimento de Marcos (prova emprestada).
Você foi recém contratado por Marcos para redigir os memoriais de defesa. Diante das informações trazidas, o que poderia ser alegado? A utilização da prova emprestada para embasar a condenação, nesse caso, violaria algum princípio?
"
RESPOSTA - A utilização da prova emprestada violaria o princípio da contraditório, pois foi colhida em processo distinto instaurado contra outro acusado. Marcos não teve a oportunidade d e participar de sua produção (não lhe foi possível, por exemplo, confrontar a testemunha e fazer reperguntas). Assim é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: “(...) 6. A jurisprudência é firme na compreensão de que admite -se, como elemento de convicção, a prova produzida em outro processo, desde que a parte a quem a prova desfavorece houver participado do processo em que ela foi produzida, resguardando -se, assim, o contraditório, e, por consequência, o devido processo legal substancial. Assim, produzida e realizada a prova em consonância com os preceitos legais, não há falar em decreto de nulidade. (...) (AgRg no HC 289.078/PB, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 15/02/2017) ”.
· AMPLA DEFESA
12 - Pedro foi condenado em primeira instância pela prática de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006). No dia da audiência de instrução, debates e julgamento, Pedro não foi apresentado pela escolta policial. Apesar da insurgência do advogado do acusado à época, o magistrado ouviu as testemunhas presentes e declarou encerrada a instrução, proferindo, após os debates orais, sentença condenatória. A família de Pedro contrata você para redigir a apelação. Apenas considerando as informações trazidas acima, o que poderia ser arguido no recurso?
RESPOSTA - A ampla defesa compreende não apenas a defesa técnica, mas também a autodefesa. Por essa razão, o acusado tem o direito de estar presente na audiência e também de apresentar sua versão dos fatos pessoalmente ao juiz, no interrogatório. Observe-se que, no caso, o acusado deixou de comparecer ao ato não por vontade própria, mas porque estava preso e não foi apresentado pela escolta. Logo, deve-se arguir a existência de nulidade por violação ao princípio constitucional de ampla defesa.
· JUIZ NATURAL E IMPARCIAL
13 - O réu “X” foi condenado por tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006). Por ocasião do recurso, observa-seque um dos Desembargadores integrantes da Câmara Criminal foi, à época, o juiz prolator da sentença condenatória. Há óbice à atuação jurisdicional desse Desembargador?
RESPOSTA - Sim. Cuida-se de causa de impedimento, nos termos do art. 252 do CP P: “O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: (. ...) III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão”.
· PUBLICIDADE
14 - "João Carlos, recém-formado, tem atuado como advogado na seara criminal há poucos meses. Na última semana buscou, em prol de seu cliente, examinar material investigatório já documento, entretanto, não possui sucesso, uma vez que o Delegado Alfredo, responsável pelo caso, não o permitiu, sem oferecer maiores explicações.
Diante do caso narrado responda: Há irregularidade na conduta de delegado que impede advogado de examinar material investigatório já documentado?
"
RESPOSTA - Sim. Além de vulnerar o princípio da publicidade (CF, art. 93, IX), a conduta contraria o disposto no Estatuto da OAB (Lei 8.906/1994), cujo art. 7º, XIV, assim estabelece: “Art. 7º - São direitos do advogado (...): XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo se m procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital”. Nos termos do § 12 do referido artigo, “a inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente”. Inclusive, a Súmula Vinculante nº 14 diz que: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
· VEDAÇÃO DAS PROVAS ILICITAS
15 - "Por meio de interceptação telefônica realizada sem autorização judicial, policiais ouvem conversa mantida entre dois traficantes, na qual mencionam a existência de grande quantidade de droga em determinada localidade.
Com tal informação, os agentes da lei recebem um mandado judicial e vão até o local, onde apreendem a droga e prendem Josué, caseiro do local.
Com base na situação narrada, é possível afirmar que a apreensão da droga foi lícita? Fundamente.
"
RESPOSTA - A interceptação telefônica é ILÍCITA, pois realizada sem autorização judicial (Lei 9296/96 – artigo 1º). De tal sorte, a apreensão da droga é uma PROVA DERIVADA, sendo, portanto, também ILÍCITA.
Nesse sentido é o artigo 157, §?1o, do Código de Processo Penal: “São inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas,?salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras”.
· Economia processual, duração razoável do processo e da prisão cautelar
16 - Há 3 meses foi decretada a prisão preventiva de Sandro, que responde a processo por crime de ameaça (art. 147 do CP) praticado contra Paula, sua ex-companheira.
Na audiência de instrução, debates e julgamento, Fernanda, testemunha arrolada pela acusação, não comparece. Por insistência do representante do Ministério Público, o magistrado redesigna a audiência para dois meses depois.
Como advogado de Sandro, quais argumentos poderiam ser invocados para pleitear a liberdade do seu cliente?
RESPOSTA - Poderia ser invocado o princípio constitucional da duração razoável do processo (CF, art. 5º, LXXVIII) e, especialmente, aduração razoável da prisão cautelar. Além disso, o processo não se encerrou por [insistência exclusiva da acusação na oitiva da testemunha, não podendo a demora ser atribuída à defesa. Por fim, o crime de ameaça tem pena mínima de 1 mês de detenção, sendo possível até mesmo a aplicação isolada da pena de multa. Desse modo, a pena aplicada, em [caso, provavelmente será inferior ao período de prisão cautelar já cumprida pelo acusado.
· Plenitude de defesa
17 - Tício é levado a julgamento perante Tribunal do Júri, no entanto, durante o plenário o advogado de defesa apresentou sua manifestação de forma superficial e genérica, sem se aprofundar nas provas colhidas. Ao final, Tício foi condenado pelo crime de homicídio.
No dia seguinte ao julgamento você é contratado como novo advogado de Tìcio. Qual deverá ser a medida adotada e a tese apresentada?
RESPOSTA - Deverá ser interposto recurso de apelação. Como preliminar deverá ser arguida a nulidade do julgamento por ofensa ao princípio da plenitude de defesa.
Isto porque não basta que a defesa técnica se apresente formalmente, é necessário que exista defesa real, efetiva e adequada ao caso concreto.
· Soberania dos veredictos
18 - José foi levado a julgamento perante o Tribunal do Júri, sendo alegada em sua defesa a tese de legítima defesa da honra. Após a quesitação os jurados reconhecerem ser José o autor dos disparos que causaram a morte da vítima.
Porém, ao responderem a pergunta “o jurado absolve o réu?”, os jurados, por maioria, responderam SIM.
O Ministério Público interpôs recurso de apelação alegando julgamento contrário às provas dos autos, afirmando não ser admitida na jurisprudência a chamada legítima defesa da honra.
Na qualidade de advogado de José, o que deverá alegar em favor de seu cliente?
RESPOSTA - Deverá alegar que a decisão dos jurados não pode ser considerada contrária à prova dos autos já que reconheceram expressamente a autoria e a materialidade, ou seja, deram correta interpretação à prova existente nos autos. A decisão de absolvição/condenação proferida pelos jurados é imotivada e soberana, não cabendo recurso contra a decisão que reconhece o autor do crime e, mesmo assim, opta por absolvê-lo.
· Sigilo das votações
19 - Verificando-se que houve comunicação entre os jurados, pergunta-se:
Qual deve ser a medida adotada?
RESPOSTA - O jurado deverá ser excluído do Conselho de sentença, nos termos do art. 466, § 1º, do CPP.
Além disso, será condenado a pagar multa no valor de 1 a 10 salários mínimos.
· Competência para os crimes dolosos contra a vida
20 - Mário foi denunciado, perante a Vara do Tribunal do Júri, como incurso no art. 213 e art. 121, caput, ambos do Código Penal.
Conforme narra a denúncia, a vítima caminhava pela via pública, ocasião na qual foi abordada pelo acusado e conduzida pelo braço até um bosque próximo. Enquanto Mário empregava força física para manter relação sexual com a ofendida, inclusive desferindo socos e tapas, a vítima debatia-se desesperadamente até lograr empreender fuga.
Mário saiu em seu encalço, correndo, e ao se aproximar da vítima, saltou sobre seu corpo, jogando-a ao chão. Ao cair, a ofendida chocou a cabeça sobre uma pedra, vindo a falecer.
Na qualidade de advogado de Mário, qual tese apresentaria em resposta à acusação?
RESPOSTA - Deverá ser alegado que a conduta se tipifica como estupro qualificado pelo resultado morte, nos termos do art. 213, § 2º, do Código Penal.
Além disso, tal delito não é classificado como doloso contra a vida, devendo ser afastada a competência do júri.
·  Culpabilidade
21 - José E João são sócios em uma empresa de têxtil. José é o responsável por administrar a produção da fábrica, decidindo quais produtos serão fabricados, logística de transporte, gerenciamento dos trabalhadores etc.
João, a seu turno, é o responsável pelas vendas das empresas, além de gerir as contas a pagar e receber, escrituração contábil, apuração de impostos, folha de pagamento de funcionários etc.
Ambos foramdenunciados pela prática de crime contra a ordem tributária. Na qualidade de advogado de José qual tese poderia ser arguida?
RESPOSTA - Poderá ser arguida ofensa ao princípio da culpabilidade, uma vez que José não participava da gestão contábil e fiscal da empresa.
O simples fato de ser sócio não pode implicar em atribuição de crime de sonegação, pois haveria nítida responsabilidade penal objetiva.
· Duplo grau de jurisdição
22 - Como é sabido, no processo penal existem decisões contra as quais não há a previsão específica de recurso cabível.
Nessas situações quais meios processuais podem ser utilizados pelo advogado quando a decisão, embora irrecorrível, se mostre ilegal?
RESPOSTA - Se a decisão ilegal influir no direito de ir e vir do acusado, o advogado poderá fazer uso do habeas corpus, como por exemplo no caso de decisão de recebimento de denúncia por fato atípico.
Porém, se a decisão não envolve o direito de locomoção, o advogado poderá impetrar mandado de segurança, por exemplo para discutir a liberação de bens apreendidos. 
·  Promotor natural e imparcial
23 -Na qualidade de advogado do réu, qual medida processual deve ser adotada quando houver indícios de que o promotor de justiça possui interesse pessoal na causa?
RESPOSTA - Deverá ser oposta exceção de suspeição contra o membro do parquet, com fundamento no art. 104 do Código de Processo Penal. 
· Obrigatoriedade da ação penal e sua indisponibilidade
23 - Qual medida pode ser tomada pelo advogado da vítima se, passados trinta dias do recebimento do inquérito, o promotor de justiça não tiver dado qualquer andamento?
RESPOSTA - Caberá ao advogado propor queixa-crime subsidiária da pública, com fundamento no art. 29 do CPP, alegando inércia do Ministério Público.
·  Intervenção mínima (subsidiariedade, fragmentariedade e ofensividade)
24 - João Carlos, agindo de forma livre e consciente, subtraiu para si duas escovas de dente do mercado do bairro. Foi preso na esquina de sua casa, após ser perseguido pelo proprietário do estabelecimento comercial.
Com base em um princípio, o juiz decidiu absolver sumariamente o réu. Encontre a justificativa principiológica para a atitude do magistrado.
RESPOSTA - Princípio da Intervenção Mínima.
· Taxatividade
25 - João, 18 anos, e Maria, 87 anos, agindo de forma combinada, despiram-se para desfilar o Carnaval. Sem entender o motivo, foram presos em flagrante por estarem pelados na plataforma de embarque do metrô. O delegado instaurou inquérito policial contra João e Maria por ato obsceno.
Diante dessa situação, indique um princípio que pode ser utilizado pela defesa dos pelados.
RESPOSTA - A defesa pode afirmar que a expressão "ato obsceno" não respeita a taxatividade penal por ser um conceito muito vago e pedir a inconstitucionalidade do delito de ato obsceno por violação à taxatividade.
·  Proporcionalidade
26 - O juiz decretou a prisão preventiva do réu ciente de que, mesmo se o acusado for condenado à pena máxima, não ficará preso em regime fechado.
O texto acima trata da violação a qual princípio norteador do processo penal?
RESPOSTA - Princípio da Proporcionalidade. Se, na pior situação, ou seja, condenação à pena máxima cominada para o crime, o réu não precisará cumprir sua pena em regime fechado, a prisão processual seria totalmente desproporcional em relação a eventual e futuro resultado processual desvalioso para o acusado.
·  Vedação da dupla punição e do duplo processo pelo mesmo fato
27 - O réu foi preso para cumprir uma pena privativa de liberdade diferente de sua primeira condenação.
Ocorre que nos dois processos, o réu respondeu pelo mesmo roubo. O juiz da Vara das Execuções nada fez a respeito da segunda condenação pelo mesmo roubo. Agiu certo o magistrado?
RESPOSTA - Não. Ele deveria pautar as suas decisões levando em consideração a vedação da dupla punição pelo mesmo fato.
·  Oficialidade
28 - "Pedro ofereceu representação por ter sido vítima do crime de ameaça. Após a decisão que não absolveu sumariamente o réu, Pedro decide voltar atrás em seu intuito de ver o réu condenado.
Procura o promotor de justiça e depois o juiz e recebe como informação a impossibilidade jurídica de extinção do processo por arrependimento da representação nessa fase processual. Encontre a justificativa principiológica para a negativa estatal. "
RESPOSTA - Princípio da oficialidade.  
· Intranscendência
29 - "João, 18 anos, e Maria, 17 anos, agindo de forma combinada, subtraíram o veículo do vizinho e passaram a noite dirigindo. Devolveram o carro na manhã seguinte abastecido e sem nenhum prejuízo.
O vizinho pediu a gravação das câmeras de segurança do condomínio e descobriu o crime praticado por João e Maria, e foi até o Distrito Policial. O delegado instaurou inquérito policial contra João e, como Maria tinha 17 anos na data dos fatos, indiciou seu genitor.
Diante dessa situação, questiona-se:
Agiu corretamente o delegado? Indique um princípio que foi violado pela autoridade policial nesse caso concreto. "
RESPOSTA - A persecução penal não pode passar da pessoa que praticou a ação. O princípio da Intranscendência foi violado pelo delegado.
· : Busca da verdade real
30 - "A busca pela justiça é um dos objetivos fundamentais da República no plano de desenvolvimento da sociedade que deve, ainda, ser livre e solidária (Constituição, art. 3.º, I).
No processo, o magistrado não exerce o papel de mero expectador; ele pode, inclusive, determinar de ofício a produção de provas durante a fase de investigação preliminar.
O texto acima trata de qual princípio norteador do processo penal? "
 RESPOSTA - Busca da Verdade Material ou real.
· Oralidade (concentração, imediatidade e identidade física do juiz)
31 - O réu, em audiência de instrução e julgamento, decide responder aos questionamentos do juiz a respeito dos fatos narrados pela acusação, por escrito. Advertido a respeito da necessidade de responder oralmente o que lhe fosse perguntado, o acusado decide não falar mais nada. O juiz interrompe a audiência por violação ao princípio da oralidade. Diga se o juiz agiu certo. Justifique sua resposta.
RESPOSTA - .É preciso conciliar o princípio da oralidade com outros princípios, como, no caso, do direito ao silêncio do acusado. Logo, agiu errado o juiz ao interromper a audiência.
·  Indivisibilidade da ação penal
32 - Em determinado Inquérito, o Delegado faz o indiciamento de cinco pessoas como autoras de fato crime.
Todavia, o advogado do ofendido, não concorda com a opinião da autoridade policial por entender que um dos indiciados não participou da prática do delito e, portanto, oferece queixa somente contra quatro dos indiciados.
Como advogado de defesa de um dos querelados qual será o argumento de defesa que deverá ser apresentada?
RESPOSTA - O advogado deverá pleitear em sua peça defensiva a extinção da punibilidade (art. 107, V, CP), pois embora o Ministério Público seja o fiscal do processo nos termos do art. 127, CF, não pode aditar a queixa crime, lançando novos réus ao processo, pois lhe falta legitimidade ativa ad causam.
Ao omitir-se dolosamente em processar todos os envolvidos estará o particular renunciando ao direito de ação quanto àqueles que deixou de processar, e conforme art. 49, CPP, a renúncia beneficia a todos os envolvidos. Em suma, a omissão voluntária implica em renúncia do querelante, ocasionando a extinção da punibilidade.
·  Comunhão de provas
33 - Em determinada Ação Penal o magistrado proferiu sentença condenatória contra o réu “A” sem qualquer prova nos autos que demonstrasse sua participação na prática do delito, mas, pelo contrário, havia nos autos prova testemunhal firmando que “A” em momento algum participou da prática do crime, pois estava em sua residência no momento do crime.
Todavia, o magistrado afastou a validade do referido testemunho em sua sentença sob a alegação de que a prova testemunhal não tem eficácia probatória para inocentar “A”, vez que a prova pertence tão somente àquele que a produziu e, portanto,proferiu sentença condenatória em face de “A”.
Como advogado de defesa do condenado “A” qual a medida cabível?
RESPOSTA - O advogado deverá apresentar Apelação (art. 593, I do CPP) e requerer a absolvição do réu com base no Princípio da Comunhão de Provas com fulcro no art. 386, IV, CPP. A ideia central do princípio encontra-se justamente na comunhão da eficácia probatória, ou seja, a prova testemunhal tem eficácia probatória a favor de “A” que deve ser reconhecida pelo Tribunal.
·  Impulso oficial
34 - Em determinada Ação Penal, o Ministério Público, apesar de intimado não compareceu à audiência e o Magistrado prosseguiu no feito formulando perguntas às testemunhas sobre os fatos constantes na denúncia e, ao final, proferiu sentença absolvendo o réu.
O Ministério Público inconformado com a decisão interpôs Recurso de Apelação, sob o fundamento de nulidade absoluta alegando que o magistrado não poderia formular perguntas às testemunhas de acusação, vez que o órgão jurisdicional deve pautar-se pelo Princípio da Inércia da Jurisdição. 
Como advogado do réu absolvido qual deverá ser o argumento das contrarrazões de apelação?
RESPOSTA - Como advogado de defesa deverá apresentar contrarrazões de Apelação e requerer a manutenção da sentença de absolvição do réu, pois não houve violação ao artigo 212, CPP. O magistrado agiu corretamente ao realizar perguntas para as testemunhas, vez que vige no Processo Penal os Princípios da Verdade Real e do Impulso Oficial. O não comparecimento do Ministério Público gera nulidade relativa, que deve ser alegada em momento oportuno, bem como deve-se comprovado o prejuízo efetivo (artigo 563, CPP).
· Persuasão racional
35 - Em determinada Ação Penal o magistrado proferiu sentença condenatória de lesão corporal dolosa grave contra o réu “A” baseado tão somente no laudo inicial de corpo de delito realizado no momento do cometimento do delito, ou seja, não foi realizado nos autos o exame complementar.
Como advogado de defesa do condenado “A” qual será a medida cabível?
RESPOSTA - O advogado deverá apresentar Apelação (art. 593, I do CPP) e requerer a nulidade da sentença com fulcro no artigo 564, III, b, CPP, vez que nos crimes de lesão corporal de natureza grave é imprescindível a realização de exame complementar para atestar que trata-se de lesão grave – Sistema da Prova Tarifada.
·  Introdução e Sistemas Processuais Penais
36 - "Observe o seguinte julgado:
PROCESSUAL CIVIL. DETERMINAÇÃO A CAIXA ECONOMICA FEDERAL PARA QUE APRESENTE O EXTRATO DA CONTA VINCULADA AO FGTS DO AUTOR DA DEMANDA: POSSIBILIDADE. I - SE O AUTOR, APOS NOTICIAR NA PETIÇÃO INICIAL QUE O REU DETEM DOCUMENTOS ESSENCIAIS PARA O DESATE DA CAUSA, REQUER A APRESENTAÇÃO DELES, DEVE O JUIZ, SALVO CASOS EXCEPCIONAIS, DETERMINAR AO REU QUE JUNTE AOS AUTOS FOTOCOPIAS DOS DOCUMENTOS OU CERTIDÃO CORRESPONDENTE. E CONVENIENTE PARA A JUSTIÇA QUE AS PARTES TENHAM FACILIDADE NA OBTENÇÃO DAS PROVAS, A FIM DE QUE OS AUTOS RETRATEM, O MAIS POSSIVEL, A VERDADE REAL. ISSO NÃO SIGNIFICA DIZER QUE O JUIZ QUE VAI EM BUSCA DAS PROVAS SE TORNARA UM INVESTIGADOR, COMO NO ANTIGO SISTEMA INQUISITORIO. O QUE SE DESEJA E QUE O JUIZ NÃO SEJA UM MERO ESPECTADOR NO PROCESSO. PORTANTO, DEVE O JUIZ ZELAR PARA QUE CONSTEM DOS AUTOS AS PROVAS PLEITEADAS PELAS PARTES, E QUE SEJAM IMPORTANTES PARA A CORRETA SOLUÇÃO DA CAUSA. II - SALVO CASOS EXCEPCIONAIS, CABE A CAIXA ECONOMICA FEDERAL APRESENTAR EM JUIZO OS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADAS AO FGTS DO TRABALHADOR. PRECEDENTES DESTE STJ. III - RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. (REsp 114.647/RS, Rel. Ministro ADHEMAR MACIEL, SEGUNDA TURMA, julgado dia 01/12/1997)
Explique qual atitude do juiz gerou o conflito entre as partes sobre uma possível atitude inquisitória e por quê, nesse caso, foi entendido que o magistrado agiu corretamente.
"
RESPOSTA - "Considera-se de caráter inquisitório a medida em que o juiz determina produção de provas, deixando a inércia para atuar no sentido de obtenção de elementos para justificar uma convicção prévia.
Nesse caso, entendeu a corte que o juiz se limitou a admitir uma prova pleiteada por uma das partes, de conhecimento sabido. A busca é pela identificação da verdade, não de comprovação de alguma versão já estabelecida.
·  Sistema Acusatório
37 - "Observe o seguinte julgado:
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA. REQUISIÇÃO DE INDICIAMENTO PELO MAGISTRADO APÓS O RECEBIMENTO DENÚNCIA. MEDIDA INCOMPATÍVEL COM O SISTEMA ACUSATÓRIO IMPOSTO PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988. INTELIGÊNCIA DA LEI 12.830/2013. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. SUPERAÇÃO DO ÓBICE CONSTANTE NA SÚMULA 691. ORDEM CONCEDIDA. 1. Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da autoridade policial, não existe fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, requisitar ao Delegado de Polícia o indiciamento de determinada pessoa. A rigor, requisição dessa natureza é incompatível com o sistema acusatório, que impõe a separação orgânica das funções concernentes à persecução penal, de modo a impedir que o juiz adote qualquer postura inerente à função investigatória. Doutrina. Lei 12.830/2013. 2. Ordem concedida. (STF - HC 115015, Relator Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado dia 27/08/2013)
De que modo a determinação de indiciamento de ofício viola o sistema acusatório no processo penal?
RESPOSTA - "De acordo com o sistema acusatório, a função de julgamento e acusação devem ser efetuadas por órgãos separados. Por isso, nesse sistema o juiz não pode ter o poder de indiciar indivíduos, sob o risco de invadir as atribuições dos órgãos acusadores.
Não só não há previsão legal que autorize o magistrado a promover indiciamento, como o conjunto normativo apontando a adoção do sistema acusatório aponta para essa vedação, violando-se, inclusive, o princípio da legalidade.
· Sistema Misto e Brasileiro
38 - "Observe o seguinte julgado:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. SISTEMA CONSTITUCIONAL ACUSATÓRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO E PRIVATIVIDADE DA PROMOÇÃO DA AÇÃO PENAL PÚBLICA (CF, ART. 129, I). INCONSTITUCIONALIDADE DE PREVISÃO REGIMENTAL QUE POSSIBILITA ARQUIVAMENTO DE INVESTIGAÇÃO DE MAGISTRADO SEM VISTA DOS AUTOS AO PARQUET. MEDIDA CAUTELAR CONFIRMADA. PROCEDÊNCIA. 1. O sistema acusatório consagra constitucionalmente a titularidade privativa da ação penal ao Ministério Público (CF, art. 129, I), a quem compete decidir pelo oferecimento de denúncia ou solicitação de arquivamento do inquérito ou peças de informação, sendo dever do Poder Judiciário exercer a “atividade de supervisão judicial” (STF, Pet. 3.825/MT, Rel. Min. GILMAR MENDES), fazendo cessar toda e qualquer ilegal coação por parte do Estado-acusador (HC 106.124, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 22/11/2011, DJe de 10/9/2013). 2. Flagrante inconstitucionalidade do artigo 379, parágrafo único do Regimento Interno do Tribunal de Justiça da Bahia, que exclui a participação do Ministério Público na investigação e decisão sobre o arquivamento de investigação contra magistrados, dando ciência posterior da decisão. 3. Medida Cautelar confirmada. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida e julgada procedente. (STF - ADI 4693, Relator Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado dia 11/10/2018)
Em que sentido esta decisão favoreceu o sistema acusatório em processo penal?
"
RESPOSTA - "O sistema acusatório é fundado na separação entre as figuras de acusador e julgador. Por isso, a declaração de inconstitucionalidade do artigo 379, parágrafo único do Regimento Interno do Tribunal de Justiça da Bahia, pois este previa a exclusão do Ministério Público no caso de investigação e decisão sobre o arquivamento de investigação contra magistrados. 
Tal artigo acabava por concentrar os poderes investigatórios todos nas mãos do Poder Judiciário, o que viola diretamente o sistema acusatório.
1. A referida classificação do sistema brasileiro como um sistema acusatório, desvinculador dos papéis dos agentes processuais e das funções no processo judicial, mostra-se contraditóriaquando confrontada com uma série de elementos existentes no processo.” (FERREIRA. Marco Aurélio Gonçalves. A Presunção da Inocência e a Construção da Verdade: Contrastes e Confrontos em perspectiva comparada (Brasil e Canadá). EDITORA LUMEN JURIS, Rio de Janeiro, 2013). Leia o caso hipotético descrito a seguir.
O Ministro OMJ, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), de arquivamento do inquérito aberto para apurar ofensas a integrantes do STF e da suspensão dos atos praticados no âmbito dessa investigação, como buscas e apreensões e a censura a sites. Assinale a alternativa INCORRETA quanto a noção de sistema acusatório.
2. Fundamentação: A alternativa que possui o seguinte enunciado “A determinação de ofício de instauração de inquérito policial pelo juiz”. É a única alternativa que não demonstra uma situação em que não há separação da figura do juiz e do acusador na instauração do inquérito policial.
· A Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) e o Sistema Acusatório
39 - "O artigo 3ºB, VII do Código Penal, trazido pelo pacote anticrime, prevê regras sobre a produção antecipada de provas. Tal reforma tem caráter inquisitório ou acusatório quando comparada com a legislação anterior? Explique.
RESPOSTA - "Trata-se de medida com caráter acusatório. Isso ocorre porque prevê uma situação em que é decidida situação desfavorável ao acusado e que na legislação anterior poderia ser tomada a medida de ofício. De acordo com a nova norma, deve o juiz de garantias “ decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral”. Sobre este tema nos ensina o professor Guilherme Nucci: “Este preceito entra em confronto, parcialmente, com o disposto pelo art. 156, I, do Código de Processo Penal. O novo inciso possibilita que o juiz participe de produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida. Entretanto, não mais pode o juiz, agora denominado de garantias, a quem compete essa produção antecipada de provas, determiná-la de ofício, dependendo de requerimento das partes - órgão acusatório ou defesa.”

Outros materiais