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Poder Executivo

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�DIREITO CONSTITUCIONAL II
Poder Executivo
 (Arts. 76 ao 91 da CF/88)
A expressão Poder Executivo tem significado variado. Nela se confundem o Poder e o governo. Ora exprime a função ou a atribuição de um Poder (art. 2º, CF/88), ora o órgão - cargo e ocupante (art. 76, CF/88). 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
É recorrente na realidade política brasileira certa hiperpotencialização do executivo, centrado na figura do Presidente da República�. Tem-se verificado, eventualmente, instantes históricos nos quais o Poder Executivo exerce certo predomínio na vida política nacional, o que é uma das características construídas em nosso modelo político. 
Anota Konrad Hesse que a expressão Poder Executivo acabou por transformar-se numa referência geral daquilo que não está compreendido nas atividade do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. A ideia abrange funções de governo e administração. A predominância do Executivo deve-se ao fato de esse poder ter-se apresentado mais capaz de responder às demandas a partir da multiplicação de tarefas que o Estado contemporâneo foi chamado a desempenhar. 
Funções
Funções típicas: função administrativa (de administração da coisa pública). Ou seja, é função de execução das políticas públicas, fomento, gerenciamento e desenvolvimento da máquina administrativa. 
Funções atípicas: são aquelas típicas do Poder Legislativo (art. 62, editar Medidas Provisórias; art. 68 – editar leis delegadas) e típicas do Poder Judiciário (julgar no chamado de “contencioso administrativo”). Ex.: Delegacias de Recursos e Julgamentos (DRJ’s) da Receita Federal do Brasil. Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (JARI) do DETRAN. Não se trata da função jurisdicional strictu sensu do Poder Judiciário, nos julgamentos administrativos não há o caráter da definitividade (podem ser revistos pelo Poder Judiciário). Por isso, não tem o condão de fazer a coisa julgada formal e material.
Sistema de Governo
Sistema de governo� é o modo como se dá a relação entre os Poderes dentro de um Estado; sobretudo, entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Diferencia-se da forma do governo�, que é definida como o modo que se dá a relação entre governantes e governados dentro de um Estado. 
Principais espécies
	Presidencialismo
	Parlamentarismo
	Há uma identidade entre chefia de estado e chefia de governo (são a mesma pessoa)
Chefe de estado é aquele que exerce função simbólica de representar internacionalmente o país e de corporificar a sua unidade interna.
Chefe de governo é aquele que executa as políticas públicas, que gerencia a máquina pública. Ou seja, é quem efetivamente governa e também exerce a liderança política nacional. 
	Não há uma identidade entre chefia de estado e chefia de governo.
Chefe de estado pode ser um rei (um monarca) ou mesmo um presidente.
Chefe de governo é o chamado de 1º ministro, que exerce o governo conjuntamente com o seu gabinete (conselho de Ministros)
	Não há identidade entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo. Presidente tem que construir uma maioria no parlamento a posteriori. Geralmente o presidente é eleito sem maioria no parlamento. 
	Tem um identidade entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo, via de regra. A chefia de governo é tirada da maioria parlamentar (maioria já construída, a priori).
	Estabilidade de governo. Há a figura dos mandatos fixos para o cargo de presidente.
	Estabilidade democrática. Privilegia estabilidade construída pelo povo nos processos democráticos. Pode até existir a figura do mandato mínimo e do mandato máximo, todavia, ele não é fixo. Nesse sentido, tem por fundamento a existência dos institutos: I) possibilidade de queda do gabinete pelo parlamento (através da “moção de censura” ou “voto de desconfiança”) e II) possibilidade cotidiana de dissolução do parlamento pelo gabinete (pelo 1º ministro e seu conselho de ministros).
O nosso sistema de governo é o presidencialismo�. Essa tradição iniciou-se com a Constituição de 1891 (Constituição da República) e perpassa até os dias atuais, salvo no período de setembro de 1961 até janeiro de 1963 que adotamos o sistema de governo parlamentarista.�
A Constituição Federal no art. 84 deixa explícito o sistema do governo presidencialista adotado no Brasil ao centralizar na mesma pessoa do Presidente da República tanto a chefia de Estado (representa internacionalmente o país) - art. 84, VII, VIII e XIX, quanto da chefia de governo (gerencia a máquina pública) - art. 84, demais incisos.
Nesses termos, a Constituição Federal no seu art. 76 deixa claro que o Poder Executivo é monocrático.
	
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
	A referência ao Poder Executivo contempla atividades diversas e variadas, que envolvem atos típicos da Chefia do Estado (como já dito, relações com Estados estrangeiros, celebração de tratados), e atos concernentes à Chefia do governo e da administração em geral. 
	Como se pode depreender, a designação Poder Executivo acaba por descrever, de forma acanhada, as funções desempenhadas, que, por óbvio, transcendem a mera execução da lei (art. 84, CF/88).
	A predominância do Executivo deve-se ao fato de esse poder ter-se apresentado mais capaz de responder à multiplicação de tarefas que o Estado contemporâneo foi chamado a desempenhar.
	As eleições populares e diretas para a chefia do Poder Executivo, como ocorre no sistema de governo presidencialista, conferem a esse poder a legitimidade democrática necessária ao exercício das diversas tarefas que lhe foram incumbidas.
	
Eleição
A eleição do Presidente da República e Vice-Presidente se dá através do sistema eleitoral majoritário de maioria absoluta - eleito o candidato com maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. Certo é que a eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado. (Art. 77, § 1º, CF/88).
	Não se verificando essa maioria (absoluta), será convocada nova eleição, em segundo turno, entre os dois candidatos mais votados, considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos, excluídos os brancos e nulos. (Art. 77, §§ 2º e 3º, CF/88).
	No caso de morte, desistência ou impedimento legal de um dos candidatos classificados ao segundo turno, há de se convocar o que obtiver maior votação entre os remanescentes e, ocorrendo empate entre os candidatos classificados em segundo lugar, qualificar-se-á o mais idoso. (Art. 77, §§ 4º e 5º, CF/88).
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997).
§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.Posse
A posse do Presidente e Vice-Presidente será em sessão do Congresso Nacional no dia 1º de janeiro do ano posterior à eleição, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade, conforme art. 85, caput, da CF/88.
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
Se decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. Certo que a vacância deverá ser declarada pelo Poder Legislativo. 
	
 Neste caso, se o Presidente assumir o cargo e o vice não o fizer, sem devida justificação de força maior, o cargo de vice será vago pelo restante do mandato. E se o Presidente não assumir sem a devida justificação de força maior, passados dez dias, o vice assumirá o cargo de Presidente da República, ficando o de vice vago pelo restante do mandato. 
Condições de elegibilidade (Presidente e Vice-Presidente)
Ser brasileiro nato;
Ter idade mínima de 35 anos;
Estar no gozo dos direitos políticos;
Possuir filiação partidária.
Mandato
É interessante observar que o mandato de 4 anos não é originário da Constituição de 1988, pois a mesma foi promulgada com um mandato de 5 anos para Presidente da República. Só com o advento da Emenda de Revisão nº 5/94 é que o mandato foi modificado para 4 anos, vedada a reeleição para o período subsequente. 
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de cinco anos, vedada a reeleição para o período subseqüente, e terá início em 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. (Vide Emenda Constitucional de Revisão nº 5, de 1994)
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
Um quadro histórico dos prazos dos mandatos de Presidente da República.
	1891
	Mandato de 4 anos
	1934
	Mandato de 4 anos
	1937
	Mandato de 6 anos
	1946
	Mandato de 5 anos
	1967
	Mandato de 5 anos
	Emenda Constitucional nº 8
	Mandato de 6 anos
	1988
	Mandato de 5 anos
	Emenda de Revisão nº 5/94
	Mandato de 4 anos
Reeleição
Posteriormente, com a Emenda Constitucional nº16/97, o mandato continuou de 4 anos, mas foi instituída a reeleição em nosso ordenamento constitucional (art. 14, § 5º, CF/88). Com isso, restou estabelecida de forma inovadora a possibilidade de reeleição para um único período subsequente em nossa Constituição, permitindo que o Presidente da República, o Governador de Estado ou o Prefeito postulem um novo mandato.
Art. 14
(...)
§ 5º - São inelegíveis para os mesmos cargos, no período subseqüente, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído nos seis meses anteriores ao pleito.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
O texto constitucional não contemplou qualquer exigência quanto à necessidade de desincompatibilização, de modo que a candidatura à reeleição dá-se com o candidato no exercício efetivo do cargo. 
Também não há qualquer restrição quanto à possibilidade de nova eleição em períodos descontínuos. O Presidente da República reeleito poderá, após deixar o cargo, vir a postular nova investidura. 
Questão sensível dizia respeito à possibilidade de, em vez de se apresentar a candidatura à reeleição, se propusesse a eleição de cônjuge ou de parente do titular do cargo. Essa indagação assumia relevo diante da norma constante do art. 14, § 7º, da CF/88, segundo o qual:
Art. 14
(...)
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
O Tribunal Superior Eleitoral e, posteriormente, o Supremo Tribunal Federal, entenderam ser legítima essa postulação, afigurando-se inevitável a interpretação do aludido § 7º do art. 14 em consonância com a nova regra permissiva do §5º do mesmo artigo. 
Nesse sentido, a decisão proferida no RE 344.882, da relatoria de Sepúlveda Pertence: 
EMENTA: Elegibilidade: cônjuge e parentes do chefe do Poder Executivo: elegibilidade para candidatar-se à sucessão dele, quando o titular, causador da inelegibilidade, pudesse, ele mesmo, candidatar-se à reeleição, mas se tenha afastado do cargo até seis meses antes do pleito. 1. A evolução do Direito Eleitoral brasileiro, no campo das inelegibilidades, girou durante décadas em torno do princípio basilar da vedação de reeleição para o período imediato dos titulares do Poder Executivo: regra introduzida, como única previsão constitucional de inelegibilidade, na primeira Carta Política da República (Const. 1891, art. 47, § 4º), a proibição se manteve incólume ao advento dos textos posteriores, incluídos os que regeram as fases de mais acendrado autoritarismo (assim, na Carta de 1937, os arts. 75 a 84, embora equívocos, não chegaram à admissão explícita da reeleição; e a de 1969 (art. 151, § 1º, a) manteve-lhe o veto absoluto). 2. As inspirações da irreelegibilidade dos titulares serviram de explicação legitimadora da inelegibilidade de seus familiares próximos, de modo a obviar que, por meio da eleição deles, se pudesse conduzir ao continuísmo familiar. 3. Com essa tradição uniforme do constitucionalismo republicano, rompeu, entretanto, a EC 16/97, que, com a norma permissiva do § 5º do art. 14 CF, explicitou a viabilidade de uma reeleição imediata para os Chefes do Executivo. 4. Subsistiu, no entanto, a letra do § 7º, atinente a inelegibilidade dos cônjuges e parentes, consangüíneos ou afins, dos titulares tornados reelegíveis, que, interpretado no absolutismo da sua literalidade, conduz a disparidade ilógica de tratamento e gera perplexidades invencíveis. 5. Mas, é lugar comum que o ordenamento jurídico e a Constituição, sobretudo, não são aglomerados caóticos de normas; presumem-se um conjunto harmônico de regras e de princípios: por isso, é impossível negar o impacto da Emenda Constitucional nº 16 sobre o § 7º do art. 14 da Constituição, sob pena de consagrar-se o paradoxo de impor-se ao cônjuge ou parente do causante da inelegibilidade o que a este não se negou: permanecer todo o tempo do mandato, se candidato à reeleição, ou afastar-se seis meses, para concorrer a qualquer outro mandato eletivo. 6. Nesse sentido, a evolução da jurisprudência do TSE, que o STF endossa, abandonando o seu entendimento anterior.
Assim, admite-se que se mitigue a cláusula proibitiva do art. 14, § 7º, de modo a permitir que, em lugar da candidatura à reeleição do titular do cargo, se efetive a candidatura de cônjuge ou parente. Por sua vez, este, se eleito, não poderá postular uma nova eleição (ou reeleição) para o cargo. 
	Impedimento e vacância
	Vice-Presidente da República
	Como já dito, a eleição do Presidente da Repúblicaresulta, também, na eleição do candidato a Vice-Presidente com ele registrado (art. 77, § 1º, CF/88). 
	Situações inusitadas ocorreram na História, com a eleição para os cargos de direção do país de candidatos com posições políticas antagônicas. Na eleição de 1960�, embora o UDN tivesse apresentado como candidatos à Presidência e Vice, respectivamente, Jânio Quadros e Milton Campos, o PSD, o Marechal Lott e João Goulart, acabaram por ser eleitos Jânio Quadros como Presidente e João Goulart como Vice-Presidente. Quando da renúncia de Jânio Quadros, em 25/08/1961, instaurou-se crise política na qual se questionava fortemente a posse de João Goulart. A solução para o conflito foi a adoção do parlamentarismo (Emenda Constitucional nº 4 de 02/09/1961). João Goulart assumiu a Presidência em 08/09/1961. Posteriormente, o Presidente João Goulart submeteu uma proposta de plebiscito com o objetivo de retorno ao presidencialismo, que foi aprovada. 
	
	O Presidente da República será sucedido pelo Vice-Presidente no caso de vaga, ou substituído, no caso de impedimento (art. 79, caput, CF/88). A vacância nos dá uma idéia de impossibilidade definitiva para assunção do cargo (cassação, renúncia ou morte), enquanto a substituição tem caráter temporário (doença, férias, etc.). Assim, tanto na vacância como no impedimento, o Vice-Presidente assumirá o cargo, na primeira hipótese, até o final do mandato e, no caso de impedimento, enquanto este durar. 
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
		
	Impedimento
	Vacância (vaga)
	Substituição
	Sucessão
	Temporário
	Definitiva
	Doença
Férias
	Cassação
Renúncia
Morte
Podemos afirmar, então, que o Vice-Presidente é o sucessor e o substituto natural do Presidente da República e, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que for por ele convocado para missões especiais. O Vice-Presidente da República integra o Conselho da República (art. 89, CF/88) e o Conselho de Defesa (art. 91, CF/88).
Como exemplo de sucessão (definitiva) do cargo de Presidente da República, temos o caso da morte do Presidente eleito Tancredo Neves que, hospitalizado um dia antes da posse, restou impossibilitado de assumir o mais alto cargo da Nação. Poderia assumir a Presidência, ainda que interinamente, o Vice-Presidente, substituindo alguém que ainda não fora empossado? 
	
Após intensos debates políticos, incluindo consultas aos Ministros do STF, aprovou-se a posse de Sarney, considerando que “a interpretação natural da Constituição indicava a posse do Vice-Presidente”. Sarney assumiu a Vice-Presidência interinamente em 15/03/1985, cessada a interinidade com a morte do Tancredo Neves em 21/04/1985. 
Destaca-se, ainda, a sucessão pelo então Vice-Presidente Itamar Franco em 02/10/1992, empossado Presidente da República em razão da vacância do cargo de Fernando Collor, que renunciou, após autorização pela Câmara dos Deputados de abertura de processo de impeachment. 
	Discutiu-se, recentemente, se o Vice-Presidente da República poderia ser designado para o cargo de Ministro de Estado. Não há no texto constitucional qualquer óbice a tal designação. Evidentemente, caso tenha de substituir o Presidente da República, o Vice-Presidente ocupante de uma pasta dela deverá licenciar-se passando os encargos do Ministério a quem for designado para substituí-lo. 
	
	
	Substitutos eventuais ou legais
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
É possível que haja um impedimento (temporário) tanto do Presidente como do Vice, quando, por exemplo, ausentarem-se do país em viagem oficial. 
Ou então, a vacância de ambos os cargos, como por exemplo, morte de ambos ou mesmo sofrerem impeachment.
Nestes casos (impedimento ou vacância), de acordo como o art. 80 da CF/88, serão sucessivamente chamados ao exercício da presidência�, na seguinte ordem: 
Presidente da Câmara dos Deputados;
Presidente do Senado Federal;
Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Certo é que essa substituição ocorrerá sempre de forma temporária, ou seja, nunca definitiva, pois só o Vice-Presidente poderia assumir o cargo de Presidente (na forma desse) de forma definitiva. Em outras palavras, a assunção do cargo por referidas pessoas (ao contrário do que ocorre no caso da vacância do cargo de Presidente e a sua sucessão pelo Vice, que o assume definitivamente) será em caráter temporário (substitutos eventuais ou legais)
“Mandato tampão” 	
Nos casos de vacância de ambos os cargos, duas situações surgem conforme dicção constitucional.
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.
Vacância de ambos os cargos nos primeiros dois anos do mandato: de acordo com o art. 81, caput, CF/88, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. Trata-se de eleição direta, pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, nos termos do art. 14, CF/88;
Vacância de ambos os cargos nos últimos dois anos do mandato: nessa hipótese, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei�. Ou seja, eleição indireta (colégio eleitoral). Exceção à regra do art. 14, caput, só permitida na medida em que introduzida pelo Poder Constituinte Originário. 
Durante o processo eleitoral e de transição, conforme visto, o cargo será exercido, temporariamente, pelos substitutos eventuais (art. 80). Após nova eleição, nas duas situações (dupla vacância no primeiro ou segundo biênio do mandato) os eleitos (novo Presidente e novo Vice-Presidente da República) deverão apenas completar o período de seus antecessores (art. 81, § 2º, CF/88). Trata-se do denominado “mandato tampão”
	E os Estados, podem legislar na hipótese de eleição indireta, definindo o procedimento, mesmo não havendo lei federal sobre o assunto?
	
	O STF, no julgamento de pedido liminar formulado nas ADIs 4.298 e 4.309, assegurou a realização de eleição indireta pela Assembleia Legislativa do Estado de Tocantins, na medida em que o Governador e Vice foram cassados pelo TSE.
	Na decisão o STF entendeu que o art. 81, § 1º, da CF/88 não é de observância obrigatória pelos Estados-membros. Conforme o Informativo nº 562: 
	
“(...) Relativamente à questão da necessidade de observância, por parte dos Estados-membros, ante o princípio da simetria, da norma prevista no art. 81, § 1º, da CF, concluiu pelo caráter de não-compulsoriedade do modelo federal. Asseverou não ser lícito, senão contrário à concepção federativa, jungir os Estados-membros, sob o título vinculante da regra da simetria, a normas ou princípios da Constituição Federal cuja inaplicabilidade ou inobservância local não implique contradições teóricas incompatíveis com a coerência sistemática do ordenamento jurídico, com graves dificuldades práticas de qualquer ordem, nem com outra capaz de perturbar o equilíbrio dos poderes ou a unidade nacional. Assim, a regra da simetria não poderia ser produto de uma decisão arbitrária ou imotivada do intérprete. Aduziu que, diantedo princípio democrático do exercício do sufrágio universal pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos, nos termos do art. 14, caput, da CF, a absoluta excepcionalidade da regra constitucional, estatuída no art. 81, § 1º, demandaria, por sua natureza singular, interpretação estritíssima. Afirmou que o art. 39, § 5º, da Constituição do Estado do Tocantins (“Art. 39... § 5º. Ocorrendo a vacância nos dois últimos anos do período governamental, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pela Assembléia Legislativa, na forma da Lei.”) reproduziu a provisão da Constituição Federal não por suposta necessidade de reprodução obrigatória, e sim por força de livre decisão jurídico-política do constituinte estadual no exercício da autonomia que lhe é assegurada pela Constituição da República. No que se refere, do ponto de vista da sua gênese, à natureza da lei que predica a Constituição Federal no art. 81, § 1º, bem como a de lei estadual que regulamente previsão idêntica da Constituição estadual, o relator salientou ser indiscutível a competência ratione materiae privativa da União para legislar sobre direito eleitoral (CF, art. 22, I), mas considerou que, quando o constituinte estadual reproduz a regra de eleição indireta pelos representantes do Poder Legislativo, na forma da lei, a lei exigida seria de competência do Estado, por não possuir caráter jurídico-eleitoral. Explicou não se ter, nesse caso, uma lei materialmente eleitoral, haja vista que ela simplesmente regula a sucessão do Chefe do Poder Executivo, sucessão esta extravagante. Reportou-se à orientação firmada na ADI 2709/SE (DJE de 16.5.2008), no sentido da constitucionalidade de norma constitucional estadual que disciplina o processo de escolha de governantes em caso de dupla vacância. Aduziu que, embora não deixem de revelar certa conotação eleitoral, porque dispõem sobre o procedimento de aquisição eletiva do poder político, não haveria como reconhecer ou atribuir características de direito eleitoral stricto sensu às normas que regem a eleição indireta no caso de dupla vacância no último biênio do mandato. Em última instância, essas leis teriam por objeto matéria político-administrativa que demandaria típica decisão do poder geral de autogoverno, inerente à autonomia política dos entes federados. Em suma, a reserva de lei constante do art. 81, § 1º, da CF, nítida e especialíssima exceção ao cânone do exercício direto do sufrágio, diria respeito somente ao regime de dupla vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, e, como tal, da óbvia competência da União. Por sua vez, considerados o desenho federativo e a inaplicabilidade do princípio da simetria ao caso, competiria aos Estados-membros a definição e a regulamentação das normas de substituição de Governador e Vice-Governador. De modo que, quando, como na espécie, tivesse o constituinte estadual reproduzido o preceito constitucional federal, a reserva de lei não poderia deixar de se referir à competência do próprio ente federado. No mais, predefinido seu caráter não-eleitoral, não haveria se falar em ofensa ao princípio da anterioridade da lei eleitoral (CF, art. 16)”.
Ausência do país
Conforme já visto, a constituição estabeleceu mecanismos para se evitar a “acefalia” do Poder Executivo seja por meio das atribuições do Vice-Presidente (que assume o cargo de modo temporário ou definitivo), ou na forma do art. 80, pelos Presidentes Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Supremo Tribunal Federal (de modo temporário).
O Estado não poderá ficar sem o comando do Executivo, tanto é assim que se estabelecem mecanismos de substituição e sucessão.
Por esse motivo (necessidade de liderança), nos termos do art. 83, o Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
	Naturalmente, durante o período de afastamento, o cargo será ocupado, seja pelo Vice, ou, na forma do art. 80, pelos substitutos eventuais ou legais. 
	Tanto a previsão de substituição como a necessidade de autorização para o afastamento, bem como a consequência em caso de descumprimento, segundo o STF, são normas de reprodução obrigatória que, pela simetria, deverão ser integralmente reproduzidas no âmbito dos demais entes federativos. 
	Assim, o STF declarou inconstitucional o dispositivo da Constituição do Maranhão que considerava desnecessária a substituição do Governador por seu Vice, quando se afastasse do estado ou do país por até 15 dias (ADI 3.647, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 16/05/2008).
	
	Deixar o governo sem comando (já que o dispositivo atacado dispensava o preenchimento do cargo nos primeiros 15 dias) seria criar uma combatida “acefalia” no governo.
Noutro julgamento, o STF na ADI nº 738 julgada em 13.11.2002, declarou inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual de Goiás que exigia prévia licença da Assembleia Legislativa para que o Governador e o Vice-Governador possam ausentar-se do País por qualquer prazo. Espécie de autorização que, segundo o modelo federal, somente se justifica quando o afastamento exceder quinze dias. Afronta ao princípio da simetria. 
Atribuições do Presidente da República
As atribuições conferidas ao Presidente da República estão definidas em um rol meramente exemplificativo previsto no art. 84 da CF, pois conforme o inciso XXVII, compete privativamente ao Presidente da República exercer não só as atribuições definidas nos incisos precedentes bem como outras previstas na Constituição Federal. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
 XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nestaConstituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Os incisos VI, XII e XXV, primeira parte (ou seja prover os cargos públicos federais, na forma da lei) podem ser objetos de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Em relação à delegação do inciso XXV não há como o Presidente da República delegar (aos Ministros ou ao AGR ou PGR) a extinção dos cargos públicos federais. Porém, esses cargos podem ser extintos, segundo boa parte da doutrina, mediante delegação, só que com base no art. 84, VI, “b”, exigindo-se, entretanto, que os mesmos estejam vagos. 
	Convocação extraordinária do Congresso Nacional 
	Atribuição reconhecida ao Presidente da República para convocação extraordinária do Congresso Nacional, em caso de urgência ou de interesse público relevante, com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das casas do Congresso Nacional (art. 57, §6º, II, CF).
	Não será motivo de deliberação matéria alheia ao objeto de convocação, exceto medidas provisórias em vigor (art. 57, §§ 6º e 7º, CF)
	Decretos Regulamentadores
Os decretos regulamentadores, art. 84, IV, ao contrário das leis (espécies normativas primárias), não tem o condão de alterar/inovar o ordenamento. 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Os decretos regulamentadores, segundo a doutrina, fixam as regras destinadas a colocar em execução os princípios institucionais delimitados e estabelecidos na lei. Não inova na ordem jurídica nem tem por finalidade interpretar a lei, apenas dar fiel execução à mesma. Ou seja, tornar uma determinada lei, que necessita de regulamentação, aplicável�. 
	A diferença entre lei e regulamento autorizado intra legem, no Direito brasileiro, não se limita à origem ou à supremacia daquela sobre este. A distinção substancial reside no fato de que a lei pode inovar originariamente no ordenamento jurídico, enquanto o regulamento não o altera, mas tão somente fixa as regras orgânicas e processuais destinadas a pôr em execução os princípios institucionais estabelecidos por lei, ou para desenvolver os preceitos constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita por ele circunscrita, isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela determinada. 
	A generalidade e o caráter abstrato da lei permitem particularizações gradativas quando não objetivam a especificidade de situações insuscetíveis de redução a padrão qualquer. Disso resulta, não raras vezes, margem de discrição administrativa a ser exercida na aplicação da lei. Não há que se confundir, porém, a discricionariedade administrativa atinente ao exercício de poder regulamentar com a delegação disfarçada do poder de legislar. Na discricionariedade, a lei estabelece previamente o direito ou dever, a obrigação ou a restrição. 
	“Pode, porém, o regulamento conter disposições que, embora não afetem o espírito da lei, tratem de matéria de que esta não cuidou? Em outras palavras, o regulamento pode legiferar? É possível que, por omissão, o legislador tivesse esquecido na lei disposições capitais, que reforcem a sua execução e concorram melhor para o objetivo visado. Não havendo antinomia entre os dispositivos, o regulamento, que tem de completar a lei, pode tratar de matéria de que o legislador não cogitou, mas somente com o fim de ampliar o espírito da deliberação legislativa. Na hipótese do regulamento e da lei, o legislador faz o arcabouço e o executivo completa a construção�”.
	Por outro lado, se o regulamento exorbita da autorização concedida em lei ao Executivo, cumpre o Judiciário negar-lhe aplicação, por manifesta fraude ao princípio da reserva legal e à vedação à delegação de poderes. 
Decretos Autônomos
A Emenda Constitucional nº 32/2001 positivou em nosso ordenamento a figura dos decretos autônomos (art. 84, VI, CF/88), que estavam abolidos do ordenamento pátrio desde o advento da promulgação da CF/88.
Conforme dicção constitucional, temos que compete ao Presidente da República 
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
A questão tormentosa é: poderiam existir decretos autônomos, independentes de lei preexistente? 
Grande parte da doutrina manifesta-se pela inexistência da acolhida constitucional dos decretos autônomos à luz do Princípio da Legalidade previsto no art. 5º, II, da CF/88 – “II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, além da violação ao Princípio da Separação de Poderes, previsto no art. 2º da CF/88, e elevado à categoria de cláusula pétrea (art. 60, §4º, III, CF/88), na medida em que a expedição de normas gerais e abstratas é função típica do Poder Legislativo. Quando o constituinte originário atribui função atípica de natureza legislativa ao Executivo, ele o faz de modo expresso, como se percebe, por exemplo, no art. 62, CF/88 – medidas provisórias. 
Noutro giro, segundo posição de Gilmar Mendes, “a modificação introduzida pela EC nº 32/2001 inaugurou, no sistema constitucional de 1988, o assim chamado decreto autônomo, isto é, decreto de perfil não regulamentar, cujo fundamento de validade repousa diretamente na Constituição. Ressalte-se, todavia, que os decretos autônomos limitam-se às hipóteses do art. 84, VI, ‘a’ e ‘b’, da CF/88. Nessas situações, a atuação do Poder Executivo não tem forca criadora autônoma, nem parece dotada de condições para inovar decisivamente na ordem jurídica, uma vez que se cuida de atividade que, em geral, estão amplamente reguladas na ordem jurídica”.
O STF, no mesmo entendimento, já se pronunciou pela possibilidade e reconhecimento dos decretos autônomos, admitindo, inclusive, o controle de ADI genérica, na hipótese de decreto autônomo revestido de indiscutível conteúdo normativo�. 
Sendo assim, é por meio do regulamento acima que o Executivo exerce intensa atividade normativa. Esse poder regulamentar, conferido ao Presidente da República pela Constituição, consiste no mais importante meio pelo qual a AdministraçãoPública exerce sua atividade normativa secundária. 
Ministros de Estado
Os Ministros são auxiliares do Presidente da República no exercício do Poder Executivo e na direção superior da administração federal. 
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
São cargos de livre nomeação e exoneração do Presidente da República. Nesses termos são cargos demissíveis ad nutum, ou seja, a qualquer momento e independente de motivação – não tendo qualquer estabilidade. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
Uma das características relevantes do sistema de governo em vigor no Brasil é a comunicabilidade entre os integrantes dos Poderes Legislativo e Executivo. Significa dizer que, ao contrário do que ocorre, por exemplo, no presidencialismo norte-americano, no Brasil um parlamentar pode vir a compor o Executivo (art. 56, I, CF/88) sem que para isso seja obrigado a renunciar ao mandato, permanecem licenciados de seus mandatos, aos quais poderão optar por retornar a qualquer momento, desde que deixem o cargo ministerial. 
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
(...)
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.
(...)
§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.
Os requisitos para assumir o cargo de Ministro de Estado, cargo de provimento em comissão, são, de acordo com o art. 87, caput: 
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.
Ser brasileiro – nato ou naturalizado, exceto o cargo de Ministro de Estado da Defesa que deverá ser preenchido por brasileiro nato, conforme art. 12, § 3º, VII, CF/88 (acrescentado pela EC nº 23/99);
Art. 12. São brasileiros:
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: 
(...)
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
Ter mais de 21 anos;
Estar no exercício dos direitos políticos. 
Atribuições
Competem aos Ministros de Estado, além de outras atribuições estabelecidas na Constituição e na lei, as elencadas no parágrafo único da art. 87 da CF/88: 
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República�;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.
	Disciplinando a organização da Presidência da República e dos Ministérios, cumprindo o estabelecido no art. 88 da CF, foi elaborada a Lei nº 9.649, de 27/05/1998. Sobre determinada lei, Bulos� afirma que “a lei ordinária prevista no art. 88 é peculiar, porque adentra na esfera de liberdade do Presidente da República, a quem compete organizar a máquina administrativa sponte propria�, (...), melhor seria deixar a matéria em aberto, como no direito anterior, sem as peias da lei para dispor sobre ministérios”.
Alterando o referido dispositivo, a Emenda Constitucional nº 32, de 2001, deu nova redação ao art. 88 da CF/88, nos seguintes termos:
	Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Responsabilidade e juízo competente para processar e julgar os Ministros de Estado.
Os Ministros de Estado serão processados e julgados, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, pelo STF. 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
Nos crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente da República, serão processados no Senado Federal.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
(...)
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Os mandados de segurança e os habeas data impetrados contra atos de Ministro de Estado serão julgados pelo STJ.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
E também, nos habeas corpus nos quais Ministro de Estado for apontado como autoridade coatora serão julgados pelo STJ.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
Os Ministros de Estado cometem crime de responsabilidade nas seguintes situações: 
Quando convocados pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou qualquer de suas Comissões, para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado e inerentes às suas atribuições e deixarem de comparecer, salvo justificação adequada (arts. 50, caput, e 58, III);
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994).
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
(...)
§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
(...)
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
Quandoas mesas da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal encaminharem pedidos escritos de informações aos Ministros de Estado e estes se recusarem a fornecê-las, não atenderem ao pedido no prazo de 30 dias, ou prestarem informações falsas.
Art. 50. 
(...)
§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994).
Quando praticarem crimes de responsabilidade conexos e da mesma natureza com os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
Exercício de cargo de Ministro de Estado por parlamentar e quebra de decoro.
Como já vimos, o deputado federal ou senador da República poderá ser nomeado para o cargo de Ministro de Estado (art. 56, I, CF/88). Nesse caso, faculta-se-lhe a opção “pela remuneração do mandato” (art. 56, § 3º, da CF/88).
É de indagar, assim, sobre o regime de responsabilidade do parlamentar no exercício do cargo de Ministro de Estado: estaria submetido somente ao regime da responsabilidade do cargo de Ministro? Poderia também vir a ser responsabilizado na condição de parlamentar, por eventual atentado ao decoro, nos termos do art. 55, II, da CF/88?
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
(...)
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
O STF considerou que o exercício do cargo de Ministro não torna o parlamentar, a priori, indene à persecução disciplinar por eventual quebra de decoro por ato praticado no exercício do cargo de Ministro�.
Responsabilidade do Presidente da República
Crimes de responsabilidade
São infrações político-administrativas (crimes, portanto, de natureza política, submetendo-se ao processo de impeachment) praticadas pelo Presidente da República, que atentam contra a Constituição, especialmente contra o rol do art. 85 da CF/88, dando ensejo à perda do cargo e à inabilitação para o exercício de função pública� pelo prazo de oito anos (art. 52, parágrafo único, CF/88)
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
Importante ressaltar que o rol do dispositivo constitucional acima é meramente exemplificativo, devendo os crimes ser definidos em legislação especial federal� �.
Nesse sentido, a lei nº 1.079/50 (atualizada pela lei nº 10.028/2000) esmiúça os incisos de I a VII do art. 85 da CF/88, tipificando as condutas descritas no mesmo, bem como, normatiza o processo de julgamento dos crimes de responsabilidade. 
Procedimento
O processo de crime de responsabilidade divide-se em duas fases: uma fase preambular, denominada juízo de admissibilidade, na Câmara dos Deputados (Tribunal de Pronúncia), e por uma fase final, em que ocorrerá o processo propriamente dito e o julgamento, no Senado Federal (Tribunal de Julgamento).
	A Constituição estabelece que, admitida a acusação contra o Presidente da República nos crimes de responsabilidade, por 2/3 dos votos dos membros da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Senado Federal (art. 86, caput, CF/88)
	 Instaurado o processo no Senado Federal, será ele suspenso de suas funções (art. 86, § 1º, II, CF/88).
	
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
A acusação (denúncia) por crime de responsabilidade pode ser formulada por qualquer cidadão� (indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa). 
A Câmara dos Deputados elegerá uma comissão especial que irá elaborar um parecer sobre a denúncia (se ela deve ou não ser objeto de deliberação). Em caso positivo, o parecer será submetido à votação ostensiva e nominal (aberta) dos deputados, sendo exigido o quórum de 2/3 para autorização do processo contra o Presidente. A decisão da Câmara versará sobre se a denúncia (acusação) é adequada ou não. Se a denúncia não for admitida, o procedimento será arquivado. 
No caso do impeachment do Presidente Collor, discutiu-se, em mandato de segurança, sobre a viabilidade e condições do exercício do direito de defesa nessa fase procedimental .
O STF, por maioria de votos, reconheceu o direito de defesa nessa fase preliminar. Na ocasião, argumentou o relator, Ministro Gallotti, que, embora o papel da Câmara dos Deputados no processo de crime de responsabilidade estivesse limitado à admissão ou não da denúncia, as consequências graves relacionadas com o afastamento do cargo não poderiam permitir que se não reconhecesse, também nessa fase prévia, o direito de defesa.
	
	
MS 21564, Relator Min. OCTAVIO GALLOTTI, Relator p/ Acórdão:  Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 23/09/1992, DJ 27-08-1993.
CONSTITUCIONAL. "IMPEACHMENT". PROCESSO E JULGAMENTO: SENADO FEDERAL. ACUSAÇÃO: ADMISSIBILIDADE: CÂMARA DOS DEPUTADOS. DEFESA. PROVAS: INSTÂNCIA ONDE DEVEM SER REQUERIDAS. VOTO SECRETO E VOTO EM ABERTO. 
I. - "IMPEACHMENT" DO PRESIDENTE DA REPUBLICA: COMPETE AO SENADO FEDERAL PROCESSAR E JULGAR O PRESIDENTE DA REPUBLICA NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE (C.F., ART. 52, I; ART. 86, PAR. 1., II), DEPOIS DE AUTORIZADA, PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS, POR DOIS TERCOS DE SEUS MEMBROS, A INSTAURAÇÃO DO PROCESSO (C.F., ART. 51, I), OU ADMITIDA A ACUSAÇÃO (C.F., ART. 86). E DIZER: O "IMPEACHMENT" DO PRESIDENTE DA REPUBLICA SERÁ PROCESSADO E JULGADO PELO SENADO. O SENADO E NÃO MAIS A CÂMARA DOS DEPUTADOS FORMULARA A ACUSAÇÃO (JUÍZO DE PRONUNCIA) E PROFERIRA O JULGAMENTO (C.F., ART. 51, I; ART. 52, I; ART. 86, PAR. 1., II, PAR. 2.).
II. - NO REGIME DA CARTA DE 1988, A CÂMARA DOS DEPUTADOS, DIANTE DA DENUNCIA OFERECIDA CONTRA O PRESIDENTE DAREPUBLICA, EXAMINA A ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO (C.F., ART. 86, "CAPUT"), PODENDO, PORTANTO, REJEITAR A DENUNCIA OFERECIDA NA FORMA DO ART. 14 DA LEI 1079/50.
III. - NO PROCEDIMENTO DE ADMISSIBILIDADE DA DENUNCIA, A CÂMARA DOS DEPUTADOS PROFERE JUÍZO POLÍTICO. DEVE SER CONCEDIDO AO ACUSADO PRAZO PARA DEFESA, DEFESA QUE DECORRE DO PRINCÍPIO INSCRITO NO ART. 5., LV, DA CONSTITUIÇÃO, OBSERVADAS, ENTRETANTO, AS LIMITAÇÕES DO FATO DE A ACUSAÇÃO SOMENTE MATERIALIZAR-SE COM A INSTAURAÇÃO DO PROCESSO, NO SENADO. NESTE, E QUE A DENUNCIA SERÁ RECEBIDA, OU NÃO, DADO QUE, NA CÂMARA OCORRE, APENAS, A ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO, A PARTIR DA EDIÇÃO DE UM JUÍZO POLÍTICO, EM QUE A CÂMARA VERIFICARA SE A ACUSAÇÃO E CONSISTENTE, SE TEM ELA BASE EM ALEGAÇÕES E FUNDAMENTOS PLAUSIVEIS, OU SE A NOTICIA DO FATO REPROVAVEL TEM RAZOAVEL PROCEDENCIA, NÃO SENDO A ACUSAÇÃO SIMPLESMENTE FRUTO DE QUIZILIAS OU DESAVENCAS POLITICAS. POR ISSO, SERÁ NA ESFERA INSTITUCIONAL DO SENADO, QUE PROCESSA E JULGA O PRESIDENTE DA REPUBLICA, NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE, QUE ESTE PODERA PROMOVER AS INDAGAÇÕES PROBATORIAS ADMISSIVEIS.
(...)
VI. - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO, EM PARTE, PARA O FIM DE ASSEGURAR AO IMPETRANTE O PRAZO DE DEZ SESSÕES, PARA APRESENTAÇÃO DE DEFESA.
	Com a autorização da Câmara dos Deputados, o Senado fica obrigado a processar e julgar. O Sendo Federal transforma-se, assim, em um Tribunal político. 
No Senado, será eleita uma comissão processante (acusadora) com 1/4 dos senadores. Essa comissão tem poderes para realizar diligências e instruir o processo, devendo observar os princípios do contraditório e da ampla defesa. 
	Será elaborada uma peça final acusatória (libelo acusatório) e a mesma será encaminhada ao Presidente do Senado. No procedimento, será concedido o direito de defesa do acusado (contestar o libelo). 
	
	O julgamento será presidido pelo Presidente do STF (art. 52, parágrafo único, da CF/88). A condenação somente poderá ser proferida se, em votação nominal, 2/3 dos senadores se manifestarem nesse sentido. 
	O Senado Federal no “caso Collor”� decidiu que as penas previstas no art. 52, parágrafo único, da CF/88 (perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública) não eram uma principal (perda do cargo) e outra acessória (inabilitação para o exercício de funções públicas por oito anos). Portanto, as duas penas são independentes e ambas principais. Com isso, Collor, que havia renunciado após iniciado o julgamento perante o Senado Federal e propunha a perda do objeto do processo crime de responsabilidade em virtude de renúncia, foi condenado à inabilitação para o exercício de funções públicas por 8 anos�. Foi decidida, portanto, a continuidade do julgamento, tendo em vista que ainda lhe poderia ser aplicada a pena de inabilitação para o exercício do cargo. Assim o STF referendou posição adotada pelo Senado: “a renúncia ao cargo, apresentada na sessão de julgamento quando já iniciado este, não paralisa o processo de impeachment”.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
(...)
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
	Lembremos, por fim, que o julgamento realizado pelo Senado Federal não poderá ser alterado pelo Judiciário, pois isso feriria o princípio da separação de Poderes. O Legislativo realiza o julgamento de natureza política, levando em consideração critérios de conveniência e oportunidade�. 
Crimes comuns
Segundo o STF, o conceito de crime comum diz respeito a qualquer tipo de infração penal, incluindo os delitos eleitorais e as contravenções penais. 
O processo-crime contra o Presidente da República é da competência do STF.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
	Nos termos da Constituição, o Presidente da República, na vigência do seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções – cláusula de irresponsabilidade penal relativa, (art. 86, § 4º, da CF/88).
	Nos casos de persecução criminal quanto a atos estranhos ao exercício do mandato, sejam atos anteriores ou não, impõe-se a suspensão provisória do processo, como a consequente suspensão do prazo prescricional.
 
	Todavia, em relação aos atos praticados no exercício da função ou em razão dela (in officio ou propter officium), o processo somente poderá ser instaurado após a autorização de 2/3 dos Deputados, em votação nominal (art. 86, caput, da CF/88), tal como para os fins de crime de responsabilidade. 
	Oferecida a denúncia (se o crime for de ação penal pública) ou queixa-crime (nas ações penais privadas), o STF não pode receber a mesma. O STF irá comunicar à Câmara dos Deputados de que existe uma denúncia (ou queixa) oferecida contra o Presidente da República. Portanto, o STF vai depender do juízo de admissibilidade a ser realizado na Câmara dos Deputados para iniciar o processo penal contra o Presidente da República. 
	
	Certo é que, diferentemente do Senado (no caso de crime de responsabilidade) o STF não é obrigado a receber a denúncia (ou a queixa-crime) em virtude da autorização da Câmara dos Deputados. 
	Recebida a denúncia (ou a queixa-crime) e iniciada a ação penal no STF, o Presidente ficará suspenso de suas atividades por 180 dias (art. 86, § 1º, I, da CF/88).
	A condenação criminal transitada em julgado acarretará a suspensão dos direitos políticos (art. 15, III, da CF/88) e, por conseguinte, a perda do mandato do Presidente da República. 
	Conselho da República e Conselho da Defesa Nacional
	
	São órgãos de consulta (meramente opinativos) do Presidente da República, portanto os mesmos emitem pareceres não vinculantes.
	Ambos os Conselhos serão convocados e presididos pelo Presidente da República.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
	As diferenças entre esses órgãos envolvem as suas funções e os seus membros. Nesses termos: 
	
	Conselho da República
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam:
I - o Vice-Presidenteda República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
§ 1º - O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.
	A organização e o funcionamento do Conselho da República estão disciplinados pela Lei nº 8.041/90. 
	Até o momento não se conhece de qualquer reunião do Conselho da República.
	Conselho de Defesa Nacional
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como membros natos:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - os Ministros militares;
V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira� e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.
	A organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional estão disciplinados pela Lei nº 8.183/91. 
	Desde sua criação em 1988, até o ano de 2007, o Conselho de Defesa Nacional foi convocado seis vezes, sendo a última em 2002. 
Passível de Delegação
Funções de Chefia de Estado
Passível de Delegação
Funções de Chefia de Estado
Funções de Chefia de Estado
Passível de Delegação
� A propósito, o estudo de Ernest Hambloch, Sua majestade o Presidente do Brasil: um estudo do Brasil constitucional (1889-1934). O autor era cônsul inglês, residiu no Brasil, e impressionou-se com a tradição caudilhista que marcava a República Velha. 
� Sistema de governo - Como manda? O sistema de governo é a maneira pela qual o poder político é dividido e exercido no âmbito de um Estado. O sistema de governo varia de acordo com o grau de separação dos poderes, indo desde a separação estrita entre Poderes Legislativo e Executivo (presidencialismo), de que é exemplo o sistema de governo do Brasil, até a dependência completa do governo junto ao legislativo (parlamentarismo), caso do sistema de governo do Reino Unido.
� Formas de governo – Quem manda? Está relacionada com a maneira que o poder é exercido dentro de um determinado território. Relação entre governante e governado. República x Monarquia. Não está previsto como cláusula pétrea expressa - não está presente no rol do art. 60, § 4º da CF - mas é previsto como um princípio sensível, art. 34, VII, a, CF. Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
� O sistema de governo presidencialista iniciou-se historicamente com o advento da Constituição norte-americana de 1787.	
� Emenda Constitucional nº 4 de 02/09/1961, à Constituição de 1946, instituiu o parlamentarismo, sendo revogada pela Emenda nº 6, de 23/01/1963, restauradora do regime presidencialista, tendo em vista o resultado do referendo realizado em 06/01/1963, que decidiu pelo retorno ao presidencialismo. 
� Sob a Constituição de 1946, o Presidente e o Vice-Presidente eram eleitos separada e simultaneamente em todo o País (art. 81, da CF/46).
� Quando a CF/88, no caput do art. 80, diz “exercício da Presidência” entenda-se o exercício de todos os atos inerentes à função presidencial. O substituto atua como se fosse o Presidente da República, com todas as atribuições do art. 84, da CF/88.
� De acordo com José Afonso da Silva, “se ocorrer o fato e não houver essa lei, deve-se fazer a eleição com base em regras regimentais (ainda que por analogia), pois o texto constitucional é bastante para a prática do ato. Não se há de embaraçar-se em controvérsias inúteis, quando o sistema constitucional possibilita alcançar o fim pretendido”. 
� Certo é que nem toda lei necessita de regulamentação para ser aplicável. Nestas, a autoexecutoriedade afasta a necessidade de regulamentação, p. ex., as leis penais ou processuais.
� Aníbal Freire da Fonseca, O poder executivo na república brasileira, Brasília: Ed. UnB, 1981, p. 61-62.
�Alguns precedentes nos quais o STF reconheceu a existência de decretos autônomos passíveis de controle por meio de ADI genérica: ADI-MC 3.936, 09/11/2007, ADI 3.389, 03/03/2006, ADI 2439/MS, 21/03/2002. 
� Aqui temos o que a doutrina chama de referenda ministerial dos atos (como as leis e as medidas provisórias) e decretos (não só os regulamentadores, como também os inominados) assinados pelo Presidente da República. A referenda ministerial pode ser definida como uma subscrição, ou seja, uma assinatura do Ministro que está alocado na pasta ministerial, na qual versa a matéria do ato a ser referendado. Certo é que, se a matéria em debate envolver mais de um ministério, todos os Ministros envolvidos devem (em tese) assinar, referendando o ato do Presidente. Essa subscrição faz com que seja empenhada a responsabilidade do Ministro de Estado conexa com a do Presidente. A doutrina diverge sobre a necessidade da referenda ministerial para que os atos emanados tenham validade e não sejam considerados nulos (sem validade). Para a doutrina majoritária existe a necessidade de referenda para que os atos emanados do Presidente da República possam ser dotados de validade. Essa corrente entende que não estamos diante de uma mera liberalidade do Presidente da República, mas sim de uma dicção constitucional que determina a atribuição dos Ministros de referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente para que os mesmos não sejam dotados de nulidade. Porém, há uma corrente que entende que a referenda não é condição para a validade de atos emanados do Presidente da República. Para essa corrente no presidencialismo a falta de referenda ministerial não interfere na validade do ato, portanto a falta de assinatura de um Ministro não tem o condão de sucumbir um ato emanado do chefe do Poder Executivo. O máximo que pode ocorrer é que a discordância do Ministro implique em sua exoneração, seja por pedido do mesmo ou por vontade do Presidente. No STF temos apenas uma manifestação monocrática do tema no MS nº 22.706, na qual o Ministro Celso de Mello entendeu que a referenda ministerial não podeser entendida como indispensável para a validade de decretos emanados pelo Presidente da República. 
� Uadi Lammêgo Bulos, Constituição Federal Anotada, p. 818.
� Sponte propria: por vontade própria.
� "Tramitação e processamento de representação por quebra de decoro parlamentar. Deputado federal licenciado e investido no cargo de ministro de Estado. Liminar indeferida. (...) Na qualidade de guarda da Constituição, o STF tem a elevada responsabilidade de decidir acerca da juridicidade da ação dos demais poderes do Estado. No exercício desse mister, deve esta Corte ter sempre em perspectiva a regra de autocontenção que lhe impede de invadir a esfera reservada à decisão política dos dois outros poderes, bem como o dever de não se demitir do importantíssimo encargo que a Constituição lhe atribui de garantir o acesso à jurisdição de todos aqueles cujos direitos individuais tenham sido lesados ou se achem ameaçados de lesão. À luz deste último imperativo, cumpre a esta Corte conhecer de impetração na qual se discute se os atos ministeriais do parlamentar licenciado se submetem à jurisdição censória da respectiva câmara legislativa, pois a matéria tem manifestamente estatura constitucional, e não interna corporis. Mandado de segurança conhecido. O membro do Congresso Nacional que se licencia do mandato para investir-se no cargo de ministro de Estado não perde os laços que o unem, organicamente, ao Parlamento (CF, art. 56, I). Consequentemente, continua a subsistir em seu favor a garantia constitucional da prerrogativa de foro em matéria penal Inq. 777-3-QO/TO, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 1º-10-1993), bem como a faculdade de optar pela remuneração do mandato (CF, art. 56, § 3º). Da mesma forma, ainda que licenciado, cumpre-lhe guardar estrita observância às vedações e incompatibilidades inerentes ao estatuto constitucional do congressista, assim como às exigências ético-jurídicas que a Constituição (CF, art. 55, § 1º) e os regimentos internos das casas legislativas estabelecem como elementos caracterizadores do decoro parlamentar. Não obstante, o princípio da separação e independência dos poderes e os mecanismos de interferência recíproca que lhe são inerentes impedem, em princípio, que a Câmara a que pertença o parlamentar o submeta, quando licenciado nas condições supramencionadas, a processo de perda do mandato, em virtude de atos por ele praticados que tenham estrita vinculação com a função exercida no Poder Executivo (CF, art. 87, parágrafo único, I, II, III e IV), uma vez que a Constituição prevê modalidade específica de responsabilização política para os membros do Poder Executivo (CF, arts. 85, 86 e 102, I, c). Na hipótese dos autos, contudo, embora afastado do exercício do mandato parlamentar, o Impetrante foi acusado de haver usado de sua influência para levantar fundos junto a bancos ‘com a finalidade de pagar parlamentares para que, na Câmara dos Deputados, votassem projetos em favor do Governo’ (Representação 38/2005, formulada pelo PTB). Tal imputação se adequa, em tese, ao que preceituado no art. 4º, IV, do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados que qualifica como suscetíveis de acarretar a perda do mandato os atos e procedimentos levados a efeito no intuito de ‘fraudar, por qualquer meio ou forma, o regular andamento dos trabalhos legislativos para alterar o resultado de deliberação’. Medida liminar indeferida." (� HYPERLINK "http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?SEQ=480550&PROCESSO=25579&CLASSE=MS%2DMC&cod_classe=382&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=&EMENTA=2286" \t "_blank" �MS 25.579-MC�, Rel. p/ o ac. Min.Joaquim Barbosa, julgamento em 19-10-2005, Plenário, DJ de 24-8-2007.)
� As funções públicas inabilitadas se traduzem na impossibilidade de: concurso público, cargo em comissão ou mandato público eletivo. 
� Súmula 722/STF: “São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e Julgamento”.
� ADI 2220, Relatora Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 16/11/2011. “A definição das condutas típicas configuradoras do crime de responsabilidade e o estabelecimento de regras que disciplinem o processo e julgamento das agentes políticos federais, estaduais ou municipais envolvidos são da competência legislativa privativa da União e devem ser tratados em lei nacional especial (art. 85 da Constituição da República)”.
� O oferecimento da denúncia por qualquer cidadão, inovação da Lei 10.028/2000, que emprega, inclusive a expressão “ação penal”, segundo Damásio de Jesus, está marcado pelo vício de inconstitucionalidade, em total afronta ao art. 129, I, CF, devendo ocupar o seu lugar de destaque no “museu das imperfeições legislativas”.
� A descoincidência entre as eleições presidencial e parlamentares como fator adicional à formação de uma maioria parlamentar asseguradora da governabilidade. 
� Porém, atualmente essa discussão (aventada, como vimos, no “caso Collor”) sequer teria suporte jurídico em relação ao tema das inelegibilidades. Certo é que, no que tange a possibilidade de concorrer para o exercício de mandato público eletivo, temos que a Lei Complementar nº 135/2010 referente às inelegibilidades infraconstitucionais (impedimentos à capacidade eleitoral passiva) determinou que o Presidente da República ficará inelegível se renunciar a seu mandato desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para qual foi eleito e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura. 
� Michel Temer observa: “Não nos parece que, tipificada a hipótese de responsabilização, o Senado haja de, necessariamente, impor penas. Pode ocorrer que o Senado Federal considere mais conveniente a manutenção do Presidente no seu cargo. Para evitar, por exemplo, a deflagração de um conflito civil; para impedir agitação interna. Para impedir desentendimentos internos, o Senado, diante da circunstância, por exemplo, de o Presidente achar-se em final de mandato, pode entender que não deva responsabilizá-lo”. 
� Art. 20, § 2º, CF/88: “A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei”.
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PODER EXECUTIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL II

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