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1 DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime: Arts. 22, 26, 27 e 28 do CP. - Culpabilidade – Conceito: é o juízo de reprovabilidade feito por terceiro em relação à conduta do agente. Natureza Jurídica: a culpabilidade não integra a estrutura do crime, funcionando como pressuposto de aplicação da pena. De acordo com a doutrina predominante, a teoria adotada em relação à culpabilidade é a Normativa Pura (na subespécie limitada). Assim, a culpabilidade é composta por três elementos: - imputabilidade - potencial consciência do injusto - exigibilidade de conduta diversa 1) Imputabilidade: é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato praticado e a capacidade de determinar-se de acordo com esse entendimento. O CP não diz quem é imputável, pois essa é a regra, mas sim quem não é imputável, ou seja, os inimputáveis art. 26 e 27. São inimputáveis: i) os menores de 18 anos; ii) os doentes mentais; iii) aqueles que possuem o desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Estes dois últimos, desde que em razão da doença mental ou do desenvolvimento mental incompleto ou retardado não possuam a capacidade de entender o caráter ilícito da conduta ou se podem entender, não conseguem se comportar conforme este entendimento. A imputabilidade deve ser considerada ao tempo da conduta. 2 São chamados de semi-imputáveis aqueles que têm parcial ou reduzida capacidade de entendimento ou determinação. Neste caso, aplica-se a minorante do § Único do artigo 26, CP. ATENÇÃO: Em relação aos menores de 18 anos foi adotado o critério biológico. Nos casos de doentes mentais, aqueles com desenvolvimento mental incompleto ou retardado, bem como na embriaguez foi adotado o critério biopsicológico. 2) Potencial consciência do injusto: é a possibilidade potencial de conhecer os limites da lei. Não se confunde com conhecimento da lei, mas a potencial consciência dos seus limites. 3) Exigibilidade de conduta diversa: quando considerando o comportamento do agente no caso sob análise era esperado que ele tomasse outra atitude. Considerando os 03 itens acima, temos as excludentes de culpabilidade (também chamadas DIRIMENTES) respectivamente: 1.1) Inimputabilidade: menores de 18 anos; doentes mentais, pessoas com desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 2.1) Erro de Proibição: é o erro que incide a respeito dos limites da norma. Não se confunde com o erro de tipo. Naquele, o agente tem perfeita compreensão dos fatos, mas equivoca-se em relação aos limites daquilo que pode ou não fazer. Também não se confunde com erro ou ignorância da lei ou de direito, pois são inescusáveis. O erro de proibição pode recair sobre tipo penal incriminador ou permissivo (justificantes). Quando for escusável ou invencível afastará a culpabilidade (art. 21, CP). Quando inescusável ou vencível acarretará a redução da pena de 1/6 a 1/3. 3 Quando o erro de proibição incidir sobre uma justificante, haverá a chamada descriminante putativa por erro de proibição, também chamada de erro de proibição indireto. 3.1) Inexigibilidade de conduta diversa (art. 22, CP): que pode ocorrer em duas situações: A) Coação moral irresistível; B) Cumprimento de ordem não manifestamente ilegal. Obs: a coação física afasta a voluntariedade da conduta e, portanto, o fato típico. Na coação moral existe vontade, ainda que viciada. Se a coação for resistível, o agente será responsabilizado pelo crime de forma atenuada (art. 65, III, c, CP), para o coator não haverá a referida atenuante. No cumprimento de ordem não manifestamente ilegal exige-se relação de direito público, afastada a hierarquia das relações privadas. Se a ordem for manifestamente ilegal, o agente, bem como o mandante serão responsabilizados. Se a ordem não for manifestamente ilegal, somente o mandante será responsabilizado penalmente. O artigo 28, I, CP, diz que a emoção e a paixão não afastam a culpabilidade, podendo funcionar como causas específicas de redução de pena ou como meras atenuantes, a depender do caso específico. O inciso II, do mesmo artigo reza que a embriaguez voluntária (dolosa) ou culposa não excluem a culpabilidade (aplicação da teoria da actio libera in causa). Por sua vez, a embriaguez preordenada caracteriza agravante. Entretanto, a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior tornará o agente isento de pena (afasta a culpabilidade). Atenção: somente a embriaguez completa (que retire do agente a capacidade de entendimento ou autodeterminação) excluirá a culpabilidade. Caso haja apenas uma redução, incidirá a redução no patamar de 1/3 a 1/6. 4 Quadro sinótico: CULPABILIDADE DIRIMENTES EFEITOS Imputabilidade (regra geral). Capacidade de entendimento do caráter ilícito da conduta e autodeterminação Inimputáveis: i) menores de 18 anos; ii) doentes mentais; iii) desenvolvimento mental incompleto ou retardado ; iv) embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou força maior. Redução total: exclui a culpabilidade. Redução parcial: aplica- se a pena reduzida de 1/3 a 1/6 Potencial consciência do injusto (potencialidade do agente no caso concreto compreender o injusto) Erro de proibição i) sobre tipo penal incriminador; ii) sobre justificante Invencível: exclui a culpabilidade. Descriminante putativa por erro de proibição; Vencível: redução de pena. Exigibilidade de conduta diversa Inexigibilidade de conduta diversa: i) Coação moral irresistível; ii) Obediência hierárquica a ordem não manifestamente ilegal Coação irresistível exclui culpabilidade. Coação moral resistível: atenuante. Ordem não manifestamente ilegal: exclui culpabilidade; Ordem manifestamente ilegal: responde pelo crime. Por fim, fala-se em causas supralegais de exclusão da culpabilidade. Prevalece o entendimento de que a inexigibilidade de conduta diversa não se esgota nas duas hipóteses apontadas funcionando como um princípio geral de exclusão da culpabilidade. 5 Tal situação deve ser analisada no caso concreto, entretanto conta com a aprovação do STJ.
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