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02. Casos Resolvidos em Aula

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www.cers.com.br 
OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
1 
CASO UTILIZADOS DURANTE A AULA 
 
Caso Prático 1 – Relaxamento de prisão (OAB XII Exame) 
 
Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos contra 
o patrimônio sem deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da 
impunidade, Wilson, policial e irmão de uma das vítimas de Ricardo, decide que irá 
empenhar todos os seus esforços na busca de uma maneira para prender, em flagrante, o 
facínora. Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a 
confiança deste. Certo dia, decidido que havia chegado a hora, pergunta se Ricardo 
poderia ajudá-lo na próxima empreitada. Wilson diz que elaborou um plano perfeito para 
assaltar uma casa lotérica e que bastaria ao amigo seguir as instruções. O plano era o 
seguinte: Wilson se faria passar por um cliente da casa lotérica e, percebendo o melhor 
momento, daria um sinal para que Ricardo entrasse no referido estabelecimento e 
anunciasse o assalto, ocasião em que o ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante 
nas suas próprias habilidades e empolgado com as ideias dadas por Wilson, Ricardo 
aceita. No dia marcado por ambos, Ricardo, seguindo o roteiro traçado por Wilson, espera 
o sinal e, tão logo o recebe, entra na casa lotérica e anuncia o assalto. Todavia, é 
surpreendido ao constatar que tanto Wilson quanto todos os “clientes” presentes na casa 
lotérica eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo preso em flagrante, sob os 
aplausos da comunidade e dos demais policiais, contentes pelo sucesso do flagrante. 
Levado à delegacia, o delegado de plantão imputa a Ricardo a prática do delito de roubo 
na modalidade tentada. Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no 
enunciado, responda justificadamente: 
A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo? (Valor: 0,80 ) 
B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à 
sua responsabilidade jurídico-penal? (Valor: 0,45 ) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
A situação narrada configura hipótese de flagrante preparado (ou provocado). Tal prisão 
em flagrante é nula e deve ser imediatamente relaxada, haja vista o fato de ter sido preparada 
por um agente provocador, que adotou medidas aptas a impedir por completo a consumação 
do crime. Inclusive, o Verbete 145 da Súmula do STF disciplina que nas situações como a descrita 
no enunciado inexiste crime. Aplica-se, também, o Art. 17 do Código Penal: o flagrante preparado 
constitui hipótese de crime impossível. Sendo assim, a melhor tese defensiva aplicável a Ricardo é 
aquela no sentido de excluir a prática de crime com base no Verbete 145, da Súmula do STF, e no Art. 
17, do Código Penal. Note-se que o enunciado da questão deixa claro que busca a melhor tese 
defensiva no campo jurídico-penal. Assim, eventuais respostas indicativas de soluções no âmbito 
processual (tais como: prisão ilegal que deve ser relaxada), ainda que corretas, não serão 
consideradas para efeito de pontuação, haja vista o fato de não responderem ao questionado. 
 
Caso Prático 2 – Relaxamento de prisão 
 
Arlindo, 22 anos, é conhecido na localidade em que reside por ser traficante. Todos os 
sábados, Luiz, Clécio, Felipe e Daniel vão à Comunidade de Itaperim no intuito de 
 
 
 
 
 
 
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OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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conseguir as substâncias entorpecentes. Por diversas vezes, a Polícia já invadiu a 
localidade, mas nunca achou nada de concreto para que houvesse a prisão de Arlindo, bem 
como dos envolvidos. Fred, Policial Militar, resolveu, sozinho, investigar o caso, para achar 
a melhor maneira de prender a organização criminosa, já que tem conhecimento de que 
Arlindo não trabalha sozinho em Itaperim. Com isso, na sexta-feira, dia 22 de novembro de 
2013, Fred decide ir até Arlindo pedir a substância entorpecente. Ao encontrar-se com o 
traficante, provoca-o requerendo 10 papelotes da droga ilícita, ocasião em que Arlindo 
informa que está sem o “bagulho”, por ora que talvez conseguisse para a semana 
seguinte. Não querendo esperar, Fred continua provocando Arlindo, dizendo que era 
importante e que precisaria da droga naquele momento. E pede ao traficante que vá 
pegar a droga em outro lugar, oferecendo o dobro do valor estipulado. Arlindo então, 
motivado por Fred, resolve buscar a substância com outro traficante, já que não tinha em 
depósito para vender a Fred a quantia desejada. Quando Arlindo retorna com a droga, o 
policial o prende em flagrante delito pelo crime de Tráfico de Entorpecente, previsto no 
art. 33 da Lei 11.343/06. Conduzido à Delegacia Especializada, foram cumpridas as 
formalidades de praxe, com a remessa do flagrante ao juízo competente, ao Ministério 
Público, bem como ao Advogado indicado por Arlindo, além da comunicação imediata à 
família do preso. Todavia, o delegado deixou de entregar nota de culpa ao preso, bem 
como de tomar-lhe o devido recibo. 
Na qualidade de advogado contratado pela família de Arlindo, com base nas informações 
acima expostas, elabore a peça cabível no intuito de garantir a liberdade do seu cliente, 
excetuando-se a possibilidade de intento do Habeas Corpus. 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA 
______ (poderia ser indicada a COMARCA DE ITAPERIM) 
OBS: como a questão não informou se na localidade possuía ou não vara especializada dos feitos 
relativos a entorpecentes, utiliza-se a regra geral do endereçamento. 
Arlindo, (nacionalidade), (estado civil), portador da Cédula de Identidade número ________, 
expedida pela ___________, inscrito no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o 
número _______, (residência e domicílio), por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração 
anexa a este instrumento, vem muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer o 
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
com fundamento no artigo 5º, LXV da Constituição Federal, e art. 310, I, do Código de Processo Penal, 
pelos motivos de fato e direito a seguir expostos: 
1. Dos Fatos 
Conforme consta do auto de prisão, o requerente foi preso em flagrante em razão do suposto 
crime de tráfico de entorpecentes na localidade em que reside.O crime teria ocorrido porque o 
policial que hoje sabe chamar-se Fred, fazendo-se passar por usuário interessado na aquisição de 
entorpecente, induziu o ora requerente, insistentemente, a arrumar-lhe a droga. Conforme consta 
do auto de prisão em flagrante, o ora requerente não trazia consigo, não portava, não guardava e 
muito menos possuía em depósito qualquer substância entorpecente, o que era do conhecimento do 
referido policial que, ainda assim, instigou o requerente a lhe conseguir a substância. Assim, qualquer 
conduta porventura praticada pelo requerente somente o foi porque motivada pelo policial 
provocador. 
 
 
 
 
 
 
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OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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Além disso, após a lavratura do auto de prisão em flagrante e demais formalidades, a 
autoridade policial não deu ao ora requerente a nota de culpa, contendo a devida tipificação penal, 
bem como o nome dos condutores, não tendo, portanto, o acusado prestado o devido recibo. 
2. Das ilegalidades da prisão em flagrante 
A prisão em flagrante é ilegal em virtude da ocorrência do flagrante preparado, previsto na 
Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal. 
Esse tipo de flagrante ocorre quando alguém, de forma insidiosa, provoca o agente à prática 
de um crime para, durante os atos de execução supostamente puníveis, efetuar sua prisão, evitando, 
assimque o delito se consume. Nesta espécie de flagrante não há crime e a prisão se configura 
flagrantemente ilegal. 
Os tribunais entendem que essa hipótese de flagrante seria a hipótese de crime impossível 
previsto no artigo 17 do Código Penal. 
No flagrante preparado, o policial ou terceiro induz o agente a praticar o delito e, ao mesmo 
tempo, toma providências para evitar a consumação. Assim, no flagrante preparado o autor do fato 
age motivado por obra do provocador, sem o qual não haveria a prática daquela suposta conduta. E 
se a intenção do agente não é natural, uma vez que induzida pelo provocador, inexiste o crime, 
existindo total ilegalidade material no flagrante. 
Não bastasse a preparação do flagrante no caso concreto, o que, por si só, já seria suficiente 
para caracterizar a ilegalidade material da prisão, ainda há, no caso concreto, ilegalidade formal no 
ato da autoridade policial, pois não foi dada ao preso a nota de culpa, documento que indica o artigo 
em que se encontra incurso, bem como o motivo da prisão, além do nome dos condutores e das 
testemunhas. 
Ressalte-se que a nota de culpa deve ser expedida dentro do prazo de 24 horas contadas do 
momento da captura, conforme preceitua o art. 306, §2º, do Código de Processo Penal, 
caracterizando-se ainda como uma garantia constitucional, prevista no artigo 5º, LXIV, da 
Constituição Federal. 
3. Da impossibilidade de decretação de prisão preventiva ou qualquer forma de custódia cautelar 
Por fim, em caráter subsidiário e apenas por cautela, vale ressaltar que, no caso concreto, 
após o relaxamento da prisão em flagrante em face dos patentes vícios materiais e formais, não 
existe a possibilidade de ser decretada a prisão preventiva do requerente. 
No caso em comento não existem quaisquer dos motivos que autorizariam a prisão 
preventiva, configurando-se evidente a impossibilidade de manutenção do indiciado, ora requerente, 
no cárcere, a qualquer título. 
4. Do Pedido 
Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência, com base no artigo 5º, LXV, da Constituição 
Federal, e art. 310, I, do Código de Processo Penal, diante da flagrante ilegalidade de sua prisão, o 
imediato relaxamento da prisão em flagrante imposta ao requerente. 
Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público e expedindo-se o alvará 
de soltura, pede deferimento. (Pedido de oitiva do representante do Ministério Público não 
obrigatório, já que como a prisão é ilegal, não há necessidade da oitiva do parquet. Todavia, a 
realização do pedido pode e deve ser feita, sem nenhum encargo ao candidato). 
Comarca, Data. 
Advogado, OAB 
 
Caso Prático 3 – Relaxamento de prisão 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
4 
Lucas, mediante ameaça exercida com o emprego de arma de fogo, subtraiu o veículo, a 
carteira e o aparelho celular de Felippo. O fato foi comunicado à autoridade policial pela 
vítima, que descreveu as características do autor do delito. Os policiais imediatamente 
realizaram diligências na região e identificaram o veículo de Felippo estacionado na 
garagem da residência de Carol. Esta informou aos policiais que o veículo fora deixado por 
Lucas, fato confirmado por testemunhas. Os policiais formaram duas equipes: uma delas 
realizou buscas na região e outra ficou à espreita na frente da residência de Lucas, que 
estava fechada. Lucas retornou à sua residência oito horas após a consumação do roubo, 
tendo sido preso em flagrante, de posse do celular da vítima. Conduzido à Delegacia, foi 
verificado pelo Delegado de plantão que Lucas tinha 17 anos de idade, mas ainda assim, 
formalizou a prisão em flagrante, comunicando o juízo competente, o Ministério Público, 
a família do preso, bem como o Advogado por ela indicado, elaborou e apresentou ao 
preso a nota de culpa, que foi devidamente assinada pelo mesmo, e ainda procedeu as 
remessas necessárias. 
Na qualidade de advogado contratado pela família de Lucas, com base nas informações 
acima expostas, elabore a peça processual privativa de advogado cabível. 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA 
______ 
OBS: Como a questão não informou existir vara especializada da criança e do adolescente, utiliza-se a 
regra geral do endereçamento. 
Lucas, menor, neste ato representado por _________, representante legal, (nacionalidade), 
(estado civil), portador da Cédula de Identidade número ________, expedida pela ___________, 
inscrito no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o número _______, (residência e 
domicílio), por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa a este instrumento, vem 
muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer o 
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
com fundamento no artigo 5º, LXV da Constituição Federal, e art. 310, I, do Código de Processo Penal, 
pelos motivos de fato e direito a seguir expostos: 
1. Dos Fatos 
Conforme consta do auto de prisão, o requerente foi preso em flagrante em razão de ter, 
supostamente, subtraído veículo, carteira e aparelho celular de Felippo. 
O crime teria ocorrido e, logo após, a vítima teria comunicado à autoridade policial, 
descrevendo as características do suposto autor do delito. Os policiais, então, realizaram diligências 
na região no intuito de encontrar o agente do crime, acabando por capturar o ora requerente, em 
sua residência, oito horas após os supostos fatos, sob a alegação de que o mesmo seria o autor do 
crime. 
Após a condução à Delegacia, o delegado verificou ser o agente menor de 18 anos de idade, 
mas ainda assim procedeu a lavratura do auto de prisão e formalidades. 
2. Das ilegalidades da prisão em flagrante 
A prisão em flagrante é materialmente ilegal, uma vez que o requerente, menor de idade, não 
poderia sequer ser preso, pois não teria como praticar crime, mas somente ato infracional previsto 
no art. 103 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
 
 
 
 
 
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Conforme se depreende dos autos, o requerente, ainda que tivesse realizado a conduta 
delituosa, é menor, inimputável, e, mesmo tendo sido a menoridade do acusado verificada pela 
autoridade policial, o que por si só impediria a lavratura do auto de prisão em flagrante, foi o mesmo 
autuado, em vez de ser submetido ao procedimento adequado, qual seja, o auto de apreensão e 
suas formalidades, conforme trata o art. 106 e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Sendo assim, houve flagrantemente ilegalidade material na prisão do ora requerente. 
3. Da impossibilidade de decretação de prisão preventiva ou qualquer forma de custódia cautelar 
Por fim, em caráter subsidiário e apenas por cautela, vale ressaltar que no caso concreto, após 
o relaxamento da prisão em flagrante em face dos patentes vícios materiais, não existe a 
possibilidade de ser decretada a prisão preventiva do requerente, uma vez que o mesmo, menor, 
não pode sequer ser processado criminalmente. 
Além disso, também é totalmente desnecessária sua custódia a qualquer título. 
4. Do Pedido 
Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência, com base no artigo 5º, LXV, da Constituição 
Federal, e art. 310, I, do Código de Processo Penal, diante da flagrante ilegalidade de sua prisão, o 
imediato relaxamento da prisão em flagrante imposta ao requerente. 
Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público e expedindo-se o alvará 
de soltura, pede deferimento. (Pedido de oitiva do representante do Ministério Público não 
obrigatório, já que como a prisão é ilegal, não há que se realizar a oitiva do parquet. Todavia, a 
realização dopedido pode ser feita, sem nenhum encargo ao candidato). 
Comarca, Data. 
Advogado, OAB 
 
Caso Prático 4 – Relaxamento de prisão 
 
Gadu, integrante da quadrilha liderada por Leandro Henrique, foi instado a se apresentar 
na delegacia de polícia civil com o objetivo de prestar declarações em inquérito policial 
que investiga o grupo. Chegando à delegacia, Gadu insinuou que precisaria conversar em 
particular com o escrivão de polícia X. Este, sem que Gadu notasse, uma vez que em outras 
oportunidades Gadu já havia tentado ajudar policiais, acionou um equipamento de 
gravação. Após alguns rodeios, permanecendo X sempre calado, Gadu ofereceu R$ 
5.000,00 para que X passasse informações sobre possíveis operações policiais a serem 
desenvolvidas em face do grupo criminoso. Imediatamente, X deu voz de prisão a Gadu. 
Analisando o caso pergunta-se: 
I. A prisão em flagrante foi legal? Fundamente de acordo com os dispositivos legais 
pertinentes ao caso, bem como o entendimento jurisprudencial dominante. (Valor: 1,25) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
A prisão é considerada legal, uma vez que Gadu encontra-se em estado de flagrância, na 
modalidade flagrante próprio ou real. 
O flagrante próprio ou real ocorre quando alguém é preso cometendo a conduta delituosa ou 
quando acaba de cometê-la, na forma do art. 302, incisos I e II do Código de Processo Penal. 
Os Tribunais consideram lícita a prova obtida pela gravação feita por um dos interlocutores. 
Entende-se que nesse caso, além de inexistir interceptação telefônica e, portanto, ausência de 
ofensa ao artigo 5º, X, XII e LVI, da Constituição Federal, o policial utilizou-se da escuta ou gravação 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
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clandestina com o fito de preservar-se, em atitude amplamente defensiva. Assim, não há qualquer 
ilicitude na prova produzida. Além disso, a presença da gravação em nada se confunde, na hipótese, 
com o estado de flagrância de fato existente, a autorizar, no caso vertente, a prisão de Gadu. 
 
 
CASO PRÁTICO AULA 3.2 
 
Aurora de Souza, dona de um ferro velho situado na estrada da Gamboa, 
km 20, Sapequim, foi presa em flagrante delito pelo crime de receptação 
qualificada, previsto no art. 180, § 1º do Código Penal. Verificada a legalidade do 
flagrante, houve por bem o juiz converter a prisão em flagrante em preventiva, 
em virtude de ter verificado a existência dos requisitos autorizadores da referida 
prisão previstos no art. 312 do Código de Processo Penal, em especial pelo fato 
de que Aurora poderia continuar exercendo as atividades comerciais ilícitas. 
Ocorre que, posteriormente a sua prisão e ao recebimento da denúncia, 
por decisão judicial, o ferro velho de Aurora foi interditado, não havendo 
possibilidade aparente de reversão da dita medida durante todo o processo, 
sendo certo que Aurora não possui outros estabelecimentos de mesma 
natureza, tudo comprovado documentalmente. 
A denúncia foi recebida pelo juiz da 1ª Vara da Comarca de Sapequim, 
sendo certo que ainda se encontra Aurora presa sobre o fundamento de garantia 
da ordem pública. 
 
 
Peça – REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base nos arts. 282, §5º e 316 ambos do 
Código de Processo Penal. 
Endereçamento – EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE SAPEQUIM 
Tese – desaparecimento do único motivo que autorizava a prisão preventiva, uma vez que o 
ferro velho, único estabelecimento no qual a Requerente exercia atividade comercial, 
encontra-se inoperante em virtude de decisão judicial irreversível. Sendo certo que não 
existe nos autos nenhum outro elemento a justificar a manutenção da prisão da 
requerente. Assim, desaparecendo os motivos que ensejaram a decretação da prisão 
preventiva deve a mesma ser revogada. 
Pedido – Revogação da prisão preventiva, com a consequente expedição do alvará de 
soltura. Formular ainda pedido subsidiário de aplicação de uma das medidas do art. 319 do 
Código de Processo Penal. Por eventualidade pedir ainda a oitiva do Ministério Público.

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