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@ G U I A D A O A B Questões para PROCESSO PENAL Comentadas Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 1 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 01 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase No dia 10 de julho de 2020, Pedro, primário, é preso em flagrante delito comercializando ecstasy em uma rua do bairro onde mora. Com ele, são apreendidos 50 comprimidos e dinheiro em espécie. Assim, é imediatamente conduzido à delegacia, onde, no mesmo dia, é lavrado auto de prisão em flagrante pela prática do crime descrito no Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06, punido com pena de reclusão de 5 a 15 anos e multa. O laudo toxicológico provisório atesta que a substância consta da lista de substâncias proscritas. Feitas as comunicações devidas, o auto de prisão é remetido ao juízo competente e, desse modo, no dia 11 de julho, passadas 23 horas da prisão, Pedro é apresentado à autoridade judicial. A audiência é realizada sem a presença de órgão do Ministério Público e após entrevistar o preso e ouvir os requerimentos da defesa técnica, o Magistrado homologa a prisão em flagrante, que é convertida em preventiva, sob o fundamento de que existe risco à ordem pública na liberdade do agente, nos termos do Art. 312 do Código de Processo Penal. Assinale a opção que indica a tese de Direito Processual Penal adequada para se questionar a prisão preventiva de Pedro. A) A prisão deve ser relaxada em razão da inobservância do prazo para a realização da audiência de custódia. B) A prisão deve ser substituída por medidas cautelares diversas da prisão, já que suficientes para garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal. C) A prisão deve ser relaxada, ante a ausência de pedido do Ministério Público, e concedida prisão domiciliar ao acusado para garantia da ordem pública. D) A prisão deve ser relaxada, pois o magistrado não poderia, diante da ausência de pedido do Parquet, ter convertido a prisão em flagrante em preventiva de ofício. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Após a alteração promovida pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019), o juiz não pode decretar prisão preventiva de ofício, como podemos perceber: Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Dessa forma, diante da ausência do Parquet, não pode o juiz decretar a prisão preventiva. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 2 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 02 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Leonardo praticou um crime que, objetivamente, admitia o acordo de não persecução penal (ANPP). Concluída a investigação criminal, e estando presente a justa causa, o Promotor de Justiça se recusou a fazer a proposta de ANPP, por entender que estava demonstrado que a conduta de Leonardo era habitual. Diante da recusa do Promotor de Justiça em propor o ANPP, o Juiz da Comarca de Cascais, acolhendo o requerimento do advogado de Leonardo, remeteu o investigatório ao Ministério Público para se manifestar sobre o tema. O MP apresentou ao Juiz da Vara Criminal da Comarca de Cascais uma proposta de ANPP para ser homologada. O juiz considerou insuficiente a condição de Leonardo pagar como prestação pecuniária a quantia correspondente a 02 (dois) salários-mínimos a uma entidade pública, a ser indicada pelo juízo da execução, devolvendo os autos ao MP para reformular a proposta nesta parte. O MP manteve a proposta nos termos acordados com Leonardo, razão pela qual o Juiz da Vara Criminal de Cascais recusou-se a homologá-la. Sobre a decisão de não homologação da proposta de ANPP, assinale a opção que indica qual o recurso cabível e quem poderá interpô-lo. A) Recurso de agravo previsto na Lei de Execução Penal, haja vista que a prestação pecuniária era destinada a uma entidade pública a ser indicada pelo juízo da execução. O legitimado para interpor esse recurso é Leonardo, haja vista que contra o mesmo seria cobrada a prestação pecuniária junto ao juízo da execução. B) Recurso em sentido estrito, considerando se tratar de um ato judicial de natureza declaratória. Estavam legitimados a recorrer o Ministério Público e Leonardo, por terem, ambos, interesse recursal. C) Recurso de apelação (residual), por se tratar de uma decisão definitiva. Somente estava legitimado a recorrer o Ministério Público, por ser o autor da proposta, ainda que a ela tenha aderido Leonardo. D) Recurso de apelação (residual), por se tratar de uma decisão com força de definitiva, e dela poderia recorrer o Promotor de Justiça com atribuição e Leonardo, por terem, ambos, interesse recursal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Observe a resolução das assertivas a seguir, a fim de compreender os fundamentos das erradas e, assim, encontrar a assertiva correta: A) Errada. O recurso de agravo é cabível apenas na fase de execução, o que atrai a aplicação da Lei de Execução Penal. Nota-se que a questão aborda, ainda, a fase inicial do processo, quando o Parquet propõe o acordo de não persecução penal. B) Correta. A questão é respondida com a literalidade do artigo 581 do CPP, mais especificamente no inciso incluído pelo Pacote Anticrime, senão vejamos: Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) C e D) errada. Como dito nas alternativas, o recurso de apelação é residual, porém o Recurso em Sentido Estrito prevê expressamente a hipótese de recusa de homologação à proposta de acordo de não persecução penal. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 3 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 03 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Sérgio propôs uma ação penal privada contra Ana e Letícia por crime de dano (impossibilidade de qualquer medida penal consensual), isto porque as quereladas, dolosamente, quebraram o para-brisa traseiro do seu carro. Finda a instrução criminal restaram comprovadas autoria e materialidade, até mesmo porque, além da prova testemunhal confirmar a imputação contida na queixa-crime, as acusadas confessaram o delito. Em alegações finais orais, Dr. Lúcio, advogado constituído por Sérgio, sem se referir à inicial acusatória, finalizou a sua sustentação apenas pedindo que “fosse feita a melhor justiça.” Você, como advogado(a) das quereladas, alegaria como prejudicial de mérito a extinção da punibilidade A) pelo perdão de Sérgio, pois não se manifestou em alegações finais juntamente com o seu patrono para pedir a condenação. B) pela renúncia do querelante, haja vista que o seu advogado não ratificou em alegações finais os termos da acusação articulada na queixa-crime. C) pela perempção, porque o advogado constituído por Sérgio, somente pediu em alegações finais que “fosse feita a melhor justiça”, deixando de ratificar a pretensão de que as quereladas fossem condenadas, sequer tendo renovado o pedido de condenação apresentado na queixa-crime. D) pela retratação do querelante, pois não se manifestou em alegações finais juntamente com o seu patrono para pedir a condenação das quereladas, ou mesmo ratificar o pedido de condenação apresentado na queixa- crime. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A) Errada. O perdão, de fato, extingue a punibilidade, porém não se enquadra no caso. Operdão, tácito ou expresso, consiste na desistência da vítima em prosseguir com o feito, razão pela qual o momento dessa forma de extinção da punibilidade deve ocorrer após a propositura da queixa até o limite do trânsito em julgado da sentença. B) Errada. A renúncia também extingue a punibilidade, mas não se adapta ao caso. A renúncia é ato unilateral do ofendido ou de seu representante legal consistente na renúncia, tácita ou expressa, do direito de agir. C) Correta. No presente caso, a falta de pedido de condenação nas alegações finais já é causa suficiente para a perempção da ação, vejamos: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; D) Errada. A retratação extingue a punibilidade nos casos previstos, entretanto não está caracterizado no caso da questão. A retratação é o ato do agente de desdizer em sua completude algo que afirmou no passado e que deu início a um processo penal. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 4 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 04 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Gregório é defensor público no Estado do Rio de Janeiro, cuja Constituição lhe assegura foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça local. Durante o carnaval, na cidade de Salvador/BA, Gregório por acaso se encontra com seu irmão e inimigo capital Sandro em uma rua erma, durante a dispersão de bloco carnavalesco. Gregório então se aproveita da oportunidade para matar Sandro com golpes de espada. Assinale a opção que indica o foro competente para conhecer e julgar esse crime. A) O Tribunal do Júri da Comarca de Salvador/BA. B) O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. C) O Tribunal do Júri da Comarca do Rio de Janeiro/RJ. D) O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. No caso em comento, Gregório ceifou a vida de Sandro em Salvador/BA, de modo praticar o delito de homicídio simples (crime doloso contra a vida). Destarte, nos termos do art. 70 do Código de Processo Penal, o julgamento compete ao Tribunal do Júri do local onde se consumou a infração. No que tange ao foro por prerrogativa de função assegurado pela Constituição Carioca, de acordo com a Súmula Vinculante 45, “a competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual”. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 5 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 05 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Vitor respondia ação penal pela suposta prática do crime de ameaça (pena: 01 a 06 meses de detenção ou multa) contra sua ex-companheira Luiza, existindo medida protetiva em favor da vítima proibindo o acusado de se aproximar dela, a uma distância inferior a 100m. Mesmo intimado da medida protetiva de urgência, Vitor se aproximou de Luiza e tentou manter com ela contato, razão pela qual a vítima, temendo por sua integridade física, procurou você, como advogado(a), e narrou o ocorrido. Nessa ocasião, Luiza esclareceu que, após a denúncia do crime de ameaça, Vitor veio a ser condenado, definitivamente, pela prática do delito de uso de documento falso por fatos que teriam ocorrido antes mesmo da infração penal cometida no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher. Com base nas informações expostas, você, como advogado(a) de Luiza, deverá esclarecer à sua cliente que A) não poderá ser decretada a prisão de Vitor, pois não há situação de flagrância. B) não poderá ser decretada a prisão preventiva de Vitor, pois o crime de ameaça tem pena inferior a 04 anos e ele é tecnicamente primário. C) poderá ser decretada a prisão preventiva de Vitor, pois, apesar de o crime de ameaça ter pena máxima inferior a 04 anos, o autor do fato é reincidente. D) poderá ser decretada a prisão preventiva de Vitor, mesmo sendo tecnicamente primário, tendo em vista a existência de medida protetiva de urgência anterior descumprida. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Alternativa A: Poderá ser decretada a prisão preventiva de Vitor. Alternativa B: Poderá ser decretada a prisão preventiva de Vitor. Alternativa C: Vitor não é considerado reincidente, uma vez que, de acordo com o art. 63 do CP, a reincidência ocorre quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Alternativa D: A prisão preventiva pode ser decretada em razão do descumprimento de uma medida protetiva de urgência anteriormente estabelecida. Com efeito, o art. 313, III, do CPP estabelece que é admitida a decretação de prisão preventiva "se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 6 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 06 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Hamilton, vendedor em uma concessionária de automóveis, mantém Priscila em erro, valendo-se de fraude para obter vantagem econômica ilícita, consistente em valor de comissão maior do que o devido na venda de um veículo automotor. A venda e a obtenção da vantagem ocorrem no dia 20 de novembro de 2019. O fato chega ao conhecimento da autoridade policial por notícia feita pela concessionária, ainda em novembro de 2019 e, em 2 de março de 2020, o Ministério Público oferece denúncia em face de Hamilton, imputando-lhe a prática do crime de estelionato. Embora tenha sido ouvida em sede policial, Priscila não manifestou sua vontade de ver Hamilton processado pela prática delitiva. A denúncia é recebida e a defesa impetra habeas corpus perante o Tribunal de Justiça. No caso, assinale a opção que apresenta a melhor tese defensiva a ser sustentada. A) A ausência de condição específica de procedibilidade, em razão da exigência de representação da ofendida. B) A ausência de condição da ação, pois caberia à vítima o ajuizamento da ação penal privada no caso concreto. C) A necessidade de remessa dos autos ao Procurador-geral de Justiça para que haja oferta de acordo de não persecução penal. D) A atipicidade da conduta, em razão do consentimento da vítima, consistente na ausência de manifestação de ver o acusado processado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Alternativa A: A Lei nº 13.964/2019, conhecida como Pacote Anticrime, entrou em vigor no dia 23/01/2020. Referida lei acrescentou o § 5º ao art. 171 do Código Penal, prevendo que no crime de estelionato “somente se procede mediante representação”, salvo algumas exceções. Sendo assim, seria necessária, no caso apresentado pelo enunciado, a representação da vítima, sem o que não seria cabível a apresentação da denúncia pelo Ministério Público. Alternativa B: Trata-se de hipótese de ação penal pública condicionada à representação do ofendido, conforme comentário à alternativa A. Alternativa C: A tese defensiva a ser sustentada seria a ausência de condição específica de procedibilidade, uma vez que, para o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, deveria ter sido formulada representação pela ofendida. Alternativa D: A conduta praticada por Hamiltoné típica, não se podendo confundir consentimento da vítima com ausência de representação. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 7 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 07 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase No curso de inquérito que, no início da pandemia de Covid-19, apura a prática do crime contra as relações de consumo descrito no Art. 7º, inciso VI, da Lei nº 8.137/90, a autoridade policial representa pela interceptação do ramal telefônico de João, comerciante indiciado, sustentando a imprescindibilidade da medida para a investigação criminal. O crime em questão consiste na sonegação ou retenção de insumos e bens, para fim de especulação, e é punido com pena de detenção de 2 a 5 anos ou multa. A interceptação é autorizada pelo prazo de quinze dias, em decisão fundamentada, na qual o juízo considera demonstrada sua necessidade, bem como a existência de indícios suficientes de autoria. No caso narrado, o(a) advogado(a) do comerciante poderia sustentar a ilegalidade da interceptação das comunicações telefônicas, porque A) o prazo fixado pelo juiz excede o legalmente permitido. B) a interceptação não é admitida quando o fato objeto da investigação constitui infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. C) a interceptação não é admitida quando o fato objeto da investigação constitui infração penal cuja pena máxima não seja superior a cinco anos. D) caberia apenas ao Ministério Público requerê-la. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Alternativa A: O art. 5º da Lei nº 9.296/1996 estabelece o prazo de 15 (quinze) dias para a interceptação, que poderá ser renovado, não havendo qualquer limitação na lei, na doutrina ou na jurisprudência acerca da quantidade de prorrogações, que poderão ser deferidas se ainda presentes os pressupostos de admissibilidade. Alternativa B: O art. 2º da Lei nº 9.296/96 estabelece as hipóteses em que a interceptação telefônica não é permitida, entre elas, quando o fato objeto da investigação constitui infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Alternativa C: Não há qualquer previsão legal nesse sentido. Alternativa D: De acordo com o art. 3° da Lei nº 9.296/96, a interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - Da autoridade policial, na investigação criminal; II - Do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 8 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 08 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase O prefeito do Município de Canto Feliz, juntamente com o juiz estadual e o promotor de justiça, todos da mesma comarca (Art. 77, inciso I, do CPP), cometeu um crime contra a administração pública federal - interesse da União -, delito que não era de menor potencial ofensivo e nem cabia, objetivamente, qualquer medida penal consensual. Todos foram denunciados pelo Ministério Público federal perante a 1ª Vara Criminal da Justiça Federal da correspondente Seção Judiciária. Recebida a denúncia, a fase probatória da instrução criminal foi encerrada, sendo que o Dr. João dos Anjos, que era advogado em comum aos réus (inexistência de colidência de defesas), faleceu, tendo os acusados constituído um novo advogado para apresentar memoriais (Art. 403, § 3º, do CPP) e prosseguir em suas defesas. Nessa fase de alegações finais, somente há uma matéria de mérito a ser defendida em relação a todos os réus, que é a negativa de autoria. Todavia, antes de adentrar ao mérito, existe uma questão preliminar processual a ser suscitada, relativa à competência, e consequente arguição de nulidade. Como advogado(a) dos réus, assinale a opção que indica como você fundamentaria a existência dessa nulidade. A) O processo é nulo, por ser o juízo relativamente incompetente, aproveitando-se os atos instrutórios. Anulado o processo, este deverá prosseguir para todos a partir da apresentação dos memoriais perante uma das Turmas do Tribunal Regional Federal da respectiva Seção Judiciária, por serem os réus detentores de foro especial por prerrogativa de função junto àquele órgão jurisdicional. B) O processo é nulo, por ser o juízo absolutamente incompetente desde o recebimento da denúncia, devendo ser reiniciado para todos a partir deste momento processual perante o Tribunal de Justiça do respectivo Estado da Federação, por serem os réus detentores de foro especial por prerrogativa de função perante aquela Corte estadual de justiça. C) O processo é nulo, por ser o juízo relativamente incompetente, aproveitando-se os atos instrutórios. Anulado o processo este deverá prosseguir a partir da apresentação dos memoriais perante o Tribunal de Justiça do respectivo Estado da Federação, por serem todos os réus detentores de foro especial por prerrogativa de função perante aquela Corte estadual de justiça. D) O processo é nulo, por ser o juízo absolutamente incompetente. Em relação ao Prefeito do Município de Canto Feliz, o processo deverá ser remetido a uma das Turmas do Tribunal Regional Federal da respectiva Seção Judiciária, sendo reiniciado a partir do recebimento da denúncia. Em relação ao Juiz estadual e ao Promotor de Justiça, há nulidade por vício de incompetência absoluta, com a necessidade de desmembramento do processo, devendo ser reiniciado para ambos a partir do recebimento da denúncia, sendo de competência do Tribunal de Justiça do respectivo Estado da Federação. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Como o crime foi cometido em detrimento da União, o órgão competente para julgamento do prefeito será o Tribunal Regional Federal da respectiva Seção Judiciária (art. 109, IV, da CF/88 e Súmula 702 do STF). Por sua vez, compete aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 96, III, da CF/88). Por fim, tratando-se de nulidade absoluta, nenhum ato será aproveitado, devendo o processo retomar seu andamento a partir do recebimento da denúncia. 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Em relação ao cumprimento de pena por Renata, você, como advogado(a), postularia ao juízo da execução a progressão para o regime A) semiaberto, em razão de a penitente já ter cumprido a fração de pena estabelecida na Lei de Execução Penal e comprovado o bom comportamento carcerário. B) semiaberto e a saída temporária, em razão de a penitente já ter cumprido o percentual de pena estabelecido na Lei de Execução Penal e por ter comprovado o bom comportamento carcerário. C) domiciliar, para que ela cuide da filha de 10 (dez) anos de idade, em observância ao Estatuto da Primeira Infância e por ser medida de caráter humanitário. D) aberto, em razão de a penitente já ter cumprido 1/8 (um oitavo) da pena estabelecido na Lei de ExecuçãoPenal e comprovado o bom comportamento carcerário, somado ao fato de ser a única responsável pela filha menor de 10 (dez) anos de idade. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Alternativa A: De acordo com o § 3º do art. 112 da LEP, no caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: I - Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - Não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; III - Ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; IV - Ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; V - Não ter integrado organização criminosa. Desse modo, o advogado deve postular a progressão para o regime semiaberto, em razão de a penitente já ter cumprido a fração de pena estabelecida na Lei de Execução Penal e comprovado o bom comportamento carcerário. Alternativa B: Não há que se falar em saída temporária, uma vez que Renta cumpre a pena em regime fechado. Alternativa C: Renata não tem direito à prisão domiciliar e sim à progressão de regime, conforme explicado na alternativa "a". Alternativa D: Renata tem direito à progressão para o regime semiaberto, uma vez que é vedada e progressão do regime fechado diretamente para o aberto (Súmula 491 do STJ). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 10 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 10 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase Maria foi brutalmente assassinada em sua própria casa por seu vizinho, Antônio, que morava em frente à sua casa. Em julgamento no Tribunal do Júri, o juiz presidente, ao formar o Conselho de Sentença, iniciou os sorteios de costume. Dentre os voluntários para a formação dos jurados, estavam vários outros vizinhos, inclusive o próprio filho de Maria, todos revoltados clamando por justiça e pela condenação de Antônio. Assim, segundo o Código do Processo Penal, com relação à composição do Tribunal do Júri, assinale a afirmativa correta. A) As hipóteses de impedimento e suspeição não se aplicam aos jurados, de forma que os vizinhos e o filho da vítima podem compor o Conselho de Sentença. B) A suspeição dos vizinhos deve ser arguida por petição dirigida ao Tribunal de Justiça, ao passo que o impedimento do filho da vítima deve ser reconhecido de ofício pelo Juiz togado. C) A suspeição e o impedimento do filho e dos vizinhos devem ser alegados pela parte que aproveita, sendo incabível ao Juiz dela conhecer de ofício. D) A suspeição dos jurados deve ser arguida oralmente ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Alternativa A: As hipóteses de impedimento e suspeição também se aplicam aos jurados, devendo ser arguida oralmente ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri, conforme art. 106 do CPP. Alternativa B: A suspeição dos jurados deve ser arguida oralmente ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri, conforme art. 106 do CPP. Alternativa C: A suspeição dos jurados deve ser arguida oralmente ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri, conforme art. 106 do CPP. Alternativa D: De acordo com o art. 106 do CPP, a suspeição dos jurados deverá ser arguida oralmente, decidindo de plano do presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado, não for imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 11 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 11 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Caio, primário e de bons antecedentes, sem envolvimento pretérito com o aparato policial ou judicial, foi denunciado pela suposta prática do crime de tráfico de drogas. Em sua entrevista particular com seu advogado, esclareceu que, de fato, estaria com as drogas, mas que as mesmas seriam destinadas ao seu próprio uso. Indagou, então, à sua defesa técnica sobre as consequências que poderiam advir do acolhimento pelo magistrado de sua versão a ser apresentada em interrogatório. Considerando apenas as informações expostas, o(a) advogado(a) deverá esclarecer ao seu cliente que, caso o magistrado entenda que as drogas seriam destinadas apenas ao uso de Caio, deverá o julgador A) condenar o réu, de imediato, pelo crime de porte de drogas para consumo próprio, aplicando o instituto da mutatio libelli. B) condenar o réu, de imediato, pelo crime de porte de drogas para consumo próprio, aplicando o instituto da emendatio libelli. C) reconhecer que não foi praticado o crime de tráfico de drogas e encaminhar os autos ao Ministério Público para analisar eventual proposta de transação penal. D) reconhecer que não foi praticado o crime de tráfico de drogas e encaminhar os autos ao Ministério Público para analisar proposta de suspensão condicional do processo, mas não transação penal, diante do procedimento especial previsto na Lei de Drogas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. No caso da questão, temos a chamada desclassificação do crime de tráfico de drogas para porte de drogas para consumo próprio, caso a alegação do réu seja acolhida. Nessa hipótese, excepcionalmente cabe a análise dos benefícios, como da transação penal, nos termos da súmula 337, STJ: SÚMULA 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva. Nos casos de aplicação da Súmula n. 337/STJ, os autos devem ser encaminhados ao Ministério Público para que se manifeste sobre a possibilidade de suspensão condicional do processo ou de transação penal. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 12 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 12 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Rodrigo responde ação penal pela suposta prática do crime de venda irregular de arma de fogo de uso restrito, na condição de preso. O magistrado veio a tomar conhecimento de que Rodrigo seria pai de uma criança de 11 anos de idade e que seria o único responsável pelo menor, que, inclusive, foi encaminhado ao abrigo por não ter outros familiares ou pessoas amigas capazes de garantir seus cuidados. Com esse fundamento, substituiu, de ofício, a prisão preventiva por prisão domiciliar. Rodrigo, intimado da decisão, entrou em contato com seu(sua) advogado(a) em busca de esclarecimentos sobre o cabimento da medida e suas consequências. A defesa técnica de Rodrigo deverá esclarecer que a concessão da prisão domiciliar foi A) adequada, e o tempo recolhido em casa justifica o reconhecimento de detração do período de cumprimento, que deverá ser observado na execução da pena, mas não no momento da fixação do regime inicial do cumprimento de pena. B) adequada, e o tempo recolhido em casa justifica o reconhecimento de detração do período de cumprimento, que poderá ser observado no momento da fixação do regime inicial de cumprimento de pena. C) inadequada, pois somente admitida para as mulheres que sejam mães de crianças menores de 12 anos. D) adequada, mas não justifica o reconhecimento de detração. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Cabe prisão domiciliar. O tempo de prisão deve ser detraído do tempo de cumprimento de pena, o que já será feito no momento de proferir a sentença condenatória e fixar o regime de cumprimento de pena. Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: VI – Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Art. 387, § 2o Otempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 13 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 13 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Joel está sendo processado por crime de estelionato na Vara Criminal da Comarca de Estoril. Na peça de resposta à acusação, o Dr. Roberto, advogado de Joel, arrolou 03 (três) testemunhas. Dentre elas, estava Olinto Silva, residente na Comarca de Vieiras. O juízo da Vara Criminal da Comarca de Estoril determinou a expedição de carta precatória ao juízo da Vara Criminal da Comarca de Vieiras com a finalidade de ser ouvido Olinto Silva, notificando o Promotor de Justiça e o Defensor Público. Na Vara Criminal da Comarca de Vieiras, o juiz designou a audiência para oitiva de Olinto Silva, notificando somente o Ministério Público, não obstante haver Defensor Público na comarca. Realizada a oitiva de Olinto Silva, a deprecata foi devolvida ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Estoril. Recebida a carta precatória, o Dr. Roberto tomou ciência do seu cumprimento. Assinale a opção que apresenta a providência que o advogado de Joel deve tomar em sua defesa. A) Requerer ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Estoril a declaração de nulidade da audiência de oitiva de Olinto Silva, que se deu na Vara Criminal da Comarca de Vieiras, por ter sido realizado aquele ato processual sem a intimação do Defensor Público. B) Requerer ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Vieiras a declaração de nulidade da audiência de oitiva de Olinto Silva, em razão de ter ocorrido aquele ato processual sem que tenha sido intimado como advogado de Joel. C) Requerer ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Vieiras a declaração de nulidade da audiência de oitiva de Olinto Silva, em razão de ter ocorrido aquele ato processual sem que tenha sido intimado o Defensor Público. D) Requerer ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Estoril a declaração de nulidade do processo a partir da expedição da carta precatória ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Vieiras, como também a dos atos que dela diretamente dependessem ou fossem consequência, haja vista que, como advogado de Joel, não foi intimado da remessa da referida carta ao juízo deprecado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. O pedido de declaração de nulidade deve ser feito na vara de origem do processo (juízo processante), ou seja, na vara criminal da comarca de Estoril. O advogado de Joel não foi intimado da expedição da carta precatória, como exige a súmula 273, STJ. Súmula 273 – STJ: Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 14 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 14 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Tendo sido admitido a cursar uma universidade nos Estados Unidos da América (EUA), cuja apresentação deveria ocorrer em 05 (cinco) dias, Lucas verificou que o seu passaporte brasileiro estava vencido e entrou em contato com Bento, na cidade de Algarve, no Estado do Paraná, o qual lhe entregaria um passaporte feito pelo mesmo, idêntico ao expedido pelas autoridades brasileiras. Lucas fez a transferência da quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para a conta corrente de Bento numa agência bancária situada na cidade de Vigo (PR). Confirmado o depósito, Lucas se encontrou com Bento no interior de um hospital federal, onde o primeiro aguardava uma consulta, na cidade de Antonésia (PR). Já no aeroporto de São Paulo, Lucas apresentou às autoridades brasileiras o passaporte feito por Bento, oportunidade em que a polícia federal constatou que o mesmo era falso. Lucas foi preso em flagrante delito. O Ministério Público do Estado de São Paulo ofereceu denúncia contra Lucas pelo crime de uso de documento falso, a qual foi recebida pelo juízo da 48ª Vara Criminal da Comarca da Capital (SP), oportunidade em que foi posto em liberdade, sendo-lhe impostas duas medidas cautelares diversas da prisão. O advogado de Lucas foi intimado para apresentar resposta à acusação, oportunidade em que se insurgiu contra a incompetência absoluta do juízo da 48ª Vara Criminal da Comarca da Capital (SP). Assinale a opção que indica a peça processual em que o advogado de Lucas deverá arguir a relatada incompetência. A) Exceção de incompetência, por entender que o juízo natural seria uma das Varas Criminais da Comarca de Vigo (PR), onde se consumou o crime imputado, haja vista que a compra do passaporte se aperfeiçoou na cidade em que Bento possuía conta bancária e recebeu a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). B) Na própria resposta à acusação, sustentando que o juízo natural seria uma das Varas Criminais da Comarca de Algarve (PR), onde o passaporte falso foi confeccionado. C) Na própria resposta à acusação, por entender que o juízo natural seria uma das Varas Criminais Federais da Seção Judiciária do Estado do Paraná, em razão de Bento ter entregue o passaporte falsificado no interior de um hospital federal na cidade de Antonésia (PR), onde Lucas aguardava uma consulta. D) Exceção de incompetência, por entender que o juízo natural seria uma das Varas Criminais Federais da Seção Judiciária do Estado de São Paulo, em razão de Lucas ter tentado embarcar para os EUA manuseando o passaporte falso confeccionado por Bento. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Como o documento falso foi apresentado na polícia federal, órgão da União, a competência será da Justiça federal, nos termos da súmula 546, STJ, e do art. 109, inciso IV, CF. Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. A forma de alegação se dará via exceção de incompetência, que nos termos do art. 396-A do CPP, deve ser apresentada em peça específica no prazo da resposta à acusação, e tramitará em apartado. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 15 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 15 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Policiais militares, ao avistarem Jairo roubar um carro no município de Toledo (PB), passaram a persegui- lo logo após a subtração, o que se deu ininterruptamente durante 28 (vinte e oito) horas. Por terem perdido de vista Jairo quando estavam prestes a ingressar no município de Córdoba (PB), os policiais militares se dirigiram à Delegacia de Polícia de Toledo para confecção do Boletim de Ocorrência. Antes que fosse finalizado o Boletim de Ocorrência, a Delegacia Policial de Toledo recebeu uma ligação telefônica do lesado (Luiz), informando que Jairo, na posse do seu carro (roubado), estava sentado numa mesa de bar naquele município tomando cerveja. Os policiais militares e os policiais da Distrital se deslocaram até o referido bar, encontrando Jairo como descrito no telefonema do lesado, apenas de chinelo e bermuda, portando uma carteira de identidade e a quantia de R$ 50,00 (cinquenta) reais. Nada mais foi encontrado com Jairo, que negou a autoria do crime. Jairo foi preso em flagrante delito e lavrado o respectivo auto pelo Delegado de Polícia, cujo despacho que determinou o recolhimento à prisão do indiciado teve como fundamento a situação de quase-flagrante, já que a diligência não havia sido encerrada e nem encerradoo Boletim de Ocorrência. Os policiais militares que efetuaram a perseguição reconheceram Jairo como o motorista que dirigia o carro roubado. O lesado (Luiz) também foi ouvido e reconheceu Jairo pessoalmente. A família de Jairo contratou você, como advogado(a), para participar da audiência de custódia na Comarca de Toledo e requerer a sua liberdade. Assinale a opção que indica o fundamento da sua manifestação nessa audiência para colocar Jairo em liberdade. A) A prisão de Jairo era ilegal, pois a perseguição, ainda que não cessada como constou do despacho da autoridade policial, exigia que o carro fosse apreendido para comprovar a materialidade do crime. B) A prisão de Jairo era ilegal, pois, ainda que fosse, inicialmente, uma situação de quase-flagrante (ou flagrante impróprio), a perseguição foi encerrada em Toledo, tanto que os policiais militares se dirigiram à Delegacia de Polícia do município para confecção do Boletim de Ocorrência. Restava cessada a situação a caracterizar um flagrante delito. Posterior prisão cautelar somente caberia por ordem judicial. C) A prisão de Jairo era ilegal, pois o Código de Processo Penal somente autoriza a prisão em flagrante delito quando o agente está cometendo o crime, acaba de cometê-lo (flagrante real) ou é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração penal (flagrante presumido). D) A prisão de Jairo era ilegal, pois o Código de Processo Penal autoriza a prisão em flagrante delito quando o agente é perseguido, logo após, pela autoridade em situação que faça presumir ser autor da infração (quase-flagrante), não podendo passar a perseguição de 24 (vinte e quatro) horas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. As espécies de flagrante delito estão previstas no art. 302 do CPP: Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I – Está cometendo a infração penal; II – Acaba de cometê-la; III – É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV – É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Inicialmente, Jairo estava na situação do inciso III, quase-flagrante. No entanto, a perseguição foi interrompida, rompendo a possibilidade de prisão em flagrante. A prisão, portanto, se tornou ilegal. Jairo apenas poderá ser preso se houver ordem judicial. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 16 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 16 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase Magda é servidora pública federal, trabalhando como professora em instituição de Ensino Superior mantida pela União no Estado do Rio de Janeiro. Magda vem a ser vítima de ofensa à sua honra subjetiva em sala de aula, sendo chamada de “piranha” e “vagabunda” por Márcio, aluno que ficara revoltado com sua reprovação em disciplina ministrada por Magda. Nessa situação, assinale a afirmativa correta. A) Magda só pode ajuizar queixa−crime contra Márcio, imputando−lhe crime de injúria. B) Magda só pode oferecer representação contra Márcio, imputando−lhe crime de injúria. C) Magda não pode ajuizar queixa−crime nem oferecer representação contra Márcio, imputando−lhe crime de injúria. D) Magda pode optar entre ajuizar queixa−crime ou oferecer representação contra Márcio, imputando−lhe crime de injúria. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Fundamento: Súmula 714 STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 17 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 17 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase João Eustáquio, após passar por situação vexatória promovida por Lucia Helena, decide procurar um advogado. Após narrar os fatos, o advogado de João Eustáquio promove uma ação indenizatória em face de Lucia Helena, no Juizado Especial Cível de Sousa/PB. Lucia Helena, devidamente representada por seu advogado, apresenta contestação de forma oral, bem como apresenta uma reconvenção contra João Eustáquio. João Eustáquio, indignado com tal situação, questiona se é válida a defesa processual promovida por Lucia Helena. Como advogado de João Eustáquio, nos termos da Lei nº 9.099/95, assinale a afirmativa correta. A) A contestação pode ser apresentada de forma oral, porém não se admitirá a apresentação de reconvenção. B) A contestação não pode ser apresentada de forma oral, sendo somente permitida de forma escrita. Além disso, não se admitirá a apresentação de reconvenção. C) A reconvenção pode ser apresentada, prezando pelo princípio da eventualidade, porém a contestação deve ser feita de forma escrita. D) A contestação pode ser apresentada de forma oral, bem como é cabível a apresentação de reconvenção. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. No âmbito dos Juizados Especiais, a contestação pode ser apresentada de forma oral, em decorrência do princípio da oralidade, já a reconvenção, prevista no CPC, não é admitida, o que cabe no JEC é o pedido contraposto, que não se confunde com a reconvenção. Lei nº 9.099/95: Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor. Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor (pedido contraposto), nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 18 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 18 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Após ter sido exonerado do cargo em comissão que ocupava há mais de dez anos, Lúcio, abatido com a perda financeira que iria sofrer, vai a um bar situado na porta da repartição estadual em que trabalhava e começa a beber para tentar esquecer os problemas financeiros que viria a encontrar. Duas horas depois, completamente embriagado, na saída do trabalho, encontra seu chefe Plínio, que fora o responsável por sua exoneração. Assim, com a intenção de causar a morte de Plínio, resolve empurrá-lo na direção de um ônibus que trafegava pela rua, vindo a vítima efetivamente a ser atropelada. Levado para o hospital totalmente consciente, mas com uma lesão significativa na perna a justificar o recebimento de analgésicos, Plinio vem a falecer, reconhecendo o auto de necropsia que a causa da morte foi unicamente envenenamento, decorrente de erro na medicação que lhe fora ministrada ao chegar ao hospital, já que o remédio estaria fora de validade e sequer seria adequado no tratamento da perna da vítima. Lúcio foi denunciado, perante o Tribunal do Júri, pela prática do crime de homicídio consumado, imputando a denúncia a agravante da embriaguez preordenada. Confirmados os fatos, no momento das alegações finais da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, sob o ponto de vista técnico, a defesa deverá pleitear A) o afastamento da agravante da embriaguez, ainda que adequada a pronúncia pelo crime de homicídio consumado. B) o afastamento, na pronúncia, da forma consumada do crime, bem como o afastamento da agravante da embriaguez. C) o afastamento, na pronúncia, da forma consumada do crime, aindaque possível a manutenção da agravante da embriaguez. D) a desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de morte, bem como o afastamento da agravante da embriaguez. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Para resolver a questão é necessário saber o conceito de embriaguez preordenada, na qual o agente se embriaga deliberadamente para praticar o crime → é agravante genérica. Sabendo disso, observa-se que tal circunstância não ocorreu na questão, uma vez que o agente não bebeu para criar coragem para praticar o crime, mas sim para esquecer os problemas. Ok, então a agravante deve ser afastada. No que tange à responsabilização do agente, a questão já nos diz que ele tinha a intenção de causar a morte da vítima. Ok, então o crime pretendido era o de HOMICÍDIO. Seguindo, deve-se descobrir se o agente responderá por crime tentado ou consumado. Para tanto, é importante frisar o seguinte trecho: "reconhecendo o auto de necropsia que a causa da morte foi unicamente envenenamento, decorrente de erro na medicação que lhe fora ministrada ao chegar ao hospital". Ora, se a causa da morte foi erro médico, vê-se que estamos diante de uma causa relativamente independente superveniente que por si só causou o resultado, de modo que o agente não deve responder pelo resultado, mas sim apenas pelos atos praticados (homicídio tentado). O erro médico é causa relativativamente independente porque não existiria sem a atuação do agente. A vítima não precisaria de cuidados médicos se o agente não tivesse empurrando-a na direção de um ônibus. Ademais, a referida causa por si causaria o resultado morte porque o envenamento não precisa de outra circunstância para ocorrer. Para fixação: Causa relativamente independente superveniente que por si só causaria o resultado: o agente responde só pelos atos que praticou, e não pelo crime consumado. Causa relativamente independente superveniente que por si só NÃO causaria o resultado: o agente responde pelo resultado. Fundamento: art. 13, §1º do Código Penal. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 19 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 19 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Lorena, em 01/01/2019, foi violentamente agredida por seu ex companheiro Manuel, em razão de ciúmes do novo relacionamento, o que teria deixado marcas em sua barriga. Policiais militares compareceram ao local dos fatos, após gritos da vítima, e encaminharam os envolvidos à Delegacia, destacando os agentes da lei que não presenciaram a briga e nem verificaram se Lorena estava ou não lesionada. Por sua vez, Lorena, que não precisou de atendimento médico, disse não ter interesse em ver o autor do fato processado, já que seria pai de suas filhas, não esclarecendo o ocorrido. Manuel, arrependido, porém, confessou a agressão na Delegacia, dizendo que desferiu um soco no estômago de Lorena, que lhe deixou marcas. A vítima foi para sua residência, sem realizar exame técnico, mas, com base na confissão de Manuel, foi o autor do fato denunciado pelo crime de lesão corporal praticada no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher (Art. 129, § 9º, do CP, na forma da Lei nº 11.340/06). Durante a instrução, foi juntada apenas a Folha de Antecedentes Criminais de Manuel, sem outras anotações, não comparecendo a vítima à audiência de instrução e julgamento. Os policiais confirmaram apenas que escutaram um grito de Lorena, não tendo presenciado os fatos. Manuel, em seu interrogatório, reitera a confissão realizada em sede policial. No momento das alegações finais, o novo advogado de Manuel, constituído após audiência, poderá pleitear A) a absolvição sumária de seu cliente, tendo em vista que não houve a indispensável representação por parte da vítima e a lesão causada seria de natureza leve. B) a nulidade da decisão que recebeu a denúncia, tendo em vista que não houve a indispensável representação por parte da vítima e a lesão identificada foi de natureza leve. C) a absolvição de seu cliente, diante da ausência de laudo indicando a existência de lesão, não podendo a confissão do acusado suprir tal omissão. D) a suspensão condicional da pena, já que não se admite a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no crime, mas a representação da vítima era dispensável, assim como o corpo de delito. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Pontos a se atentar: Lesão corporal praticada no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher enseja a percussão penal através de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, independentemente de a lesão ter sido leve ou culposa, uma vez que não se aplica a Lei nº 9.099/95 nessas situações; Sendo a ação penal incondicionada, não há que se falar em necessidade de representação da ofendida para o oferecimento da Denúncia; Nos crimes que deixam vestígios, é indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado (art. 158, CPP). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 20 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 20 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Matheus está sendo investigado por suposta prática de crime de uso de documento público falso. Após representação da autoridade policial, o juiz deferiu que fosse realizada busca e apreensão na residência do investigado. Realizadas diversas diligências e concluído o procedimento investigatório, os autos foram encaminhados ao Ministério Público, ocasião em que Lúcia, promotora de justiça junto à 5ª Vara Criminal daquela mesma comarca, ofereceu denúncia imputando a Matheus a prática do crime do Art. 304 (uso de documento falso) do Código Penal. O magistrado recebeu a denúncia oferecida, e a defesa técnica de Matheus foi intimada, após citação, para a adoção das medidas cabíveis. Ocorre que o advogado de Matheus veio a tomar conhecimento que o denunciado devia R$ 2.000,00 (dois mil reais) a Lúcia, pois, em momento anterior, não havia prestado um serviço contratado e pago pela promotora de justiça. Considerando as informações narradas e de acordo com as previsões do Código de Processo Penal, o advogado de Matheus poderá A) apresentar resposta à acusação, mas não exceção, tendo em vista que as causas de suspeição e impedimento do magistrado não são aplicáveis aos membros do Ministério Público. B) opor exceção de ilegitimidade da parte, diante da constatação de causa de impedimento do membro do Ministério Público que ofereceu denúncia. C) opor exceção de suspeição, diante da causa de impedimento do membro do Ministério Público que ofereceu a denúncia. D) opor exceção de suspeição, diante da constatação de causa de suspeição do membro do Ministério Público que ofereceu a denúncia. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Na questão, o denunciado era devedor da promotora que ofereceu a denúncia. Trata-se de hipótese de suspeição do membro do Ministério Público, que deve ser arguida em exceção de suspeição, vejamos: CPP, Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: [...] V - Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; CPP, Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhe for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 21 Questões comentadas para OAB – ProcessoPenal QUESTÃO 21 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase José, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de receptação simples (pena: 01 a 04 anos de reclusão e multa). Após ser certificado que o denunciado estava em local incerto e não sabido, foi publicado edital com objetivo de citá-lo. Mesmo após passado o prazo do edital, José não compareceu em juízo nem constituiu advogado. O magistrado, informado sobre o fato, determinou a suspensão do processo e do curso do prazo prescricional. Na mesma decisão, decretou a prisão preventiva de José, exatamente por ele não ter sido localizado para citação, além da produção de duas provas, antecipadamente: oitiva de Maria, senhora de 90 anos de idade, que se encontrava internada e com risco de falecer, e da vítima, Bruno, jovem de 22 anos, sob o fundamento de que o decurso do tempo poderia prejudicar essa oitiva e gerar esquecimento. José, dez dias após a decisão, veio a tomar conhecimento dos fatos e entrou em contato com seu advogado. Considerando apenas as informações expostas, o advogado de José deverá buscar o reconhecimento de que A) a suspensão do processo após citação por edital foi legal, mas não a suspensão do prazo prescricional, já que o magistrado determinou a produção antecipada de provas. B) o magistrado poderia ter determinado a produção antecipada de provas em relação à Maria, mas não em relação à oitiva de Bruno, sendo, ainda, inadequada a decretação da prisão preventiva. C) a prisão foi decretada de maneira inadequada, mas a determinação da oitiva de Maria e de Bruno de maneira antecipada foi correta. D) não poderiam ser produzidas quaisquer provas antecipadas, já que o processo se encontrava suspenso, apesar de legal a decretação da prisão preventiva. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. O art. 366 do CPP prevê a possibilidade da produção antecipada de provas e o art. 225, ao dispor especificamente sobre a prova testemunhal, fornece os parâmetros que autorizam a antecipação da oitiva de testemunhas. É o caso do denominado depoimento ad perpetuam rei memoriam. Supondo-se que determinada testemunha presencial do delito esteja hospitalizada, em grave estado de saúde, afigura-se possível a colheita antecipada de seu depoimento, o que será feito com a presença do juiz, e com a participação das partes sob contraditório, como no caso de Maria, senhora de 90 anos de idade, que se encontrava internada e com risco de falecer. Além disso, na dicção do STJ (RHC 45.263/SP), a produção antecipada de provas, com base no art. 366 do CPP, deve ser concretamente fundamentada, não bastando a mera alegação de que o decurso do tempo poderá levar as testemunhas ao esquecimento, como no caso de Bruno. Por fim, é evidente que a revelia isoladamente considerada não é suficiente para atingir a finalidade do art. 312 do CPP (prisão preventiva). Se não demonstrada a presença do periculum in mora/periculum libertatis, a justificar a necessidade da custódia antes de uma condenação definitiva, a simples revelia do réu não é motivo suficiente para embasar decreto de prisão preventiva. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 22 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 22 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Francisco foi preso em flagrante, logo após a prática de um crime de furto qualificado, pelo rompimento de obstáculo. Agentes públicos compareceram ao local dos fatos e constataram, por meio de exame pericial, o arrombamento do fecho da janela que protegia a residência de onde os bens foram subtraídos. No interior da Delegacia, em conversa informal com a autoridade policial, Francisco confessou a prática delitiva, fato que foi registrado em gravação de áudio no aparelho celular pessoal do Delegado. Quando ouvido formalmente, preferiu exercer o direito ao silêncio que lhe foi assegurado naquele momento. Francisco, reincidente, foi denunciado, sendo juntados pelo Ministério Público, já no início da ação penal, o laudo de exame de local que constatou o arrombamento e o áudio da confissão informal encaminhado pela autoridade policial. No momento das alegações finais, o advogado de Francisco, sob o ponto de vista técnico, deverá destacar que A) a condenação não poderá se basear exclusivamente no laudo de exame de local, considerando que não foi produzido sob crivo do contraditório, e o áudio acostado, apesar de não poder ser considerado prova ilícita, se valorado na sentença, deverá justificar o reconhecimento da atenuante da pena da confissão. B) tanto o áudio com a confissão informal quanto o laudo de exame de local são provas lícitas, podendo, inclusive, o magistrado fundamentar eventual condenação com base exclusivamente no exame pericial produzido antes da instrução probatória. C) a confissão informal foi obtida de maneira ilícita, devendo ser o áudio desentranhado do processo, mas poderá o laudo pericial ser considerado em eventual sentença, apesar de produzido antes de ser instaurado o contraditório. D) tanto o áudio com a confissão informal quanto o laudo de exame de local são provas ilícitas, devendo ser desentranhados do processo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Tendo em vista que se considera ilícita a prova colhida mediante violação a normas constitucionais, notadamente aquelas que tutelam direitos fundamentais (CF/88, art. 5º, inciso LVI, c/c art. 157, caput, do CPP), e como decorrência da necessidade de advertência quanto ao direito de não produzir prova contra si mesmo, não se pode considerar lícita, portanto, gravação clandestina de conversa informal de policiais com o preso, em modalidade de “interrogatório” sub-reptício, quando, além de o capturado não dar seu assentimento à gravação ambiental, não for advertido do seu direito ao silêncio, devendo ser o áudio desentranhado do processo. Por sua vez, na visão do STJ (AgRg no REsp 1.699.758/MS), como a destruição e o rompimento de obstáculo deixam vestígios, é imprescindível a elaboração de exame de corpo delito, direto ou indireto, para comprovação da materialidade, não podendo a confissão do acusado substituí-lo (CPP, art. 158). Mas, não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta (CPP, art. 167). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 23 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 23 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Ricardo, motorista profissional e legalizado para transporte escolar, conduzia seu veículo de trabalho por uma rua da Comarca de Celta (MS), sendo surpreendido com a travessia repentina de Igor que conduzia uma bicicleta, vindo com isso a atropelá-lo. Igor ficou caído no chão reclamando de muita dor no peito, não conseguindo levantar-se. Ricardo, diante das reclamações de dor da vítima, e com receio de agravar o seu estado de saúde, permaneceu no local e pediu ajuda ao Corpo de Bombeiros, ligando para o número 193. A polícia militar chegou, fez o teste em Ricardo para apurar a concentração de álcool por litro de sangue, sendo 0 (zero) o resultado de miligrama de álcool. Diante da situação de flagrância, Ricardo foi preso e, no dia seguinte, levado à audiência de custódia. Igor foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros constatando-se no hospital, por exame de imagem, que a vítima havia fraturado 03 (três) costelas e o tornozelo direito, sendo operado com sucesso. Você, como advogado(a) de Ricardo, postularia A) concessão da liberdade provisória, sem fiança, diante da legalidade da prisão, por se tratar de indiciado primário e de bons antecedentes, além de ter prestado imediato e integral socorro à vítima. B) somentea imposição da medida cautelar diversa da prisão, consistente no comparecimento periódico em juízo, diante da legalidade da prisão e considerando que a custódia cautelar deve ser a última medida imposta diante do princípio da proporcionalidade. C) relaxamento da prisão de Ricardo por ser ilegal, haja vista que prestou imediato e integral socorro à vítima. D) concessão da liberdade provisória, mediante fiança, arbitrado o menor valor legal, diante da legalidade da prisão, por ser o indiciado primário e de bons antecedentes, bem como em razão da sua capacidade econômica. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. O art. 301 da Lei 9.503/1997: Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. Portanto, reconhecida a ilegalidade da prisão, deve a prisão de Ricardo ser relaxada. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 24 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 24 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase Ao término da instrução criminal no processo em que Irineu foi denunciado pelo crime de homicídio doloso consumado que vitimou Alberto, o advogado de Irineu teve a palavra em audiência para fazer suas alegações finais (juízo de admissibilidade da acusação). No curso do inquérito policial o Delegado de Polícia representou ao juízo competente pelo incidente de insanidade mental, cujo laudo afirmou que, na data em que o crime foi praticado, Irineu era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Ouvidas as testemunhas arroladas na denúncia, Roberta, cliente que estava no bar em que aconteceu o crime, declarou que Irineu tinha traços semelhantes àqueles da pessoa que efetuou o disparo de arma de fogo, mas não poderia afirmar com certeza a autoria. No mesmo sentido foi o depoimento de Laércio, que era garçom daquele estabelecimento comercial. Rui, que estava no caixa do bar, e Ana, a gerente, disseram não ter condições de reconhecer o réu. Irineu sempre negou a autoria do homicídio. Você, como advogado(a) de defesa de Irineu, em alegações finais, deve sustentar a tese de A) nulidade do processo desde a decisão que determinou o exame de insanidade mental, pois o Delegado de Polícia não poderia representar pelo incidente de insanidade mental, por não ter qualidade de parte. B) absolvição sumária, em razão do laudo do exame de insanidade mental ter afirmado que Irineu era absolutamente incapaz, por doença mental, sem condições, à época, de entender o caráter ilícito do fato. C) impronúncia de Irineu, posto que a prova testemunhal não revelou a existência de indícios suficientes de autoria. D) despronúncia, em razão das declarações de Rui e Ana, que não reconheceram Irineu como autor do disparo de arma de fogo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Se a denúncia foi pelo crime de homicídio doloso, sabe-se que estamos diante do procedimento no Tribunal do Júri. Como a questão fala em alegações finais no juízo de admissibilidade da acusação, verifica-se que o processo ainda está na 1ª fase do júri. Da 1ª fase só pode resultar 3 situações: Pronúncia, Impronúncia ou Absolvição sumária. Assim, já excluímos a alternativa D que fala sobre "despronúncia". Seguindo, excluímos a alternativa A já que o delegado de polícia pode sim representar pelo incidente de insanidade mental do acusado no curso do inquérito policial (art. 149, §1º do CPP). Resta, portanto, apenas a alternativa B e C, ambas aparentemente benéficas ao acusado. Todavia, como há mais que uma tese defensiva ao acusado (inimputabilidade + inexistência de indícios suficientes de autoria), não se aplica a absolvição sumária aqui, isto porque, se o caso for levado a julgamento, o júri pode reconhecer uma tese mais favorável ao acusado do que a inimputabilidade, que enseja aplicação de medida de segurança (art. 415, parágrafo único do CPP). E ainda que assim não fosse, na qualidade de advogado do réu há de se verificar o que é mais benéfico para ele. Ora, da absolvição sumária por inimputabilidade resultaria a aplicação de medida de segurança, enquanto na impronúncia o réu sairia totalmente "livre" do processo. Assim, o advogado deve sustentar a tese de inexistência de indícios suficientes de autoria, pugnando pela impronúncia de seu cliente. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 25 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 25 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Vanessa foi presa em flagrante, logo após cometer um crime de furto em residência. A proprietária do imóvel, Jurema, 61 anos, informou aos policiais que viu, pelas câmeras de segurança, Vanessa escalando o alto muro da residência e ingressando na casa, acreditando a vítima que a mesma rompeu o cadeado da porta, já que este encontrava-se arrombado. Por determinação da autoridade policial, um perito oficial compareceu à residência de Jurema e realizou laudo pericial para confirmar que o muro que Vanessa pulou era de grande altura e demandava esforço no ato. Deixou, porém, de realizar a perícia no cadeado e na porta por onde Vanessa teria entrado na casa. Vanessa foi denunciada pelo crime de furto qualificado, sendo imputado pelo Ministério Público a qualificadora da escalada e do rompimento de obstáculo. No curso da instrução, assistida a ré pela Defensoria Pública, as partes tiveram acesso ao laudo pericial e, em seu interrogatório, Vanessa confessou os fatos, inclusive o rompimento do cadeado para ingresso na residência, bem como informou que sabia que a lesada era uma senhora de idade. A vítima Jurema não compareceu, alegando que não poderia deixar sua residência exposta, já que o cadeado da casa ainda estava arrombado, argumentando ser idosa, acostando sua carteira de habilitação, e destacando que as imagens da câmera de segurança, já juntadas ao processo, confirmavam a autoria delitiva. Você, como advogado(a), foi constituído(a) por Vanessa para a apresentação de alegações finais. Considerando as informações expostas, você deverá alegar que A) a perícia realizada no muro não poderá ser considerada prova, mas tão só elemento informativo a ser confirmado por provas produzidas sob o crivo do contraditório, tendo em vista que as partes não participaram da elaboração do laudo. B) deve ser afastada a qualificadora com fundamento no rompimento de obstáculo, já que não foi produzida prova pericial, não sendo suficiente a confissão da acusada. C) a perícia realizada para demonstrar a escalada foi inválida, pois não foi realizada por dois peritos oficiais, nos termos da determinação do Código de Processo Penal. D) a idade da vítima não foi comprovada por documento idôneo, não podendo ser reconhecida agravante por tal fundamento. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A questão cobrou conhecimentos acerca das provas no Processo Penal. A – Incorreta. A perícia poderá ser determinada pelo Delegado de Polícia ou pelo Juiz, ou seja, tanto pode ser realizada na fase investigativa como na fase processual. A perícia resultará na produção de um laudo. Assim, a perícia e o laudo pericial são feitos por um órgão oficial do Estado e as partes poderão formular perguntas que serão respondidas pelos peritos ou contestar o laudo pericial. B – Correta. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado (art. 158 do Código de Processo Penal). C – Incorreta. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior (art. 159, CPP). Na falta de perito oficial, o exameserá realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame (art. 159, § 1°, CPP). D – Incorreta. A idade da vítima pode ser provada por qualquer documento idôneo e foi provada através da cópia da sua carteira de habilitação. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 26 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 26 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Durante uma festa em uma casa noturna, Michele se desentende com sua amiga Flávia e lhe desfere um tapa no rosto, causando-lhe lesão corporal de natureza leve. Flávia, então, se dirige à autoridade policial e registra o fato, manifestando expressamente seu interesse em representar contra Michele, tendo em vista a natureza de ação penal pública condicionada à representação. Findo o procedimento policial, os autos foram encaminhados ao Juizado Especial competente e o Ministério Público apresentou proposta de transação penal à Michele, que não a aceitou. Após o oferecimento de denúncia pelo Parquet, Flávia se diz arrependida e manifesta ao seu advogado interesse em se retratar da representação oferecida, destacando que ainda não foi recebida a inicial acusatória. Considerando os fatos acima narrados, você, como advogado(a) de Flávia, deverá esclarecer que A) a representação será irretratável na hipótese, por já ter sido oferecida a denúncia. B) a retratação da representação poderá ser realizada até o momento da sentença, não dependendo de formalidades legais. C) a retratação da representação será cabível até o recebimento da denúncia, em audiência perante o juiz, especialmente designada para tal finalidade. D) a representação será irretratável, independentemente do momento processual, por se tratar de ação penal de natureza pública, de modo que o Ministério Público continua sendo o titular da ação. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão cobrou conhecimentos acerca da retratação da representação. A representação, nos crimes de ação penal pública condicionada a representação deverá ser apresentada no prazo de 6 meses a contar da data em que a vítima tomar conhecimento do autor do fato, conforme as regras dos art. 38 do CPP e 103 do Código Penal: Art. 38 do CPP: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Art. 103 do CP: Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. Assim, Flávia apresentou representação dentro do prazo legal. Flávia, entretanto, poderá desistir de prosseguir com o processo e para isso precisa apresentar uma retratação da representação. A retratação da representação poderá ser apresentada até o oferecimento da denúncia, ou seja, a representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia, conforme o art. 25 do Código de Processo Penal: Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 27 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 27 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Bartolomeu foi denunciado e pronunciado pela suposta prática de um crime de homicídio qualificado. No dia da sessão plenária do Tribunal do Júri, no momento dos debates orais, o Promotor de Justiça iniciou sua fala lendo o teor da denúncia para que os jurados tivessem conhecimento sobre os fatos imputados. Após, afirmou que estaria presente a prova da materialidade e de autoria, passando a ler a decisão de pronúncia e destacar que esta demonstraria a veracidade do que assegurava sobre a prova da prática do crime por Bartolomeu. Por fim, o Parquet leu reportagem jornalística que apontava Bartolomeu como possível autor do homicídio, sendo certo que tal documentação foi acostada ao procedimento sete dias antes da sessão plenária, tendo a defesa acesso à mesma quatro dias úteis antes do julgamento. Em sua fala, a defesa técnica de Bartolomeu pugnou pela absolvição, negando a autoria, e consignou em ata seu inconformismo com a leitura da denúncia, a menção à pronúncia e a leitura da reportagem jornalística. O réu foi condenado. Considerando as informações narradas, com base nas previsões legais e sob o ponto de vista técnico, no momento de apresentar recurso de apelação, o(a) advogado(a) de Bartolomeu poderá alegar a existência de nulidade, em razão A) da leitura da denúncia, da menção à pronúncia e leitura da reportagem jornalística. B) da menção à pronúncia e leitura da reportagem jornalística, apenas. C) da leitura da reportagem jornalística, apenas. D) da menção à pronúncia, apenas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão cobrou conhecimentos acerca do Tribunal do Júri. O art. 478, inc. I do Código de Processo Penal proíbe que as partes façam referências à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado, sob pena de nulidade. Já o art. 479 do CPP proíbe a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte, incluindo-se no conceito de documentos a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados, conforme o art. 479, parágrafo único). Assim, apenas é vedada em plenário a leitura da decisão de pronuncia. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 28 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 28 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Paulo, advogado, foi intimado de duas decisões proferidas pelo juízo da execução penal do Rio de Janeiro, em relação a dois de seus clientes. Na primeira, foi determinada a perda de 1/5 (um quinto) dos dias remidos por Lúcio, considerando que foi reconhecida, por meio de procedimento regular, observadas as exigências legais, a prática de falta grave pelo mesmo. Na segunda decisão, o pedido de progressão de regime formulado por Paulo em relação ao apenado Flávio foi deferido, tendo o magistrado fixado, como condição a ser observada no regime aberto, o cumprimento de prestação de serviços à comunidade. Diante das intimações, Paulo poderá apresentar A) recurso em sentido estrito para questionar as duas decisões do magistrado, que seriam ilegais. B) agravo para questionar as duas decisões do magistrado, que seriam ilegais. C) agravo para questionar apenas a decisão que determinou a perda dos dias remidos, que seria ilegal, mas não a que fixou condições especiais para a progressão de regime. D) agravo para questionar a decisão que fixou a prestação de serviço à comunidade como condição para a progressão para o regime aberto, não havendo ilegalidade, porém, na determinação da perda de 1/5 (um quinto) dos dias remidos por Lúcio. COMENTÁRIOS: Alternativacorreta letra D. A questão cobrou conhecimentos acerca da execução da pena. Em relação à decisão Judicial no processo em que Lúcio é o condenado temos que a remição (abatimento da pena) é um direito do apenado que cumpre pena no regime fechado ou semiaberto. O condenado pode adquirir o direito de remir sua pena através do trabalho e/ou estudo, conforme art. 126 da lei n° 7.210/1984 – Lei de Execução Penal – LEP. A contagem de tempo remição será feita à razão de 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias e 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. Porém, o condenado poderá perder parte desse tempo remido. Nos termos do art. 27 da LEP “Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar". Portanto, a perda de 1/5 dos dias remidos está dentro dos limites legais. Já em relação a Flávio temos que o cumprimento de prestação de serviços à comunidade tem natureza jurídica de pena restritiva de direitos (art. 43, IV do Código Penal), substitutiva das penas privativas de liberdade (art. 44, CP). De acordo com o Superior Tribunal de Justiça “não é cabível a fixação da prestação de serviços à comunidade como condição especial do regime aberto, nos termos no art. 115 da lei n° 7.210/1984, por configurar afronta ao princípio do ne bis in idem". (informativo 460 – STJ). Portanto, a decisão do juiz ao fixar a prestação de serviços à comunidade como condição especial do regime aberto é ilegal e das decisões proferidas pelo Juiz da execução caberá recurso de agravo, nos termos do art. 197 da LEP. Assim, Paulo poderá apresentar agravo para questionar a decisão que fixou a prestação de serviço à comunidade como condição para a progressão para o regime aberto, não havendo ilegalidade, porém, na determinação da perda de 1/5 (um quinto) dos dias remidos por Lúcio. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 29 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 29 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Carlos, em relatório final conclusivo de inquérito policial, foi indiciado pela prática do crime de receptação qualificada (Art. 180, §1º, CP – pena: 3 a 8 anos de reclusão e multa). Recebido o procedimento investigatório, o Promotor de Justiça verificou, na Folha de Antecedentes Criminais, que Carlos possuía uma única anotação e era tecnicamente primário, mas que teria sido beneficiado, oito anos antes da suposta nova prática delitiva, por proposta de suspensão condicional do processo em relação a crime de estelionato. Considerando as informações expostas, você, como advogado(a) de Carlos, deverá esclarecer que, de acordo com o Código de Processo Penal, A) poderá ser proposto acordo de não persecução penal, independentemente da confissão do indiciado, podendo, contudo, ser imposto ressarcimento do dano e prestação de serviço à comunidade por tempo limitado em caso de aceitação. B) não poderá ser proposto o acordo de não persecução penal, tendo em vista que o suposto autor já foi beneficiado com suspensão condicional do processo anteriormente. C) poderá ser proposto acordo de não persecução penal, considerando a pena e natureza do crime, mas Carlos necessariamente deverá confessar a prática delitiva. D) não poderá ser proposto o acordo de não persecução penal, em razão da pena máxima prevista para o delito ultrapassar quatro anos de reclusão. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão cobrou conhecimentos acerca do Acordo de Não Persecução Penal – ANPP. O Acordo de Não Persecução Penal – ANPP está previsto no art. 28 – A do Código de Processo Penal: Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime (…). Para a realização ANPP a lei exige os seguintes requisitos: 1 - Não seja caso de arquivamento da investigação; 2 - Que o agente confesse formal e circunstancialmente a prática de infração penal; (confissão). 3 - Não seja crime praticado com violência ou grave ameaça a pessoa; (natureza do crime) 4 - A pena mínima em abstrato seja inferior a 4 anos; (pena) 5 – A medida deve ser necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime; Não há acordo de não persecução penal quando: 1 - O crime envolver violência doméstica; 2 - O agente for reincidente; 3 – For possível a transação penal; 4 - O agente possua antecedentes que denotem conduta criminosa habitual); 5 – O agente tiver sido beneficiado nos últimos 5 anos com ANPP, transação ou sursis processual. Assim, poderá ser proposto acordo de não persecução penal, considerando a pena e natureza do crime, mas Carlos necessariamente deverá confessar a prática delitiva. A letra A está incorreta porque é obrigatória a confissão para que o acordo de não persecução seja realizado. A letra B está incorreta porque a suspensão condicional (sursi processual) que beneficiou o acusado ocorreu há 8 anos e a lei só veda o ANPP se o sursi tiver ocorrido nos últimos 5 anos. A letra D está incorreta porque o ANPP leva em conta a pena mínima de até 4 anos (como é o caso do crime de receptação qualificada que tem pena mínima de 3 anos) e não a pena máxima, como afirma a questão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 30 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 30 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Após concluído inquérito policial para apurar a prática do crime de homicídio em desfavor de Jonas, o Ministério Público requereu o seu arquivamento por falta de justa causa, pois não conseguiu identificar o(s) autor(es) do delito, o que restou devidamente homologado pelo juiz competente. Um mês após o arquivamento do inquérito policial, uma testemunha, que não havia sido anteriormente identificada, compareceu à delegacia de polícia alegando possuir informações quanto ao autor do homicídio de Jonas. A família de Jonas, ao tomar conhecimento dos fatos, procura você, como advogado(a) da família, para esclarecimentos. Diante da notícia de existência de novas provas aptas a identificar o autor do crime, você deverá esclarecer aos familiares da vítima que o órgão ministerial A) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento não faz coisa julgada material independentemente de seu fundamento. B) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento é imutável na presente hipótese. C) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois se trata de mera notícia, inexistindo efetivamente qualquer prova nova quanto à autoria do delito. D) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento fez apenas coisa julgada formal no caso concreto. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A solução da questão exige o conhecimento acerca do inquérito policial previsto no título II do Código de Processo Penal, mais precisamente sobre o seu arquivamento. O inquérito é um conjunto de atos investigatórios realizados pela polícia judiciária com o objetivo de colher indícios de autoria e materialidade para que possa haver a ação penal. O arquivamento do inquérito ocorre quando há falta de fundamentação para a denúncia, ou seja, quando não há indícios suficientes de autoria e materialidade e só pode ser arquivado pelaautoridade judiciária. Analisando as alternativas: a) ERRADA. O Ministério Público poderá promover o desarquivamento quando houver novas provas, pois, em regra a decisão do arquivamento não faz coisa julgada material. Entretanto, quando for arquivado por atipicidade do fato, extinção da punibilidade, fará coisa julgada material, não podendo ser desarquivado. No caso de ser arquivado por excludente de culpabilidade ou ilicitude, há divergências doutrinárias, Nucci (2020) entende que nesse caso também deve gerar decisão definitiva. b) ERRADA. Em regra, poderá haver o desarquivamento do inquérito, de acordo com o art. 18 do CPP: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia." As hipóteses em que não poderá ser desarquivado estão na alternativa anterior. c) ERRADA. Poderá haver o desarquivamento, o depoimento de uma nova testemunha que não havia sido identificada constitui nova prova e não mera notícia. d) CORRETA. De fato, a decisão de arquivamento fez apenas coisa julgada formal no caso concreto, veja a súmula 524 do STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas." Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 31 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 31 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Rita foi denunciada pela suposta prática de crime de furto qualificado, pois teria, mediante fraude, subtraído uma bicicleta de sua amiga Regina. Ao ser citada, de imediato Rita procurou seu advogado, informando que, na verdade, a bicicleta seria de sua propriedade e que, inclusive, já era autora de ação cível na qual buscava o reconhecimento da propriedade do objeto, mas que a questão não seria de simples solução. Com base apenas nas informações expostas, o advogado de Rita poderá buscar A) a suspensão da ação penal diante da existência de questão prejudicial obrigatória, ficando, nessa hipótese, suspenso também o curso do prazo prescricional. B) a suspensão da ação penal diante da existência de questão prejudicial facultativa, e, caso o juiz indefira o pedido, caberá recurso em sentido estrito. C) a suspensão da ação penal diante da existência de questão prejudicial facultativa, podendo o magistrado também decretar a suspensão de ofício. D) a intervenção do Ministério Público na ação de natureza cível, mas não a suspensão da ação penal, diante da independência entre as instâncias. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A solução da questão exige o conhecimento acerca das questões e processos incidentes dentro do processo penal, previstos no título VI do CPP. Questões prejudiciais são aquelas que versam sobre o elemento do crime e que precisa ser resolvida para só depois dar seguimento à ação penal. Analisando as alternativas: a) ERRADA. Não se trata de questão judicial obrigatória e sim facultativa, vez que envolve questões pendentes de julgamento em outro processo, que estão justamente no art. 93 do CPP, são aquelas que não dizem respeito ao estado civil das pessoas e que é da competência do juízo extrapenal. Neste caso, o juiz poderá suspender a ação penal e remeter as partes ao juízo extrapenal, que acarreta a suspensão do processo e a prescrição. Veja o art. 93: Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê- la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente. b) ERRADA. A primeira parte da alternativa está correta, vez que pode se ter a suspensão da ação e está se tratando de uma questão prejudicial facultativa, entretanto se for determinada a suspensão do processo (e não se for negada), caberá recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, XVI do CPP. Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso, de acordo com o art. 93, §2º do CPP. c) CORRETA. De fato, o advogado poderá buscar a suspensão da ação penal diante da existência de questão prejudicial facultativa, conforme vimos nas alternativas anteriores, podendo o magistrado também decretar a suspensão de ofício, de acordo com o art. 94 do CPP: A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes. d) ERRADA. Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento, de acordo com o art. 93, §3º do CPP. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 32 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 32 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Vitor foi denunciado pela suposta prática dos crimes de furto e ameaça, já que teria ingressado em estabelecimento comercial e, enquanto subtraía produtos, teria, para garantir o sucesso da empreitada delitiva, ameaçado o funcionário que realizava sua abordagem. Considerando que o funcionário não compareceu em juízo para esclarecimento dos fatos, Vitor veio a ser absolvido por insuficiência de provas, transitando em julgado a sentença. Outro promotor de justiça, ao tomar conhecimento dos fatos e localizar o funcionário para ser ouvido em juízo, veio a denunciar Vitor pelo mesmo evento, mas, dessa vez, pelo crime de roubo impróprio. Após citação, caberá ao(à) advogado(a) de Vitor, sob o ponto de vista técnico, A) buscar a desclassificação para o crime de furto simples em concurso com o de ameaça no momento das alegações finais, mas não a extinção do processo, considerando que a absolvição anterior foi fundamentada em insuficiência probatória. B) requerer, em resposta à acusação, a absolvição sumária de Vitor, pois está provado que o fato não ocorreu. C) apresentar exceção de litispendência, requerendo a extinção do processo. D) apresentar exceção de coisa julgada, buscando extinção do processo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A solução da questão exige o conhecimento acerca das exceções no processo penal, previstas no título VI do CPP. Analisando as alternativas: a) ERRADA. Deveria sim buscar a extinção do processo, vez que já havia sido absolvido. b) ERRADA. O fato ocorreu, porém, houve insuficiência de provas quanto à autoria do delito. c) ERRADA. A litispendência só ocorre quando há duas ações em tramitação com as mesmas partes, as mesmas causas e os mesmos pedidos. Na questão, o réu já tinha sido absolvido, não havia mais processo. d) CORRETA. De fato, caberia a exceção da coisa julgada, de acordo com o art. 95, V do CPP, somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, que tiver sido objeto da sentença. Como o processo já havia transitado em julgado, não há que se falar em novo processo para discutir a mesma questão. A exceção da coisa julgada é uma forma indireta de se defender do processo visto que a mesma causa já foi julgada definitivamente em outro foro (NUCCI, 2020). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 33 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 33 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Caio praticou um crime de furto (Art. 155 – pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa) no interior da sede da Caixa EconômicaFederal, empresa pública, em Vitória (ES), ocasião em que subtraiu dinheiro e diversos bens públicos. Ao sair do estabelecimento, para assegurar a fuga, subtraiu, mediante grave ameaça, o carro da vítima, Cláudia (Art. 157 – pena: reclusão, de 4 a 10 anos, e multa). Houve perseguição policial, somente vindo Caio a ser preso na cidade de Cariacica, onde foi encontrado em seu poder um celular produto de crime anterior (Art. 180 – pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa). Considerando a conexão existente entre os crimes de furto simples, roubo simples e receptação, bem como a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a opção que indica a Vara Criminal competente para o julgamento de Caio. A) A Justiça Estadual, em relação aos três crimes, sendo competente, territorialmente, a comarca de Vitória. B) A Justiça Estadual, em relação aos três crimes, sendo competente, territorialmente, a comarca de Cariacica. C) A Justiça Federal, em relação ao crime de furto, e a Vara Criminal de Vitória, da Justiça Estadual, no que tange aos crimes de roubo e receptação. D) A Justiça Federal, em relação a todos os delitos. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A solução da questão exige o conhecimento acerca da competência, mais precisamente sobre a conexão, ela está tratada no art. 76, I, II e III do CPP e é uma causa modificadora da competência e ocorre quando há a prática de dois ou mais crimes; a primeira hipótese trata da conexão intersubjetiva e se dá quando ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras. Já o inciso II trata da conexão objetiva ou teleológica, em que se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; que é justamente do que trata a alternativa, já o inciso III trata de uma conexão instrumental, que ocorre quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. Analisando a questão, a competência será da Justiça Federal para os crimes de furto e roubo, e da justiça estadual para o crime de receptação, isso porque os crimes de furto e roubo são conexos, vez que o roubo foi praticado para facilitar a fuga do crime de furto. O crime de furto já seria da competência da justiça federal, vez que praticado contra a Caixa Econômica. Como a receptação não tem a ver com o crime cometido contra a caixa, não há que se falar em conexão e, portanto, a competência será da justiça estadual. Veja a súmula 122 do STJ: “compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 34 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 34- FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Em 14/01/2021, Valentim, reincidente, foi denunciado como incurso nas sanções penais do Art. 14 da Lei n º 10.826/03, cuja pena prevista é de reclusão, de 2 a 4 anos, narrando a denúncia que, em 10/01/2017, o denunciado portava, em via pública, arma de fogo de uso permitido. Após recebimento da denúncia e apresentação de resposta à acusação, o magistrado, verificando que a única outra anotação que constava da Folha de Antecedentes Criminais era referente a delito da mesma natureza, decretou, apesar da ausência de requerimento, a prisão preventiva do denunciado, destacando o risco de reiteração delitiva. Ao tomar conhecimento dos fatos, sob o ponto de vista técnico, a defesa de Valentim deverá argumentar que a prisão é inadequada porque A) não poderia ter sido decretada de ofício e pela ausência de contemporaneidade, apesar de a pena máxima, por si só, não impedir o decreto prisional na situação diante da reincidência. B) não poderia ter sido decretada de ofício, não havia contemporaneidade e porque, considerando a pena máxima, os pressupostos legais não estariam preenchidos. C) não haveria contemporaneidade, apesar da possibilidade de decretação de ofício pelo momento processual e com base na reincidência. D) não haveria contemporaneidade e considerando a pena máxima prevista para o delito, apesar de, pelo momento processual, ser possível a decretação de ofício. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A solução da questão exige o conhecimento acerca da prisão preventiva, que é uma das medidas cautelares, que estão previstas no título IX do Código de Processo Penal. A prisão preventiva é uma das modalidades de prisão cautelar e cabe em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, que será decretada pelo juiz a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial, de acordo com o art. 311 do CPP. Há vários requisitos a serem preenchidos, dentre eles, ela só poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. Além disso, a decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. Analisemos as alternativas: a) CORRETA. Com a Lei Anticrime (13.964/2019), a prisão preventiva não poderá mais ser decretada DE OFÍCIO pelo juiz! Apenas a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. Como também, há ausência de contemporaneidade, pois a decisão deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida, de acordo com o art. 312, §2º do CPP. De fato, máxima, por si só, não impede o decreto prisional, vez que poderia se estar diante de uma reincidência em crime doloso, o que autorizaria a decretação da preventiva mesmo que a pena máxima privativa de liberdade não fosse superior a 4 anos. b) ERRADA. Não podia ter sido decretada de ofício e não havia contemporaneidade, mas pela pena em si, ainda poderia caber a prisão preventiva vez que poderia se estar diante de uma reincidência em crime doloso. c) ERRADA. Não há contemporaneidade, mas não há possibilidade de decretação da prisão preventiva de ofício. d) ERRADA. É certo que não haveria contemporaneidade, considerando a pena máxima prevista para o delito ainda seria possível a decretação se fosse constatada a reincidência em crime doloso, mas NÃO é possível a decretação de ofício. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 35 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 35 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Caio foi denunciado pela suposta prática do crime de estupro de vulnerável. Ocorre que, apesar da capitulação delitiva, a denúncia apresentava-se confusa na narrativa dos fatos, inclusive não sendo indicada qual seria a idade da vítima. Logo após a citação, Caio procurou seu advogado para esclarecimentos, destacando a dificuldade na compreensão dos fatos imputados. O advogado de Caio, constatando que a denúncia estava inepta, deve esclarecer ao cliente que, sob o ponto de vista técnico, com esse fundamento poderia buscar A) a rejeição da denúncia, podendo o Ministério Público apresentar recurso em sentido estrito em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, ou oferecer, posteriormente, nova denúncia. B) sua absolviçãosumária, podendo o Ministério Público apresentar recurso de apelação em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, ou oferecer, posteriormente, nova denúncia. C) sua absolvição sumária, podendo o Ministério Público apresentar recurso em sentido estrito em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, mas, transitada em julgado a decisão, não poderá ser oferecida nova denúncia com base nos mesmos fatos. D) a rejeição da denúncia, podendo o Ministério Público apresentar recurso de apelação em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, mas, uma vez transitada em julgado a decisão, não caberá oferecimento de nova denúncia. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A decisão que rejeita a denúncia não faz coisa julgada material por razão evidente: o juiz não analisa o mérito e nem tem como fazer isso diante de uma denúncia inepta. Assim, a decisão faz coisa julgada formal, apenas, pois não existe análise da questão de fundo, razão pela qual o MP poderá oferecer nova denúncia. Fundamentação legal: CPP Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 36 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 36 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Durante longa investigação, o Ministério Público identificou que determinado senador seria autor de um crime de concussão no exercício do mandato, que teria sido praticado após sua diplomação. Com o indiciamento, o senador foi intimado a, se fosse de sua vontade, prestar esclarecimentos sobre os fatos no procedimento investigatório. Preocupado com as consequências, o senador procurou seu advogado para esclarecimentos. Considerando apenas as informações narradas e com base nas previsões constitucionais, o advogado deverá esclarecer que A) o Ministério Público não poderá oferecer denúncia em face do senador sem autorização da Casa Legislativa, pois a Constituição prevê imunidade de natureza formal aos parlamentares. B) a denúncia poderá ser oferecida e recebida, assim como a ação penal ter regular prosseguimento, independentemente de autorização da Casa Legislativa, que não poderá determinar a suspensão do processo, considerando que o crime imputado é comum, e não de responsabilidade. C) a denúncia não poderá ser recebida pelo Poder Judiciário sem autorização da Casa Legislativa, em razão da imunidade material prevista na Constituição, apesar de poder ser oferecida pelo Ministério Público independentemente de tal autorização. D) a denúncia poderá ser oferecida e recebida independentemente de autorização parlamentar, mas deverá ser dada ciência à Casa Legislativa respectiva, que poderá, seguidas as exigências, até a decisão final, sustar o andamento da ação. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A exigência de autorização do Poder Legislativo para que seja oferecida denúncia existe apenas para os cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da República e Ministros de Estado. Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; Com relação aos demais cargos pode ser oferecida denúncia independentemente de qualquer autorização, sem prejuízos das imunidades formais a que fazem jus os Deputados (Federais e Estaduais) e Senadores: Art. 53, § 3º, da CRFB/88: Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 37 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 37 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Tiago e Talles, imputando-lhes a prática do crime de sequestro qualificado, arrolando como testemunhas de acusação a vítima, pessoas que presenciaram o fato, os policiais responsáveis pela prisão em flagrante, além da esposa do acusado Tiago, que teria conhecimento sobre o ocorrido. Na audiência de instrução e julgamento, por ter sido arrolada como testemunha de acusação, Rosa, esposa de Tiago, compareceu, mas demonstrou que não tinha interesse em prestar declarações. O Ministério Público insistiu na sua oitiva, mesmo com outras testemunhas tendo conhecimento sobre os fatos. Temendo pelas consequências, já que foi prestado o compromisso de dizer a verdade perante o magistrado, Rosa disse o que tinha conhecimento, mesmo contra sua vontade, o que veio a prejudicar seu marido. Por ocasião dos interrogatórios, Tiago, que seria interrogado por último, foi retirado da sala de audiência enquanto o corréu prestava suas declarações, apesar de seu advogado ter participado do ato. Com base nas previsões do Código de Processo Penal, considerando apenas as informações narradas, Tiago A) não teria direito de anular a instrução probatória com fundamento na sua ausência durante o interrogatório de Talles e nem na oitiva de Rosa na condição de testemunha, já que devidamente arrolada pelo Ministério Público. B) teria direito de anular a instrução probatória com fundamento na ausência de Tiago no interrogatório de Talles e na oitiva de Rosa na condição de testemunha. C) não teria direito de anular a instrução probatória com base na sua ausência no interrogatório de Talles, mas deveria questionar a oitiva de Rosa como testemunha, já que ela poderia se recusar a prestar declarações. D) não teria direito de anular a instrução probatória com base na sua ausência no interrogatório de Talles, mas deveria questionar a oitiva de Rosa como testemunha, pois, em que pese seja obrigada a prestar declarações, deveria ser ouvida na condição de informante, sem compromisso legal de dizer a verdade. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Não era necessário nesse caso a oitiva da Rosa, podendo o advogado questionar esse ponto. Ela poderia se abster por ser cônjuge. Vejamos o artigo 206 do CPC: Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, O CÔNJUGE, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 38 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 38 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Durante escuta telefônica devidamente deferida para investigar organização criminosa destinada ao contrabando de armas, policiais obtiveram a informação de que Marcelo receberia, naquele dia, grande quantidade de armamento, que seria depois repassada a Daniel, chefe de sua facção. Diante dessa informação, os policiais se dirigiram até o local combinado. Após informarem o fato à autoridade policial, que o comunicou ao juízo competente, eles acompanharam o recebimento do armamento por Marcelo, optando por não o prender naquele momento, pois aguardariam que ele se encontrasse com o chefe da sua organização para, então, prendê-los. De posse do armamento, Marcelo se dirigiu ao encontro de Daniel e lhe repassou as armas contrabandeadas,quando, então, ambos foram surpreendidos e presos em flagrante pelos policiais que monitoravam a operação. Encaminhados para a Delegacia, os presos entraram em contato com um advogado para esclarecimentos sobre a validade das prisões ocorridas. Com base nos fatos acima narrados, o advogado deverá esclarecer aos seus clientes que a prisão em flagrante efetuada pelos policiais foi A) ilegal, por se tratar de flagrante esperado. B) legal, restando configurado o flagrante preparado. C) legal, tratando-se de flagrante retardado. D) ilegal, pois a conduta dos policiais dependeria de prévia autorização judicial. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A supra questão envolve o crime de organização criminosa (Lei nº 12.850/13). A ação controlada (espécie de flagrante postergado/diferido) encontra previsão no art. 8º, da Lei nº 12.850/13, que assim dispõe: Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. § 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. Extrai-se do referido dispositivo que não há falar em autorização judicial, mas sim, de simples comunicação ao juiz. Não se pode, ainda, confundir o flagrante postergado (caso da questão) com o flagrante preparado ou provocado, que são provas ilícitas: Súmula 145/STF: “não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação” Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 39 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 39 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Mariana foi vítima de um crime de apropriação indébita consumado, que teria sido praticado por Paloma. Ao tomar conhecimento de que Paloma teria sido denunciada pelo crime mencionado, inclusive sendo apresentado pelo Ministério Público o valor do prejuízo sofrido pela vítima e o requerimento de reparação do dano, Mariana passou a acompanhar o andamento processual, sem, porém, habilitar-se como assistente de acusação. No momento em que constatou que os autos estariam conclusos para sentença, Mariana procurou seu advogado para adoção das medidas cabíveis, esclarecendo o temor de ver a ré absolvida e não ter seu prejuízo reparado. O advogado de Mariana deverá informar à sua cliente que A) não poderá ser fixado pelo juiz valor mínimo a título de indenização, mas, em caso de sentença condenatória, poderá esta ser executada, por meio de ação civil ex delicto, por Mariana ou seu representante legal. B) poderá ser apresentado recurso de apelação, diante de eventual sentença absolutória e omissão do Ministério Público, por parte de Mariana, por meio de seu patrono, ainda que não esteja, no momento da sentença, habilitada como assistente de acusação. C) poderá ser fixado pelo juiz valor a título de indenização em caso de sentença condenatória, não podendo a ofendida, porém, nesta hipótese, buscar a apuração do dano efetivamente sofrido perante o juízo cível. D) não poderá ser buscada reparação cível diante de eventual sentença absolutória, com trânsito em julgado, que reconheça não existir prova suficiente para condenação. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Conforme previsto nos artigos 31 e 598 do CPP, vejamos: Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo. Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 40 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 40 - FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase Ricardo foi pronunciado pela suposta prática do crime de homicídio qualificado. No dia anterior à sessão plenária do Tribunal do Júri, o defensor público que assistia Ricardo até aquele momento acostou ao processo a folha de antecedentes criminais da vítima, matérias jornalísticas e fotografias que poderiam ser favoráveis à defesa do acusado. O Ministério Público, em sessão plenária, foi surpreendido por aquele material do qual não tinha tido ciência, mas o juiz presidente manteve o julgamento para a data agendada e, após o defensor público mencionar a documentação acostada, Ricardo foi absolvido pelos jurados, em 23/10/2018 (terça-feira). No dia 29/10/2018, o Ministério Público apresentou recurso de apelação, acompanhado das razões recursais, requerendo a realização de novo júri, pois a decisão dos jurados havia sido manifestamente contrária à prova dos autos. O Tribunal de Justiça conheceu do recurso interposto e anulou o julgamento realizado, determinando nova sessão plenária, sob o fundamento de que a defesa se utilizou em plenário de documentos acostados fora do prazo permitido pela lei. A família de Ricardo procura você, como advogado(a), para patrocinar os interesses do réu. Considerando as informações narradas, você, como advogado(a) de Ricardo, deverá questionar a decisão do Tribunal, sob o fundamento de que A) respeitando-se o princípio da amplitude de defesa, não existe vedação legal na juntada e utilização em plenário de documentação pela defesa no prazo mencionado. B) diante da nulidade reconhecida, caberia ao Tribunal de Justiça realizar, diretamente, novo julgamento, e não submeter o réu a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. C) não poderia o Tribunal anular o julgamento com base em nulidade não arguida, mas tão só reconhecer, se fosse o caso, que a decisão dos jurados era manifestamente contrária à prova dos autos. D) o recurso foi apresentado de maneira intempestiva, de modo que sequer deveria ter sido conhecido. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. O tribunal não pode reconhecer de ofício uma nulidade sem que ela tenha sido pleiteada. Súmula 160 do STF: "É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício." Deveria tão só reconhecer se fosse o caso, que a decisão dos jurados era manifestamente contrária a prova dos autos. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 41 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 41 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Carlos, advogado, em conversa com seus amigos, na cidade de Campinas, afirmou, categoricamente, que o desembargador Tício exigiu R$ 50.000,00 para proferir voto favorável para determinada parte em processo criminal de grande repercussão, na Comarca em que atuava. Ao tomar conhecimento dos fatos, já que uma das pessoas que participavam da conversa era amiga do filho de Tício, o desembargador apresentou queixa-crime, imputando a Carlos o crime de calúnia majorada (Art. 138 c/c. o Art. 141, inciso II, ambos do CP. Pena: 06 meses a 2 anos e multa, aumentada de 1/3). Convicto de que sua afirmativa seria verdadeira,Carlos pretende apresentar exceção da verdade, com a intenção de demonstrar que Tício realmente havia realizado a conduta por ele mencionada. Procura, então, seu advogado, para adoção das medidas cabíveis. Com base apenas nas informações narradas, o advogado de Carlos deverá esclarecer que, para julgamento da exceção da verdade, será competente A) a Vara Criminal da Comarca de Campinas, órgão competente para apreciar a queixa-crime apresentada. B) o Juizado Especial Criminal da Comarca de Campinas, órgão competente para apreciar a queixa-crime apresentada. C) o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, apesar de não ser o órgão competente para apreciar a queixa- crime apresentada. D) o Superior Tribunal de Justiça, apesar de não ser o órgão competente para apreciar a queixa-crime apresentada. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Carlos afirmou que o desembargador Ticio exigiu 50 mil reais para proferir voto favorável à determinada parte em processo criminal. Atente-se logo a uma coisa, o desembargador Tício supostamente PRATICOU CRIME, qual tipo penal? EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO (art. 357 do Código Penal). Se o desembargador Tício praticou crime, de quem é a competência para julgá-lo? Do STJ. Onde tem essa informação? Na CRFB/88. Veja: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; É O FAMOSO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. Porém, quem apresentou a queixa-crime pela prática do crime de calúnia primeiramente foi o desembargador, e Carlos não tem foro por prerrogativa de função. No entanto, não é isso que a questão quer saber. Continuando, Carlos não deu o braço a torcer e decidiu provar que o desembargador cometeu o crime de EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO, e a forma que ele fará isso é usando do que se veio a chamar de EXCEÇÃO DA VERDADE, com isso, o desembargador passa a figurar no polo passivo como réu pela suposta prática de crime comum, por isso, o juízo competente será o Superior Tribunal de Justiça (STJ), não o sendo competente pela queixa-crime, já que nesse caso o Réu é Carlos e nesse crime (CALÚNIA MAJORADA) será julgado pela Vara Criminal de Campinas. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 42 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 42 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Após uma partida de futebol amador, realizada em 03/05/2018, o atleta André se desentendeu com jogadores da equipe adversária. Ao final do jogo, dirigiu-se ao estacionamento e encontrou, em seu carro, um bilhete anônimo, em que constavam diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2018, André encontrou um dos jogadores da equipe adversária, Marcelo, que lhe confessou a autoria do bilhete, ressaltando que Luiz e Rogério também estavam envolvidos na ofensa. André, em 17/11/2018, procurou seu advogado, apresentando todas as provas do crime praticado, manifestando seu interesse em apresentar queixa-crime contra os três autores do fato. Diante disso, o advogado do ofendido, após procuração com poderes especiais, apresenta, em 14/12/2018, queixa-crime em face de Luiz, Rogério e Marcelo, imputando-lhes a prática dos crimes de calúnia e injúria. Após o recebimento da queixa-crime pelo magistrado, André se arrependeu de ter buscado a responsabilização penal de Marcelo, tendo em vista que somente descobriu a autoria do crime em decorrência da ajuda por ele fornecida. Diante disso, comparece à residência de Marcelo, informa seu arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo responsabilizado criminalmente e o convida para a festa de aniversário de sua filha, sendo a conversa toda registrada em mídia audiovisual. Considerando as informações narradas, é correto afirmar que o(a) advogado(a) dos querelados poderá A) questionar o recebimento da queixa-crime, com fundamento na ocorrência de decadência, já que oferecida a inicial mais de 06 meses após a data dos fatos. B) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, diante da renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por André, que poderá ser expresso ou tácito. C) buscar a extinção da punibilidade de Marcelo, mas não de Luiz e Rogério, em razão da renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por André. D) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, caso concordem, diante do perdão oferecido a Marcelo por parte de André, que deverá ser estendido aos demais coautores. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. O prazo da ação privada (6 meses) inicia do conhecimento da autoria, não do fato! Portanto, se foi sabido dia 28 de junho, o prazo para apresentar a queixa vai até o fim de dezembro. Sobre a desistência de persistir com o intuito de processar, observe que foi após o recebimento da inicial. Isso caracteriza o perdão, e sobre ele vale a leitura do art. 51 do CPP; 106, I, §1º e 107, V, do CP. Estes artigos aclaram que o perdão: - É bilateral. Portanto pode ser recusado pelo querelado. - Pode ser expresso ou tácito. A postura de convidar o querelado para um aniversário configura um perdão tácito. - Se concedido a um, a todos aproveita (que aceitarem), pois a ação privada é regida pelo princípio da indivisibilidade. Não é meio para vinganças e perseguições. - Ela extingue a punibilidade . Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 43 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 43 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Fred foi denunciado e condenado, em primeira instância, pela prática de crime de corrupção ativa, sendo ele e seu advogado intimados do teor da sentença no dia 05 de junho de 2018, terça-feira. A juntada do mandado de intimação do réu ao processo, todavia, somente ocorreu em 11 de junho de 2018, segunda- feira. Considerando as informações narradas, o prazo para interposição de recurso de apelação pelo advogado de Fred, de acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, será iniciado A) no dia seguinte à juntada do mandado de intimação (12/06/18), devendo a data final do prazo ser prorrogada para o primeiro dia útil seguinte, caso se encerre no final de semana. B) no dia da juntada do mandado de intimação (11/06/18), devendo ser cumprido até o final do prazo de 05 dias previsto em lei, ainda que este ocorra no final de semana. C) no dia da intimação (05/06/18), independentemente da data da juntada do mandado, devendo ser cumprido até o final do prazo de 05 dias previsto em lei, ainda que este ocorra no final de semana. D) no dia seguinte à intimação (06/06/18), independentemente da data da juntada do mandado, devendo a data final do prazo ser prorrogada para o primeiro dia útil seguinte, caso se encerre no final de semana. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. S. 710 do STF: "No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem". Portanto, o dia de início foi dia 05 (terça), começando a contar a partir do dia seguinte (dia 06, quarta). O prazo da Apelação é de 5 dias (6-7-8-9-10). O prazo terminará no dia 10, domingo, devendo ser prorrogado para o próximo dia útil subsequente: dia 11 (segunda). E sobre a data final do prazo, será no primeiro dia útil subsequente caso o prazo fatal seja domingo ou feriado, conforme o art.798 §3º do CPP, vejamos: Art. 798 CPP. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. § 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr. § 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. § 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária. § 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 44 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 44 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase Rogério foi denunciado pela prática de um crime de homicídio qualificado por fatos que teriam ocorrido em 2017. Após regular citação e apresentação de resposta à acusação, Rogério decide não comparecer aos atos do processo, apesar de regularmente intimado, razão pela qual foi decretada sua revelia. Em audiência realizada na primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, sem a presença de Rogério, mas tão só de sua defesa técnica, foi proferida decisão de pronúncia. Rogério mudou-se e não informou ao juízo o novo endereço, não sendo localizado para ser pessoalmente intimado dessa decisão, ocorrendo, então, a intimação por edital. Posteriormente, a ação penal teve regular prosseguimento, sem a participação do acusado, sendo designada data para realização da sessão plenária. Ao tomar conhecimento desse fato por terceiros, Rogério procura seu advogado para esclarecimentos, informando não ter interesse em comparecer à sessão plenária. Com base apenas nas informações narradas, o advogado de Rogério deverá esclarecer que A) o processo e o curso do prazo prescricional, diante da intimação por edital, deveriam ficar suspensos. B) a intimação da decisão de pronúncia por edital não é admitida pelo Código de Processo Penal. C) o julgamento em sessão plenária do Tribunal do Júri, na hipótese, poderá ocorrer mesmo sem a presença do réu. D) a revelia gerou presunção de veracidade dos fatos e a intimação foi válida, mas a presença do réu é indispensável para a realização da sessão plenária do Tribunal do Júri. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A) Errado, pois só haveria possibilidade de suspensão de prazo se o réu não possuísse advogado (art. 366, CPP). B) Errado, pois o artigo 361 do CPP autoriza a intimação por edital. C) Certo, é o descrito no artigo 457 do CPP. D) Errado, pois não há que se falar em revelia no Direito Penal, ou seja, o réu não está obrigado a comparecer a todos os atos processuais, em regra. QUESTÃO 45 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase O advogado de Josefina, ré em processo criminal, entendendo que, entre o recebimento da denúncia e o término da instrução, ocorreu a prescrição da pretensão punitiva estatal, apresentou requerimento, antes mesmo do oferecimento de alegações finais, de reconhecimento da extinção da punibilidade da agente, sendo o pedido imediatamente indeferido pelo magistrado. Intimado, caberá ao(à) advogado(a) de Josefina, discordando da decisão, apresentar A) recurso em sentido estrito, no prazo de 5 dias. B) recurso de apelação, no prazo de 5 dias. C) carta testemunhável, no prazo de 48h. D) reclamação constitucional, no prazo de 15 dias. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Indeferimento de causa extintiva de punibilidade na sentença cabe Apelação, mas caso tal indeferimento ocorra em outro momento processual, caberá RESE (art. 581, IX, CPP), vejamos: Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 45 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 46 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Anderson, Cláudio e Jorge arquitetam um plano para praticar crime contra a agência de um banco, empresa pública federal, onde Jorge trabalhava como segurança. Encerrado o expediente, em 03/12/2017, Jorge permite a entrada de Anderson e Cláudio no estabelecimento e, em conjunto, destroem um dos cofres da agência e subtraem todo o dinheiro que estava em seu interior. Após a subtração do dinheiro, os agentes roubam o carro de Júlia, que trafegava pelo local, e fogem, sendo, porém, presos dias depois, em decorrência da investigação realizada. Considerando que a conduta dos agentes configura os crimes de furto qualificado (pena: 2 a 8 anos e multa) e roubo majorado (pena: 4 a 10 anos e multa, com causa de aumento de 1/3 até metade), praticados em conexão, após solicitação de esclarecimentos pelos envolvidos, o(a) advogado(a) deverá informar que A) a Justiça Federal será competente para julgamento de ambos os delitos conexos. B) a Justiça Estadual será competente para julgamento de ambos os delitos conexos. C) a Justiça Federal será competente para julgamento do crime de furto qualificado e a Justiça Estadual, para julgamento do crime de roubo majorado, havendo separação dos processos. D) tanto a Justiça Estadual quanto a Federal serão competentes, considerando que não há relação de especialidade entre estas, prevalecendo o critério da prevenção. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Podemos encontrar fundamentação para a resposta em diversos dispositivos legais, vejamos: Compete à justiça federal processar e julgar infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. Art. 109, IV, CF. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo no concurso entre a jurisdição comum e a militar; no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. Art. 79, I, II, CPP. Sumula 122 STJ - Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal. Súmula 556 É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 46 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 47 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Tomás e Sérgio foram denunciados como incursos nas sanções penais do crime do Art. 217-A do Código Penal (estupro de vulnerável), narrando a acusação que, no delito, teria ocorrido ato libidinoso diverso da conjunção carnal, já que os denunciados teriam passado as mãos nos seios da criança, e que teria sido praticado em concurso de agentes. Durante a instrução, foi acostado ao procedimento laudo elaborado por um perito psicólogo oficial, responsável pela avaliação da criança apontada como vítima, concluindo que o crime teria, de fato, ocorrido. As partes tiveram acesso posterior ao conteúdo do laudo, apesar de intimadas da realização da perícia anteriormente. O magistrado responsável pelo julgamento do caso, avaliando a notícia concreta de que Tomás e Sérgio,durante o deslocamento para a audiência de instrução e julgamento, teriam um plano de fuga, o que envolveria diversos comparsas armados, determinou que o interrogatório fosse realizado por videoconferência. No momento do ato, os denunciados foram ouvidos separadamente um do outro pelo magistrado, ambos acompanhados por defesa técnica no estabelecimento penitenciário e em sala de audiência durante todo ato processual. Insatisfeitos com a atuação dos patronos e acreditando na existência de ilegalidades no procedimento, Tomás e Sérgio contratam José para assistência técnica. Considerando apenas as informações narradas, José deverá esclarecer que A) o interrogatório dos réus não poderia ter sido realizado separadamente, tendo em vista que o acusado tem direito a conhecer todas as provas que possam lhe prejudicar. B) não poderia ter sido realizado interrogatório por videoconferência, mas tão só oitiva das testemunhas na ausência dos acusados, diante do direito de presença do réu e ausência de previsão legal do motivo mencionado pelo magistrado. C) o laudo acostado ao procedimento foi válido em relação à sua elaboração, mas o juiz não ficará adstrito aos termos dele, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. D) o laudo deverá ser desentranhado dos autos, tendo em vista que elaborado por apenas um perito oficial, sendo certo que a lei exige que sejam dois profissionais e que seja oportunizada às partes apresentação de quesitos complementares. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Trata-se do conhecido: Judex Peritus Peritorum, O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Art. 182 do CPP, vejamos: Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Comentando as alternativas: a) CPP. Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. b) CPP. Art. 185. § 2 Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; c) CPP. Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. d) CPP. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 47 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 48 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Luiz foi denunciado pela prática de um crime de estelionato. Durante a instrução, o ofendido apresentou, por meio de assistente de acusação, documento supostamente assinado por Luiz, que confirmaria a prática delitiva. Ao ter acesso aos autos, Luiz informa ao patrono ter certeza de que aquele documento seria falso, pois não foi por ele assinado. Com base nas informações narradas, de acordo com as previsões do Código de Processo Penal, o advogado de Luiz poderá A) alegar apenas a insuficiência de provas e requerer a extração de cópias para o Ministério Público, mas não poderá, neste processo, verificar a veracidade do documento. B) alegar, desde que seja procurador com poderes especiais, a falsidade do documento para fins de instauração de incidente de falsidade. C) arguir, com procuração com poderes gerais, a falsidade do documento, gerando incidente de falsidade em autos em apartado. D) alegar, oralmente, a falsidade do documento, devendo o incidente ser decidido nos autos principais. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Fundamentação legal: Código Processo Penal: Art. 145. Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo: I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta; II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para prova de suas alegações; III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias; IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público. Art. 146. A arguição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais. Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo penal ou civil. Comentando demais alternativas: A) INCORRETA. Pode verificar a falsidade sim. C) INCORRETA. A procuração exige poderes específicos. D) INCORRETA. A alegação de falsidade de documento se dará por escrito e será autuada em apartado. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 48 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 49 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Vitor foi denunciado pela prática de um crime de peculato. O magistrado, quando da análise da inicial acusatória, decide rejeitar a denúncia em razão de ausência de justa causa. O Ministério Público apresentou recurso em sentido estrito, sendo os autos encaminhados ao Tribunal, de imediato, para decisão. Todavia, Vitor, em consulta ao sítio eletrônico do Tribunal de Justiça, toma conhecimento da existência do recurso ministerial, razão pela qual procura seu advogado e demonstra preocupação com a revisão da decisão do juiz de primeira instância. Considerando as informações narradas, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o advogado de Vitor deverá esclarecer que A) o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, tendo em vista que a decisão de rejeição da denúncia é irrecorrível. B) o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, pois caberia recurso de apelação, e não recurso em sentido estrito. C) ele deveria ter sido intimado para apresentar contrarrazões, apesar de ainda não figurar como réu, mas tão só como denunciado. D) caso o Tribunal dê provimento ao recurso, os autos serão encaminhados para o juízo de primeira instância para nova decisão sobre recebimento ou não da denúncia. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A - o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, tendo em vista que a decisão de rejeição da denúncia é irrecorrível. - É recorrível e está no rol taxativo do RESE [CPP, 581]; B - o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, pois caberia recurso de apelação, e não recurso em sentido estrito. - Seria Apelação se fosse um crime de menor potencial ofensivo [Lei nº 9099/95, 82]; D - caso o Tribunal dê provimento ao recurso, os autos serão encaminhados para o juízo de primeira instância para nova decisão sobre recebimento ou não da denúncia. - A admissibilidade do recurso já serve como decisão de recebimento C (ALTERNATIVA CORRETA) - ele deveria ter sido intimado para apresentar contrarrazões, apesar de ainda não figurar como réu, mas tão só como denunciado. - "Súmula 707/STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo." Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 49 Questões comentadas para OAB –Processo Penal QUESTÃO 50 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Vanessa foi condenada pela prática de um crime de furto qualificado pela 1ª Vara Criminal de Curitiba, em razão de suposto abuso de confiança que decorreria da relação entre a vítima e Vanessa. Como as partes não interpuseram recurso, a sentença de primeiro grau transitou em julgado. Apesar de existirem provas da subtração de coisa alheia móvel, a vítima não foi ouvida por ocasião da instrução por não ter sido localizada. Durante a execução da pena por Vanessa, a vítima é localizada, confirma a subtração por Vanessa, mas diz que sequer conhecia a autora dos fatos antes da prática delitiva. Vanessa procura seu advogado para esclarecimento sobre eventual medida cabível. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Vanessa deve esclarecer que A) não poderá apresentar revisão criminal, tendo em vista que a pena já está sendo executada, mas poderá ser buscada reparação civil. B) caberá apresentação de revisão criminal, sendo imprescindível a representação de Vanessa por advogado, devendo a medida ser iniciada perante o próprio juízo da condenação. C) não poderá apresentar revisão criminal em favor da cliente, tendo em vista que a nova prova não é apta a justificar a absolvição de Vanessa, mas tão só a redução da pena. D) caberá apresentação de revisão criminal, podendo Vanessa apresentar a ação autônoma independentemente de estar assistida por advogado, ou por meio de procurador legalmente habilitado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. O advogado de Vanessa deve esclarecer que: "caberá apresentação de revisão criminal, podendo Vanessa apresentar a ação autônoma independentemente de estar assistida por advogado, ou por meio de procurador legalmente habilitado". Conforme em comento no art. 623, CPP, diz que: A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Ainda assim, vale reforçar o que diz a Súmula 393 STF que: "Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão". Vejamos os comentários por alternativas: A) INCORRETA: Cabe revisão criminal a qualquer tempo (desde que tenha havido trânsito em julgado), ou seja, independente da fase processual em que se encontre, antes ou após a extinção da pena. Art. 622, CPP - A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. B) INCORRETA: A representação por advogado não é imprescindível, tendo em vista que a Revisão pode ser interposta pelo próprio réu, por procurador legalmente habilitado ou, em caso de morte, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do condenado. Art. 623, CPP - A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. C) INCORRETA: A Revisão é cabível tanto para absolvição quanto para redução da pena aplicada, entretanto, não se presta a piorar a situação do réu. Art. 621, CPP - A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. D) CORRETA: Art. 623, CPP - A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas: I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas; II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais casos. OBS: A Revisão criminal é uma ação autônoma. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 50 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 51 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Glauber foi denunciado pela prática de um crime de roubo majorado. Durante a audiência de instrução e julgamento, que ocorreu na ausência do réu, em razão do temor da vítima e da impossibilidade de realização de videoconferência, o Ministério Público solicitou que a vítima descrevesse as características físicas do autor do fato. Após a vítima descrever que o autor seria branco e baixo e responder às perguntas formuladas pelas partes, ela foi conduzida à sala especial, para a realização de reconhecimento formal. No ato de reconhecimento, foram colocados, com as mesmas roupas, lado a lado, Glauber, branco e baixo, Lucas, branco e alto, e Thiago, negro e baixo, apesar de a carceragem do Tribunal de Justiça estar repleta de presos para a realização de audiências, inclusive com as características descritas pela ofendida. A vítima reconheceu Glauber como o autor dos fatos, sendo lavrado auto subscrito pelo juiz, pela vítima e por duas testemunhas presenciais. Considerando as informações narradas, o advogado de Glauber, em busca de futuro reconhecimento de nulidade da instrução ou absolvição de seu cliente, de acordo com o Código de Processo Penal e a jurisprudência dos Tribunais Superiores, deverá consignar, na assentada da audiência, seu inconformismo em relação ao reconhecimento realizado pela vítima, A) em razão da oitiva da vítima na ausência do réu, já que o direito de autodefesa inclui o direito de presença em todos os atos do processo. B) tendo em vista que, de acordo com as previsões do Código de Processo Penal, ela não poderia ter descrito as características do autor dos fatos antes da realização do reconhecimento. C) em razão das características físicas apresentadas pelas demais pessoas colocadas ao lado do réu quando da realização do ato, tendo em vista a possibilidade de participarem outras pessoas com características semelhantes. D) tendo em vista que o auto de reconhecimento deveria ter sido subscrito pelo juiz, pelo réu, por seu defensor e pelo Ministério Público, além de três testemunhas presenciais. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Vejamos o artigo 226 do CPP: Art. 226/CPP. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma: I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida; Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela; IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. Parágrafo único. O disposto no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento. Agora, vejamos os comentários por alternativas. Alternativa A: o direito de autodefesa pode ser flexibilizado se a defesa técnica do réu estiver presente na oitiva da vítima. Alternativa B: primeiro descreve (inc. I do art. 226) e depois reconhece (inc. II) Alternativa C: CORRETA! Alternativa D: inciso IV do artigo acima. Só precisa subscrever a autoridade, a pessoa chamada p/ reconhecer e DUAS testemunhas presenciais (e não 3). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados.51 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 52 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Adolfo e Arnaldo são irmãos e existe a informação de que estão envolvidos na prática de crimes. Durante investigação da suposta prática de crime de tráfico de drogas, foi deferida busca e apreensão na residência de Adolfo, em busca de instrumentos utilizados na prática delitiva. O oficial de justiça, com mandado regularmente expedido, compareceu à residência de Adolfo às 03.00h, por ter informações de que às 07.00h ele deixaria o local. Apesar da não autorização para ingresso na residência por parte do proprietário, ingressou no local para cumprimento do mandado de busca e apreensão, efetivamente apreendendo um caderno com anotações que indicavam a prática do crime investigado. Quando deixavam o local, os policiais e o oficial de justiça se depararam, na rua ao lado, com Arnaldo, sendo que imediatamente uma senhora o apontou como autor de um crime de roubo majorado pelo emprego de arma, que teria ocorrido momentos antes. Diante disso, os policiais realizaram busca pessoal em Arnaldo, localizando um celular, que era produto do crime de acordo com a vítima, razão pela qual efetuaram a apreensão desse bem. Ao tomar conhecimento dos fatos, a mãe de Adolfo e Arnaldo procurou você, como advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis. Assinale a opção que apresenta, sob o ponto de vista técnico, a medida que você poderá adotar. A) Pleitear a invalidade da busca e apreensão residencial de Adolfo e a da busca e apreensão pessoal em Arnaldo. B) Pleitear a invalidade da busca e apreensão residencial de Adolfo, mas não a da busca e apreensão pessoal de Arnaldo. C) Não poderá pleitear a invalidade das buscas e apreensões. D) Pleitear a invalidade da busca e apreensão pessoal de Arnaldo, mas não a da busca e apreensão residencial de Adolfo. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Pela leitura rápida do enunciado, já poderíamos ter em mente que algo de errado aconteceu. Só temos que encontrar esse algo. O oficial de justiça tinha um mandado judicial, até aí tudo bem, porém, percebe-se pela leitura do enunciado que o oficial compareceu à residência de Adolfo às 03:00h, esse horário é madrugada, então, é período noturno, e se lembrassem da regrinha básica incutida lá na Constituição Federal, lembrariam que não é permitida a entrada na casa do indivíduo durante a noite, mesmo com mandado judicial, salvo exceções, que não o caso dessa. Sendo assim, essa busca e apreensão deve ser invalidada. Em relação a Arnaldo, a mesma sorte não lhe assiste, pois fica claro que o mesmo é o suspeito da prática do crime. Fundamentação Jurídica: CRFB/885°, Xl (..) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o DIA, por determinação judicial. Destrinchando o inciso: A regra é que a casa é asilo inviolável, porém, toda regra tem exceção, e, aqui, temos várias. A casa pode ser violada sem mandado judicial em caso de flagrante delito, a qualquer hora do dia, manhã, tarde ou noite. A casa pode ser violada sem mandado judicial em caso de desastre, a qualquer hora do dia, manhã, tarde ou noite. A casa pode ser violada sem mandado judicial para prestar socorro, a qualquer hora do dia, manhã, tarde ou noite. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 52 Questões comentadas para OAB – Processo Penal A casa pode ser violada nos demais casos que não sejam os citados anteriormente, porém, somente com mandado judicial e tem que ser durante o período do dia, o que não inclui o período noturno, ressalte-se que se o morador consentir com a entrada, poderá ser a qualquer momento também. Art. 244 CPP: A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. Destrinchando o artigo: A busca pessoal independerá de mandado no caso de prisão; A busca pessoal independerá de mandado quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida; A busca pessoal independerá de mandado quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de objetos que constituam corpo de delito; A busca pessoal independerá de mandado quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de papeis que constituam corpo de delito; A busca pessoal independerá de mandado no caso de prisão quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 53 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 53 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase A autoridade policial recebeu denúncia anônima informando que Gabriel seria autor de um crime de apropriação indébita (Art. 168 do CP. Pena: 01 a 04 anos de reclusão e multa). Realizou, então, diligências para verificar a relevância daquela informação e, após constatar que havia motivos para justificar o início de investigação, instaurou inquérito para apurar a infração penal antes mencionada, indiciando Gabriel. O primeiro ato da investigação foi requerer, ao juízo competente, interceptação das comunicações telefônicas de Gabriel, pedido esse que foi deferido. Após a interceptação, a autoridade policial buscou obter outros elementos informativos, ouvindo a vítima e testemunhas que tinham conhecimento dos fatos e da autoria delitiva. Após o fim do prazo de 15 dias fixado para interceptação, com nova representação da autoridade policial e requerimento do Ministério Público, o juiz deferiu a prorrogação da medida, reiterando os termos da decisão que autorizou a medida inicial e destacando que aqueles fundamentos persistiam e foram confirmados pelo teor das transcrições das conversas já obtidas. Gabriel, no curso das investigações, foi intimado para prestar esclarecimentos, momento em que entrou em contato com seu advogado, que obteve acesso ao procedimento. Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) de Gabriel poderá questionar a interceptação telefônica realizada, porque A) a primeira notícia do crime foi oriunda de denúncia anônima, o que impede que seja instaurada investigação, ainda que a autoridade policial realize diligências para confirmar a necessidade de iniciar procedimento investigatório. B) o crime investigado é punido com pena de reclusão que não ultrapassa 04 anos de pena privativa de liberdade. C) a prova da infração poderia ter sido obtida por outros meios disponíveis. D) a decisão de prorrogação do prazo da medida utilizou-se de fundamentação per relationem, o que não é admitido no Processo Penal brasileiro. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Bem, primeiramente, em relação ao conteúdo, o candidato deveria saber pelo menos uma base sobre quando é cabível a INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, pois esta é uma medida excepcional, que para ser utilizada deverá preencher alguns requisitos. Desta feita, o enunciado informa que depois que fora deferida a interceptação, a autoridade policial utilizou de outros meios para obter mais informações, deixando claro que não era necessário o pedido de interceptação telefônica para solucionar o caso. Com isso, já poderíamos chegar ao nosso gabarito. Utilizando os macetes, observaríamos que na alternativa C temos uma palavra que indica possibilidade, o vocábulo PODERIA, encaixando-se perfeitamente no nosso método. Fundamentação Jurídica: Lei 9.296/1996c: Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quandoocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 54 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 54 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Jucilei foi preso em flagrante quando praticava crime de estelionato (Art. 171 do CP), em desfavor da Petrobras, sociedade de economia mista federal. De acordo com os elementos informativos, a fraude teria sido realizada na cidade de Angra dos Reis, enquanto a obtenção da vantagem ilícita ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, sendo Jucilei preso logo em seguida, mas já na cidade de Niterói. Ainda em sede policial, Jucilei entrou em contato com seu(sua) advogado(a), que compareceu à Delegacia para acompanhar seu cliente, que seria imediatamente encaminhado para a realização de audiência de custódia perante autoridade judicial. Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) deverá esclarecer ao seu cliente que será competente para processamento e julgamento de eventual ação penal pela prática do crime do Art. 171 do Código Penal, o juízo junto à A) Vara Criminal Estadual da Comarca do Rio de Janeiro. B) Vara Criminal Estadual da Comarca de Angra dos Reis. C) Vara Criminal Federal com competência sobre a cidade do Rio de Janeiro. D) Vara Criminal Federal com competência sobre a cidade de Angra dos Reis. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Colocar a Petrobras como “vítima” foi para induzir o candidato ao erro e fazê-lo acreditar ser competência da VARA CRIMINAL. Quando perceberem essa INDUÇÃO, NÃO CAIAM. Fundamentação Jurídica: Súmula n. 42, do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. Art. 70, CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. E a Jurisprudência, esclarece que no crime de ESTELIONATO, o LOCAL da ação é onde se deu a obtenção da vantagem ilícita, sendo este o lugar de fixação da COMPETÊNCIA, como aduz o art. 70 do CPP, neste caso, de acordo com o teor da questão, tal vantagem ilícita ocorreu na cidade do Rio de Janeiro. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 55 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 55 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Miguel foi denunciado pela prática de um crime de extorsão majorada pelo emprego de arma e concurso de agentes, sendo a pretensão punitiva do Estado julgada inteiramente procedente e aplicada sanção penal, em primeira instância, de 05 anos e 06 meses de reclusão e 14 dias multa. A defesa técnica de Miguel apresentou recurso alegando: (i) preliminar de nulidade em razão de violação ao princípio da correlação entre acusação e sentença; (ii) insuficiência probatória, já que as declarações da vítima, que não presta compromisso legal de dizer a verdade, não poderiam ser consideradas; (iii) que deveria ser afastada a causa de aumento do emprego de arma, uma vez que o instrumento utilizado era um simulacro de arma de fogo, conforme laudo acostado aos autos. A sentença foi integralmente mantida. Todos os desembargadores que participaram do julgamento votaram pelo não acolhimento da preliminar e pela manutenção da condenação. Houve voto vencido de um desembargador, que afastava apenas a causa de aumento do emprego de arma. Intimado do teor do acórdão, o(a) advogado(a) de Miguel deverá interpor A) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, sua absolvição e o afastamento da causa de aumento de pena reconhecida. B) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar e o afastamento da causa de aumento do emprego de arma, apenas. C) embargos de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, apenas. D) embargos infringentes, buscando o afastamento da causa de aumento do emprego de arma, apenas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Essa questão é um pouco difícil para quem não conhece um pouco do assunto. Até o uso dos macetes não ajudariam muito. Se o candidato soubesse apenas a diferença de embargos INFRINGENTES e EMBARGOS DE NULIDADE, mataria fácil a questão, pois os embargos infringentes versam sobre o MÉRITO (jus puniendi) e os embargos de nulidade versam sobre VÍCIO PROCESSUAL. E na questão, o que fora alegado pelo advogado de defesa está voltado para o mérito, e não vício processual. Com isso, observando as alternativas, apenas a alternativa D não traz a expressão EMBARGOS DE NULIDADE. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 56 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 56 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Marcus, advogado, atua em duas causas distintas que correm perante a Vara Criminal da Comarca de Fortaleza. Na primeira ação penal, Renato figura como denunciado em ação penal por crime de natureza tributária, enquanto, na segunda ação, Hélio consta como denunciado por crime de peculato. Entendendo pela atipicidade da conduta de Renato, Marcus impetra habeas corpus, perante o Tribunal de Justiça, em busca do “trancamento” da ação penal. Já em favor de Hélio, impetra mandado de segurança, também perante o Tribunal de Justiça, sob o fundamento de que o magistrado de primeira instância, de maneira recorrente, não estava permitindo o acesso aos autos do processo. Na mesma data são julgados o habeas corpus e o mandado de segurança por Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará, sendo que a ordem de habeas corpus não foi concedida por maioria de votos, enquanto o mandado de segurança foi denegado por unanimidade. Intimado da decisão proferida no habeas corpus e no mandado de segurança, caberá a Marcus apresentar, em busca de combatê-las, A) Recurso Ordinário Constitucional, nos dois casos. B) Recurso em Sentido Estrito e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente. C) Embargos infringentes, nos dois casos. D) Embargos infringentes e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. O examinando deve ter atenção quanto ao CABIMENTO DO RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE. Só caberá Embargos Infringentes e de nulidade da decisão não unanime de tribunal de decisão que julgar: Recurso de Apelação; Recurso em Sentido Estrito, e Recurso de Agravo em Execução. Quanto a decisão não unanime que julgar HC e MS, caberá ROC (Recurso Ordinário Constitucional). Obs.: Não cabe Recurso de Embargos infringentes e de nulidade da decisão não unanime proferida pela turma recursal do JECRIM. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 57 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 57 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Gabriel, nascido em 31 de maio 1999, filho de Eliete, demonstrava sua irritação em razão do tratamento conferido por Jorge, namorado de sua mãe, para com esta. Insatisfeito, Jorge, no dia 1º de maio de 2017, profere injúria verbal contra Gabriel. Após a vítima contar para sua mãe sobre a ofensa sofrida, Eliete comparece, em 27 de maio de 2017, em sede policial e, na condição de representante do seu filho,renuncia ao direito de queixa. No dia 02 de agosto de 2017, porém, Gabriel, contra a vontade da mãe, procura auxílio de advogado, informando que tem interesse em ver Jorge responsabilizado criminalmente pela ofensa realizada. Diante da situação narrada, o(a) advogado(a) de Gabriel deverá esclarecer que A) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente, em razão da renúncia do representante legal do ofendido, sem prejuízo de indenização no âmbito cível. B) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, mas, para que o patrono assim atue, precisa de procuração com poderes especiais. C) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente em razão da decadência, tendo em vista que ultrapassados três meses desde o conhecimento da autoria. D) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, pois, de acordo com o Código de Processo Penal, ao representante legal é vedado renunciar ao direito de queixa. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. As ações penais públicas podem ser condicionadas ou incondicionadas. A questão trata das ações condicionadas à representação da vítima, que são aquelas que interferem de forma tão expressiva na vida íntima do indivíduo, que o Ministério Público deixa a cargo deste a decisão de ingressar com a ação. Entretanto, uma vez ingressada, o Ministério Público a assume incondicionalmente. No caso em estudo, à época dos fatos Gabriel era menor de idade e, portanto, precisaria ser representado para oferecer a queixa. Entretanto, teve o direito de queixa renunciado pela mãe, sua representante. Em momento posterior, quando já era maior de idade, resolve ir em frente com a representação, contratando advogado para tanto. Nesse caso, o advogado só poderá atuar se Gabriel lhe conceder poderes especiais para oferecer a queixa, indicando na procuração o nome de Gabriel e o fato criminoso, especificamente. É o que determina o art. 44 do Código de Processo Penal: Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Assim, a alternativa correta é a letra B. Analisemos as demais afirmações: a) INCORRETA. Ainda que Eliete tenha renunciado ao direito de queixa quando representava Gabriel, este poderá oferecê-la novamente ao completar 18 anos, desde que dentro do prazo decadencial de até 6 meses após o crime, contados da ciência da autoria. Diz o Parágrafo único do art. 50, CPP: Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. No mesmo sentido, diz a Súmula 594 do STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal. b) CORRETA. c) INCORRETA. O prazo decadencial é de 6 meses, os quais não terão expirado caso Gabriel ou seu advogado ofereçam a queixa em tempo. d) INCORRETA. A afirmação contraria o previsto no “caput” do art. 50 do CPP: Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 58 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 58 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Paulo, ofendido em crime contra o patrimônio, apesar de sua excelente condição financeira, veio a descobrir, após a identificação da autoria, que o autor dos fatos adquiriu, com os proventos da infração, determinado bem imóvel. Diante da descoberta, procurou você, na condição de advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis. Com base apenas nas informações expostas, a defesa técnica do ofendido deverá esclarecer ser cabível A) o sequestro, desde que após o oferecimento da denúncia, mas exige requerimento do Ministério Público ou decisão do magistrado de ofício. B) o arresto, ainda que antes do oferecimento da denúncia, mas a ação principal deverá ser proposta no prazo máximo de 30 dias, sob pena de levantamento. C) o sequestro, ainda que antes do oferecimento da denúncia, podendo a decisão judicial ser proferida a partir de requerimento do próprio ofendido. D) o arresto, que deve ser processado em autos em apartados, exigindo requerimento do Ministério Público ou decisão do magistrado de ofício. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS SEQUESTRO Conforme dispõe Norberto Avena (2018, Processo Penal) o sequestro trata-se de uma medida assecuratória regulada pelo Código de Processo Penal, devendo ser ingressada perante o juízo criminal, visando à indisponibilidade de bens móveis ou imóveis havidos pelo investigado ou pelo réu com o proveito extraído da infração penal (art. 125 do CPP). Exemplo: imóveis adquiridos pelo réu com valores provenientes do desvio de verbas públicas. Características: * bens determinados de origem ilícita. * Bens móveis ou imóveis (desde que tenham origem ilícita); * Tem como objetivo garantir o ressarcimento da vítima e impedir que o criminoso obtenha benefícios com a prática da infração. ARRESTO Conforme dispõe Norberto Avena (2018, Processo Penal) o arresto previsto no art. 137 do CPP é simétrico à hipoteca legal, referindo-se, porém, a bens móveis de origem lícita pertencentes ao réu. Em suma, os requisitos, como legitimidade, fases e procedimento, antes examinados em relação à hipoteca, têm inteira aplicação ao arresto. Características: * Bens indeterminados de origem lícita (aqueles bens que foram adquiridos de forma justa e licita * Bens móveis * Tem como objetivo garantir o ressarcimento da vítima HIPOTECA Conforme dispõe Norberto Avena (2018, Processo Penal) a hipoteca trata-se de direito real de garantia que incide sobre bens imóveis lícitos pertencentes ao réu (arts. 134 e 135 do CPP), não podendo atingir patrimônio registrado em nome de terceiro. Alerta-se que existe entendimento no sentido de que é possível a especialização do patrimônio do terceiro, se este for corresponsável civil, caso em que o procedimento servirá como preparatório ou incidental para o processo de conhecimento condenatório, uma vez que o terceiro responsável não é parte no processo penal. Características: * Bens indeterminados de origem lícita (aqueles bens que foram adquiridos de forma justa e lícita) * Bens imóveis * Tem como objetivo garantir o ressarcimento da vítima Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 59 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 59 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Flávio apresentou, por meio de advogado, queixa-crime em desfavor de Gabriel, vulgo “Russinho”, imputando-lhe a prática do crime de calúnia, pois Gabriel teria imputado falsamente a Flávio a prática de determinada contravenção penal. Na inicial acusatória, assinada exclusivamente pelo advogado, consta como querelado apenas o primeiro nome de Gabriel, o apelido pelo qual é conhecido, suas características físicas e seu local de trabalho, tendo em vista que Flávio e sua defesa técnica não identificaram a completa qualificação do suposto autor do fato. A peça inaugural não indicou rol de testemunhas, apenas acostando prova documental que confirmaria a existência do crime. Ademais, foi acostada ao procedimento a procuração de Flávio em favor de seu advogado, na qual consta apenas o nome completo de Flávio e seus dados qualificativos, além de poderes especiais para propor eventuais queixas-crime que se façam pertinentes. Após citação de Gabriel em seu local de trabalho para manifestação, considerando apenas as informaçõesexpostas, caberá à defesa técnica do querelado pleitear, sob o ponto de vista técnico, a rejeição da queixa- crime, A) sob o fundamento de que não poderia ter sido apresentada sem a completa qualificação do querelado, sendo insuficiente o fornecimento de características físicas marcantes, apelido e local de trabalho que poderiam identificá-lo. B) porque, apesar de fornecidos imprescindíveis poderes especiais, a síntese do fato criminoso não consta da procuração. C) porque a classificação do crime não foi adequada de acordo com os fatos narrados, e a tipificação realizada vincula a autoridade judicial. D) tendo em vista que não consta, da inicial, o rol de testemunhas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Conforme previsto no CPP, vejamos: Art. 44 Código de Processo penal A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 60 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 60 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Após receber denúncia anônima, por meio de disque denúncia, de grave crime de estupro com resultado morte que teria sido praticado por Lauro, 19 anos, na semana pretérita, a autoridade policial, de imediato, instaura inquérito policial para apurar a suposta prática delitiva. Lauro é chamado à Delegacia e apresenta sua identidade recém-obtida; em seguida, é realizada sua identificação criminal, com colheita de digitais e fotografias. Em que pese não ter sido encontrado o cadáver até aquele momento das investigações, a autoridade policial, para resguardar a prova, pretende colher material sanguíneo do indiciado Lauro para fins de futuro confronto, além de desejar realizar, com base nas declarações de uma testemunha presencial localizada, uma reprodução simulada dos fatos; no entanto, Lauro se recusa tanto a participar da reprodução simulada quanto a permitir a colheita de seu material sanguíneo. É, ainda, realizado o reconhecimento de Lauro por uma testemunha após ser-lhe mostrada a fotografia dele, sem que fossem colocadas imagens de outros indivíduos com características semelhantes. Ao ser informado sobre os fatos, na defesa do interesse de seu cliente, o(a) advogado(a) de Lauro, sob o ponto de vista técnico, deverá alegar que A) o inquérito policial não poderia ser instaurado, de imediato, com base em denúncia anônima isoladamente, sendo exigida a realização de diligências preliminares para confirmar as informações iniciais. B) o indiciado não poderá ser obrigado a fornecer seu material sanguíneo para a autoridade policial, ainda que seja possível constrangê-lo a participar da reprodução simulada dos fatos, independentemente de sua vontade. C) o vício do inquérito policial, no que tange ao reconhecimento de pessoa, invalida a ação penal como um todo, ainda que baseada em outros elementos informativos, e não somente no ato viciado. D) a autoridade policial, como regra, deverá identificar criminalmente o indiciado, ainda que civilmente identificado, por meio de processo datiloscópico, mas não poderia fazê-lo por fotografias. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. CPP Art. 5º - Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública PODERÁ, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. Tanto o STF quanto o STJ possuem o mesmo entendimento. A instauração do inquérito policial baseada tão somente em denúncia anônima não é possível, mas é possível que a autoridade policial faça diligências e, a partir delas, caso encontre algum elemento que justifique, poderá instaurar o inquérito policial. Vejamos os comentários por alternativa: A - CERTO. Para instaurar com base em denúncia anônima é necessário VPI (Verificação de procedência das informações) B - ERRADO. Princípio da vedação à autoacusação - nemo tenetur se detegere C - ERRADO. Em regra, vícios no IP não contaminam a AP. D - ERRADO. O civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo casos específicos. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 61 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 61 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase No âmbito de ação penal, foi proferida sentença condenatória em desfavor de Bernardo pela suposta prática de crime de uso de documento público falso, sendo aplicada pena privativa de liberdade de cinco anos. Durante toda a instrução, o réu foi assistido pela Defensoria Pública e respondeu ao processo em liberdade. Ocorre que Bernardo não foi localizado para ser intimado da sentença, tendo o oficial de justiça certificado que compareceu em todos os endereços identificados. Diante disso, foi publicado edital de intimação da sentença, com prazo de 90 dias. Bernardo, ao tomar conhecimento da intimação por edital 89 dias após sua publicação, descobre que a Defensoria se manteve inerte, razão pela qual procura, de imediato, um advogado para defender seus interesses, assegurando ser inocente. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) deverá esclarecer que A) houve preclusão do direito de recurso, tendo em vista que a Defensoria Pública se manteve inerte. B) foi ultrapassado o prazo recursal de cinco dias, mas poderá ser apresentada revisão criminal. C) é possível a apresentação de recurso de apelação, pois o prazo de cinco dias para interposição de apelação pelo acusado ainda não transcorreu. D) é possível apresentar medida para desconstituir a sentença publicada, tendo em vista não ser possível a intimação do réu sobre o teor de sentença condenatória por meio de edital. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A resposta está no art. 392, VI, §§ 1º e 2º c/c art. 593, I do CPP: Art. 392. A intimação da sentença será feita: VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça. § 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos. § 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo. Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 62 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 62 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Após ser instaurado inquérito policial para apurar a prática de um crime de lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor (Art. 303 da Lei nº 9.503/97 – pena: detenção de seis meses a dois anos), foi identificado que o autor dos fatos seria Carlos, que, em sua Folha de Antecedentes Criminais, possuía três anotações referentes a condenações, com trânsito em julgado, pela prática da mesma infração penal, todas aptas a configurar reincidência quando da prática do delito ora investigado. Encaminhados os autos ao Ministério Público, foi oferecida denúncia em face de Carlos pelo crime antes investigado; diante da reincidência específica dodenunciado civilmente identificado, foi requerida a decretação da prisão preventiva. Recebidos os autos, o juiz competente decretou a prisão preventiva, reiterando a reincidência de Carlos e destacando que essa circunstância faria com que todos os requisitos legais estivessem preenchidos. Ao ser intimado da decisão, o(a) advogado(a) de Carlos deverá requerer A) a liberdade provisória dele, ainda que com aplicação das medidas cautelares alternativas. B) o relaxamento da prisão dele, tendo em vista que a prisão, em que pese ser legal, é desnecessária. C) a revogação da prisão dele, tendo em vista que, em que pese ser legal, é desnecessária. D) o relaxamento da prisão dele, pois ela é ilegal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Para se decretar a prisão preventiva do imputado seria necessário estarem presentes os requisitos dos artigos 312 e 313. CPP. Em todas elas, é requisito de admissibilidade da prisão preventiva que a conduta imputada ao acusado constitua crime doloso. Não bastando a mera reincidência. Vejamos o que diz o artigo 313 do CPP: Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 63 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 63 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Cátia procura você, na condição de advogado(a), para que esclareça as consequências jurídicas que poderão advir do comportamento de seu filho, Marlon, pessoa primária e de bons antecedentes, que agrediu a ex-namorada ao encontrá-la em um restaurante com um colega de trabalho, causando-lhe lesão corporal de natureza leve. Na oportunidade, você, como advogado(a), deverá esclarecer que: A) o início da ação penal depende de representação da vítima, que terá o prazo de seis meses da descoberta da autoria para adotar as medidas cabíveis. B) no caso de condenação, em razão de ser Marlon primário e de bons antecedentes, poderá a pena privativa de liberdade ser substituída por restritiva de direitos. C) em razão de o agressor e a vítima não estarem mais namorando quando ocorreu o fato, não será aplicada a Lei nº 11.340/06, mas, ainda assim, não será possível a transação penal ou a suspensão condicional do processo. D) no caso de condenação, por ser Marlon primário e de bons antecedentes, mostra-se possível a aplicação do sursis da pena. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Consiste na suspensão da execução da pena por um período determinado, desde que o sujeito se disponha a cumprir determinados requisitos. Art.77, CP: o sursis comum é aplicado à execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, podendo ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: o condenado não seja reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Art.89 da Lei n.º 9.099/95 A suspensão condicional do processo é uma forma de solução alternativa para problemas penais, que busca evitar o início do processo em crimes cuja pena mínima não ultrapassa 1 ano. No caso de Marlon por ser primário e ter bons antecedentes ele pode sim recorrer ao sursis da pena. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 64 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 64 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Pablo e Leonardo foram condenados, em primeira instância, pela prática do crime de furto qualificado, à pena de 02 anos e 06 meses de reclusão e 12 dias-multa, por fatos que teriam ocorrido quando Pablo tinha 18 anos e Leonardo, 21 anos. A pena-base foi aumentada, não sendo reconhecidas atenuantes ou agravantes nem causas de aumento ou diminuição. Intimados da sentença, o promotor e o advogado de Leonardo não tiveram interesse em apresentar recurso, mas o advogado de Pablo apresentou recurso de apelação. Por ocasião do julgamento do recurso, entenderam os desembargadores por reconhecer que o crime restou tentado, bem como que deveria ser aplicada a atenuante da menoridade relativa a Pablo. Com base nas informações expostas, os efeitos da decisão do Tribunal A) não poderão ser estendidos a Leonardo, tendo em vista que houve trânsito em julgado da sua condenação. B) poderão ser integralmente estendidos a Leonardo, aplicando-se a atenuante e a causa de diminuição de pena da tentativa. C) poderão ser parcialmente estendidos a Leonardo, aplicando-se a causa de diminuição de pena da tentativa, mas não a atenuante. D) não poderão ser estendidos a Leonardo, pois, ainda que sem trânsito em julgado, em recurso exclusivo de Pablo não poderia haver reformatio in mellius para o corréu. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Questão resolvida a partir da análise da letra da lei, vejamos: Artigos 580, CPP e 65, CP, vejamos: Art. 580, CPP: no caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal aproveitará aos outros. Art. 65, CP: são circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; Portanto, tem esse benefício parcialmente por questões objetiva, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundada por motivos objetivos se aproveita para os demais corréus. Sendo a atenuante da menoridade relativa, um motivo exclusivamente pessoal de Pablo. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 65 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 65 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Um Delegado de Polícia, ao tomar conhecimento de um suposto crime de ação penal pública incondicionada, determina, de ofício, a instauração de inquérito policial. Após adotar diligência, verifica que, na realidade, a conduta investigada era atípica. O indiciado, então, pretende o arquivamento do inquérito e procura seu advogado para esclarecimentos, informando que deseja que o inquérito seja imediatamente arquivado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que a autoridade policial A) deverá arquivar imediatamente o inquérito, fazendo a decisão de arquivamento por atipicidade coisa julgada material. B) não poderá arquivar imediatamente o inquérito, mas deverá encaminhar relatóriofinal ao Poder Judiciário para arquivamento direto e imediato por parte do magistrado. C) deverá elaborar relatório final de inquérito e, após o arquivamento, poderá proceder a novos atos de investigação, independentemente da existência de provas novas. D) poderá elaborar relatório conclusivo, mas a promoção de arquivamento caberá ao Ministério Público, havendo coisa julgada em caso de homologação do arquivamento por atipicidade. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A autoridade Policial não poderá mandar arquivar autos do IP (art. 17 do CPP). O arquivamento do IP também não pode ser determinado de ofício pela autoridade judiciária. Incumbe, exclusivamente ao Ministério Público avaliar se os elementos de informação de que dispõe são (ou não) suficientes para o oferecimento da denúncia. De fato, o arquivamento poderá ser determinado pelo MP não só quanto ao Inquérito Policial, como também em relação a outras peças de informação a que tenha acesso o órgão do Ministério Público. O próprio art. 28, com redação dada pela lei 13.964-19 pacote anticrime) faz menção ao arquivamento do IP ou de qualquer elemento informativo. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 66 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 66 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Caio vinha sendo investigado pela prática de crime de organização criminosa. Durante os atos de investigação, agentes da Polícia Civil descobriram que ele realizaria ação no exercício da atividade criminosa da organização que deixaria clara a situação de flagrante e permitiria a obtenção de provas. Todavia, a investigação também indicava que nos dias seguintes outros atos do grupo criminoso seriam praticados por Caio, o que permitiria a identificação de outros envolvidos na organização. Diante disso, a autoridade policial determina diretamente e em sigilo que ocorra ação controlada, comunicando apenas ao Ministério Público, retardando a intervenção policial para que a medida se concretizasse de forma mais eficaz à formação da prova e obtenção de informações. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Caio poderá buscar a invalidade da chamada “ação controlada”, porque A) não foi deferido acesso aos autos, antes do encerramento da diligência, à defesa técnica, mas tão só ao Ministério Público e ao delegado. B) não é instrumento previsto na Lei de Organização Criminosa, diferente da infiltração de agentes, devidamente disciplinada no diploma legal. C) não houve prévia comunicação ao juiz competente, que nos termos da lei, poderia, inclusive, estabelecer os limites do ato. D) não poderia haver retardo na realização da prisão em flagrante, sob pena de não mais ser admitida medida cautelar restritiva de liberdade, apesar de ser possível o retardo na formação e obtenção das provas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A ação controlada consiste em retardar a intervenção policial, é um instituto aplicado a organização criminosa. A Ação controlada será precedida de comunicação ao juízo competente, a fim de que este estabeleça os limites do ato. Lei 12.850/13, art.8°, §1° Lei 12.850/13 Art. 8°, in verbis" Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações." §1° "O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público." Vejamos os comentários por alternativa: a) o advogado só tem direito a ter acesso aquilo já documentado. No caso em tela, a diligência estava em curso; b) tem sim artigo na lei de organização criminosa disciplinando tal "instituto"; c) CORRETA. O juiz tem que saber e autorizar tudo; d) há previsão legal para o retardamento da intervenção policial, de modo que não é correto afirmar que a prisão deixará de ser possível. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 67 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 67 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Maicon, na condução de veículo automotor, causou lesão corporal de natureza leve em Marta, desconhecida que dirigia outro automóvel, que inicialmente disse ter interesse em representar em face do autor dos fatos, diante da prática do crime do Art. 303, caput, do Código de Trânsito Brasileiro. Em audiência preliminar, com a presença de Maicon e Marta acompanhados por seus advogados e pelo Ministério Público, houve composição dos danos civis, reduzida a termo e homologada pelo juiz em sentença. No dia seguinte, Marta se arrepende, procura seu advogado e afirma não ter interesse na execução do acordo celebrado. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Marta deverá A) interpor recurso de apelação da sentença que homologou a composição dos danos civis. B) esclarecer que o acordo homologado acarretou renúncia ao direito de representação. C) interpor recurso em sentido estrito da sentença que homologou composição dos danos civis. D) esclarecer que, sendo crime de ação penal de natureza pública, não caberia composição dos danos civis, mas sim transação penal, de modo que a sentença é nula. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Trata-se de crime de lesão corporal culposa (art. 303 CTB); É ação penal pública condicionada à representação (art. 88, Lei 9.099/95); Houve a "composição dos danos civis", "reduzida a termo" e "homologada pelo juiz em sentença". Logo, "acarretou a renúncia ao direito de representação" (art. 74, Lei 9.099/95). Fundamentação legal: CTB: Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Lei 9.099/95: Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008) Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 68 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 68 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Maria recebe ligação de duas delegacias diferentes, informando a prisão em flagrante de seus dois filhos. Após contatar seu advogado, Maria foi informada de que Caio, seu filho mais velho, praticou, em Niterói, um crime de lesão corporal grave consumado, mas somente veio a ser preso no Rio de Janeiro. Soube, ainda, queBruno, seu filho mais novo, foi preso por praticar um crime de roubo simples (pena: 04 a 10 anos de reclusão e multa) em Niterói e um crime de extorsão majorada (pena: 04 a 10 anos de reclusão, aumentada de 1/3 a 1/2, e multa) em São Gonçalo, sendo certo que a prova do roubo influenciaria na prova da extorsão, já que o carro subtraído no roubo foi utilizado quando da prática do segundo delito. Considerando apenas as informações constantes do enunciado, o advogado de Maria deverá esclarecer que o(s) juízo(s) competente(s) para julgar Caio e Bruno será(ão), A) Niterói, nos dois casos, sendo que, entre os crimes de roubo e extorsão, há, de acordo com o Código de Processo Penal, continência. B) Niterói, nos dois casos, sendo que, entre os crimes de roubo e extorsão, há, de acordo com o Código de Processo Penal, conexão. C) Rio de Janeiro e São Gonçalo, respectivamente, sendo que, entre os crimes de roubo e extorsão, há, de acordo com o Código de Processo Penal, continência. D) Niterói e São Gonçalo, respectivamente, sendo que, entre os crimes de roubo e extorsão, há, de acordo com o Código de Processo Penal, conexão. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Caio: crime consumado em Niterói- aplica-se a teoria do resultado (art. 70, CPP-será julgado e processado no lugar da consumação da infração). Bruno: cometeu dois crimes que têm uma conexão instrumental, assim, deverão ser reunidos sob a regra do lugar onde foi consumado o crime mais grave (art. 78, II, a, CPP) -São Gonçalo. Para entender melhor: REGRAS DE CONEXÃO: Prevalência da competência do crime mais grave – Exemplo 01; Prevalência de maior número de infrações, quando estivermos em crimes de mesma gravidade – Exemplo 02; Prevalência da prevenção, se a gravidade e número de crimes forem iguais – Exemplo 03; Prevalência da jurisdição especial sobre a comum – Exemplo 04. Exemplo 01: Roubo em São Paulo e venda da res em Santos – será julgado em São Paulo (crime roubo mais grave) – Santos (receptação crime menos grave). Exemplo 02: Prática de 02 Roubos em Porto Alegre e 01 roubo em Santa Maria – será julgado em Porto Alegre, por maior número de infrações. Exemplo 03: Se o agente praticar 01 roubo em Curitiba e 01 roubo em Florianópolis, o juiz que se tornar prevento primeiro será competente. Exemplo 04: Se o crime for cometido por militar será competência da jurisdição militar. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 69 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 69 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Durante as investigações de um crime de associação criminosa (Art. 288 do CP), a autoridade policial representa pela decretação da prisão temporária do indiciado Jorge, tendo em vista que a medida seria imprescindível para a continuidade das investigações. Os autos são encaminhados ao Ministério Público, que se manifesta favoravelmente à representação da autoridade policial, mas deixa de requerer expressamente, por conta própria, a decretação da prisão temporária. Por sua vez, o magistrado, ao receber o procedimento, decretou a prisão temporária pelo prazo de 10 dias, ressaltando que a lei admite a prorrogação do prazo de 05 dias por igual período. Fez o magistrado constar, ainda, que Jorge não poderia permanecer acautelado junto com outros detentos que estavam presos em razão de preventivas decretadas. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Jorge, ao ser constituído, deverá alegar que A) o prazo fixado para a prisão temporária de Jorge é ilegal. B) a decisão do magistrado de determinar que Jorge ficasse separado dos demais detentos é ilegal. C) a prisão temporária decretada é ilegal, tendo em vista que a associação criminosa não está prevista no rol dos crimes hediondos e nem naquele que admite a decretação dessa espécie de prisão. D) a decretação da prisão foi ilegal, pelo fato de ter sido decretada de ofício, já que não houve requerimento do Ministério Público. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A prisão temporária será decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, ou mediante representação da autoridade policial. Neste último caso, o juiz, antes de decidir, deverá ouvir o Ministério Público, o que bem se coaduna com o sistema acusatório vigente. O prazo da prisão temporária é de 5 (cinco) dias, prorrogáveis por igual período, e, no caso de crimes hediondos ou equiparados, de 30 (trinta) dias, prorrogáveis também por igual período. Só é permitida uma única prorrogação, que depende de decisão judicial igualmente fundamentada. É prisão a termo, ou seja, dispensa-se o alvará de soltura. Findo o prazo, o preso será colocado imediatamente em liberdade. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 70 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 70 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Matheus, imputando-lhe a prática de um crime de estelionato. Na cota da denúncia, o Promotor de Justiça solicitou a realização de exame grafotécnico para comparar as assinaturas constantes da documentação falsa, utilizada como instrumento da prática do estelionato, com as de Matheus. Após ser citado, Matheus procura seu advogado e esclarece, em sigilo, que realmente foi autor do crime de estelionato. Considerando as informações narradas, sob o ponto de vista técnico, o advogado deverá esclarecer que Matheus A) deverá realizar o exame grafotécnico, segundo as determinações que lhe forem realizadas, já que prevalece no Processo Penal o Princípio da Verdade Real. B) poderá se recusar a realizar o exame grafotécnico até o momento de seu interrogatório, ocasião em que deverá fornecer padrão para o exame grafotécnico, ainda que com assinaturas diferentes daquelas tradicionalmente utilizadas por ele. C) deverá realizar o exame grafotécnico, tendo em vista que, no recebimento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societatis. D) poderá se recusar a realizar o exame grafotécnico durante todo o processo, e essa omissão não pode ser interpretada como confissão dos fatos narrados na denúncia. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A resposta está respaldada no princípio da presunção da não culpabilidade, artigo 5º, LVII da CF. Também no Pacto de São José da Costa Rica (CADH) que prevê art. 8º, número 2, alínea, g: “que toda a pessoa tem direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem declarar-se culpada”. Deve-se obedecer a regra do Nemo tenetur se detegere. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 71 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 71 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Zeca e Juca foram denunciados pela prática de crime de sequestro, figurando como vítima Vanda. Por ocasião do interrogatório, Zeca nega a autoria delitiva e diz que nem conhece Juca; já Juca alega que conhece Zeca e que somente este seria o autor do fato, declarando-se inocente. Após a instrução, o juiz profere sentença absolvendo os denunciados. No dia da publicação da sentença, Vanda e Juca procuram seus respectivos advogados e reiteram a certeza quanto à autoria delitiva de Zeca e ao interesse em intervir no processo como assistentes de acusação. Considerando apenas as informações narradas, assinale a afirmativa correta. A) O advogado de Juca poderá requerer a intervenção de seu cliente como assistente de acusação, devendo, porém, o Ministério Público ser ouvido previamente sobre a admissão do assistente. B) Os advogados de Juca e Vanda não poderão requerer a intervençãode seus clientes como assistentes de acusação, tendo em vista que já foi proferida sentença. C) O advogado de Vanda poderá requerer a intervenção de sua cliente como assistente de acusação, mas não poderá solicitar a realização de nova audiência para elaborar as perguntas que entender pertinentes. D) O advogado de Vanda poderá requerer a intervenção de sua cliente como assistente de acusação, e do despacho que admitir ou não o assistente caberá recurso em sentido estrito. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Como se sabe, o autor da ação penal pública é o Ministério Público. Contudo, o ofendido (vítima) do crime poderá pedir para intervir no processo penal a fim de auxiliar o Ministério Público. A essa figura, dá-se o nome de “assistente da acusação”. O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público. Observa-se que a questão também exigiu a observância do artigo 269 do CPP que prevê: “O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar”. Já houve a instrução criminal, assim, não poderá ser solicitada à realização de nova audiência para elaboração de perguntas que entender pertinentes. Vejamos os comentários por alternativa: a) FALSA Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público. b) FALSA Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar. c) VERDADEIRO Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar. Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público. d) FALSO Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 72 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 72 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Bruna compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima de um crime de ameaça, delito este de ação penal pública condicionada à representação, que teria sido praticado por seu marido Rui, em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher. Disse, ainda, ter interesse que seu marido fosse responsabilizado criminalmente por seu comportamento. O procedimento foi encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de Rui pela prática do crime de ameaça (Art. 147 do Código Penal, nos termos da Lei nº 11.340/06). Bruna, porém, comparece à Delegacia, antes do recebimento da denúncia, e afirma não mais ter interesse na responsabilização penal de seu marido, com quem continua convivendo. Posteriormente, Bruna e Rui procuram o advogado da família e informam sobre o novo comparecimento de Bruna à Delegacia. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que A) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é irrelevante e não poderá ser buscada proposta de suspensão condicional do processo. B) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é válida e suficiente para impedir o recebimento da denúncia. C) não cabe retratação do direito de representação após o oferecimento da denúncia; logo, a retratação foi inválida. D) não cabe retratação do direito de representação nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher, e nem poderá ser buscada proposta de transação penal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A retratação só poderia ser feita no judiciário, porque a justiça já recebeu a denúncia. E quanto a ação ser de representação condicionada é porque o crime é de ameaça. Se fosse de lesão corporal seria de ação incondicional do processo. Essa questão trata da Lei 11.340/95 lei Maria da Penha. Portanto não cabe suspenção condicional do processo pois esse é um instituto do JRCRIM lei 9.99/95. Vejamos o que diz a lei: Art. 16. da Lei 11.340/06 Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 73 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 73 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Luiz foi condenado, em primeira instância, pela prática de crime de homicídio qualificado em razão de recurso que dificultou a defesa da vítima. Durante seu interrogatório em Plenário, Luiz confessou a prática delitiva, mas disse que não houve recurso que dificultou a defesa da vítima, tendo em vista que ele estava discutindo com ela quando da ação delitiva. Insatisfeito com o reconhecimento da qualificadora pelos jurados, já que, diferentemente do que ocorreu em relação à autoria, não haveria qualquer prova em relação àquela, o advogado apresentou, de imediato, recurso de apelação. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Luiz deverá buscar, em sede de recurso, A) o reconhecimento de nulidade, com consequente realização de nova sessão de julgamento. B) o reconhecimento de que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos em relação à qualificadora, com consequente realização de nova sessão de julgamento. C) o afastamento da qualificadora pelo Tribunal de 2ª instância, com imediata readequação, pelo órgão, da pena aplicada pelo juízo do Tribunal do Júri. D) o afastamento da qualificadora pelo Tribunal de 2ª instância, com baixa dos autos, para que o juízo do Tribunal do Júri aplique nova pena. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Fundamentação no art. 593, inciso III, alínea “d” c/c art. 593, § 3º, ambos do Código de Processo Penal, vejamos: Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) [...] III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) [...] d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) [...] § 3o Se a apelação se fundar no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Vejamos os comentários por alternativa: A) Errada. O examinador quer saber se o examinando tem ciência do teor do artigo 593, inciso iii, alínea d do CPP. Apesar de concordar que houve nulidade e a alternativa A seria correta também, a alternativa B é a que melhor se encaixa na situação porque o enunciado da questão diz "... diferentemente do que ocorreu em relação à autoria, não haveria qualquer prova em relação àquela..." Isso dá a entender que o veredicto do Júri é manifestamente contrário aos autos . B) Correta conforme dito acima. C) "...com imediata readequação, pelo órgão, da pena aplicada ..." o orgão a que se refere a alternativa é o Tribunal de Justiça. Não é o Tribunal de Justiça que vai readequar a pena e sim o Júri mediante novo julgamento. Por isso a C está errada. D) Quem deve afastar a qualificadora é o júri mediante novo julgamento. O Tribunal vai mandar que o Júri faça novo julgamento e é o júri que vai determinar se afasta ou não a qualificadora. Por isso errada. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 74 Questõescomentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 74 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase No dia 15 de maio de 2017, Caio, pai de um adolescente de 14 anos, conduzia um veículo automotor, em via pública, às 14h, quando foi solicitada sua parada em uma blitz. Após consultar a placa do automóvel, os policiais constataram que o veículo era produto de crime de roubo ocorrido no dia 13 de maio de 2017, às 09h. Diante da suposta prática do crime de receptação, realizaram a prisão e encaminharam Caio para a Delegacia. Em sede policial, a vítima do crime de roubo foi convidada a comparecer e, em observância a todas as formalidades legais, reconheceu Caio como o autor do crime que sofrera. A autoridade policial lavrou auto de prisão em flagrante pelo crime de roubo em detrimento de receptação. O Ministério Público, em audiência de custódia, manifesta-se pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, valorizando o fato de Caio ser reincidente, conforme confirmação constante de sua Folha de Antecedentes Criminais. Quando de sua manifestação, o advogado de Caio, sob o ponto de vista técnico, deverá requerer A) liberdade provisória, pois, apesar da prisão em flagrante ser legal, não estão presentes os pressupostos para prisão preventiva. B) relaxamento da prisão, em razão da ausência de situação de flagrante. C) revogação da prisão preventiva, pois a prisão em flagrante pelo crime de roubo foi ilegal. D) substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar, pois Caio é responsável pelos cuidados de adolescente de 14 anos. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A prisão em flagrante de Caio foi ilegal, uma vez que apesar de ele ter sido encontrado com o objeto do crime (carro), fazendo o candidato acreditar na possibilidade do flagrante presumido, contudo já havia passado mais de 48 horas. Assim, apesar, de não existirem os requisitos previstos no art. 312 do CPP referente a prisão preventiva, o flagrante era ilegal. O estado de flagrância pode variar conforme a modalidade constatada e, poderá ultrapassar dias no flagrante IMPRÓPRIO, não sendo, portanto, possível fixar um lapso temporal máximo de sua duração. Mas questão demonstrou que a prisão em flagrante era PRESUMIDO e ocorrera 02 (dois) dias depois da prática da infração; A autoria é presumida porque o agente está trazendo consigo instrumentos, armas, objetos ou papéis relacionados com o delito. Por isso, a descoberta e a prisão do agente devem ocorrer dentro de parâmetros de tempo razoáveis. Se o lapso de tempo decorrido da prática do crime for de horas, então não há mais flagrante. Foi uma questão que tentou induzir o candidato a confusão, pois a prisão em flagrante era ilegal e não existiam os requisitos da prisão preventiva. Fazendo com que o examinando ficasse na dúvida entre a liberdade provisória e o relaxamento da prisão em flagrante. Contudo, como deve ser analisado primeiro a legalidade do flagrante, alternativa correta é o relaxamento do flagrante. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 75 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 75 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Vinícius, sócio de um grande escritório de advocacia, especializado na área criminal, recebeu, no dia 02 de outubro de 2017, duas intimações de decisões referentes a dois clientes diferentes. A primeira intimação tratava de decisão proferida pela 1ª Câmara Criminal de determinado Tribunal de Justiça denegando a ordem de habeas corpus que havia sido apresentada perante o órgão em favor de Gilmar (após negativa em primeira instância), que responde preso a ação pela suposta prática de crime de roubo. A segunda intimação foi de decisão proferida pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal de Fortaleza, também denegando ordem de habeas corpus, mas, dessa vez, a medida havia sido apresentada em favor de Rubens, que figura como indiciado em inquérito que investiga a suposta prática do crime de tráfico de drogas. Diante das intimações realizadas, insatisfeito com as decisões proferidas, Vinícius, para combater as decisões prejudiciais a Gilmar e Rubens, deverá apresentar A) Recurso Ordinário Constitucional e Recurso em Sentido Estrito, respectivamente. B) Recurso em Sentido Estrito, nos dois casos. C) Recurso Ordinário Constitucional, nos dois casos. D) Recurso Especial e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Contra decisão de tribunal/órgão colegiado não cabe recurso em sentido estrito e não cabe apelação (RESE só cabe quando o a decisão é proferida por juiz de 1º instância). Ponto chave: havendo denegação da ordem de HC ou da segurança em sede de 2º instância, não interessando se foi de forma unânime ou não, o recurso cabível é o ROC (recurso ordinário constitucional). Fundamentação legal: Constituição Federal. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; Quanto ao Recurso em Sentido Estrito: Código de Processo Penal. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 76 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 76 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Durante instrução probatória em que se imputava a João a prática de um crime de peculato, foram intimados para depor, em audiência de instrução e julgamento, os policiais civis que participaram das investigações, a ex esposa de João, que tinha conhecimento dos fatos, e o padre para o qual João contava o que considerava seus pecados, inclusive sobre os desvios de dinheiro público. Preocupados, todos os intimados para depoimento foram à audiência, acompanhados de seus advogados, demonstrando interesse em não prestar declarações. Considerando apenas as informações narradas, assinale a afirmativa correta. A) Apenas o advogado da ex esposa de João poderá requerer que sua cliente seja eximida do dever de depor, devendo os demais prestar declarações. B) Todos os advogados poderão requerer que seus clientes sejam eximidos do dever de depor. C) Apenas o advogado do padre poderá buscar que ele não preste declarações, já que proibido, por ofício, de depor, devendo os demais prestar declarações. D) Apenas os advogados da ex esposa de João e do padre poderão requerer que seus clientes não sejam ouvidos na condição de testemunhas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Fundamentação legal: Art. 206, CPP. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Art. 207, CPP. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. RESUMÃO DE TESTEMUNHAS PROCESSO PENAL REGRA: NÃO SE pode negar a depor salvo: Exceção: O ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado( ALERTA PEGADINHA) o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 206 PROIBIÇÃO DE DEPOR: As pessoas que,em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. OUTRAS DISPOSIÇÕES: SISTEMA CROSS EXAMINATION Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Diferente do ocorre por exemplo no processo do trabalho, em que vigora o princípio da imediatidade. Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos. Semelhante aqui ao processo civil. ACAREAÇÃO - MECANISMO UTILIZADO QUANDO HOUVER CONTRADIÇÃO ENTRE PONTOS RELEVANTES PELA TESTEMUNHA Que não se confunde com contradita. CONTRADITA - INSTITUTO QUE SERVE PARA QUESTIONAR A PARCIALIDADE DE DETERMINADA TESTEMUNHA Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 77 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 77 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Tiago, funcionário público, foi vítima de crime de difamação em razão de suas funções. Após Tiago narrar os fatos em sede policial e demonstrar interesse em ver o autor do fato responsabilizado, é instaurado inquérito policial para investigar a notícia de crime. Quando da elaboração do relatório conclusivo, a autoridade policial conclui pela prática delitiva da difamação, majorada por ser contra funcionário público em razão de suas funções, bem como identifica João como autor do delito. Tiago, então, procura seu advogado e informa a este as conclusões 1 (um) mês após os fatos. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tiago, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deverá esclarecer que A) caberá ao Ministério Público oferecer denúncia em face de João após representação do ofendido, mas Tiago não poderá optar por oferecer queixa-crime. B) caberá a Tiago, assistido por seu advogado, oferecer queixa-crime, não podendo o ofendido optar por oferecer representação para o Ministério Público apresentar denúncia. C) Tiago poderá optar por oferecer queixa-crime, assistido por advogado, ou oferecer representação ao Ministério Público, para que seja analisada a possibilidade de oferecimento de denúncia. D) caberá ao Ministério Público oferecer denúncia, independentemente de representação do ofendido. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Nos crimes contra a honra, a regra é perseguir a pena mediante ação penal privada da vítima ou de seu representante legal. Entretanto, será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido contra funcionário público, no exercício das suas funções (art.141,II, CP) e condicionada à requisição do Ministro da Justiça no caso do n. I do art 141(contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro). Vejamos a súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Tal enunciado, no entanto, trará consequências extras, pois, se a opção for pelo oferecimento de queixa- crime, caberá a incidência de algumas causas extintivas da punibilidade (perdão do ofendido, retratação etc.), até então incompatíveis com os princípios informadores da ação penal pública. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 78 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 78 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Na cidade de Angra dos Reis, Sérgio encontra um documento adulterado (logo, falso), que, originariamente, fora expedido por órgão estadual. Valendo-se de tal documento, comparece a uma agência da Caixa Econômica Federal localizada na cidade do Rio de Janeiro e apresenta o documento falso ao gerente do estabelecimento. Desconfiando da veracidade da documentação, o gerente do estabelecimento bancário chama a Polícia, e Sérgio é preso em flagrante, sendo denunciado pela prática do crime de uso de documento falso (Art. 304 do Código Penal) perante uma das Varas Criminais da Justiça Estadual da cidade do Rio de Janeiro. Considerando as informações narradas, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o advogado de Sérgio deverá A) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial. B) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a cidade do Rio de Janeiro para definir o critério territorial. C) alegar a incompetência, pois, apesar de a Justiça Estadual ser competente, deverá ser considerada a cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial. D) reconhecer a competência do juízo perante o qual foi apresentada a denúncia. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. O uso de documento falso apresentado a Caixa Econômica Federal caracteriza crime de competência da Justiça Federal que se consumou no momento da apresentação do documento, portanto, na agência no Rio de Janeiro. Súmula 546, STJ: “A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.". Vejamos os comentários por alternativa: a - Errada - A Justiça Federal será competente, mas a ação penal deverá ser ajuizada em uma das varas da cidade do Rio de Janeiro. b - Certa - A Justiça Federal é competente, já que o crime em questão (uso de documento falso) foi cometido em entidade federal e na cidade do RJ, portanto, deve ser ajuizada em uma vara desta cidade. c - Errada - Como o documento falso foi apresentado na CEF, a Justiça Estadual não é competente, bem como o foro de Angra dos Reis não é competente para o ajuizamento da ação penal. d - Errada - Vide primeira parte do item "c". Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 79 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 79 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase João foi denunciado pela prática do crime de furto qualificado previsto no Art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal. Em primeira instância, João foi absolvido. Em sede de recurso de apelação apresentado pelo Ministério Público, houve provimento parcial do recurso, sendo o agente condenado de maneira unânime. Apesar da unanimidade na condenação, o reconhecimento da qualificadora restou afastado por maioria de votos. Ademais, um dos desembargadores ainda votou pelo reconhecimento do privilégio do Art. 155, § 2º, do CP, mas restou isolado e vencido. Insatisfeito com a condenação pelo furto simples, o Ministério Público apresenta embargos infringentes em busca do reconhecimento da qualificadora. Considerando apenas as informações narradas, é correto afirmar que o advogado de João, sob o ponto de vista técnico, deverá defender A) o não conhecimento dos embargos infringentes apresentados pelo Ministério Público e apresentar recurso de embargos infringentes em busca da absolvição de João. B) o conhecimento e não provimento dos embargos infringentes apresentados pelo Ministério Público e apresentar embargos infringentes em busca do reconhecimento do privilégio. C) o não conhecimento dos embargos infringentes apresentados pelo Ministério Público e apresentar embargos infringentes em busca do reconhecimento doprivilégio. D) o conhecimento e não provimento dos embargos do Ministério Público e não poderá apresentar recurso de embargos infringentes. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Fundamentação legal, artigo 609 do CPP, vejamos: Art. 609 do CPP. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de organização judiciária. Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência. Portanto, a decisão de não reconhecer a qualificadora, apesar de não unânime, foi favorável ao réu. Não sendo cabível Embargos Infringentes e portanto, não devendo ser conhecido o recurso do Ministério Público. Deste modo, a decisão de não reconhecimento de privilégio foi desfavorável ao réu e não unânime, portanto, cabe Embargos Infringentes por parte da defesa. OS EMBARGOS INFRINGENTES: Segundo Tourinho Filho (2013) os embargos infringentes são oponíveis contra a decisão não unânime de segunda instância e desfavorável ao réu. Visam a modificação do feito. OS EMBARGOS DE NULIDADES: Segundo Tourinho Filho (2013) os embargos de nulidades são oponíveis contra a decisão de segunda instância não unânime e desfavorável ao réu, entretanto, a divergência é sobre matéria estritamente processual, capaz de tornar inválido o processo. Porta Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 80 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 80 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Lívia, insatisfeita com o fim do relacionamento amoroso com Pedro, vai até a casa deste na companhia da amiga Carla e ambas começam a quebrar todos os porta-retratos da residência nos quais estavam expostas fotos da nova namorada de Pedro. Quando descobre os fatos, Pedro procura um advogado, que esclarece a natureza privada da ação criminal pela prática do crime de dano. Diante disso, Pedro opta por propor queixa-crime em face de Carla pela prática do crime de dano (Art. 163, caput, do Código Penal), já que nunca mantiveram boa relação e ele tinha conhecimento de que ela era reincidente, mas, quanto a Lívia, liga para ela e diz que nada fará, pedindo, apenas, que o fato não se repita. Apesar da decisão de Pedro, Lívia fica preocupada quanto à possibilidade de ele mudar de opinião, razão pela qual contrata um advogado junto com Carla para consultoria jurídica. Considerando apenas as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que ocorreu A) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime não deve ser recebida em relação a Carla. B) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla. C) perempção em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla. D) perdão do ofendido em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Estamos diante do princípio da indivisibilidade consistente na necessidade de representação a todos os autores do crime. Sob o ponto de vista técnico da questão e alicerçada no artigo 49 do CPP, a renúncia de Pedro em relação à Lívia se estenderá a Carla, de modo que, não poderá apenas “perdoar” sua ex. É o teor do artigo 49, CPP: Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Vejamos os comentários por alternativa: A) CORRETA - A renúncia pode ser expressa ou tácita. Poderá ser formalizada por meio de procurador com poderes especiais (art. 50 do CPP). Se for dirigida a um dos autores, deverá ser estendida a todos, em virtude do princípio da indivisibilidade (art., 49, CPP): A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Dessa forma, a queixa-crime não deve ser recebida em relação a Carla. (B - INCORRETA) C) INCORRETA - Não está em conformidade com as possibilidades previstas no art., 60 do CPP. D) INCORRETA - O perdão do ofendido, é o "perdão" depois que o processo é instaurado. De acordo com as possibilidades do art. 106, do código penal. Não é o caso da questão. Porém, mesmo se fosse, a alternativa estaria incorreta, pois prevê no art. citado: O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos se aproveita; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 81 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 81 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Paulo foi preso em flagrante pela prática do crime de corrupção, sendo encaminhado para a Delegacia. Ao tomar conhecimento dos fatos, a mãe de Paulo entra, de imediato, em contato com o advogado, solicitando esclarecimentos e pedindo auxílio para seu filho. De acordo com a situação apresentada, com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, deverá o advogado esclarecer que A) diante do caráter inquisivo do inquérito policial, Paulo não poderá ser assistido pelo advogado na delegacia. B) a presença da defesa técnica, quando da lavratura do auto de prisão em flagrante, é sempre imprescindível, de modo que, caso não esteja presente, todo o procedimento será considerado nulo. C) decretado o sigilo do procedimento, o advogado não poderá ter acesso aos elementos informativos nele constantes, ainda que já documentados no procedimento. D) a Paulo deve ser garantida, na delegacia, a possibilidade de assistência de advogado, de modo que existe uma faculdade na contratação de seus serviços para acompanhamento do procedimento em sede policial. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A Paulo deve ser garantida a possibilidade de estar acompanhado por advogado, de modo que a contratação é facultativa, ou seja, é um direito seu estar acompanhado por advogado, mas Paulo não é obrigado a contar com um. Caso não tenha interesse em estar acompanhado por advogado, a realização do ato é perfeitamente válida, não havendo qualquer ilegalidade. Por fim, a decretação do sigilo não pode impedir o advogado eventualmente contratado de ter acesso aos autos do IP, no que tange aos elementos de prova já documentados nos autos (súmula vinculante 14). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 82 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 82 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Douglas responde a ação penal, na condição de preso cautelar, pela prática do crime de furto qualificado, sendo ele triplamente reincidente específico. No curso do processo, foi constatado por peritos que Douglas seria semi-imputável e que haveria risco de reiteração. O magistrado em atuação, de ofício, revoga a prisão preventiva de Douglas, entendendo que não persistem os motivos que justificaram essa medida mais grave, aplicando, porém, a medida cautelar de internação provisória, com base no Art. 319 do Código de Processo Penal. Diante da situação narrada, o advogado de Douglas poderá requerer o afastamento da cautelar aplicada, em razão A) da não previsão legal da cautelar de internação provisória, sendo certo que tais medidas estão sujeitas ao princípio da taxatividade. B) de somente ser cabível a cautelar quando os peritos concluírem pela inimputabilidade, mas não pela semi- imputabilidade. C) de o crime imputadonão ter sido praticado com violência ou grave ameaça à pessoa. D) de não ser cabível, na hipótese, a aplicação de medida cautelar de ofício, sem requerimento pretérito do Ministério Público. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. O advogado do réu, neste caso, deve sustentar não ser cabível tal medida, pois o crime imputado (furto qualificado) não foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, na forma do art. 319, VII do CPP, o que é um dos pressupostos para a decretação de tal medida. Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 83 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 83 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase No dia 31 de dezembro de 2015, Leandro encontra, em uma boate, Luciana, com quem mantivera uma relação íntima de afeto, na companhia de duas amigas, Carla e Regina. Já alterado em razão da ingestão de bebida alcoólica, Leandro, com ciúmes de Luciana, inicia com esta uma discussão e desfere socos em sua face. Carla e Regina vêm em defesa da amiga, mas, descontrolado, Leandro também agride as amigas, causando lesões corporais leves nas três. Diante da confusão, Leandro e Luciana são encaminhados a uma delegacia, enquanto as demais vítimas decidem ir para suas casas. Após exame de corpo de delito confirmando as lesões leves, Luciana é ouvida e afirma expressamente que não tem interesse em ver Leandro responsabilizado criminalmente. Em relação às demais lesadas, não tiveram interesse em ser ouvidas em momento algum das investigações, mas as testemunhas confirmaram as agressões. Diante disso, o Ministério Público, em 05 de julho de 2016, oferece denúncia em face de Leandro, imputando-lhe a prática de três crimes de lesão corporal leve. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Leandro A) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação a nenhum dos três crimes. B) poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime praticado contra Luciana, mas não quanto aos delitos praticados contra Carla e Regina. C) poderá buscar a rejeição da denúncia em relação aos três crimes. D) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime praticado contra Luciana, mas poderá pleitear a imediata rejeição quanto aos delitos praticados contra Carla e Regina. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Em determinadas situações, o MP somente pode oferecer Denúncia mediante prévia representação da vítima, é a chamada ação penal pública condicionada à representação. Nesses delitos, a representação é uma condição de procedibilidade. Neste sentido, diante da ausência de representação das amigas Carla e Regina, é incabível que o MP ofereça a denúncia, ainda que tenha elementos informativos suficientes sobre a autoria e a materialidade do crime. Se o represente do Parquet ignora o fato de não haver representação do ofendido, impõe-se o reconhecimento da nulidade do processo desde o seu início. Evidentemente, a existência de representação não obriga o Ministério Público a promover a denúncia, devendo analisar se há justa causa para tanto. Noutro giro, quanto à Luciana, tendo em vista que a questão fala em "relação íntima de afeto", aplica-se o art. 5º, III, da Lei nº 11.340/06 (ação penal pública incondicionada), a qual dispõe: Art. 5º. para os efeitos desta lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (...) III- em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 84 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 84 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Vitor, corretor de imóveis, está sendo investigado em inquérito policial. Considerando que o delegado vem atuando com abuso e colocando em risco a liberdade de Vitor, o advogado do investigado apresenta habeas corpus perante o órgão competente. Quando da análise do habeas corpus, a autoridade competente entende por denegar a ordem. Considerando as informações narradas, o advogado de Vitor poderá recorrer da decisão que denegou a ordem por meio de A) recurso em sentido estrito, tendo em vista que o Tribunal de Justiça foi o órgão competente para análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado. B) recurso em sentido estrito, tendo em vista que o juiz de primeiro grau era competente para a análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado. C) recurso ordinário constitucional, tendo em vista que o Tribunal de Justiça foi o órgão competente para análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado. D) recurso ordinário constitucional, tendo em vista que o juiz de primeiro grau era competente para a análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Fundamentação legal: Art. 581, CPP Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: .... X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; Este recurso, em regra, somente será cabível nas hipóteses em que a lei expressamente determinar. Aplica- se o princípio da taxatividade nos recursos. Serve para impugnar de decisões que atentem ou rejeitam a pretensão postulada. RESE: Primeiro grau RO: Segundo grau Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 85 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 85 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Mateus foi denunciado pela prática de um crime de homicídio qualificado, sendo narrado na denúncia que a motivação do crime seria guerra entre facções do tráfico. Cinco dias antes do julgamento em plenário, o Ministério Público junta ao processo a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, conforme requerido quando da manifestação em diligências, em que, de fato, constavam anotações referentes a processos pela prática do crime da Lei de Drogas. Apenas três dias úteis antes do julgamento, a defesa de Mateus vem a tomar conhecimento da juntada da FAC. No dia do julgamento, após a manifestação oral da defesa em plenário, indagado pelo juiz presidente sobre o interesse em se manifestar em réplica, o promotor de justiça afirma negativamente, reiterando aos jurados que as provas estão muito claras e que o réu deve ser condenado, não havendo necessidade de maiores explanações. Posteriormente, o juiz presidente nega à defesa o direito de tréplica. Mateus é condenado. Diante da situação narrada, o(a) advogado(a) de Mateus, em sede de apelação, deverá busca A) a nulidade do julgamento, pois foi juntada documentação sem a antecedência necessária exigida pela lei. B) o afastamento da qualificadora pelo Tribunal, pois foi juntada documentação que influenciou seu reconhecimento sem a antecedência necessária exigida pela lei. C) a nulidade do julgamento, pois o direito de tréplica da defesa independe da réplica do Ministério Público. D) a nulidade do julgamento, pois houve réplica por parte do Ministério Público, de modo que deveria ser deferido à defesa o direito de tréplica. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Neste caso não houve nulidadecom relação à juntada do documento, pois respeitou o prazo mínimo de 03 dias úteis, nos termos do art. 479 do CPP. Todavia, houve nulidade do julgamento em relação à ausência de tréplica para a defesa. Isso porque houve réplica pelo MP, já que a Doutrina entende que se o MP pretende não falar em réplica, deve limitar-se a dizer que não fará uso da palavra. Quando o MP vai além e tece qualquer consideração sobre o caso, como aconteceu na hipótese, na prática, já está fazendo uso da palavra, ou seja, considera-se que falou em réplica, motivo pelo qual deve ser dada oportunidade de tréplica à defesa. Vejamos os comentários por alternativa: A – NULIDADE POR JUNTADA DE DOCUMENTO FORA DO PRAZO. ERRADA Em regra geral, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo 231 CPP. Entretanto no procedimento especial do Júri cabe uma exceção, só será permitida a juntada de documentos com no mínimo 3 (três) dias úteis de antecedência 479 CPP, o que coadunou com o caso, não ensejando assim nenhuma nulidade. B – AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA, POR JUNTADA DE DOCUMENTO FORA DO PRAZO. ERRADA. Mais uma vez cumpre mencionar que o prazo foi respeito, conforme letra A, não gerando assim nenhuma nulidade. C – O DIREITO DA TREPLICA INDEPENDETE DA REPLICA. ERRADA. O direito a Treplica só ocorrerá se tiver a Réplica. 476 CPP D – NULIDADE, POIS HOUVE REPLICA E FOI INDEFERIDO O DIREITO A TRÉPLICA. CORRETO “O promotor de justiça afirma negativamente, reiterando aos jurados que as provas estão muito claras e que o réu deve ser condenado, não havendo necessidade de maiores explanações. ” Não há que se falar em análise qualitativa ou temporal, o simples trecho citado acima, já caracteriza a Replica, ensejando assim direito a Treplica. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 86 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 86 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Ricardo foi denunciado, perante a 1ª Vara Criminal de determinada cidade, pela prática de crime de associação para o tráfico com mais 04 outros indivíduos, destacando a denúncia o local, o período e a existência de outros indivíduos não identificados, integrantes da mesma associação. Foi condenado em primeira instância e foi mantida a prisão preventiva, apresentando a defesa recurso de apelação. No dia seguinte da condenação, na cadeia, Ricardo vem a ser notificado em razão de denúncia diversa oferecida pelo Ministério Público, agora perante a 2ª Vara Criminal da mesma cidade, pela prática do mesmo crime de associação para o tráfico, em iguais período e local da primeira denúncia, mas, dessa vez, foram denunciados também os indivíduos não identificados mencionados no primeiro processo. Ricardo, então, entra em contato com seu advogado, informando da nova notificação. Considerando a situação narrada, caberá ao advogado de Ricardo apresentar exceção de A) litispendência. B) coisa julgada. C) incompetência. D) ilegitimidade. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Neste caso, Ricardo está sendo duplamente processado pelo mesmo fato, estando ambas as ações penais ainda em curso, pois na primeira ação penal, embora tenha havido condenação, houve recurso da defesa, ainda não julgado, logo, não ocorreu o trânsito em julgado. Assim, a defesa deverá apresentar exceção de litispendência, nos termos do art. 95, III do CPP. Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: I - suspeição; II - incompetência de juízo; III - litispendência; IV - ilegitimidade de parte; V - coisa julgada. CPC/2015 - ART 337, §3 - CONCEITO DE LITISPENDÊNCIA. Art. 337, §3º do CPC/2015: § 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 87 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 87 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Durante audiência de instrução e julgamento em processo em que é imputada a José a prática de um crime de roubo majorado pelo concurso de agentes, Laís e Lívia, testemunhas de acusação, divergem em suas declarações. Laís garante que presenciou o crime e que dois eram os autores do delito; já Lívia também diz que estava presente, mas afirma que José estava sozinho quando o crime foi cometido. A vítima não foi localizada para prestar depoimento. Diante dessa situação, poderá o advogado de José requerer A) a realização de contradita das testemunhas. B) a realização de acareação das testemunhas. C) a instauração de incidente de falsidade. D) a suspensão do processo até a localização da vítima, para superar divergência. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. O Juiz, neste caso, deve proceder à acareação das testemunhas, em razão dos depoimentos conflitantes, nos termos do art. 229 do CPP. Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação ACAREAÇÃO DAS TESTEMUNHAS Pode-se conceituar a acareação como sendo um ato processual, meio de prova, em que há uma confrontação entre duas ou mais pessoas, cujos depoimentos foram conflitantes, a fim de que, frente à Autoridade competente, esclareçam as divergências apresentadas. Segundo o dicionário Aurélio, “acarear” é um verbo transitivo direto que significa “1. Pôr cara a cara, ou frente a frente; afrontar, enfrentar, acarar. 2. Pôr (testemunhas cujos depoimentos ou declarações não são concordes) em presença uma das outras” (FERREIRA, p. 08). CONTRADITA DAS TESTEMUNHAS A contradita de testemunha é ato pelo qual uma das partes envolvidas no processo requer a impugnação da oitiva de uma testemunha, por entender que esta é impedida, suspeita ou incapaz de depor. De acordo com o Código de Processo Civil, o momento oportuno para se contraditar a testemunha é após a sua qualificação e antes que preste o compromisso de dizer a verdade. INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE FALSIDADE Previsto em capítulo próprio do Código de Processo Penal, em seus artigos 145 a 148, o incidente de falsidade, para Guilherme de Souza Nucci: [...] é um processo incidente, voltado à constatação da autenticidade de um documento, inclusive o produzido eletronicamente (art. 11, caput, Lei 11.419/2006), inserido nos autos do processo criminal principal, sobre o qual há controvérsia. A importância desse procedimento é nítida, pois visa à garantia da formação legítima das provas produzidas no processo penal, onde prevalece o princípio da verdade real, impedindo, pois, que esta seja obnubilada pela falsidade trazida por uma das partes. (NUCCI, 2007, p. 323). Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 88 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 88 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Em 23 de novembro de 2015 (segunda feira), sendo o dia seguinte dia útil em todo o país, Técio, advogado de defesa de réu em ação penal de natureza condenatória, é intimado da sentença condenatória de seu cliente. No curso do prazo recursal, porém, entrou em vigor nova lei de natureza puramente processual, que alterava o Código de Processo Penal e passava a prever que o prazo para apresentação de recurso de apelação seria de 03 dias e não mais de 05 dias. No dia 30 de novembro de 2015, dia útil, Técio apresenta recurso de apelação acompanhado das respectivas razões. Considerando a hipótese narrada, o recurso do advogadoé A) intempestivo, aplicando-se o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato), e o novo prazo recursal deve ser observado. B) tempestivo, aplicando-se o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser observado. C) intempestivo, aplicando-se o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser observado. D) tempestivo, aplicando-se o princípio constitucional da irretroatividade da lei mais gravosa, e o antigo prazo recursal deve ser observado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Pelo princípio do tempus regit actum, a lei processual penal tem aplicação imediata aos processos em curso, mas só se aplica aos ATOS PROCESSUAIS FUTUROS, ou seja, não se aplica àqueles que já foram realizados, nos termos do art. 2¼ do CPP. No caso do recurso, como o prazo recursal já havia se iniciado antes da entrada em vigor da lei nova, esse prazo será regido pela lei antiga (que vigorava quando o prazo começou a fluir). A lei processual nova só se aplica aos prazos recursais FUTUROS, não àqueles que já se iniciaram antes de sua vigência. Assim, considerando o prazo antigo (05 dias), o recurso é tempestivo, pois o prazo findou em 28.11.2015, que foi sábado, sendo prorrogado até dia 30.11.2015, dia útil seguinte. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 89 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 89 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Fagner, irmão de Vitor, compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima de agressões que lhe causaram lesão corporal de natureza leve. Afirmou Fagner, em sede policial, que Vitor desferiu um soco em seu rosto, deixando a agressão vestígios, mas esclareceu que não necessitou de atendimento médico. Apesar de demonstrar interesse inequívoco em ver seu irmão responsabilizado criminalmente pelo ato praticado, não assinou termo de representação formal, além de não realizar exame de corpo de delito. Vitor foi denunciado pela prática do crime do Art. 129, § 9º, do Código Penal. Durante a instrução, Fagner não foi localizado para ser ouvido, não havendo outras testemunhas presenciais. Vitor, em seu interrogatório, contudo, confirmou que desferiu um soco no rosto de seu irmão. Em relação aos documentos do processo, consta apenas a Folha de Antecedentes Criminais do acusado. Considerando apenas as informações narradas na hipótese, assinale a afirmativa correta. A) O processo deve ser extinto sem julgamento do mérito, pois a representação do ofendido necessariamente deve ser expressa e formal. B) Não existe prova da materialidade, pois, quando a infração penal deixa vestígios, o exame de corpo de delito é indispensável, não podendo supri-lo a confissão do acusado. C) Não existe prova da materialidade, pois o Código de Processo Penal apenas admite o exame de corpo de delito direto. D) Existe prova da materialidade, pois o Código de Processo Penal admite a figura do exame de corpo de delito indireto e este ocorreu no caso concreto. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Vejamos os comentários por alternativa: A. O processo deve ser extinto sem julgamento do mérito, pois a representação do ofendido necessariamente deve ser expressa e formal. ERRADO. O crime em questão é de natureza pública condicionada a representação, desta forma o art. 39 do CPP, dispõe: Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. B. Não existe prova da materialidade, pois, quando a infração penal deixa vestígios, o exame de corpo de delito é indispensável, não podendo supri-lo a confissão do acusado. CORRETO! Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri- lo a confissão do acusado. C. Não existe prova da materialidade, pois o Código de Processo Penal apenas admite o exame de corpo de delito direto. ERRADO. Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri- lo a confissão do acusado. Direto: feito por perito oficial ou duas pessoas com conhecimento na área. art. 159 CPP Indireto: Tanto prova testemunhal como documentos comprobatórios (Jurisprudência Majoritária) D. Existe prova da materialidade, pois o Código de Processo Penal admite a figura do exame de corpo de delito indireto e este ocorreu no caso concreto. ERRADO. Não houve prova de materialidade, pois não teve prova testemunhal ou documental e não houve exame de corpo de delito. Observação: Existe alguma prova que pode substituir o exame de corpo de delito? Sim. A prova testemunhal. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir- lhe a falta. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 90 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 90 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Daniel foi autor de um crime de homicídio doloso consumado em desfavor de William. Após a denúncia e ao fim da primeira fase do procedimento bifásico dos crimes dolosos contra a vida, Daniel foi pronunciado. Inconformado, o advogado do acusado interpôs o recurso cabível, mas o juiz de primeira instância, ao realizar o primeiro juízo de admissibilidade, negou seguimento ao recurso. Novamente inconformado com a decisão, o defensor de Daniel impetrou nova medida. Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o recurso interposto da decisão de pronúncia e a medida para combater a decisão que denegou o recurso anterior, respetivamente. A) Apelação e Recurso em Sentido Estrito. B) Recurso em Sentido Estrito e novo Recurso em Sentido Estrito. C) Recurso em Sentido Estrito e Carta Testemunhável. D) Apelação e Carta Testemunhável. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A carta testemunhável é uma espécie de Recurso, que tem por finalidade o reexame da decisão que denega ou não dá seguimento ao recurso interposto, conforme expressa o artigo 639 do Código de Processo Penal Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: I - da decisão que denegar o recurso; Recurso em Sentido Estrito ---> Pronúncia ou Desclassificação, tem seus efeitos devolutivo, iterativo, regressivo, admite juízo retratação. Carta Testemunhável ---> é cabível contra decisão que denega os recurso em sentido estrito e agravo em execução penal, bem como seus respectivos seguimentos para o Tribunal Superior. Meio de memorização: - Pronúncia – (RESE - artigo 581, IV, CPP); - CONSOANTE - Desclassificação – (RESE - artigo 581, II, CPP); - CONSOANTE - Absolvição Sumária – (APELAÇÃO); - VOGAL - Impronúncia – (APELAÇÃO); - VOGAL - Se começar com Consoante é RESE. - Se começar com Vogal é APELAÇÃO. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 91 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 91 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase Victória e Bernadete entram em luta corporal em razão da disputa por um namorado, vindo Victória a desferir uma facada no pé da rival, que sofreu lesões graves. Bernadete compareceu em sede policial, narrou o ocorrido e disse ter intenção de ver a agente responsabilizada criminalmente. Em razão dos fatos, Victória é denunciada e pronunciada pela prática do crime de tentativa de homicídio. Em sessão plenária do Tribunal do Júri, os jurados entendem, no momento de responder aos quesitos, que Victória foiautora da facada, mas que não houve dolo de matar. Diante da desclassificação, será competente para julgamento do crime residual, bem como da avaliação do cabimento dos institutos despenalizadores, A) o Juiz Presidente do Tribunal do Júri. B) o corpo de jurados, que decidiu pela desclassificação. C) o Juiz Criminal da Comarca, a partir de livre distribuição. D) o Juiz em atuação perante o Juizado Especial Criminal da Comarca em que ocorreram os fatos. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. DESCLASSIFICAÇÃO FEITA PELO JÚRI: art. 492, §1º CPP > o juiz-presidente proferirá a sentença, Lembrando que se for de menor potencial ofensivo, remeterá ao juizado especial. Vejamos: Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: § 1° Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos artigos 69 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Lembrando que se for de menor potencial ofensivo, remeterá ao juizado especial. DESCLASSIFICAÇÃO FEITA PELO JUIZ SUMARIANTE: art. 419 CPP > remeterá os autos ao juiz competente. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 92 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 92 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase Carlota foi denunciada pela prática de um crime contra a ordem tributária. Após ser citada, sua advogada foi intimada para apresentar resposta à acusação. Analisando os autos, o(a) advogado(a) de Carlota entendeu que deveria apresentar certas exceções. Considerando a situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) A arguição de suspeição precederá a de litispendência, salvo quando aquela for fundada em motivo superveniente. B) As exceções serão processadas nos autos principais, em regra. C) As exceções serão processadas em autos em apartado e suspenderão, em regra, o andamento da ação penal. D) Se Carlota pretende recusar o juiz, deverá fazer em petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes gerais. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. a) CORRETA: esta é a exata previsão contida no art. 96 do CPP. Art. 96. A arguição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente. b) ERRADA: as exceções serão processadas em autos apartados, nos termos do art. 111 do CPP. Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal. c) ERRADA: as exceções não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal, nos termos do art. 111 do CPP. d) ERRADA: “quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes especiais”, nos termos do art. 98 do CPP. Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes especiais, aduzindo as suas razões acompanhadas de prova documental ou do rol de testemunhas. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 93 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 93 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase Marlon, Wellington e Vitor foram denunciados pela prática de um crime de lesão corporal dolosa gravíssima em concurso de agentes. Após o recebimento da denúncia, o oficial de justiça compareceu ao endereço indicado no processo como sendo de residência de Marlon, mas não o encontrou, tendo em vista que estava preso, naquela mesma unidade da Federação, por decisão oriunda de outro processo. Marlon, então, foi citado por edital. Wellington, por sua vez, estava em local incerto e não sabido, sendo também citado por edital. Em relação a Vitor, o oficial de justiça foi à sua residência em quatro oportunidades, constatando que ele, de fato, residia no local, mas que estava se ocultando para não ser citado. Após certificar-se de tal fato, foi realizada a citação de Vitor com hora certa. Considerando a hipótese narrada, o(a) advogado(a) dos acusados deverá alegar ter sido inválida a citação de A) Marlon, apenas. B) Marlon e Vitor, apenas. C) Vitor, apenas. D) Marlon, Wellington e Vitor. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Marlon, mas não o encontrou, tendo em vista que estava preso, naquela mesma unidade da Federação, por decisão oriunda de outro processo. Súmula 351 STF - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. Vitor, o oficial de justiça foi à sua residência em quatro oportunidades, constatando que ele, de fato, residia no local, mas que estava se ocultando para não ser citado. Após certificar-se de tal fato, foi realizada a citação de Vitor com hora certa. Citação com Hora Certa: Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos artigos. 227 a 229 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719/2008). Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. Wellington, por sua vez, estava em local incerto e não sabido, sendo também citado por edital. Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 94 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 94 - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase Em uma mesma rua da cidade de Palmas, em dois imóveis diversos, moram Roberto e Mário. Roberto foi indiciado pela prática do crime de estelionato, razão pela qual o magistrado deferiu requerimento do Ministério Público de busca e apreensão de documentos em sua residência, sem estabelecer o horário em que deveria ser realizada. Diante da ordem judicial, a Polícia Civil compareceu à sua residência, às 04h da madrugada para cumprimento do mandado e ingressou no imóvel, sem autorização do indiciado, para cumprir a busca e apreensão. Após a diligência, quando deixavam o imóvel, policiais receberam informações concretas de popular, devidamente identificado, de que Mário guardava drogas para facção criminosa em seu imóvel e, para comprovar o alegado, o popular ainda apresentou fotografias. Diante disso, os policiais ingressaram na residência de Mário, sem autorização deste, onde, de fato, apreenderam 1 kg de droga. Sobre as diligências realizadas, com base na situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) Nas residências de Roberto e Mário foram inválidas. B) Na residência de Roberto foi inválida, enquanto que, na residência de Mário, foi válida. C) Nas residências de Roberto e Mário foram válidas. D) Na residência de Roberto foi válida, enquanto que, na residência de Mário, foi inválida. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A busca e apreensão na casa de ROBERTO foi precedida de ordem judicial, no entanto ocorreu no horário errado. CPP, Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. O que é considerado DIA para efeitos deste artigo? Tradicionalmente a doutrina entendiacomo dia o intervalo que vai das 6h da manhã às 18h. No entanto a nova lei de abuso de autoridade alterou este parâmetro, considerando dia para a busca e apreensão o período das 5h às 21h. (Lei 13.869/19, art. 22, §1º, inciso III). A busca e apreensão domiciliar de MÁRIO foi de acordo com os parâmetros legais: CF, Art. 5º, XI. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 95 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 95 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVIII - Primeira Fase Luciane ajuizou na Vara Criminal da Comarca de Romã (ES) uma ação penal privada contra Jorge (guarda municipal daquele município) por crime de injúria (Art. 140, caput, do CP). Antes de oferecer a queixa-crime, Luciane propôs uma ação cível de indenização contra Jorge e não conseguiu citá-lo pessoalmente em sua residência, sita no próprio Município de Romã (ES), tendo em vista que o oficial de justiça certificou que esteve em duas oportunidades na casa de Jorge e não o localizou. Luciane foi informada por vizinhos que Jorge estava temporariamente residindo com sua mãe na cidade vizinha de Oeiras (ES), onde ela já havia passado um final de semana. Em se tratando de infração penal de menor potencial ofensivo, você, como advogado(a) da querelante, deverá, na ação penal privada, requerer a citação de Jorge A) por intermédio do seu chefe de serviço, em razão de Jorge ser guarda municipal, expedindo-se ofício ao comandante da Guarda Municipal. B) por hora certa, haja vista que Jorge estava se ocultando para não ser encontrado. C) por carta precatória, visto que Jorge está residindo temporariamente fora da jurisdição do juiz processante, considerando que a querelante tinha conhecimento do endereço da mãe do querelado na Comarca de Oeiras (ES). D) por correspondência com aviso de recebimento em mão própria, considerando que a querelante tinha conhecimento do endereço da mãe do querelado na Comarca de Oeiras (ES). COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa A está incorreta. A citação por intermédio do Chefe de Serviço se aplica aos Militares, à luz do artigo 358 do CPP: “A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço”, o que não é aplicado aos guardas municipais. A alternativa B está incorreta. A citação por hora certa é aplicável apenas quando o citado está se ocultando, conforme o artigo 362 do CPP: “Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa(...)” A alternativa C está correta. Nos casos em que o citando está fora da jurisdição do juízo processante, a citação deve ocorrer por meio da carta precatória, nos termos do artigo 353 do CPP: “Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória.” A alternativa D está incorreta. Nos casos em que o citando está fora da jurisdição do juízo processante, a citação deve ocorrer por meio da carta precatória, nos termos do artigo 353 do CPP: “Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória.” Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 96 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 96 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVIII - Primeira Fase Arthur e sua esposa Aline, residentes no Distrito Federal, decidem viajar em um cruzeiro, partindo de Fortaleza com destino à cidade do Rio de Janeiro e fazendo uma parada em Recife. Durante passagem pela costa pernambucana, em alto-mar, o casal tem uma discussão e Arthur agride Aline, vindo a ser contido por seguranças do navio e retirado logo na primeira parada. Aline sofreu lesão que a incapacitou para suas atividades habituais por mais de trinta dias, mas que não deixou sequela ou debilidade permanente. Assinale a opção que indica a autoridade judiciária competente para processar Arthur. A) O Juizado Especial Federal da cidade do Rio de Janeiro. B) O Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Distrito Federal. C) O Juízo Federal de Recife. D) A Vara Criminal da Comarca de Fortaleza. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa A está incorreta. Considerando a incapacitação por período superior a 30 dias, resta configurada lesão de natureza grave, nos termos do artigo 129, §1º, do CP, cuja pena máxima é de 5 anos, superior, portanto, ao estabelecido no artigo 61 da Lei 9.099/95. De mais a mais, o artigo 41 da Lei Maria da Penha veda a incidência da lei 9.099/95 aos crimes praticados com violência doméstica. Desta forma, o crime em tela não poderia ser julgado pelo Juizado Especial Federal. A alternativa B está incorreta. Conforme o artigo 109, IX, da CF, compete à justiça federal julgar “os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar”. Portanto, a justiça estadual é incompetente para dirimir o presente caso. A alternativa C está correta. Conforme o artigo 109, IX, da CF, compete à justiça federal julgar “os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar”. Ademais, o artigo 89 do CPP dispõe que compete ao primeiro porto que tocar a embarcação, após o crime, o processamento deste, senão vejamos: “Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.” A alternativa D está incorreta. Conforme o artigo 109, IX, da CF, compete à justiça federal julgar “os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar”. Portanto, a justiça estadual é incompetente para dirimir o presente caso. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 97 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 97 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVIII - Primeira Fase João dirigia seu veículo, um Porsche Cayenne ano 2015, por uma rodovia quando, em abordagem de rotina, foi parado pela Polícia Militar. João exibiu sua carteira nacional de habilitação e o certificado de registro e licenciamento de veículo (CRLV) do ano corrente. Após consulta ao sistema, o que é feito rotineiramente em abordagens na estrada, a Polícia Militar constatou que o CRLV era falso e o veículo era produto de roubo. João admitiu que pagou cerca de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) pelo veículo, avaliado em R$ 400.000,00, mas que não sabia que o veículo havia sido roubado, exibindo o respectivo recibo. Sabe-se que a pena do crime de receptação é de 1 a 4 anos e multa; e que a pena do crime de uso de documento público falso é de 2 a 6 anos e multa. Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção que contém as regras processuais penais corretamente aplicáveis ao caso. A) A circunstância de o acusado ter adquirido o bem por preço muito inferior ao valor de mercado configura indício da prática de receptação. B) O delito de receptação, por expressa disposição legal, impõe a inversão do ônus da prova à defesa, cabendo a esta produzir a prova no sentido do desconhecimento da origem ilícita do bem. C) A comprovação da materialidade do delito de uso de documento materialmentefalso prescinde de produção de prova pericial. D) O processo deve ser desmembrado, pois é cabível suspensão condicional do processo à receptação, devendo o feito prosseguir em relação ao uso de documento falso. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A alternativa A está correta. Conforme o artigo 180, §3º, do CP, § 3º a “desproporção entre o valor e o preço” é indício para que se presuma a origem ilícita do bem. A alternativa B está incorreta. Não há disposição legal neste sentido. Ademais, conforme a jurisprudência, exigir que a defesa apresente provas da ilicitude do bem não significa inverter o ônus da prova: “no crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do paciente, caberia à defesa apresentar prova da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do disposto no art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão do ônus da prova. (HC 626.539/RJ)”. A alternativa C está incorreta, todavia deveria ter sido considerada correta. Embora a banca tenha considerado a questão incorreta, a jurisprudência é farta em estabelecer que a prova pericial é prescindível nos crimes de uso de documento falso: “(...) inexistindo prévia manifestação da defesa no sentido da necessidade de realização de exame pericial na fase instrutória, não se vislumbra qualquer ilegalidade na condenação do paciente pelo delito previsto no artigo 304 do Código Penal fundamentada em documentos e testemunhos constantes do processo. (HC 307.586/SE)”. A alternativa D está incorreta. A Súmula 243 do STJ dispõe que: “O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.”. Portanto, no caso em tela, considerando que a soma das penas mínimas superaria um ano, não seria possível aplicar a suspensão condicional do processo no caso em tela. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 98 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 98 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVIII - Primeira Fase Margot adquiriu de Cesar, de boa-fé e a título oneroso, um imóvel, mas não levou o instrumento ao Registro de Imóveis competente. Por isso, quando Cesar foi acusado de prática de crimes em uma ação penal, vindo a sofrer sequestro de todos os seus bens imóveis, foi incluído na ordem de sequestro o imóvel adquirido por Margot. Nessa situação hipotética, como advogado de Margot, assinale a opção que, de acordo com as disposições do Código de Processo Penal, melhor defenda os interesses da sua assistida. A) Por não ser parte no processo penal, Margot não pode opor embargos ao sequestro, devendo efetuar pedido de reconsideração. B) Margot pode opor embargos ao sequestro, alegando que a aquisição ocorreu a título oneroso e de boa- fé. C) Por não ser parte no processo penal originário, Margot deve impetrar mandado de segurança em face da decisão que determinou o sequestro. D) Margot pode opor embargos ao sequestro, alegando que os bens não foram adquiridos com os proventos da infração penal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A alternativa A está incorreta. Conforme o artigo 130, II, do CPP, é possível que terceiro oponha embargos ao sequestro de bens que lhe atinja: “O sequestro poderá ainda ser embargado: (...) II - Pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.” A alternativa B está correta. Conforme o artigo 130, II, do CPP, é possível que terceiro oponha embargos ao sequestro de bens que lhes tenham sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de que foram adquiridos de boa-fé: “O sequestro poderá ainda ser embargado: (...) II - Pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé. A alternativa C está incorreta. Conforme já destacado acima, à luz do artigo 130, II, do CPP, o recurso cabível é o embargo, de modo que, não se mostra possível o manejo do Mandado de Segurança, sob pena de utilização deste como sucedâneo recursal. Neste sentido, a Súmula 267 do STF dispõe: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”. Da mesma forma, o artigo 5,II, da 12.016/09, que regulamenta o Mandado de Segurança, veda o uso deste em face de “decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo”. A alternativa D está incorreta. Conforme o artigo 130, II, do CPP, é possível que terceiro oponha embargos ao sequestro de bens que lhes tenham sido transferidos a título oneroso, o fundamento, todavia, é a aquisição dos bens de boa-fé: “O sequestro poderá ainda ser embargado: (...) II - Pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé. Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 99 Questões comentadas para OAB – Processo Penal QUESTÃO 99 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVIII - Primeira Fase A Polícia Civil ingressou na residência de Gustavo com o objetivo de cumprir mandado de prisão em desfavor de seu filho, Mariano, o qual era acusado de tráfico de drogas. A ordem de prisão foi expedida pelo Juiz de Direito da Comarca. Durante o cumprimento do mandado de prisão, a Polícia pegou o telefone celular de Gustavo, desbloqueado, que estava sobre uma mesa da residência e, sem sua autorização, passou a verificar seu conteúdo, constatando material de pornografia infantil, armazenado e compartilhado via aplicativo de troca de mensagens instantâneas, acessível pela internet a partir de qualquer país. Diante disso, a Polícia imediatamente realizou a prisão em flagrante de Gustavo. Sobre o meio de obtenção da prova extraída do celular de Gustavo, assinale a afirmativa correta. A) É nula, e a nulidade decorre do fato de ser a pornografia infantil na internet crime de competência federal, de forma que somente a Polícia Federal poderia realizar a prisão em flagrante. B) É válida, pois foi um encontro fortuito de provas, uma vez que os policiais tinham autorização legal para ingresso no domicílio de Gustavo e Mariano. C) É ilícita, pois o cumprimento de mandado de prisão não compreende a autorização para busca em residência ou para o acesso a dados telemáticos, o que demandaria ordem judicial específica. D) É anulável, porque somente com um mandado de busca e apreensão se poderia livremente acessar o conteúdo de comunicações telemáticas, ainda que diversos fossem o objeto ou o destinatário do mandado, podendo a autoridade judiciária, entretanto, ratificar a diligência. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa A está incorreta. Conforme se depreende do artigo 301 do CPP, qualquer do povo poderá realizar a prisão em flagrante, e as autoridades policiais têm o dever de fazê-lo: “Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Portanto, a competência jurisdicional não limita a possibilidade da prisão em flagrante à Polícia Federal. A alternativa B está incorreta. Conforme o entendimento do STJ é “Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de WhatsApp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial (RHC 51.531/RO)”. Portanto, no caso em apreço, considerando a ausência de anuência do investigado, a devassa no aparelho não poderia ter ocorrido. A alternativa C está correta. O STJ, através do HC 695.457, entendeu que: “O cumprimento de mandado de prisão não justifica a realização de busca na residênciado agente, procedimento que demanda autorização judicial expressa ou a autorização explícita e espontânea do réu”. Já no REsp 1920404/PA, o STJ entendeu que: “É ilícita a devassa de dados e das conversas de whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido, por ocasião da prisão em flagrante, sem prévia autorização judicial.” A alternativa D está incorreta. No julgamento do HC 663.055/MT o STJ considerou ilegal a prática do fishing expedition, de modo que as provas dela resultante são reputadas ilícitas: “Admitir a entrada na residência especificamente para efetuar uma prisão não significa conceder um salvo- conduto para que todo o seu interior seja vasculhado indistintamente, em verdadeira pescaria probatória (fishing expedition), sob pena de nulidade das provas colhidas por desvio de finalidade. ( HC 663.055/MT , julgado em 22/03/2022, disponível no informativo 731).” Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização Todos os direitos reservados. 100 Questões comentadas para OAB – Processo Penal Portanto, o ingresso em morada alheia deve se circunscrever apenas ao estritamente necessário para cumprir a finalidade da diligência, conforme de extrai do artigo 248 do CPP, segundo o qual: "Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência". QUESTÃO 100 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVIII - Primeira Fase Flávia foi acompanhada por você, na qualidade de advogado(a), à presença da Autoridade Policial, para noticiar a prática dos crimes de apropriação indébita e fraude processual supostamente praticados por seu ex-marido, descrevendo a prática do crime, fornecendo os dados qualificativos completos do suposto autor do fato, apresentando rol de testemunhas e anexando documentação pertinente à materialidade delitiva e de indícios de autoria. O Delegado de Polícia Civil, após cinco dias da confecção do registro da ocorrência, sem que tenha sido praticado nenhum ato para a verificação da procedência das informações, despachou nos autos do Inquérito Policial pelo indeferimento da instauração do Inquérito Policial e determinou a suspensão do procedimento. Nesse caso, você deve A) requerer a remessa dos autos ao Ministério Público para que se manifeste, uma vez que o Delegado de Polícia não possui poderes para arquivar o procedimento. B) requerer a remessa dos autos ao Juízo para que se manifeste, uma vez que o Delegado de Polícia não possui poderes para arquivar o procedimento. C) apresentar recurso para a Chefia de Polícia para que se manifeste sobre o indeferimento da instauração do Inquérito Policial. D) apresentar recurso ao Ministério Público para que se manifeste sobre o indeferimento da instauração do Inquérito Policial. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A alternativa C está correta. Conforme se depreende do artigo 5º, §2º, do CPP: “Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.” A alternativa A, B e D estão incorretas com base no mesmo artigo mencionado acima.