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1 CanaisCanais conceitos básicos e dimensionamento 2 3 4 1 - Conceito1 - Conceito São condutos que apresentam superfície livre sob pressão atmosférica. 5 Diferem dos condutos sob pressão (positivas ou negativas). Podem ser naturais, como o caso dos rios, ou artificiais, como drenagem e podem ser revestidos ou não revestidos, construídos sobre o terreno. 6 2 – Classificação dos Canais2 – Classificação dos Canais Os canais classificam-se quanto ao tipo de escoamento em relação: – ao TEMPO, – à TRAJETÓRIA DAS PARTÍCULAS e – às LINHAS DE CORRENTE Esta classificação é dada por SILVESTRE (1979), da seguinte forma: a) Quanto ao tempoa) Quanto ao tempo • ESCOAMENTO PERMANENTE (Vazão constante) – E.P. Uniforme Neste caso a velocidade média e a profundidade de água ao longo do canal são constantes. – E.P. Variado Gradualmente Bruscamente • ESCOAMENTO NÃO PERMANENTE (Vazão variável) Apresenta variação da seção e da velocidade média com o espaço e com o tempo. 7 b) Quanto à trajetória das partículasb) Quanto à trajetória das partículas • ESCOAMENTO LAMINAR • ESCOAMENTO TURBULENTO c) Quanto às linhas de correntec) Quanto às linhas de corrente • ESCOAMENTO PARALELO • ESCOAMENTO NÃO-PARALELO 3 – Elementos geométricos da seção transversal 3 – Elementos geométricos da seção transversal • Profundidade do escoamento (y); • Largura da superfície molhada (B); • Largura da base do canal (b); • Área molhada (A); • Perímetro molhado (P); • Raio hidráulico (Rh). 8 Profundidade de Escoamento (y) É a distância entre o ponto mais baixo da seção transversal e a superfície livre. Também chamada de altura ou tirante de água. Largura da Superfície Molhada (B) É a largura da seção do canal na superfície livre, função da forma geométrica da seção e da altura d´agua. Largura da base do canal (b) É a largura da seção do canal na base ou fundo, função da forma geométrica da seção e da altura d´agua. Área Molhada (A) É a área da seção reta do escoamento, normal à direção do fluxo. Perímetro Molhado (P) É o comprimento da linha de contorno da área molhada. Raio Hidráulico (Rh) É o resultado da divisão da área molhada pelo perímetro sólido molhado. P ARh = 9 Formas mais comuns de canaisFormas mais comuns de canais Elementos característicos: formato trapezoidal Elementos característicos: formato trapezoidal 212 mybP ++= 2mybyA += m = inclinação do talude (depende do tipo de solo) 1 m y.m.2bB += 10 Elementos característicos: formato trapezoidal Elementos característicos: formato trapezoidal Elementos característicos: formato retangular Elementos característicos: formato retangular É um caso especial do trapézio onde m=0 ybP 2+= byA = bB = 11 Elementos característicos: formato triangular Elementos característicos: formato triangular É um caso especial do trapézio onde b=0 212 myP += 2myA = y.m.2B = Elementos característicos: formato circularElementos característicos: formato circular B yBP 3 .8 2 += yBA .. 3 2 = 12 Elementos característicos: formato circularElementos característicos: formato circular ( ) 2Dsen 8 1Área ⋅θ−θ⋅= 2 DPerímetro ⋅θ= Dsen1 4 1Rh ⋅ θ θ −⋅= θ −⋅= 2 cos1 2 1 D ylíquidaaminLâ ExercícioExercício Calcular o raio hidráulico do canal trapezoidal da figura, sabendo-se que a profundidade de fluxo (y) é 2m (BAPTISTA & LARA, 2003) 13 4 – Variação da Pressão na Seção Transversal 4 – Variação da Pressão na Seção Transversal Nos casos dos canais, em geral, a diferença de pressão entre a superfície livre e o fundo não pode ser desprezada. A distribuição das pressões na seção reta de um conduto livre, funcionando em escoamento paralelo é linear 14 A pressão no fundo do canal será então de: onde: PFC = pressão no fundo do canal; γ = peso específico do líquido contido no canal; y = altura vertical da lâmina de água no canal; ϕγ cos..yPFC = Quando a declividade é pequena (φ< 5º), pode-se considerar cos φ= 1 ou y=d e então: A perda de carga ou energia em um trecho do canal pode ser determinada através do Teorema de Bernoulli: yPFC .γ= 15 Sendo V1 = V2 e P1=P2, a perda de carga unitária J (m/m) é dada por: hZP g V Z P g V ∆+++=++ 22 2 2 1 1 2 1 22 γγ L hJ ∆= EM MOVIMENTO UNIFORME, A PERDA DE CARGA É A PRÓPRIA DECLIVIDADE DO CANAL. EM MOVIMENTO UNIFORME, A PERDA DE CARGA É A PRÓPRIA DECLIVIDADE DO CANAL. 16 Declividade do canal (I) θ== tan X YI θθθθ X Y Fundo do canal Nível da água A declividade I define a inclinação do fundo do canal em relação ao plano horizontal. DECLIVIDADE DOS CANAISDECLIVIDADE DOS CANAIS Curvas podem ser necessárias para adaptação ao relevo do terreno. Degraus podem ser necessários para manter a declividade. 17 5 – Variação da Velocidade na Seção Transversal 5 – Variação da Velocidade na Seção Transversal Nos canais, o atrito entre a superfície livre e o ar acentua as diferenças das velocidades nos diversos pontos da seção transversal. Linhas de Isótacas = Pontos de igual velocidade em canais 18 Isótacas do rio Iguaçú em Salto Cataratas (Fonte: SANTOS et al., 2001) 6 – Velocidade máxima em uma vertical da seção transversal 6 – Velocidade máxima em uma vertical da seção transversal 19 Geralmente a máxima velocidade situa-se na altura de 0,05y a 0,25y. VELOCIDADE MÉDIA DA ÁGUA ( ) yVVVm yy 6,05,0 8,02,0 ≅+= A velocidade média equivale de 80% a 90% da velocidade superficial VELOCIDADES MÉDIAS MÁXIMAS RECOMENDADAS PARA QUE NÃO OCORRA EROSÃO NO CANAL. Tipo de solo Velocidade média máxima recomendada (m/s) Arenoso 0,3 a 0,7 Barro-arenoso 0,5 a 0,7 Barro-argiloso 0,6 a 0,9 Argiloso 0,9 a 1,5 cascalho 0,9 a 1,5 Rocha 1,2 a 1,8 20 7 - Seção Transversal de Mínimo Custo7 - Seção Transversal de Mínimo Custo Para uma mesma área da seção transversal (A), a seção de mínimo custo é aquela seção de mínima resistência ao escoamento, isto é aquela seção que apresenta o escoamento de uma determinada vazão com mínima resistência. MÍNIMO CUSTO = MAXIMIZAÇÃO DO RAIO HIDRÁULICO = MINIMIZAÇÃO DO PERÍMETRO MOLHADO Exemplo: Sejam dados dois canais retangulares, cuja área da seção transversal vale 2 m2. Calcule a seção com menor resistência ao escoamento. 2 m 4 m 1 m 0,5 m 21 Em canais trapezoidais e retangulares, a determinação da seção de mínimo custo pode ser realizada pela seguinte expressão: onde: b = largura do fundo do canal (m); y = profundidade da água (m); m = inclinação dos taludes. ( )m2m1.2yb 2 −+= 22 8 – Coeficiente de Rugosidade8 – Coeficiente de Rugosidade A consideração da rugosidade do canal para fins de dimensionamento foi realizada inicialmente por Chézy, através da seguinte expressão: Antoine de Chézy (1718-1798) f gCondeRICV 8. == 23 Esta equação é válida para ESCOAMENTOS TURBULENTOS RUGOSOS. Conforme pode ser visualizado na equação acima, o coeficiente de Chézy é dependende do fator f, que é função do Número de Reynolds e da rugosidade da parede. Embora o fator de atrito em tubos circulares seja bem definido, o mesmo não ocorre com o coeficiente C em canais. A dificuldade na especificação do fator de resistência nos canais é devida à gama muito maior de revestimentos e às formas geométricas. Utilizando-se a equação da continuidade na Equação de Chèzy, obtém-se: (1) Onde: Q = vazão do sistema; R = raio hidráulico do canal; I = declividade do canal; A = área da seção transversal do canal C = coeficiente de Chézy EQUAÇÃO BASE DOESCOAMENTO PERMANENTE UNIFORME EM CANAIS. RIACQ ..= 24 Diferentes fórmulas de origem empírica são propostas para o cálculo do coeficiente de Chézy, ligando-o ao raio hidráulico de uma seção. Uma relação simples e atualmente muito empregada foi proposta por Manning em 1889, através da análise de resultados experimentais. A relação empírica é da forma: (2)6 11 hR n C = Substituindo-se a equação (2) em (1), obtém-se: 2 1 3 2 h 2 1 2 1 h 6 1 h I.R.A. n 1Q I.R.A.R n 1Q = = 25 Cálculo de canaisCálculo de canais Coeficiente de rugosidade n Para o projeto de canais de terra pode-se adotar um valor do coeficiente de rugosidade n = 0.025 (valor médio). O coeficiente de rugosidade de canais é variável com o tipo de material e com as condições em que se encontra o canal e pode ser encontrado na literatura referente ao assunto. 26 Exercício: Um canal de drenagem, em terra com vegetação rasteira nos taludes e fundo (n = 0,025), com taludes 2,5H:1V, declividade de fundo I = 30 cm/km, foi dimensionado para uma determinada vazão de projeto Q0, tendo-se chegado a uma seção com largura de fundo L = 1,75 m e altura de água A = 1,40 m. Qual a vazão de projeto? Limite inferior Estabelecido para evitar a deposição de materiais em suspensão. Limite superior Fixado de modo a impedir a erosão das paredes. 27 Velocidades práticas Declividades-limites Adimensionalização da Fórmula de Manning Adimensionalização da Fórmula de Manning K ---- > Tabela 9 K´ ---- > Tabela 10 Forma 1 Forma 2 28 Tabela 9 – Canais com y conhecido Valores de m Aplicação Canais em terrenos planos O “ y ” é limitado Tabela 9 – Canais com y conhecido 3/85.0 yI nQK = Exemplo Um canal trapezoidal de terra, cuja altura da água será de 54 cm, inclinação do talude de 45°, deverá conduzir 1183 litros/s. Qual a largura do fundo, se a inclinação for de 0.2% e coeficiente de rugosidade de 0.025. m = 1/tan 45°= 1 y / b = 0.30 0.54 / b = 0.30 b = 0.54 / 0.30 = 1.8 m 42.3 54.0002.0 025.0x183.1K 3/85.0 == 29 Tabela 10 – Canais com b conhecido Valores de m Aplicação Canais em terrenos de encosta O “ b “ é Limitado ! Tabela 10 – Canais com b conhecido 3/85.0 bI nQ 'K = Exemplo Um canal trapezoidal de terra, cuja largura do fundo seja 1m, inclinação do talude de 45°, deverá conduzir 290 litros/s. Qual a altura da água, se a inclinação for de 0.1 % e coeficiente de rugosidade de 0.025. m = cotg 45°= 1 y / b = 0.40 y / 1 = 0.40 y = 1 x 0.40 = 0.40 m 229.0 1001.0 025.0x290.0 'K 3/85.0 == 30 Tipos de problemas: 1º) Conhecendo n, I, A e Rh, calcular Q (resolução direta); Exemplo: Saber a vazão em canal já construído ou formado por unidades pré-moldadas. 2º) Conhecendo n, A, Rh e Q, calcular I (resolução direta); Exemplo: Saber qual deverá ser a declividade do canal. 3º) Conhecendo Q, n e I, calcular A e Rh (por tentativas). Exemplo: Definir que forma deverá ter o canal. 7. DIMENSIONAMENTO DE CANAIS CONSIDERANDO MOVIMENTO UNIFORME 7. DIMENSIONAMENTO DE CANAIS CONSIDERANDO MOVIMENTO UNIFORME Fórmulas alternativas para cálculo de canais – Processo Iterativo Caso 1 - Cálculo da altura de lâmina (b conhecido) ( ) ( ) 3/22 2/13/52 12 . 1 myb Imyby n Q ++ + = ( ) ( ) 3/523/222/1 12. mybymybIQn +=++ ( ) ( ) 5/225/32/12 12. mybIQnmyby ++=+ ( ) ( )myb myb I Qny + ++ = 5/2 25/3 2/1 12 . Seja dado: Então: ( ) ( )i i i myb myb I Qny + ++ =+ 5/2 25/3 2/11 12 . 31 Fórmulas alternativas para cálculo de canais – Processo Iterativo Caso 1 - Cálculo da altura de lâmina (b conhecido) ( ) ( )i i i myb myb I Qny + ++ =+ 5/2 25/3 2/11 12 . Fórmulas alternativas para cálculo de canais – Processo Iterativo Caso 2 - Cálculo da largura de fundo (y conhecido) ( ) my y myb I Qnb ii − ++ =+ 5/2 25/3 2/11 12 .
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