04b intervenção de terceiros

Prévia do material em texto

08) Da intervenção de terceiros
- Generalidades
O Instituto da Intervenção de Terceiros
O processo envolve, normalmente, autor e requerido, em uma pretensão resistida, e, por vezes, essa normalidade sofre seu revés, podendo comparecer terceiros, que podem, na forma disciplinada no CPC, intervir no processo, sem se transformarem em parte processual e sem com ela se misturarem. 
Em algumas posições o terceiro interveniente assume a relação de parte na intervenção, não em relação a ação originária, formando uma nova ação.
Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, Forense, Vol. 1, 1985, 1ª. Ed., pág. 122, assevera:
"Conceito.
Ocorre o fenômeno processual chamado intervenção de terceiro quando alguém ingressa como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre outras partes.
A intervenção de terceiros é sempre voluntária, sendo injurídico pensar que a lei possa obrigar o estranho a ingressar no processo. O que ocorre muitas vezes, é a provocação de uma das partes do processo pendente para que o terceiro venha a integrar a relação processual. ...
Classificações: 
1- Classifica-se a intervenção segundo dois critérios diferentes:
I - conforme o terceiro vise a ampliar ou modificar subjetivamente a relação processual, a intervenção pode ser:
a)- ad coadjuvando: quando o terceiro procura prestar cooperação a uma das partes primitivas, como na assistência.
b)- ad excludentum: quando o terceiro procura excluir ou ambas as partes primitivas, como na oposição e na nomeação à autoria;
II- conforme a iniciativa da medida, a intervenção pode ser:
a)- espontânea: quando a iniciativa é do terceiro, como geralmente ocorrer na oposição e na assistência.
�
b) provocada: quando embora voluntária a medida dotada pelo terceiro, foi ela procedidas por citação, promovida pela parte primitiva (nomeação á autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo).
Os casos de intervenção de terceiros catalogados pelo Código de Processo Civil são os seguintes:
a) a oposição (arts. 56 a 61);
b) a nomeação à autoria (arts. 62 a 69);
c) a denunciação da lide (arts. 70 a 76);
d) o chamamento ao processo (arts. 77 a 80);
e) a assistência (arts. 50 a 55)". 
José Náufel, Novo Dicionário Jurídico Brasileiro, Parma, 7ª. Ed., 1984, pág. 640, assim define a intervenção de terceiros:
"É o ato pelo qual um terceiro intervém num processo no qual não é parte, por possuir legítimo interesse ou porque a isso é obrigado em virtude de determinação legal e chamamento de um dos litigantes'.
Alcides de Mendonça Lima, Dicionário do Código de Processo Civil Brasileiro, RT, 1986, pág. 338, coleciona:
"Configura-se por vários institutos processuais, pelos quais alguém pode ou deve ingressar em causa, à qual é, originariamente, estranho: oposição (arts. 56 a 61); nomeação à autoria (arts. 62 a 69); denunciação da lide (arts. 70 a 76); chamamento ao processo (arts. 77 a 80). Apesar de aparecer também o termo terceiro, não se incluem na expressão epigrafada os "embargos de terceiro" (arts. 1046 a 1054) e o "recurso de terceiro prejudicado (art. 499). ... O interveniente é passível também por perdas e danos de pleitear de má fé; da mesma forma como as partes (art. 16)".
O terceiro, por regra, pode ficar absolutamente estranho ao processo, mas, nem sempre isso interessa a ele próprio ou às partes litigantes, polo ativo e passivo.
- Tratamento específico no art. 56 do CPC
Na oposição o opoente formula ao juiz sua pretensão contra as pretensões de ambas as partes do processo em que ingressa, de um modo geral há uma ação declaratória contra o autor e uma condenatória contra o requerido, podendo ocorrer o inverso.
�
Não há como confundem alguns, exclusão das partes, mas, inclusão das partes, com exclusão da pretensão buscada na ação principal em relação ao litigantes e em favor do opoente. 
Reis Friede, obra citada, sobre a Oposição, assim se manifesta:
"A oposição, pode ser apresentada em qualquer fase do processo, até ser proferida a sentença.
...
Oponente ou opoente é aquele que ingressa com a oposição e que é parte principal, considerando a natureza jurídica de ação do instituto processual da oposição. 
Opostos são aqueles contra os quais a ação é ajuizada.
A oposição é uma forma de intervenção espontânea ad excludendum e é cabível em muitos tipos de ações, como nas de divisão e demarcação de terras".
Uma das características marcantes da oposição, vem estampada no art. 61, que é a determinação de julgamento dela em primeiro lugar, quando for decidida simultaneamente com a ação.
- A oposição deverá conter todo os requisitos da petição inicial
Caracteriza-se a oposição como verdadeira ação do opoente contra os opostos, havendo de serem observados os requisitos do art. 282 do CPC.
A citação far-se-á nas pessoas dos advogados.
Poderá ocorrer a procedência do pedido por parte de um dos opostos, prosseguindo a ação, normalmente, contra o outro.
- Do não cabimento da oposição no sumário
Por expressa exclusão e em razão do procedimento mais célere, não cabe oposição no sumário, art. 280, I do CPC.
- Do não cabimento da oposição no processo de execução
Matéria controvertida, que será melhor avaliada quando do estudo da execução, abrangendo a intervenção de terceiros como um todo, uns a admitem, outros a rechaçam com veemência.
- Jurisprudência
"A oposição, visando à obtenção do direito sobre o qual dissentem as partes, só é admissível quando o opoente pretende a exclusão simultânea dos litigantes e não a exclusão de um só deles. A ação expropriatória, na qual uma das partes, autora, há de ser necessariamente o expropriante, cujo lugar no processo ninguém lhe pode tomar, não se presta a incidência da oposição".
TJBA - Rel. Des. Cícero Brito - Bahia For. vol. 28 pág. 110 
"Imprópria se revela a oposição, se o objetivo do interveniente é que a sentença seja favorável a uma das partes. Não utilizada a via adequada - a assistência - é inviável qualquer adequação, impõe-se decretar a carência de ação em relação ao opoente".
�
TJBA - Rel. Des. Paulo Furtado RT Vol. 592 pág. 166
 
"Não cabendo oposição em processo de execução, o juiz, nos termos do art. 329 do CPC, deve declarar, com base no art. 267, VI, do mesmo diploma, extinto o processo".
TACSP - Rel. Juiz Renan Lotufo RT Vol. 580 pág. 162
- Problema específico
01. A oposição substitui os embargos de terceiro?
02. Sendo imprópria a oposição, qual a solução da demanda?
�PAGE �1�