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HERMENÊUTICA JURÍDICA APLICAÇÃO DO DIREITO Conceito: Segundo Paulo Dourado de Gusmão, a aplicação do Direito é o ato de direito público pelo qual a autoridade administrativa ou judiciária competente impõe as consequências jurídicas previstas na norma jurídica a um caso concreto. APLICAÇÃO DO DIREITO Para tanto, na maioria das vezes há a necessidade de que através de uma ação, a parte interessada provoque a atuação do judiciário, que por sua vez analisará a constitucionalidade da lei, sua vigência no tempo e no espaço, e fará sua interpretação através dos métodos e técnicas jurídicas. OBRIGATORIEDADE DA LEI.ERRO DE DIREITO Uma vez em vigor, a lei será aplicada para todos, de forma geral, uma vez que a ninguém é permitido alegar a ignorância da lei. Somente em alguns casos muito específicos, é permitida a alegação de erro de direito, como no erro de proibição, previsto no Direito Penal. ERRO DE DIREITO No Direito Civil, pode-se excepcionalmente anular o negócio jurídico ante a um dos seus defeitos: o erro. 1) ERRO OU IGNORÂNCIA: o sujeito tem uma noção falsa sobre determinado objeto. Ele pensa que é uma coisa, mas é outra. Ninguém o induz ao erro, ele comete por conta própria. Ignorância é o completo desconhecimento acerca do objeto. Os efeitos do erro e da ignorância são o mesmo. ERRO DE DIREITO O erro divide-se em: a) acidental: é o erro sobre qualidade secundária da pessoa ou objeto. Não incide sobre a declaração de vontade. Não vicia o ato jurídico. Não produz efeitos, pois não incide sobre a declaração de vontade. b) essencial ou substancial – refere-se a natureza do próprio ato. Incide sobre as circunstâncias e os aspectos principais do negócio jurídico. O erro essencial propicia a anulação do negócio. Caso o erro fosse conhecido o negócio não seria celebrado. No erro o agente engana-se sozinho. ERRO DE DIREITO c) erro consistente em uma falsa causa: Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante (redação de 2.002) d) erro de direito: embora a ninguém seja dado alegar a ignorância da lei, se o erro de direito o motivo único ou principal do negócio jurídico, será considerado substancial. Ex: adquirir produto que não sabe ser de importação proibida. e) erro de cálculo: é acidental, porque pode ser corrigido, não invalidando, pois, o negócio jurídico; MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI Quando não ocorre a subsunção, isto é, adequada aplicação do fato à norma abstrata, há a necessidade de interpretação, isto é, de se descobrir o verdadeiro alcance da norma. A hermenêutica é a ciência da interpretação das leis, e tem os seus métodos. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI 1) Quanto ao método: a) autêntica: é feita pelo próprio legislador; b) judicial ou jurisprudencial: é fixada pelos Tribunais; c)doutrinária: feita pelos jurisconsultos, estudiosos do Direito. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI 2) Quanto aos meios: a) gramatical (literal): é “a letra da lei”; b) lógica ou racional: busca a finalidade da norma,sob um aspecto racional; c) sistemática: feita de acordo com os princípios que regem aquele ramo do Direito; d)histórica: busca os antecedentes da norma; e) teleológica: busca a finalidade social da norma ro 10 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI 3) quanto aos resultados: a)declarativa: quando determina que o texto legal corresponde ao pensamento do legislador; b)restritiva: limita-se o campo da aplicação da lei; c) ampliativa: o alcance da lei é mais amplo do que indica seu texto. LACUNAS DO DIREITO Integração das normas jurídicas: ocorre quando há necessidade de suprirem-se as lacunas da lei. Além dos costumes (que alguns consideram fonte do Direito), podem ser considerados meios de preenchimento das lacunas legais: LACUNAS DO DIREITO 1) Analogia: a utilização em caso não previsto de norma legal relativa a uma hipótese análoga não prevista. Para tanto há necessidade de três requisitos: a) ausência de hipótese legal aplicável ao caso em questão; b) semelhança entre as duas hipóteses; c) identidade de fundamentos lógicos e jurídicos nas duas situações. 13 LACUNAS DO DIREITO A analogia pode ser legis (legal), quando ocorre a aplicação de uma norma existente a caso semelhante; ou juris(jurídica), quando de um conjunto de normas obtém-se elementos a serem aplicados a um caso sub judice similar. Por hierarquia deverá ser utilizada em primeiro lugar, quando houver necessidade de se realizar a integração das normas jurídicas LACUNAS DO DIREITO 2) Princípios Gerais de Direito: regras não escritas e que são universalmente aceitas, mas não se confundem com brocardos jurídicos.Ex: o acessório acompanha o principal; 3) Equidade: para alguns não é considerada forma de integração das normas jurídicas, mas apenas como recurso auxiliar de sua aplicação. Nesta hipótese não é utilizada em seu sentido original de busca de Justiça, mas em situações em que a lei cria espaço para que o juiz, buscando o bem comum e atendendo aos fins sociais, aplique a norma segundo sua interpretação. 15 EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO Quando foram formadas relações jurídicas na vigência da lei anterior e outra a modifica, surgem os conflitos das leis no tempo. Neste caso, há duas soluções para a situação: 1) Disposições transitórias: são elaboradas pelo legislador no próprio texto normativo, destinada a solucionar conflitos que poderão surgir do confronto das leis novas com as antigas; EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO 2) Irretroatividade das normas: para a segurança jurídica, as leis novas não podem ser aplicadas às situações constituídas anteriormente. Há todavia algumas situações em que a retroatividade pode ser aplicada, desde que respeite o ato jurídico perfeito(já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se consumou), o direito adquirido (o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular) e a coisa julgada (imutabilidade dos efeitos da sentença a qual não cabem mais recursos). A lei nova tem aplicabilidade imediata, mesmo sobre as relações que tenham nascido sob a vigência da lei anterior, desde que ainda não consumadas. EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO Revogação da lei: a lei terá vigência até que outra posterior a revogue totalmente (ab rogação) ou parcialmente (derrogação). A revogação poderá ainda ser expressa (quando a nova lei declara que revoga a anterior) ou tácita (quando os preceitos da nova lei foram incompatíveis com os da lei anterior). Desuso: juridicamente a lei continuará a vigorar até sua revogação, ainda que não aplicada. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO A regra geral é da territorialidade, incluindo-se as embaixadas, consulados, navios e aeronaves oficiais, navios e aeronaves comerciais com bandeira nacional, em alto mar. Há, porém, a utilização excepcional da extraterritorialidade em casos onde a norma é aplicada em território de outro Estado, segundo os Tratados e Convenções Internacionais. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO Pode-se considerar ainda o estatuto pessoal, que é aquele que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de origem, segundo a lei do domicílio,cujo conceito é dado pela lei do foro competente onde deverá se processar a demanda,conforme descrito pelo artigo 7º da LINDB e seus parágrafos. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO A sucessão causa mortis e a competência da autoridade judiciária também se regem pela lei domicílio: a capacidade para suceder é a domicílio do herdeiro ou legatário, mas a sucessão por ausência ou morte é a do domicílio do falecido ou desaparecido, seja qual for a localização dos bens. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO Quanto aos bens de estrangeiros situados no país, prevalecerá a lei brasileira sempre que favorável ao cônjuge ou filhos brasileiros. Quanto à competência será sempre da Justiça brasileira em relação às obrigações que devam ser cumpridas no Brasil, quando o réu aqui tiver domicílio ou quando os imóveis aqui estiverem situados. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO Como exceção à lei do domicílio, cabe a lei da situação da coisa para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes; salvo nos casos de móveis, onde se aplicará a lei do domicílio do proprietário. As obrigações e a prova dos fatos regem-se pela lei de onde se constituírem. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO Quanto à sentença estrangeira poderá ser aplicada no Brasil, desde que devidamente homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, e desde que proferida por juiz competente, com a devida citação da parte demandada, com trânsito em julgado e preenchimento dos requisitos exigidos pelo lugar onde foi proferida e após a devida tradução por tradutor juramentado. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977) LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).
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