Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CIVIL - O Decreto-Lei 4.657/1942 era chamado de “Lei de Introdução ao Código Civil” e possuía 19 artigos. Em 2010 passou a ser chamado de “Lei de Introdução ao Direito Brasileiro” (adequação formal). Em 2018 foram acrescidos os artigos 20 até o 30 (regras sobre segurança jurídica e eficiência na criação e aplicação do direito público, especificamente do direito administrativo) - É um decreto, mas com status de lei ordinária. São normas de sobredireito, lei das leis, norma das normas, normas de apoio, lex legum, traz regras usadas para todo o ordenamento jurídico (caráter universal) - Regras e princípios sobre interpretação/aplicação/vigência/revogação/direito transitório/direito internacional privado/segurança jurídica - Brasil é adepto ao Civil Law, de origem romano- germânica, em que a lei é fonte primária. Mas o CPC/2015 traz, no art. 927 um rol de precedentes judiciais obrigatórios (decisões tida em repetitivo, decisões do próprio Tribunal acerca de determinado assunto, súmula vinculante, incidente de resolução de demanda repetitiva, REsp e RE repetitivo), portanto, o CPC/2015 caminha para uma valorização da common law, pautado nos precedentes. A LINDB vai se adequando a essa nova vivencia, pois estabelece métodos de integração da decisão judicial Valorização dos costumes jurisprudenciais DIREITO CIVIL - Momento de aplicabilidade da lei - A lei nova tem aplicabilidade imediata e geral a casos futuros e pendentes a) Princípio da obrigatoriedade das leis: LINDB – “Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.” A lei é imperativa, a sua obediência não é uma faculdade; ignorantia juris neminem excusat (a ignorância da lei não escusa ninguém de seu cumprimento) ➔ Teorias acerca desse princípio: o teoria da ficção legal (a lei é obrigatória por uma questão de segurança jurídica) o teoria da presunção absoluta (a lei é obrigatória pois todo mundo a conhece – não se aplica, pois na verdade é uma presunção relativa) o teoria da necessidade social (teoria mais aplicável: a lei é obrigatória pois as normas devem ser conhecidas para que melhor sejam observadas, é uma necessidade social) EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE: é possível a alegação do desconhecimento da lei (erro de direito) em raríssimas exceções, como no direito penal (exclusão da culpabilidade) ou em certas situações do direito civil (alegação de erro no negócio jurídico) b) Princípio da Continuidade das leis: Em regra, a lei passa a ter eficácia continua a partir de sua vigência, até que outra a revogue. Exceção: leis temporárias (lei que já nasce com data para morrer) Somente lei revoga lei. Costume negativo/desuso não revoga lei. Não há desuetudo no Brasil Iniciativa (CF confere legitimação a pessoas/órgãos para apresentação de projetos de lei ao Legislativo) -> Deliberação Parlamentar (estudos, redações, correções, emendas, votação) -> Deliberação Executiva (Chefe do Executivo sanciona ou veta) -> Promulgação (se sancionada, a lei passa a existir) -> Publicação (ato de divulgação da existência, é condição da vigência e da eficácia) - Período para que a lei possa ser conhecida - Período entre a publicação e a vigência da lei LINDB – “Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” LINDB – “Art. 1º, §1o Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.” - Em regra, o prazo é de 45 dias. Em caso de lei que produza efeito no estrangeiro, o prazo é de 3 meses. EXCEÇÕES: a lei pode ter vacatio legis maior (quanto mais complexa, maior a vacatio legis). A lei também pode ter vacatio legis zero, passando a ter vigência na data da publicação (quando a lei não tem repercussão grande) O prazo de 45 dias não se aplica aos atos normativos administrativos (decretos, resoluções, portarias, instruções normativas, regimentos, regulamentos), que tornam-se obrigatórios na data da publicação, salvo disposição em contrário. - Para a contagem do fim da vacatio legis, inclui-se o dia da publicação e inclui-se o dia final (dia de seu vencimento), sendo a vigência no dia seguinte (dia útil ou não) – ex: lei promulgada em 16/03/2015 e publicada em 17/03/2015, com vacatio legis de 1 ano - > a vigência começa em 18/03/2016. - A lei é válida quando aprovada de acordo com os requisitos estabelecidos pela CF e pelas normas infraconstitucionais; a validade faz com que a norma entre no mundo jurídico e seja apta a atribuir efeitos jurídicos. A vigência dá exigibilidade aos comportamentos previstos na lei VIGÊNCIA X VIGOR: vigor é a lei que se mantem em voga para ser efetivamente aplicada aos casos sob seu regime, está ligada à força normativa/imperatividade de uma lei. Exemplos: 1) O CPC/1973 tratava do procedimento sumário, e o CPC/2015 não abordou tal situação. Então, os processos em trâmite no procedimento sumário na vigência do CPC/2015 continuam sendo regidos pelo CPC/1973 (norma que não possui mais vigência, mas possui vigor). 2) O CC/1916 trazia o instituto da enfiteuse, e o CC/2002 não trouxe mais. Por ser um instituto de transmissão DIREITO CIVIL de bem imóvel de maneira perpétua, o CC/1916 continua até hoje regendo essas situações. ULTRATIVIDADE é quando a norma possui vigor, mas não possui vigência. Uma norma revogada continua produzindo efeitos em relação a situações específicas realizadas sob sua vigência. - SISTEMA DA OBRIGATORIEDADE SIMULTÂNEA OU PRINCÍPIO DA VIGÊNCIA SINCRÔNICA: a lei entra em vigor na mesma data em todo o país, sendo simultânea a sua obrigatoriedade. Apesar de a LINDB estabelecer a vigência sincrônica para todos os entes políticos, é possível aplicar o prazo progressivo (vigência progressiva), desde que o legislador mencione na norma que passa a vigorar - A lei nova tem aplicabilidade aos casos futuros e pendentes, salvo situações excepcionais - ALTERAÇÕES NA LEI: -> antes de entrar em vigor: nova publicação do seu texto destinada a correção, e o prazo de vidência começa a correr da nova publicação -> depois de entrar em vigor: as correções são consideradas como lei nova LINDB – “Art. 1º, § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.” - Se for publicada novamente o texto da lei, antes de entrar em vigor, para correção (mesmo que somente para correção de falhas de grafia), começará a contar novo prazo de vacatio legis da nova publicação - Já que houve novo processo legislativo (nova lei), há novo prazo de vacatio legis. LINDB – “Art. 1º, § 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.” - A regra é que a lei não tenha prazo certo para vigorar, permanecendo em vigência enquanto não for modificada ou revogada por outra. LINDB – “Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.” - Lei temporária é aquela que possui prazo para perder sua vigência, que nasce com termo prefixado ou com objetivo a ser cumprido - A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação); expressa (por via direta – a cláusula de revogação deve enumerar expressamente as leis ou disposições legais revogadas) ou tácita (por via oblíqua ou indireta) LINDB – “Art. 2º § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível (revogação tácita) ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (revogação tácita).” LINDB – “Art. 2º § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a leirevogadora perdido a vigência.” - No Brasil NÃO há repristinação/restauração automática da lei velha, se a lei revogadora for revogada (por ex: uma lei A é revogada por uma lei B, e posteriormente uma lei C revoga a lei B; não é restaurada a lei A automaticamente). É possível acontecer, mas nunca de forma automática, deve haver previsão expressa ➔ É diferente de EFEITO REPRISTINATÓRIO! Efeito repristinatório é o que acontece no controle de constitucionalidade, quando a lei revogadora é declarada inconstitucional, há o efeito repristinatório, restaurando os efeitos da norma revogada, já que a norma revogadora será considerada como nunca existente. Pode haver a “modulação dos efeitos”, quando o tribunal declara efeitos não retroativos da declaração de inconstitucionalidade LINDB – “Art. 2º, § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.” - A norma geral não revoga a especial e a norma especial não revoga a geral, elas podem coexistir desde que a lei antiga não contradiga a lei nova DIREITO CIVIL - Em regra, o juiz conhece a lei e a parte não precisa provar sua vigência ou transcrever a norma, SALVO nos casos de direito estrangeiro, direito consuetudinário, direito estadual e direito municipal LINDB – “Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” - Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional: métodos de integração para situações de ausência de lei (lacunas na lei) ➔ Tipos de lacunas na lei: o lacuna normativa (ausência total de norma para um caso, aqui aplicam-se os métodos de integração) o lacuna ontológica (presença de uma norma sem eficácia social para o caso) o lacuna axiológica (presença de uma norma adequada ao caso mas com aplicação insatisfatória ou injusta) o lacuna de conflito ou antinomia (choque de duas ou mais normas válidas e aplicáveis) - Subsunção é a aplicação direta da norma ao caso concreto. É diferente de integração, que é quando não há norma para a resolução do caso concreto - Aplicação de norma ou conjunto de normas aproximadas ao caso - Modalidades de analogia: a) Analogia legal/legis (aplicação de uma norma próxima) b) Analogia jurídica (iuris) (aplicação de um conjunto de normas próximas) - É diferente de aplicação extensiva. Na aplicação extensiva há uma ampliação do sentido de uma lei existente, então há subsunção, é um método de interpretação. Na analogia não há lei, é um método de integração - Práticas reiteradas de conteúdo lícito e relevância jurídica - O costume, para ser aplicado como método de integração, deve ter como características continuidade, diuturnidade, moralidade, obrigatoriedade e uniformidade - Modalidades de costume: a) Secundum legem (costume de acordo com a lei) b) Praeter legem ou costume integrativo (costume complementa a lei quando há omissão; o método de integração propriamente dito; o uso do costume como modo de integração. Por exemplo: é costume no Brasil a apresentação de cheques pré- datados, apesar de na lei constar que o cheque pode ser descontado à vista. O STJ, na súmula 370 determinou que constitui dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado) c) Contra legem (costume contrário à lei; não pode ser usado como método de integração nem como critério de revogação de norma, mas somente pode ser utilizado para interpretação de uma norma) - A violação dos costumes constitui abuso de direito. Art. 187 do CC/2002: “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” - Costume judiciário (jurisprudência consolidada; precedentes judiciais) - Base do ordenamento jurídico, não estão positivados - Regras de conduta que norteiam o aplicador do direito na interpretação - O Código Civil estabelece três categorias básicas de princípios: eticidade (boa-fé), operabilidade/concretude (direito deve ser de fácil operação), socialidade (função social) -NÃO é método de integração para a LINDB! Não é método de integração, mas auxilia nisso - Fonte informal/indireta/mediata - Uso de bom senso/justiça no caso concreto - Julgamento POR equidade é diferente de julgamento COM equidade. O julgamento por equidade é quando DIREITO CIVIL desconsidera uma norma para usar outras regras mais justas, e somente pode ser feito mediante permissão de lei. O julgamento com equidade é decidir com a justiça no caso concreto, deve ocorrer em toda decisão - Modalidades de equidade: a) Equidade legal (a própria lei prevê um caso que deve ser julgado por equidade) b) Equidade judicial (quando o juiz aplica a equidade, desde que permitido por lei) DIREITO CIVIL - Classificação da interpretação das normas: a) Quanto às fontes: autêntica (interpretação feita pelo próprio legislador por outro ato normativo); doutrinária; jurisprudencial b) Quanto aos meios: gramatical (usa somente as regras da linguística); lógica (interpretação com a lei em seu conjunto); ontológica (busca a razão de ser da lei); histórica (observa as circunstâncias que levaram à criação da lei); sistemática (comparativo da lei atual de acordo com as demais normas que inspiram aquele ramo); sociológica/teleológica (observa o verdadeiro sentido e finalidade da norma – ex: súmula 364 STJ “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.” – aplicação do conceito de bem de FAMÍLIA aos solteiros, divorciados e viúvos, pois a finalidade do bem de família ser impenhorável é a dignidade da pessoa humana, e não proteger a família em si) c) Quanto aos resultados: declarativa (a letra da lei corresponde exatamente ao pensamento do legislador); extensiva (há ampliação da aplicação da lei – ex: aplicar ao companheiro direitos previstos ao cônjuge); restritiva (há a restrição da aplicação da lei). OBS: Normas de exceção/excepcionais NÃO podem ter interpretação extensiva (pois restringem a autonomia privada). Negócios jurídicos benéficos (como a fiança) e a renúncia SÓ admitem interpretação restritiva DIREITO CIVIL - No caso da “lacuna de conflito”, chamada de antinomia, há o choque de 2 ou mais normas válidas e aplicáveis - Modalidades de antinomia: a) Real: quando não existe no ordenamento jurídico um critério normativo para solucionar o conflito; aplicando uma norma viola-se a outra e vice- versa; somente se elimina esse tipo de antinomia com a solução do Poder Legislativo (edição de uma norma elucidando e solucionando o caso) ou solução do Poder Judiciário (adoção do princípio máximo de justiça) b) Aparente: aplicam-se os critérios hierárquico (prevalece a lei superior), da especialidade (prevalece a lei especial) e cronológico (prevalece a lei + recente), nessa ordem, podendo ser aplicados mais de um critério. - Classificação da antinomia: a) Primeiro grau: para a solução aplica-se somente um dos critérios b) Segundo grau: para a solução aplica-se pelo menos 2 critérios c) Terceiro grau: para a solução aplicam-se os 3 critérios DIREITO CIVIL - Dois critérios: disposições transitórias estabelecendo as regras temporárias, conciliando a lei nova com as relações já definidas pela lei anterior; e o princípio da irretroatividade das leis, que determina que a regraé que a lei nova tem aplicabilidade imediata e geral aos casos pendentes e aos casos futuros, não abrangendo fatos passados. - Tempus regit actum (a lei que incide sobre um determinado ato é a do tempo em que este ato se realizou) A regra é a irretroatividade da norma, porém existem EXCEÇÕES, em que a lei pode retroagir. LINDB – “Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.” 1) Direito Adquirido (+ amplo): é o direito, material ou imaterial, que já se incorporou ao patrimônio e à personalidade de seu titular. Os requisitos do direito adquirido são a existência de um fato e a existência de uma norma que faça do fato originar-se um direito (sem esses elementos, é expectativa de direito) 2) Ato Jurídico Perfeito: ato já consumado, de acordo com a norma vigente no tempo em que se efetuou, com todas as formalidades exigidas por lei, por isso o ato não pode ser alterado pela existência de lei posterior 3) Coisa Julgada (- amplo): decisão judicial transitada em julgado, que não pode ser alterada por lei posterior - A proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada NÃO é absoluta -> era da ponderação dos princípios e valores. ▪ Ex1: JDC109, “a restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo investigando.” Pode se relativizar as coisas julgadas de quando não existiam meios tecnológicos para investigar paternidade, pois agora existe ▪ Ex2: art.2035, p. ú. CC/2002, “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.” É possível a revisão de cláusulas de contratos efetivados sob a égide do CC/1916, que estruturalmente hoje possam violar a função social do contrato ou da propriedade DIREITO CIVIL - No Brasil aplica-se a Teoria da Territorialidade Temperada ou Mitigada. Territorialidade porque as leis brasileiras são aplicadas ao território nacional. Temperada/mitigada porque, excepcionalmente, leis e sentenças estrangeiras podem ser aplicadas no Brasil - Para que as leis/sentenças/atos estrangeiras sejam aplicadas no Brasil, é necessário que não ofendam a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes - Somente são cumpridas as sentenças estrangeiras após o exequatur (“cumpra-se”), que é a permissão dada pelo STJ, por meio de homologação, para que essa decisão produza efeitos - A decisão estrangeira é título executivo judicial e deve ser cumprida na justiça federal de primeira instância - O STJ não homologa sentença estrangeira que ofenda nossa competência exclusiva (ações que só podem ser julgadas na jurisdição brasileira – art 23 CPC) - O STJ observa se foram verificadas as formalidades (faz o juízo de delibação) - OBS: quando há mais de um processo em curso, um no Brasil e outro no estrangeiro, NÃO há litispendência. Mas se já houve sentença no estrangeiro, poderá ser homologado no Brasil para que possa surtir efeitos LINDB – “Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA!!!!! (após EC 45/2004)” CF – “Art. 105 CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.” DIREITO CIVIL LINDB – “Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.” - CPC: Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, tenha domicílio no Brasil LINDB – “Art. 7º, § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.” - O casamento celebrado no Brasil, mesmo que de estrangeiros, deve seguir as regras sobre impedimentos e às formalidades da celebração - Casamento de estrangeiros no Brasil > casamento perante autoridades diplomáticas/consulares do país de ambos - Casal estrangeiro em que cada um é de um país > vale a lei do primeiro domicílio conjugal LINDB – “Art. 7º, § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.” - Casal estrangeiro em que ambos são do mesmo país > o regime de bens é o do país de domicílio - Casal estrangeiro em que cada um é de um país > o regime de bens é o do primeiro domicílio conjugal LINDB – “Art. 7º, § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.” - No momento da naturalização do estrangeiro casado, ele pode requerer, com anuência de seu cônjuge, a adoção do regime de comunhão parcial de bens (regime legal/oficial do Brasil) LINDB – “Art. 7º, § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.” - O parág. 6º acaba não possuindo aplicabilidade, em razão da EC 66/2010 - A EC 66/2010 (EC do divórcio) trouxe a possibilidade do divórcio a qualquer tempo: não é mais preciso preencher requisito temporal para o divórcio. ANTES, deveria primeiro haver a separação; após 1 ano da separação poderia fazer o divórcio. AGORA, não há mais lapso temporal mínimo para pedir o divórcio (nem da separação de fato nem da separação judicial) – agora não precisa passar pela separação. (OBS: separação SUSPENDE os deveres matrimoniais e o regime de bens; divórcio ACABA com o casamento e o regime de bens. Se há separação, continua tendo vínculo matrimonial, mas questões relacionadas à fidelidade e regime de bens estão suspensos; no divórcio acaba tudo. Na separação há possibilidade do casal reatar; no divórcio, somente se casar de novo. A separação é uma opção dos cônjuges) - Em termos de direito internacional, agora pode pedir de cara a homologação do divórcio, sem necessidade de aguardar o prazo de 1 ano LINDB – “Art. 7º, § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhosnão emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar- se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.” DIREITO CIVIL - Quando a pessoa não tiver domicílio, será considerado domicílio o lugar da sua residência ou a sua moradia habitual (aquele lugar em que se encontre) LINDB – “Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.” - Bens móveis transportados/em transporte > lei do país do domicílio do proprietário - Penhor (direito real de garantia sobre bem móvel) > lei do domicílio da pessoa que estiver na posse do bem LINDB – “Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.” - REGRA: obrigações > lei do local onde a obrigação for constituída - Locus regit actum LINDB – “Art. 9º, § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.” - EXCEÇÃO: art. 9º, parág 1º. Se o contrato foi celebrado no exterior, com obrigação a ser executada no Brasil (para produzir efeitos no Brasil), depende de forma essencial prevista na lei brasileira, que será observada, mas serão admitidas peculiaridades da lei estrangeira quanto à fatores externos, extrínsecos LINDB – “Art. 9º, § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.” - O art. 435 do CC estabelece que o contrato é celebrado no local em que foi proposto. O art. 9º, parág. 2º da LINDB estabelece que o contrato é celebrado no lugar em que residir o proponente (policitante). É uma antinomia aparente, que será resolvida pelo critério da especialidade O CC será aplicado aos contratos nacionais (estabelecidos no Brasil) e a LINDB será aplicada aos contratos internacionais LINDB – “Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.” - Sucessão por morte/ausência > lei do domicílio do morto/ausente LINDB – “Art. 10, § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.” - EXCEÇÃO: quando há bens de estrangeiros no Brasil, aplica-se a lei do Brasil em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, quando a lei estrangeira (do domicílio do morto) não for mais favorável a eles - EXCEÇÃO: Informativo 563 STJ: ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira da situação da coisa e não a lei brasileira, na sucessão de bem imóvel situado no exterior LINDB – “Art. 10, § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.” LINDB – “Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. § 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.” - Organizações de interesse coletivo (sociedades, fundações) > lei do Estado em que se constituírem - Para terem filiais/agências/estabelecimentos no Brasil, devem ter seus atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira LINDB – “Art. 11 § 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação. DIREITO CIVIL § 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.” - REGRA: Governos estrangeiros e organizações de qualquer natureza que tenham constituído/dirijam/hajam investido de funções públicas não podem adquirir bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação no Brasil - EXCEÇÃO: Governos estrangeiros podem adquirir os prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos/agentes consulares LINDB – “Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.” - Diligências deprecadas por autoridade estrangeira: a autoridade judiciária cumpre, a partir da concessão do exequatur (cumpra-se), segundo a forma estabelecida pela lei brasileira. Observa-se a lei estrangeira quanto ao objeto das diligências - Quando o fato ocorreu em país estrangeiro, a prova dos fatos (ônus, meio de produção) será regida pela lei de lá. Mas não serão admitidas provas que a lei brasileira desconheça - Quando uma parte invoca aplicação de lei estrangeira, o juiz pode exigir prova do seu texto e vigência LINDB – “Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.” DIREITO CIVIL – - Artigos 20 a 30 foram acrescentados à LINDB pela lei 13.655/2018 (não alterou a LINB, apenas acrescentou artigos) - Regras de segurança jurídica e eficiência na criação e aplicação do direito público (dir. admin, financeiro, orçamentário, tributário) – não se aplicam ao direito privado - Esses arts. não tiveram vacatio legis (tiveram vigência imediata), exceto o art. 29, que teve vacatio legis de 180 dias LINDB – “Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.” - Não pode haver decisão nas esferas administrativa, controladora e judicial com base em valores jurídicos abstratos (normas jurídicas indeterminadas) sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão – ou seja, pode usar valores jurídicos abstratos desde que considere as consequências práticas/impactos, desde que haja uma projeção dos impactos no direito público – para garantia jurídica; em razão da responsabilidade decisória do Estado; há uma análise econômica do direito LINDB – “Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condiçõespara que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.” A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa: • é necessária fundamentação/motivação para a tomada da decisão, que demonstre a necessidade e adequação da invalidação (fundamentação plena) • deve indicar de maneira expressa as consequências jurídicas e administrativas • deve indicar, quando for o caso, condições para que a regularização ocorra de maneira equânime e proporcional, sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos (pode estabelecer indenização, por exemplo) LINDB – “Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados. § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato.” - Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades que o gestor possuía no momento da tomada de decisão LINDB – “Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de DIREITO CIVIL transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.” - Essa transição é a concessão de um prazo para que todos possam se adaptar a regra (modulação dos efeitos da decisão) LINDB – “Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.” - Segurança jurídica na hora da tomada de decisões LINDB – “Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. § 1º O compromisso referido no caput deste artigo: I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais; II – (VETADO). III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral; IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. § 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. § 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre os envolvidos.” - A compensação visa evitar que as partes recebam benefícios indevidos ou sofram prejuízos anormais ou injustos LINDB – “Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.” - Erro grosseiro = culpa grave - Esse artigo deve ser observado junto com o art. 37, § 6º da CF, que determina: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” A CF estabelece que o Estado é responsável objetivamente pelos danos causados pelos seus agentes, podendo o Estado agir contra esse agente de maneira regressiva de modo a observar a responsabilidade subjetiva (quando houver DOLO ou CULPA do agente – a CF não fala que é apenas culpa grave, e sim qualquer tipo de culpa) - Artigos importantes do CPC - arts. 181, 184 e 187: o Ministério Público, a advocacia pública e a Defensoria Pública são civil e regressivamente responsáveis quando agirem com dolo ou fraude LINDB – “Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão. § 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.” (Esse é o artigo que teve vacatio legis de 180 dias)” LINDB – “Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das DIREITO CIVIL normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.” - Instrumentos de aumento de segurança jurídica
Compartilhar