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Resumo LINDB

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A Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-lei 
4.657, de 04/09/1942), atualmente denominada 
“Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro” (Lei n. 12.376, de 30/10/2010), 
contém trinta artigos. 
 Trata-se da legislação anexa ao Código Civil, 
mas autônoma, dele não fazendo parte. 
 Tem caráter universal, aplicando-se a todos os 
ramos do direito. 
 Constitui um repositório de normas preliminar à 
totalidade do ordenamento jurídico. 
 Trata-se de um conjunto de normas sobre 
normas, visto que disciplina as próprias normas 
jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e 
entendimento no tempo e no espaço. 
 O objeto da LINDB é a própria norma, visto que 
disciplina a sua elaboração e vigência, aplicação no 
tempo e espaço, etc. 
 Contem normas de sobredireito ou de apoio, 
sendo considerada um Código de Normas, por ter 
a lei como tema central 
 A expressão “fontes do direito” tem várias 
acepções. Tanto significa o poder de criar normas 
jurídicas quanto a forma de expressão dessas 
normas 
 Emprega-se também o termo “fonte do direito” 
como equivalente ao fundamento de validade da 
ordem jurídica. (Hans Kelsen). 
 A compreensão da natureza e eficácia das normas 
jurídicas pressupõe o conhecimento da sua origem 
ou fonte. 
 De forma sintética “é o meio técnico de realização 
do direito objetivo” 
 Fontes Históricas: São aquelas das quais se 
socorrem os estudiosos quando querem investigar 
a origem histórica de um instituto jurídico ou de 
um sistema. Por exemplo, Lei das XII Tábuas, o 
Digesto, O Corpos Juris Civilis, etc. 
 Fontes Atuais: São as fontes as quais se reporta o 
indivíduo para afirmar o seu direito, e o juiz, para 
fundamentar a sentença 
 Encontra-se no costume a primeira fonte do 
direito, consubstanciada na observância de certas 
regras, consolidadas pelo tempo e revestidas de 
autoridade. Trata-se do direito não escrito, 
conservado nos sistemas de Common Law. 
 O direito escrito surge em oposição ao 
anteriormente mencionado. 
 Dividem-se em: 
 A jurisprudência, não é considerada para alguns, 
cientificamente, fonte formal de direito, mas 
somente fonte meramente intelectual ou 
informativa, mas a realidade é que na realidade, ela 
tem se mostrado fonte criadora do direito. Basta 
observar a invocação da súmula oficial de 
jurisprudência nos tribunais superiores como 
Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro 
Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro 
 
verdadeira fonte formal, embora cientificamente 
lhe falte essa condição. Tal situação se acentuou 
com a entrada em vigor da Lei n. 11.417, de 
19/12/2006, disciplinando a edição, a revisão e o 
cancelamento de enunciado de súmula vinculante 
pelo STF. 
 Dentre as fontes formais, a lei é a fonte principal, 
e as demais fontes acessórias 
 Costuma-se dividir as fontes do direito em: 
▪ Diretas ou imediatas (a lei e o costume, que 
por si só geram a regra jurídica) 
▪ Indiretas ou mediatas (a doutrina e a 
jurisprudência, que contribuem para que a 
norma seja elaborada). 
 A exigência de maior certeza e segurança para as 
relações jurídicas vem provocando a supremacia 
das leis, sendo considerada a fonte primacial do 
direito. 
 A legislação é o processo de criação das normas 
jurídicas escritas e é, portanto, fonte jurídica por 
excelência. 
 Fonte formal é a atividade legiferante, o meio pelo 
qual a norma jurídica se positiva com legítima 
força obrigatória. 
 Em sentido amplo, lei é empregada como 
sinônimo de norma jurídica, abrangendo normas 
escritas ou costumeiras, ou, ainda, todos os atos de 
autoridade, como os decretos, os regulamentos, 
etc. 
 Em sentido restrito indica somente a norma 
jurídica elaborada pelo Poder Legislativo, por 
meio de processo adequado. 
 “Como o direito regula sua própria criação ou 
elaboração, o processo legislativo está previsto na 
CF/88”. 
CF/88, Art. 59. O processo legislativo compreende a 
elaboração de: 
 I -emendas à Constituição; 
 II -leis complementares; 
 III -leis ordinárias; 
 IV -leis delegadas; 
 V -medidas provisórias; 
 VI -decretos legislativos; 
 VII -resoluções. 
 Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a 
elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. 
 A lei é “um ato do poder legislativo que 
estabelece normas de comportamento social. 
Para entrar em vigor, deve ser promulgada e 
publicada no Diário Oficial. É, portanto, um 
conjunto ordenado de regras que se apresenta 
como um texto escrito”. 
 Dentre as várias características da lei, destacam-se 
as seguintes: 
Generalidade 
 Dirige-se a todos os cidadãos, indistintamente. 
 O seu comando é abstrato, não podendo ser 
endereçada a determinada pessoa. 
 Todavia, existe casos onde, embora não se dirija a 
todos os membros da coletividade, compreende, 
contudo, determinada categoria de indivíduos, por 
exemplo o. Estatuto dos Funcionários Públicos, 
por mais que discipline uma categoria específica 
de pessoas não perde o caráter de generalidade 
Imperatividade 
 Impõe um dever, uma conduta aos indivíduos. 
 A lei é uma ordem, um comando. Quando exige 
uma ação, impõe. Quando quer uma abstenção, 
proíbe. 
Autorizamento 
 É o fato de ser autorizante, que distingue a lei das 
demais normas éticas. 
 “A norma jurídica autoriza que o lesado pela 
violação exija o seu cumprimento ou a 
reparação pelo mal causado. 
 É ela, portanto, que autoriza e legitima o uso da 
faculdade de coagir. 
 Não é a sanção, pois tanto as normas jurídicas 
como as normas éticas são sancionadoras. 
 Não é a coação, pois a norma jurídica existe sem 
ela, tendo plena vigência com sua promulgação 
Permanência 
 A lei não se exaure numa só aplicação, pois deve 
perdurar até ser revogada por outra lei. 
 Algumas normas, entretanto, são temporárias, 
vigoram durante certo período, por exemplo, as 
leis orçamentárias 
Emanação da autoridade competente 
 A lei é o ato do Estado, pelo seu Poder Legislativo 
 O legislador está encarregado de ditar as leis, mas 
tem de observar os limites de sua competência. 
 Quando exorbita de suas atribuições, o ato é nulo, 
competindo ao Poder Judiciário recusar-lhe 
aplicação. (Art. 97, CF/88) 
 A classificação das leis lato sensu pode ser feita de 
acordo com vários critérios. Assim: 
 
Quanto à Imperatividade 
 
 As cogentes, são também denominadas de ordem 
pública ou de imperatividade absoluta, são: 
▪ Mandamentais: ordenam ou determinam uma 
ação. 
▪ Proibitivas: impõem uma abstenção. 
 Impõem-se de modo absoluto, não podendo ser 
derrogadas pela vontade dos interessados 
 Regulam matéria de ordem pública e de bons 
costumes. 
 Entendendo-se como ordem pública o conjunto de 
normas que regulam os interesses fundamentais do 
Estado ou que estabelecem, no direito privado, as 
bases jurídicas da ordem econômica ou social. 
 Não pode a vontade dos interessados alterar, por 
exemplo, os requisitos para adoção (art. 1.618, 
CC/02). 
 As normas não cogentes, também chamadas de 
dispositivas ou de imperatividade relativa., não 
determinam nem proíbem de modo absoluto 
determinada conduta, mas permitem uma ação ou 
abstenção ou suprem declaração de vontade não 
manifestada. 
 Distinguem-se em: 
▪ Permissivas: permitem que os interessados 
disponham como lhes convier. Por exemplo, a 
permissão das partes estipularem, antes de 
celebrado o casamento, quanto aos bens, o que 
lhe aprouver (art. 1.639, CC/02). 
▪ Supletivas: se aplicam na falta de manifestação 
de vontade das partes. Costumam vir 
acompanhadas de expressões como “salvo 
estipulação em contrário” ou “salvo as partes 
convencionarem diversamente”. Por exemplo, 
efetuar-se-á o pagamento no domicílio do 
devedor, salvo se as partes convencionarem 
diversamente... (art. 327, CC/02). 
 
Quanto ao Conteúdo de autorizamento 
 Sob essa ótica, ou considerando-se a intensidadeda sanção (toda lei é dotada de sanção, que varia 
de intensidade conforme os efeitos da 
transgressão), as leis classificam-se em: 
 
 São as que estabelecem ou autorizam a aplicação 
de duas sanções na hipótese de serem violadas. 
 Por exemplo, o art. 19 da Lei de Alimentos (Lei n. 
5.478, de 25/07/68) e seu § 1° preveem a pena de 
prisão para o devedor de pensão alimentícia e ainda 
a obrigação de pagar as prestações vencidas e 
vincendas, sendo que o cumprimento integral da 
pena corporal não o eximirá da referida obrigação. 
 
 São aquelas que impõem a nulidade do ato 
simplesmente, sem cogitar a aplicação de pena 
ao violador. 
 Por exemplo, é nulo o negócio jurídico celebrado 
por pessoa absolutamente incapaz (art. 166, I, 
CC/02). 
 
 São as que não acarretam a nulidade ou a 
anulação do ato ou negócio jurídico na 
circunstância de serem violadas, somente impondo 
ao violador uma sanção. 
 Por exemplo, o viúvo com filho do cônjuge 
falecido, que se casa antes de fazer inventário e dar 
partilha dos bens aos herdeiros do cônjuge (art. 
1.523, I, CC/02), não se anulará o casamento, no 
entanto, como sanção (econômica) pela omissão, o 
casamento será contraído, obrigatoriamente, no 
regime de separação de bens (art. 1.641, I, CC/02). 
 
 São as leis cuja violação não acarreta nenhuma 
consequência. 
 Por exemplo, as dividas decorrentes de jogos e de 
dívidas prescritas não obrigam o pagamento (art. 
814, CC/02). O ordenamento não autoriza o credor 
a efetuar a sua cobrança em juízo. São 
consideradas normas sui generis, não 
propriamente jurídicas, pois estas são autorizantes. 
 
Quanto a sua natureza 
 Sob esse aspecto, as leis são substantivas 
(materiais) e adjetivas (formais). 
 São as que definem direitos e deveres e 
estabelecem os seus requisitos e forma de 
exercício. 
 São também chamadas de materiais, porque 
tratam do direito material. 
 O seu conjunto é denominado direito substantivo. 
 São as que traçam os meios de realização dos 
direitos. 
 São também denominados processuais ou 
formais. 
 Integram o direito adjetivo. 
 Embora tradicional, essa classificação não é muito 
utilizado atualmente, sendo mesmo considerada 
imprópria, porque nem toda lei formal é adjetiva, 
mas, há leis processuais que são de natureza 
substantiva, assim como há normas que ao mesmo 
tempo definem os direitos e disciplinam a forma de 
sua realização. 
Quanto à sua hierarquia 
 
 São as que constam da Constituição, às quais as 
demais devem amoldar-se. 
 São as mais importantes, por asseguraremos 
direitos fundamentais do homem, como 
indivíduo e como cidadão, e disciplinarem a 
estrutura da nação e a organização do Estado. 
 A Constituição Federal situa-se, com efeito, no 
topo da escala hierárquica das leis, por traçar as 
normas fundamentais do Estado. 
 
 São as leis comuns que emanam dos órgãos 
investidos de função legislativa pela CF/88 
mediante discussão e aprovação de projetos de lei 
submetidos ao Congresso e, posteriormente, à 
sanção e promulgação do Presidente e publicação 
no Diário Oficial da União. 
 (Art. 61, CF/88). 
 
 São elaboradas pelo executivo, por autorização 
expressa do Legislativo, tendo a mesma posição 
hierárquica das ordinárias. 
 (Art. 68, CF/88) 
 Estão situadas no mesmo plano das ordinárias e das 
delegadas, por mais que não sejam propriamente 
leis. 
 São editadas pelo Poder Executivo (Art. 84, 
XXVI, CF/88), que exerce função normativa, nos 
casos previstos na CF 
 O art. 62e §§ 1° a 12 do referido diploma com a 
redação da Emenda Constitucional n. 32/2001, 
permitem que o Presidente da República adote tais 
medidas, com força de lei, em caso de relevância 
e urgência, devendo submetê-las de imediato ao 
Congresso. 
 Tais medidas provisórias perderão eficácia, desde 
a edição, se não forem convertidas em lei dentro de 
sessenta dias, prorrogável por uma única vez por 
igual prazo, devendo o Congresso, por decreto 
legislativo, disciplinar as relações jurídicas 
decorrentes. 
 São instrumentos normativos (art. 59, VI, CF/88) 
por meio dos quais são materializadas as 
competências exclusivas do Congresso 
Nacional. 
 Por exemplo, resolver definitivamente sobre 
tratados internacionais que acarretam 
compromissos gravosos ao patrimônio nacional 
(art.49, I, CF/88), ou disciplinar os efeitos 
decorrentes da medida provisória não convertida 
em lei (art.52, §3°, CF/88) 
 São normas expedidas pelo Poder Legislativo 
regulamentando matérias de competência privativa 
da câmera dos Deputados (art. 51, CF/88) e do 
Senado Federal (art. 52, CF/88) com natureza 
administrativa ou política. 
 Por exemplo, a suspenção da execução de lei 
declarada inconstitucional por decisão definitiva 
do STF (art. 52, X, CF/88). 
 
 São os regimentos e estatutos que disciplinam as 
regras procedimentais sobre o funcionamento do 
Legislativo. Os Regimentos Internos estabelecem 
os ditames sobre o processo legislativo. 
 
Quanto à Competência ou extensão territorial 
 Sob este ângulo, tendo em vista a competência 
legislativa estabelecida na CF, dividem-se as leis 
em: 
 
 São as de competência da União Federal, votadas 
pelo Congresso, com incidência sobre todo o 
território brasileiro ou parte dele quando se 
destina por exemplo, a proteção especial da 
Amazônia. 
 Por exemplo, são privativas as competências 
elencadas no art. 22 da CF/88, valendo o inciso I, 
que menciona as concernentes ao “direito civil, 
comercia, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”. 
 
 São as aprovadas pelas Assembleias Legislativas, 
com aplicação restrita à circunscrição 
territorial do Estado-membro a que pertencem 
ou a parte dele. 
 Em geral, cada Estado edita leis sobre o que 
explicita ou implicitamente, não lhe é vedado pela 
CF/88 (art. 25 §1°, CF/88), criando os impostos de 
sua competência e provendo às necessidades de 
seu governo. 
 
 São as editadas pelas Câmaras Municipais, com 
aplicação circunscrita aos limites territoriais dos 
respectivos municípios. 
 Por exemplo o art. 30 I a III, da CF/88, compete 
aos municípios “legislar sobre assuntos de 
interesse local, suplementar a legislação federal e 
a estadual...” 
Quanto ao alcance 
 Quanto a essa visão, as leis denominam-se gerais e 
especiais. 
 
 São as que se aplicam a todo um sistema de 
relações jurídicas, por exemplo o CC, também 
chamado de direito comum. 
 São as que se afastam das regras de direito comum 
e se destinam a situações jurídicas específicas ou 
a determinadas relações, por exemplo as de 
consumo, as de locação, as concernentes aos 
registros públicos. 
 
 As leis nascem, aplicam-se e permanecem em 
vigor até serem revogadas. Esses momentos 
correspondem a determinação do início da 
vigência, à Continuidade da vigência e à cessação 
de sua vigência. 
 O processo de criação da lei passa por três fases: 
 Com a publicação, tem-se o início da vigência da 
lei, tornando-se obrigatória., pois ninguém pode 
escusar-se de cumpri-la alegando que não a 
conhece. 
LINDB, Art. 3° Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que 
não a conhece. 
 Terminando o processo de sua produção, a norma 
já é válida. 
 A vigência se inicia com a publicação e se estende 
até sua revogação ou até o prazo estabelecido para 
sua validade. 
 A vigência é uma qualidade temporal da norma: o 
prazo com que se delimita o seu período de 
validade 
LINDB, Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar 
em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada. 
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei 
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de 
oficialmente publicada. 
 A obrigatoriedade da lei não se inicia no dia da 
publicação, salvo se ela própria assim o 
determinar. Pode, desse modo, entrar em vigor na 
data de sua publicação ou em outra mais remota, 
conforma constar em seu texto.Se nada dispuser a 
esse respeito, aplica-se a regra do art. 1° 
supramencionado. 
 O prazo de 45 dias não se aplica aos decretos e 
regulamentos, cuja obrigatoriedade determina-se 
pela publicação oficial. Tornam-se, assim, 
obrigatórios desde a data de sua publicação, 
salvo se dispuserem em contrário. A falta de norma 
regulamentadora é hoje suprida pelo mandado de 
injunção. 
 Quando a lei brasileira é admitida no exterior (em 
geral quando cuida de atribuições de ministros, 
embaixadores, convenções de direito 
internacional, etc.), a sua obrigatoriedade inicia-se 
três meses depois de oficialmente publicada. (art. 
1°, § 1°, LINDB) 
 O intervalo entre a data da publicação da lei e a sua 
entrada em vigor denomina-se vacatio legis. 
 Em matéria de duração do referido intervalo, foi 
adotado o critério do prazo único, uma vez que a 
lei entra em vigor na mesma data, em todo o País, 
sendo simultânea a sua obrigatoriedade (ao 
contrário da antiga LICC, que adotava o prazo 
progressivo). 
LINDB, Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei 
terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando 
expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou 
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei 
anterior. 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou 
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei 
anterior. 
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se 
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. 
 “Vigor e vigência são qualidades distintas” 
 O termo vigência está relacionado ao tempo de 
duração da lei, ao passo que o vigor está 
relacionado à sua força vinculante. 
 Por exemplo, o CC/16 “não tem mais vigência, por 
estar revogado, embora ainda possua vigor. Se um 
contrato foi celebrado durante a sua vigência e 
tiver que ser examinado hoje, quanto à sua 
validade, deverá ser aplicado o Código revogado. 
 Registra-se que o vigor e a vigência não se 
confundem com a eficácia da lei. Esta é uma 
qualidade da norma que se refere à sua adequação, 
em vista da produção concreta de efeitos. 
LINDB, Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar 
em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada. 
 § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova 
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo 
e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
 § 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se 
lei nova. 
 Se durante o vacatio legis ocorrer nova 
publicação do texto legal, para correção de erros 
materiais ou falha de ortografia, o prazo da 
obrigatoriedade começará a correr da nova 
publicação. O novo prazo para entrada em vigor 
da lei só corre para a parte corrigida ou emendada, 
ou seja, apenas os artigos republicados terão 
prazo de vigência contado da nova publicação, 
para que o texto correto seja conhecido, sem 
necessidade de que se vote nova lei. Os direitos e 
obrigações baseados no texto legal publicado hão 
de ser respeitados. 
 Se a lei já entrou em vigor, tais correções são 
consideradas lei nova, tornando-se obrigatória 
após o decurso da vacatio legis. Mas, pelo fato de 
a lei emendada, mesmo com incorreções, ter 
adquirido força obrigatória, os direitos 
adquiridos na sua vigência têm de ser 
resguardados, não sendo atingidos pela publicação 
do texto corrigido. 
 Admite-se que o juiz, ao aplicar a lei, possa corrigir 
os erros materiais evidentes, especialmente os de 
ortografia, mas não os erros substanciais, que 
podem alterar o sentido do dispositivo legal, sendo 
imprescindível, nesse caso, nova publicação. 
LC n. 95 de 26/02/98, Art. 8o A vigência da lei será indicada de 
forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que 
dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em 
vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena 
repercussão. 
 § 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis 
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da 
data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor 
no dia subsequente à sua consumação integral. (Parágrafo 
incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001) 
 Por exemplo, o novo Código Civil foi publicado 
dia 11/01/02 e possuía um ano de vacatio legis, dia 
10/01/03 encerrou o período de vacância e o 
Código Civil de 2002 entrou em vigor dia 
11/01/03. 
 Revogação é a supressão da força obrigatória da 
lei, retirando-lhe eficácia – o que só pode ser feito 
por outra lei, da mesma hierarquia ou de hierarquia 
superior. 
 O ato de revogar consiste em “tornar sem efeito 
uma norma, retirando sua obrigatoriedade. 
Revogação é um termo genérico que indica a ideia 
da cessação da existência da norma obrigatória” 
 As leis de vigência permanente, sem prazo de 
duração, perduram até que ocorra a sua revogação, 
não podendo ser extintas pelo costume, 
jurisprudência, regulamento, decreto, portaria e 
simples avisos. 
 Cessa a vigência da lei com a sua revogação. Não 
se destinando a leis de vigência temporária. 
LINDB, Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei 
terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
 A lei tem, em regra, caráter permanente: mantém-
se em vigor até ser revogada por outra lei. Nisso 
consiste o princípio da continuidade. 
 Em alguns casos especiais a lei pode ter vigência 
temporária e cessará, então, por causas 
intrínsecas. 
Advento do termo fixado para sua duração 
 Algumas leis, por sua natureza, são destinadas a 
viger durante certo período. 
 Por exemplo, as disposições transitórias e as leis 
orçamentárias. 
Implemento de Condição Resolutiva 
 A lei perde sua vigência em virtude de condição 
quando se trata de lei especial vinculada a uma 
situação determinada. 
 Leis dessa espécie são chamadas de 
circunstanciais. 
 Por exemplo, as leis de período de guerra. 
Consecução de seus fins 
 Cessa a vigência da lei destinada a determinado 
fim quando este se realiza 
 Por exemplo, a que concedeu indenização a 
familiares de pessoas envolvidas na Revolução de 
1964 perdeu sua eficácia no momento em que as 
indenizações foram pagas. 
 Dá-se nesses casos, a caducidade da lei: torna-se 
sem efeito pela superveniência de uma causa 
prevista em seu próprio texto, sem necessidade de 
norma revogadora. É também o caso de leis cujos 
pressupostos fáticos desaparecem 
 Por exemplo, a lei que destina ao combate de 
determinada doença (malária, dengue), 
estabelecendo normas de proteção, e que deixe de 
existir em virtude do avanço de medidas médicas 
ou sanitárias. 
 A norma em desuso não perde, só por esse motivo, 
enquanto não for revogada por outra, a eficácia 
jurídica 
 Uma lei revoga-se por outra lei. 
 A revogação deve emanar da mesma hierarquia 
que aprovou o ato revogado ou de hierarquia 
superior. 
 Por exemplo, se uma norma é de natureza 
constitucional só pode ser revogada por uma 
Emenda Constitucional, ainda, um decreto pode 
ser revogado por outro ou por uma lei que é de 
hierarquia superior. 
 O princípio da hierarquia não tolera que uma lei 
ordinária sobreviva a uma disposição 
constitucional que a contrarie ou que uma norma 
regulamentar subsista em ofensa À disposição 
legislativa. 
 Por exemplo, A CF/88 afastou a validade da 
legislação anterior, conflitante com as suas 
disposições. 
 Não se trata propriamente de revogação das leis 
anteriores e contrárias a Constituição: apenas 
deixaram de existir no plano do ordenamento 
jurídico estatal, por haverem perdido seu 
fundamento de validade. 
 Hoje é possível suprir-se a falta de regulamentação 
subsequente da lei mediante a impetração de 
mandado de injunção junto ao Poder Judiciário 
(art. 5°, LXXI, CF), por todo aquele que se julgue 
prejudicado pela omissão legislativa ou pelaimpossibilidade de exercer os seus direitos 
fundamentais. 
 
Quanto À sua Extensão 
 
 Também chamada de ab-rogação. 
 Consiste na supressão integral da norma anterior. 
 Por exemplo, o CC/02 revogou o CC/16 
 
 Também chamado de derrogação 
 Atinge só uma parte da norma, que permanece em 
vigor no restante. 
 A perda da eficácia da lei pode decorrer, também, 
da decretação de sua inconstitucionalidade pelo 
STF, cabendo ao Senado suspender-lhe a execução 
(art. 52, X, CF/88) 
 
Quanto À forma de sua execução 
 
 Quando a lei nova declara, de modo taxativo e 
inequívoco, que a lei anterior, ou parte dela, fica 
revogada (art. 2°, § 1°, LINDB) 
 A revogação expressa é a mais segura, pois evita 
dúvidas e obscuridades. 
 O art. 9° da LC n.95/98, com a redação da LC n. 
107/2001, por esse motivo, dispõe que “a cláusula 
de revogação deverá enumerar, expressamente, as 
leis ou disposições legais revogadas. 
 Tal preceito foi ignorado pelo art. 2.045 do atual 
CC. 
 Quando não contém declaração nesse sentido, mas 
mostra-se incompatível com a lei antigo ou regula 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior 
(art. 2°, § 1°, LINDB). 
 A revogação nesse caso, ocorre por via obliqua ou 
indireta. 
 O que a caracteriza é a incompatibilidade das 
disposições novas com as já existentes. 
 Na impossibilidade de coexistirem normas 
contraditórias, aplica-se o critério de prevalência 
da mais recente (critério cronológico: lex 
posterior derogat legi priori). Essa 
incompatibilidade pode ocorrer quando a lei nova, 
de caráter amplo e geral, passa a regular 
inteiramente a matéria versada na lei anterior, 
vindo a lei revogadora, nesse caso, substituir 
inteiramente a antiga. Desse modo, se toda uma 
matéria é submetida à nova regulamentação, 
desaparece inteiramente a lei anterior que tratava 
do mesmo assunto. Por exemplo, com a entrada em 
vigor do Código de Defesa do Consumidor, 
deixaram de ser aplicadas às relações de consumo 
as normas de natureza privada estabelecidas no 
Código Civil de 1916 e em leis esparsas que 
tratavam dessa matéria. 
 Ocorre a revogação tácita, também, quando esta se 
mostra incompatível com mudança havida na 
Constituição, em face da supremacia desta sobre 
as demais leis (critério hierárquico: lex superior 
derrogat legi inferior). Mais adequado, porém, 
nesse caso, é afirmar que perderam elas seu 
fundamento de validade. 
 Desponta na ordem jurídica o critério de 
especialidade (lex specialis derogat legi generali) 
pelo qual a norma especial revoga a geral quando 
disciplinar, de forma diversa, o mesmo assunto. 
Todavia, de acordo o art. 2°, § 2°, da LINDB 
prescreve: 
LINDB, Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei 
terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
 § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou 
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei 
anterior. 
 Portanto, podem coexistir as normas de caráter 
geral e as de caráter especial. É possível, no 
entanto, que haja incompatibilidade entre ambas. 
A existência de incompatibilidade conduz à 
possível revogação da lei geral pela especial ou de 
lei especial pela geral 
 A disposição especial revoga a geral quando se 
referir ao mesmo assunto, alterando-a. Não a 
revoga, contudo, quando, em vez de alterá-la, se 
destina a lhe dar força. 
 Não se pode acolher de modo absoluto a fórmula 
“lei especial revoga geral”, pois nem sempre isso 
acontece, podendo perfeitamente ocorrer que a 
especial introduza uma exceção ao princípio geral, 
que deve coexistir ao lado deste. Em caso de 
incompatibilidade, haverá revogação tanto da lei 
geral pela especial como da lei especial pela geral. 
 Antinomia é a presença de duas normas 
conflitantes. Decorre da existência de duas ou 
mais normas relativas ao mesmo caso, imputando-
lhe soluções logicamente incompatíveis. 
 Como supramencionado, três critérios devem ser 
levados em conta para solução dos conflitos: 
▪ Critério cronológico: a norma posterior 
prevalece sobre a anterior. 
▪ Critério da especialidade: a norma especial 
prevalece sobre a geral. 
▪ Critério hierárquico: A norma superior 
prevalece sobre a inferior. 
 Quando o conflito de normas envolve apenas um 
dos critérios, diz-se que se trata de antinomia de 
1° grau. 
 Será de 2° grau quando envolver dois deles. Se o 
conflito se verificar entre: 
▪ Se o conflito se verificar entre uma norma 
especial-anterior e outra geral-posterior, 
prevalecerá o critério da especialidade, 
aplicando-se a primeira norma. 
▪ Se ocorrer entre norma superior-anterior e outra 
inferior-posterior, prevalecerá o hierárquico, 
aplicando-se a primeira norma 
 A antinomia pode ser, ainda, aparente e real. 
▪ Antinomia aparente: é a situação que pode ser 
resolvida com base nos critérios 
supramencionados. 
▪ Antinomia real: é o conflito que não pode ser 
resolvido mediante a utilização dos aludidos 
critérios. É resolvida por meio dos art. 4° e 5° 
da LINDB, destinado a suprir lacunas da lei. 
 O nosso direito não admite, como regra, a 
repristinação, que é a restauração da lei revogada 
pelo fato de a lei revogadora ter perdido a sua 
vigência. 
LINDB, Art. 2° Não se destinando à vigência temporária, a lei 
terá vigor até que outra a modifique ou revogue 
 § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se 
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. 
 Não há, portanto, o efeito repristinatório, 
restaurador, da primeira lei revogada, salvo 
quando houver pronunciamento expresso do 
legislador nesse sentido. 
 Assim, por exemplo, revogada a Lei n. 1 pela Lei 
n. 2, e posteriormente revogada a lei revogadora (n. 
2) pela Lei n. 3, não se restabelece a vigência da 
Lei n. 1, salvo se a n. 3, ao revogar a revogadora 
(n. 2), determinar a repristinação da n. 1. 
 Sendo a lei uma ordem dirigida à vontade geral, 
uma vez em vigor, torna-se obrigatória para todos. 
LINDB, Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando 
que não a conhece. 
 O artigo acima consagra o principio da 
obrigatoriedade (ignorantia legis neminem 
excusat). 
 Tal dispositivo visa garantir a eficácia global da 
ordem jurídica, que estaria comprometida se 
admitisse a alegação da ignorância de lei vigente. 
 Como consequência, não se faz necessário provar 
em juízo a existência de uma norma jurídica 
invocada, pois se parte do pressuposto de que o juiz 
conhece o direito. Esse principio não se aplica, 
todavia, ao direito municipal, estadual, 
estrangeiro ou consuetudinário (Art. 376, CPC). 
 Três teorias buscam justificar o preceito: 
 A inaceitabilidade da alegação de ignorância da lei 
não afasta, todavia, a relevância do erro de 
direito, que é o conhecimento falso da lei, como 
causa da anulação de negócios jurídicos. Este só 
pode ser invocado quando não houver o objetivo 
de furtar-se o agente ao cumprimento da lei. Por 
exemplo, justifica-se a boa-fé em caso de 
inadimplemento contratual, sem a intenção de 
descumprir a lei. 
 O CC/02 (Art. 139) contempla ao lado da hipótese 
de erro de fato o erro de direito (error juris), 
desde que não se objetive, com a sua alegação 
descumprir a lei ou subtrair-se à sua força 
imperativa e seja o motivo único ou principal do 
negócio jurídico. 
 O legislador não consegue prever todas as 
situações para o presente e para o futuro, pois o 
direito é dinâmico e está em constante movimento. 
Ademais, os textos legislativos devem ser concisos 
e seus conceitos enunciados em termos gerais 
 Tais fatos provocam a existência de situações não 
previstas de modo específico pelo legislador e que 
reclamam solução por parte do juiz 
 Como este não pode eximir-se de proferir decisão 
sob o pretexto de que a lei é omissa, deve valer-se 
dos mecanismos destinados a suprir as lacunas da 
lei, que são: 
 Dispõe, com efeito, o art. 140 do Código de 
ProcessoCivil: 
CPC/15, Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a 
alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. 
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos 
previstos em lei. 
 Preceitua, por sua vez o art. 4° da LINDB: 
LINDB, Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso 
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de 
direito. 
 Verifica-se, portanto, que o próprio sistema 
apresenta solução para qualquer caso que esteja 
sub judice. Apresenta, destarte, o problema da 
integração da norma mediante recursos 
fornecidos pela ciência jurídica 
 Efetivamente, sob o ponto de vista dinâmico, o da 
aplicação da lei, pode ela ser lacunosa, mas o 
sistema não. Isso porque o juiz, utilizando-se dos 
aludidos mecanismos, promove a integração das 
normas jurídicas, não deixando nenhum caso sem 
solução (plenitude lógica do sistema). 
 Por essa razão é que se diz que os mencionados 
mecanismos constituem modos de explicitação de 
integridade, da plenitude do sistema jurídico. 
Conceito 
 Há uma hierarquia na utilização dos mecanismos 
de integração do sistema jurídico, figurando a 
analogia em primeiro lugar. Somente podem ser 
utilizados outros mecanismos se a analogia não 
puder ser usada pois o direito brasileiro consagra a 
supremacia da lei escrita. 
 Quando o juiz se utiliza da analogia para 
solucionar determinado caso concreto, não está 
apartando-se da lei, mas aplicando à hipótese não 
prevista em lei um dispositivo legal relativo a caso 
semelhante. 
 O emprego da analogia consiste em aplicar a caso 
não previsto a norma legal concernente a uma 
hipótese análoga prevista e, por isso mesmo, 
tipificada. 
 O seu fundamento encontra-se no adágio romano 
ubi eadem ratio, ibi idem jus (ou legis dispositio). 
Com esse enunciado lógico, pretende-se dizer que 
a situações semelhantes deve-se aplicar a 
mesma regra de direito. 
Requisitos 
 Para o emprego da analogia, requer-se a presença 
de três requisitos: 
▪ Inexistência de dispositivo legal prevendo 
e disciplinando a hipótese do caso 
concreto. 
▪ Semelhança entre a relação não 
contemplada e outra regulada na lei 
▪ Identidade de fundamentos lógicos e 
jurídicos no ponto comum às duas 
situações. 
Analogia “legis” e analogia “juris” 
 Consiste na aplicação de uma norma existente, 
destinada a reger caso semelhante ao previsto. 
 A sua fonte é a norma jurídica isolada que é 
aplicada a casos idênticos. 
 
 
 Baseia-se em um conjunto de normas para obter 
elementos que permitam a sua aplicação ao caso 
sub judice não previsto, mas similar. 
 É um processo mais complexo, em que se busca a 
solução em uma pluralidade de normas, em um 
instituto ou em acervo de diplomas legislativos, 
transpondo o pensamento para o caso 
controvertido, sob a inspiração do mesmo 
pressuposto. 
 É considerada a autêntica analogia por envolver o 
ordenamento jurídico inteiro. 
 
 
Analogia e interpretação extensiva 
 Implica o recurso a uma norma assemelhada do 
sistema jurídico, em razão da inexistência de 
norma adequada à solução do caso concreto 
 Consiste na extensão do âmbito de aplicação de 
uma norma existente, disciplinadora de 
determinada situação de fato, a situações não 
expressamente previstas, mas compreendidas pelo 
seu espírito, mediante uma interpretação menos 
literal 
 Por exemplo, quando o juiz, interpretando o art. 25 
do CC/02, estende à companheira (o) a 
legitimidade conferida ao cônjuge do ausente para 
ser o seu curador. 
 
Como fonte supletiva 
 O costume é também fonte supletiva em nosso 
sistema jurídico. 
 O juiz pode recorrer a ele depois de esgotadas as 
possibilidades de suprir a lacuna pelo emprego da 
analogia. 
 Daí dizer-se que o costume se caracteriza como 
fonte subsidiária ou fonte supletiva. 
Diferença entre costume e lei 
 A lei nasce de um processo legislativo, tendo 
origem certa e determinada 
 O costume tem origem incerta e imprevista 
 A lei apresenta-se sempre como texto escrito 
 O costume é direito não escrito, consuetudinário. 
Elementos 
 O costume é composto de dois elementos: 
▪ O uso ou prática reiterada de um 
comportamento (elemento externo ou material) 
▪ A convicção de sua obrigatoriedade (elemento 
interno ou psicológico, caracterizado pela opino 
juris et necessitate). 
 
 
Conceito 
 É conceituado como sendo a prática uniforma, 
constante, pública e geral de determinado ato, 
com a convicção de sua necessidade. 
 Para que se converta em costume jurídico e deixe 
de ser simples uso sem força coercitiva, é 
necessário que a autoridade judiciária tome 
conhecimento de sua existência e o aplique, 
declarando-o obrigatório. 
 Pela confirmação jurisprudencial, que se opõe à 
da confirmação legislativa, é necessário que o 
costume se consagre pela prática judiciária. 
Espécies 
 
 Quando se acha expressamente referido na lei. 
 Passa a ter caráter de verdadeira lei, deixando de 
ser costume propriamente dito. 
 Por exemplo, os art. 1.297, § 1°, 596 e 615 do 
CC/02 
 
 Quando se destina a suprir a lei nos casos omissos, 
como prevê o art. 4° da LINDB e o art. 140 do 
CPC/15. 
 É, portanto, um dos expedientes a que deve 
recorrer o juiz para sentenciar quando a lei é 
omissa. 
 Por exemplo, o costume de efetuar-se pagamento 
com cheques pré-datado, e não como ordem de 
pagamento a vista, afastando a existência de crime. 
 
 É aquele que se opõe a lei. 
 Em regra, o costume não pode contrariar a lei, pois 
esta só se revoga, ou modifica, por outra lei. 
 A doutrina dominante afirma que o costume 
contrário à aplicação da lei não tem poder de 
revoga-la, não existindo mais a chamada 
desuetudo (não aplicação da lei em virtude do 
desuso). 
 Os autores, em geral, rejeitam o costume contra 
legem, por entende-lo incompatível com a tarefa do 
Estado e com princípio de que as leis só se 
revoguem por outras. 
Conceito 
 Não encontrando solução na analogia nem nos 
costumes para preenchimento da lacuna, o juiz 
deve busca-la nos princípios gerais do direito 
 São estes constituídos de regras que se encontram 
na consciência dos povos e são universalmente 
aceitas, mesmo não escritas 
 Tais regras orientam a compreensão do sistema 
jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou 
não incluídas no direito positivo. 
 Muitos deles passaram a integrá-lo, como a de que 
“ninguém pode lesar a outrem” (art. 186, CC/02) 
ou a que veda o enriquecimento sem causa (art. 
876, 1.216, 1.220) 
 Em sua maioria, no entanto, os princípios gerais de 
direito estão implícitos no sistema jurídico civil. 
Como o de que “ninguém pode valer-se da própria 
torpeza”, ou de que “a boa-fé se presume”. 
 Quando o objeto do contrato é imoral, os tribunais 
por vezes, aplicam o princípio de direito de que 
ninguém pode valer-se da própria torpeza (nemo 
auditur propriam turpitudinem allegans). Tal 
princípio é aplicado no art. 150 do CC/02 que 
reprime o dolo ou torpeza bilateral. 
Princípios e Máximas jurídicas 
 Os princípios gerais do direito não se confundem 
com as máximas jurídicas, os adágios ou 
brocardos, que nada mais são do que fórmulas 
concisas representativas de uma experiência 
secular, sem valor jurídico próprio, mas dotados 
de valor pedagógico. 
 Algumas dessas máximas podem, porém, conter 
princípios gerais do direito, como por exemplo, “o 
acessório segue o principal”, “não obra com dolo 
quem usa de seu direito” 
Conceito 
 A equidade não constitui meio supletivo de lacuna 
da lei, sendo mero recurso auxiliar da aplicação 
desta. 
 Em sentido estrito é empregada quando a própria 
lei cria espaços ou lacunas para o juiz formular a 
norma mais adequada ao caso. 
 É utilizada quando a lei expressamente o permite. 
CPC/15, Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a 
alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. 
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos 
previstos em lei. 
 
LINDB,Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins 
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 
 Como exemplo podem ser citados o art. 1.586 do 
CC/02 que autoriza o juiz a regular por maneira 
diferente dos critérios legais a situação dos filhos 
em relação aos pais. 
Espécies 
 Agostinho Alvim classifica a equidade em: 
 
 “a contida no texto da norma, que prevê várias 
possibilidades de soluções” 
 Por exemplo, o art. 1.584, § 5°, do CC/02, com 
redação dada pela Lei n. 11.698/2008 permite que 
o juiz, na separação judicial ou divórcio, atribua a 
guarda dos filhos. 
 
 Aquela em que o legislador, explicita ou 
implicitamente, incumbe o magistrado de decidir 
por equidade, criando espaços para que este 
formule a norma mais adequada ao caso. 
 Por exemplo, a hipótese do citado art. 1.740, II do 
CC/02, que permite ao tutor reclamar do juiz que 
providencie, “como houver por bem”, quando o 
menor tutelado haja mister correção. 
 
Decidir ”com equidade” e decidir “por 
equidade” 
 
 Decidir “com equidade” trata-se de decidir com 
justiça, como sempre de acontecer. É quando o 
vocábulo “equidade” é utilizado em sua acepção 
lata de ideal de justiça. 
 
 Decidir “por equidade” significa decidir o juiz 
sem se ater à legalidade estrita, mas apenas à sua 
convicção íntima, devidamente autorizado pelo 
legislador em casos específicos. 
 
 
 
 
 As normas são genéricas e impessoais e contêm um 
comando abstrato, não se referindo especialmente 
a casos concretos. 
 A composição dos conflitos baseada na lei é, na 
realidade, um silogismo, em virtude do qual se 
aplica a norma geral e prévia a um caso concreto. 
A premissa maior é a norma jurídica, regulando 
uma situação abstrata, e a premissa menor é o caso 
concreto. A conclusão é a sentença judicial que 
aplica a norma abstrata ao caso concreto. 
 Quando o fato é típico e se enquadra perfeitamente 
no conceito abstrato da norma, dá-se o fenômeno 
da subsunção. 
 Há casos, no entanto, em que tal enquadramento 
não ocorre, não encontrando o juiz nenhuma norma 
aplicável à hipótese sub judice. Deve este, então, 
proceder `integração normativa. 
 Para verificar se a norma é aplicável ao caso em 
julgamento (subsunção) ou se deve proceder à 
integração normativa, o juiz procura descobrir o 
sentido da norma, interpretando-a. 
 Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da 
norma jurídica. 
 Toda lei está sujeita a interpretações, não apenas as 
ambíguas. Há, na verdade, interpretações mais 
simples, quando a lei é clara, e complexas, quando 
o preceito é de difícil entendimento. 
 Três grandes escolas defendem o melhor critério 
metodológico a ser empregado na interpretação: 
 
Teoria subjetiva de interpretação 
 Também chamada de escola exegética. 
 Sustenta que o que se pesquisa com a interpretação 
é a vontade do legislador (voluntas legislatoris) 
expressa na lei. 
 Tal concepção, no entanto, não tem sido acolhida, 
pois, quando a norma é antiga, a vontade do 
legislador originário está normalmente superada. 
 
 
 
Teoria da interpretação objetiva 
 Afirma que não é a vontade do legislador que se 
visa, mas a vontade da lei (voluntas legis), ou 
melhor, o sentido da norma. 
 A lei, depois de promulgada, separa-se de seu autor 
e alcança uma existência objetiva. 
Teoria da livre pesquisa do direito 
 Também chamada de livre investigação 
científica. 
 Defende a ideia de que o juiz deve ter função 
criadora na aplicação da norma, que deve ser 
interpretada em função das concepções jurídicas, 
morais e sociais de cada época. 
 
 A hermenêutica é a ciência da interpretação das 
leis. 
 Os diversos métodos de interpretação não operam 
isoladamente, mas se completam. 
 Como toda ciência, tem os seus métodos, os quais 
se classificam do seguinte modo: 
Quanto às fontes ou origem 
▪ Autêntico 
▪ Jurisprudencial 
▪ Doutrinário 
Quanto aos meios 
▪ Gramatical 
▪ Lógico 
▪ Sistemático 
▪ Histórico 
▪ Sociológico 
Quanto aos resultados ▪ Declarativa 
▪ Extensiva 
▪ Restritiva 
 
Quanto às fontes ou origens 
 
 
 É a feita pelo próprio legislador, por outro ato. 
Este, reconhecendo a ambiguidade da norma, vota 
uma nova lei, destinada a esclarecer a sua intenção. 
 Nesse caso, a lei interpretativa é considerada como 
a própria lei interpretada. 
 
 É a fixada pelos tribunais. Mesmo quando não tem 
força vinculante, influencia sobremaneira os 
julgamentos nas instâncias inferiores. 
 As súmulas vinculantes eram preconizadas como 
uma forma de reduzir a avalanche de processos que 
sobrecarrega os tribunais. Atendendo a esses 
reclamos, a Lei n. 11.417 de 19/12/2006, que 
regulamentou o art. 103-a da CF/88 e alterou a Lei 
n. 9.748, de 29/01/99, disciplinou a edição, a 
revisão e o cancelamento de enunciado de súmula 
vinculante pelo STF. 
 
 É a feita pelos estudiosos e comentaristas do direito 
em suas obras: os jurisconsultos. 
Quanto aos meios 
 
 É também chamada de literal, porque consiste em 
exame do texto normativo sob o ponto de vista 
linguístico, analisando a pontuação, origem 
etimológica, etc. 
 É a primeira fase do processo interpretativo. 
 Já decidiu o STF que “a interpretação meramente 
literal deve ceder passo quando colidente com 
outros métodos de maior robustez e cientificidade” 
 
 É a que atende ao espírito da lei, pois procura 
apurar o sentido e a finalidade da norma, a intenção 
do legislador, por meio de raciocínios lógicos, 
com abandono dos elementos puramente verbais, 
prestigiando a coerência e evitando absurdos. 
 Relaciona-se com a interpretação lógica. Daí por 
eu muitos juristas preferem denomina-la 
interpretação lógico-sistemática. 
 Parte do pressuposto de que uma lei não existe 
isoladamente e deve ser interpretada em conjunto 
com outras pertencentes à mesma província do 
direito. 
 Assim, uma norma tributária deve ser interpretada 
de acordo com os princípios que regem o sistema 
tributário. 
 
 Baseia-se na investigação dos antecedentes da 
norma, do processo legislativo, a fim de descobrir 
o seu exato significado. 
 É o melhor método para apurar a vontade do 
legislador e os objetivos que visava atingir (ratio 
legis). 
 Consiste na pesquisa das circunstâncias que 
nortearam a sua elaboração, de ordem econômica, 
política e social, bem como o pensamento 
dominante da época. 
 Tem por objetivo adaptar o sentido ou finalidade 
da norma às novas exigências sociais, com 
abandono do individualismo que preponderou no 
período anterior à edição da LINDB. Tal 
recomendação é endereçada ao magistrado no art. 
5° na referida lei. 
Quanto às fontes ou origens 
 
 Quando proclama que o texto legal corresponde ao 
pensamento do legislador, posto que, algumas 
vezes, este não se expressa de modo preciso e diz 
menos ou mais do que pretendia dizer (minus dixit 
quam voluit – plus dixit quam voluit). Na 
interpretação declarativa, constata-se que tal 
resultado não ocorreu. 
 
 O intérprete conclui que o alcance ou espírito da 
lei é mais amplo do que indica o seu texto, 
abrangendo implicitamente outras situações. 
 
 Ocorre o inverso, impondo-se a limitação do 
campo de aplicação a lei 
 Por exemplo, “os negócios jurídicos devem ser 
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar 
de sua celebração” (art. 113) 
 
 As leis são elaboradas para, em regra, valer para o 
futuro. Quando a lei é modificada por outra e já se 
haviam formado relações jurídicas na vigência da 
lei anterior, pode instaurar-se o conflito das leis no 
tempo. 
 Para solucionar tal questão, são utilizados dois 
critérios: o das disposições transitórias e o da 
irretroatividade das normas. 
 O critério das disposições transitórias são 
elaboradas pelo legislador no próprio texto 
normativo, destinadas a evitar e a solucionar 
conflitos que poderão emergir do confronto da 
nova lei com a antiga, tendo vigência temporária 
 O CC/02, por exemplo, no livrocomplementar 
“Das disposições finais e transitórias” (art. 2.028 a 
2.046), contém vários dispositivos com esse 
objetivo. 
 Destaca-se o art. 2.035, concernente à validade dos 
negócios jurídicos constituídos antes da entrada 
em vigor. 
 Como não poderia deixar de ser, as regras do 
CC/02 sobre a validade dos negócios jurídicos não 
se aplicam aos contratos celebrados, cumpridos e 
extintos antes de sua entrada em vigor. Aplica-se-
lhes a lei do tempo em que foram celebrados. 
 Mas os efeitos (eficácia) dos negócios e atos 
jurídicos em geral, iniciados, porém não 
completados, regem-se pela lei nova, 
reconhecendo-se os elementos essenciais que se 
realizarem com validade, conforme a lei anterior 
 Irretroativa é a lei que não se aplica às situações 
constituídas anteriormente. 
 É um princípio que objetiva assegurar a certeza, a 
segurança e a estabilidade do ordenamento 
jurídico-positivo, preservando as situações 
consolidadas em que o interesse individual 
prevalece. 
 Entretanto, não se tem dado caráter absoluto, pois 
razões de política, legislativa podem recomendar 
que, em determinada situação, a lei seja retroativa, 
atingindo os efeitos dos atos jurídicos praticados 
sob o império da norma revogada. 
 Por essa razão, no direito brasileiro, a 
irretroatividade é a regra, mas admite-se a 
retroatividade em determinados casos. 
 A CF/88 (art. 5°, XXXVI) e a LINDB, afinadas 
com a tendência contemporânea adotaram, com 
efeito, o principio da irretroatividade das leis como 
regra e o da retroatividade como exceção. 
 Acolheu-se a teoria subjetiva de Gabba, de 
completo respeito ao ato jurídico perfeito, ao 
direito adquirido e à coisa julgada. 
 Assim, como regra, aplica-se a lei nova aos casos 
pendentes (facta pendentia) e aos futuros (facta 
futura), só podendo ser retroativa, para atingir 
fatos já consumados, pretéritos (facta praeterita), 
quando: 
 Não ofender o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgada. 
 Quando o legislador expressamente mandar aplica-
la a casos pretéritos, mesmo que a palavra 
“retroatividade” não seja usada. 
 
 Justa a retroatividade quando não se depara, na 
sua aplicação, qualquer ofensa ao ato jurídico 
perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada 
 Injusta quando ocorre tal ofensa. 
 Máxima a retroatividade que atinge o direito 
adquirido e afeta os negócios jurídicos perfeitos. 
 Média a que faz com que a lei nova alcance os 
fatos pendentes, os direitos já existentes, mas ainda 
não integrados no patrimônio do titular. 
 Mínima a que se configura quando a lei nova afeta 
apenas os efeitos dos atos anteriores, mas 
produzidos após a data em que ela entrou em vigor. 
 Entre a retroatividade e a irretroatividade existe 
uma situação intermediária: a da aplicabilidade 
imediata da lei nova a relações que, nascidas 
embora sob a vigência da lei antiga, ainda não se 
aperfeiçoaram, não se consumaram. 
 A imediata e geral aplicação deve respeitar: 
LINDB, Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, 
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa 
julgada. 
 Ato jurídico perfeito é o já consumado segundo a 
lei vigente ao tempo em que se efetuou, 
produzindo seus efeitos jurídicos, uma vez que o 
direito gerado foi exercido. 
 Direito adquirido é o que já se incorporou 
definitivamente ao patrimônio e à personalidade de 
seu titular, não podendo a lei nem fato posterior 
alterar tal situação jurídica 
 Coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos da 
sentença, não mais sujeita a recursos. 
 Em face dos conceitos emitidos, torna-se possível 
afirmar que o direito adquirido é o mais amplo 
de todos, englobando os demais, nos quais 
existiriam direitos dessa natureza já consolidados. 
 Pode-se resumidamente dizer que o sistema 
jurídico brasileiro contém as seguintes regras sobre 
essa matéria: 
▪ São de ordem constitucional os princípios da 
irretroatividade da lei nova e do respeito ao 
direito adquirido. 
▪ Esses dois princípios obrigam ao legislador e 
ao juiz. 
▪ Pode haver retroatividade expressa, desde que 
não atinja direito adquirido. 
▪ A lei nova tem efeito imediato, não se 
aplicando aos fatos anteriores. 
 A jurisprudência vem mitigando os efeitos da 
coisa julgada, permitindo a investigação da 
paternidade, por exemplo, quando a anterior ação 
foi julgada improcedente por insuficiência de 
provas, sem exame do mérito (teste do DNA) 
 Exemplo de efeito imediato das leis é o que se dá 
sobe a capacidade das pessoas, pois alcança todos 
aqueles por ela abrangidos. O CC/02 reduziu o 
limite da maioridade civil para dezoito anos, 
tornando automaticamente maiores todos os que já 
tinham atingido essa idade. No entanto, se e a lei, 
futuramente, aumentar o limite para vinte e dois 
anos, verbi gratia, será respeitada a maioridade dos 
que já haviam completado dezoito anos na data da 
sua entrada em vigor. No entanto, os que ainda não 
haviam completado terão de aguardar. 
 
 Os arts. 7° a 19 da LINDB trazem regras de direito 
internacional público e privado. Tratam ele 
especialmente dos limites territoriais da aplicação 
da lei brasileira e da lei estrangeira. 
 
 Em razão da soberania estatal, a norma tem 
aplicação dentro do território delimitado pelas 
fronteiras do Estado. Esse princípio da 
territorialidade, entretanto, não é absoluto. A 
cada dia é mais acentuado o intercâmbio entre 
indivíduos pertencentes a Estados diferentes. 
 Muitas vezes, dentro dos limites territoriais de um 
Estado, surge a necessidade de regular relação 
entre nacionais e estrangeiros. Esta realidade levou 
o Estado a permitir que a lei estrangeira, em 
determinadas hipóteses, tenha eficácia em seu 
território, sem comprometer a soberania nacional, 
admitindo assim o sistema da exterritorialidade. 
 Pelo sistema da territorialidade, a norma jurídica 
aplica-se ao território do Estado, estendendo-se 
às embaixadas, consulados, navios de guerra onde 
quer que se encontrem, navios mercantes em águas 
territoriais ou em alto-mar, navios estrangeiros (menos 
os de guerra), aeronaves no espaço aéreo do Estado e 
barcos de guerra onde quer que se encontrem. O Brasil 
segue o sistema da territorialidade moderada. 
 Pela extraterritorialidade, a norma é aplicada em território 
de outro Estado, segundo os princípios e convenções 
internacionais. Estabelece-se um privilégio pelo qual 
certas pessoas escapam da jurisdição do Estado em cujo 
território se encontrem. A norma estrangeira passa a 
integrar momentaneamente o direito nacional, para 
solucionar determinado caso submetido à apreciação. 
 Denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica 
que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de 
origem. Baseia-se ele na lei da nacionalidade ou na 
lei do domicílio. 
LINDB, Art. 7° A lei do país em que domiciliada a pessoa 
determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o 
nome, a capacidade e os direitos de família. 
 Verifica-se destarte, que pela lei atual, o estatuto 
pessoal funda-se na lei do domicilio (lex 
domicilii), na lei do país onde a pessoa é 
domiciliada (STF, Súmula 381), ao contrário do 
que dispunha a anterior, que se baseava na 
nacionalidade. Em determinados casos, o juiz 
aplicará o direito alienígena em vez do direito 
interno. 
 Por exemplo, se uma brasileira e um estrangeiro 
residente em seu país pretenderem se casar no 
Brasil, tendo ambos vinte anos de idade, e a lei do 
país de origem do noivo exigir o consentimento 
dos pais para o casamento de menores de vinte e 
dois anos, como acontece na Argentina, precisará 
ele exibir tal autorização, por aplicar-se, no 
Brasil, a lei de seu domicílio. 
 No entanto, dispensável será a autorização se o 
noivo estrangeiro aqui tiver domicílio. Aplicar-se-
á a lei brasileira, porque o casamento realizar-se-á 
no Brasil e o estrangeiro encontra-se aqui 
domiciliado. 
 O conceito de domicilioé dado pela lex fori (lei do 
foro competente, da jurisdição onde se deve 
processar a demanda). O juiz ater-se-á à noção de 
domicílio assentada nos arts. 70 do CC/02 
 O estatuto pessoal funda-se, em síntese, na lei do 
domicílio do estrangeiro nas seguintes hipóteses: 
 
▪ Para reger as suas relações jurídicas atinentes ao 
começo e ao fim da personalidade, ao nome, à 
capacidade e aos direitos de família (LINDB, 
art. 7°) 
▪ No que trata aos bens móveis que o proprietário 
tiver consigo ou se destinarem ao transporte 
para outros lugares (art. 8°, § 1°) 
▪ No que respeita ao penhor (art. 8°, § 2°) 
▪ No que toca à capacidade de suceder (art. 10, § 
2°) 
▪ No que diz respeito à competência da 
autoridade judiciária (art. 12) 
LINDB, art. 7°, § 1° Realizando-se o casamento no Brasil, será 
aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às 
formalidades da celebração. 
 Ainda que os nubentes sejam estrangeiros, a lei 
brasileira será aplicável (lex loci actus), inclusive 
no tocante aos impedimentos dirimentes, absolutos 
e relativos (CC/02, arts. 1.521 e 1.550). 
 Não será aplicável com relação aos impedimentos 
proibitivos ou meramente impedientes (art. 
1.523), que não invalidam o casamento e são 
consideradas apenas “causas suspensivas”. 
 O estrangeiro domiciliado fora do país que se casar 
no Brasil não estará sujeito a tais sanções se estas 
não forem previstas na sua lei pessoal 
 Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os 
casos de invalidade do matrimônio a lei do 
primeiro domicílio conjugal (LINDB, art. 7°, § 3°). 
LINDB, art. 7°, § 2° O casamento de estrangeiros poderá 
celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do 
país de ambos os nubentes. 
 Nesse caso, o casamento será celebrado segundo a 
país do celebrantes. Mas o cônsul estrangeiro só 
poderá realizar matrimônio quando ambos os 
contraentes forem conacionais. Cessa a sua 
competência se um deles for de nacionalidade 
diversa. 
 Os estrangeiros domiciliados no Brasil terão de 
procurar a autoridade brasileira. 
 O casamento de brasileiros no exterior pode ser 
celebrado perante a autoridade consular brasileira, 
desde que ambos os nubentes sejam brasileiros, 
mesmo que domiciliados fora do Brasil. 
 Não poderá ocorrer, portanto, no consulado, o 
casamento de brasileira com estrangeiro. 
 
 
 É também a lei do domicílio dos nubentes que 
disciplina o regime de bens, legal ou 
convencional, no casamento (§ 4° do art. 7°). 
 Se os domicílios forem diversos, aplicar-se-á a lei 
do primeiro domicilio no Brasil. 
 O divórcio obtido no estrangeiro será reconhecido 
no Brasil, se um ou ambos os cônjuges forem 
brasileiros (Lei n. 12.036, de 1°/10/2009), salvo se 
houver sido antecedida de separação judicial por 
igual prazo, desde que observadas as normas do 
Código Civil brasileiro e homologada a 
sentença pelo STJ. Sem a observância de tais 
formalidades, subsiste impedimento para novo 
casamento. 
LINDB, Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as 
autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento 
e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o 
registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou 
brasileira nascido no país da sede do Consulado. 
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também 
poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual 
de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal 
e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo 
constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à 
descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, 
ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de 
solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o 
casamento. 
§ 2o É indispensável a assistência de advogado, 
devidamente constituído, (...) não se fazendo necessário que a 
assinatura do advogado conste da escritura pública. 
 Rege-se pela lei do domicílio a secessão causa 
mortis. Segundo prescreve o art. 10 da LINDB, a 
sucessão por morte ou por ausência obedece à lei 
do país em que era domiciliado o defunto ou o 
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a 
situação dos bens. 
 É a lei do domicilio do de cujus, portanto, que rege 
as condições de validade do testamento por ele 
deixado. 
 Mas é a lei do domicilio do herdeiro ou legatário 
que regula a capacidade para suceder (§ 2° do art. 
10). 
 A sucessão de bens de estrangeiros situados no 
país será regulada pela lei brasileira em benefício 
do cônjuge ou dos filhos brasileiros ou de quem 
os represente, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do de cujus (§ 1°). 
 Rege-se também pela lei do domicílio a 
competência da autoridade judiciária. O art. 12 
resguarda a competência da justiça brasileira 
quando o réu for domiciliado no Brasil ou aqui 
tiver de ser cumprida a obrigação, aduzindo no § 
1° que só a autoridade brasileira compete conhecer 
das ações relativas a imóveis situados no Brasil. 
 Há, porém, um limite à extraterritorialidade da lei: 
as leis, atos e sentenças de outro país, bem como 
quaisquer declarações de vontade, não terão 
eficácia no Brasil quando ofenderem a soberania 
nacional, a ordem pública e os bons costumes. (art. 
17) 
 O art. 12. § 1°, constitui norma compulsória ao 
impor a competência brasileira para processar e 
julgar as ações concernentes a imóvel situado em 
território brasileiro, não se admitindo a sua 
alteração mediante eleição de foro. Compete à lei 
nacional fazer a devida qualificação do bem e da 
natureza da ação intentada. 
 Se o móvel estiver localizado em mais de um país, 
a justiça de cada Estado será competente para 
resolver pendência relativa à parte que se situar em 
seu território. 
 As sentenças proferidas no estrangeiro dependem, 
para serem executadas no Brasil, do 
preenchimento dos requisitos mencionados no art. 
15 da LINDB: 
▪ Haver sido proferida por juiz competente. 
▪ Terem sido as partes citadas ou haver-se 
legalmente verificado a revelia. 
▪ Ter passado em julgado e estar revestida das 
formalidades necessária para a execução no 
lugar em que foi proferida. 
▪ Estar traduzida por intérprete autorizado. 
▪ Ter sido homologada pelo STJ 
 O art. 515, VIII, do CPC/15 inclui a sentença 
estrangeira “homologada pelo STJ”, no rol dos 
“títulos executivos judiciais”. E o art. 963 do 
mesmo código estabelece os requisitos 
indispensáveis à homologação da decisão 
estrangeira. 
 Como exceção à lei do domicílio, admite a LINDB 
a aplicação da lex rei sitae (lei da situação da coisa) 
para qualificar os bens e regular as relações a eles 
concernentes (art. 8°), embora determine que se 
aplique a lei do domicílio do proprietário quanto 
aos móveis que trouxer ou se destinarem a 
transporte para outros lugares. Dispõe o § 2° do 
mencionado art. 8° que o penhor se regula pela lei 
do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se 
encontre a coisa apenhada. 
 Para qualificar e reger as obrigações, no entanto, 
aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem, 
segundo dispõem o art. 9° e a regra locus regit 
actum. Também a prova dos fatos ocorridos em 
país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar 
(art. 13) 
 O código de Bustamante, que constitui uma 
sistematização das normas de direito internacional 
privado, cujo projeto foi elaborado em 1925 pelo 
jurista cubano Sanchez de Bustamante y Sirvén, foi 
ratificado no Brasil com algumas ressalvas e, na 
forma de seu art. 2°, integra o sistema jurídico 
nacional no tocante aos chamados conflitos de lei 
no espaço, podendo ser invocado como direito 
positivo brasileiro somente quando tais conflitos 
envolverem um brasileiro e um nacional de 
Estado que tenha sido signatário da Convenção 
de Havana de 1928. 
 Apesar de o Brasil tê-lo ratificado, a LINDB 
deixou de consagrar as regras fundamentai de suaorientação. 
 
 A lei n. 13.655 de 25 de abril de 2018, introduziu 
dez artigos a LINDB 
 Tal lei vem dividindo opiniões, uma vez que, 
embora tragam maior segurança jurídica, podem 
por outro lado provocar a extrapolação de 
competências da atividade de quem tem em mãos 
o poder de decisão. 
 Conforme comentário do Jornal do Advogado 
“Em linhas gerais, o objetivo do novo pacote de 
normas é estabelecer que as esferas administrativas 
(órgãos da administração direta) e de controle 
(Tribunal de contas), além do Judiciário, não 
decidam com base em ‘valores jurídicos 
abstratos’, sem que as consequências práticas 
da decis~]ao sejam consideradas”. 
 Os novos artigos da Lei n. 13.655, de 25-04-2018, 
são os seguintes: 
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não 
se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam 
consideradas as consequências práticas da decisão. 
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade 
e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, 
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em 
face das possíveis alternativas. 
 Em síntese, reproduz-se o princípio do 
cumprimento do dever de motivação da decisão, 
que é uma decorrência do Estado de Direito. 
 A análise das consequências práticas passa a fazer 
parte das razões de decidir. Sem dúvida, o 
dispositivo em apreço proíbe que se decida com 
base em valores jurídicos abstratos e se constitui e 
tentativa de mitigar a força normativa dos 
princípios, dos quais a CF é repleta 
 É como se o legislador introduzisse uma 
condicionante para a força normativa dos 
princípios: eles somente podem ser utilizados para 
fundamentar uma decisão se o julgador 
considerar “as consequências práticas da 
decisão” 
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora 
ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, 
processo ou norma administrativa deverá indicar de modo 
expresso suas consequências jurídicas e administrativas. 
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste 
artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a 
regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem 
prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos 
atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do 
caso, sejam anormais ou excessivos. 
 Enfatiza-se que o operador do direito deve agir 
com responsabilidade, considerando que o 
interesse público deve se sobrepor aos demais, 
devendo indicar, de modo expresso e objetivo, 
as consequências jurídicas e administrativas. 
 O parágrafo único obriga o administrado a 
regularizar a situação, impondo a ele condições em 
que é possível reparar o erro, “de forma 
proporcional e equânime e sem prejuízos aos 
interesses gerais”. Ou seja, a inovação transforma 
o julgador, com funções definidas na CF, em 
“julgador-administrador”. 
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão 
considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as 
exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos 
direitos dos administrados. 
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade 
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão 
consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, 
limitado ou condicionado a ação do agente. 
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a 
natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela 
provierem para a administração pública, as circunstâncias 
agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. 
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em 
conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e 
relativas ao mesmo fato. 
 O grupo de juristas que colaborou na elaboração do 
anteprojeto da lei em apreço justificou a inovação, 
afirmando que “a norma em questão reconhece 
que os diversos órgãos de cada ente da 
Federação possuem realidades próprias que 
não podem ser ignoradas... A realidade de 
gestor da União evidentemente é distinta da 
realidade do gestor de um pequeno município”. 
 No § 3°, quis o legislador tornar heterogêneas as 
decisões das esferas penal, civil e administrativa. 
“Não pode um gestor ser absolvido na ação penal 
e condenado na ação de improbidade, sem que se 
considere a decisão da sentença que o 
absolveu”. 
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que 
estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de 
conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo 
condicionamento de direito, deverá prever regime de transição 
quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento 
de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e 
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. 
 Pretende-se que o juiz e gestor estabeleçam 
parâmetros em suas decisões. Se alterarem suas 
interpretações sobre o Direito, devem prever 
“regime jurídico de transição que lhes dê tempo 
e meios para que realizem a conformação, 
segundo parâmetros de razoabilidade e 
proporcionalidade, tal qual tem se dado em 
matéria de modulação de efeitos nas declarações 
de inconstitucionalidade e, mais recentemente, 
com mera modificação de posição dominante do 
Supremo Tribunal Federal” 
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou 
judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou 
norma administrativa cuja produção já se houver completado 
levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, 
com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem 
inválidas situações plenamente constituídas. 
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as 
interpretações e especificações contidas em atos públicos de 
caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa 
majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa 
reiterada e de amplo conhecimento público. 
 O dispositivo em tela fortalece a ideia de 
irretroatividade do direito em prejuízo de 
situações jurídicas perfeitas, constituídas de 
boa-fé, em coerência com o ordenamento à 
época vigente. 
Art. 25. (VETADO). 
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou 
situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no 
caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, 
após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização 
de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse 
geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a 
legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua 
publicação oficial. 
§ 1º O compromisso referido no caput deste 
artigo: 
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, 
eficiente e compatível com os interesses gerais; 
II – (VETADO); 
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever 
ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação 
geral; 
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o 
prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de 
descumprimento. 
§ 2º (VETADO). 
 O dispositivo regula a hipótese de assunção de 
compromisso entre o particular e a 
administração, levando-se em conta o interesse 
público, e especifica os termos, as condições e os 
atributos do compromisso. 
Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, 
controladora ou judicial, poderá impor compensação por 
benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos 
resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. 
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, 
ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, 
se for o caso, seu valor. 
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderáser 
celebrado compromisso processual entre os envolvidos. 
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas 
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. 
 Observa-se que o dispositivo em questão procura 
dar a segurança necessária para que o agente 
publico possa desempenhar suas funções, uma vez 
que só responderá pessoalmente por suas decisões 
ou opiniões em caso de dolo ou erro grosseiro. 
Por outro lado, acarreta mudanças no tocante aos 
partícipes do processo administrativo, 
especialmente os pareceres técnicos e jurídicos. 
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos 
por autoridade administrativa, salvo os de mera organização 
interna, poderá ser precedida de consulta pública para 
manifestação de interessados, preferencialmente por meio 
eletrônico, a qual será considerada na decisão. 
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e 
fixará o prazo e demais condições da consulta pública, observadas 
as normas legais e regulamentares específicas, se houver. 
§ 2º (VETADO). 
 Ao prever a consulta pública prévia à edição de 
atos normativos por autoridade administrativa, o 
art. 29 traz regramento sobre a soberania popular, 
procura trazer transparência e previsibilidade à 
atividade normativa do Executivo, incentivando o 
meio eletrônico. 
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a 
segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de 
regulamentos, súmulas administrativas e respostas a 
consultas. 
Parágrafo único. Os instrumentos previstos 
no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao órgão 
ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.

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