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Direito Administrativo II - Geovane Peixoto - Aulas

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DIREITO ADMINISTRATIVO II
Professor: Geovane Peixoto
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
2016.1
 
1. PROPEDÊUTICA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO: O agir do Estado sempre é feito de forma processual, por
intermédio do processo. Quando o Poder Executivo cumpre sua função típica de administração, o faz por um processo
administrativo. O processo administrativo é o conjunto de atos necessários para que o Estado exerça a sua função executiva (o
ato administrativo está para o processo administrativo, assim como a decisão judicial está para o processo judicial).
- O processo administrativo, em sua processualidade, enquanto consecução de uma função específica do Estado, se vale de
todos os princípios norteadores da Teoria Geral do Processo.
- O ato administrativo, em decorrência da natureza do Direito Administrativo, é impositivo, e se afasta das necessidades da
sociedade. O ato administrativo não pode ser praticado se não for em uma perspectiva democrática (não é admissível que o
Estado veja o processo administrativo como mera formalidade, pois ele na verdade é um canal de diálogo entre a
Administração Pública e a sociedade). A supremacia do direito público não é absoluta, mas ela somente pode ser relativizada
quando em confronto com os Direitos Fundamentais. No momento em que a Administração Pública deixa de admitir o
contraditório e a ampla defesa à sociedade por conta de interesses privados, o princípio da impessoalidade e da supremacia do
direito público são violados. O processo administrativo não pode ultrapassar os limites dos direitos fundamentais.
Processo x procedimento: Para uma corrente, o processo é quando Estado, para a realização de suas funções, realiza atos
coordenados (procedimento contido no processo). Para outra corrente, só há processo quando ocorre no procedimento, o
contraditório. É competência privativa da união, legislar sobre matéria processual (art.22), é competência concorrente aquilo
que for de matéria procedimental (art.24, XXI). O munícipio pode possuir legislação acerca de matéria procedimental, desde
que em caráter suplementar. A Constituição somente pode ser interpretada dentro de uma visão de unidade sistêmica e lógica.
“O procedimento consiste numa sequência predeterminada de atos, cada qual com finalidade específica, mas todos dotados de uma
finalidade última comum, em que o exaurimento de cada etapa é pressuposto de validade da instauração da etapa posterior e cujo resultado
final deve guardar compatibilidade lógica com o conjunto dos atos praticados (...). Salvo situações excepcionais, todo ato administrativo
deve ser produzido no bojo de um procedimento. O conteúdo e validade dos atos administrativos dependem de observância ao princípio
devido (...). A procedimentalização orienta-se a uma pluralidade de fins: controle de poder, realização da democracia, aperfeiçoamento da
qualidade da atuação administrativa e redução da litigiosidade (...). O procedimento tem natureza instrumental. É o meio de evitar o
exercício abusivo do poder jurídico”. – Marçal Justen Filho.
“Num ângulo formal, a concepção democrática de Estado exige a participação dos interessados na formação de vontade estatal. A
procedimentalização é um instrumento indispensável para isto”. – Marçal Justen Filho.
Lei Nacional Todos os entes federados se submeter à aquela legislação.
Lei Federal A lei é direcionada apenas à União.
1.1. Lei 9.748/99: A Lei 9.748/1999 é uma Lei Federal, logo é direcionada apenas à União, e por isso, não se aplica aos outros
entes. Ao ocorrer um Processo Administrativo nos estados e munícipios, deverá ser observada a Lei Processual
Administrativa do estado onde corre o processo. Isso causa bastante caos, pois, não se tem uma unidade processual
administrativa no país.
1.2. Princípios que se aplicam a todo Processo Administrativo:
a) Princípio da Finalidade: A Administração Pública age para atingir determinados fins. Os fins mediatos, a princípio, são
aqueles definidos pelo artigo 3º da Constituição Federal. Deve ocorrer também, a observância aos fins determinados pela
legalidade, ou seja, positivados na legislação infraconstitucional, para que se evite a arbitrariedade dos gestores.
b) Princípio da Motivação: Lei 9.748/99, art. 2º, parágrafo único, VII, conjugado com o art. 50 da mesma lei. Toda decisão
administrativa deve possuir motivação, indicando o pressuposto fático e o pressuposto jurídico que torna aquela decisão
válida. Além disso, deve haver nexo de causalidade entre o suporte fático e o suporte jurídico. Vale ressaltar que o motivo
precisa ser comprovado, e que, motivação é diferente de fundamentação.
“O princípio da motivação acarreta o dever de a autoridade julgadora expor, de modo explícito, os fundamentos de fato e de direito em que
se alicerça a sua decisão. A titularidade da competência para proferir não autoriza decisões imotivadas. É nula a decisão fundada
simplesmente no argumento da titularidade da competência”. – Marçal Justen Filho.
c) Proporcionalidade e razoabilidade: Entendia-se antes, que, a única diferença entre o princípio da proporcionalidade e o
princípio a razoabilidade, era a origem: o princípio da proporcionalidade seria de origem alemã, enquanto o princípio da
razoabilidade teria sua origem nos Estados Unidos, porém, esta não é a única diferença. Se o legislador entende que
proporcionalidade e razoabilidade são coisas diversas, cabe à doutrina explicar essas diferenças. A própria jurisprudência não
sabe fazer a distinção entre proporcionalidade e razoabilidade, e as utiliza como sinônimos.
Quando ingressa no Brasil, a Teoria de Robert Alexy, passou-se a confundir o princípio da proporcionalidade com a técnica
da ponderação (isto ocorreu porque após as fases da adequação e necessidade, o terceiro critério é a proporcionalidade em
sentido estrito).
Embora princípios independentes, há entre eles um nexo de proximidade muito grande, ou seja, são princípios que, em
determinada medida, se complementam.
Quando se fala em razoabilidade, deve-se lembrar que, ser razoável é atuar de forma que não extrapole a normalidade. É não
romper o que se espera normalmente do comportamento alheio. A aferição da razoabilidade é encontrada dentro da adequação
entre meios e fins. Deve-se verificar se aquilo que foi pedido enquanto meio de execução está em compatibilidade com a
finalidade almejada (exemplo: exigir que o comprovante de residência seja fotocopiado ao invés de enviado por email - a
administração pública faz uma série de exigências que não dizem respeito a sua normal atuação, exige muito mais do que o
necessário para a realização do serviço público – não há razoabilidade, e essa não razoabilidade decorre o do comportamento
desproporcional). A razoabilidade engloba a proporcionalidade.
d) Segurança jurídica: Há uma preocupação do legislador de colocar o princípio da Legalidade como um dos princípios mais
importantes da Administração Pública. A ideia de segurança jurídica está presente implicitamente na Constituição. Deve-se
evitar a existência de princípios implícitos, pois isso é um convite ao subjetivismo.
Desde de Aristóteles, já há uma percepção de uma das importantes tarefas do direito. Essa percepção se desenvolve de fato, a
partir das teses contratualistas (contrato social). O contrato social é uma metáfora utilizada para definir a importância da
existência de um Estado de Direito. O Estado, até o conjunto das teses contratualistas, era legitimado ou no discurso de
origem divina ou metafisica, ou na própria natureza do poder (Le État c’est moi). Após Revoluções e a adoção das teorias
contratualistas, ocorre a necessidade de interromper o subjetivismo, e assim, o Estado passa a se legitimar em uma ordem
jurídica. A ordem jurídica surge com o objetivo de conferir ao Estado a segurança dentro das relações. A relações passam a
receber estabilidade através do direito – é garantido que os direitos subjetivos e fundamentais serão garantidos pelo Estado,
através de umaordem jurídica.
A legalidade/juridicidade dentro do direito administrativo, é uma faceta da segurança jurídica. Deve-se falar juridicidade ao
invés de legalidade, pois juridicidade engloba todo o sistema jurídico. O aprimoramento do sistema jurídico através dos
princípios serve para limitar a discricionariedade.
O ato discricionário do Poder Administrativo vai contra a segurança jurídica.
• OBSERVAÇÃO: O Estado Democrático de Direito é um avanço e, não é a mesma coisa que Estado de Direito – No Estado
Democrático de Direito, a ordem jurídica legitima o Estado, e a democracia legitima a ordem jurídica. Já no Estado de
Direito, somente há a preocupação em legitimar o Estado.
e) Devido processo legal: Impõe um rito formal procedimentalizado para o agir do Estado. Os procedimentos deverão ser
conhecidos previamente pela sociedade e, além disso, deverá haver o respeito aos valores definidos pela Constituição, logo,
não podem violar Direitos Fundamentais.
Art.2ª, parágrafo único, inciso VI / Lei 9.784 de 1999 – define a proporcionalidade. A proporcionalidade deve ser aferida em
concreto. O agir de forma proporcional tem como objetivo o comportamento razoável da administração pública.
1.3. Princípios restritivos de direito:
a) Contraditório: Defende-se a não surpresa. Proíbe-se que alguém seja surpreendido dentro do processo, de sorte que, sempre
que algo for produzido dentro de um processo, há a necessidade de cientificação à parte contrária. Para contraditar, é preciso
que haja a informação. A ausência de intimação/notificação da parte em relação a um ato processual viola o contraditório.
(Intimação ocorre de atos pretéritos já realizados. Notifica-se de atos a serem praticados).
A ideia de um contraditório, parte da ideia da garantia da segurança jurídica e de uma atuação dentro do esperado
(razoabilidade). Logo, dois princípios que defendem a não surpresa são os princípios da razoabilidade e da segurança jurídica.
Deve-se garantir a aquele que litiga contra a administração pública, todos os mecanismos que possam defender o seu
interesse. O direito de contraditar se dá por intermédio da defesa.
Deve-se perceber que, os processos administrativos, diferentemente dos processos judiciais, podem ser instaurados de ofício
pela Administração Pública, por isso, através do princípio do contraditório, há a necessidade de que o administrado seja
comunicado acerca dos atos que ocorrem no processo, principalmente quanto ao seguinte: conhecimento do processo, acesso
aos elementos do processo, audiência dos interessados, produção de provas, motivação.
“O princípio do contraditório, além de constituir fundamentalmente manifestação do princípio do devido processo legal, é decorrência lógica
do Estado Democrático de Direito, na medida em que não se reconhece a possibilidade, em um Estado submisso à legalidade de executar
uma decisão sem que o interessado tenha tido ciência do processamento da questão e oportunidade de inteirar-se, deduzindo as razões que
lhe pareçam convenientes (...). É do contraditório que nasce a garantia de defesa quando houver alguma acusação contra o interessado.
Assim, há contraditório sem ampla defesa, mas a recíproca não se sustenta (...). Em qualquer hipótese, deverá ser assegurada a possibilidade
de as partes do processo argumentarem em seu favor e contra-argumentarem as afirmações feitas pelo lado oposto” (...). O princípio do
contraditório garante a participação ativa dos destinatários da decisão no seu círculo de formação, para que se evitem surpresas e desmandos
por parte do Estado. Processo Administrativo sem contraditório caracteriza desrespeito à democracia, onde as decisões devem ser tomadas
com a participação dos interessados. A essência do contraditório está na oportunidade de reagir a qualquer ação, tenha ela conteúdo negativo
ou não”. – Angélica Petian.
b) Ampla defesa: Os mecanismos materiais dentro do processo que asseguram ao cidadão a possibilidade de defender o seu
direito. É possível violar o contraditório sem violar a ampla defesa. A ampla defesa é, oportunizar, em nome do princípio da
imparcialidade, a igualdade entre as partes (ex: oportunizar a produção de provas para todas as partes envolvidas). A
imparcialidade no processo administrativo fica prejudicada pois, a administração pública julga, porém também é parte – nos
processos administrativos que podem restringir direitos, reforça-se a importância do contraditório e ampla defesa, já que, o
processo administrativo em sua essência, é algo desequilibrado.
“Não há garantia de ampla defesa sem que haja o mais rigoroso respeito ao contraditório, no entanto, vislumbramos ser possível a aplicação
do princípio do contraditório sem a companhia da ampla defesa, o que dá sustentação à tese da autonomia de ambos (...). O princípio da
ampla defesa terá cabimento, então, sempre que houver em um processo administrativo uma acusação contra quem quer que seja (...). A
oportunidade de defesa só pode ser considerada ampla se for conferida na etapa processual que antecede a decisão, fora isso haverá
cerceamento de defesa, restando inválido o processo, exceto nas hipóteses excepcionais”. – Angélica Petian.
“O primeiro requisito para que alguém possa exercitar o direito de defesa de maneira eficiente é saber do que está sendo acusado” – Sérgio
Ferraz e Adilson Abreu Dallari.
1.4. Considerações: Quando o processo administrativo tem a possibilidade de gerar restrição de direito, ele possui uma
característica que se assemelha, guardadas as devidas proporções, ao processo penal, e por isso, deve-se garantir os mesmos
direitos que envolvem o processo penal (ex: presunção de inocência). Isso porém esbarra na presunção de legitimidade dos
atos administrativo (além de autoexecutoriedade e coercibilidade). A presunção de legitimidade não deve ocorrer,
principalmente quando se tratar de ato administrativo que restringe direitos.
 
2. PROCESSO ADMINSITRATIVO: O processo administrativo no âmbito estadual possui procedimentos particulares,
porém, a observância de alguns regramentos federais se faz necessário.
“Os princípios que presidem o regime jurídico dos processos ampliativos de direito têm por escopo garantir a instauração de uma relação
jurídica processual quando esta for de interesse do destinatário do ato final e conclusivo, assegurando-lhe a participação em todas as fases do
processo e a possibilidade de discutir a decisão proferida pela Administração com a qual não se conforme, seja por vislumbrar ofensa ao
ordenamento jurídico, seja por não concordar com a decisão de mérito tomada. O conjunto de princípios que informam o regime jurídico dos
processos ampliativos de direito marca presença também no regime jurídico de processo restritivos de direito, aqueles cuja decisão final
pode acarretar um ônus ou gravame pra o administrado, impondo-lhe uma situação negativa (...). No processo administrativo, onde a
Administração apresenta-se como parte e julgadora, o princípio do contraditório ganha especial relevo enquanto corolário da igualdade
processual.” – Angélica Petian
2.1. Julgador natural: Quem deve julgar o processo administrativo é a autoridade pública com competência para esta
finalidade. Se trata de uma situação complexa, pois, diante de um quadro de pulverização de leis do direito administrativo,
tem-se que buscar em cada situação um marco adequado para averiguar qual a entidade competente para julgar.
Art.11, Lei 9.784/99 (Lei de Procedimento Administrativo) – É a regra geral. Aqui, é permitido afirmar a existência do
‘julgador natural’, pois, se diz que, só pode julgar o processo administrativo, a autoridade com competência legal para tanto.
Em regra, a competência é indelegável e irrenunciável (a delegabilidade só é possível através de lei).
Para compreender a delegabilidade, deve-se analisar o art.11 da lei 9.784/99 em conjunto com o art.13 – a delegação somente
poderá ocorrer caso não vá contra o disposto no art.13.
A avocação ocorrequando alguém reivindica a competência para si, e, possui tratamento legal no art.15 da Lei de
Procedimento Administrativo. Somente poderá ocorrer a avocação em caráter excepcional, devendo ser feita de forma
justificada. Para que ocorra a avocação, a autoridade deve estar em posição hierárquica superior dentro da estrutura
organizacional da ordem pública.
- A convalidação não significa a correção do vício – trata-se apenas de uma aceitação do ato, que não acarreta nenhum
prejuízo para a administração pública.
“É corolário do princípio da igualdade, já que se presta a garantir que todos os fatos ocorridos de acordo com determinados critérios
(matéria, território ou função) sejam julgados pela mesma autoridade, ainda que não seja representada pela mesma pessoa (...). Competência
não é apenas uma parcela de poder conferido aos exercentes de função pública, mas de dever-poder, na medida em que não é facultado à
autoridade exercê-la ou não (...). É de se notar que a Lei 9.784/99 incorporou duas formas de modificação excepcional de competência: a
delegação e a avocação”. – Angélica Petian.
2.2. Formalismo moderado: Segundo o art.22, a forma do processo é livre, salvo quando a lei expressamente prever forma
específica. O parágrafo primeiro prevê algumas formalidades que devem ser levadas em conta. No Brasil, há a incidência de
um princípio trazido do direito administrativo francês, onde se tem que “não se deve declarar a invalidade de um ato caso não
tenha ocorrido prejuízo”, ou seja, quando se for avaliar o ato administrativo, deve-se levar em consideração princípios como:
razoabilidade, proporcionalidade e finalidade – é preciso que se avalie corretamente se o vício formal apontado no ato gera
prejuízo para a coletividade. A aferição se dá diante do caso concreto, com a demonstração fática do prejuízo.
“O formalismo apresenta-se como barreira à atuação arbitrária do julgador, que fica condicionado ao cumprimento dos ritos previamente
estabelecidos por lei (...) no entanto, não se pode dar à forma importância que faça a finalidade sucumbir diante dela. Para que o processo
cumpra a finalidade que lhe é própria, o formalismo deve ser moderado, comedido, de modo a não transformar o processo em um fim em si
mesmo, mas sim, reservar-lhe a natureza de meio de solução de uma controvérsia ou de satisfação de uma pretensão”. – Angélica Petian.
2.3. Verdade material: Sustentam os doutrinadores que, no processo penal, a verdade é a material. Em contrapartida, no
processo civil tem-se a verdade formal. A ideia da verdade formal é aquela em que se diz que “o que não está nos autos, não
está no mundo” (quod non est in actis non est in mundo) – a verdade para o juiz no processo civil se limita somente ao que se
encontra nos autos, ou seja, não se tem sempre a verdade real. Existe uma verdade, mas como ela não foi formalizada nos
autos, não se tem uma verdade formal. O processo penal traz um conceito de verdade material, e, aqui, busca-se uma verdade
total, uma verdade real – essa busca da verdade material dá ao juiz poder para não se limitar somente ao que é produzido
pelas partes dentro do processo. No momento que o juiz assume um papel onde se busca a verdade material, ele perde a
imparcialidade. No processo administrativo isto é uma realidade, pois, a administração pública é julgadora e pode determinar
a busca da verdade material através de diversos atos que se achem necessários ao julgamento (e para que a prática do ato
administrativo tenha como fundamento a verdade).
“O princípio da verdade material impõe ao julgador uma posição ativa na coleta de informações e provas aptas a elucidar os fatos, diante da
inercia ou da autuação insuficiente do interessado (...). O princípio da verdade material não permite que o julgador, no momento de proferir
a sua decisão, desprenda-se dos elementos colacionados aos autos e forme sua convicção com elementos que não sejam conhecidos pelo
interessado (...). Os interessados no processo não podem ser surpreendidos, no momento da decisão, com informações que não tenham tido a
oportunidade de conhecer e sobre elas se manifestar na fase instrutória do processo”. – Angélica Petian.
“A administração, ao invés de ficar restrita ao que as partes demonstrarem no procedimento, deve buscar aquilo que é realmente verdade,
com prescindência do que os interessados hajam alegado e provado”. – Celso Antônio Bandeira de Mello.
“A verdade material indica a necessidade de que o procedimento traduza, de modo efetivo e inafastável, a verdade sobre os fatos objetivos
da controvérsia”. – Marçal Justen Filho.
2.4. Duração razoável do processo: Trata-se de um direito fundamental (art.5º, LXXVIII, CF). Impõe que todos os processos
que correm no Brasil, tanto judiciais quanto administrativos, tramitem em prazo razoável. Não há como se estipular
genericamente um prazo razoável, pois, a ideia de duração razoável está ligada a uma avaliação casuística da natural marcha
do processo, respeitando os princípios garantidores do processo e as regras estabelecidas dentro da legalidade processual.
Para Nelson Nery Junior, devem ser adotados os seguintes critérios: a) natureza e complexidade da causa; b) comportamento
das partes e de seus procuradores; c) atividade e comportamento da autoridade competente para instruir e julgar o processo; e
d) fixação legal de prazos para a prática de atos processuais.
“Para ser efetivo o processo há de ser célere, e com o mesmo rigor, observar todas as garantias conferidas às partes da relação processual
pela Lei Maior do nosso País (...). Embora não se afigure possível definir aprioristicamente o conteúdo eu a expressão designa, há elementos
que podem ser úteis como critérios definidores da razoabilidade da duração do processo”. – Angélica Petian.
2.5. Oficialidade: A ideia de oficialidade significa que o processo administrativo não precisa ser impulsionado por ninguém,
pois, já há impulso oficial – a própria administração pública se responsabilizara por impulsionar o processo, ou seja, não se
tem aqui um dever do cidadão, mas sim da administração pública (na prática isto ocorre mais facilmente em processos
restritivos de direito, no caso dos processos ampliativos de direito, o cidadão deve diligenciar).
“Dever da administração pública de instaurar e impulsionar o processo até que ele atinja o resultado final e conclusivo exigido pelo interesse
público.” – Angélica Petian.
“Nos procedimentos de exclusivo interesse do administrado, a administração não tem o dever de persegui-los por si própria e poderá
encerrá-los prematuramente ante à inércia do postulante”. – Celso Antônio Bandeira de Mello.
2.6. Gratuidade: A gratuidade tem efeito quando se fala em processo restritivo de direito (não seria um princípio aplicado ao
processo ampliativo, podendo haver cobrança de um alvará por exemplo). Não se pode cobrar valores do indivíduo para que
ele tenha acesso ou possa defender seu direito no processo administrativo – isto é claramente consignado na própria
legislação (art.56, §2º). Salvo em casos de determinação legal, o STF entende que, não pode a administração pública, cobrar
calção se estiver em jogo uma restrição de direito ao cidadão.
“A administração não deve impor ônus econômico para que o particular tenha acesso à via administrativa”. – Angélica Petian.
2.7. Revisibilidade: Há quem defenda um princípio do duplo grau de jurisdição, mas há quem discorde. Segundo Calmon de
Passos, a previsibilidade da possibilidade de recursos dentro do sistema processual não é um princípio, mas uma faculdade do
sistema, logo, só há que se falar do princípio do duplo grau de jurisdição quando o sistema jurídico prever a possibilidade de
recursos – esta é a posição seguida pelo STF (ação penal 470 – mensalão).
Existem algumas possibilidades para solucionar o problema da impossibilidade de recorrer quando o processo encontra-se no
STF: A primeira possibilidade seria que o Supremo não possuísse nenhuma competênciaoriginária, ou seja, funcionaria
apenas como órgão recursal. A segunda possibilidade seria que o julgamento de causas originárias se desse através de órgãos
fracionados. Ao se tornar signatário do Pacto de São José da Costa Rica, o Brasil reconhece o duplo grau de jurisdição – deve
haver a previsibilidade da possibilidade de revisão das decisões proferidas em processos administrativos. Isto não deve servir
para gerar insegurança jurídica, são necessários limites previstos pelo próprio sistema jurídico.
“Tem como elemento central o direito a um novo julgamento de quem não se sente satisfeito com a decisão que lhe foi apresentada. A
revisão da decisão recorrida deve ser feita por órgão diverso daquele que proferiu a decisão a quo, normalmente hierarquicamente superior a
ele (...). O princípio da revisibilidade tem como objetivo conferir à parte vencida a oportunidade de ter seu pleito reexaminado por julgador
diverso daquele que o conheceu originalmente, de modo a permitir uma leitura diferente dos mesmos fatos, ou uma nova interpretação da
mesma regra legal, ou a correção de decisão que não tenha cumprido uma exigência legal, seja no tocante ao mérito, seja quanto ao
procedimento”. – Angélica Petian.
• Sistema de recursos administrativos (art.56): Se dentro de um processo administrativo, uma matéria legalmente prevista é
desrespeitada, cabe impugnação. A revisibilidade não se restringe a legalidade, podendo também gerar rediscussão da questão
de mérito, desde que existam elementos novos a serem discutidos ou, quando a decisão da administração pública contraria
aquilo que está provado dentro dos autos.
Segundo o art.59, o prazo para a revisibilidade é de 10 dias, mas, havendo lei específica, o prazo poderá ser maior ou menor.
Quando ocorre a ciência de um fato novo, a pessoa poderá, a qualquer momento alegar fato novo (desde que não tenha
ocorrido a caducidade). Se aplica aqui, o formalismo moderado, buscando atender o interesse público e direitos fundamentais.
Também se busca a verdade material.
Os recursos administrativos, via de regra, tem efeito devolutivo apenas (art.61) – devolve-se a matéria para a instância
recursal. A lei, prevê no parágrafo único do art.61 a possibilidade de efeito suspensivo – a decisão proferida pela primeira
instância não pode produzir efeitos jurídicos. Via de regra, o recurso administrativo, embora interposto à autoridade
imediatamente superior aquele que proferiu a decisão, abre um juízo de retratabilidade (possibilidade daquele que proferiu a
decisão, diante dos fundamentos do recurso, alterar a própria decisão). Se não ocorre o juízo de retratabilidade, a demanda
segue até a instância superior, e o efeito é devolutivo. Por provocação ou por de ofício, pode-se conceder ao recurso um efeito
suspensivo (em razão do interesse público ou havendo comprovação da possibilidade da decisão gerar efeito de difícil ou
impossível reparação, ou para evitar que a lesão seja perpetrada).
O STF endente que, não cabe mandado de segurança enquanto houver julgamento de recurso administrativo com efeito
suspensivo pendente, pois entende-se que não há ato violador.
Existe limite de recurso para evitar que haja uma proliferação excessiva de recursos. O art.57 dispõe que, não se pode recorrer
a mais de três instancias e, não poderá existir mais de dois recursos.
2.8. Proibição da “reformatio in pejus”: Ocorrendo a revisibilidade da decisão administrativa, não será admitido que a
decisão seja reformada para gerar situação desfavorável ao cidadão. A decisão administrativa não poderá portanto, ser
reformada em prejuízo, somente em benefício.
“O princípio da proibição da reformatio in pejus consiste na vedação de agravamento da decisão quando da prolação de novo juízo em grau
de recurso. A limitação imposta impede que a parte do processo que se valeu do recurso tenha sua situação piorada em razão do apelo que
interpôs, mas não proíbe que, em sendo reconhecida a procedência do recurso manejado por uma das partes no processo, a outra parte tenha
de suportar consequências negativas”. – Angélica Petian.
 
3. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: “O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar a
responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições
do cargo em que se encontre investido”. Representa um dos grandes problemas do Direito Administrativo, pois, o Processo
Administrativo Disciplinar pode gerar algumas sanções que, caso cheguem à máxima potencialidade, podem repercutir
diretamente sobre os direitos fundamentais do cidadão. O Processo Administrativo Disciplinar se enquadra na categoria de
processos que podem gerar restrições de direitos, e, por isso, merece maior atenção.
Súmula Vinculante n.5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição” – Segundo o STF, não há violação ao contraditório, porém, deve-se perceber que, há a violação da ampla
defesa, pois, ninguém possui condição de exercer a sua própria defesa. Para que seja mantido um grau de racionalidade, é
necessário que haja a presença de um advogado junto à parte, portanto, essa súmula é criticada porque na prática, a condição
do exercício da ampla defesa é colocada em risco, em decorrência da impossibilidade prática do acusado racionalmente
conseguir se utilizar de todos os recursos jurídicos viáveis (a emoção irá incidir fortemente). O direito à ampla defesa não se
encontra presente. Deve-se entender a similitude de natureza jurídica entre o processo administrativo sancionador e restritivo
de direito, e o processo penal – a partir desta similitude, deve-se perceber aquilo que funciona no processo penal, e então,
aplicar isto ao processo administrativo restritivo de direito. Não se deve admitir que o processo seja meramente formal –
deve-se perceber a necessidade do processo substancial.
SÚMULA VINCULANTE Nº 5 DO STF E O SISTEMA PROCESSUAL ADMINSITRATIVO – Marco Antônio Praxedes de Moraes Filho:
O enunciado da súmula vinculante do STF viola as duas faces do devido processo legal: afronta o seu aspecto processual por não lhe
garantir uma proteção efetiva dos direitos do particular, traduzindo-se em um processo injusto. Fere seu campo material por impedir a
finalidade maior do dispositivo constitucional de promover um processo devido na busca da paz social, traduzindo-se em uma ação
irrazoável e arbitrária. Não deve ser dada a um dispositivo fundamental uma interpretação restritiva e acanhada, mas uma interpretação
ampliativa e integral, compatível com o conteúdo democrático constitucional, optando sempre por assegurar sua melhor observância. Deixar
nas mãos do particular a decisão de ser assistido ou não por um advogado, é o mesmo que equiparar a capacidade técnica do primeiro com a
do segundo, o que não é razoável. A defesa leiga, sem advogado, não é ampla, mas restrita. Em processos sancionadores há a necessidade de
observância da garantia da ampla defesa, motivo pelo qual é imprescindível que a defesa do acusado seja técnica. Além de violar princípios
constitucionais, a súmula vinculante nº5 desobedece os requisitos necessários para a sua elaboração, qual seja a necessidade de reiteração
das decisões. Aponta-se o fato de que a fundamentação utilizada na criação da súmula foi muito mais política do que jurídica. Com edição
da súmula vinculante nº 5 entendendo que a falta de defesa técnica por advogado em processos administrativos disciplinares não ofende
princípios constitucionais, o STF delimitou o sentido e o alcance da temática, manifestando-se em sentido diametralmente oposto à
tendência da melhor jurisprudência pátria e da maioria da doutrina nacional mais abalizada. A alteração de raciocínio feriu claramente
inúmeros princípios constitucionais, esvaziando em especial os princípios do devido processo legal e da ampla defesa. Também violou
regras constitucionais sobre a elaboração de súmulas vinculantes,além de restringir os efeitos materiais de garantia fundamental, violando
cláusula pétrea. Processo administrativo disciplinar sem defesa técnica especializada é processo sem ampla defesa e sem o devido processo
legal.
3.1. Aplicação: O processo administrativo disciplinar ocorrerá quando o servidor deixar de cumprir os seus deveres funcionais
ou praticar atos proibidos pelo sistema jurídico. Cada ente da Federação possui autonomia para criar normas que estabelecem
deveres e proibições aos servidores – A nível federal, a lei que é utilizada para disciplinar a atuação dos servidores é a Lei
8.112 de 1990, porém, deve-se atentar que esta não é uma lei geral, sendo necessária a observância da relação que se tem em
caso concreto.
• Recebimento da denúncia: A lei 8.112/1990, em seu art.144, lista os requisitos para que haja o recebimento da denúncia do
Processo Disciplinar Administrativo. “As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que contenham a
identificação e o endereço do denunciante, e sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade”; “Quando o fato
narrado não configurar infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto”.
• Sindicância: É possível que o Processo Administrativo Disciplinar não seja instaurado de imediato – a administração pública
pode investigar os fatos denunciados, para que colha provas suficientes dos indícios de autoria e materialidade do ilícito,
antes de iniciar o Processo Administrativo Disciplinar. Para isso, a administração deverá se utilizar do instituto da
sindicância. A sindicância não equivale ao inquérito, pois, na sindicância já se admite a possibilidade de aplicação de sanção
– aplicação da advertência ou suspenção durante 30 dias (art.145, Lei 8.112/90). Se na sindicância houver qualquer indicio de
desrespeito ao contraditório ou ampla defesa, é possível que se afaste as sanções previstas (na maioria das vezes, quando a
aplicação da sanção decorre da sindicância, há sempre a alegação, e na maioria das vezes, o reconhecimento de invalidade do
processo). Concluída a sindicância, e, constatando-se a presença dos elementos necessários para a caracterização dos indícios
de autoria e materialidade, a sindicância deverá instruir a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (a ausência da
sindicância não impede a abertura).
• Prazo: Quando a sindicância ou o Processo Administrativo Disciplinar é aberto, o prazo prescricional é interrompido. Quando
há extrapolação do prazo por parte da administração pública, não há a invalidade. Porém, quando este prazo é alcançado, a
prescrição volta a correr.
3.2. Ritos:
• Ordinário: O procedimento administrativo disciplinar ordinário está disciplinado a partir do art.148 da lei 8.112/90. O rito
ordinário é a regra geral.
• Sumário: Existe na lei a previsão do procedimento sumário (art.133 e 140 Lei 8.112/90). Na apuração de acumulação ilegal de
cargos, empregos ou funções públicas (art.133, Lei 8.112/90), de abandono de cargo ou de inassiduidade habitual, adota-se o
procedimento sumário. O rito sumário é adotado nestas hipóteses, pois podem ser constatadas objetivamente.
a) Abandono de cargo (art.138): O abandono de cargo ocorre com a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de 30
dias consecutivos. A indicação da materialidade aqui, se dará com a própria indicação das faltas injustificadas.
b) Inassiduidade habitual (art.139): Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por 60 dias,
interpoladamente, durante o período de 12 meses. A indicação da materialidade aqui, se dará com a própria indicação das
faltas injustificadas.
c) Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas: Aqui, o servidor deverá se desvincular para que o vício seja
‘sanado’. Quando instaurado o processo administrativo, deve-se compreender que, não há a possibilidade de indenização
pelos proventos obtidos durante o período em que o servidor acumulava cargos – o valor pecuniário pago em contraprestação
pela mobilização da força laboral, possui natureza jurídica alimentar, e por isso, não há devolução de valores percebidos a
título de alimentos. O valor pago é justo, o que não é justo é a acumulação de cargos.
3.3. Condução: O processo disciplinar deverá ser conduzido por comissão composta de três servidores estáveis (no caso do
rito sumário, dois), designados pela autoridade competente. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço
público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo disciplinar, assegurada ao acusado
a ampla defesa – a apuração poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele onde ocorreu a
irregularidade (a competência deve ser específica ou delegada por específicas autoridades estatais). Em tese, a comissão
deveria exercer suas atividades com independência e imparcialidade, além de assegurar o sigilo necessário à elucidação do
fato ou exigido pelo interesse da administração. O presidente da comissão deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de
mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indicado.
3.4. Fases: O processo disciplinar deverá ser desenvolvido nas seguintes fases:
i. Instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
ii. Inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório – o inquérito administrativo deverá obedecer o
princípio do contraditório, sendo assegurada ampla defesa. Não cabe a produção de provas fora da defesa do acusado no
rito sumário (apenas se a prova for imprescindível para o exercício da ampla defesa, caso contrário não há fase
instrutória).
iii. Julgamento.
3.5. Prorrogação do prazo: Segundo a Lei 9.748/99, toda decisão da administração pública deve ser fundamentada, inclusive
a prorrogação (sem a comprovação das circunstâncias fáticas que impõem a prorrogação do prazo, ela deverá ser considerada
indevida). Para que não haja prejuízo para a parte, havendo a instauração da sindicância ou do processo administrativo
disciplinar, é interrompido o prazo prescricional.
3.6. Generalidades: Havendo necessidade, a comissão dedicará tempo integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
dispensados do ponto, até a entrega do relatório final. A comissão poderá ficar restrita a apenas conduzir o processo
disciplinar, não havendo a necessidade de participarem das atividades habituais, dentro da razoabilidade. As reuniões deverão
ser registradas em atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
3.7. Inquérito administrativo: Deverá obedecer ao princípio do contraditório, assegurada ao acusado a ampla defesa, com a
utilização dos meios e recursos admitidos em direito – deve-se observar portanto, os princípios do contraditório, ampla defesa
e devido processo legal. Não se pode adotar a sindicância como forma de instrução pois, ela é uma mera peça auxiliar –
perante a comissão todas as provas deverão ser repetidas (a prova produzida no inquérito deve ser reproduzida perante a
autoridade julgadora – exemplo: repetir testemunho). No caso da infração ser além de infração administrativa, um ilícito
penal, a autoridade competente deverá encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público – se a autoridade não realizar o
encaminhamento, ele não estará cumprindo o seu dever legal, e, neste caso, haverá a instauração de um processo
administrativo disciplinar contra ele. “Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de depoimentos, acareações,
investigações e diligencias cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
modo a permitir a completa elucidação dos fatos” – o princípio referido no art.155 está em total consonância com a busca da
verdade material – não só a parte, mas a própria comissão deverá tentar de todo o modo, elucidar o problema, utilizando todos
os mecanismos processuais de prova disponibilizadospela ordem jurídica. “É assegurado ao servidor público o direito de
acompanhar o processo pessoalmente, ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e
contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial” – O presidente da comissão poderá denegar pedidos
considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos – esta cláusula
dá condição da comissão processante indeferir pedidos de prova formulados pelo processado, todavia, o Estado não pode
indeferir a prova de qualquer forma, devendo comprovar que ela é impertinente, protelatória ou que não interessa à
elucidação dos fatos (não basta a alegação, é necessário que haja fundamentação).
“As testemunhas serão intimadas a depor mediante mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segunda via,
com o ciente do interessado, ser anexado aos autos”. “O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo
lícito à testemunha trazê-lo por escrito” – as testemunhas serão ouvidas separadamente, se há contradição, um é colocada de
frente para o outro, e isto é a acareação (a acareação não é algo natural no processo administrativo).
Segundo o art. 159, “Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados
os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158” – o acusado só fala após toda a produção de provas (vale ressaltar que, o
acusado não poderá produzir prova contra si próprio e nem responder às perguntas). Ao contrário do que se pensa, o silêncio
do acusado somente poderá ser considerado de modo negativo se este silêncio estiver em consonância com as provas
produzidas no processo. No caso de mais de um acusado, cada um deles deverá ser ouvido separadamente, e, havendo
contradição, ocorrerá a acareação. A autoridade deverá franquiar a palavra do advogado.
Art. 160 – “Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele
seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.”
Art. 161 – “Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele
imputados e das respectivas provas” – a indiciação do servidor ocorre após a instauração – depende-se de elementos
probatórios para que a administração pública acuse formalmente o indiciado. A citação do réu irá delimitar a integração da
relação processual e a ampla defesa do réu. Existe uma regra de proteção ao processado, qual seja, o levantamento de todos os
elementos probatórios necessários para que ele possa se defender.
Art. 162 – “O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.”
Art. 163 – “Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da
União e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio conhecido, para apresentar defesa.” – Para que o
princípio da publicidade seja preservado, exige-se a publicação no diário oficial e em jornal de grande circulação.
Art. 164 – “Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal” – O direito
brasileiro precisa compreender a necessidade técnica do advogado ao lado do acusado durante o processo administrativo.
Art. 165 – “Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e
mencionará as provas em que se baseou para formar a sua convicção”. – O parecer não poderá ser inconclusivo (deverá
indicar a culpa ou a inocência). Ocorrendo o reconhecimento da responsabilidade do servidor, a comissão deve indicar o
dispositivo legal ou regulamentar que foi agredido, assim como as circunstâncias agravantes e ou atenuantes.
Art. 166 – “O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua instauração,
para julgamento.”
3.8. Do julgamento:
Art. 167 – “No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua
decisão”. Trata-se de prazo impróprio, ou seja, é possível que a administração pública extrapole este prazo de forma
justificada. Caso contrário, a autoridade responsável pelo julgamento poderá ser responsabilizada. Segundo o parágrafo
primeiro, de a punição aplicada for além da alçada da autoridade instauradora do processo, ele deverá ser encaminhado à
autoridade. Caso haja mais de um indiciado, e pluralidade de sanções, o julgamento será atribuído à autoridade com
competência para aplicar a sanção mais grave, ou seja, há deslocamento de competência, e, neste caso, não há violação do
princípio do julgador natural (súmula 704, STF). “Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, o julgamento caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141”. Segundo o parágrafo quarto, caso a
comissão reconheça a inocência do processado, a autoridade instauradora do processo determinará o seu arquivamento, salvo
se flagrantemente contrária à prova dos autos, ou seja, a autoridade competente estará vinculada somente às provas, e não ao
parecer da comissão (princípio da verdade material).
Art. 168 – “O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas dos autos”. Aqui, reforça-se que a
vinculação do julgador se relaciona às provas dos autos, e não ao parecer da comissão.
Art. 169 – “Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do processo ou outra de
hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para
instauração de novo processo”. O ato administrativo, mesmo inquinado de nulidade, pode produzir efeitos jurídicos
(convalidação). A convalidação não significa que o ato inválido passa a ser válido, porém, admite-se a produção dos seus
efeitos. O caso concreto deverá ser analisado – é possível que um ato com vício de competência produza efeitos, por
exemplo. O ato administrativo precisa atender ao interesse público (a ideia de interesse público deve ser vista de modo
sistêmico).
• Quem deve convalidar o ato: De acordo com a leitura das súmulas 346 e 473 do STF, em conjunto com o art.53, da Lei
9.784/99, surge o seguinte questionamento: há um poder ou um dever da administração pública em anular os seus atos
inválidos? Entende-se que é um dever da administração pública, e, ao assumir isto como um dever, não é admitido que a
própria administração convalide o ato. A convalidação portanto, é algo externo, só podendo ser declarada por instância
externa.
Segundo o parágrafo primeiro do art. 169, o julgamento fora do prazo legal não implica necessariamente em nulidade. Aqui,
deve-se perceber que todo ato administrativo deve ser motivado, ou seja, no caso de prazos impróprios, deverá haver
justificativa para o não cumprimento do prazo. Deve-se perceber que, o ato inválido pode ser convalidado, mas, o ato inexiste
jamais produzirá efeitos, e, com isto, tem-se que, a decisão sem motivação jamais pode ser convalidada. Por conta disto, não
basta que simplesmente o julgamento ocorra fora do prazo alegando a previsão do parágrafo primeiro, é necessário que haja
uma justificativa para a extrapolação do prazo.
Art. 170 – “Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos
individuais do servidor”. Apostila-se no registro do servidor que ele foi processado administrativamente e que não houve
condenação por decorrência de prazo prescricional. Havendo um segundo processo, não é possível alegar reincidência.
Art. 171 – “Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição”. Ao realizar a apuração, caso ocorra o entendimento de queo ato
descrito no processo administrativo encontra-se tipificado penalmente, deve-se notificar o Ministério Público. Muitas vezes
no processo penal instaurado, não são encontrados indícios de materialidade a autoria, e, neste caso, poderá haver uma nova
discussão na esfera administrativa. Por conta disto, a doutrina brasileira tem afirmado que, no processo administrativo não há
coisa julgada material.
Art. 172 – “O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada”. Este dispositivo foi criado
para evitar a impunidade. Caso o agente se antecipe e peça exoneração ou aposentadoria, existem algumas consequências: No
caso da exoneração, não há muito o que se fazer, pois o sujeito já “fugiu” do processo. No caso da aposentadoria, o autor
responderá ao processo administrativo, e, sendo culpado, é possível haver a reversão do ato da aposentadoria e
posteriormente, a demissão (esta hipótese não se aplica às aposentadorias compulsórias – aqui, o agente perderá o direito à
aposentadoria).
3.9. Da revisão do processo: “O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade
aplicada.” – Não há coisa julgada material. No processo revisional, o ônus da prova é do requerente. A simples alegação de
injusta penalidade não serve como fundamento para revisão (há necessidade de novos elementos fáticos e/ou probatórios).
 
4. LICITAÇÕES: Há grande discussão sobre a natureza da licitação: questiona-se se ela é um processo ou um procedimento.
Em verdade, a licitação não é processo nem procedimento, mas ela se vale de um procedimento especial. A licitação é o
certame necessário para a realização de um negócio jurídico administrativo, ou seja, a licitação nada mais é do que uma
disputa realizada em âmbito processual, para que a administração pública possa encontrar a melhor proposta qualitativa e/ou
quantitativa, para a realização de um negócio jurídico administrativo (via de regra através de contrato).
Dentro da licitação, há uma mescla de direito material e processual, portanto, tem-se uma lei híbrida. Isto gera um problema,
pois, segundo a constituição, a União tem competência para legislar sobre normas gerais (diretrizes) sobre licitações e
contratos administrativos (art.22, XXVII, CF). As diretrizes podem ser de direito material e processual. Existe uma norma
geral que versa sobre licitações (Lei. 8.666/93). Na lei estadual da Bahia (Lei.9.433/2005), há uma inversão de fases na
realização da licitação, e, alguns autores defendem que isto não é possível – o poder judiciário entendeu que esta inversão
possui caráter procedimental, ou seja, é possível a sua realização.
COMENTÁRIOS À LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – Marçal Justen Filho: Licitação é o procedimento
administrativo destinado a selecionar, segundo critérios objetivos predeterminados, a proposta de contratação mais vantajosa para a
Administração, assegurando-se a ampla participação dos interessados, com observância de todos os requisitos legais exigidos. Há intima
relação entre a democratização do Estado e a ampliação da utilização do contrato administrativo. Em um Estado Democrático, os bens ou
serviços dos particulares somente poderão ser obtidos mediante a observância de certos procedimentos e dentro de limites específicos.
Revela-se como economicamente mais vantajoso que o Estado promova a contratação de particulares para o desempenho de atividades
necessárias à satisfação das necessidades coletivas. O contrato administrativo é o instrumento primordial por meio do qual o Estado
estabelece relacionamento com os particulares para obter bens e serviços de que necessita. A contratação administrativa também se revela
como um relevante instrumento de implementação de políticas públicas no âmbito econômico e social. A contratação com particulares deve
ser orientada pelo interesse geral, objetivando contratar com “o particular melhor qualificado, em melhores condições e para obter o melhor
resultado possível”. A licitação é um procedimento formal caracterizado pela ampla competição entre todos os interessados que preencham
os requisitos indispensáveis, para selecionar a proposta mais vantajosa. A lei 8666/93 veicula normas gerais e normas não gerais (especiais)
sobre licitações e contratos administrativos. As normas gerais são aquelas que vinculam a todos os entes federativos, enquanto as normas
especiais são aquelas de observância obrigatória apenas na órbita da União.
4.1. Quem deve licitar: Lei 8.666/93. Subordinam-se ao regime desta lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. – Tem-se aqui algo extremamente
genérico. As figuras clássicas representes da administração publica, seja ela direta ou indireta, não podem realizar negócios
jurídicos sem a previa ocorrência de licitação, a não ser que, isto esteja incluído nas hipóteses em que a licitação se torna
legalmente dispensável. Esta ideia decorre de premissa constitucional (art.37, XXI).
• Autarquias que representam órgãos de classe – caso especial da OAB: Embora a OAB possua natureza jurídica autárquica,
ela administra atividades privadas – o dinheiro da OAB vem dos associados. Se ocorre a administração de interesse privado,
não deveria haver obrigação de licitar ou de realizar concursos públicos. O STF acatou a tese da OAB – o problema aqui, é
que os efeitos foram inter partes e não erga omnes, ou seja, as outras entidades de classe não foram prestigiadas com esta
decisão. O STF assegurou a OAB um regime jurídico diferenciado anômalo. Reconheceu-se que a referida entidade apresenta
natureza autárquica, porém sui generis. A OAB portanto não se submete ao regime de direito público tocante aos servidores e
também não será subordinada à obrigatoriedade de licitar. Muitos entendem que a decisão do STF foi acertada, porém a
distinção feita entre a OAB e as os demais Conselhos Profissionais é injustificada.
• Prestação de serviços públicos e exploração de atividades econômicas – art.173, CF: A Constituição Federal abre um
importante parêntese sobre licitações e contratos administrativos que envolvem empresas públicas de sociedade de economia
mista e empresas públicas exploradoras de atividades econômicas. Via de regra, não deve o Estado se preocupar em produzir
nada, a preocupação do Estado deve ser a consecução dos interesses públicos. O Estado deve se abster de intervir de forma
direta em práticas inerentes ao mercado. A Constituição faz uma ressalva dizendo que quando a intervenção direta do Estado
no mercado se der em decorrência de interesse público relevante ou quando houver motivo de segurança nacional, deve o
Estado também explorar diretamente a atividade econômica. O modelo de gestão do interesse público é o modelo burocrata, o
mercado privado porém, é rápido. O processo licitatório demora muito tempo. Não há como o Estado entrar no mercado sem
que existam pontos de flexibilização para o Estado quando ele estiver constituído sob as formas de empresa pública ou
sociedade de economia mista. De acordo com a CF, aplica-se o estatuto das empresas públicas e/ou sociedade de economia
mista. A criação de uma empresa pública ou sociedade de economia mista deve ser autorizada por lei, e, esta mesma lei
autorizadora seria utilizada para determinar as normas que seriam aplicadas neste caso específico. Não é possível afirmar que
o art.173 da CF/88 elimina, pura e simplesmente, a obrigatoriedade de licitação para as entidades da administração indireta
exercentes de atividade econômica. O relevante reside na existênciade competição entre a entidade estatal e outros agentes
econômicos. A ausência de licitação derivará então, da impossibilidade de obter sucesso na atividade empresarial se for
aplicada a licitação, eis que isso eliminará margens de autonomia indispensáveis e inerentes à atuação no mercado. Admitir-
se-á a ausência de licitação quando essa for a única alternativa sustentável perante a técnica e a ciência para desempenho
satisfatória da atividade empresarial considerada, em face de circunstancias concretas e determinadas. Observe-se que essas
considerações se aplicam preponderantemente nos casos de intervenção do Estado no domínio econômico propriamente dito.
Nesses casos é que se configurará a existência de um mercado regido pelos princípios da livre inciativa e da livre
concorrência. O agente administrativo atuará em igualdade de condições com os sujeitos privados.
• Situação da Petrobrás: A lei 9.478/97 determinou no art.67, que “os contratos celebrados pela Petrobrás, para aquisição de
bens e serviços, serão precedidos de procedimento licitatório simplificado, a ser definido em decreto pelo Presidente da
República”. Foi editado então o decreto federal 2.745 de Agosto de 1998 que veiculou um regime próprio de licitações e
contratações administrativas para a Petrobrás. Aqui, outorgou-se ao presidente o poder de estabelecer procedimento
simplificado para as licitações da Petrobrás e por conta disto, muitos dos contratos foram feitos sem o rigor necessário por
conta da grande flexibilização (exemplo: utilização em grande escala da modalidade convite). O poder regulamentar outorga
ao presidente poder para regulamentar as leis nacionais para lhes dar executoriedade (tornar a lei exequível) – o presidente
não possui poder para inovar a ordem jurídica, mas apenas para torna-la exequível. No caso do decreto, há um vício, uma vez
que ele vai além dos limites previstos pela constituição federal, permitindo ao presidente criar um processo licitatório
diferenciado. A adoção de uma sistemática diferenciada para as licitações da Petrobrás foi objeto de análise do TCU,
especificamente no tocante à sua constitucionalidade – na Decisão nº 663/2002, o TCU reconheceu a inconstitucionalidade do
decreto pois, o mesmo inovou no mundo jurídico, ao trazer comandos e princípios que deveriam constar de lei. Através de
Mandado de Segurança, a Petrobrás levou a questão ao STF, que decidiu tratar-se de inconstitucionalidade reflexa, ou
indireta, não sendo portanto, de sua competência. Segundo o STF, também não era competência do TCU declarar a
inconstitucionalidade do decreto, pois, o controle de constitucionalidade somente seria possível no âmbito jurisdicional. Pelo
falo do mandamus somente possuir efeitos inter partes, ocorre necessidade de recorrente interposição de mandado de
segurança para situações análogas, já que a questão não encontra-se pacificada.
• Sistema “S” – Serviços Sociais Autônomos: Autarquias de natureza especial que conferem apoio a áreas estratégicas. Essas
autarquias são dotadas de maior autonomia (a expressão “autonomia” utilizada aqui, não possui grande fundamento). Os
integrantes do Sistema S, estão obrigados a licitar. Para muitos surge nova flexibilização ao dever de licitar – há o dever de
licitar, porém flexibilização para aqueles submetidos ao RDC. O Brasil percebeu, em decorrência dos eventos esportivos, a
necessidade de nova lei de licitação, porém, o legislativo é complicado. No decreto sobre medidas aeroportuárias, surgiu o
regime diferenciado de contratação, que posteriormente foi convertido em lei. Com a conversão surgem regras que trazem
celeridade, transparência e controle. O RDC foi aplicado nas contratações realizadas em virtude dos eventos esportivos
(exemplo: contratação integrada – a mesma empresa contratada para realizar o projeto realiza a execução – neste caso, há
grande avanço, inclusive por conta da maior facilidade de responsabilização da empresa caso haja descumprimento). Após
esse primeiro período de testes, passou-se a aplicar o Regime Diferenciado de Contratação para as obras do PAC e,
posteriormente nas obras necessárias à educação e à saúde por exemplo. Deve-se atentar que o RDC mantém a
obrigatoriedade de licitação, porém, há um regime diferenciado para tanto.
• Questão dos “fundos especiais”: O “fundo” não se constitui em sujeito de direito autônomo. Trata-se de um conjunto de bens
e recursos de titularidade de um certo sujeito. O fundo, portanto, é objeto de direito, não um sujeito. Eventualmente poderá se
atribuir personalidade jurídica a um fundo. Se o fundo vier a ser personificado, adotará uma das formas jurídicas conhecidas.
Se o fundo não for personificado, é incorreto atribuir-lhe a condição de parte em um contrato. Deverá considerar-se que a
verdadeira parte é o sujeito encarregado de gerir o fundo.
LICITAÇÃO PÚBLICA: A LEI GERAL DE LICITAÇÕES E O REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES – Egon Bockmann
Moreira e Fernando Vernalha Guimarães: A licitação é o processo administrativo por meio do qual a Administração Pública seleciona
pessoas aptas a bem executar determinados contratos administrativos. É uma relação jurídica processual instalada entre sujeitos de direito, o
que significa dizer que dá nascimento a conjunto de deveres e direitos públicos subjetivos. Seu objetivo é o de propiciar à Administração
Pública a seleção da proposta mais vantajosa para a contratação administrativa, a partir de uma competição isonômica entre interessados.
Através deste processo administrativo obtém-se a seleção objetiva do licitante, que, tendo em vista os requisitos do edital e em confronto
com as propostas dos demais concorrentes, presume-se, executará com maior eficiência o objeto contratual (qualidade técnica unida ao
menor custo). Procura-se realizar processo eficiente que possa resultar na contratação mais vantajosa para a administração, tendo em vista o
previamente estudado e definido. O ato que fundamenta a conveniência da contratação reporta-se ao motivo de decisão administrativa
antecedente – a competência da administração é eminentemente discricionária, instruída pelas razões dos estudos técnicos que autorizam a
implementação do futuro contrato administrativo. Além de deliberar pelo modelo contratual, o órgão público define a modalidade de
licitação que será mais eficiente para a seleção da proposta. A decisão tem que ser motivada e pública – deve-se indicar porque aquela
específica contração é útil, adequada e vantajosa. Um dos objetivos da licitação é o de não privilegiar detentores de poder econômico e a
evitar a formação de grupos cartelizados. Os atos praticados no processo licitatório são atos administrativos formais. A licitação é exigência
constitucional pra as contratações do poder público com terceiros. As normas gerais sobre licitações são de competência privativa da União.
A boa aplicação da Lei Geral de Licitações (Lei 8666/93) importa ganhos públicos – não só na econômica de verbas, mas especialmente no
desempenho das funções administrativas do Estado e na instalação de projetos que permitam o desenvolvimento socioeconômico do país.
Todos os órgãos e entidades dos três poderes do Estado, em todas as esferas públicas e níveis hierárquicos, devem obediência ao dever de
licitar. A Lei 12.462/2011 diz respeito à configuração de nova e especial tipologia das licitações e contratações públicas, pois ordena num
diploma normativo o específico conjunto de preceitos jurídicos que apenas a este instituto são singulares. O RDC não revogou disposições
de leis anteriores referentes a licitações e contratações ordinárias, mas, sim estabeleceu um novo e especial regime, aplicado a um conjunto
expressamente limitado de licitações e contratações públicas.
 
4.2. Hipóteses onde a licitação não é necessária: O art. 37 da Constituição Federal, em seu inciso XXI traz a obrigatoriedade
de licitar, todavia, a própria Constituição Federal prevê a possibilidade da legislação estabelecer hipótesesem que o Estado
estraria desobrigado de licitar – se há essa obrigatoriedade de licitar, as hipóteses precisam onde a licitação torna-se
desnecessária precisam estar previstas na legislação, já que são excepcionais. Segundo a doutrina, as possibilidades onde não
se exige a ocorrência de licitação dividem-se em três blocos: licitação dispensada, licitação dispensável e licitação inexigível.
• Licitação dispensada: É aquela em que a legislação opta pela não realização da licitação, logo, tem-se uma hipótese em que a
licitação poderia ocorrer, mas, o legislador dispensa previamente, a realização da mesma. Não deve ocorrer a licitação
Art. 17, lei 8.666/93: A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público
devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas – aqui, administração pública quer
vender os seus bens.
I – quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade
de concorrência, dispensada essa nos seguintes casos:
a) Dação em pagamento;
b) Doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i.
c) Permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art.24 desta Lei. – Exige-se aqui a
necessidade e o interesse público, concomitantemente.
d) Investidura – Entende-se por investidura:
(i) A alienação aos proprietários de imóveis lindeiros da área remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se
tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a
cinquenta por cento do valor constante da alínea “a” do inciso II do art.23 desta lei (R$: 40.000,00); - Um imóvel
lindeiro é aquele que está em uma divisa – aqui, o imóvel pode interessar ao vizinho do terreno por exemplo.
(ii) A alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais
construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de
operação dessas unidades e não interagem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. - Uma usina elétrica
é uma construção de grande magnitude e muito distante dos polos urbanos. Na construção da usina, via de regra é
necessário que também haja a construção de núcleos habitacionais para aqueles que irão trabalhar na construção –
posteriormente, pode-se alienar as casas, para que se cumpra a função social da propriedade. Esta hipótese é
raríssima, pois, construção de hidrelétrica não é algo que ocorre a todo momento.
e) Venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera do governo.
f) Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública.
(...).
• Licitação dispensável: Também abarca situações em que poderia ocorrer a licitação, mas neste caso, o gestor público é quem
decide pela ocorrência ou não da mesma. Essa hipótese abre espaço para a discricionariedade do administrador público, e,
como toda situação que gera discricionariedade, deve haver maior cuidado em relação a questão da legalidade. A
dispensabilidade só pode ocorrer em estrita consonância com a legalidade, de sorte que, o rol de hipóteses das licitações
dispensáveis, é um rol taxativo, exaustivo. Não se pode ampliar hipóteses de dispensabilidade da licitação através de
interpretação – deve haver estrita consonância com a legalidade.
Artigo 24, lei 8.666/93 - É dispensável a licitação:
I – Para obras e serviços de engenharia de valor até 15.000 reais, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra
ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente – para efeitos de serviços de engenharia, o valor posto aqui é relativamente baixo. Nas hipóteses previstas
aqui, ocorre a dispensa da licitação e passa a haver a contratação direta. Essa hipótese não pode servir para que se fuja da
licitação, logo, o parcelamento da obra em etapas não pode ocorrer. Para efeito de evitar o favorecimento, há a
obrigatoriedade da administração pública realizar um processo de inexigibilidade, caracterizando a hipótese de
dispensabilidade – deve-se justificar a incidência da hipótese, demonstrar a utilização do que encontra-se previsto na lei como
uma forma de atender ao interesse público. Há também a necessidade de justificar o preço (apresentação de, no mínimo, três
orçamentos, e então, justificar a escolha do contratado – surge de uma analogia à previsão existente na modalidade convite).
III – Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem – A polícia do estado do Rio de Janeiro buscou utilizar o
argumento de que a “guerra do tráfico” seria fundamento pra a contratações sem a necessidade de licitar.
IV – Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas
de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos, contados da
ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos. – O gestor público geralmente
utiliza os conceitos de emergência e urgência e se vale da sua fluidez para obter vantagens indevidas. Não se deve utilizar esta
hipótese quando a própria administração pública der causa à emergência: é necessário que haja a imprevisibilidade da
situação calamitosa, caso haja previsibilidade, há ilicitude. Mesmo que a ilicitude se caracterize, há a possibilidade da
utilização da dispensa por conta da sobreposição do interesse público. Aqui, caso ocorra a contratação de forma ilícita, o
gestor será responsabilizado, além disso, há a necessidade de posterior licitação. A execução da obra, nos casos de
necessidade de serviço prestado por empresas de engenharia, não poderá ultrapassar 180 dias: a legislação não pode ser
interpretada sem o suporte dos princípios – se ocorre algo aleatório e que impeça a continuidade da obra, pode-se extrapolar o
prazo previsto. Deve-se observar o caso concreto. Deve haver observância dos princípios do interesse público e da
razoabilidade: o interesse público deve ser comprovado a partir de fatos, e não apenas a partir de retórica.
• Licitação inexigível: São aquelas em que não há licitação por conta da inviabilidade de disputa. As hipóteses onde a licitação
é inexigível não são taxativas, pois, tem-se aqui, cláusula geral, e, por se tratar de cláusula geral, muitos gestores buscam se
utilizar dessas hipóteses para obtenção de vantagens indevidas.
Art. 25, lei 8.666/93 – É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I – Para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através
de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço,
pelo Sindicato, Federação, ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes. – Aqui, somente uma
empresa produz o material ou o serviço necessário à administração, logo, somente é possível realizara contratação desta
empresa. A exclusividade deverá ser comprovada, não basta a mera alegação. A exclusividade deverá inviabilizar o processo
de disputa.
Exemplo: A prefeitura de Salvador quer comprar determinado produto, e, na Bahia, somente uma empresa o produz. Uma
outra empresa em Santa Catarina produz o mesmo produto – neste caso, deverá ocorrer licitação, pois, existe uma outra
empresa que poderá apresentar proposta mais vantajosa, quantitativa ou qualitativamente.
II – Para contratação de serviços técnicos enumerados no art.13 desta Lei, de empresas de notória especialização, vedada a
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação. – Aqui, deve-se comprovar a singularidade do serviço. Não
havendo a comprovação e caracterização do serviço, não há como incidir a hipótese deste inciso.
III – Para a contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário executivo, desde
que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. – Muitas vezes o gestor busca se utilizar desta previsão
para realizar a contratação de artistas para festas. O Ministério Público buscou intensificar a fiscalização destas hipóteses. A
consagração do artista deve ser vista dentro de uma ótica cultural.
4.3. Modalidades de licitação: A lei 8.666/93 prevê cinco modalidades de licitação. A lei 10.520/2002, trouxe a previsão de
uma sexta hipótese. Alguns autores, com uma percepção equivocada, indicam o RDC, previsto na lei 12.462/2011, como uma
sétima modalidade de licitação, mas, em verdade, não se trata de modalidade, mas sim do estabelecimento de novas regras
para a realização do procedimento licitatório. 
• Concorrência: Segundo o art.22, §1º, da Lei 8.666/93, a concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados
que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
para execução do seu objeto. - É uma modalidade comum e ampla de licitação. A concorrência é a modalidade ordinária de
licitação. A única questão que deve ser observada aqui, é a exigência dos requisitos colocados em edital.
Há a obrigatoriedade de concorrência nas obras e serviços de engenharia com valor acima de R$: 1.500.000,00. Também é
obrigatória a concorrência nas compras e serviços não referidos no inciso I, do art. 23, quando o valor ultrapassar R$:
650.000,00. Critica-se aqui, o valor posto em lei, pois, há defasagem de valores (lei. 9.648/98).
• Tomada de preço: Segundo o art.22, §2º, da Lei 8.666/93, a tomada de preço é a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data
do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. É utilizado quando a administração pública contrata bens
e serviços de modo reiterado.
Será obrigatória a tomada de preços nas obras e serviços de engenharia com valores até R$: 1.500.000,00. Também será
necessária a tomada de preços nas compras e serviços não referidos no inciso I, do art. 23, quando o valor ultrapassar R$:
650.000,00.
Sobre a questão da habilitação: pelo fato da tomada de preço ser utilizada quando há a contratação reiterada de bens e
serviços, criou-se um cadastro para tornar a tarefa de licitar mais fácil. Ao invés de publicar o edital estabelecendo condições
de habilitação, abre-se um cadastro, onde se inserem todos aqueles que preenchem as condições. Não há desrespeito ao
princípio da isonomia, pois, aquele que não se encontra no cadastro poderá requerer a sua habilitação em até 3 dias antes do
termino do prazo. Quem já se encontra no cadastro, precisa apenas apresentar a proposta (a não ser que algum documento do
cadastro se encontre irregular ou tenha sido alterado). Aquele que não encontra-se no cadastro, além da proposta, precisará
entregar os documentos necessários à habilitação.
• Convite: Segundo o art.22, §3º, da Lei 8.666/93, convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao
seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em um número mínimo de três pela unidade administrativa, que
afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas – Aqui, não há
a presença de um edita, mas sim de um carta-convite, e, é nela que constam os requisitos para a contratação.
• Concurso: Segundo o art.22, §4º, da Lei 8.666/93, o concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para
escolha de trabalho técnico, cientifico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
conforme critérios constantes de edital publicado na impressa oficial com antecedência mínima de 45 dias. – Alguns
entendem que o concurso de que se fala aqui, é para um bem específico, que não seria aplicável ao concurso público voltado à
contratação de servidores. Uma outra corrente crê que, as regras postas aqui são as regras basilares mínima para a realização
do concurso público.
• Leilão: Segundo o art.22, §5º, da Lei 8.666/93, leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de
bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de
bens imóveis, prevista no art.19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. – Aqui, mediante
avaliação técnica, estabelece-se o valor mínimo do objeto.
• Pregão: O que determina a utilização da modalidade pregão é a existência de bens ou serviços comuns. Quem determina se um
bem ou serviço é comum ou não, não é a administração pública, mas o mercado. Aqui, a disputa ocorrerá exclusivamente
pelo preço, ou seja, não há aferição de critérios técnicos. Tem-se demonstrado que a utilização de pregão tem trazido grande
economia à administração pública. O decreto presidencial 3.555/2000, determinou que há impossibilidade de utilização do
pregão para a aquisição de serviços e obras de engenharia. Entende-se atualmente que, a modalidade pregão não se submete a
limites financeiros, desde que se prove que se trata de bem ou serviço comum.
 
5. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO: É incorreto afirmar que a licitação é um procedimento – não verdade, para que haja
licitação, deve ocorrer um procedimento especial, que se inicia com abertura de processo administrativo. O procedimento
licitatório é aquele procedimento realizado para a concretização de uma licitação. O artigo 38 da lei 8.666/93 indica que o
procedimento licitatório será iniciado com a abertura de um processo administrativo. A abertura do processo administrativo é
o marco inicial para que se comece o procedimento licitatório, necessário para a realização de uma licitação. A doutrina
indica duas fases distintas para a licitação: uma fase interna, que se encera com a publicação do edital, e uma fase externa,
que ocorre com a disputa efetiva entre os licitantes.
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado,
protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a
despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;
II - comprovante das publicações do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite;
IV - original das propostas e dos documentos que as instruírem;
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação;
VIII - recursos

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