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Questionário de Direito Penal I

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QUESTIONÁRIO DIREITO PENAL
PROFESSOR: ISAAC LUNA
1) Qual a importância de Cesare Beccaria para a construção do Direito Penal moderno? 
Cesare Beccaria foi o precursor da modernidade penal. Buscava saídas para as injustiças patentes do sistema penal de sua época a partir da concepção de pacto social. O seu pensamento é a base do que hoje chamamos de direitos e garantias individuais, tais como a proporcionalidade das penas, o in dubio pro reo e a vedação de penas cruéis.
Cesare Beccaria foi o propulsor de uma nova forma de pensamento sobre o sistema punitivo, em que se volta contra os excessos punitivos a fim de humanizar a resposta do Estado à infração penal. Partindo do pensamento de Beccaria, construir-se-á a Escola Clássica, cujo pensamento dominará a doutrina penal com o intuito de assegurar as garantias individuais do homem.
2) O que se entende por garantismo penal?
A defesa do mais fraco, que no momento do delito é a parte ofendida, no momento do processo é o acusado e, por fim, no momento da execução, é o réu.
Advertia Montesquieu, se mede e progride com a moderação das penas. Portanto, talvez seja possível empreender hoje, com a distância de dois séculos, um novo salto de civilização: destituir a reclusão carcerária de seu papel de pena principal e paradigmática e, senão aboli-la, ao menos reduzir drasticamente sua duração e transformá-la em sanção excepcional limitada às ofensas mais graves ao direitos fundamental, os quais se justificam, somente eles, a privação de liberdade pessoal, que é um direito fundamental constitucionalmente garantido.
Estabelece critérios de racionalidade e civilidade à intervenção penal, deslegitimando normas ou formas de controle social que se sobreponham aos direitos e garantias individuais. Assim, o garastismo exerce a função de estabelecer o objeto e os limites do direito penal nas sociedades democráticas, utilizando-se dos direitos fundamentais, que adquirem status de intangibilidade.
3) Classifique o Direito Penal dentro do sistema jurídico brasileiro, apresentando suas subdivisões.
Direito Penal Substantivo, que corresponde ao direito material, que cria as figuras criminosas e contravencionais; Direito Penal Objetivo, traduz o conjunto de leis penais em vigor no país, devendo observar a legalidade; Direito Penal Subjetivo, refere-se ao direito de punir do Estado, ou seja, a capacidade que o Estado tem de produzir e fazer cumprir suas normas, podendo, ainda, ser subdividido em direito penal subjetivo positivo, que vem a ser capacidade conferida ao Estado de criar e executar normas penais e direito penal subjetivo negativo, caracterizado pela faculdade de derrogar preceitos penais ou restringir o alcance das figuras delitivas; e Direito Penal Adjetivo, que seria o direito processual, trata das noras destinadas a instrumentalizar a atuação do Estado diante da ocorrência de um crime.
4) O que é infração penal? Dê exemplos.
Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativamente ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativamente ou cumulativamente. LICP, art. 1°.
É toda conduta previamente tipificada pela legislação como ilícita, imbuída de culpabilidade, isto é, praticada pelo agente com dolo ou, ao menos, culpa quando a Lei assim prever tal possibilidade. Podem ser subdivididas em crimes e contravenções, sendo considerados crimes as infrações às quais a Lei preveja sanção com pena de reclusão ou de detenção, podendo de cominada com pena de multa seja de forma alternativa ou cumulativa e contravenções, as infrações cuja pena cominada previamente em Lei seja pena de prisão simples ou multa, não importante se tais penas forem previstas como de aplicação isolada, alternativa ou cumulativa.
5) Quais as fontes materiais e formais do Direito Penal? (válida regra, sem esquecer as exceções).
Fonte material do direito penal: é a fonte de produção da norma. O órgão encarregado da criação do Direito Penal, por previsão constitucional (art. 22, I, CF) é a União, em regra. A própria CF em seu art. 22, PU, dispõe sobe uma exceção, disciplinando a possibilidade dos Estados-membros legislarem sobre questões específicas de direito penal, desde que autorizados por lei complementar.
É a origem criadora do Direito. No Brasil, cabe à União legislar em matéria penal (art 22, I). Em caráter excepcional, pode legislar, igualmente, o Estado-membro, sobre questões especificas, desde que autorizado por lei complementar editada pela União (art. 22, PU). O munícipio JAMAIS legisla em matéria penal.
Fonte formal do direito penal: É o instrumento de exteriorização do Direito Penal, ou seja, o modo como as regras são reveladas. É a fonte de conhecimento ou de cognição. São classificadas em: (A) imediata: a lei é a única fonte formal imediata do direito penal; (B) mediata: abrange os costumes e os princípios gerais de direito
É o modo de expressão do Direito. Cabe à lei em sentido estrito estabelecer normas de conteúdo penal. Admite-se, em caráter excepcional, porém não desejável, a fixação de matéria penal por Emenda à Constituição e lei complementar (neste caso, já há o exemplo: art. 10, Lei Complementar 105/2001). Por outro lado, leis delegadas e medidas provisórias não podem cuidar de matéria penal, particularmente tipificando crimes.
6) Quais os tipos de lei penal observáveis no Direito Penal brasileiro?
IMEDIATAS: Características: exclusividade, anterioridade, imperatividade, impessoalidade; Classificação: incriminadoras, complementares ou explicativas, permissivas, excepcional ou temporária.
IMEDIATAS: A LEI é a única fonte formal imediata do direito penal, sendo o único instrumento normativo capaz de criar infrações penais (crimes e contravenções penais) e cominar sanções. A CF situa-se no rol das fontes imediatas. Muito embora a lei detenha a exclusividade no tocante à criação das infrações penais e das respectivas sanções, não se pode deixar de constatar que a Carta Magna nos revela direito penal, estabelecendo alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir.
MEDIATAS: Costumes, tudo que se estabelece por força do uso: é a regra que não escrita, que se introduziu pelo uso, com o consentimento tácito de todas as pessoas que admitem a sua força como norma prática de conduta. Secundum legem, Praeter legem, Contra legem; e Princípios Gerais do Direito, representam as ideias de justiça, liberdade, igualdade, democracia, dignidade, etc., que funcionam como valores fundamentais do sistema jurídico, “Todos devem ser tratados como iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; Todos são inocentes até que se prova o contrário; etc..
MEDIATAS: Dentro desta moderna perspectiva das fontes do Direito Penal, figura como fonte mediata apenas a doutrina (costumes e princípios gerais do direito). Os costumes são comportamentos uniformes e constantes (elemento objetivo) pela convicção de sua obrigatoriedade (elemento subjetivo). É absolutamente vedado o costume incriminador pois a lei é a única forma de rotular um ato ilícito como crime, obedecendo o princípio da reserva legal. 
NORMAS PENAIS EM BRANCO: São aquelas que carecem de complementação no seu preceito primário. Diz-se heterogenia quando tal complemento decorre de ato advindo de órgão diverso da que produziu a norma.
NORMAS PENAIS EM BRANCO: são leis penais incriminadoras, que possuem um elemento indeterminado, no tocante à descrição da conduta, mas com pena determinada. Esse elemento indeterminado deve ser buscado em um complemento, extraído de outra fonte legislativa extrapenal. O branco da lei é justamente o ponto incerto, cuja complementação se faz em outra norma. Denomina-se norma penal em branco própria, quando o complemento é buscado em fonte legislativa hierarquicamente inferior (ex.: Lei de Drogas, cujo complemento, esclarecendoo que é a substância entorpecente ilícita, advém de Portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Considera-se norma penal em branco imprópria quando o complemento é encontrado em fonte legislativa de igual hierarquia (ex.: Casar-se conhecendo impedimento matrimonial, art. 237, CP, possui o branco, que é o impedimento para o casamento, matéria tratada pelo Código Civil). 
7) Caracterize e distinga, lei temporária e excepcional, explicando o teor do art. 3°do Código Penal.
A lei temporária é aquela instituída por um prazo determinado, ou seja, é a Lei que criminaliza determinada conduta, porém prefixando no seu texto lapso temporal para sua vigência. Foi o caso da Lei 12.663/12, que criou inúmeros crimes que buscam proteger o patrimônio material e imaterial da FIFA, infrações penais com tempo certo de vigência (até 31 de dezembro de 2014).
A lei excepcional é editada em função de algum evento transitório, como estado de guerra, calamidade ou qualquer outra necessidade estatal. Perdura enquanto persistir o estado de emergência
As duas têm características essenciais: (A) Autorrevogabilidade: Significa dizer que as leis temporárias e excepcionais se consideram revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei temporária) ou cessada a situação de anormalidade (excepcional); (B) Ultratividade: Alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que as circunstâncias de prazo (temporária) e de emergência (excepcional) tenha se esvaído, uma vez que essas condições são elementos temporais do próprio fato típico. Observe-se que, por serem (em regra), de curta duração, se não tivessem a característica da ultratividade, perderiam sua força intimidativa. Ambas não se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis (salvo se houver lei expressa com esse fim).
8) Que princípios do Direito Penal estão contidos no art. 1° do CBP?
Reserva legal ou estrita legalidade: Exclusividade + anterioridade + taxatividade.
Princípio da legalidade, ou reserva legal ou estrita legalidade: a infração penal somente pode ser criada por lei em sentido estrito, ou seja, lei complementar ou lei ordinária, aprovadas e sancionadas de acordo com o processo legislativo respectivo, previsto na CF/88 e nos regimes internos da Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Exclusividade: Somente a lei a norma penal define crimes e comina penas.
Anterioridade: A criação de tipos e a cominação de sanções exige lei anterior, proibindo-se a retroatividade maléfica. Se a pena supõe um fato considerado como transgressão à lei, o dano praticado antes de existir a lei que não o proibia não é uma pena, mas um fato de hostilidade, pois antes da lei não transgressão à lei. 
Taxatividade: É dirigido ao legislador, exigindo dos tipos penais clareza, não devendo deixar margens a dúvidas, de modo a permitir 	à população em geral o pleno entendimento do tipo criado.
9) Em que princípios se subdividem o marco-principal da intervenção mínima? Qual sua importância para o Direito Penal moderno?
1. Princípio da insignificância: ainda que o legislador crie tipos incriminadores em observância aos princípios gerais do Direito Penal, poderá ocorrer situação em que a ofensa concretamente perpetrada seja diminuta, isto é, que não seja capaz de atingir materialmente e de forma relevante e intolerável o bem jurídico protegido. Nesses casos, estaremos diante do que se denomina “infração bagatelar”, ou crime de bagatela. 
Significa dever o Direito Penal intervir, minimamente, nos conflitos sociais e na liberdade individual. Sua missão é tutelar os mais relevantes bens jurídicos, deixando a outras áreas do Direito a proteção aos demais. O Estado Democrático de Direito, que assegura inúmeros direitos humanos fundamentais, somente deve intervir, com a força punitiva penal, como última opção (ultima ratio). Em oposição, Estados totalitários buscam reger todo e qualquer conflito em sociedade, valendo-se da pena para castigar e impor restrições aos cidadãos. Por isso, cuida-se de dizer que o Direito Penal tem caráter subsidiário, ou seja, somente entre em ação quando esgotados outros meios menos danosos (áreas civil, administrativa, trabalhista, etc.). Além disso, pode-se argumentar com a fragmentariedade do Direito Penal: é apenas uma das áreas do Direito, um fragmento do todo, não podendo cuidar de todos os problemas emergentes, sob pena de sufocar os outros ramos do ordenamento jurídico. Inserto nesse cenário, encontra-se o subprincípio da ofensividade, expressando que o Direito Penal somente cuida de bens jurídicos relevantes, não podendo criar tipos penais incriminadores visando à punição de condutar inofensivas a tais bens. Não deixa de ser o reflexo direto da intervenção mínima. Trata-se de princípio constitucional implícito. 
10) Descreva os fundamentos dos princípios da adequação social e da bagatela.
Adequação social: costumes + desvalor da conduta.
Princípio da Adequação Social: Possui dupla função, restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade, e, se refere ao legislador em duas vertentes, sendo o objetivo da primeira orientar o legislador quando da seleção das condutas que deseja proibir ou impor, com a finalidade de proteger os bens considerados mais importantes. Se a conduta que está na mira do legislador for considerada socialmente adequada, não poderá ele reprimi-la valendo-se do Direito Penal. A segunda, destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos penais e retire do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da sociedade. 
Bagatela (ou insignificância): lesividade + desvalor do resultado.
BAGATELA: Segundo tal preceito, não cabe ao Direito Penal preocupar-se com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas totalmente inofensivas ou incapazes de lesar o bem jurídico. Desse modo, o referido princípio deverá ser verificado a cada caso concreto, de acordo com as suas especificidades. “O furto, abstratamente, não é uma bagatela, mas a subtração de um chiclete pode ser.”. Possui os seguintes critérios: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovação do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada.
11) Caracterize e distinga o princípio da culpabilidade e o princípio do “ne bis in idem”.
O princípio da culpabilidade é o postulado limitador do direito de punir. Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável (penalmente capaz), com potencial consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do seu comportamento), quando delexigível conduta adversa (podendo agir de outra forma). 
O princípio do “ne bis in idem” nos diz que, nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por um crime mencionado no art. 5, relativamente ao qual já tenha sido condenado ou absolvido pelo Tribunal, salvo a exceção, no art. 8, que autoriza novo julgamento e condenação pelo mesmo fato, nos casos de extraterritorialidade da lei penal brasileira. Tem três significados: (A) Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime; (B) Material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato; (C) Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato.
O princípio da culpabilidade é o princípio cultivador do lado humano do crime, exigindo um mínimo de ligação subjetiva do autor ao fato por ele concretizado. Por isso, estabelece-se não haver crime sem dolo ou culpa. Inexiste, no Estado Democrático de Direito, a responsabilidade penal objetiva, ao menos como regra. Essa maneira de responsabilização leva em consideração apenas o nexo causal entre conduta e resultado, desprezando o liame psicológico do agente ao resultado danoso ou perigoso. Do mesmo modo que se demanda a humanização das penas, exige-se apresença do dolo ou da culpa para que subsista punição na área penal. Outra opção levaria ao totalitarismo e à severidade sem causa. Não se pode sancionar alguém, que deu causa a um dano, se não há, de sua parte, um querer ativo ou, no mínimo, a previsibilidade quando ao resultado. Trata-se de princípio constitucional implícito, embora se encontre previsto no art. 18 do CP.
Vedação da dupla punição pelo mesmo fato, “ne bis in idem”: consagra-se o princípio como decorrência natural da legalidade: a cada fato criminoso, a sua pena. Não é viável aplicar-se duas sanções a um só delito, pois exagerado e abusivo. Além disso, busca-se preservar a proporcionalidade, cortando-se sanções desmedidas. Punir duas ou mais vezes com base no mesmo fato é, incontestavelmente, desproporcional. Note-se que essa vedação não cuida, somente, da dupla punição (duas penas) pelo mesmo crime (fato delituoso), mas preserva a consideração, para fins de aplicação da pena, da proibição de qualquer agravamento de punição, quando calcado na mesma base fática. Ex.: se o homicídio é cometido contra criança, com tenra idade, trata-se de dupla punição se o Juiz aplicar a causa de aumento prevista no art. 121, §4, in fine, do CP (homicídio contra menor de 14 anos), juntamente com a agravante prevista no art. 61, II, h, CP (crime contra criança). A dupla punição é abusiva, exagerada e desumana.
12) O conflito aparente de normas no Direito Penal pode ser solucionado pela especialidade, a subsidiariedade e a consunção. Explique cada um deles.
Subsidiariedade: Uma lei tem caráter subsidiário relativamente à outra (principal) quando o fato por ela incriminado é também incriminado por outra, tendo um âmbito de aplicação comum, mas abrangência diversa. A relação entre as normas (subsidiária e principal) é de maior ou menor gravidade (e não de espécie e gênero). 
A norma dita subsidiária atua apenas quando o fato não se subsuma a crime mais grave. Pode ser expressa ou tácita. 
É expressa quando a lei prevê a subsidiariedade explicitamente, anunciando a não aplicação da norma menos grave quando presente a mais grave. 
Há subsidiariedade tácita quando um delito de menor gravidade cede diante da presença de um delito de maior gravidade, integrando aquele a descrição típica deste
Consunção: Também conhecido como princípio da absorção, verifica-se a continência de tipos, ou seja, o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização do crime previsto por outra (consuntiva) ou é uma forma normal de transição para o último (crime progressivo). 
A diferença fundamental entre a subsidiariedade e a consunção concentra-se no fato de que, na primeira hipótese, o TIPO penal em abstrato possui elementos que indicam conter outro (ou outros); na segunda hipótese, o tipo não contém outro, mas o fato materializado demonstra que um crime serviu para outro ser atingido. No exemplo dado, o estelionato não contém, sempre, a falsidade, mas concretamente, esta pode ter sido a infração penal utilizada para fazer o agente atingir outra, seu real objetivo. Por isso, o crime-fim deve absorver o crime-meio. 
Subsidiariedade: também conhecido como tipo de reserva, significa que lei principal afasta a aplicação de lei secundária. Reputa-se principal a norma que contém a denominada subsidiária. Entre ambas se constrói uma relação de continência e conteúdo. Há duas formas de subsidiariedade: explícita, quando a lei indica, no seu texto, ser subsidiária em relação a outra (“se o fato não constitui crime mais grave”) e implícita, quando o fato incriminado ingressa em outra norma, de maior importância e gravidade (o estupro contém, implicitamente, o constrangimento ilegal).
Consunção (ou da absorção): utiliza-se tal critério quando o fato incriminado por uma norma, também é previsto por outra, embora esta seja de maior amplitude. Diante disso, norma mais ampla afasta a aplicação da norma mais restrita. Dá-se esse fenômeno nos casos de crime-meio e crime-fim. O agente se vale de um determinado delito para atingir outro, de maior amplitude. Ilustrando, o agente porta revólver ilegalmente apenas para atingir seu objetivo maior, que é matar o desafeto. Logo, o homicídio (crime-fim) absorve o porte ilegal de arma (crime-meio).
13) A aplicação da norma penal está vinculada ao binômio tempo-espaço, quais os critérios adotados pelo Direito Penal Brasileiro para definir o tempo e o lugar do crime?
TEMPO DO CRIME: O nosso CP, em seu art. 4, adotou a teoria da atividade, dispondo que “considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
Pelo princípio da coincidência (da congruência ou da simultaneidade), todos os elementos do crime (fato típico, ilicitude e culpabilidade) devem estar presentes no momento da conduta. A imputabilidade do agente, por exemplo, dependerá da aferição da sua idade no momento da ação ou da omissão.
Deste modo, se ao tempo do disparo de arma de fogo o agente era menor de 18 anos, terá praticado ato infracional e será sancionado de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, ainda que a vítima só venha a óbito quando o agente complete os 18 anos.
O momento do crime é também marco inicial para saber a lei que, em regra, vai reger o caso concreto, ganhando ainda mais importância no caso de sucessão de leis penais no tempo.
LUGAR DO CRIME: Art. 6 Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (Ubiquidade). 
O art. 5 do CP determina que seja aplicada a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. No entanto, da mesma forma que uma infração penal pode se fracionar em tempos diversos, é possível que ela se desenvolva em lugares diversos, percorrendo, inclusive, territórios de dois ou mais países igualmente soberanos. Imaginemos, por exemplo, uma bomba fabricada no Brasil e enviada para explodir e matar vítima que se encontra em país vizinho. 
14) Qual a jurisdição de aplicação do Direito Penal brasileiro? Ele pode ser aplicado além do seu território? Em que casos?
Art. 5, CP - aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
O conceito de território abrange: a faixa continental ou insular, o espaço aéreo (latitude de 600km), as aeronaves ou embarcações públicas, onde quer que estejam, e os aviões ou navios de guerra em serviço militar ou em serviço oficial; o mar territorial (12 milhas marítimas contadas a partir da baixa-mar). Aeronaves e navios particulares aplica-se a seguinte regra: se no Brasil, aplica-se a lei brasileira; se no exterior, aplica-se a lei estrangeira; se em águas internacionais ou espaço aéreo correspondente, aplica-se a lei do país cuja bandeira estiverem ostentando (Princípio do Pavilhão ou da Bandeira).
Pode ser aplicado além do seu território nos casos de extraterritorialidade, incondicionada: quando a lei brasileira se aplica ao crime cometido no estrangeiro, independentemente de qualquer condição; ou condicionada: quando a lei brasileira só se aplica ao crime cometido no estrangeiro se atendida determinada condição (casos mais graves)
15) Como é recepcionada uma sentença penal estrangeira no Brasil e que efeitos produz?
Por decisão do Presidente do Superior Tribunal de Justiça, pode haver a homologação de sentença estrangeira, permitindo-se, então, que ela seja executada no Brasil, art. 9, CP.
Produz três efeitos: (A) permitir que a vítima utilize a decisão condenatória como título executivo, na esfera cível, para conseguir a reparação do dano provocado pelo delito; (B) autorizar o cumprimento de medida de segurança, em território nacional, quando imposta pela decisão estrangeira; (C) propiciar o confisco de bens em razão da lavagem de capitais ocorrida no exterior.
16) Quais são as hipóteses de imunidade penal do presidente da República, parlamentares e advogados?
Imunidadepenal do Presidente da República: não goza de imunidade absoluta (só poderá ser processado após licença da Câmara dos Deputados, mediante o voto de dois terços de seus membros, em votação aberta); somente poderá ser preso depois de sentença condenatória; nos crimes comuns, será julgado pelo STF e, nos de responsabilidade, pelo Senado Federal, devendo ser afastado das funções, por 180 dias (art. 86, CF); na vigência do mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções (art. 86, §4, CF).
Imunidade penal dos Parlamentares: Imunidades parlamentares absolutas, dispõe o art, 53, caput, CF, “Os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”
Os parlamentares não cometem: os chamados delitos de palavra ou de opinião, neles incluídos os crimes contra honra; de incitação ao crime, apologia do crime ou do criminoso; os delitos de opinião definidos na Lei de Segurança Nacional; 
Imunidade penal dos Advogados: O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei, art. 133, CF; não constituem injúria ou difamação punível: I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador, art. 142, CP; O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer, art. 7, EOAB.
17) Qual a regra de contagem do prazo do Direito Penal material? Em que casos se aplica? E em que se diferencia do prazo processual penal?
A regra do CPP é diversa da regra estabelecida pelo CP (art. 10): “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”.
O prazo decadencial para efeitos de extinção da punibilidade tem natureza penal, seguindo a regra do art. 10, CP.
O prazo penal é improrrogável (mesmo que venha a termo em sábados, domingos ou feriados).
A contagem não considera frações de dias, art. 11, CP.
PRAZO PENAL: computa-se, para sua contagem, o primeiro dia do fato, desprezando-se o último (art. 10, CP). Ex.: uma pena de 10 dias, a começar no dia 2 de maio, inclui este dia como o primeiro, não importando a hora em que teve início, findando no dia 11 de maio, impreterivelmente. Se o dia 11 for feriado, sábado, domingo ou dia em que o fórum estiver fechado, pouco importa. O preso deve ser solto. Prazo penal não se interrompe em hipótese alguma. Usa-se o calendário comum para o seu cômputo. Ilustrando, uma pena de dois anos, que teve início no dia 25 de agosto de 2010, terminará no dia 24 de agosto de 2012. Não importa se há, nesse ínterim, ano bissexto. Diversamente, o prazo processual penal não inclui o primeiro dia do fato, mas sim o último. Intimado o réu para recorrer em cinco dias, computa-se, como primeiro dia, o seguinte à intimação. Logo, se intimado no dia 10, o prazo para recurso termina no dia 15.

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