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ECA Aula 03 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: ECA 
 Professor: Paulo Henrique Fuller 
Aula: 03 | Data: 11/02/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Possibilidade jurídica de cabimento da internação 
2. Princípios que regem as medidas socioeducativas privativas de liberdade 
3. Remissão 
 
 
1. Possibilidade jurídica de cabimento da internação 
A medida socioeducativa de internação é a única sujeita a cabimento taxativo (expressa previsão legal) sendo as 
demais medidas socioeducativas de livre aplicação para qualquer ato infracional. O art. 122 do ECA traz quais as 
hipóteses de cabimento da internação: 
 
I) Ato praticado com violência ou grave ameaça contra à pessoa 
É veda a aplicação de internação do adolescente que pratica o crime de tráfico de drogas, pois apesar de se tratar 
de um crime grave não apresenta violência ou grave ameaça à pessoa (Súmula 492 do STJ). 
 
Súmula 492, STJ. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si 
só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida 
socioeducativa de internação do adolescente. 
 
II) Reiteração de atos graves 
É necessária a prática de dois ou mais atos graves. Assim com a prática de uma segundo conduta equipara ao 
tráfico de drogas é possível a internação do adolescente (art. 122, inciso II do ECA). 
 
Obs.: O STJ defendia que a reiteração se caracterizava pela terceira repetição do ato, uma vez que a segunda 
repetição do ato configurava reincidência. Em fevereiro de 2014 esse entendimento foi mudado e o STJ passou 
entender que tanto a reincidência quando a reiteração se configuram com a segunda repetição do ato. 
 
--- Essas duas medidas são chamadas de internação definitiva. São chamadas de definitivas, pois são aplicadas na 
sentença definitiva que encerra a fase de conhecimento, sendo aplicadas sem prazo determinado, podendo 
alcançar no máximo de 3 anos de internação. 
 
 
III) Descumprimento reiterado e injustificável de outra medida anteriormente aplicada 
É chamada pela doutrina de “internação sanção” e pelo STJ de “internação regressão”, pois visa o cumprimento 
de outra medida socioeducativa anteriormente aplicada. Exemplo: Juiz aplica a medida socioeducativa de 
liberdade assistida, que foi descumprida de forma reiterada e injustificável. O juiz da execução da medida 
socioeducativa pode aplicar como sanção a medida de internação. Essa internação é uma medida para se fazer 
cumprir a liberdade assistida, é um meio para que se cumpra a medida anteriormente aplicada. 
 
 
 
 
 
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A internação sanção ou regressão é da competência do juízo da execução das medidas socioeducativas, sendo 
imposta por prazo determinado, e limitado, de 3 messes (art. 122, §1, ECA). 
 
Art. 122, ECA: A medida de internação só poderá ser aplicada 
quando: 
III. por descumprimento reiterado e injustificável da medida 
anteriormente imposta. 
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não 
poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada 
judicialmente após o devido processo legal. 
 
Antes de aplicar a internação sanção o juiz deve designar uma audiência para ser ouvido o adolescente, é a 
chamada audiência de justificação. O objetivo dessa audiência é ouvir o adolescente para saber se o 
descumprimento foi justificado ou não (art. 43, §4º, II da Lei 12.594/12 e Súmula 265 do STJ). 
 
Art. 43, § 4o: A substituição por medida mais gravosa somente 
ocorrerá em situações excepcionais, após o devido processo legal, 
inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei no 8.069, de 13 
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e deve ser: 
II - precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1o do art. 42 
desta Lei. 
 
Súmula nº 265 STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de 
decretar-se a regressão da medida socioeducativa. 
 
IV) Internação provisória 
É aplicada antes da sentença, é semelhante à prisão preventiva do adulto. Não tem natureza jurídica de sanção, 
mas sim de Medida Cautelar. A internação provisória tem prazo máximo de 45 dias (art. 108, “caput” do ECA) – 
esse prazo é improrrogável, e se for excedido tipifica o crime do art. 235 do ECA. 
 
 
2. Princípios que regem as medidas socioeducativas privativas de liberdade 
São princípios que regem a internação e a semiliberdade (art. 227, §3º, V, CF e art. 121, “caput” do ECA). 
 
a) Princípio da excepcionalidade 
A privação da liberdade é excepcional (art. 122, §2º, ECA). Por se tratar de medida excepcional, a internação, 
embora cabível ou possível nas hipóteses legais do art. 122, não será aplicada se outra medida mais branda for 
suficiente no caso concreto: A internação só pode ser aplicada quando cabível ou possível, e se for estritamente 
necessária no caso concreto. 
 
b) Princípio da brevidade 
A privação deverá ser breve, pois os prazos de internação do ECA estão baseados neste princípio. 
 
 
 
 
 
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c) Princípio do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento 
A internação não pode se tornar uma simples prisão, tem que ser uma medida que vise à ressocialização. Por isso 
sempre deve ter atividades pedagógicas, e deve ser cumprida em entidade adequada, exclusiva (art. 123, ECA), 
ainda que se trate da internação provisória. 
 
Obs.: A Súmula 338 do STJ determina que se aplique para as medidas socioeducativas a prescrição penal, com o 
disposto no art. 115 do CP que determina a redução de metade do prazo da prescrição. 
 
Súmula 338, STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas 
socioeducativas. 
 
Art. 115, CP – São reduzidos de metade os prazos de prescrição 
quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e 
um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
 
3. Remissão (art. 126 / 128 do ECA) 
Pode ser concedida de duas formas: 
 
a) Perdão puro e simples 
É concedido sem qualquer medida socioeducativa. É chamado de “remissão própria”. 
 
b) Transação 
Seria a remissão cumulada com alguma medida socioeducativa. Somente as medidas socioeducativas de meio 
aberto (não privativas de liberdade) podem ser aplicadas (art. 127, ECA). É chamado de “remissão imprópria”. 
 
Art. 127, ECA: A remissão não implica necessariamente o 
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem 
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir 
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, 
exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação. 
 
– Natureza jurídica da remissão 
Trata-se de forma diversa daquela tradicional de se solucionar a pratica de um ato infracional, ou seja, trata-se de 
solução alternativa à sentença sancionatória que seria proferida ao final do processo. A remissão permite abreviar 
a solução do processo, podendo incidir como forma de perdão (sem medida alguma) ou como forma de transação 
(cumulada com alguma medida socioeducativa de meio aberto). O termo remissão tem origem na tradução do 
termo “diversion”. 
 
– Efeitos da remissão (art. 127 do ECA) 
A remissão, concedida sob qualquer das suas formas, não implica admissão de responsabilidade (não é confissão 
de nada) e nunca gera antecedentes para o adolescente. 
 
. Consequência prática 
Por não gerar antecedentes a remissão não pode ser considerada para configuração do requisito legal da 
reiteração, para efeito de aplicação da internação com base no art. 122, II, ECA. 
 
Próxima aula  Quem pode conceder remissão?

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