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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: ECA Professor: Paulo Fuller Aula: 04 | Data: 12/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Remissão 2. Procedimento de apuração de Ato Infracional praticado por Adolescente 1. Remissão Quem pode conceder Ministério Público, artigo 126, “caput” Juiz, artigo 126, parágrafo único Momento Pré processual (concedida antes da instauração do processo), visa evitar que haja processo, é uma alternativa à ação Processual, concedida durante o processo,, sempre antes da sentence ser proferida, artigo 188 Efeitos Exclusão do processo, impede o surgimento do processo (não é extinção e sim exclusão) Suspensão ou Extinção do processo. A remissão judicial pode ser concedida como forma de suspensão quando cumulada com medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade ou liberdade assistida (medidas de execução continuada). Pode ser concedida a extinção quando concedida como perdão puro e simples ou quando cumulada com medida socioeducativa de advertência (de consumação instatânea). A remissão ministerial é constitucional quando concedida por meio de transação? Pode o MP aplicar sanção? O STF decidiu que o MP pode conceder a remissão cumulada com proposta de aplicação de medida socioeducativa, mas quem aplica é o juiz quando da homologação (artigo 181, “caput” e §1º), logo é constitucional. Desta forma, é respeitada a reserva de jurisdição (súmula 108, STJ). Súmula 108 STJ A aplicação de medidas sócio-educativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz. 2. Procedimento de apuração de Ato Infracional praticado por Adolescente Para o adulto é utilizada a ação penal para aplicar pena. Para o ECA utiliza-se a ação socioeducativa para aplicar medida socioeducativa. Página 2 de 3 A ação penal no processo penal pode ser pública, subdividida em incondicionada ou condicionada, pode ser ainda ação penal de iniciativa privada. No ECA a ação socioeducativa será sempre de iniciativa pública incondicionada (jamais terá iniciativa privada ou pública condicionada). Numa ação penal o MP oferece denúncia, na ação socioeducativa o MP oferece representação (no processo penal quem oferece representação é a vítima, no ECA é o MP). Para o adulto aplica-se a prisão em flagrante, para o ECA fala-se em apreensão em flagrante. O adulto é solto, o adolescente é liberado. O procedimento de apuração é dividido em três fases: 1) Policial - artigos 171 a 178: a) adolescente solto: o delegado elabora um relatório de investigação, anexa documentos e encaminha ao MP. Artigo 177. b) adolescente apreendido em flagrante: o delegado lavra o auto de apreensão em flagrante, artigo 173, I, ECA. Alternativamente o delegado pode lavrar um simples boletim de ocorrência circunstanciado se o ato foi praticado sem violência ou grave ameaça (artigo 173, parágrafo único). O delegado então tem que decidir se libera ou não o adolescente depois de formalizar o flagrante (artigo 174): Liberação: é a regra, sempre que possível o delegado deve liberar o adolescente, desde que os pais ou responsável compareça, mediante termo de compromisso e responsabilidade de apresentação ao MP, a apresentação ao MP será no mesmo dia ou no próximo dia útil; Não-liberação: - se os pais não comparecem o adolescente continua apreendido; - o delegado pode manter o adolescente apreendido quando a gravidade do ato praticado ou sua repercussão social indicar necessária a manutenção da apreensão para garantia da ordem pública (similar à prisão preventiva do adulto). Exemplo: latrocínio na frente de um banco, ainda que compareçam os pais, o adolescente permanece apreendido. - A não liberação pode ocorrer quando a gravidade do ato praticado recomendar a manutenção da apreensão do adolescente como forma de garantia da ordem pública. Artigo 175, “caput” – se o adolescente se manter apreendido, ele será encaminhado ao MP imediatamente. Se não for possível encaminhamento imediato ao MP, o adolescente será encaminhado para uma entidade de atendimento socioeducativo (Fundação Casa) e a entidade apresenta o adolescente ao MP em no máximo 24 horas. Na ausência de Fundação Casa o adolescente permanece na delegacia (última opção), em no máximo 24 horas, e o delegado apresenta o adolescente ao MP. A permanência na delegacia deve ser em dependência separada dos adultos, na mesma cela que os adultos jamais, se não houver cela separada o adolescente fica na sala do delegado, mas jamais na cela dos adultos. O artigo 178 estabelece a proibição de transportar adolescentes em compartimento fechado de veículo policial, deve ser transportado no banco de trás da viatura, jamais no porta-malas, sob pena de cometimento de crime do artigo 232 do ECA (submeter o adolescente a situação vexatória). Página 3 de 3 2) Ministerial - artigos 179 a 182 – o MP deve fazer a oitiva informal do adolescente junto com os pais ou responsável, nada será documentado, será um “bate-papo” para o MP formar sua convicção. Após a oitiva informal o MP pode (artigo 180): a) oferecer representação (propor ação socioeducativa), podendo arrolar testemunhas (igual a denúncia do processo penal para os adultos). A representação pode ser tanto na forma escrita (por petição) quanto na forma oral nas sessões diárias designadas pelo juiz da infância e juventude para oferecer representação – artigo 182, §1º; b) conceder remissão antes do processo como alternativa para não propor ação (artigo 126, “caput”), mediante homologação do juiz; c) promover o arquivamento, tal decisão deve ser submetida à homologação do juiz. O juiz pode homologar (fim da fase judicial, artigo 181, “caput” e §1º) ou pode discordar e mandar para o Procurador Geral da Justiça que irá rever a decisão do MP (artigo 181, §2º). O Procurador pode oferecer representação (ou designar outro membro que faça) ou pode ratificar o arquivamento promovido, nesse caso, o juiz deverá arquivar. 3) Judicial - artigos 183 a 190 – aqui haverá uma ação socioeducativa contra o adolescente, só chega nessa fase se o MP oferecer representação. Oferecida a representação o juiz pode: a) receber a representação e decidir se decreta ou não a internação provisória como medida cautelar (artigo 184, “caput”). O juiz manda citar para comparecimento da audiência de apresentação. A forma da citação sempre será por mandado e pessoal (não é prevista a citação por edital no ECA). Haverá uma citação dupla (o juiz manda citar ao mesmo tempo o adolescente e os pais ou responsável, ambos pessoalmente). Consequências da não localização para citação pessoal: Se não forem localizados para citação pessoal não cabe citação por edital, o juiz deve suspender o processo e expedir contra o adolescente mandado de busca e apreensão (no ECA não se fala em prisão) (artigo 184, §3º). Se não forem localizados os pais o juiz nomeia curador especial no lugar dos pais (artigo 184, §2º). b) rejeitar a representação
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