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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Legislação Penal Especial Professor: Paulo Henrique Fuller Aula: 03 | Data: 07/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 1. Colaboração premiada 2. Procedimento da Colaboração ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 1. Colaboração premiada Artigo 3º, I, lei 12.850/13. Colaboração é gênero dentro do qual pode surgir a chamada delação premiada. Na delação o indivíduo colabora com a identificação de coautores ou partícipes. O indivíduo pode colaborar de outras formas - exemplo: recuperando ativos (indicando em que banco está o dinheiro), a recuperação de ativos é a chamada colaboração preventiva e nesse caso não há delação. 1) Pentitismo: expressão que surgiu na década de 80, na Itália com a máfia italiana, essa expressão quer dizer “arrependimento”, quem se arrepende realiza o pentitismo e no Brasil é sinônimo de colaboração premiada. 2) Artigo 4º, “caput” - resultados que devem decorrer da colaboração: a colaboração para ser premiada deve alcançar um ou mais dos seguintes resultados (alternativos) (quanto mais resultado alcançar, mais prêmio o sujeito merecerá): I) identificação de coautores ou partícipes (de envolvidos na organização criminosa): trata-se de delação; II) revelar a estrutura da organização e a divisão de tarefas internas: geralmente o faz mediante delação, afinal o indivíduo aponta quem faz o que; III) colaboração preventiva: evita a prática de crimes que seriam praticados pela organização criminosa (exemplo: indicou onde está a bomba há tempo de desarma-la), aqui não implica em delação, afinal o indivíduo não indicou ninguém; IV) recuperação total ou parcial de produto ou de proveitos de infrações praticadas pela organização criminosa: é a chamada recuperação de ativos e sem os ativos a organização criminosa não consegue agir; V) localização de vítima com a integridade física preservada: aqui também não há a delação, afinal não indica os acusados, apenas salva a vítima. 3) Prêmios: Página 2 de 3 Colaboração antes da sentence Colaboração depois da sentença Artigo 4º, “caput” São prêmios: a) perdão judicial: causa de extinção da punibilidade, não gera decisão condenatória (artigo 107, IX, CP), tem natureza jurídica de sentença meramente declaratória da extinção da punibilidade – súmula 18 do STJ; b) redução de pena de até 2/3: trata-se de sentença condenatória; c) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: quando não presentes as condições do artigo 44 do CP, é uma substituição que dispensa os requisites legais do artigo 44 do CP (cabe substituição por pena restritiva de direitos na regra geral do artigo 44 em caso de pena aplicada de até 4 anos e o crime não pode envolver violência nem grave ameaça contra pessoa), único caso de exceção ao artigo 44 do CP, na lei de organização criminosa há a possibilidade de aplicação de substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos para crimes com pena maior que 4 anos. Trata-se de sentença condenatória. Artigo 4º, §5º São prêmios: a) redução de pena até a metade; b) juiz da execução conceder a progressão de regime, dispensando requisito objetivo – o juiz jamais dispensa o requisito subjetivo (que se refere ao comportamento do acusado) (requisito objetivo dispensado: para a progressão de regime dispensa a fração de cumprimento de pena: em crimes em geral de 1/6 da pena (artigo 112, “caput”, da LEP; se for hediondo ou equiprado 2/5 se primário ou 3/5 se reincidente (artigo 2º, §2º lei 8.072/90). Aqui é possível a progressão por salto (pode o sujeito ser premiado e ir do regime fechado direto para o regime aberto). 4) “Super prêmio”: Artigo 4º, §4º, lei 12.850/13 (atenção não colocar essa expressão na prova, é apenas para entendimento). Consiste na possibilidade do MP deixar de oferecer denúncia contra o colaborador, na prática isso resulta no arquivamento dos autos a favor do colaborador e nem processado o denunciador será, aqui ele colabora nas investigações, nem há processo ainda. A lei exige dois requisitos adicionais para esse prêmio, além dos requisitos do artigo 4º, “caput”: a) o colaborador não pode ser líder da organização (se for líder só terá acesso aos outros prêmios); b) ser o primeiro a prestar a efetiva colaboração. A possibilidade de o MP requerer o arquivamento em relação ao colaborador significa exceção a princípio da obrigatoriedade (legalidade) da propositura da ação pública. Obs: a possibilidade de transação penal no JECRIM representa uma mitigação ou abrandamento do princípio da obrigatoriedade (artigo 76 da lei 9099/95), pois nela o não oferecimento de denúncia decorre da aplicação consensual de penas alternativas. Página 3 de 3 Meio para viabilizar o prêmio do arquivamento – o artigo 4º, §3º permite que o MP peça ao juiz a suspensão: § 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. - do prazo para o oferecimento da denúncia ou processo para que não se configure inércia do MP, a suspensão pode se dar por até 6 meses e pode ser prorrogado esse prazo por igual período, a suspensão também ocorre para a prescrição penal. Obs: Integrou organização criminosa: comete crime do artigo 2º, “caput” da lei 12.850/13, pena de reclusão de 3 a 8 anos e multa, sem prejuízo das penas aplicadas quanto aos crimes praticados (exemplo: organização criminosa + extorsão mediante sequestro). Os prêmios se aplicam para quais crimes? Abrange os outros crimes (crime organizado por extensão – crimes praticados por meio da organização criminosa)? O prêmio incide sobre o crime do artigo 2º (para o crime de associação). Há duas posições quanto à extensão par os outros crimes: 1ª posição: os prêmios só incidem sobre o crime de organização criminosa propriamente dito (artigo 2º, “caput” e §1º da lei 12.850/13) – Eugênio Pachielli; 2ª posição: os prêmios podem alcançar inclusive as infrações praticadas pela ou por meio da organização criminosa, pois somente assim “compensaria” ser prestada a colaboração premiada – Cezar Bittencourt e Paulo Busato. 2. Procedimento da Colaboração A colaboração pode ser feita de duas maneiras: a) direta: artigo 4º, “caput”, o juiz aplica o prêmio diretamente na sentença à medida de sua escolha (O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal); b) mediante acordo prévio: resultou no Brasil a Justiça Penal Negociada – negociação de acordo entre (artigo 4º, §6º) delegado de polícia (se durante a investigação) ou MP (em qualquer momento) e o acusado ou investigado e seu defensor. Ao juiz cabe apenas verificar a eficácia do acordo. § 6o O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
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