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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Penal Parte Geral Professor: André Estefam Aula: 02 | Data: 05/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO TEORIA GERAL DA PENA 1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS . Princípio da Legalidade - Subprincípio da reserva legal - Subprincípio da anterioridade - Subprincípio da taxatividade - Princípio da culpabilidade . Penas proibidas 2.PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE - PPL . Regime inicial de cumprimento da pena TEORIA GERAL DA PENA 1. Princípios constitucionais . Princípio da legalidade Desdobramentos do princípio da Legalidade. - Subprincípio da reserva legal (“lege scripta”) É a exigência de lei em sentido formal. Costumes e analogia não podem criar ou agravar punições, ou seja, a analogia não pode ser usada “in malam partem” – para prejudicar o réu. Mas a analogia pode ser usada “in bonam partem” – para beneficiar o réu. A analogia “in malam partem”, que é vedada, não se confunde com a interpretação extensiva, que é permitida. Analogia “in malam partem” Interpretação extensiva Método de integração do ordenamento Método de interpretação do ordenamento Pressuposto é a lacuna na lei Pressuposto é que a lei disse menos do que pretendia “lex dixit minus quam vouit” Utiliza-se uma norma existente para regular caso semelhante É o alargamento do significado da norma jurídica Obs.: Interpretação analógica – ocorre quando o legislador utiliza uma formula geral ligada a hipóteses casuísticas que se autolimitam. Ex.: art. 121, §4º, inciso IV, o homicídio praticado mediante “traição, dissimulação, emboscada ou qualquer outro meio que dificulte ou impossibilite a defesa da vítima”, ou seja, a traição só causa qualificadora se resultar em uma dificuldade ou impossibilidade de defesa da vítima. Lei em sentido formal significa que somente podem tipificar condutas as leis ordinárias ou leis complementares, quando editada pela União. As outras espécies legais podem regular matéria penal, mas não podem tipificar condutas, salvo a Medida Provisória (art. 62, §1º, inciso I, “b” da CF). Página 2 de 4 Obs.: Cuidado o artigo 32 do Estatuto do Desarmamento traz uma causa extintiva de punibilidade (entrega espontânea do armamento) que foi incluído por meio de Medida Provisória 417/2008. - Subprincípio da anterioridade (“lege praevia”) A anterioridade se dá sem prejuízo da retroatividade benéfica da lei penal (art. 5º, XL, CF). - Subprincípio da taxatividade (“lege certa”) A lei deve ser dotada de conteúdo determinado. Os tipos penais que não permitem identificar a conduta em que se encaixam são chamados de “Tipo vagos”, e são vedados pelo ordenamento. Não confundir com o “Crime Vago”, aquele cujo sujeito passivo é um ente sem personalidade jurídica (Ex.: Crimes contra a família). - Princípio da culpabilidade Não há pena sem culpabilidade – “nulla poena sine culpa”. O fundamento implícito é o art. 5º, LVII da Constituição Federal. “versão original da culpabilidade” A ideia de culpabilidade foi concebida como “dolo ou culpa”, era a vedação da responsabilidade penal objetiva. “versão atual de culpabilidade” Segundo a legislação brasileira a culpabilidade se dá com a constatação de três elementos (IMPOEX): o Imputabilidade o Potencial consciência da ilicitude o Exigibilidade de conduta diversa Princípios Específicos das Penas Criminais: . Princípio da individualidade da pena ou intranscendência (art. 5º, XLV, CF) A pena não passará da pessoa do condenado. Conduto a obrigação de reparar os danos (art. 91, I, CP) e o perdimento de bens (art. 91, II, CP) podem ser cobrados em face dos sucessores – Mas não são exceções, pois são efeitos civis da condenação. . Princípio da individualização (art. 5º, LVI, CF) Individualizar é analisar detalhadamente os fatos em todos os seus aspectos. A individualização da pena deve ser observada no momento da: 1º. Elaboração da Lei O legislador não pode estabelecer um crime com pena única, sem preceito secundário máximo e mínimo. Página 3 de 4 2º. Prolação da sentença O juiz deve analisar as circunstâncias dos art. 59 a 68 do Código Penal que trata do sistema de dosimetria da pena. 3º. Execução Penal O cumprimento da pena também deve ser individualizado. Ex.: Aquele que demonstra um bom comportamento pode ter benefícios no cumprimento da pena. HC 82.959 Declarou a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, que constava na Lei dos crimes hediondos. Resultou na edição da Súmula Vinculante n.º 26. “Súmula Vinculante nº. 26 – Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.” HC 97.256 Declarou a inconstitucionalidade da proibição de substituição de prisão (PPL) por pena restritiva de direito (PRD) para o tráfico de drogas. O Senado Federal conferiu eficácia “erga omines” por meio da Resolução 5/12. “Res. 5/12, SF, art. 1º – É suspensa a execução da expressão "vedada a conversão em penas restritivas de direitos" do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS.” HC 111.840 Declarou a inconstitucionalidade da obrigatoriedade do regime inicialmente fechado nos casos de crimes hediondos. Esse HC ainda está no seu efeito “inter partes”. . Penas proibidas (art. 5º, XLVII) A Constituição Federal veda: a) Pena de morte No Brasil o Código Penal Militar, parte especial, crimes militares em tempo de guerra, determina a pena de morte por fuzilamento em algumas hipóteses. A pena de morte, para crimes praticados em tempos de paz, existiu no Brasil até a edição do Código Penal da República de 1890. Página 4 de 4 b) Penas de caráter perpetuo Vedada qualquer pena criminal de caráter perpétuo, não somente prisão. Essa é a razão do art. 75, CP que define o prazo máximo de 30 anos para o cumprimento da pena. Mas é possível o recolhimento por prazo superior a 30 anos em razão de superveniência de condenação por fato praticado durante o cumprimento da pena. c) Trabalhos forçados Para se configurar o trabalho forçado, este deve ser compulsório, imposto ao agente. A principal característica é que se o sujeito não realiza a atividade determinada sua pena não é computada. A Lei da Execução Penal reconhece que o trabalho é um dever do preso e um fator de ressocialização, sendo que aquele que não trabalhar injustificadamente comete “falta grave” e perde uma serie de benefícios (Ex.: Remissão). Esse dispositivo da LEP não é inconstitucional, pois a “falta grave” não agrava a pena do condenado, pois a pena de privação da liberdade continua a ser cumprida nos termos da condenação. d) Banimento É a expulsão no nacional. 2.PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE - PPL (art. 33/34 do CP) São espécies de penas privativas de liberdade: Reclusão Detenção o Prisão simples (Lei das contravenções penais) As diferenças entre Reclusão e Detenção estão presentes nos artigos 33, 76, 92, inciso II e 96/97 todos do Código Penal. E a interceptação telefônica que só pode ser usada para investigar fatos punidos com reclusão. . Regime inicial de cumprimento da penaAs penas de reclusão e detenção podem ser cumpridas em 3 regimes penitenciários diferenciados, sendo eles: Regime fechado, regime semiaberto e regime aberto. Fechado Semiaberto Aberto Cumprida em estabelecimento de segurança máxima ou média Colônia penal ou estabelecimento similar Casa do albergado1 ou estabelecimento similar Trabalho do preso segue as normas da LEP Aplica-se a CLT (1) Na casa do albergado o trabalho é requisito para sua concessão. Mas quando não há vagas em casa do albergado o juiz determina o “regime albergue domiciliar”. Próxima aula O trabalho do preso da direito a Remissão em todos os regimes?
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