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DIREITO PENAL II - PARTE GERAL - TEORIA DA PENA

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Curso de Direito Penal II
Parte Geral
 
ORIENTAÇÕES DE ESTUDO:
Prezado (a) aluno (a),
Este plano de estudos tem o objetivo de auxiliá-lo na organização e
gestão dos estudos, sugerindo uma trilha de aprendizagem com metas
diárias e um cronograma a ser seguido, que irá aprimorar a seu
desempenho afim de alcançar seus objetivos. O planejamento possui a
seguinte estrutura:
➢ Bibliografia básica: indicações de livros que abordam os
principais temas que compõe o Plano de estudo, separados por disciplina;
➢ Plano de leitura: correspondem a um ou mais tópicos do curso,
divididos em metas, com sugestão de leitura baseada(s) nesse(s) tópicos(s);
➢ aulas: conteúdo
➢ Exercícios: Questões de fixação do conteúdo estudado na
indicação de leitura
➢Revisão(resumo):
Destacar os pontos essenciais que foram grifados no material de
leitura que foi estudado e o que foi passado na aula. Pode ser feito de forma
textual, desenhos, mapas mentais, esquemas etc.
 
AVALIAÇÃO
 
A avaliação divide-se em duas provas. Espera-se que o aluno possa
resolver problemas e propor soluções para situações concretas derivadas da
parte geral do direito penal. Eventualmente, poderão ser realizadas
avaliações que afiram outras habilidades e competências que não envolvam
a escrita, como capacidade argumentativa verbal.
 
 
 
 
CONTEÚDO AULAS EXERCÍCIOS REVISÃO 
Das Penas 
Da Suspensão Condicional da Pena. Do
Livramento Condicional. 
 
 
 
Dos Efeitos da Condenação. Medidas de
Segurança. Reabilitação. Reincidência
 
Do Concurso de Crimes 
Causas Extintivas da Punibilidade 
Prescrição 
DISCIPLINA: DIREITO PENAL (Parte Geral) MET
 
 
META 1 – Das Penas
 
➢ Finalidades da pena;
➢ Aplicação da pena – fases;
➢ Regimes de pena – fechado, semiaberto e aberto;
➢ Penas restritivas de direitos;
➢ Pena de multa.
 
Leis e artigos importantes:
Art. 32- 48 CP
 
META 2 - Da Suspensão Condicional da Pena. Do Livramento
Condicional.
 
➢ Suspensão condicional da pena – requisitos;
➢ Livramento condicional – requisitos.
 
Leis e artigos importantes:
Artigo 77 – 99 CP
 
META 3 - Dos Efeitos da Condenação. Medidas de Segurança.
Reabilitação. Reincidência
 
➢ Efeitos extrapenais genéricos;
➢ Efeitos extrapenais específicos;
➢ Conceito de medida de segurança;
➢ Espécies de medida de segurança;
➢ Conversão da pena em medida de segurança;
➢ Reabilitação;
➢ Reincidência.
 
Leis e artigos importantes:
Artigo 77 – 99 CP
 
META 4– Do Concurso de Crimes
 
➢ Conceito;
➢ Concurso material;
➢ Concurso formal;
➢ Crime continuado.
 
Leis e artigos importantes:
Artigo 69 a 72 CP
 
META 5– Causas Extintivas da Punibilidade
 
➢ Causas extintivas da punibilidade – hipóteses;
➢ Anistia, graça e indulto;
➢ Perdão do ofendido e aceitação;
➢ Perdão judicial.
 
Leis e artigos importantes:
ART. 109 DO CP
ART. 117 DO CP
SÚMULA 146 DO STF
LEI 12.234/2010
SÚMULA 438 DO STJ
 
Leis e artigos importantes:
 
Artigos 2º, 103, 107, 120, 121, §5º, 129, §8º, 140, §1º, 143, 176,
parágrafo único, 180, §5º, 242, parágrafo único, 249, §2º e 342, §2º,
do Decreto-Lei no 2.848/1940 (CP);
Artigos 38, 60 e 62, do Decreto-Lei no 3.689/1941 (CPP);
Artigos 5º, inciso XLIII, 48, inciso VIII e 84, inciso XII, da
CF/1988;
Artigo 2º, inciso I, da Lei no 8.072/1990;
Artigo 66, incisos I e II, da Lei no 7.210/1984 (LEP);
Artigo 38, §2º, do Decreto-Lei no 3.688/1941;
Artigo 29, §2º, da Lei no 9.605/1998;
 
META 6– Prescrição
 
➢Conceito;
➢Natureza jurídica;
➢Espécies;
➢ Prescrição da pretensão punitiva;
➢Prescrição superveniente;
➢Prescrição retroativa;
➢ Prescrição da pretensão executória;
 
Leis e artigos importantes:
 
Artigos 59, 61, 62, 65, 66, 68 e 109 a 119, do Decreto-Lei no
2.848/1940 (CP);
Artigo 53, §§4o e 5o, da CF/1988;
Artigo 89, §6o, da Lei no 9.099/1995;
Artigos 366 e 368, do Decreto-Lei no 3.689/1941 (CPP);
Artigo 9o, caput, da Lei no 10.684/2003;
Artigo 1o, da Lei no 8.137/1990;
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DAS PENAS
 
A pena é uma consequência da infração penal. Ela
consiste em uma espécie de sanção penal, que tem como característica
a privação de determinados bens jurídicos. O pressuposto da pena é a
culpabilidade do agente.
São espécies de sanção penal a PENA e as MEDIDAS
DE SEGURANÇA, que são aplicadas aos inimputáveis ou aos semi-
imputáveis, como consequência da imposição de uma sentença
absolutória imprópria.
Frisa-se que a pena possui como pressuposto a
CULPABILIDADE do agente, enquanto as medidas de segurança
possuem como pressuposto a PERICULOSIDADE do agente.
Obs.: Jamais rotular transação penal como pena. A
Transação Penal é medida despenalizadora prevista na Lei no
9.099/95.
O descumprimento da transação penal não gera titulo
executivo, obrigando o Ministério Público a oferecer a denúncia (ou
sendo privada, o ofendido oferecer a queixa-crime), para somente
após o devido processo legal, ser gerado um título executivo –
sentença.
 
Súmula Vinculante 35 – A homologação da transação penal
prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial.
 
FINALIDADES DA PENA ​
 
A finalidade da pena varia de acordo com a teoria
adotada pelo operador do direito ou pelo próprio ordenamento
jurídico.
Teorias absolutas (retributivas): a pena é uma forma de
RETRIBUIÇÃO pela prática de um delito. O autor de um crime
recebe uma pena para retribuir o seu crime. Assim, não há fim
socialmente útil para a pena, que tão somente funciona como um
castigo para o criminoso.
Teorias preventivas: a finalidade da pena, como o
nome já diz, é a PREVENÇÃO do delito. Ela se divide em prevenção
nome já diz, é a PREVENÇÃO do delito. Ela se divide em prevenção
positiva e prevenção negativa.
Prevenção geral: a finalidade da pena é INTIMIDAR
A SOCIEDADE e não o criminoso, sendo que, esta, ao ver a
possibilidade de aplicação da pena, não cometeria crimes.
Prevenção geral negativa: a pena seria uma ameaça,
prevista em lei, dirigida aos cidadãos, para que estes, COAGIDOS
PSICOLOGICAMENTE, não cometam delitos.
Prevenção geral positiva: Welzel sustentava que a lei
penal traz valores éticos-sociais, conscientizando a população da
necessidade de se respeitar as leis, promovendo uma integração social.
Seria a VERSÃO ETICIZANTE da prevenção geral positiva.
Jakobs, por sua vez, defende que a pena seria uma
maneira de manter a confiança da população na efetividade e vigência
da norma, visando a estabilização do sistema. Seria a VERSÃO
SISTÊMICA da prevenção geral positiva.
Prevenção especial: visa a RESSOCIALIZAÇÃO e a
REEDUCAÇÃO do autor do crime.
Prevenção especial positiva: a pena tem o objetivo de
RESSOCIALIZAR o criminoso;
Prevenção especial negativa: busca levar o autor do
crime ao CÁRCERE, quando não houver outros meios menos lesivos
para a sua ressocialização.
Teorias unificadoras, ecléticas ou mistas: unem ambas
as teorias anteriormente estudadas. Essa foi a teoria adotada pelo
Código Penal, no artigo 59, verbis:
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
 
De acordo com o STF, a pena no Brasil é
POLIFUNCIONAL (Ministro Ayres Brito), isso significa que no
momento da cominação da pena, tem finalidade X, por outro lado, na
aplicação da pena, tem finalidade Y, e por fim, na execução da pena,
tem finalidade diversa.
a) Cominação legal abstrata: é realizada pelo Poder
Legislativo e prevalece a PREVENÇÃO GERAL;
b) Aplicação da pena: é realizada pelo Poder Judiciário
(magistrado que julgou o processo), prevalece a JUSTIÇA DA
RETRIBUIÇÃO;
c) Execução da pena: é realizada pelo Poder Judiciário
(magistrado da Vara de Execuções Penais), prevalece a PREVENÇÃO
ESPECIAL,em seu aspecto RESSOCIALIZADOR.
PREVENÇÃO
Geral: atua antes do crime. Especial: atua após o crime.
Visa a sociedade Visa o delinquente
 
Positiva: a pena demonstra a
vigência da lei.
 
Positiva: ressocialização. Reintroduzir
o indivíduo a sociedade.
 
Negativa: coação psicológica
direcionada a coletividade.
A pena como fator de
intimidação para que os
membros da sociedade não
pratique o crime que está
sendo proibido.
 
 
Negativa: inibir a reincidência.
 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS QUE INCIDEM NA
APLICAÇÃO DAS PENAS
​
a) Princípios da legalidade e da anterioridade da lei:
 
Art. 5º, XXXIX, CF – “não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal”
 
Art. 1º, CP – “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal.”
 
b) Princípio da aplicação da lei mais favorável
(irretroatividade maléfica e retroatividade benéfica)
 
Art. 5º, XL, CF - a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu;
 
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
 
c) Princípio da individualização da pena: nos termos do art.
5o, XLVI, da CF/88, a lei regulará a individualização da
pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos; 317
 
A individualização da pena, conforme ensinamento do
A individualização da pena, conforme ensinamento do
professor Rogério Sanches, deve ser observada em três momentos:
 
1. Fase legislativa: na definição do crime e na
cominação da pena.
2. Fase judicial: na imposição da pena.
3. Fase de execução: art. 5o da Lei de Execução Penal
 
d) Princípio da humanidade das penas: nenhuma pena poderá
atentar contra a dignidade da pessoa humana, sob pena de
flagrante inconstitucionalidade e violação dos direitos
humanos; 
e) Princípio da intranscendência das penas
 
Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido;
 
f) Princípio da suficiência das penas: O juiz deverá
estabelecer o quantum necessário da pena para a
REPROVAÇÃO e a PREVENÇÃO do crime, não se
esquecendo da RESSOCIALIZAÇÃO do criminoso.
 
g) Princípio da proporcionalidade das penas:
 
É dividido em três subprincípios:
 
a) necessidade: a pena privativa de liberdade deverá
ser aplicada apenas quando outras espécies não se mostrarem
suficientes. Aplica-se de forma SUBSIDIÁRIA.
b) adequação: a pena deve ser adequada à infração
praticada, buscando os fins da prevenção e retribuição.
c) proporcionalidade em sentido estrito: os meios
utilizados para buscar a prevenção e a retribuição não devem
ultrapassar os limites. Quanto mais grave o delito, mais grave a pena,
e vice-versa.
 
h) Princípio da necessidade concreta da pena: o juiz deverá
analisar a NECESSIDADE CONCRETA da pena. Ressalta-
se que, em certas hipóteses, o próprio legislador reconhece a
DESNECESSIDADE de aplicação de pena, como no caso
do PERDÃO JUDICIAL.
 
i) Princípio da irrelevância penal do fato: relaciona-se com a
TEORIA DA PENA, atuando como CAUSA DE
TEORIA DA PENA, atuando como CAUSA DE
EXCLUSÃO DA PUNIÇÃO CONCRETA DO
FATO. Aqui, o autor deixa de ser punido diante do
ÍNFIMO DESVALOR DA CULPABILIDADE.
Obs: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: ele incide
na TEORIA DO DELITO, atuando como CAUSA DE EXCLUSÃO
DA TIPICIDADE MATERIAL DO FATO.
Neste caso, o autor deixa de ser punido diante do
ÍNFIMO DESVALOR DA CONDUTA OU DO RESULTADO,
afastando a ocorrência do próprio crime.
 
CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS: ​
 
Art. 5º, XLVI, CF - a lei regulará a individualização da pena e
adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
 
Nos termos do Código Penal:
 
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
 
Lembramos, ainda, que a Lei de Contravenções Penais
(DL nº 3688/41) elenca a possibilidade de aplicação das penas de
PRISÃO SIMPLES e MULTA. Com isso, a doutrina classifica as
penas em:
a) Penas corporais: atingem a integridade física do
acusado e são banidas, em regra em nosso ordenamento jurídico;
b) Penas privativas de liberdade
c) Penas restritivas de liberdade: restringem a
liberdade, mas não impõem o recolhimento ao cárcere;
d) Penas privativas e restritivas de direito
e) Penas pecuniárias.
 
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:
 
Noções Introdutórias
- Não há pena sem prévia cominação legal (princípio
da legalidade).
- Praticada a infração penal, nasce para o Estado o
poder-dever de aplicar a pena. Para tanto, exige-se o devido 328
processo legal.
processo legal.
- O processo se encerra com a sentença (ato judicial
que impõe ao condenado a pena individualizada)
Importante: o juiz deve individualizar a pena de acordo
com a gravidade do fato e condições pessoais do agente.
2. Fixação da Pena Privativa de Liberdade
No Ordenamento Jurídico brasileiro, a aplicação da
pena segue o critério trifásico, deve ser aplicada observando-se três
fases, descritas ao teor do art. 68 do Código Penal.
O Sistema trifásico é também denominado de sistema
Nelson Hungria, sendo um atributo ao seu idealizador.
 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do
art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas
de diminuição e de aumento.
​ ​ ​ ​ ​
TRIFÁSICO
1ª Fase – PENA
BASE
2ª Fase – PENA
INTERMEDIÁRIA
3ª Fase – PENA
DEFINITIVA
 
O Código Penal prevê, como penas privativas de
liberdade, a RECLUSÃO e a DETENÇÃO. Por sua vez, como já dito,
a Lei de Contravenções Penais elenca a PRISÃO SIMPLES como
espécie dessa pena.
 
Art. 33, CP - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime
fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime
semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
regime fechado a execução da pena em estabelecimento de
segurança máxima ou média;
regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar;
regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
Art. 6º, LCP - A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem
rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção
especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.
 
Regimes de cumprimento de pena: Estão previstos
no art. 33, § 1º do Código Penal:
 
a) regime fechado: a execução da pena se dará em
estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto: a execução da pena se dará em
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto: a execução da pena se dará em casa de
albergado ou estabelecimento adequado.
 
Regime inicial de cumprimento de pena: O regime
inicial de cumprimento de pena será fixado observando-se a
QUANTIDADE DE PENA, a REINCIDÊNCIA e as
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
 
O Código Penal, como regra geral, elenca que a
fixação do regime inicial de cumprimento de pena se dará:
 
1 - pena superior a 8 (oito) anos: o condenado deverá começar
a cumpri-la em regime fechado;
2- pena superior a 4 (quatro) anos e que não exceda a 8 (oito):
o condenado, se não for reincidente, poderá, desde o princípio,
cumpri-la em regime semiaberto;
3- pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos: o condenado, se
não for reincidente, poderá, desde o início, cumpri-la em
regime aberto
 
Devemos nos atentar ao estabelecido no artigo 33 do
Código Penal:
 
§ 2º - As penas privativasde liberdade deverão ser executadas
em forma progressiva, segundo o mérito do condenado;
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da
pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art.
59 deste Código.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública
terá a progressão de regime do cumprimento da pena
condicionada à reparação do dano que causou, ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
legais
 
Não podemos olvidar, ainda, das seguintes Súmulas
dos Tribunais Superiores:
 
Súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional
semiaberto aos
reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro
anos se favoráveis as circunstâncias judicias.
Súmula 440, STJ: fixada a pena-base no mínimo legal, é
vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do
que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas
na gravidade abstrata do delito.
Súmula 718, STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em
abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a
pena aplicada.
Súmula 719, STF: “A imposição do regime de cumprimento
mais severo do
que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”.
 
 
OBS: REGIME INICIAL FECHADO NA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL: A lei dos crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) traz em seu artigo 2º, § 1º, a
obrigatoriedade de o regime inicial no cumprimento de pena de
crime hediondo ser fechado. Não obstante, o STF já declarou o
referido artigo inconstitucional, INCIDENTALMENTE, no bojo
do HC 111.840.
Assim, a tendência é que todos os dispositivos de leis
que prevejam a obrigatoriedade de um regime inicial fechado sejam
declarados inconstitucionais, por VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA.
Não obstante, a Lei 9.455/97 (Lei de Tortura), no seu
artigo 1°, § 7º, também traz a previsão de que o regime inicial de
cumprimento de pena será o FECHADO.
 
Regras dos regimes:
 
a) Regime fechado
 
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação
para individualização da execução.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e
a isolamento durante o repouso noturno.
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento,
na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do
condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em
serviços ou obras públicas.
 
b) Regime semiaberto:
 
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao
condenado que inicie o cumprimento da pena em regime
semiaberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante
o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar.
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência
a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de
segundo grau ou superior.
 
c) regime aberto:
 
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso
de responsabilidade do condenado.
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem
vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra
atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o
período noturno e nos dias de folga.
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se
praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins
da execução ou se, podendo não pagar a multa
cumulativamente aplicada.
 
d) Regime especial das mulheres:
 
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento
próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua
condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste
Capítulo
 
Detração:
 
Consiste no ABATIMENTO, na pena privativa de
liberdade, do tempo cumprido de prisão provisória, no Brasil ou em
outro país, e do tempo de internação em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico.
 
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na
medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil
ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação
em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.
 
Aplicação das penas privativas de liberdade:
 
O Código Penal previu que o juiz deverá aplicar as
penas adotando o CRITÉRIO TRIFÁSICO DE NELSON HUNGRIA,
previsto no artigo 68, verbis:
 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do
art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas
de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a
um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
 
Assim, serão três fases a serem observadas na
aplicação da pena, quais sejam:
 
1ª fase: fixação da pena base, observando-se o artigo
59 do Código Penal.
2ª fase: aplicação das circunstâncias agravantes e
atenuantes. Ressalta- se que o rol das circunstâncias agravantes é
TAXATIVO e que predomina na doutrina e na jurisprudência o
entendimento de que as agravantes somente se aplicam nos
CRIMES DOLOSOS, com exceção da reincidência.
 
As agravantes gerais estão previstas no artigo 61 do CP:
 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime:=
I- a reincidência;
 
Reincidência (art. 63 e 64) – Verifica-se a
reincidência quando o agente comete novo crime depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior. Cuida-se, assim, da prática de novo
crime depois da condenação definitiva, no Brasil ou no exterior, pela
prática de crime anterior. E, a propósito, para a caracterização da
reincidência, a sentença estrangeira não precisa ser homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça, como se extrai do art. 9.º do Código
Penal. Basta a prova de que foi proferida judicialmente e transitou em
julgado
Estabelece o art. 7.º do Decreto-lei 3.688/1941 – Lei
das Contravenções Penais: Verifica-se a reincidência quando o agente
pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que
o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime,
ou no Brasil, por motivo de contravenção. A combinação desse
dispositivo com o art. 63 do Código Penal permite as seguintes
conclusões:
O art. 63 do CP não permite qualquer distinção em face
da pena imposta. Portanto, é irrelevante a espécie de pena aplicada:
privativa de liberdade, que pode ou não ter sido substituída por
restritiva de direitos, ou multa. Porém, medida de segurança não gera
reincidência, pois não é pena.
NATUREZA JURÍDICA: Trata-se de circunstância
agravante de natureza pessoal ou subjetiva.
PERÍODO DEPURADOR: Limita a aplicação da
reincidência a 5 anos, contados a partir do cumprimento ou extinção
da pena.
 
Art. 64: não prevalece a condenação anterior, se entre a data
do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior
tiver decorrido período superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional,
se não ocorrer revogação.
1 - se a pena foi cumprida: a contagem do quinquênio inicia-
se na data que o agente termina o cumprimento da pena,
mesmo unificada. O dispositivo se refere ao cumprimento de
penas, o que exclui as medidas de segurança;
2- se a pena foi extinta por qualquer causa: inicia-se o prazo a
partir da data em que a extinção da pena realmente ocorreu e
não da data da decretação da extinção;
3- se foi cumprido o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional: o termo inicial dessa contagem é a
data da audiência de advertência dos sursis ou do livramento.
Nessas situações, o prazo é contado do início do período de
prova e não da extinção ou cumprimento da pena, ou seja, se o
réu cumpre 4 anos de suspensão condicional da pena, ele
precisará somente de mais 1 ano após declarada extinta a
pena pela suspensão.
 
Cessado o período de punição pela reincidência, a
condenação anterior temefeitos para fins de constatação de maus
antecedentes. (STF & STJ HC 108564/SP)
A existência de condenação anterior, ocorrida em
prazo superior a cinco anos, contado da extinção da pena, poderá
ser considerada como maus antecedentes? Após o período
depurador, ainda será possível considerar a condenação como
maus antecedentes?
1ª corrente: SIM. Posição do STJ.
2ª corrente: NÃO. Posição do STF. STJ. 5ª Turma.
AgRg no HC 323.661/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 01/09/2015. STF. 2ª Turma. HC 126315/SP, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 15/9/2015 (Info 799).
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais
sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus
antecedentes para fins de dosimetria da pena. STF. Plenário. HC
94620/MS e HC 94680/SP, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgados em 24/6/2015 (Info
791).
Extinção de punibilidade: se ocorrer antes do trânsito
em julgado não gerará reincidência; agora, se ocorrer depois, 
sim, salvo for anistia ou abolitio criminis.
Perdão judicial: não gera reincidência, pois a
sentença tem natureza apenas declaratória. (art. 120, CP).
Um pouco adiante, porém, o art. 64, II, do Código
Penal abre espaço para duas exceções, ao estatuir que, para efeito de
reincidência, não se consideram os crimes militares próprios e os
políticos. Assim, somente podem ser praticados por quem preencha a
condição específica de militar. Despontam como exemplos a deserção,
o motim, a revolta e o desrespeito, entre outros.
É possível a aplicação do princípio da insignificância
para réus reincidentes ou que respondam a outros inquéritos ou ações
penais? NÃO. É a posição que atualmente prevalece, sendo adotada
pela 5ª Turma do STJ e pelo STF - HC 109705 e AgRg no AREsp
pela 5ª Turma do STJ e pelo STF - HC 109705 e AgRg no AREsp
487.623/ES.
(Súmula 241 STJ) A reincidência penal não pode ser
considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial desfavorável.
(SÚMULA 220 STJ): A reincidência não influi no
prazo da prescrição da pretensão punitiva
✔ As agravantes genéricas se aplicam aos crimes
culposos? A regra existente é a de que as agravantes genéricas não se
aplicam aos crimes culposos. Somente incidem quando o agente
pratica um delito doloso, salvo a agravante da reincidência, que
majora a pena do réu mesmo em caso de crimes culposos, posição
majoritária na doutrina e jurisprudência. STF. HC 120165, julgado em
11/02/2014.
✔ As agravantes genéricas se aplicam aos crimes
preterdolosos? SIM! Nos crimes preterdolosos, o tipo legal de crime é
o mesmo (lesão corporal dolosa), não se alterando o tipo
fundamental, apenas se lhe acrescentando um elemento de maior
punibilidade. STJ. REsp 1.254.749-SC, julgado em 6/5/2014.
 
II- ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou
outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do
ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo
comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
 
Cuidado com a agravante do crime contra ascendente,
descendente, cônjuge e irmão – CADI : O conceito de cônjuge é
considerado pela doutrina como em sentido lato, ou seja, abarcando a
figura da companheira, ainda que a relação seja de natureza
homoafetiva em respeito às diretrizes constitucionais. No entanto,
outra parte da doutrina aduz que em direito penal não cabe analogia
in malam partem, impendido que o companheiro tenha sua pena
agravada.
 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com
violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,
ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou
mulher grávida;
 
Agravante contra o GECI (gestante, enfermo, criança e
idoso) – O deficiente físico é abarcado pela expressão enfermo. A
idoso) – O deficiente físico é abarcado pela expressão enfermo. A
agravante criança é aplicada aos menores de 12 anos. Idoso é
considerado maior de 60 anos. O parentesco aqui pode ser civil ou
natural, contudo, não se aplica a agravante diante de crime contra
afins e diante de união estável, face à inadmissibilidade de
analogia in malam partem.
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da
autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou
qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
 
Por sua vez, o artigo 62 do CP traz as agravantes a
serem aplicadas no caso de concurso de pessoas:
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente
que:
I- promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a
atividade dos demais agentes;
II- coage ou induz outrem à execução material do crime;
III- instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à
sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou
qualidade pessoal;
IV- executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou
promessa de recompensa.
O rol das circunstâncias atenuantes está previsto no artigo 65
do CP:
 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I- ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
Obs: O agente tem que ter no máximo 20 anos, visto que o tipo
penal expõe a atenuante para os menores de 21 anos. A lei
fala em sentença e não em sentença irrecorrível.
II- o desconhecimento da lei;
Essa atenuante deve ser analisada à luz do homem médio, sob
um parâmetro cultural.
III- ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou
moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência,
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências,
ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
 
Este dispositivo diferencia-se do arrependimento
posterior porque pode ser aplicado a qualquer crime, mesmo com
violência ou grave ameaça e pode ser realizado após o recebimento da
denúncia, visto que no arrependimento posterior a ação do meliante
somente será eficaz quando promovida até o recebimento da denúncia
ou queixa.
 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a
influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a
autoria do crime;
 
É POSSÍVEL ATENUAR A PENA PELA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA DO PRESO EM FLAGRANTE?
 
STF: NÃO! A atenuante da confissão espontânea é
inaplicável às hipóteses em que o agente é preso em flagrante.
Precedentes: HC 101861/MS e HC 108148/MS.
STJ: SIM! “A prisão em flagrante, por si só, não
constitui fundamento suficiente para afastar a incidência da confissão
espontânea” (HC 95676,); e “Mesmo que o réu tenha sido preso em
flagrante e a confissão apenas corroborado com a verdade dos fatos, a
atenuante da confissão, por sua natureza objetiva, deve ser
reconhecida e aplicada na segunda fase da individualização da pena”
(AgRg no Ag 1141719).
Ademais, a confissão qualificada NÃO pode ensejar a
redução da pena pelo art. 65, III, d, do CP (HC 175.233/RS, julgado
em 25/06/2013).
e) cometido o crime sob a influência de multidão em
tumulto, se não o provocou.
O crime multitudinário somente se caracterizará como
atenuante quando o agente não provocou o tumulto.
Por fim, o agente estabelece, no artigo 66 do CP, a
possibilidade de o juiz aplicar as chamadas ATENUANTES
INOMINADAS, desde que de maneira fundamentada, demonstrando
que o rol das circunstâncias atenuantes é EXEMPLIFICATIVO.
Como exemplo, temos a teoria da coculpabilidade.
IMPORTANTE: O rol dos agravantes é um rol
taxativo e o rol dos atenuantes é um rol exemplificativo.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de
circunstância relevante,anterior ou posterior ao crime,
embora não prevista expressamente em lei.
 
No caso de concurso de agravantes e atenuantes,
aplica-se o previsto no artigo 67 do Código Penal: “No concurso de
agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do
agente e da reincidência.”
Caso o réu tenha confessado a prática do crime (o que
é uma atenuante), mas seja reincidente (o que configura uma
agravante), qual dessas circunstâncias irá prevalecer?
agravante), qual dessas circunstâncias irá prevalecer?
1ª) Posição do STJ: em regra, reincidência e confissão
se COMPENSAM. Exceção: se o réu for multirreincidente, prevalece
a reincidência.
2ª Posição do STF: a agravante da REINCIDÊNCIA
prevalece. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.424.247-DF, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 3/2/2015.
3ª fase: aplicação das causas de aumento e
diminuição.
As causas de aumento (majorantes) e de diminuição
estão previstas de maneira esparsa no Código de Processo Penal e nas
leis extravagantes.
 
MAJORANTES x QUALIFICADORAS:
 
MAJORANTES = O legislador estabelece um valor a
incidir sobre determinada pena.
EX.: Roubo Majorado, previsto no artigo 157, § 2º do
CP.
Qualificadoras = O Legislador comina diretamente
uma pena mais grave/ modificando a escala penal.
Ex.: Furto qualificado, previsto no artigo 155, § 4º do
CP
 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO:
 
São ​penas alternativas, ​estabelecidas
pelo ​legislador ​visando ​à DESCARCERIZAÇÃO do
apenado.
 
Estão previstas no artigo 43 do CP:
 
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I – prestação
pecuniária;
II – perda de bens e valores; III – (VETADO)
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas;
V – interdição temporária de direitos;
VI ​– limitação de fim de semana.
 
Autonomia e regras de substituição
 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
substituem as privativas de liberdade, quando:
I– aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro
anos e o crime não for cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o
crime for culposo;
II– o réu não for reincidente em crime doloso;
III– a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição
pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos;
se superior a um ano pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por
duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a
medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da
restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de
direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção
ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por
outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a
conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao
condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
 
Regras de conversão das penas restritivas de direitos:
 
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo
anterior, proceder-se- á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48.
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em
dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou
privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz,
não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360
(trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de
reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do
beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em
prestação de outra natureza.
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados
dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for
maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido
pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do
crime.
 
DA PENA DE MULTA:
 
A pena de multa consiste no pagamento ao FUNDO
PENITENCIÁRIO de certa quantia, sendo esta fixada na sentença e
calculada em dias- multa.
 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em
dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360
(trezentos e sessenta) dias-multa
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo
ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal
vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse
salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução,
pelos índices de correção monetária.
 
Pagamento da multa:
 
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois
de transitada em julgado a sentença. A requerimento do
condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir
que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto
no vencimento ou salário do condenado quando:
a) ​aplicada isoladamente;
b) ​aplicada cumulativamente com pena restritiva de
direitos;
c) ​concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos
indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
 
Conversão da Multa e revogação:
 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a
multa será considerada dívida de valor, aplicando-se lhes as
normas da legislação relativa à dívida ativam da Fazenda
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
§ 1º - e § 2º - REVOGADOS
 
Suspensão da execução da multa:
 
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se
sobrevém ao condenado doença mental
 
PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA:
 
Quanto à prescrição dessa modalidade de pena, é
necessário diferenciar a prescrição da pretensão
punitiva da prescrição da pretensão executória, ambas incidentes à
espécie punitiva.
Relativamente à prescrição da pretensão punitiva
Relativamente à prescrição da pretensão punitiva
(hipótese em que a sanção pecuniária ainda não transitou em julgado
para ambas as partes), é pacífica a aplicação do art. 114 do Código
Penal. Nesse caso, incidem as causas impeditivas e interruptivas
inseridas nos arts. 116, I e II, e 117, I a IV, do mesmo diploma. Dispõe
o art. 114 do CP:
 
Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I – em dois anos, quando a multa for a única cominada ou
aplicada;
II – no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena
privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
 
Por outro, tratando-se da prescrição da pretensão
executória (hipótese em que a sentença penal condenatória já transitou
em julgado para o Ministério Público ou para o querelante e também
para a defesa), há dois posicionamentos doutrinários e
jurisprudenciais sobre prazo prescricional:
Primeiro: É de cinco anos, já que a L. 9.268/1996,
alterando o art. 51 do Código Penal, estabeleceu que a pena de multa,
para fins de execução, fosse considerada dívida de valor.
Segundo: A pena de multa prescreve em dois anos se
for a única aplicada. Caso, porém, seja imposta conjuntamente com
pena privativa de liberdade, a prescrição ocorrerá no mesmo prazo
desta última, diante do que dispõe o art. 118 do Código Penal,
segundo o qual as penas mais leves prescrevem com as mais graves.
Cumpre ressaltar que, na hipótese da prescrição da
pretensãoexecutória, as causas suspensivas e interruptivas são as
estipuladas pela L. 6.830/1980, nos termos do art. 51 do CP.
 
 
 
PACOTE ANTICRIME
Redação ANTES
da Lei 13.964/19
(Pacote Anticrime)
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19
(Pacote Anticrime)
Art. 51 - Transitada em
julgado a sentença
condenatória, a multa
será considerada dívida
de valor, aplicando-se-
lhes as normas da
legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda
Pública, inclusive no que
concerne às causas
interruptivas e
Art. 51. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será executada perante
o juiz da execução penal e será considerada
dívida de valor aplicáveis as normas relativas
à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive
no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
 
interruptivas e
suspensivas da
prescrição.
 
 
 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA:
 
 A suspensão condicional da pena também é chamada
de sursis, que quer dizer suspensão, derivando de surseoir, que
significa suspender. É medida penal de natureza restritiva de liberdade
de cunho repressivo e preventivo.
Não é um benefício. Esse instituto foi criado com o
objetivo de reeducar o infrator de baixa periculosidade, que comete
delito de menor gravidade, suspendendo a execução da pena privativa
de liberdade de pequena duração.
Doutrinariamente são duas as espécies de sursis
(sistemas): o primeiro conhecido como probation system, onde há
suspensão de pronunciamento de sentença; adotada na Inglaterra e
Estados Unidos, denominado de sistema anglo-americano.
Nesse sistema, suspende-se o processo, não havendo
sentença condenatória, ou seja, preenchidos os requisitos pelo réu, o
juiz o declara responsável pela prática do fato, suspendendo o curso
da ação penal e marcando o período de prova, tendo que realizar sob
fiscalização do poder judiciário.
O segundo é o europeu continental, do sistema belga-
francês, consiste na condenação do réu sem que a pena seja executada
contra o mesmo que preenche certos requisitos legais e cumpre as
condições impostas pelo juiz.
O Brasil adotou, em 1924, para o Código Penal o
sistema belga-francês (europeu continental), onde o juiz condena o réu
estipulando a pena concreta porém não a executa, suspendendo-a por
determinado tempo, por ter o réu preenchido certos pressupostos, até
que o mesmo cumpra as condições imposta pelo juiz ou deixe de
cumprir a estas condições, neste caso, aplicando-lhe a pena já
estabelecida. A expressão "poderá ser suspensa", contida no caput do
artigo 77, não quer dizer que a concessão esta atrelada a vontade do
juiz de conceder ou não arbitrariamente, de forma que, preenchido os
requisitos legais pelo réu, e negando-o o juiz, pode ele até impetrar
habeas corpus, conforme tem decidido o Tribunal deste Estado²:
Suspensão condicional da pena (CP, art. 57 (atual art.
77) e CPP, art. 696) - Direito do réu, desde que satisfeito os requisitos
legais - Preenchimento, na espécie, pelo sentenciado, duas exigências
de lei - Pedido de "habeas corpus" deferido, concedendo-se o "sursis"
No tocante ao Juizado Especial de Pequenas Causas,
lei 9.099/95, sistema semelhante ao anglo-americano (probation
system) foi adotado, onde o Ministério Público irá propor suspensão
do processo, quando a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1
(um) ano e o acusado preencher os requisitos, objetivos e subjetivos,
constantes no artigo 89 da referida lei.
constantes no artigo 89 da referida lei.
As penas privativas de liberdade de curta duração
podem gerar efeitos diversos do desejado, ou seja, a recuperação do
pequeno infrator pode ficar comprometida devido a convivência,
ainda que mínima, com delinqüentes de alta periculosidade e sem
perspectivas de recuperação. O sursis, possui caráter preventivo, ou
seja, não permite o convívio desse pequeno infrator com marginais,
evitando que a cela do presidio se torne uma verdadeira sala de aula.
 
PRESSUPOSTOS:
 
Para a obtenção da suspensão condicional da pena o
condenado deve preencher os requisitos descritos no artigo 77 do
Código Penal, que são:
 
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não
superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4
(quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no
art. 44 deste Código.
§ 1.o - A condenação anterior a pena de multa não impede a
concessão do benefício.
§ 2.o - A execução da pena privativa de liberdade, não superior
a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos,
desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou
razões de saúde justifiquem a suspensão.
 
Objetivos correspondem a natureza e a quantidade da
pena. A suspensão, por primeiro, somente é aplicável à pena privativa
de liberdade, como deixa claro o Código Penal em seu art. 80. Depois,
cabível somente as condenações até dois ano, salvo a exceção prevista
no art. 77 § 2.o (sursis etário). Este dispositivo diz respeito à
possibilidade da pena privativa de liberdade ser suspensa até a
condenação por quatro anos, quando o condenado for maior de setenta
anos de idade, não esquecendo dos pressupostos enumerados no
caput, conforme a seguinte decisão:
Suspensão condicional da pena - " A permissão do
deferimento, segundo o art. 77, § 2.o, CP, ao condenado a pena de até
quatro anos, se maior de 70 anos, não dispensa, para a sua
concessão, que se verifique a concorrência dos demais pressupostos
do sursis, enumerados no caput do dispositivo" (STF - HC 70.998-2 -
Rel. Sepúlveda Pertence - DJU de 15.04.94, p. 8.048).
A ausência de um dos requisitos objetivos permite que
o juiz não conceda o benefício sem a necessidade de fundamentar a
não concessão, conforme o julgado adiante:
Sursis - Ausência de requisitos objetivos -
Sursis - Ausência de requisitos objetivos -
Desnecessidade de fundamentar sua não concessão em sentença -
Nulidade - Incorrência - "Faltando requisito objetivo sobre a
concessão do sursis, como o é a imposição de pena privativa de
liberdade superior a dois anos, não fica o juiz obrigado a se
pronunciar sobre a suspensão condicional da pena, incorrendo
nulidade na omissão de tal requisito na sentença (TACRIM-SP - HC
226918 - Rel. Paulo Franco)
A segunda categoria, requisitos subjetivos, diz respeito
à personalidade do agente e aos antecedentes judiciais. Haverá a
necessidade de o réu não ser reincidente em crime doloso (art. 77,
inciso I). Logo, segundo a jurisprudência, o reincidente em crime
culposo pode obter o sursis:
"Já não é mais condição do sursis ser primário o réu
(art. 57, I do CP de 1940). Após o advento da Lei 7.209/84 (art. 77, I
do CP) não importa registre aquele condenação anterior: desde que
não seja reincidente em crime doloso, é de lhe ser outorgado
benefício, preenchido os demais requisitos enumerados no inciso II do
art. 77 do CP" (TJSP - HC - Rel. Dínio Garcia - RT 607/300).
Na lei atual, a condenação anterior por contravenção é
irrelevante. Será analisada a culpabilidade, a vida pregressa, os
antecedentes familiares e sociais bem como os motivos e as
circunstâncias de forma que permita a concessão do sursis. E, por fim,
o último requisito de ordem pessoal diz respeito a possibilidade de
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos
(arts. 44 e77, inciso III do CP). De modo que, cabível a pena restritiva
de direitos, torna-se inconveniente a concessão do sursis.
 
ESPÉCIES E CONDIÇÕES:
 
A Lei 7.209/84 estabeleceu que:
 
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará
sujeito à observação e ao cumprimento das condições
estabelecidas pelo juiz.
§ 1.o - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar
serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de
fim de semana (art. 48).
§ 2.o - Se o condenado houver reparado o dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstânciasdo art. 59
deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes
condições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de freqüentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem
autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente,
para informar e justificar suas atividades.
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que
fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e
à situação pessoal do condenado.
 
Essa nova sistemática introduziu, portanto, duas
espécies de sursis: o sursis simples, que é mais severo que a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito,
com prestação de serviços a comunidade ou limitação de fim de
semana, acrescido ou não de condições estabelecidas pelo juiz, e o
sursis especial (§ 2.o do art. 78 do CP), que é mais benigno que a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
pois terá, o sentenciado, apenas que observar as condições
estabelecidas pelo referido artigo, que substituirão as condições
estabelecidas pelo § 1.o desse mesmo artigo (sursis simples), se
preenchidos os requisitos.
Quanto as condições, elas se dividem em: condições
legais, expressas no artigo 78, § 1.o e 81 do CP, e condições judiciais,
descritas no artigo 79 do CP, outras condições, não expressa no CP,
que poderão ser impostas pelo juiz.
No sursis simples, o juiz deverá determinar se o
condenado está sujeito a prestação de serviços a comunidade ou
limitação de fim de semana. Havendo omissão, cabe ao Ministério
Público ou ao querelante propor embargos de declaração da sentença
para que seu prolator a complemente. No sursis especial, haverá a
substituição pela primeira condição (§ 1.o, art. 78), pelas condições
descritas no § 2º do art. 78, como já dito antes. As limitações referidas
nesse dispositivo não são inconstitucionais, pois, como ensina
Mirabete, o sursis constitui uma verdadeira pena restritiva de direitos.
Diz o parágrafo segundo do art. 78 do CP que o
condenado terá que reparar o dano, antes da condenação, salvo
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 lhe forem
favoráveis, sendo-lhe aplicadas as condições expressas nas alíneas a, b
e c, se estes requisitos forem satisfeitos. Tendo em vista a
impossibilidade da reparação do dano, será inadmissível a sua
concessão.
"Sursis" Especial - Ausência de possível reparação do
dano - Concessão - Inadimissibilidade - "O sursis especial somente é
possível ante o preenchimento dos requisitos, a reparação do dano em
momento anterior à condenação em sendo possível e, que as
circunstâncias do art. 59 do CP lhe sejam inteiramente favoráveis,
assim inexistindo possível reparação, inadmissível a sua concessão"
(TACRIM-SP - AC - Rel. Barbosa de Almeida - RJDTACrim 16/162).”
 
REVOGAÇÃO:
 
O condenado deverá cumprir as condições impostas
sob pena de perder o benefício, vindo a cumprir integralmente a pena
que se encontrava suspensa. As causas que dão origem a revogação
podem ser obrigatória ou facultativa. As causas obrigatórias de
revogação são determinadas pela lei, quanto as causas facultativas,
revogação são determinadas pela lei, quanto as causas facultativas,
fica a critério do juiz. As primeiras são ditadas pelo art. 81 do CP:
 
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou
não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1.o do art. 78 deste Código.
 
No que se refere o primeiro inciso, não importa o
momento em que tenha sido cometido o crime, será revogado, mesmo
sendo condenado durante o gozo do sursis, por prática de crime
anterior ao crime que possibilitou a concessão do sursis. Lembrando
que somente será revogado se condenado irrecorrivelmente por prática
de crime doloso ou preterdoloso, como ensina o professor Damásio.
Tendo como base ainda, a obra do referido autor, vemos que se a
condenação por crime for proferida por sentença estrangeira, não será
revogado o sursis, pois o diploma legal não prevê a hipótese.
Tratando-se de norma que permite restrição ao direito
penal de liberdade do condenado, não pode ser empregada a analogia
nem a interpretação extensiva.
No segundo inciso, revoga-se quando, podendo pagar a
multa, o sentenciado não o faz por fraude. Antes da revogação, porém,
deverá ser feita a prévia notificação do condenado para o pagamento
da multa e tentada a execução judicial para sua cobrança (arts. 164 ss
da LEP).
A Lei de Execução Penal prevê mais um caso de
revogação obrigatória. Nos termos do art. 161, se, intimado
pessoalmente ou por edital com prazo de 20 dias, o réu não
comparecer à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e
será executada imediatamente a pena, salvo prova de justo
impedimento.
Revoga-se, também, o sursis, obrigatoriamente, se o
condenado deixar de cumprir as condições impostas pelo § 1.o do art.
78 do CP (prestação de serviço a comunidade ou limitação de final de
semana).
Quanto aos casos de revogação facultativa, diz o
parágrafo primeiro do artigo 78:
 
§ 1.o - A suspensão poderá ser revogada se o condenado
descumpre qualquer outra condição imposta ou é
irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de
direitos.
 
Cabe ao juiz analisar se é o caso de revogação ou de
prorrogação do período de prova até o máximo, se este não foi o
fixado (art. 81, § 3.o).
 
PRORROGAÇÃO:
 
Se o condenado vier a cometer infração, antes ou
durante o período de prova, e vier a ser processado no gozo do sursis,
prorroga-se o prazo da suspensão até o julgamento definitivo, ou seja,
até que transite em julgado a sentença em relação ao segundo crime,
como dita o parágrafo segundo do artigo 81:
EXTINÇÃO DA PENA:
 
Terminado o prazo estipulado pelo juiz para o
cumprimento das condições impostas pelo mesmo sem que haja
revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade na data
do término do período de prova, como dita o artigo 82:
Trata-se de sentença declaratória de extinção parcial da
punibilidade, não de natureza constitutiva.
 
 
CONCURSO DE CRIMES:
 
Dá-se o concurso de crimes quando o agente, com uma
ou várias condutas (ação ou omissão), realiza pluralidade de crimes.
Pode ocorrer o concurso entre infrações penais de qualquer espécie,
por exemplo, concurso entre crime comissivo e crime omissivo,
concurso entre doloso e crime culposo, concurso entre crime tentado e
crime consumado, concurso de crime simples ou crime qualificado, é
possível ainda, o concurso entre crime e contravenção.
 
Espécies de concurso de crimes no CP:
 
1. Concurso Material (art. 69, do Código Penal)
2. Concurso Formal (art. 70, do Código Penal)
3. Crime Continuando (art. 71, do Código Penal)
 
Concurso Material (Art. 69 do CP)
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, prática dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade
em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
O concurso material é também denominado de
concurso real de crimes, encontra previsão legal ao teor do art. 69 do
Código Penal.
Ocorre quando o agente, através de mais de uma
conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, ainda que
conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, ainda que
idênticos ou não. Exemplo: Agente A, armado com um revólver, mata
B e depois rouba C. Neste exemplo, há duas condutas e dois crimes
diferentes (homicídio e roubo), a este resultado com crimes diferentes
atribui-se o termo Concurso Material Heterogêneo, já para crimes
idênticos, o termo é Concurso Material Homogêneo.
No Concurso Material, o agente deve ser punido pela
soma das penas privativas de liberdade. É imprescindívelque o juiz,
ao somar as penas, individualize cada pena antes da soma. Exemplo:
Três tentativas de homicídio em Concurso Material. Neste caso, o
magistrado deve, primeiramente, aplicar a pena para cada uma das
tentativas e, no final, efetuar a adição. Somar as penas antes da
individualização viola, claramente, o princípio da individualização da
pena, fato que pode anular a sentença.Na hipótese da sentença
cumular pena de reclusão e detenção, a de reclusão deverá ser
cumprida primeira.
Concurso Formal (Art. 70 do CP): Ocorre quando o
agente mediante uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais
crimes, ainda que idênticos ou não. Exemplo: Agente A, com a
intenção de tirar a vida da Agente B, grávida de 8 meses, desfere
várias facadas em sua nuca, B e o bebê morrem. Aplica-se a pena
mais grave, aumentada de 1/6 até 1/2, e somente uma das penas, se
iguais, aumentada de 1/6 até 1/2. Aplicam-se as penas,
cumulativamente, se a ação ou omissão for dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos.
I. Concurso formal homogêneo: dois ou mais crimes
idênticos. Exemplo: Avançar o sinal vermelho e matar duas pessoas.
Dois Homicídios Culposos.
II. Concurso formal heterogêneo: dois ou mais crimes
diversos. Exemplo: Avançar o sinal vermelho e matar uma pessoa e
ferir outra. Homicídio e Lesão Corporal.
III. Concurso formal perfeito: o agente não possuía o
intuito de praticar os crimes de forma autônoma (culpa). Exemplo 1:
Agente A atira em B para matá-lo, a bala atravessa e atinge C. Dolo +
Culpa.
Exemplo 2: Motorista que dirige de forma imprudente
a acaba matando três pessoas. Culpa + Culpa.
IV. Concurso formal imperfeito: o agente possuía o
intuito de praticar os crimes de forma autônoma (dolo). Exemplo 1:
Agente A que atira em C e D, seus desafetos. Dolo + Dolo.
Na hipótese IV, a pena sempre será somada.
Crime continuado (Art. 71 do CP)
 
O artigo 71 do Código Penal prevê que:
 
"Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições do tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticos, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços. ” 
 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa,
poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
deste Código".
 
Entende-se que são delitos da mesma espécie os que
estiverem previstos no mesmo tipo penal, tanto faz que sejam figuras
simples ou qualificadas, dolosas ou culposas, tentadas ou consumadas.
A figura do crime continuado do caput do
artigo 71 do Código penal constitui um favor legal ao agente que
comete vários delitos. Cumpridas as condições do mencionado
dispositivo, os fatos serão considerados crime único por razões de
política criminal, sendo apenas agravada a pena de um deles, se
idênticos, ou do mais grave, se diversos, à fração de 1/6 a 2/3. O
reconhecimento de tal modalidade exige uma pluralidade de condutas
sucessivas no tempo, que ocorrem de forma periódica e se constituem
em delitos da mesma espécie (ofende o mesmo bem jurídico tutelado
pela norma – não se exigindo a prática de crimes idênticos).[1]
É o caso do indivíduo que é preso após cometer vários
furtos, o qual agia sempre da mesma forma. A pena do furto é de 1 a 4
anos, na hipótese da prática de 50 furtos e aplicação da pena máxima
em cada um, não seria interessante para o Estado o cumprimento de
4x50=200 anos de pena aplicada ao condenado, o que feriria também
o princípio da ressocialização do apenado.
 
LIMINITE DAS PENAS:
 
Art. 75 do cp. Não se pode tirar a esperança em um dia
se voltar a viver em sociedade (pena maior de 40 anos, esse princípio
consoa com a dignidade da pessoa humana pois a CF proíbe e prisão
perpétua. Há a unificação das penas quando a soma der mais de 40
anos e devem ser unificadas para atender o limite. Em caso de fuga
condenado a 40 anos não conta-se o período de fuga. Se cometer
crime será somado o montante já cumprido com a nova condenação e
o limite de 40 anos será contado a partir da captura.
 
 
 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO:
 
É cediço que a principal consequência do trânsito em
julgado é o cumprimento da pena prevista no tipo penal.
Nessa linha, o prof. Rogério Sanches explica que a
principal e maior consequência do trânsito em julgado da sentença
condenatória é, sem dúvida, fazer com que o condenado cumpra a
pena determinada. Contudo, tal sentença, além de seus efeitos penais
pode gerar, ainda, outros efeitos, de natureza diversa, como a
pode gerar, ainda, outros efeitos, de natureza diversa, como a
reincidência, a interrupção do prazo prescricional do crime praticado,
tornar certa a obrigação de reparar do dano, podendo, inclusive, fazer
com que o sentenciado venha a perder o cargo, função pública ou
mandato eletivo”.
Existem, portanto, efeitos secundários gerados pela
sentença condenatória transitada em julgado que mais se parecem com
outra pena, de natureza acessória.
Nessa esteira, a condenação pode gerar efeitos penais e
extrapenais. O efeito penal pode ser principal ou secundário, o
extrapenal, por sua vez, pode ser genérico ou específico.
 
• Efeito penal principal: execução forçada da
sanção.
• Efeito penal secundário: imposição da
sanção penal e sua execução forçada) e
secundários (maus antecedentes e
reincidência como condições desfavoráveis
do agente, a conversão das penas restritivas
de direitos, a interrupção do prazo
prescricional, revogação do "sursis" e do
livramento condicional etc.).
• Efeito extrapenal genérico: art. 91 do
Código Penal Nas lições do Prof. Cleber
Masson:
• Efeitos principais da condenação: São a
imposição das penas privativas de liberdade,
restritivas de direitos, pecuniárias, e, ainda,
de medidas de segurança aos semi-
imputáveis. A imposição de sanção penal é,
sem dúvida, o efeito precípuo da
condenação. A circunstância de estar o
condenado obrigado a cumpri-la, todavia,
não afasta a existência de outros efeitos, de
cunho penal ou não, que em determinadas
situações obrigatoriamente a ela aderem.
• Efeitos secundários da condenação:
Também conhecidos como efeitos mediatos,
acessórios, reflexos ou indiretos, constituem-
se em consequências da sentença penal
condenatória como fato jurídico. Os efeitos
secundários se dividem em dois blocos:
penais e extrapenais. Estão previstos no
Código Penal e fora dele. 
 
 
Vejamos os seguintes dispositivos:
 
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei
no 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
crime; (Redação dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984)
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado
ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei no 7.209, de
11.7.1984)
 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas
cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato
ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato
criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores
equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes
não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
(Incluído pela Lei no 12.694, de 2012)
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas
na legislação processual poderão abranger bens ou valores
equivalentes do investigado ou acusado para posterior
decretação de perda. (Incluído pela Lei no 12.694, de 2012)
 
Pacote Anticrime:
 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a
lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão,
poderá ser decretada a perda,como produto ou proveito do
crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do
patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o
seu rendimento lícito.
 
§ 1o Para efeito da perda prevista no caput deste artigo,
entende-se por patrimônio do condenado todos os bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o
domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração
penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
contraprestação irrisória, a partir do início da atividade
criminal.
§ 2o O condenado poderá demonstrar a inexistência da
incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
§ 3o A perda prevista neste artigo deverá ser requerida
expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do
oferecimento da denúncia, com indicação da diferença
apurada.
§ 4o Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da
diferença apurada e especificar os bens cuja perda for
decretada.
§ 5o Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por
organizações criminosas e milícias deverão ser declarados
perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da
Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em
perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública,
nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento
de novos crimes.
 
O art. 91-A introduziu no sistema criminal brasileiro a
figura do confisco alargado de bens do criminoso, já adotado em
países como Portugal, Alemanha e Espanha. Nessa linha, Pedro
Tenório (Pacote Anticrime: as modificações do sistema de justiça
criminal brasileiro, 2020) conceitua:
 
“O confisco alargado consiste no perdimento de bens
cujos valores sejam o resultado da diferença entre o
patrimônio comprovadamente lícito ou oriundo de
fontes legítimas do agente e o patrimônio total do
condenado, estejam os bens ou valores registrados em
seu nome ou nome de terceiro.”
 
Trata-se de um efeito extrapenal específico da sentença
condenatória criminal, logo é efeito não automático, incidindo apenas
em algumas infrações. Necessita de fundamentação expressa na
decisão condenatória, e o mais importante, de pedido expresso por
parte do Órgão do Ministério Público na denúncia.
O Pacote Anticrime acrescentou o 91-A no Código
Penal, segundo o qual, na hipótese de condenação por infrações às
quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de
reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do
crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do
patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu
rendimento lícito.
 
O art. 91-A não é aplicável para qualquer condenação, mas nas
infrações que a pena máxima seja superior a 6 (seis) anos de
reclusão. Tem por critério a pena-base do tipo penal, e não a
pena em concreto aplicado na sentença.
Efeito extrapenal especifico: art. 92 do Código Penal
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada
pela Lei no 7.209, de 11.7.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
(Redação dada pela Lei no 9.268, de 1o.4.1996)
 a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo
igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso
de poder ou violação de dever para com a Administração
Pública; (Incluído pela Lei no 9.268, de 1o.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo
superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela
Lei no 9.268, de 1o.4.1996)
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da
tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de
reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro
descendente ou contra tutelado ou curatelado Redação dada
pela Lei no 13.715, de 2018)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como
meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei
no 7.209, de 11.7.1984)
 Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
sentença. (Redação dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984).
Obs.1: Perda do Cargo Pública/Função
Pública/Mandato Eletivo (pode perder o cargo)
a) Crime cometidos com abuso de poder,
condenado a pena privativa = ou superior a um ano. Na hipótese de
incidência da substituição da pena (art. 44), não caberá o referido
efeito.
b) Crimes comuns, pode vim a perder o cargo ou
a função, na hipótese de ser condenado a pena privativa de liberdade
superior a 4 anos. Considera-se crime comum, nesse contexto, o crime
praticado sem abuso de poder.
Obs.2: Incapacidade para o exercício do poder
familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de
reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder
familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou
curatelado
A Lei no 13.715/2018 alterou a redação do inciso
II do art. 92 do Código Penal. O art. 92 prevê efeitos extrapenais
específicos da condenação.
O que diz esse inciso II:
Se o agente cometeu um crime punido com
reclusão contra uma das pessoas listadas no inciso II, do referido
artigo, o juiz, ao proferir uma sentença condenatória,
- poderá ́ determinar que o condenado perca o poder familiar, a tutela
ou a curatela.
Obs: não importa a quantidade da pena nem se
houve substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos. O que interessa é que tenha sido um crime doloso cuja pena
prevista em abstrato seja de reclusão.
Vamos ver abaixo os aspectos que foram alterados
na redação do inciso:
“poder familiar”
A redação anterior falava em “pátrio poder”. Isso
porque essa era a expressão utilizada no Código Civil de 1916. O
Código Civil de 2002 substituiu “pátrio poder” por “poder
Código Civil de 2002 substituiu “pátrio poder” por “poder
familiar”.Desse modo, a alteração aqui foi apenas para atualizar a
linguagem do Código Penal, não tendo havido uma mudança
substancial.
Poder familiar é um conjunto de direitos e deveres
conferido aos pais com relação ao filho menor de 18 anos (não
emancipado), dentre eles o poder de dirigir a criação e a educação, de
conceder consentimento para casar, de exigir que preste obediência, e
outros previstos no art. 1.634 do CC.
“outrem igualmente titular do mesmo poder familiar”
Aqui é uma novidade.
O que isso quer dizer: se o agente comete o crime contra uma pessoa e
esta vítima divide com o agente o poder familiar em relação a uma
criança ou adolescente, então, neste caso, o condenado também
poderá perder o poder familiar.
Dito de forma direta: se o agente pratica o crime
contra a mãe ou o pai de seu filho, ele poderá perder o poder familiar
sobre o menor.
Ex: João e Maria possuem um filho em comum (Lucas). Maria se
separou de João, mas este nunca aceitou o rompimento. Determinado
dia, João comete homicídio contra Maria. Ao ser condenado, João
poderá perder o poder familiar em relação a Lucas.
Vale ressaltar que isso vale tanto para o crime
cometido pelo homem como pela mulher. Assim, se Maria tivesse
matado João, ela também poderia ser condenada a perder o poder
familiar. 403
“Filha”
Acréscimo absolutamente desnecessário e atécnico.
Mesmo quando o Código falava apenas em “filho”, nunca se discutiu
que isso incluía também a filha. Não é necessário que o texto legal
flexione o gênero das palavras, sendo isso presumido, salvo se houver
uma limitação expressa (ex: Lei Maria da Penha).
A situação é tão esdrúxula que o legislador incluiu filha, mas não
falou nada a respeito do tutelado e curatelado, que também estão no
mesmo inciso. Isso significa que os crimes contra a tutelada e a
curatelada estão fora da previsão legal? Obviamente, que não.
É o caso do crime cometido contra o neto e bisneto.
Trata-se de situação que não será tão comum na prática. É possível, no
entanto, imaginar o seguinte exemplo: João possui dois filhos: Pedro
(23 anos) e Isabela (6 anos). Pedro, por sua vez, tem uma filha de 5
anos (Letícia). João pratica estupro contra Letícia (sua neta). O juizpoderá condenar João a perder o poder familiar em relação a Isabela.
Vale ressaltar que avô e avó não exercem poder familiar sobre
neto/neta, mesmo que os pais do menor já tenham falecido ou tenham
perdido, por algum motivo, o poder familiar.
Poder familiar é um conjunto de direitos e deveres que os PAIS
exercem sobre seus FILHOS menores.
Essa perda do poder familiar abrange apenas o filho
que foi vítima do crime ou o agente perderá o poder familiar com
relação aos outros filhos que não foram ofendidos pelo delito? Ex:
João praticou o crime contra seu filho Lucas; ocorre que ele também
possui outros dois filhos menores de 18 anos. João, ao ser condenado,
poderá perder o poder familiar em relação aos três filhos?
SIM. Existe divergência na doutrina, mas essa é a
posição que prevalece:
“Essa incapacidade pode ser estendida para alcançar
outros filhos, pupilos ou curatelados, além da vítima do crime. Não
seria razoável, exempliflcativamente, decretar a perda do poder
familiar somente em relação à filha de dez anos e idade estuprada pelo
pai, aguardando fosse igual delito praticado contra as outras filhas
mais jovens, para que só então se privasse o genitor desse direito”
(MASSON, Cleber. Direito Penal. São Paulo: Método, 2018).
No mesmo sentido, o grande penalista Rogério
Sanches Cunha (Manual de Direito Penal. Parte Geral. 4a ed.,
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 525). 404 Tal conclusão ganha ainda
mais força com a inclusão do descendente no rol do inciso II do art.
92 do CP. Isso porque os avós não detém poder familiar em relação
aos netos. Logo, se o crime é cometido pelo avô contra o neto, o avô
poderá perder o poder familiar em relação aos seus filhos menores,
mesmo eles não sendo as vítimas do delito.
Essa perda é temporária? Depois de o agente ter
cumprido a pena e conseguido a reabilitação, é possível que ele
retome o poder familiar?
NÃO. A reabilitação, em regra, extingue (apaga) os efeitos
secundários extrapenais específicos da sentença condenatória.
O caso da perda do poder familiar, contudo, é uma
exceção.
Assim, a pessoa perdeu o poder familiar em decorrência de uma
sentença penal condenatória não irá readquirir o poder familiar
mesmo que cumpra toda a pena e passe pelo processo de reabilitação.
Em outras palavras, essa perda do poder familiar é permanente.
Isso está previsto na parte final do parágrafo único do art. 93 do
Código Penal:
art.93.
Parágrafo único. A reabilitação poderá, também, atingir os
efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código,
vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos
incisos I e II do mesmo artigo.
 
A doutrina faz a seguinte distinção:
• em relação à vítima do crime doloso e punido com
reclusão, essa incapacidade é permanente. Assim,
mesmo em caso de reabilitação é vedada a reintegração
do agente na situação anterior (art. 93, parágrafo único,
do CP).
• em relação aos outros filhos, pupilos ou curatelados,
a incapacidade seria provisória, pois o condenado, se
reabilitado, poderá voltar a exercer o poder familiar,
tutela ou curatela.
Os efeitos previstos no art. 92, II, do CP são
automáticos? Em outras palavras, sempre que houver condenação
por crime doloso sujeito à pena de reclusão cometido contra
outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho,
filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado, o
condenado irá perder o poder familiar, a tutela ou a curatela?
NÃO. Para que esse efeito da condenação seja
aplicado, é indispensável que a decisão condenatória motive
concretamente a necessidade da perda do poder familiar, da tutela ou
da curatela.
O parágrafo único do art. 92 expressamente afirma isso: 405 Art. 92
(...)
Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Obs.: Inabilitação para dirigir veículo (pode vim a
ficar inabilitado)
Na hipótese de o veículo ter sido utilizado como MEIO para a prática
de crime doloso. Ex.: Homicídio doloso em racha (c/ dolo eventual).
Efeitos NÃO AUTOMÁTICOS
Os efeitos previstos no art. 92, I, do CP são
automáticos? Em outras palavras, sempre que houver condenação e
forem aplicadas as penas previstas nas alíneas “a” e “b”, haverá a
perda do cargo? NÃO. Para que esse efeito da condenação seja
aplicado, é indispensável que a decisão condenatória motive
concretamente a necessidade da perda do cargo, emprego, função ou
mandato eletivo. O parágrafo único do art. 92 expressamente afirma
isso.
Nos moldes do parágrafo único do art. 92 do CP, os
efeitos de que trata o referido dispositivo NÃO SÃO
AUTOMÁTICOS, devendo ser motivadamente declarados na
sentença. Assim, a referida perda/incapacidade do exercício ou
inabilitação PODE vim a ocorrer não é efeito automático.
Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo (art. 92, I do
CP).
O art. 92, I, do CP prevê, como efeito extrapenal
específico da condenação, a perda do cargo, função pública ou
mandato eletivo. Segundo prevê o parágrafo único do art. 92 e a
jurisprudência do STJ, esse efeito (perda do cargo) não é automático,
devendo ser motivadamente declarado na sentença. Em outras
palavras, a determinação da perda de cargo público pressupõe
fundamentação concreta que justifique o cabimento e necessidade da
medida. STJ. 6a Turma. REsp 1.044.866-MG, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 2/10/2014 (Info 549).
Obs.: Atenção – Efeito automático !
Inobstante o Código Penal preveja os efeitos como não
automáticos, há leis especiais em nosso ordenamento em que a perda
do cargo é efeito automático, por exemplo, a Lei de tortura (art. 1o,
§5o da Lei 9.455); Lei de Organização Criminosa (art. 2o, §6o); Lei
de Lavagem de Capitais.
a) Lei de Tortura
Art. 1o (...) § 5o A condenação acarretará a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu exercício
pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Nesse sentido, o entendimento do STJ: (...) A perda do
cargo, função ou emprego público é efeito automático da condenação
pela prática do crime de tortura, não sendo necessária
fundamentação concreta para a sua aplicação. Precedentes. (...) (STJ.
6a Turma. AgRg no Ag 1388953/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 20/06/2013).
Art. 2o. § 6o A condenação com trânsito em julgado
acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função,
emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos
subsequentes ao cumprimento da pena.
c) Lei de Lavagem de Capitais
Art. 7o São efeitos da condenação, além dos previstos no
Código Penal:
II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de
qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de
administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas
no art. 9o, pelo dobro do tempo da 407 pena privativa de
liberdade aplicada
MEDIDAS DE SEGURANÇA:
 
A medida de segurança é uma espécie de sanção penal
de natureza preventiva, divergindo da pena quanto aos fundamentos
(periculosidade) e quanto à execução, não incidindo sobre ela os
benefícios do sistema progressivo característicos da pena. 
As medidas de segurança, de acordo com Queiroz
(2010) “são sanções penais destinadas aos autores de um injusto penal
punível, embora não culpável em razão da inimputabilidade do
agente.” E, para que tais medidas possam ser aplicadas, “exige-se o
concurso simultâneo de todos os requisitos e pressupostos do crime,
com exceção da imputabilidade do autor, unicamente”.
A culpabilidade do agente infrator deve ser mitigada
em razão da sua inimputabilidade, ou seja, da sua incapacidade de
perceber ou discernir o cunho delitivo de sua conduta.
Segundo Ferrari (2001):
“A medida de segurança constitui uma providência do
poder político que impede que determinada pessoa, ao cometer um
ilícito-típico e se revelar perigosa, venha a reiterar na infração,
necessitando de tratamento adequado para a sua reintegração social.”
A medida de segurança é um instituto ou procedimento
jurídico aplicado aos indivíduos que cometeram algum delito e que,

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