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Direio Processo Penal Aula 1 08 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Processual Penal 
 Professor: André Estefam 
Aula: 08 | Data: 02/04/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
COMPETÊNCIA 
1. Conexão e Continência 
 
TRIBUNAL DO JÚRI 
1. Princípios constitucionais do júri 
2. Formação do tribunal do júri 
3. Rito do júri 
4. Pronúncia 
 
 
COMPETÊNCIA 
 
1. Conexão e Continência (art. 76 a 82 do CPP) 
 
1) Separação dos processos 
São situações em que apesar da conexão ou continência haverá separação dos processos. 
 
a) Obrigatoriedade (art. 79 do CPP): Haverá a cisão dos processos quando: 
 
. Justiça militar X Justiça comum 
 
. Justiça criminal X Justiça da infância e juventude 
 
. Cisão de processos decorrente da impossibilidade de julgar conjuntamente um dos corréus 
 
 
b) Facultativa (art. 80 do CPP): É facultativa a separação quando as infrações forem praticadas em circunstâncias 
de tempo ou de lugar diferentes, ou, para evitar que o excessivo número de corréus prolongue a prisão 
provisória, ou por outro motivo relevante. 
 
 
 “Perpetuatio jurisdictionis” – Perpetuação da competência (art. 81, CPP): Nos casos de conexão e 
continência, ainda que o juiz ou tribunal absolva ou desclassifique o crime de sua competência, continua 
competente para o julgamento da causa. Ex.: Prefeito e secretário são julgado pelo tribunal em razão do foro 
especial do prefeito. Se o prefeito por absolvido o tribunal ainda julga o secretário. 
 
Exceção.: No rito do júri se o juiz impronunciar, absolver sumariamente ou desclassificar, deverá remeter o 
crime conexo para julgamento perante o juízo singular. 
 
 Avocação (art. 82, CPP): Cabe ao órgão com “vis attractiva” implementar a reunião de processos, avocando-os 
perante os demais órgãos judiciais. Havendo divergência quanto a reunião, instaura-se um incidente de conflito 
de competência (conflito de jurisdição). 
 
 
 
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TRIBUNAL DO JÚRI 
 
1. Princípios Constitucionais do Júri (art. 5º, XXXVIII, CF) 
O júri é garantido por cláusula pétrea. 
 
a) Plenitude de defesa: É mais que a ampla defesa, ou seja, no rito do júri a defesa deve dispor de um número 
maior de meios e recursos para o exercício do direito de defesa. 
 
Implicitamente fica reconhecido que no juízo singular deveria haver um número menor de recursos (corrente 
minoritária). Não há efetivamente nenhuma diferença no tratamento jurídico. 
 
 
b) Sigilo das votações: Garante a liberdade de consciência aos membros do júri. Os jurados decidem com base no 
sistema da íntima convicção, em oposição ao sistema da persuasão racional que baliza as decisões do judiciário. 
 
 
c) Soberania dos veredictos: Consiste na impossibilidade dos juízes togados se substituírem aos jurados na 
decisão da causa. O mérito de um crime de competência do júri ficará sobre a responsabilidade de um juiz togado 
quando: 
Exceção1: Absolvição sumária do art. 415 do CPP. 
Exceção2: Ajuizamento de eventual revisão criminal. 
São exceções em favor do réu, demonstrando o ambaro na plenitude de defesa. 
 
 
d) Competência mínima para julgamento dos crimes doloso contra a vida: Crimes dolosos contra vida estão nos 
artigos 121 a 127, com exceção do homicídio culposo. A Súmula 603 do STF ressalva o latrocínio como 
competência do juízo singular. O genocídio é crime contra a humanidade, por tanto não é julgado pelo júri, mas 
pelo juiz singular (entendimento do STJ). 
 
STF, 603. A competência para o processo e julgamento de latrocínio é 
do juiz singular e não do tribunal do júri. 
 
 
2. Formação do tribunal do júri 
O tribunal do júri é formado por 26 membros: um juiz presidente, mais 25 cidadãos convocados para atuarem 
como jurados. 
 
Para ser jurado basta ser cidadão, possuir 18 anos ou mais, e ser dotado de notória idoneidade. O Código veda 
que se exclua do júri qualquer pessoa em razão de preconceito (raça, sexo, condição econômica, grau de 
instrução). 
 
Obs.: O analfabeto não pode ser jurado, pois o Código exige capacidade de leitura para o exercício da função, tal 
como na determinação de entrega de cópia da pronúncia ao conselho de sentença, ou, o jurado pode a qualquer 
momento interromper o orador para solicitar que seja indicado onde consta nos autos certa informação ou 
documento. 
 
 
 
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3. Rito do júri (art. 406 a 497 do CPP) 
É o mais solene dos ritos. É um rito bifásico ou escalonado. 
1ª Fase – Sumário da culpa (“judicium accusationis”) 
2ª Fase – Juízo da causa (“judicium causae”) 
 
 
1ª Fase – Sumário da culpa 
 
1) Oferecimento da denúncia ou queixa 
A queixa pode ser oferecida no caso de queixa subsidiaria, ou no caso de queixa em delitos de ação penal privada 
conexos (litisconsórcio). 
 
2) Despacho liminar 
É o momento do recebimento da denúncia. Recebida a denúncia: 
 
3) Citação (igual ao rito comum) 
 
4) Resposta escrita (igual ao rito comum) 
 
5) Manifestação da acusação em 5 dias (art. 409, CPP) 
Quando na resposta escrita houver juntada de documento ou arguição de preliminar. 
 
6) Despacho saneador 
O juiz sana eventuais nulidade, requisita eventuais diligências necessárias ou designa data para a audiência única 
de instrução debates e julgamento. 
 
Obs.: No rito comum a absolvição sumária é aplicada no momento do despacho saneador, enquanto no júri a 
absolvição sumária é aplicada mais adiante (não se aplica o art. 397 do CPP). 
 
 
7) Audiência única de instrução, debates e julgamentos 
 
Instrução 
1º) Ouve-se a vítima. 
2º) Ouve-se a testemunha de acusação. 
3º) Ouve-se a testemunha de defesa. 
4º) Interrogatório do réu. 
 
 
Debates orais 
Acusação 20 min. + 10 min. 
Defesa 20 mi. + 10 min. 
Ou memoriais em 15 dias. 
 
 
 
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Decisão (julgamento) 
. Pronúncia (art. 413, CPP) – Decisão interlocutória mista não terminativa – RESE (art. 581, II e IV) 
. Impronúncia (art. 414, CPP) – Decisão interlocutória mista terminativa – Apelação (art. 416) 
. Absolvição sumária (art. 415, CPP) – Sentença – Apelação (art. 416) 
. Desclassificação (art. 419, CPP) – Decisão interlocutória mista não terminativa – RESE (art. 581, II e IV) 
 
Obs.: Para o processo penal sentença é a decisão que julga o mérito, assim só é sentença a absolvição sumária. 
 
 
4. Pronúncia (art. 413, CPP) 
É um juízo de admissibilidade da acusação. São pressupostos da pronúncia: 
 
a) Prova da materialidade: A materialidade deve estar provada. Tem que haver certeza do fato. Havendo dúvida 
sobre a materialidade o juiz deve impronunciar. A certeza da materialidade existe com o exame de corpo de 
delito ou outros meios de prova. 
 
b) Indícios de autoria ou participação: Basta a probabilidade do réu ser autor ou participe do crime. 
 
– Requisitos da pronúncia 
 
. Relatório 
 
. Fundamentação: Deve se limitar a dizer o mínimo necessário, pois o julgamento do mérito compete aos jurados. 
O juiz deve se limitar a indicar a prova da materialidade ou indícios de autoria e participação (art. 413 do CPP). Os 
Tribunais exigem que o juiz adote uma linguagem comedida, cautelosa, para não influenciar o julgamento dos 
jurados (ex.: o juiz não deve analisar o mérito trazido aos autos – “Não há base suficiente para reconhecer a tese 
apresentada, cabendo aos jurados melhor apreciação”). 
 
. Conclusão ou Parte Dispositiva: A conclusão é sobre a admissibilidade, e não sobre procedência (“ante o 
exposto pronuncio Fulano de Tal”).

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