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Fundamento da Microeconomia

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Fundamentos de Microeconomia
Cap´ıtulo 5. Poder de mercado: monopo´lio e monopsoˆnio
Ciclo Ba´sico 2◦ per´ıodo / 2012
Graduac¸a˜o em Cieˆncias Econoˆmicas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 1 / 106
Plano do cap´ıtulo
1 Monopo´lio
2 Poder de monopo´lio
3 Fontes do poder de monopo´lio
4 Custos sociais do poder de monopo´lio
5 Monopsoˆnio
6 Poder de monopsoˆnio
7 Limitac¸a˜o do poder de mercado: a legislac¸a˜o antitruste
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 2 / 106
Poder de mercado: monopo´lio e monopsoˆnio
Monopo´lio
Mercado no qual existe apenas um vendedor
Monopsoˆnio
Mercado com apenas um comprador
Poder de mercado
Capacidade tanto do vendedor quanto do comprador de influir no prec¸o
de uma mercadoria
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 3 / 106
Receita me´dia e receita marginal
Receita marginal
Variac¸a˜o de receita resultante do aumento da produc¸a˜o em uma
unidade
Seja Q 7→ R(Q) a curva de receita, temos enta˜o
RMg(Q) =
∆R
∆Q
= lim
ε→0
R(Q+ ε)−R(Q)
ε
Receita me´dia
Receita por unidade produzida
RMe(Q) =
R(Q)
Q
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 4 / 106
Receita me´dia e receita marginal
Seja Q 7→ P (Q) a curva da demanda para o produto da empresa
A receita e´ dada por R(Q) = P (Q)×Q
Temos enta˜o
RMg(Q) = P +QP ′(Q)
onde
P ′(Q) = lim
∆Q→0
∆P
∆Q
= lim
ε→0
P (Q+ ε)− P (Q)
ε
Em geral, a curva da demanda tem inclinac¸a˜o descendente, i.e.,
P ′(Q) 6 0
Temos enta˜o que
RMg(Q) 6 RMe(Q)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 5 / 106
Receita me´dia e receita marginal: um exemplo
Considere uma empresa que se defronta com a seguinte curva da
demanda:
P (Q) = 6−Q
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 6 / 106
Receita me´dia e receita marginal: um exemplo
Considere uma empresa que se defronta com a seguinte curva da
demanda:
P (Q) = 6−Q
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 7 / 106
Decisa˜o de produc¸a˜o do monopolista
Produc¸a˜o o´tima
O lucro e´ maximizado quando a receita marginal iguala-se ao custo
marginal
Seja Q? a quantidade que maximiza o lucro
Q 7→ pi(Q) = R(Q)− C(Q)
Temos que pi′(Q?) = 0, ou seja
RMg(Q?) = CMg(Q?)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 8 / 106
Decisa˜o de produc¸a˜o do monopolista
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 9 / 106
Exemplo de maximizac¸a˜o de lucros
A parte (a) mostra a receita total, R, o custo total, C, e o lucro, que e´
a diferenc¸a entre R e C
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 10 / 106
Exemplo de maximizac¸a˜o de lucros
A parte (b) apresenta a receita me´dia, a receita marginal, o custo
me´dio e o custo marginal
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 11 / 106
Exemplo de maximizac¸a˜o de lucros
A receita marginal e´ a inclinac¸a˜o da curva de receita total e o custo
marginal e´ a inclinac¸a˜o da curva de custo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 12 / 106
Exemplo de maximizac¸a˜o de lucros
O n´ıvel de produc¸a˜o capaz de maximizar os lucros e´ Q? = 10,
ponto no qual a receita marginal se iguala ao custo marginal
Nesse n´ıvel de produc¸a˜o, a inclinac¸a˜o da curva de lucro e´ zero, e as
inclinac¸o˜es da receita total e da curva de custo total sa˜o iguais
O lucro unita´rio e´ de $15, ou seja, a diferenc¸a entre a receita
me´dia e o custo me´dio
Como sa˜o produzidas 10 unidades, o lucro total e´ igual a $150
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 13 / 106
Regra pra´tica para determinac¸a˜o de prec¸os
Observe que a receita adicional decorrente de uma unidade
incremental, ∆(PQ)/∆Q, possui dois componentes
1 A produc¸a˜o de uma unidade extra e a venda ao prec¸o P geram
uma receita igual a P
2 Mas como a empresa defronta-se com uma curva da demanda com
inclinac¸a˜o descendente, a produc¸a˜o e a venda dessa unidade extra
resultara˜o em uma pequena queda no prec¸o ∆P/∆Q, a qual reduz
a receita de todas as unidades vendidas (isto e´, uma variac¸a˜o de
receita igual a Q[∆P/∆Q])
Ou seja
RMg = P +Q
∆P
∆Q
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 14 / 106
Regra pra´tica para determinac¸a˜o de prec¸os
Podemos verificar que
RMg = P +Q× ∆P
∆Q
= P
(
1 +
Q
P
× ∆P
∆Q
)
= P
(
1 +
∆P
P
∆Q
Q
)
= P
(
1 +
1
Ed
)
onde Ed e´ a elasticidade da demanda com a qual a empresa se defronta
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 15 / 106
Regra pra´tica para determinac¸a˜o de prec¸os
Uma vez que o objetivo da empresa e´ maximizar lucros, podemos
igualar a receita marginal ao custo marginal para a produc¸a˜o
o´tima Q?
CMg = P + P/Ed
Reordenando os termos da equac¸a˜o anterior, temos
P − CMg
P
= − 1
Ed
O termo P − CMg e´ o markup sobre o custo marginal: e´ positivo
porque a elasticidade da demanda e´ um nu´mero negativo
A expressa˜o (P − CMg)/P e´ o markup apresentado como
percentual do prec¸o
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 16 / 106
Regra pra´tica para determinac¸a˜o de prec¸os
Temos tambe´m que
P =
CMg
1 + (1/Ed)
Se
I a elasticidade da demanda for -4
I o custo marginal for $9
Enta˜o o prec¸o deve ser
P =
$9
1− 1/4 = $12
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 17 / 106
O laborato´rio Astra-Merck estabelece prec¸os para o
Prilosec
Em 1995, um novo medicamento desenvolvido pelo laborato´rio
Astra-Merck passou a ser disponibilizado para o tratamento de
u´lceras no longo prazo
O medicamento, chamado Prilosec, representava uma nova gerac¸a˜o
de reme´dios contra a u´lcera
Por volta de 1996, tornou-se um dos medicamentos mais vendidos
no mundo e na˜o tinha nenhum concorrente a` altura
O laborato´rio Astra-Merck estipulou o prec¸o do Prilosec em torno
de $3,50 a dose dia´ria
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 18 / 106
O laborato´rio Astra-Merck estabelece prec¸os para o
Prilosec
O custo marginal de produc¸a˜o e de embalagem do Prilosec e´ de
apenas $0,30 a $0,40 a dose dia´ria
Esse custo marginal sugere que a elasticidade-prec¸o de demanda,
Ed, esteja na faixa de −1, 0 a −1, 2
Fixar o prec¸o para o reme´dio Prilosec com base em um markup
que excede em 400% o custo marginal e´ compat´ıvel com a regra
pra´tica para a determinac¸a˜o de prec¸os
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 19 / 106
Deslocamentos da demanda
No caso do modelo com mercados competitivos no qual uma firma
e´ tomadora de prec¸os
Constru´ımos a curva de oferta, que e´ uma relac¸a˜o biun´ıvoca entre
prec¸o e quantidade produzida
I Um setor competitivo oferta uma quantidade espec´ıfica para cada
n´ıvel de prec¸o
Num mercado monopol´ıstico, na˜o ha´ curva de oferta
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 20 / 106
Deslocamentos da demanda
A curva de demanda, D1, desloca-se, tornando-se a nova curva de
demanda, D2
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 21 / 106
Deslocamentos da demanda
A curva de demanda, D1, desloca-se, tornando-se a nova curva de
demanda, D2
Entretanto, a nova curva da receita marginal, RMg2, cruza com a
curva do custo marginal no mesmo ponto em que se situava a
antiga curva do custo marginal, RMg1
Portanto, o n´ıvel de produc¸a˜o capaz de maximizarlucros
permanece inalterado, embora o prec¸o caia de P1 para P2
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 22 / 106
Deslocamentos da demanda
A curva de demanda, D1, desloca-se, tornando-se a nova curva de
demanda, D2
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 23 / 106
Deslocamentos da demanda
A curva de demanda, D1, desloca-se, tornando-se a nova curva de
demanda, D2
A nova curva da receita marginal, RMg2, cruza com a curva do
custo marginal em Q2, um n´ıvel de produc¸a˜o mais elevado
No entanto, como a demanda possui agora elasticidade maior, o
prec¸o permanece o mesmo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 24 / 106
Efeito de um imposto
Suponhamos que um imposto espec´ıfico de t do´lares por unidade
passe a ser cobrado
De tal forma que o monopolista tenha de remeter t do´lares ao
governo para cada unidade vendida por ele
Sendo CMg o custo marginal original da empresa, a decisa˜o do
n´ıvel de produc¸a˜o o´timo sera´ agora expressa por
RMg = CMg + t
Havendo um imposto t por unidade, o custo marginal efetivo da
empresa e´ aumentado em t para CMg + t
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 25 / 106
Efeito de um imposto: um exemplo
Neste exemplo, o aumento de prec¸o, ∆P , e´ superior ao valor t do
imposto
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 26 / 106
Efeito de um imposto: um exemplo
Suponhamos, por exemplo, que um monopolista se defronte com
uma curva de demanda com elasticidade constante igual a −2
Suponhamos que o custo marginal CMg seja constante
A equac¸a˜o
P =
CMg
1 + (1/Ed)
informa que o prec¸o sera´ igual ao dobro do custo marginal
Havendo o imposto t, o custo marginal aumentara´ para CMg + t
Dessa forma, o prec¸o aumentara´ para 2(CMg + t) = 2CMg + 2t
Isso significa que o prec¸o sofrera´ aumento igual ao dobro do valor
do imposto
Entretanto, o lucro do monopolista sera´ reduzido apo´s o imposto
em vigor
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 27 / 106
Empresa com mu´ltiplas instalac¸o˜es
Suponhamos que uma empresa possua duas fa´bricas fabricando o
mesmo produto mas com custos possivelmente diferentes
Qual deveria ser o n´ıvel total de produc¸a˜o?
Que parcelas desse total cada fa´brica deveria produzir?
I A receita marginal na˜o depende de como e´ dividida a produc¸a˜o
entre as duas fa´bricas
I O custo marginal de cada fa´brica pode ser diferente
Podemos obter intuitivamente essas respostas em dois passos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 28 / 106
Empresa com mu´ltiplas instalac¸o˜es
Passo 1
Qualquer que seja o n´ıvel de produc¸a˜o, este deve ser repartido
entre as duas fa´bricas, de tal modo que o custo marginal seja o
mesmo em cada fa´brica
De outra forma, a empresa poderia reduzir os custos e aumentar
os lucros por meio de uma redistribuic¸a˜o de produc¸a˜o
Passo 2
Sabemos que a produc¸a˜o total deve satisfazer a exigeˆncia de que a
receita marginal seja igual ao custo marginal
De outra forma, a empresa poderia aumentar os lucros por meio
da elevac¸a˜o ou da diminuic¸a˜o do n´ıvel de produc¸a˜o total
Podemos concluir que o lucro sera´ maximizado quando a receita
marginal for igual ao custo marginal em cada fa´brica
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 29 / 106
Empresa com mu´ltiplas instalac¸o˜es
Seja Qi a quantidade produzida na fa´brica i, com i ∈ {1, 2}
A quantidade total e´ dada por QT = Q1 +Q2
Temos enta˜o o lucro definido por
pi = P (QT )QT − C1(Q1)− C2(Q2)
Seja Q?T = Q
?
1 +Q
?
2 a quantidade (e a distribuic¸a˜o dessa
quantidade) que maximiza o lucro
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 30 / 106
Empresa com mu´ltiplas instalac¸o˜es
Sejam ∆Qi variac¸o˜es de Qi tais que ∆Q1 + ∆Q2 = 0
Temos
∆pi = ∆Q1[CMg1 − CMg2]
o que implica que
CMg1(Q
?
1) = CMg2(Q
?
2)
Agora, modificando somente Q1 por ∆Q1, temos
RMg(Q?t ) = CMg1(Q
?
1) = CMg2(Q
?
2)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 31 / 106
Empresa com mu´ltiplas instalac¸o˜es
A empresa que possui duas fa´bricas maximizara´ os lucros ao escolher
os n´ıveis de produc¸a˜o Q1 e Q2 para os quais a receita marginal, RMg
(que depende da produc¸a˜o total), seja igual aos custos marginais,
CMg1 e CMg2, de cada fa´brica
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 32 / 106
Poder de monopo´lio
Suponhamos que quatro empresas produzam escovas de dentes
A curva de demanda de mercado e´ Q = 50.000− 20.000P
As empresas esta˜o produzindo um agregado de 20.000 escovas, por
exemplo 5.000 cada empresa
O prec¸o de venda e´ $1,50
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 33 / 106
Poder de monopo´lio
A demanda de mercado e´ relativamente inela´stica (−1, 5)
Suponhamos que um das empresas, a empresa A, esteja decidindo
se reduzira´ ou aumentara´ o prec¸o para assim elevar as vendas
Para tomar essa decisa˜o, ela precisa saber de que forma as vendas
reagira˜o a uma variac¸a˜o de prec¸o
Ou seja, a empresa A precisa ter uma ide´ia da curva de demanda
com que se defronta, em comparac¸a˜o a` curva de demanda do
mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 34 / 106
Poder de monopo´lio
Em geral, essa curva de demanda DA da empresa A e´ muito mais
elastica do que a curva da demanda do mercado em virtude da
concorreˆncia das demais empresas
Aumentando o prec¸o, alguns consumidores podem passar a
adquirir escovas dos dentes das empresas
As vendas na˜o sera˜o reduzidas a zero, como ocorreria em um
mercado competitivo
As escovas da empresa A podem ser um pouco diferentes e alguns
consumidores estara˜o dispostos a pagar um pouco mais
As outras empresas tambe´m podem elevar os prec¸os
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 35 / 106
Exemplo de curva de demanda da empresa A
Ao prec¸o de $1,50 a elasticidade e´ −6
A empresa pode prever que ao elevar o prec¸o de $1,50 para $1,60,
as vendas caira˜o de 5.000 para 3.000
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 36 / 106
Poder de monopo´lio
Poder de monopo´lio
A empresa A provavelmente se defrontara´ com uma curva de demanda
mais ela´stica do que a curva da demanda do mercado, que na˜o chega,
pore´m, a ser infinitamente ela´stica, como e´ o caso da curva com que se
defronta uma empresa que atue em um mercado perfeitamente
competitivo
Embora uma empresa na˜o seja monopolista, ela pode ter poder de
monopo´lio. Isso suscita duas questo˜es
1 De que maneira podemos medir o poder de monopo´lio para
comparar as empresas entre si?
2 Quais sa˜o as fontes de poder de monopo´lio e por que raza˜o
algumas empresas teˆm maior poder de monopo´lio do que outras?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 37 / 106
Mensurac¸a˜o do poder de monopo´lio
Para a empresa competitiva, o prec¸o e´ igual ao custo marginal
Para a empresa com poder de monopo´lio, o prec¸o pode ser
superior ao custo marginal
I´ndice de Lerner de Poder de Monopo´lio
Medida do poder de monopo´lio calculada como o excesso do prec¸o
sobre o custo marginal como uma frac¸a˜o do prec¸o
L =
P − CMg
P
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 38 / 106
I´ndice de Lerner de Poder de Monopo´lio
L =
P − CMg
P
Quanto maior for L, maior sera´ o grau de poder de monopo´lio
Para uma empresa perfeitamente competitiva, temos L = 0
Lembra que temos
L =
1
−Ed
onde Ed e´ a elasticidade da curva da demanda da empresa ena˜o
da curva da demanda do mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 39 / 106
Regra pra´tica para a determinac¸a˜o de prec¸os
E´ mais dif´ıcil estimar a elasticidade da demanda da empresa do
que a do mercado
Pois a empresa precisa levar em considerac¸a˜o a maneira pela qual
os concorrentes podera˜o reagir a`s suas variac¸o˜es de prec¸o
O administrador deve fazer uma estimativa de qual sera´ a prova´vel
variac¸a˜o percentual das unidades vendidas pela empresa resultante
de uma variac¸a˜o de 1% no prec¸o cobrado pela empresa
Essa estimativa pode ser baseada em um modelo formal ou enta˜o
na intuic¸a˜o e experieˆncia do administrador
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 40 / 106
Regra pra´tica para a determinac¸a˜o de prec¸os
O markup sera´ pequeno (a empresa tem pouco poder de mercado) se a
elasticidade da demanda da empresa for grande
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 41 / 106
Regra pra´tica para a determinac¸a˜o de prec¸os
O markup sera´ grande (a empresa tem considera´vel poder de mercado)
se a elasticidade da demanda da empresa for pequena
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 42 / 106
Prec¸o de markup: supermercados e jeans de marca
Embora a elasticidade da demanda do mercado de alimentos seja
pequena (cerca de −1)
os supermercados na˜o poderiam elevar unilateralmente os prec¸os
sem que viesse a perder muitos consumidores para outras lojas
Consequentemente, a elasticidade da demanda para um u´nico
supermercado em geral atinge o elevado valor de −10
O administrador de um supermercado t´ıpico deve determinar os
prec¸os cerca de 11% acima do custo marginal
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 43 / 106
Prec¸o de markup: supermercados e jeans de marca
Pequenas lojas de convenieˆncia normalmente cobram prec¸os mais
elevados do que os supermercados porque os clientes sa˜o
geralmente menos sens´ıveis ao prec¸o
Como a elasticidade da demanda de uma loja de convenieˆncia e´ de
aproximadamente −5, a equac¸a˜o do markup implica prec¸os cerca
de 25% acima do custo marginal
No caso dos jeans de marca, elasticidades da demanda na faixa de
−2 a −3 sa˜o t´ıpicas para as mais famosas
Isso significa que o prec¸o deve ficar 50% a 100% acima do custo
marginal
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 44 / 106
Prec¸os no varejo de fitas de v´ıdeo e DVDs
Na de´cada de 1980, o mercado para locac¸a˜o e venda de fitas de v´ıdeo
apresentou um ra´pido crescimento
Entretanto, os produtores encontraram dificuldades para decidir o prec¸o
que deveriam cobrar para suas fitas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 45 / 106
Prec¸os no varejo de fitas de v´ıdeo e DVDs
Como o mercado era novo, os produtores na˜o dispunham de boas
estimativas para a elasticidade da demanda
Portanto, baseavam os prec¸os em palpites ou na tentativa e erro
A` medida que o mercado amadurecia, informac¸o˜es de vendas e
estudos baseados em pesquisas de mercado possibilitavam que as
deciso˜es de prec¸o fossem tomadas com base em dados mais
rigorosos
No in´ıcio da de´cada de 1990, a maioria dos produtores havia
reduzido o prec¸o de todos os t´ıtulos
Em 2007, os prec¸os dos DVDs giravam em torno de $20
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 46 / 106
Vendas de fitas de v´ıdeo e DVDs
Entre 1990 e 1998, prec¸os mais baixos induziram os consumidores a
comprar muito mais fitas de v´ıdeo
Em 2001, as vendas de DVDs superaram as vendas de fitas de v´ıdeos
Os DVDs de alta definic¸a˜o chegaram ao mercado em 2006 e espera-se
que suas vendas superem a dos DVDs convencionais
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 47 / 106
Fontes do poder de monopo´lio
Treˆs fatores determinam a elasticidade da demanda de uma empresa:
1 A elasticidade da demanda de mercado: como a demanda da
pro´pria empresa sera´ pelo menos ta˜o ela´stica quanto a demanda do
mercado, a elasticidade da demanda do mercado limita o potencial
de poder de monopo´lio
2 O nu´mero de empresas atuando no mercado: se existirem muitas
empresas, sera´ pouco prova´vel que qualquer uma delas tenha
possibilidade de influenciar significativamente no prec¸o de mercado
3 A interac¸a˜o entre as empresas: Mesmo que apenas duas ou treˆs
empresas estejam atuando no mercado, nenhuma delas tera´
possibilidade de elevar o prec¸o com lucro caso exista uma agressiva
concorreˆncia entre elas, com cada empresa procurando capturar a
maior fatia poss´ıvel de mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 48 / 106
A elasticidade da demanda de mercado
Se houver apenas uma empresa – uma monopolista pura –, a curva
da demanda sera´ a curva da demanda do mercado
Como a demanda do petro´leo e´ razoavelmente inela´stica (pelo
menos no curto prazo), a Opep conseguiu aumentar os prec¸os
muito acima do custo marginal de produc¸a˜o durante a de´cada de
1970 e princ´ıpio da de´cada de 1980
Como a demanda de mercadorias como cafe´, cacau, estanho e
cobre e´ muito mais ela´stica, as tentativas dos produtores de formar
carte´is para esses mercados e elevar prec¸os foram muito mal
sucedidas
Em todos esses casos, a elasticidade da demanda do mercado limita
o potencial do poder de monopo´lio de cada um dos produtores
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 49 / 106
O nu´mero de empresas
Quanto mais empresas competirem entre si, maiores sera˜o as
dificuldades encontradas por elas para aumentar prec¸os e evitar a
perda de vendas para concorrentes
O que interessa na˜o e´ apenas o nu´mero total de empresas, mas o
nu´mero de concorrentes importantes – isto e´, empresas que deteˆm
significativas fatias do mercado
Quando apenas algumas empresas sa˜o responsa´veis pela maior
parte das vendas que ocorrem em um mercado, dizemos que ele e´
altamente concentrado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 50 / 106
O nu´mero de empresas
Quando apenas algumas empresas atuam em determinado
mercado, os administradores prefiram que nenhuma nova empresa
entre nesse mercado
Um aumento no nu´mero de empresas pode apenas reduzir o poder
de monopo´lio de cada uma das atuantes
Um importante aspecto da estrate´gia competitiva e´ a identificac¸a˜o
de meios que possam atuar como barreiras a` entrada
Barreiras a` entrada
Condic¸a˜o que impede a entrada de novos concorrentes
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 51 / 106
Barreiras a` entrada
Uma empresa pode possuir um patente da tecnologia necessa´ria
para a produc¸a˜o de determinado produto
O direito autoral pode limitar a uma empresa as vendas de um
livro, de uma mu´sica ou de um software
Uma licenc¸a governamental pode evitar que novas empresas
entrem em mercados como o de servic¸os tefefoˆnicos, transmisso˜es
de televisa˜o ou transporte rodovia´rio interestadual
As economias de escala podem ser ta˜o grandes que se torna mais
eficiente que apenas uma empresa – monopo´lio natural – abastec¸a
o mercado inteiro
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 52 / 106
A interac¸a˜o entre as empresas
Competic¸a˜o agressiva
As empresas podem competir agressivamente entre si, procurando
vender abaixo do valor da concorreˆncia para obter fatias adicionais
do mercado
Isso deve fazer com que os prec¸os caiam a n´ıveis quase
competitivos.
Cooperac¸a˜o
As empresas podem estar agindo em conluio (violando a legislac¸a˜o
antitruste), concordando em limitar os n´ıveis de produc¸a˜o e
aumentar prec¸os
O aumento coordenado de prec¸os pelas empresas,em vez de um
aumento individual, apresenta maiores probabilidades de lucro
Sendo assim, a unia˜o das empresas pode gerar um substancial
poder de monopo´lio
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 53 / 106
Custos sociais do poder de monopo´lio
Sera´ que o poder de monopo´lio melhora ou piora o bem-estar dos
consumidores e produtores em conjunto?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 54 / 106
Peso morto decorrente do poder de monopo´lio
O prec¸o e quantidade competitivos sa˜o Pc e Qc
O prec¸o e quantidade de monopo´lio sa˜o Pm e Qm
O retaˆngulo e os triaˆngulos sombreados mostram as alterac¸o˜es
ocorridas nos excedentes do consumidor e do produtor
Em consequ¨eˆncia do prec¸o mais alto, os consumidores perdem
A+B e o produtor ganha A− C
O peso morto e´ B + C
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 55 / 106
Regulamentac¸a˜o de prec¸os
Na pra´tica, o custo social do poder de monopo´lio pode exceder o
peso morto B + C
A raza˜o e´ que a empresa se envolve no processo de captura de
renda (rent seeking)
Captura de renda (rent seeking)
Gastos com esforc¸os socialmente improdutivos para obter, manter ou
exercer o poder de monopo´lio
Atividades de lobby (e ate´ contribuic¸o˜es de campanha) para obter
a criac¸a˜o de leis governamentais que dificultem a entrada de
potenciais concorrentes
Propaganda e esforc¸os legais para evitar a legislac¸a˜o antitruste
Instalac¸a˜o e na˜o utilizac¸a˜o de capacidade produtiva adicional com
a finalidade de convencer potenciais concorrentes de que na˜o
conseguira˜o vender o suficiente para justificar a entrada no
mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 56 / 106
Exemplo
Em 1996, a Archer Daniels Midland Company (ADM) conseguiu,
por meio de lobby, que a administrac¸a˜o Bill Clinton
regulamentasse que o etanol (a´lcool et´ılico) usado no combust´ıvel
para carros fosse produzido do milho
O etanol e´ quimicamente o mesmo se produzido de milho, batata,
gra˜os ou qualquer outra coisa
Enta˜o por que estabelecer que seja produzido apenas do milho?
Porque a ADM tinha quase o monopo´lio da produc¸a˜o de etanol
vinda do milho, assim a regulamentac¸a˜o aumentaria os ganhos
gerados pelo poder de monopo´lio
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 57 / 106
Regulamentac¸a˜o de prec¸os
Na˜o havendo intervenc¸a˜o governamental, o monopolista produzira´
a quantidade Qm e cobrara´ o prec¸o Pm
Quando o governo impo˜e um prec¸o ma´ximo, P1, as receitas me´dia
e marginal sa˜o constantes e iguais a P1 para n´ıveis de produc¸a˜o
ate´ Q1
Para volumes maiores de produc¸a˜o, sa˜o va´lidas as curvas originais
de receita me´dia e receita marginal
A nova curva de receita marginal e´ representada pela linha preta
que cruza com a curva de custo marginal em Q1
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 58 / 106
Regulamentac¸a˜o de prec¸os
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 59 / 106
Regulamentac¸a˜o de prec¸os
Quando o prec¸o e´ reduzido para Pc, no ponto em que a curva do
custo marginal cruza com a curva de receita me´dia, o n´ıvel de
produc¸a˜o eleva-se ao ponto ma´ximo, Qc
Esse n´ıvel de produc¸a˜o seria obtido em um setor competitivo
Uma reduc¸a˜o no prec¸o para P3 resultaria na diminuic¸a˜o do n´ıvel
de produc¸a˜o para Q3 e ocasionaria uma escassez igual a Q
′
3 −Q3
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 60 / 106
Regulamentac¸a˜o de prec¸os
A regulamentac¸a˜o de prec¸os e´ mais frequentemente posta em
pra´tica em relac¸a˜o a monopo´lios naturais, como empresas de
servic¸os pu´blicos regionais
Monopo´lio natural
Empresa que tem capacidade de produc¸a˜o para todo o mercado com
um custo menor ao que existiria caso houvesse va´rias empresas
Uma empresa e´ um monopo´lio natural porque apresenta
economias de escala (custo me´dio e custo marginal decrescentes)
para toda a produc¸a˜o
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 61 / 106
Monopo´lio natural
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 62 / 106
Monopo´lio natural
Se na˜o estivesse regulamentada, a empresa produziria Qm e
venderia pelo prec¸o Pm
Se o prec¸o regulamentado fosse Pc, a empresa perderia dinheiro e
encerraria as atividades
O prec¸o Pr possibilita o maior n´ıvel de produc¸a˜o poss´ıvel, coerente
com a permaneˆncia da empresa no mercado; o lucro excedente e´
zero
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 63 / 106
Regulamentac¸a˜o na pra´tica
Para um monopo´lio natural, o prec¸o mı´nimo via´vel encontra-se no
ponto em que as curvas do custo me´dio e da demanda se cruzam
Na pra´tica, e´ dif´ıcil a determinac¸a˜o exata desses prec¸os
Consequentemente, a regulamentac¸a˜o de um monopo´lio pode se
basear na taxa de retorno sobre o capital investido
Regulamentac¸a˜o da taxa de retorno
O prec¸o ma´ximo permitido por um o´rga˜o regulamentador baseia-se na
taxa de retorno esperada que uma empresa pode obter
O regulador define um prec¸o para o qual a taxa de retorno e´ de
certa forma “competitiva” ou “razoa´vel”
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 64 / 106
Regulamentac¸a˜o da taxa de retorno
Fo´rmula frequentemente usada por reguladores:
P = CVMe + (D + T + sK)/Q
onde D e´ a depreciac¸a˜o, T e´ o imposto, K o estoque de capital da
empresa e s e´ a taxa de retorno permitida
As dificuldades na obtenc¸a˜o de acordo sobre um conjunto de
nu´meros para uso nos ca´lculos da taxa de retorno quase sempre
resultam em atrasos na regulamentac¸a˜o, consequeˆncia das
variac¸o˜es de custo e de outras condic¸o˜es do mercado
O resultado e´ o atraso na regulamentac¸a˜o – per´ıodos de um ano ou
mais sa˜o geralmente vinculados a` modificac¸a˜o de prec¸os
regulamentados
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 65 / 106
Monopsoˆnio
Monopsoˆnio
Mercado que possui um u´nico comprador
Oligopsoˆnio
Mercado com poucos compradores
Um ou apenas alguns compradores podera˜o ter poder de monopsoˆnio
Poder de monopsoˆnio
Capacidade de determinados compradores de influir no prec¸o de uma
mercadoria
O poder de monopsoˆnio possibilita ao comprador adquirir a mercadoria
por valor inferior ao prec¸o que prevaleceria em um mercado competitivo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 66 / 106
Monopsoˆnio
Como determinar a quantidade de uma mercadoria a ser adquirida
Princ´ıpio marginal: mantenha as compras enquanto o custo de
uma unidade e´ menor do que a utilidade adicional obtida
Valor marginal
Benef´ıcio adicional derivado da compra de mais uma unidade de um
produto
A curva de valor marginal e´ a curva de demanda individual da
mercadoria
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 67 / 106
Monopsoˆnio
Despesa marginal
Custo adicional da compra de mais uma unidade de um produto
Essa despesa dependera´ de o consumidor ser um comprador
competitivo ou com poder de monopsoˆnio
Para o comprador competitivo, as despesas marginal (DMg) e
me´dia (DMe) sa˜o constantes e iguais ao prec¸o P ?
a quantidade adquirida e´ determinada igualando-se o prec¸o ao
valor marginal (demanda)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 68 / 106
Comprador e vendedor competitivos
Comprador competitivo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 69 / 106
Comprador e vendedor competitivos
Vendedor competitivo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 70/ 106
Comprador monopsonista
Consider um monopsonista, u´nico comprador da mercadoria
Ele deve escolher a quantidade a adquirir para maximizar o
benef´ıcio l´ıquido
BL(Q) ≡ V (Q)−D(Q)
onde V (Q) e´ o valor para o comprador e D(Q) e´ a despesa
Quando o benef´ıcio l´ıquido em maximizado em Q? temos
VMg(Q?) = DMg(Q?)
A curva da oferta do mercado e´ a curva da despesa me´dia, DMe,
do monopsonista
Como a curva da despesa me´dia e´ ascendente, a curva da despesa
marginal esta´ situada acima dela
DMg =
∆[P (Q)Q]
∆Q
= P (Q) +Q(∆P/∆Q)
onde Q 7→ P (Q) e´ a curva da oferta do mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 71 / 106
Comprador monopsonista
A quantidade o´tima do monopsonista Q?m encontra-se na
intersecc¸a˜o das curvas da demanda e da despesa marginal
O prec¸o pago por ele e´ encontrado por meio da curva da oferta
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 72 / 106
Analogia entre monopsoˆnio e monopo´lio
Monopolista
O monopolista pode cobrar um prec¸o P ? acima do custo marginal
A quantidade o´tima e´ encontrada igualando-se o custo marginal a`
receita marginal
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 73 / 106
Analogia entre monopsoˆnio e monopo´lio
Monopsonista
O monopsonista pode adquirir a mercadoria por um prec¸o P ? abaixo do
valor marginal
A quantidade o´tima e´ encontrada igualando-se o valor marginal a`
despesa marginal
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 74 / 106
O poder de monopsoˆnio depende da elasticidade da
oferta
Quando a oferta e´ ela´stica, a DMg e a DMe na˜o apresentam muita diferenc¸a,
de tal modo que o prec¸o se aproxima daquele que seria praticado em um
mercado competitivo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 75 / 106
O poder de monopsoˆnio depende da elasticidade da
oferta
Quando a oferta e´ inela´stica, a reduc¸a˜o do prec¸o sera´ grande e o comprador
possuira´ grande poder de monopsoˆnio
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 76 / 106
Fontes do poder de monopsoˆnio
1 Elasticidade da oferta do mercado
2 Nu´mero de compradores
3 Interac¸a˜o entre os compradores
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 77 / 106
Fontes do poder de monopsoˆnio
Elasticidade da oferta do mercado
Se houver apenas um comprador atuando no mercado – um
monopsonista puro –, o poder de monopsoˆnio sera´ totalmente
determinado pela elasticidade da oferta do mercado
Se a oferta for altamente ela´stica, o poder de monopsoˆnio sera´
pequeno e havera´ pouco benef´ıcio em ser o u´nico comprador
Nu´mero de compradores
Quando a quantidade de compradores e´ muito grande, nenhum
deles tem, individualmente, muita influeˆncia sobre o prec¸o
Portanto, cada comprador se defronta com uma curva de oferta
(individual) extremamente ela´stica, de forma que o mercado e´
quase completamente competitivo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 78 / 106
Fontes do poder de monopsoˆnio
Interac¸a˜o entre os compradores
Se quatro compradores competirem agressivamente entre si,
elevara˜o o prec¸o ate´ quase o valor marginal do produto,
significando que tera˜o pouco poder de monopsoˆnio
Por outro lado, se competirem menos agressivamente, ou ate´ se
unirem, os prec¸os na˜o apresentara˜o muita elevac¸a˜o, e o grau de
poder de monopsoˆnio podera´ ser quase ta˜o alto quanto se existisse
apenas um comprador atuando no mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 79 / 106
Custos sociais do poder de monopsoˆnio
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 80 / 106
Custos sociais do poder de monopsoˆnio
O retaˆngulo e os triaˆngulos sombreados representam as variac¸o˜es
dos excedentes do consumidor e do produtor quando se passa do
prec¸o competitivo e da quantidade competitiva, Pc e Qc, para o
prec¸o e a quantidade monopsonistas, Pm e Qm
Em decorreˆncia de tanto o prec¸o como a quantidade serem
menores, ocorre um aumento no excedente do comprador
(consumidor), representado por A−B
A queda do excedente do produtor e´ representada por A+ C
Portanto, ocorre um peso morto representado por B + C
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 81 / 106
Monopo´lio bilateral
Monopo´lio bilateral
Mercado que possui apenas um vendedor e um comprador
O que ocorre nesse caso? E´ dif´ıcil dizer
Tanto o comprador como o vendedor encontram-se em condic¸o˜es
de barganhar
Na˜o existe uma regra simples que possibilite a determinac¸a˜o de
qual das duas partes podera´ se sair melhor na barganha
Uma parte podera´ dispor de mais tempo e pacieˆncia
Uma parte podera´ mostrar-se capaz de convencer a outra de que
encerrara´ as negociac¸o˜es caso o prec¸o esteja demasiadamente baixo
ou alto
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 82 / 106
Monopo´lio bilateral
O monopo´lio bilateral e´ raro
Sa˜o mais comuns os mercados em que alguns produtores teˆm
algum poder de monopo´lio e vendem para alguns produtores que
possuem algum poder de monopsoˆnio
Nesse caso poder´ıamos aplicar um princ´ıpio simples: o poder de
monopsoˆnio e o poder de monopo´lio tendem a se contrabalanc¸ar
O poder de monopsoˆnio dos compradores diminuira´ o poder de
monopo´lio efetivo dos vendedores, e vice-versa
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 83 / 106
Poder de monopsoˆnio na indu´stria norte-americana
O papel do poder de monopsoˆnio foi investigado de modo a
determinar a extensa˜o em que as variac¸o˜es de margens poderiam
ser atribu´ıdas a`s variac¸o˜es do poder de monopsoˆnio
O estudo revelou que o poder de monopsoˆnio dos compradores
tinha um importante efeito sobre as margens dos vendedores
Nos setores em que a totalidade ou a quase totalidade das vendas e´
absorvida por apenas quatro ou cinco compradores, as margens de
prec¸o-custo dos vendedores seriam ate´ 10% mais baixas do que em
setores compara´veis com centenas de compradores gerando vendas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 84 / 106
Poder de monopsoˆnio na indu´stria norte-americana
Os grandes fabricantes de automo´veis nos Estados Unidos
adquirem normalmente determinada autopec¸a de pelo menos treˆs
e, frequentemente, de ate´ uma du´zia de fornecedores
Para determinadas pec¸as espec´ıficas, uma empresa automobil´ıstica
podera´ ser a u´nica compradora
Consequentemente, as empresas automobil´ısticas possuem
considera´vel poder de monopsoˆnio
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 85 / 106
Limitac¸a˜o do poder de mercado
O poder de mercado reduz a produc¸a˜o, o que gera perdas
O poder de mercado tambe´m ocasiona problemas de equidade e
e´tica: se uma empresa possui um significativo poder de monopo´lio
(justificado?), estara´ lucrando a` custa dos consumidores
De que maneira a sociedade pode limitar o poder de mercado?
Para monopo´lios naturais (empresas fornecedores de energia
ele´trica), uma regulamentac¸a˜o direta de prec¸os poder ser a
resposta
Legislac¸a˜o antitruste
Leis e regras proibindo ac¸o˜es que limitem, ou tenham possibilidade de
limitar, a concorreˆncia, por meio de restric¸o˜es a estruturas de mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 86 / 106
A legislac¸a˜o antitruste
A Sec¸a˜o 1 da Lei Sherman (lei aprovada em 1890 nos E.U.) pro´ıbe
contratos, combinac¸o˜es ou conspirac¸o˜es capazes de restringir o mercado
Exemplo de conduta ilegal
Acordo expl´ıcito entre produtores para restringir os respectivos n´ıveis
de produc¸a˜oe assim “fixar” o prec¸o acima do n´ıvel competitivo
Em 1996, a Archer Daniels Midland Company (ADM) e dois dos
maiores produtores de lisina (um aditivo de origem animal)
confessaram a fixac¸a˜o ilegal de prec¸os
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 87 / 106
A legislac¸a˜o antitruste
Em 1999, quatro das maiores empresas farmaceˆuticas e qu´ımicas, a
Roche (Su´ıc¸a), a BASF (Alemanha), a Rhoˆne-Poulenc (Franc¸a) e
a Takeda (Japa˜o) foram acusadas pelo Departamento de Justic¸a
norte-americano de tomar parte em uma conspirac¸a˜o mundial para
estabelecer os prec¸os de vitaminas vendidas nos Estados Unidos
Em 2002, o Departamento de Justic¸a norte-americano comec¸ou a
investigar a fixac¸a˜o de prec¸os de memo´rias de computador do tipo
DRAM (Dynamic Access Random Memory)
Em 2006, cinco fabricantes – Hynix, Infineon, Micron Technology,
Samsung e Elpida – foram acusados de participar de um esquema
internacional de fixac¸a˜o de prec¸os
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 88 / 106
Conduta paralela
Duas empresas na˜o teˆm necessariamente de se encontrar ou
conversar por telefone para que passem a infringir os termos da lei
antitruste
Conduta paralela
Forma impl´ıcita de coaliza˜o na qual uma empresa segue
consistentemente as atitudes tomadas por outra
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 89 / 106
A lei Sherman nos E.U.
A lei Sherman e´ aplica´vel nas empresas norte-americanas, mas
tambe´m nas empresas estrangeiras desde que envolvidas em
conspirac¸o˜es que possam afetar mercados nos E.U.
Os governos estrangeiros na˜o esta˜o sujeitos a essa lei (Opep)
As empresas norte-americanas podem estabelecer conluios com
respeito a`s exportac¸o˜es
A lei Webb-Pomerene (aprovada em 1918) permite fixac¸a˜o de
prec¸os e conluio em relac¸a˜o a`s exportac¸o˜es, contanto que os
mercados internos na˜o sejam afetados por tal conluio
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 90 / 106
Prec¸o predato´rio
A lei Clayton (aprovada em 1914) aponta va´rios tipos de pra´ticas
possivelmente anti-competitivas
Por exemplo, ela torna ilegal para uma empresa exigir que um
comprador ou locata´rio na˜o possa fazer aquisic¸o˜es de um
concorrente
Ela torna tambe´m ilegal o uso de prec¸o predato´rio
Prec¸o predato´rio
Pra´tica de estabelecer prec¸os que excluem a concorreˆncia e
desencorajam novas empresas a entrar no mercado, de tal modo que
sejam obtidos maiores lucros futuros
Uma firma reduz o prec¸o de venda de seu produto abaixo do seu custo,
incorrendo em perdas no curto prazo, objetivando eliminar rivais do mercado
ou criar barreiras a` entrada de poss´ıveis competidores para, posteriormente,
quando os rivais sa´ırem do mercado, elevar os prec¸os novamente, obtendo,
assim, ganhos no longo prazo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 91 / 106
Leis antitruste no mundo
A lei Calyton pro´ıbe fuso˜es e aquisic¸o˜es quando “reduzem
substancialmente a competic¸a˜o” ou “tendem a criar um
monopo´lio”
As leis antitruste norte-americanas sa˜o implementadas de treˆs
maneiras: Divisa˜o Antitruste do Ministe´rio da Justic¸a, processos
administrativos da Comissa˜o Federal do Come´rcio (FTC),
processos privados
A responsabilidade de implementac¸a˜o das leis antitruste na
Europa nos casos que envolvam dois ou mais Estados-membros
cabe a uma u´nica entidade – a Comissa˜o Europeia
Dentro de cada Estado-membro, autoridades antitruste distintas e
independentes cuidam dos assuntos que afetam, em maior parte ou
inteiramente, seu pa´ıs em particular
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 92 / 106
A pol´ıtica antitruste no Brasil
A pol´ıtica antitruste no Brasil ainda e´ um fenoˆmeno relativamente
recente, ao contra´rio do que ocorre nos Estados Unidos onde e´
implementada desde o final do se´culo XIX
A pol´ıtica antitruste existe no Brasil desde os anos 60s, quando foi
institu´ıdo o Conselho Administrativo de Defesa da Concorreˆncia
(CADE), em 1962
A principal func¸a˜o do CADE e´ intervir em situac¸o˜es relacionadas
com condutas anti-competitivas
O CADE, no entanto, so´ obteve os instrumentos e as func¸o˜es
atuais com a publicac¸a˜o em 1994 da Lei Antitruste (Lei 8.884/94),
tambe´m conhecida como Lei da Concorreˆncia, a qual o
transformou em um organismo moderno de controle de estruturas
e de condutas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 93 / 106
A pol´ıtica antitruste no Brasil
O CADE tem o poder para na˜o somente determinar a cessac¸a˜o de
uma pra´tica considerada anti-competitiva, como tambe´m aplicar
multas e autorizar determinados atos que conduzam a`
concentrac¸a˜o em determinado mercado
As investigac¸o˜es e a instituic¸a˜o de processos sa˜o de
responsabilidade da Secretaria de Direito Econoˆmico (SDE), o´rga˜o
esse subordinado ao Ministe´rio da Justic¸a
O organismo responsa´vel por pareceres econoˆmicos em relac¸a˜o aos
casos que esta˜o sendo analisados e´ a Secretaria de
Acompanhamento Econoˆmico (SEAE), a qual e´ subordinada ao
Ministe´rio da Fazenda
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 94 / 106
Um telefonema sobre prec¸os
Em 21 de fevereiro de 1982, Robert Crandall, presidente e CEO da American
Airlines, telefonou a Howard Putnam, presidente e principal executivo da
Braniff. O dia´logo mantido foi o seguinte
C Sabe, acho uma idiotice estarmos sentados aqui nos batendo feito
@!#$%&! sem ganhar centavo algum por essa @!#$%&!
P Bem ...
C O que quero dizer, voceˆ sabe, e´ @!#$%&!, qual e´ o objetivo de tudo isto?
P Mas se voceˆ esta´ “cobrindo” cada rota que a Braniff dete´m com cada
uma das rotas da American – eu na˜o posso apenas ficar sentado aqui e
permitir que voceˆ acabe com a gente sem darmos o troco
C Claro, mas a Eastern e a Delta fazem a mesma coisa em Atlanta, e tem
sido assim ha´ anos
P Voceˆ tem alguma sugesta˜o para me dar?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 95 / 106
Um telefonema sobre prec¸os
C Sim, tenho. Aumente em 20% o prec¸o de suas malditas passagens que eu
aumentarei as minhas no dia seguinte
P Robert, no´s ...
C Voceˆ vai ganhar mais dinheiro e eu tambe´m
P No´s na˜o podemos conversar a respeito de prec¸os!
C Ah, @!#$%&!, Howard. No´s podemos conversar a respeito de qualquer
coisa que quisermos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 96 / 106
Um telefonema sobre prec¸os
Crandall estava enganado. Os executivos de empresas na˜o podem
conversar sobre qualquer coisa que queiram
Conversar a respeito de prec¸os e concordar em acerta´-los constitui
uma clara infrac¸a˜o a` Sec¸a˜o 1 da Lei Sherman
No entanto, propor um acerto de prec¸os na˜o e´ suficiente para que
se constitua uma infrac¸a˜o a` Sec¸a˜o 1 da Lei Sherman
Para que se configure a infrac¸a˜o da lei, as duas partes devem
concordar
Portanto, como Putnam rejeitou a proposta feita por Crandall,
na˜o houve infrac¸a˜o nos termos da Sec¸a˜o 1
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 97 / 106
Os E.U. conta a Microsoft
No fim dos anos 90, a Microsoft cresceu vertiginosamente e se
tornou a maior empresa de software do planeta
O Windows dominava 94% do mercado mundial de OS de PCs
A Microsoft dominou tambe´m o mercado de informa´tica para
escrito´rios com programas que elevam a produtividade
O Office detinha mais de 95% do mercado em 2006
Questa˜o
Esse sucesso deveu-se a` tecnologia criativa da empresa e seu CEO,
Bill Gates?
Ou tem algo errado como por exemplo esforc¸os da empresa para
manter irregularmente os monopo´lios?
O governo dos E.U. afirma que sim; a Microsoft discorda
VictorFilipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 98 / 106
Os E.U. conta a Microsoft
Em outubro de 1998, a Divisa˜o Antitruste do Departamento da
Justic¸a norte-americana (DOJ) abriu um processo judicial
O processo terminou em junho de 1999
I Segundo a corte, a Microsoft realmente exercia poder de monopo´lio
no mercados dos OS
I A empresa havia encarado a Netscape como uma ameac¸a e havia
posto em marcha uma serie de ac¸o˜es anti-competitivas
Somente no in´ıcio de 2003 o governo norte-americano e a Microsoft
firmaram um acordo
Em 2004, a Comissa˜o Europeia ordenou que a empresa pagasse
$600 milho˜es em multas por pra´ticas anti-competitivas e
produzisse uma versa˜o padra˜o do Windows sem o Windows Media
Player
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 99 / 106
Resumo 1.
Poder de mercado e´ a capacidade que os vendedores ou compradores
podem ter de exercer influeˆncia no prec¸o de uma mercadoria
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 100 / 106
Resumo 2.
Ha´ duas modalidades de poder de mercado
Quando os vendedores cobram prec¸o acima do custo marginal
dizemos que eles teˆm poder de monopo´lio, o qual se mede pela
proporc¸a˜o a` qual o prec¸o ultrapassa o custo marginal
Quando os compradores podem obter prec¸os abaixo do valor
marginal atribu´ıdo a` mercadoria, afirmamos que eles teˆm poder de
monopsoˆnio, o qual se mede pela proporc¸a˜o a` qual o valor
marginal ultrapassa o prec¸o
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 101 / 106
Resumo 3.
O poder de monopo´lio e´ determinado em parte pelo nu´mero de
empresas que competem no mercado
Caso exista apenas uma empresa – um monopo´lio puro –, o poder
de monopo´lio dependera´ inteiramente da elasticidade da demanda
o mercado
Quanto menor for a elasticidade da demanda, maior sera´ o poder
de monopo´lio da empresa
Quando existirem diversas empresas, o poder de monopo´lio
tambe´m dependera´ de como as empresas interagem entre si
Quanto mais agressiva for a competic¸a˜o entre elas, menor sera´ o
poder de monopo´lio de cada empresa
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 102 / 106
Resumo 4.
O poder de monopsoˆnio e´ determinado em parte pelo nu´mero de
compradores que atuam no mercado
Se existir apenas um comprador – um monopsoˆnio puro –, o poder
de monopsoˆnio dependera´ da elasticidade da oferta do mercado
Quanto menor for a elasticidade da oferta, maior sera´ o poder de
monopsoˆnio do comprador
Quando existirem diversos compradores atuando, o poder de
monopsoˆnio tambe´m dependera´ de qua˜o agressivamente os
compradores competem entre si pelos suprimentos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 103 / 106
Resumo 5.
O poder de mercado pode impor custos a` sociedade
Tanto o poder de monopo´lio como o poder de monopsoˆnio
resultam em n´ıveis de produc¸a˜o abaixo do n´ıvel de produc¸a˜o
competitivo, havendo, portanto, um peso morto de excedentes de
consumidor e de produtor
Pode haver custos sociais adicionais devido a` captura de renda
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 104 / 106
Resumo 6.
Ha´ casos em que economias de escala tornam o monopo´lio puro
deseja´vel
Entretanto, o governo ainda estara´ disposto a regulamentar o
prec¸o para poder maximizar o bem-estar social
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 105 / 106
Resumo 7.
De forma geral, dependemos da legislac¸a˜o antitruste apara evitar que
as empresas acumulem excessivo poder de mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 106 / 106

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