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2019 MicroeconoMia ii Profª. Carla Eunice Gomes Correa Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Profª. Carla Eunice Gomes Correa Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: C824m Correa, Carla Eunice Gomes Correa Microeconomia II. / Carla Eunice Gomes Correa. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 187 p.; il. ISBN 978-85-515-0264-8 1.Microeconomia – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 338.5 III apresentação Olá, caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Microeconomia II. Anteriormente, você já tomou conhecimento de alguns temas que a microeconomia estuda. Partindo desse pressuposto, este livro de estudos foi desenvolvido com o objetivo de dar subsídios a esta disciplina. Na Unidade 1, estudaremos as estruturas de mercado existentes e as estratégias competitivas de mercado. No Tópico 1, estudaremos as estruturas de mercado da concorrência perfeita e o monopólio. No Tópico 2, estudaremos os modelos de concorrência imperfeita, que compreende o oligopólio e a concorrência monopolística. Além disso, compreenderemos a teoria dos jogos e como ela é aplicada nas grandes decisões estratégicas. No Tópico 3, estudaremos as estruturas de mercado voltadas ao mercado de fatores de produção. Na Unidade 2, vamos estudar o mercado de fatores de produção. Você deve se recordar de que os fatores de produção são essenciais para conseguirmos produzir bens e serviços que atendam às necessidades da população. Vamos compreender por que há uma diferenciação de salários entre as regiões, o papel dos sindicatos neste contexto, e por que muitas vezes demandamos mais mão de obra do que necessitamos. Também veremos como devemos tomar nossas decisões, quando precisamos investir na compra de equipamentos e quando é mais viável contratar mais pessoas. Na Unidade 3, vamos abordar as externalidades, bens públicos e meio ambiente. Ao instalarmos uma empresa em determinado local poderemos ter externalidades positivas à sociedade, mas também negativas, tanto para as pessoas como para o meio ambiente, e vamos compreender como estas externalidades influenciam o mercado. Além disso, veremos qual é o papel do governo na regulação das externalidades. Estudaremos sobre os bens públicos, aqueles que são fornecidos à população por parte do governo e que também possuem custos. E, por último, vamos verificar como se dá a relação economia e meio ambiente nos dias atuais. Esperamos que você possa aproveitar muito os temas que serão tratados no decorrer das unidades deste livro de estudos, pois serão muito úteis no processo de tomada de decisão dos economistas dentro das organizações, bem como ajudará você, acadêmico, a refletir sobre os principais problemas econômicos, sociais e ambientais que enfrentamos em nosso dia a dia. Bons estudos! Profª. Carla Eunice Gomes Correa IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ...............1 TÓPICO 1 – CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO ........................................................3 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................3 2 CONCEITO DE MERCADO E ESTRUTURA DE MERCADO .................................................3 3 MODELO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA ................................................................................5 3.1 FUNCIONAMENTO DO MODELO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA ..............................10 3.2 ENTRADAS E SAÍDAS DE EMPRESAS NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA ..........................................................................................................................................12 3.3 COMPORTAMENTO DAS FIRMAS NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA NO CURTO E LONGO PRAZO .................................................................................14 4 MONOPÓLIO ......................................................................................................................................15 4.1 RECEITA MÉDIA E RECEITA MARGINAL DO MONOPOLISTA ........................................18 4.2 DECISÃO DE PRODUÇÃO DO MONOPOLISTA .....................................................................19 4.3 EQUILÍBRIO DE MERCADOS DE MONOPÓLIO ....................................................................22 4.4 DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO DO MONOPÓLIO....................................23 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................29 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................30 TÓPICO 2 – MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS .............................................................................31 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................31 2 OLIGOPÓLIO ......................................................................................................................................31 2.1 OLIGOPÓLIO DE CONLUIO ........................................................................................................33 2.2 MODELO DE CURVA DE DEMANDA QUEBRADA ..............................................................35 2.3 MODELO DE FIRMA DOMINANTE (LIDERANÇA DE PREÇO) ..........................................37 2.4 CARTEL ...........................................................................................................................................38 3 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA .........................................................................................39 4 TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS .......................................................................................42 5 EQUILÍBRIO DE NASH ......................................................................................................................43 6 LEI ANTITRUSTE E REGULAÇÃO ................................................................................................45 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................48RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................51 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................52 TÓPICO 3 – ESTRUTURAS DE MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO...........................53 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................53 2 MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO ..................................................................................53 2.1 CONCORRÊNCIA (QUASE) PURA E PERFEITA ......................................................................54 2.2 MONOPSÔNIO ...............................................................................................................................54 2.3 OLIGOPSÔNIO ...............................................................................................................................56 2.4 CONCORRÊNCIA MONOPSONISTA .........................................................................................58 2.5 MONOPÓLIO BILATERAL ...........................................................................................................58 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................60 suMário VIII RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................62 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................63 UNIDADE 2 – MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO E COMPETITIVIDADE ...........65 TÓPICO 1 – MERCADOS PARA OS FATORES DE PRODUÇÃO .............................................67 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................67 2 DEMANDA POR FATORES DE PRODUÇÃO .............................................................................68 2.1 DEMANDA POR FATORES NO CURTO PRAZO ..................................................................68 2.2 DEMANDA POR FATORES NO LONGO PRAZO .................................................................73 3 OFERTA POR FATORES DE PRODUÇÃO ...................................................................................75 3.1 OFERTA DE TRABALHO DE MERCADO ................................................................................77 3.2 OFERTA DE TRABALHO NO CURTO E LONGO PRAZO ...................................................80 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................82 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................83 TÓPICO 2 – DESIGUALDADE DE RENDA ...................................................................................85 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................85 2 DIFERENÇAS SALARIAIS NO MERCADO ................................................................................85 3 COMO MENSURAR A DESIGUALDADE ..................................................................................90 4 POLÍTICAS DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA ............................................................................98 4.1 UTILITARISMO ............................................................................................................................99 4.2 LIBERALISMO ..............................................................................................................................99 4.3 LIBERTARISMO ............................................................................................................................100 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................101 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................105 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................106 TÓPICO 3 – EFICIÊNCIA ECONÔMICA EM MERCADOS COMPETITIVOS ......................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107 2 O CONCEITO DE EFICIÊNCIA ECONÔMICA .........................................................................107 3 MELHORIAS DE PARETO ...............................................................................................................109 4 OS ELEMENTOS DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA ...................................................................110 5 EFICIÊNCIA ECONÔMICA E EQUIDADE .................................................................................115 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................118 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119 UNIDADE 3 – EXTERNALIDADES, BENS PÚBLICOS E MEIO AMBIENTE .........................121 TÓPICO 1 – ESTUDO DAS EXTERNALIDADES NA ECONOMIA ..........................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123 2 AS EXTERNALIDADES NA ECONOMIA ...................................................................................124 2.1 EXTERNALIDADES POSITIVAS ...............................................................................................125 2.2 EXTERNALIDADES NEGATIVAS .............................................................................................129 2.3 TEOREMA DE COASE ................................................................................................................133 2.4 RECURSOS DE PROPRIEDADE COMUM ..............................................................................135 2.5 FORMAS DE CORREÇÃO DAS FALHAS DE MERCADO ....................................................138 2.6 NÍVEL ÓTIMO DE POLUIÇÃO PERMITIDO ..........................................................................140 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................142 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................143 IX TÓPICO 2 – OS BENS PÚBLICOS E OS IMPOSTOS ...................................................................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 CONCEITO DE BENS PÚBLICOS ..................................................................................................145 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS SEGUNDO A RIVALIDADE E EXCLUSIVIDADE ...........149 2.2 EFICIÊNCIA DOS BENS PÚBLICOS .........................................................................................151 3 GOVERNO E IMPOSTOS ...............................................................................................................153 3.1 ALÍQUOTA MARGINAL E ALÍQUOTA MÉDIA DE IMPOSTOS ........................................156 3.2 IMPOSTOS SOBRE A RENDA ....................................................................................................157 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................158AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159 TÓPICO 3 – ECONOMIA E MEIO AMBIENTE ..............................................................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 APROXIMAÇÃO DOS TERMOS ECONOMIA E MEIO AMBIENTE ...................................161 3 MEIO AMBIENTE E TEORIAS ECONÔMICAS .........................................................................164 4 ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .........................................................166 5 MODELO DE VALORAÇÃO E TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL ................................................171 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................177 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................182 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................183 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................185 X 1 UNIDADE 1 ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • definir o que é um mercado; • compreender quais são as estruturas de mercados de bens e serviços; • discutir como as práticas ilegais de concorrência prejudicam o mercado; • compreender o papel dos órgãos governamentais frente à política da concorrência desleal; • entender o funcionamento da estrutura de mercado dos fatores de produção. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO TÓPICO 2 – MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS TÓPICO 3 – ESTRUTURAS DE MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 1 INTRODUÇÃO Anteriormente, na disciplina de Microeconomia I, você estudou o mercado de oferta e demanda em mercados competitivos. Nesta unidade vamos avançar, estudando como as firmas tomam a decisão do quanto devem produzir, tanto no mercado competitivo como em mercados não competitivos. Veremos que, embora pareça uma decisão fácil, trata-se de algo bem complexo, uma vez que o mercado é bastante dinâmico. No mercado encontramos desde as pequenas empresas, aquelas que não apresentam poder de mercado, ou seja, não influenciam no preço ofertado, até as dominantes do mercado, representadas por aquelas que apresentam poder de mercado e que conseguem realizar a manipulação de preço, dos canais de distribuição e praças de venda. Estudaremos as características de cada mercado e veremos que elas são essenciais para a sua diferenciação. Essa diferenciação se dá pelo grau de concentração, ou seja, pela quantidade de produtores e vendedores, a oferta de produtos iguais, semelhantes ou totalmente diferenciados e as barreiras impostas para que uma empresa venha a atuar em determinado mercado. Neste primeiro tópico estudaremos o mercado de concorrência perfeita, em que o poder das firmas na tomada de decisão é considerado nulo e o monopólio caracterizado pela presença de uma única empresa no mercado a ofertar determinado produto sem que haja produtos substitutivos. 2 CONCEITO DE MERCADO E ESTRUTURA DE MERCADO No decorrer de seus estudos, você já observou que muitas variáveis interferem na oferta e demanda de bens e serviços e, consequentemente, nas tomadas decisões das firmas em relação aos preços. Da mesma forma, vimos que se não houvesse nenhuma interferência, teríamos um mercado em equilíbrio. Mas você se lembra o que é um mercado? UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 4 NOTA O mercado é o local onde ocorre a interação entre a oferta e demanda de bens e serviços, assim como fatores de produção são trocados livremente entre as pessoas. Alguns mercados são lugares reais, como a padaria do seu Zé da esquina, o mercadinho do Sr. João ou a central de distribuição de hortifrutigranjeiros. Mas também tem os mercados, em que toda a negociação ocorre a distância, como o e-commerce, as negociações de jogadores de futebol, entre outros, ou ainda, as negociações de imóveis. Não importa, todos são mercados, pois existem dois agentes: os compradores e os vendedores de bens e serviços que interagem realizando a comercialização. Bem, podemos dizer que esse seria o modelo de mercado ideal, em que compradores e vendedores realizam as suas transações comerciais sem a interferência de ninguém. Mas não é tão simples assim, devido às interferências, nos deparamos com várias estruturas de mercados competitivos (concorrência perfeita e concorrência monopolística), como também as estruturas de mercados não competitivos (monopólio e oligopólio). Na Figura 1 você pode observar as estruturas de mercado de bens e serviços. Ela se divide em quatro estruturas: concorrência perfeita, concorrência monopolística, monopólio e oligopólio. FIGURA 1 – GRAU DE CONTROLE COMPETITIVO FONTE: A autora GRAU DE CONTROLEPequeno Elevado OligopólioMonopólioConcorrênciaMonopolística Concorrência Perfeita Entende-se por estruturas de mercado todas as características de um mercado que influenciam o comportamento dos compradores e vendedores quando estes se juntam para comercializar bens e serviços num mercado (HALL; LIEBERMAN, 2003). Mas para que se configure uma estrutura de mercado, de acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), é necessário observar três características básicas: TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 5 • Número de empresas no mercado. • Características dos produtos (homogeneidade e/ou substitutos próximos). • Existência de barreira de acesso ao mercado. Vamos iniciar nosso estudo analisando as estruturas de mercado de concorrência perfeita e o monopólio. 3 MODELO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA Antes de estudarmos o mercado de concorrência perfeita, que é uma das estruturas de mercados competitivos, é importante que você compreenda a aplicação do termo concorrência em economia. De forma geral, quando falamos em concorrência ou concorrente sempre nos remetemos à ideia de rivalidade entre duas pessoas, empresas ou mercados. Mas, na economia, o termo concorrência apresenta uma outra conotação: ela representa um mecanismo da organização dos mercados, ou seja, uma forma de determinar preços e quantidades de equilíbrio no mercado. O modelo de concorrência perfeita é o modelo chamado de ideal, em que os produtores, ou seja, a firma, não tem nenhum tipo de controle sobre os preços. Esse tipo de mercado é caracterizado principalmente pela presença de um grande número de pequenas empresas produzindo e ofertando produtos idênticos, sendo que nenhuma isoladamente tem poder de influenciar no preço ou na quantidade ofertada no mercado. A presença de uma quantidade expressiva de empresas faz com que estas sejam apenas tomadoras de preços. NOTA Um mercado de concorrência perfeita é aquele no qual existem muitos compradores e muitos vendedores, de forma que nenhum comprador ou vendedor individual exerce influência sobre o preço. Mas como identificar esse tipo de mercado? Para isso, algumas premissas se destacam, conforme descrito a seguir: UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 6 • Mercado atomizado: composto de grande número de empresas, como se fossem átomos. • Produtos homogêneos: entre os produtos ofertados não há uma diferenciação. • Não existem barreiras à entrada: os concorrentes não impõem nenhum tipode barreira para o ingresso de novas empresas neste mercado. • Transparência no mercado: são todas as informações sobre os lucros e preços, ou seja, todos os participantes do mercado conhecem as negociações realizadas. Afinal, quais são as empresas que mais conhecemos com as características descritas? Estas empresas estão bem próximas de nós, muitas vezes passam até despercebidas, mas são as que mais se aproximam do mercado: são as conhecidas feiras de hortifrutigranjeiros ou feiras livres. Quando vamos à feira, podemos observar que cada comerciante possui sua barraca ou espaço para comercializar seus produtos que são bem parecidos ou iguais. Não existem regras estabelecidas impedindo que novos feirantes venham a fazer parte do mercado, desde que haja espaço para expor seus produtos. Os preços praticados por eles estão expostos, escritos em tabloides ou em pequenas placas, e são colocados junto aos produtos, fazendo com que todos conheçam o preço que está sendo praticado. As negociações entre comerciantes e consumidores ocorrem no mesmo espaço, na frente de todos que participam do mercado, conforme mostra a figura a seguir: FIGURA 2 – MODELO DE MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA – FEIRA DE HORTIFRUTIGRANJEIROS FONTE: <https://incaper.es.gov.br/feira-de-iuna-30-anos>. Acesso em: 11 out. 2018. TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 7 IMPORTANT E Não existe um mercado tipicamente de concorrência perfeita, o que mais se aproxima destas características é o mercado de hortifrutigranjeiros. De acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), umas das características desse mercado é que no longo prazo não existem os lucros extraordinários, mas os chamados lucros normais. Isso ocorre porque o mercado é transparente e, com o aumento dos lucros a curto prazo, novas empresas irão compor o mercado. Como não existem barreiras para a entrada de empresas, a oferta de produtos aumentará e com isso o preço tende a cair, fazendo com que o lucro extraordinário a longo prazo chegue a zero. NOTA Lucros normais: “é o nível de lucro apenas suficiente para persuadir a empresa a permanecer no setor no longo prazo, mas não é alto suficiente para atrair novas empresas” (WALL, 2015, p. 150). Outro exemplo que podemos utilizar para demonstrar em qual mercado ocorre a concorrência perfeita é o das commodities agrícolas. NOTA Commodities agrícolas: é uma palavra derivada do inglês que significa mercadoria. Na economia, o termo é utilizado para designar produtos primários. Geralmente são produtos que possuem grande valor no mercado mundial e podem ser armazenados por um longo tempo. Enquadram-se nesta classificação os produtos provenientes do agronegócio, por exemplo: soja, milho, café, trigo, açúcar etc. Nesse sentido, um produtor rural que comercializa feijão, arroz ou soja, não se preocupa em determinar o preço de seus produtos, pois terá que vendê-lo a preço de mercado. Observe a figura a seguir, ela demonstra uma cotação do mercado de arroz no dia 7 de agosto de 2018, divulgada pelo site Notícias Agrícolas: UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 8 FIGURA 3 – COTAÇÃO DO PREÇO DO ARROZ NO MERCADO NACIONAL FONTE: <https://www.noticiasagricolas.com.br/cotacoes/arroz>. Acesso em: 11 out. 2018. Observe na figura que a cotação apresentada traz os preços praticados pelas cooperativas em vários municípios brasileiros. Podemos observar também que há variação entre esses preços, entretanto, sabemos que todo o produtor de arroz da região de Capivari do Sul/RS negociará seus produtos por intermédio da Coripil (Cooperativa de Rizicultura Pitangueiras), portanto o preço será de R$ 46,00 a saca de 50 kg. Já os produtores da região de Rio do Sul /SC negociam seus produtos através da Cravil (Cooperativa Agrícola do vale do Itajaí) e o preço praticado pelo mercado é de R$ 38,00 (por saca de 50 kg), ocorrendo dessa maneira com os demais. TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 9 DICAS Outra forma de acompanhar o preço de mercado dos produtos agrícolas é através dos indicadores CEPEA (Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada). Para saber mais, acesse: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br>. Lembre-se de que o fato de o mercado ser composto por várias empresas faz com que as compras e vendas individuais sejam insignificantes em relação ao volume de transações efetuadas neste mercado. Portanto, o mercado não é influenciado por nenhum dos consumidores ou produtores, colocando todos na posição de tomadores de preços, cujo poder de decisão está vinculado apenas às quantidades demandadas e ofertadas aos preços vigentes no mercado. “Incapaz de decidir sobre preço, resta à empresa competitiva definir apenas a quantidade a ser produzida e vendida em sua busca por maximização de lucro, decisão que depende do horizonte de tempo considerado” (CARVALHO, 2015, p. 189). IMPORTANT E Em um mercado perfeitamente competitivo, os compradores não percebem diferenças significativas entre os produtos de um vendedor ou de outro. Quando é possível identificar diferença entre os produtos, dizemos que este mercado não é perfeitamente competitivo. Podemos citar alguns produtos que não se encaixam no mercado perfeitamente competitivo, como café (o consumidor identifica diferença entre marcas), computadores, automóveis, instituições de ensino, atendimento de saúde ou, ainda, produtos que demandam de licenças para produção como os medicamentos. Estes não configuram um mercado perfeitamente competitivo. De acordo com Hall e Lieberman (2003), a entrada de empresas no mercado raramente é gratuita. Uma empresa sempre incorrerá de custos para montar seu negócio. Entretanto, no mercado perfeitamente competitivo a empresa não terá barreiras significativas que possam desestimular o empreendedor. Voltando, por exemplo, ao comércio agrícola, qualquer pessoa pode começar a produzir produtos agrícolas e vender no mercado sem nenhum problema, cabe a ela apenas ter experiência para fazer a produção. O empreendedor terá os mesmos custos que um produtor veterano possui. Assim, poderíamos citar vários tipos de negócios, como lanchonetes, mercearias, loja de roupas etc. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 10 Mas você dever estar se perguntando: Quais são os mercados que enfrentam barreiras de entrada no comércio? Em algumas atividades, o governo acaba colocando barreiras de acesso ao mercado, como por exemplo, o número de táxis licenciados para trabalhar em determinado ponto da cidade ou, ainda, devido aos planos diretores das cidades, que estabelecem como algumas empresas podem operar em um determinado local. Podemos citar também a construção de um estacionamento de 15 andares próximo à universidade, em que o plano diretor determina que as construções devem ser de, no máximo, 10 andares; ou, ainda, a instalação de uma indústria numa área considerada rota turística devido as suas belezas naturais. Não é somente o governo que coloca barreiras de acesso ao mercado. A fidelização do consumidor por determinada marca também pode ser considerada uma barreira de mercado, visto que a nova marca precisaria fazer com que o consumidor perdesse o interesse pela marca existente. Apesar de existir barreiras às entradas, podemos observar que este mercado também é caracterizado pela saída fácil. Ao perceber que seu negócio não está mais sendo lucrativo, a empresa poderá sair do mercado a qualquer momento, desde que cumpra as exigências legais em relação à quitação de impostos e pagamentos de indenizações a seus funcionários. 3.1 FUNCIONAMENTO DO MODELO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA Agora que já compreendemos como é formado o mercado de concorrência perfeita, vamos verificar como se dá o funcionamento deste mercado. Inicialmente vamos verificar o ponto de produção ideal para uma empresa de concorrência perfeita. Assim, o ponto ideal de produção para uma empresa em concorrência perfeita é no momento em que ela consegue o lucromáximo. Mas, é necessário que seja determinado como se comporta a demanda desse mercado, que permitirá uma previsão de receita da empresa e de seus custos (HALL; LIEBERMAN, 2003). Você se recorda de como calculamos o lucro da firma? O cálculo do lucro da firma se dá pela diferença entre receita total e custo total. Como a receita total e o custo total dependem da quantidade de produtos no mercado, o lucro também será função da quantidade e é representado pela equação: Lucro Total (Quantidade) = Receita Total (Quantidade) – Custo Total (Quantidade) ATENCAO TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 11 A curva do ponto máximo da função lucro é representada pelo formato de U invertido, pois as empresas teriam um aumento de lucratividade à medida que a quantidade transacionada se elevasse até um determinado ponto e, após atingido esse ponto, o ganho adicional diminuiria. Matematicamente, podemos dizer que o ponto máximo é encontrado quando a derivada da função lucro em relação à quantidade é zero, quando ocorre a inflexão da curva, ou seja, pode ser representada pela seguinte expressão: 0 = Receita Marginal – Custo Marginal Ou, ainda, podemos representá-la por: Receita marginal = custo marginal (RM = CM) Você compreendeu por que as duas variáveis RM = CM precisam ser iguais? Se a receita marginal for superior ao custo marginal, isso indica que a curva de lucro ainda está em fase de crescimento, ou seja, o empresário pode vender uma unidade adicional que o lucro crescerá um pouco mais. Já se a receita marginal for inferior ao custo marginal, isso indica que a curva de lucro está na fase descendente, significando que o empresário não deveria vender mais uma unidade. Vejamos na figura a seguir como podemos representar graficamente essa relação: FIGURA 4 – GRÁFICO DE DETERMINAÇÃO DO LUCRO DA EMPRESA FONTE: Adaptado de Garófalo (2016) Área de Lucro da empresa CMg CTMe RMe = RMg - P R$ Quantidade 0 CVMemin Quantidade que Maximiza o lucro UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 12 Observe na figura que o ponto de encontro entre as curvas de receita marginal e o custo marginal fornecem a quantidade que maximiza o lucro desse mercado. Já com relação ao valor do lucro da empresa, a área demarcada ilustra o montante de lucro que a empresa alcançou. Lucro Total = Receita Total – Custo Total (LT = RT –CT) Se dividirmos os valores da RT e CT pela quantidade, obteremos o do lucro total médio (LTMe): LTMe = q RT q CT = preço – CTMeq CT Considerando que a receita média é igual ao preço, e o custo total dividido pela quantidade é exatamente o custo total médio, teremos: Assim, a diferença entre o preço e o custo total médio multiplicado pelas quantidades comercializadas é exatamente igual ao lucro do setor. Lucro Total = (Preço – Custo Total Médio) * Quantidade A área demarcada que vimos na figura anterior corresponde ao lucro da firma no mercado de concorrência perfeita no curto prazo. 3.2 ENTRADAS E SAÍDAS DE EMPRESAS NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA Vimos anteriormente que no mercado de concorrência perfeita não existem barreiras para entradas e saídas de empresa, entretanto, para que a empresa continue no mercado, ela precisa gerar lucro. Porém, ao derivar-se graficamente a condição de maximização de lucro, observamos que a empresa terá seu lucro garantido se o preço praticado nesse mercado estiver acima do custo total médio de produção, pois à medida que essas variáveis se igualarem, ou seja, a partir do momento que preço for igual ao custo total médio de produção, a empresa passará a ter lucro zero. E, se o preço de mercado for menor do que o custo total médio de produção, a empresa terá prejuízo. TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 13 IMPORTANT E “Embora o lucro seja o principal objetivo das empresas, estas, quando estão em fase de crescimento ou mesmo no início das operações, aceitam um período de prejuízo” (GARÓFALO, 2016, p. 215). A figura a seguir demonstra graficamente as condições que levam a empresa a entrar ou a sair de um mercado de concorrência perfeita: FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE ENTRADA E SAÍDA DE FIRMA NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA FONTE: Garófalo (2016, p. 215) CMg 0 Quantidade Custo CTMe CVMe Empresa sai do mercado P<CVM Empresa possui Lucro: P>CTM Observe na figura que quando o preço de mercado for inferior ao custo variável médio, a empresa não conseguirá pagar os trabalhadores utilizados na produção e, por isso, ela deverá sair do mercado. Por outro lado, quando o preço estiver, pelo menos, em igualdade com os custos variáveis médios, a empresa poderá continuar operando no setor com prejuízo, pois ela conseguirá remunerar os insumos utilizados e os trabalhadores na expectativa de um aumento de preço e num futuro lucro. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 14 3.3 COMPORTAMENTO DAS FIRMAS NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA NO CURTO E LONGO PRAZO De acordo com Garófalo (2016), qualquer alteração no curto prazo, que seja proveniente da oferta ou da demanda, não irá afetar a condição de lucro no longo prazo, que será sempre igual a zero, conforme podemos ver: FIGURA 6 – ALTERAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA NO CURTO PRAZO FONTE: Garófalo (2016, p. 215) Mas se houver um acréscimo da demanda por um produto, o que acontece? Inicialmente haverá uma elevação do preço do produto e, consequentemente, o lucro da empresa também aumentará. A figura a seguir ilustra esta relação: FIGURA 7 – ACRÉSCIMO DA DEMANDA NO CURTO PRAZO FONTE: Garófalo (2016, p. 215) TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 15 Após esse movimento, outras empresas perceberão o acréscimo de tal lucro e entrarão nesse mercado, pois a saída e a entrada de firmas é, por hipótese, livre. Assim, com maior número de empresas entrando em um mercado como esse, a oferta aumentará, fazendo com que a quantidade de produto se eleve e o correspondente preço diminua. À medida que o preço começa a reduzir, o lucro das empresas atuantes no setor principia a cair até chegar ao ponto zero. Com o lucro nesse patamar no longo prazo, não existirão novas empresas interessadas em entrar nesse segmento e, portanto, o mercado estará em equilíbrio novamente, conforme figura a seguir: FIGURA 8 – AUMENTO DO LUCRO FONTE: Garófalo (2016, p. 215) 4 MONOPÓLIO Caro acadêmico, você estudou anteriormente o mercado de concorrência perfeita, que se trata de um caso extremo de um mercado formado por várias empresas ofertando produtos homogêneos, e que a tomada de decisão individual de cada produtor não influencia no preço do produto no mercado. Agora, continuando nossos estudos sobre as estruturas de mercado, vamos compreender o monopólio. Mas quando ocorre o monopólio de mercado? O monopólio se caracteriza pela presença de apenas uma empresa no mercado, que produz um produto sem substitutos próximos. Você com certeza pensou em várias empresas que fazem parte deste contexto, não é mesmo? Então, antes vamos entender por que um mercado é caracterizado como monopolista. NOTA Monopólio: “Mercado no qual existe apenas um vendedor” (PINDYCK; RUBINFELD, 2013, p. 352). UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 16 NOTA Geralmente o monopolista se insere no mercado e, por um longo período, ele consegue absorver lucros extraordinários. Esses lucros extraordinários muitas vezes atraem outras empresas, porém elas encontram certas dificuldades para entrar no mercado. Por isso é muito comum dizermos que “a existência de monopólio depende da existência de barreiras à entrada de firmas concorrentes” (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2008, p. 203). Um exemplo clássico de poder de mercado que resultou da propriedade de um recurso-chave é o da DeBeers, empresa de diamantes da África do Sul. A companhia foi fundada em 1888 por Cecil Rhodes, empresário inglês (e benemérito distribuidor de bolsas de estudo). A DeBeers às vezes controla cerca de80% da produção mundial de diamantes. Como sua participação no mercado é de menos de 100%, a DeBeers não é exatamente um monopólio, mas, nem por isso, a empresa deixa de exercer influência considerável sobre o preço mundial dos diamantes (MANKIW, 2013). As barreiras mais comuns são: as barreiras legais, controle do fornecimento de matéria-prima e a barreira de escala. As barreiras legais são impostas às empresas por determinação de uma lei de patente e direitos autorias. Geralmente são utilizadas por empresas que realizam investimentos em pesquisa de produtos, como por exemplo, as empresas farmacêuticas. Neste caso, quando a empresa desenvolve uma nova fórmula de medicamento, a lei permite que esta empresa tenha o monopólio deste determinado produto durante um período (pode variar de 15 a 20 anos). Nesse caso, este tipo de monopólio é chamado de monopólio legal. NOTA Exemplo de monopólio legal Quando uma companhia farmacêutica descobre um novo medicamento, pode requerer do governo uma patente. Se o governo considerar que o medicamento é realmente original, a patente é aprovada, o que confere à empresa o direito exclusivo de fabricação e venda do produto por 20 anos (MANKIW, 2013). TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 17 Podemos citar ainda outros casos de monopólio legal, como o caso da Petrobrás, na exploração do petróleo, ou ainda a exploração de alguns serviços – como o fornecimento de energia elétrica, serviços de saneamento, água e esgoto, distribuição de gás – chamados de monopólio natural. NOTA Monopólio natural “Monopólio natural é um monopólio que surge porque uma só empresa consegue ofertar um bem ou serviço a um mercado inteiro, a um custo menor do que ocorreria se existissem duas ou mais empresas no mercado” (MANKIW, 2013, p. 284). Outra barreira bem conhecida no mercado é o controle da matéria-prima. Geralmente monopólios deste tipo se formam devido à indústria ser a detentora da licença de exploração de algum recurso natural, como como ocorre com o alumínio e com a exploração do petróleo. Este tipo de barreira impede que outras empresas passem a explorar o alumínio e/ou a produzir gasolina. E, por fim, temos as chamadas barreiras de escala. A barreira de escala ocorre quando há a existência de rendimentos crescentes de escala para a produção de determinado bem. Podemos citar, como exemplo, para que você compreenda melhor, a tecnologia utilizada por algumas empresas, fazendo com que elas possam produzir com um custo bem inferior às demais empresas do mercado. NOTA “A principal diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista é a capacidade que esta tem de influenciar o preço de seu produto. Uma empresa competitiva é pequena em relação ao mercado em que opera e, como não tem poder para influenciar o preço de seu produto, aceita o que é apresentado pelas condições do mercado. Em contraposição, um monopólio, como a única produtora em seu mercado, pode alterar o preço de seu bem ajustando a quantidade que oferta ao mercado” (MANKIW, 2013, p. 285). UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 18 4.1 RECEITA MÉDIA E RECEITA MARGINAL DO MONOPOLISTA A receita média do monopolista é o preço que recebe por unidade vendida. Podemos representá-la pela curva de demanda do mercado, mas para que possa maximizar seus lucros e escolher o nível de produção que lhe dará esse objetivo é necessário conhecer a sua receita marginal. Vejamos o exemplo a seguir: TABELA 1 – RECEITA MÉDIA E MARGINAL DA FIRMA MONOPOLISTA Preço (P) (R$) Quantidade (q) Receita Total (RT) (R$) Receita marginal (RMg) Receita Média (RMe) ou Preço (P) 6 0 0 - - 5 1 5 5 5 4 2 8 3 4 3 3 9 1 3 2 4 8 -1 2 1 5 5 -3 1 FONTE: A autora Na Tabela 1 você pode observar a receita total, média e marginal para determinada curva de demanda. Observe também que, à medida que o preço do Produto aumenta (no caso, 6 reais), a receita é igual a zero, ou seja, nenhuma unidade é vendida a este preço. À medida que o preço reduz, aumenta a quantidade de unidades vendidas. Se o preço do produto for R$ 5,00 e uma unidade for vendida, os valores da receita total e da receita marginal serão iguais a R$ 5,00. Já se houver um aumento na quantidade vendida, por exemplo, quatro unidades, e o preço for reduzido para R$ 2,00 por unidade, haverá uma receita total de R$ 8,00 e uma receita marginal de R$ -1,00, ou seja, teremos uma receita marginal negativa, haverá uma perda de receita decorrente da venda da primeira unidade ter sido menor que a anterior. Graficamente, esta relação entre a demanda e a receita marginal fica mais compreensiva. Observe a figura a seguir e considere que a curva de demanda seja: P = 12 -Q TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 19 FIGURA 9 – RECEITA MÉDIA E RECEITA MARGINAL FONTE: Adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013) 1 2 3 4 5 6 2,00 4,00 6,00 10,00 12,00 0 8,00 Receita Média (demanda) Receita Marginal Produção Preço (R$) por unidade produzida 4.2 DECISÃO DE PRODUÇÃO DO MONOPOLISTA Vimos anteriormente que o objetivo do monopolista é sempre alcançar o lucro máximo. Mas qual é a quantidade que o monopolista deverá produzir para alcançar este objetivo? Considere um exemplo descrito por Hall e Lieberman (2003), em que um monopolista tenha como objetivo vender uma quantidade maior de produtos. Como ele tem uma curva de demanda com inclinação para baixo, ele precisará reduzir seu preço, mas esse preço baixo deverá ser cobrado sobre todas as unidades de produto que serão vendidas. Vejamos um exemplo prático: Uma empresa fornecedora de sinal de internet desejar ter mais assinantes. Ela terá que reduzir o valor das mensalidades para todos os seus clientes, incluindo os clientes mais antigos, do contrário, estes clientes irão reclamar. Dessa forma, o preço mais baixo influenciará na receita total, pois, por um lado, a receita aumentará pelos novos números de assinalantes, por outro, vai diminuir, pois terá que cobrar um valor mais baixo dos assinantes antigos. Essa diferença no valor da receita total chamamos de receita marginal (que pode ser negativa ou positiva). Observe essa situação na figura a seguir: UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 20 FIGURA 10 – GRÁFICO DA DEMANDA E RECEITA MARGINAL (EMPRESA FORNECEDORA DE INTERNET) FONTE: Adaptado de Hall e Lieberman (2003) 5.000 18 20 48 60 0 30 Número de assinantes Preço (R$) Mensal por assinante 6.000 15.000 20.000 21.000 30.000 50 38 Demanda RM A B C F G Observe que quando a empresa move do ponto A para o ponto B ao longo da curva de demanda, a receita total da firma aumenta em R$ 38.000,00, pois no ponto A, a firma cobrava um valor de mensalidade de R$ 50,00 por assinante, com isso tinha 5.000 assinantes, obtendo uma receita total R$ 250.000,00. No ponto B o preço da mensalidade é de R$ 48,00, reduzindo R$ 2,00 no valor e conseguindo mais 1.000 novos assinantes, totalizando 6.000 assinantes, ou seja, sua receita total passa para R$ 288.000,00. A receita marginal para essa alteração é R$ 38,00: ΔRT = = =(R$ 288.000,00 – R$ 250.000,00) R$ 38.000,00 (6.000 – 5.000) 1.000 R$ 38,00 ΔQ RM= Você pode observar que a receita marginal na Figura 10 é representada pelo ponto C. Observe ainda que, neste caso, o monopólio acaba vendendo uma quantidade maior de assinaturas de internet a um menor preço e consegue um valor de R$ 48,00 (valor da RM antes de diminuir o preço) em cada unidade adicional, por outro lado, precisa cobrar um valor menor também para os outros 5.000 assinantes. Assim, o movimento do ponto A para o B aumenta a receita total e a receita marginal é positiva (mas menor que R$ 48,00) (HALL; LIEBERMAN, 2003). TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 21 NOTA “Quando uma firma – incluindo um monopólio – enfrenta uma curva de demanda com inclinação para baixo, a receita marginal é menor que o preço do produto. Portanto, a curva de receita marginal fica abaixoda curva de demanda” (HALL; LIEBERMAN, 2003, p. 298). Neste caso, a curva marginal isolada informa sobre a decisão de produção do monopólio. Lembre-se de que um monopólio nunca produz um nível de produção no qual a receita marginal seja negativa. O monopólio somente irá produzir lucro se a receita marginal for positiva, pois, para isso, a firma deve produzir o nível de produção em que CM = RN e a curva de CM cruza a curva de RM de baixo para cima. FIGURA 11 – PREÇO MONOPÓLIO E DETERMINAÇÃO DO PRODUTO FONTE: Adaptado de Hall e Lieberman (2003) 60 40 CM D RM 10.000 30.000 Número de assinantes Preço (R$) Mensal por assinante NOTA Não existe curva de oferta para um monopólio. Um monopólio não é um tomador de preço, pois ele escolhe seu preço. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 22 4.3 EQUILÍBRIO DE MERCADOS DE MONOPÓLIO De acordo com Garófalo (2016, p. 218), “a condição de maximização de lucros é a mesma para todas as estruturas de mercado”. Assim, o ponto de encontro entre as curvas de receita marginal e de custo marginal representa que, desse ponto até o eixo das quantidades, o monopolista sabe exatamente quantas unidades deve vender para que o lucro seja maximizado. Porém, ao alinhar esse ponto com a curva de receita média (a demanda do monopolista), tem-se qual será o preço cobrado por ele nesse caso (ponto E). Adicionalmente, e de forma similar ao realizado em concorrência (quase) pura e perfeita, a diferença entre o preço e o custo total médio equivale ao lucro por unidade que o monopolista pratica. Ao multiplicar esse lucro unitário pela quantidade vendida é obtido o montante de lucro auferido: FIGURA 12 – EQUILÍBRIO EM MONOPÓLIO A PREÇO ÚNICO FONTE: Garófalo (2016, p. 218) Observando-se o triângulo definido pela área BFG, percebe-se que o monopólio possui um grau de ineficiência muito grande quando comparado ao mercado de concorrência (quase) pura e perfeita. Por que é possível chegar a essa conclusão? Da mesma forma que foi representada a curva de receita média do monopolista coincidente com a curva de demanda por ele defrontada, a curva de custo marginal pode ser considerada como uma curva de oferta, especialmente ao se comparar com o caso da concorrência (quase) pura e perfeita. Portanto, o ponto de encontro entre essas duas curvas pode ser admitido como um patamar em que TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 23 a eficiência de mercado é a maior possível, da mesma forma como ocorre em um mercado concorrencial. Outra observação relevante é a de que no comparativo do preço e da quantidade praticados em monopólio com a concorrência (quase) pura e perfeita, chega-se à conclusão, ainda que óbvia, de que o preço e a quantidade praticados em monopólio são maiores e menores, respectivamente, do que os correspondentes patamares da concorrência (quase) pura e perfeita. 4.4 DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO DO MONOPÓLIO Nos exemplos que vimos anteriormente, o monopolista foi considerado um agente econômico responsável por estabelecer o preço para os produtos deste mercado, mas ele também pode recorrer a uma técnica chamada de discriminação de preços, objetivando fixar preços diversos para clientes diferentes. De acordo com Garófalo (2016), para que o monopolista consiga discriminar preços, existem três condições a serem cumpridas: a) ter poder de mercado; b) conseguir detectar o comportamento dos consumidores relativamente à sensibilidade diversa que apresentam em termos dos preços que vierem a ser estabelecidos ou cobrados; c) ser capaz de proibir (ou ao menos evitar) a revenda dos bens. A seguir, conforme Garófalo (2016), veremos que existem três tipos de discriminação de preços: de primeiro grau (também conhecida como perfeita), de segundo grau (quantidades) e de terceiro grau (por grupos de consumidores). A discriminação de preços de primeiro grau ocorre quando o monopolista vende os produtos cobrando exatamente o preço de reserva dos consumidores. Podemos dizer que é uma situação irreal, pois quem estaria definindo o preço, neste caso, seria o consumidor, para o produto que o monopolista está ofertando no mercado. NOTA O preço de reserva do consumidor é o valor máximo que o consumidor está disposto a pagar por um determinado produto. Caso o valor esteja do preço de reserva, o consumidor não terá nenhum benefício com esta compra. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 24 FIGURA 13 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS DE PRIMEIRO GRAU FONTE: Adaptado de Garófalo (2016) 0 Q max Quantidade CMg Demanda ou Receita média RMg Preço A figura indica que, nesta situação, o monopolista está vendendo seu produto a um preço “que corresponde ao encontro entre as curvas de custo marginal e de receita média” (GARÓFALO, 2016, p. 221). Um exemplo clássico desse tipo de política é o caso de um dentista especialista em prótese dentária, com consultório num pequeno vilarejo do interior. Neste caso, o profissional acaba estipulando preços diferenciados para seus pacientes, de acordo com a disposição deles em aceitá-lo e com a forma como cada cliente valoriza o serviço desse profissional. A discriminação de preços de segundo grau ocorre quando o monopolista estipula preços diferenciados por quantidades diversas adquiridas pelo consumidor. Essa prática é muito observada em lojas que vendem produtos por atacado. Por exemplo, num lote de 10 peças de roupa, o consumidor pagará um determinado valor. A partir do segundo bloco, ou seja, da 11 até a 15 peças, ele pagará um preço inferior. Embora o preço do produto vá decrescendo, essa situação ainda é bem favorável ao produtor, pois obterá ganhos de escala, uma vez que custos médios e marginais estão em uma fase decrescente. Além desse exemplo, você pode observar essa prática nas faturas de energia elétrica de sua residência, promoções de supermercados ou, também, quando for utilizar o serviço de estacionamento rotativo. TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 25 FIGURA 14 – O MESMO PRODUTO COM PREÇO DIFERENCIADOS (A) FONTE: <https://www.cooper.coop.br/revista/?id=T0RreU9BPT1UZEY=>. Acesso em: 24 out. 2018 FIGURA 15 – O MESMO PRODUTO COM PREÇO DIFERENCIADOS (B) FONTE: <http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/07/estacionamentos-descumprem- hora-fracionada-e-tolerancia-em-salvador.html>. Acesso em: 24 out. 2018. A figura a seguir representa graficamente essa relação de ganho: UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 26 FIGURA 16 – DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS DE SEGUNDO GRAU FONTE: Adaptado de Garófalo (2016) Observe na figura que a discriminação de preços de segundo grau está representada pelas três faixas de preço indicadas por P1, P2 e P3, e as quantidades comercializadas por Q1, Q2 e Q3. Caso houvesse apenas um preço no mercado, ele seria representado apenas por PM e a quantidade QM. A discriminação de preços de terceiro grau faz com que o monopolista identifique grupos diferentes de consumidores e transacione o produto final/ serviço a um preço diferente para cada um dos grupos. Um exemplo é a diferença de preços entre pessoas que vão ao cinema: há pessoas que possuem carteirinha de estudante e outras que não possuem, ou seja, as que possuem a carteirinha de estudante pagarão um valor mais baixo pela entrada do cinema, enquanto que as outras pessoas irão pagar um valor mais elevado, ou, ainda, em serviços em que o valor é diferenciado para sócios e não sócios, ou por idade e até mesmo por período. 0 Quantidade CMg Demanda ou Receita média RMg Preço Preço praticado Q1 Qm Q2 Q3 P3 P2 Pm P1 CMe FIGURA 17 – VALOR DE PRODUTO DIFERENCIADO PARA GRUPOS DIFERENTES DE CONSUMIDORES FONTE: <http://getoutside.com.br/voce-precisa-snowland-gramado/>. Acesso em: 24 out. 2018. ^ TÓPICO 1 | CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO 27 E, graficamente, representamos a relação conforme se observa na figura a seguir: FIGURA 18 – GRÁFICO DA DISCRIMINAÇÃODE PREÇOS DE TERCEIRO GRAU FONTE: Adaptado de Garófalo (2016) 0 Quantidade CMg D1 = RMe1 RMg Preço Q2 Q1 Quantidade Total P3 P1 P2 RMg2 D2 = RMe2 Neste gráfico, observe que os consumidores foram divididos em dois grupos (1 e 2), em que cada um possui curvas de demandas diferentes. O produtor monopolista, neste caso, cobrará um preço mais alto do grupo que possui demanda mais inelástica, e um preço menor para o outro grupo com a procura mais elástica. Além dessas três situações de discriminação apresentadas e exemplificadas, Garófalo (2016) nos apresenta outras situações: a) Discriminação de preços intertemporal: quando um produto é lançado, geralmente as primeiras unidades apresentam preços mais elevados e, logo depois, as empresas reduzem o preço e um número maior de consumidores se interessam pelo produto. b) Preço de pico: preços mais altos para produtos que possuem elevada demanda em períodos específicos. Exemplo: preços de passagens aéreas nos períodos de férias escolares. c) Tarifa em partes: geralmente o consumidor paga uma tarifa de associação para possuir alguma vantagem na compra de um produto e/ou serviço. Exemplo: pagamento de associação recreativa, em que o associado pode reservar espaços físicos para eventos. d) Venda em pacote: a empresa pratica uma venda de dois ou mais produtos ao mesmo tempo. Tais vendas podem ocorrer quando os consumidores possuem demandas distintas sobre os bens e as empresas não conseguem praticar discriminação de preços sobre eles, tentando, ainda, extrair o máximo de receita de cada um dos consumidores. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 28 NOTA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA – CADE HISTÓRICO O Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade – é hoje uma autarquia em regime especial com jurisdição em todo o território nacional. Foi criado pela Lei n° 4.137/62, então como um órgão do Ministério da Justiça. Naquela época, competia ao Cade a fiscalização da gestão econômica e do regime de contabilidade das empresas. Apenas em junho de 1994, o órgão foi transformado em autarquia vinculada ao Ministério da Justiça, pela Lei n° 8.884/1994. Em maio de 2012, com a entrada em vigor da nova lei de Defesa da Concorrência, Lei nº 12.529/2011, o SBDC foi reestruturado e a política de defesa da concorrência no Brasil teve significativas mudanças. Pela nova legislação, o Cade passou a ser responsável por instruir os processos administrativos de apuração de infrações à ordem econômica, assim como os processos de análise de atos de concentração, competências que eram antes da SDE e da Seae. A principal mudança introduzida pela Lei 12.529/2011 consistiu na exigência de submissão prévia ao Cade de fusões e aquisições de empresas que possam ter efeitos anticompetitivos. Pela legislação anterior, essas operações podiam ser comunicadas ao Cade depois de serem consumadas, o que fazia do Brasil um dos únicos países do mundo a adotar um controle de estruturas a posteriori. A análise prévia trouxe mais segurança jurídica às empresas e maior agilidade à análise dos atos de concentração, sendo que o Cade passou a ter prazo máximo de 240 dias para analisar as fusões, prorrogáveis por mais 90 dias em caso de operações complexas. FONTE: <http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/historico-do-cade>. Acesso em: 5 set. 2018. DICAS Sugerimos a leitura do seguinte material: • MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade. Defesa da concorrência no Brasil – 50 anos. – Brasília: 2013. Disponível em: <http:// www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/cade_-_defesa_da_ concorrencia_no_brasil_50_anos.pdf>. 29 Neste tópico, você aprendeu que: • As estruturas de mercado são todas as características de um mercado que influenciam o comportamento dos compradores e vendedores quando estes se juntam para comercializar bens e serviços num mercado. • O mercado é o local onde ocorre a interação entre a oferta e demanda de bens e serviços, assim como fatores de produção são trocados livremente entre as pessoas. • A concorrência perfeita é um mercado com grande número de vendedores e que isoladamente não afeta a oferta de mercado e o preço. • No mercado de concorrência perfeita não existe diferenciação entre os produtos. • No mercado de concorrência perfeita há transparência nas informações sobre lucros e preços. • O monopólio é um mercado oposto ao da concorrência perfeita. • No monopólio existe uma única empresa que domina a oferta de bens e serviços. • O monopólio pode ser puro ou nulo. • Existem barreiras de entrada no monopólio. • O monopólio também pode ser institucional ou estatal. RESUMO DO TÓPICO 1 30 1 Assinale a alternativa que não condiz com as características do mercado em concorrência perfeita: a) ( ) Grande número de consumidores. b) ( ) Muitos produtores com produtos diferenciados. c) ( ) Livre entrada e saída de empresas. d) ( ) Perfeito conhecimento sobre todas as informações relevantes do mercado. e) ( ) Curva da demanda perfeitamente elástica para o produto de cada firma particular. 2 O que é a receita média do monopolista? 3 Para que o monopolista consiga discriminar preços, existem três condições a serem cumpridas. Cite-as. AUTOATIVIDADE 31 TÓPICO 2 MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, neste tópico vamos estudar duas estruturas de mercado de bens e serviços: o oligopólio e a concorrência monopolística. Estas estruturas de mercados são consideradas mercados de concorrência imperfeita. Também estudaremos a teoria dos jogos e as estratégias competitivas. Embora muitas vezes não percebamos, diariamente utilizamos a teoria dos jogos nas negociações que realizamos e, por isso, é muito importante que saibamos utilizar esta ferramenta em nossa tomada de decisões. Além disso, tão importante quanto nos dias atuais é que o economista saiba definir estratégias competitivas para que a empresa alcance seus objetivos e consiga se destacar no mercado. Assim, veremos como podemos aplicar alguns conceitos nas definições de metas e estratégias. 2 OLIGOPÓLIO O oligopólio é um tipo de estrutura de mercado caracterizado por um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. Podemos citar vários exemplos, mas destacam-se nesta categoria a indústria automobilística e a indústria de bebidas. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 32 FIGURA 19 – EXEMPLOS DE EMPRESAS OLIGOPOLISTAS FONTE: <http://economi-blog.blogspot.com/2015/05/competencia-economica. html>. Acesso em: 24 out. 2018. No oligopólio podemos observar algumas características específicas, conforme a figura a seguir: FIGURA 20 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO OLIGOPÓLIO FONTE: A autora Cada firma produz bens idênticos. Há barreiras de entrada elevadas, de modo que não haja nenhuma entrada a longo prazo no setor. Há apenas algumas firmas. O oligopólio geralmente surge quando os custos iniciais para montar uma firma e comercializar seus produtos são elevados e que necessitam de grandes economias de escala. Em consequência, empresas maiores utilizam a guerra de preços para dificultar a entrada de novas firmas no mercado. Embora o oligopólio apresente algumas características que lhe aproximam do monopólio, como a obtenção de lucro a longo prazo, por exemplo, há uma diferença decisiva entre os mercados. TÓPICO 2 | MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 33 No oligopólio a demanda de cada firma depende do preço que as outras firmas estabelecem. Desta forma, se uma reduzir seu preço, a curva de demanda das outras firmas se desloca para baixo, e, se uma firma aumentar seu preço, da mesma forma a curva de demanda das outras firmas se desloca para cima. 2.1 OLIGOPÓLIO DE CONLUIO O Oligopólio de Conluio é caracterizado quandoo setor possui poucas empresas e suas estratégias são baseadas nas ações de seus concorrentes, e, diante delas, a empresa caba optando pela cooperação ou pela competição (não cooperação). Neste sentido, Miltons (2016) classifica o comportamento da empresa de duas formas: a) Comportamento não cooperativo: ocorre quando a empresa decide não considerar as ações dos concorrentes e começa uma guerra de preços entre as empresas do setor. b) Comportamento cooperativo: ocorre quando as empresas optam por não competirem entre si e acabam colaborando umas com as outras na fixação do preço do produto. NOTA O comportamento cooperativo é considerado não benéfico ao consumidor e, por isso, as leis antitrustes não aprovam esta prática. A Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011, estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência e dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica. Um exemplo muito claro que conhecemos são as companhias áreas. Quantas vezes você já observou alguma companhia área ofertando trechos a preços bem acessíveis? É nesse momento que as empresas estão estabelecendo um comportamento não cooperativo, ou seja, estão realizando uma guerra de preços. Mas em menos de 24 horas estes preços mudam, e se você fizer uma pesquisa de preços entre as companhias A, B, e C verá que estas fixaram o preço das passagens aéreas. Isso significa que neste momento o comportamento delas é de cooperação. Dessa forma está estabelecido o que chamamos de oligopólio de conluio ou de combinação. Considerando o exemplo apresentado anteriormente das empresas aéreas (A, B e C), quando estas começam a operar de forma cooperativa, podemos observar na figura a seguir, a curva de demanda da empresa oligopolista A. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 34 FIGURA 21 – CURVA DE DEMANDA DO OLIGOPOLISTA A FONTE: Miltons (2016, p. 195) Observe na figura que a empresa Oligopolista A traça sua curva de demanda admitindo que as concorrentes B e C seguirão suas modificações de preços. Considerando que isso ocorra, admite-se que a curva de demanda oligopolista (por exemplo, a curva de demanda por passagens aéreas do trecho ofertado pelas três empresas) tem a mesma elasticidade. Enquanto os concorrentes acompanharem seu preço, a empresa A terá 1/3 do mercado. O equilíbrio do oligopólio se dá onde os lucros são maximizados e a curva de custo marginal cruza a de receita marginal (ponto E da Figura 23). O preço, por sua vez, é determinado admitindo-se que a curva de demanda traçada corresponde à demanda total do mercado atendido pelas três empresas, sendo representado pelo ponto A (MILTONS, 2016). Você pode observar que a ação de uma firma sempre afetará as demais. Vejamos a figura a seguir, que demonstra a curva da firma quando ela fixa um preço e, também, como se comporta quando age com as demais firmas para fixar um preço: TÓPICO 2 | MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 35 FIGURA 22 – CURVA DE CONCORRÊNCIA NO OLIGOPÓLIO FONTE: Adaptado de Wessels (2010) d' (agindo sozinha) d' D D’ (agindo juntas) Produção do período 20 16 Pr eç o (R $) 100 120 180 Observe na figura as curvas de demanda quando a firma (e o setor) inicialmente fixa um preço de R$ 20,00. Podemos verificar que quando P = R$ 20,00, todas as firmas vendem 100 unidades do bem. Se houver quatro firmas, a produção será de 400. Além disso, veja como se comporta a curva DD’, representando as empresas que agem juntas, e dd’ demonstra a curva quando uma empresa sozinha resolve fixar o preço em R$ 16,00 e a outra continua a cobrar os mesmos R$ 20,00. Assim, se todas as firmas cobrassem R$ 16,00, cada uma venderia 120 unidades e, se existissem quatro firmas, a produção do setor seria de 480 unidades e cada firma teria uma parcela igual. Agora, se uma única empresa decide vender ao preço de R$ 16,00, ela poderá vender 180 unidades sozinhas, ou seja, conseguirá uma parcela maior do mercado e as outras empresas acabam vendendo menos de 100 unidades. 2.2 MODELO DE CURVA DE DEMANDA QUEBRADA Outro modelo simples de oligopólio é o modelo curva de demanda quebrada, desenvolvido por Paul Sweezy, que procura explicar porque os preços nos mercados oligopolizados são relativamente estáveis. O argumento utilizado por Sweezy é que o oligopolista sabe que dificilmente será acompanhado pelos concorrentes nos reajustes dos preços para baixo. Essa decisão faz com que a queda na quantidade vendida por oligopolistas seja muito grande caso ele suba o preço. Caso os concorrentes produzam produtos idênticos, ele poderá perder toda a sua produção, e se forem produtos semelhantes, perderá uma parcela grande, porém, não toda a produção (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2008). UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 36 NOTA Paul Malor Sweezy: economista britânico marxista, apresentou uma contribuição fundamental à teoria dos preços de monopólio, publicando o artigo Demand Under Conditions of Oligopoly (Demanda sob condições de oligopólio), em 1939, no Journal of Political Economy. Nesse artigo, ele introduz a curva de demanda quebrada, ferramenta operativa para a determinação do equilíbrio dos mercados oligopolísticos. FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Sweezy>. Acesso em: 24 out. 2018. Caro acadêmico, vamos apresentar um exemplo prático para que você tenha uma compreensão melhor deste modelo. Imaginemos que uma empresa de alimentos nobres, “A”, eleve seu preço e aja sozinha porque as outras empresas recusam-se a acompanhá-la. Neste caso, ela está sobre a curva de demanda dd’, mas caso a empresa resolva reduzir seu preço, as outras empresas vêm acompanhá- la no corte do preço para manter sua parcela no mercado. Então, teremos a curva de demanda DD’. Veja que nos dois casos as empresas procuram aumentar ou manter sua participação no mercado. Desta situação exposta resultará a demanda quebrada, conforme podemos observar na figura a seguir: FIGURA 23 – EXEMPLO DE CURVA DE DEMANDA QUEBRADA FONTE: Wessels (2010, p. 186) TÓPICO 2 | MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 37 Observe que na Figura 23 os pontos do gráfico F, E e G representam a curva de demanda quebrada. A RMg1 é a curva da receita marginal associada à curva de demanda dd’ (representa quando a firma age sozinha) e RMg2 é associada à curva de demanda DD’, que representa quando as firmas atuam juntas. Considerando os valores expressos na Figura 23, vemos que ao longo do segmento F/E a firma atua sozinha no mercado. As outras empresas do setor mantêm seus preços em R$ 20,00, enquanto esta empresa eleva seu preço acima de R$ 20,00. Mas o que acontece nesse caso? Com certeza muitos de seus consumidores a abandonam devido à elevação dos preços e suas vendas passam a ser realizadas pelos seus concorrentes, cuja parcela de mercado se amplia. E, ao longo do segmento E/G podemos verificar que todas as empresas agem juntas, ou seja, todas as empresas igualam seu preço à empresa de alimentos nobre “A”, com isso elas não perdem negócios para a empresa. Neste modelo, se a curva de custo marginal se situar entre as curvas RMg1 e RMg2 (entre os pontos h e g) da Figura 23, a firma aumentará seu preço em R$ 20,00 (na quebra). Mas se até agora só analisamos o preço, como fica a produção nesta situação? A produção será determinada quando a receita marginal for igual ao custo marginal. Observe que a curva de demanda quebrada nesse exemplo tem uma curva de receita marginal com uma longa seção vertical (representada entre os pontos h e g). Assim, o custo marginal pode se situar em qualquer ponto entre h e g, e a firma manterá o valor de R$ 20,00 e manterá a produção em 100 unidades. Mesmo que ocorra grandes mudanças no custo marginal, a produção e o preço não serão afetados. De acordo com Wessels (2010), esse modelo de demanda quebrada prevê uma lentidão na mudança de preçosnos modelos de oligopólio, que é chamado de rigidez de preços. 2.3 MODELO DE FIRMA DOMINANTE (LIDERANÇA DE PREÇO) No modelo de firma dominante, como o próprio nome já diz, uma firma é responsável por estabelecer o preço de todo o setor, e por isso, é chamada de líder de mercado. Nesse modelo, segundo Wessels (2010), duas características marcam o setor: • há uma firma dominante no setor; • existe entrada limitada no setor, de modo que a firma dominante consegue manter seus lucros a longo prazo. Geralmente o que ocorre é que as outras empresas concorrentes acabam tendo custos maiores que a empresa dominante, sendo que as menores agem como firmas perfeitamente competitivas (produzindo somente quando o custo é igual ao custo marginal). UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 38 Podemos dizer que nesse modelo a firma dominante acaba atuando como um monopólio de mercado, sabendo que os concorrentes menores acompanharão o seu preço de mercado. Se elas não fizerem desta forma, a firma dominante acaba diminuindo seu preço, castigando as firmas menores radicalmente. 2.4 CARTEL Ainda dentro do oligopólio de mercado existe a prática chamada de Cartel. O cartel representa o grupo de empresas que age em conluio ou coalizão. Quando o cartel – que é proibido nas legislações antitrustes – é formado, o mercado é atendido da mesma forma que um monopólio, pois o cartel procura formas de limitar a ação das forças de mercado da livre concorrência para garantir lucros maiores. Um exemplo de cartel muito conhecido é a equiparação dos preços da gasolina em postos de combustíveis, mesmo sendo uma prática ilegal, é observada diariamente nas cidades brasileiras. NOTA “Como reconhecimento à importância do combate aos cartéis, em 2008 foi editado o Decreto Presidencial, que estabeleceu o dia 8 de outubro de cada ano como o Dia Nacional do Combate a Cartéis. O dia 8 de outubro foi escolhido porque nessa data, no ano de 2003, foi firmado o primeiro Acordo de Leniência, instrumento que tem se mostrado fundamental para garantir a condenação de cartéis no Brasil” (BRASIL, 2009, p. 7). DICAS Para saber mais sobre a importância do combate aos cartéis, acesse o documento Combate a Cartéis e Programa de Leniência, disponível em: <http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/documentos-da- antiga-lei/cartilha_leniencia.pdf>. Acadêmico, não é só no Brasil que verificamos essa prática ilegal! Em vários países do mundo podemos observar a presença desse tipo de acordo. O início da formação dos cartéis se deu na Alemanha, durante o período das guerras mundiais. Atualmente, observa-se muito a prática junto à Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP –, organização em que países como a Venezuela, a Arábia Saudita e a Líbia usam o petróleo como arma política, regulando seu preço no mercado mundial. TÓPICO 2 | MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 39 NOTA UM CASO DE CARTEL NO BRASIL Muitas empresas são acusadas de praticar cartel. Entretanto, nem todas conseguem ser punidas pela Justiça pelo ato ilegal. No Brasil, ficou famoso o caso da marca alemã Bosh, que confessou praticar o cartel durante 13 anos. A confissão foi feita depois de denúncias do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade. A empresa agia em parceria com a Cerâmica e Velas de Ignição NGK do Brasil Ltda. As empresas combinavam preços por meio de conversas ao telefone, pela internet ou até mesmo em encontros pessoais. Esse ato, que se estendeu por mais de uma década, prejudicou diversas empresas concorrentes que não conseguiram, durante esse tempo, se equiparar ao acordo feito entre a Bosh e a Velas de Ignição NGK. De acordo com a investigação, esse ato ilegal atrapalhou os negócios de empresas como a Fiat, Ford, Peugeot, Volks, Renault, General Motors, Mercedes Benz, entre outras. FONTE: <https://www.estudopratico.com.br/saiba-o-que-e-um-cartel/>. Acesso em: 24 out. 2018. 3 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA A concorrência monopolística é assim denominada em decorrência de duas características de estruturas mercadológicas: CONCORRÊNCIA PERFEITA e MONOPÓLIO. Geralmente os produtos apresentam características bem próximas uns dos outros e isso faz com que as empresas concorram tanto em termos de qualidade ou pelo grau de investimento e propaganda e marketing feito por cada uma das empresas. Você encontrará, nos diversos segmentos econômicos, vários exemplos de concorrência monopolística, como por exemplo, a praça de alimentação de um shopping, produtos de limpeza, hotéis, salão de beleza, revendedoras de carros etc. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 40 FIGURA 24 – EXEMPLO DE CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA FONTE: <http://www.ype.ind.br> e <https://mvlimpeza.com.br>. Acesso em: 24 out. 2018. Você pode observar que cada um dos produtos é relativamente parecido, porém existe um pequeno diferencial relacionado a cada um dos ofertantes, levando-os a se defrontarem com uma demanda negativamente inclinada, tal como em um monopólio. Assim, podemos dizer que a concorrência monopolística é uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio, porém apresenta algumas características específi cas, como Vasconcellos e Garcia (2011) nos descrevem a seguir: a) Número relativamente grande de empresas com certo poder de concorrência, porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados tanto pela qualidade do produto ou pelo tipo de serviços prestados. b) Margem de manobra para fi xação de preços não muito ampla, uma vez que encontramos produtos substitutos no mercado. Por causa dessas características, embora o mercado seja competitivo, o monopolista acaba tendo um poder muito pequeno em relação ao preço. Podemos verifi car isso na concorrência entre os profi ssionais médicos. Observamos que existem várias especialidades médicas, porém alguns profi ssionais acabam se destacando e, por isso, cobram preços diferenciados pelos seus serviços. De acordo com Wessels (2010), as consequências da concorrência monopolística são: • As fi rmas diferenciam seus produtos: as empresas se empenham em fazer seus produtos parecerem diferentes e melhores para os consumidores. Isso ocorre muito com os produtos de limpeza, higiene pessoal e até mesmo com remédios para dor de cabeça. • No curto prazo a fi rma age como monopólio, por ninguém ter um produto idêntico ao seu: aumento no preço dos produtos, e devido a isso, apresenta uma curva de demanda com inclinação descendente. A decisão de quanto produzir é dada pela igualdade entre a receita marginal e custo marginal (RMg = CMg). TÓPICO 2 | MODELOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA, TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 41 Observe na figura a seguir que a firma representativa obtém um lucro extraordinário no curto prazo (P>CTMe em Q*, quando RMg = CMg): FIGURA 25 – GRÁFICO DA FIRMA OBTENDO LUCRO NO CURTO PRAZO FONTE: Adaptado de Wessels (2010) Produção da Firma Curva de demanda CTMe CMg RMg Pr eç o (R $) P* Q* RMg - CMg Observe que assim como na concorrência perfeita, no longo prazo P = CTMe. Já na concorrência monopolística, o preço é maior que o custo total médio mínimo. IMPORTANT E Custo Total Médio Mínimo é o custo por unidade no ponto mínimo. Além disso, as firmas também possuem capacidade excessiva, e isso faz com que elas operem com capacidade ociosa porque a produção não atinge a quantidade de equilíbrio em concorrência perfeita, assim, elas podem produzir pelo custo total médio mínimo. Como o preço é menor que o custo total médio mínimo, elas buscam aumentar o lucro através de promoções e guerras de preços, situação que não ocorreria no mercado de concorrência perfeita. UNIDADE 1 | ESTRUTURA DE MERCADOS E ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 42 4 TEORIA DOS JOGOS E ESTRATÉGIAS A aplicação da teoria dos jogos é uma importante área da Microeconomia e tem sido
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