Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
U N O PA R TEO RIA M IC RO ECO N Ô M IC A : M ERC A D O S Teoria Microeconômica: Mercados Alexander Luis Montini Regina Lúcia Sanches Malassise Teoria Microeconômica: Mercados Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Montini, Alexander Luis ISBN 978-85-8482-287-4 1. Economia. 2. Microeconomia. I. Malassise, Regina Lúcia Sanches. II. Título. CDD 339 Montini, Regina Lúcia Sanches Malassise. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 176 p. M791t Teoria microeconômica: mercados / Alexander Luis © 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Gerente Sênior de Editoração e Disponibilização de Material Didático: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Coordenação de Produção: André Augusto de Andrade Ramos Coordenação de Disponibilização: Daniel Roggeri Rosa Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2016 Editora e Distribuidora Educacional S.A Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 3 | Teoria dos jogos Seção 1 - Jogos, estratégias dominantes e equilíbrio de Nash 1.1 | Jogo e seus componentes 1.2 | O dilema dos prisioneiros 1.3 | O equilíbrio de Nash 1.3.1 | O equilíbrio de Nash aplicado à taxa de juros Selic Seção 2 - Jogos repetitivos e sequenciais: ameaça, compromisso e credibilidade 2.1 | As implicações dos Jogos Repetitivos 2.2 | Jogos sequenciais 2.3 | Ameaças, compromisso e credibilidade Unidade 2 | Concorrência monopolística e oligopólio Seção 1 - Equilíbrio monopolístico no curto e no longo prazo 1.1 | A empresa monopolisticamente competitiva no curto prazo 1.2 | A empresa monopolisticamente competitiva no longo prazo 1.3 | Competição Monopolística, eficiência e bem-estar Seção 2 - Mercados Oligopolistas 2.1 | Mercado com poucos vendedores 2.2 | Equilíbrio no mercado oligopolista Seção 3 - Equilíbrio: Modelos de Cournot, de Stackelberg e de Bertrand 3.1 | Modelo de Cournot 3.2 | Modelo de Stackelberg 3.3 | Modelo de Bertand Unidade 1 | Concorrência perfeita e Monopólio Seção 1 - Análise de mercados competitivos 1.1 | Concorrência Perfeita Seção 2 - Poder de mercado do monopólio e monopsônio 2.1 | Monopólio: conceito, características e atuação no mercado 7 11 11 21 22 51 55 56 57 59 67 67 70 81 81 84 86 93 97 97 101 103 104 123 123 125 126 Unidade 4 | Noções de equilíbrio Geral Seção 1 - Análise do equilíbrio geral com dois mercados, eficiência das trocas e o diagrama de Edgeworth 137 141 157 158 159 160 162 165 166 166 167 169 170 1.1 | Equilíbrio geral 1.2 | Diagrama de Edgeworth Seção 2 - Falhas de Mercado e as Externalidades 2.1 | Externalidades 2.2 | Análise das Externalidades e o Mercado 2.2.1 | Externalidades Negativas 2.2.2 | Externalidades Positivas 2.3 | Análises das Políticas Públicas e as Externalidades 2.3.1 | Politicas de Comando e Controle: Regulamentação 2.3.2 | Política Baseada no Mercado: Taxas Corretivas e Subsídios 2.3.4 | Políticas Baseadas em Mercados: Licenças de Poluição Negociáveis 2.4 | Medidas Privadas para as Externalidades 2.5 | Outras falhas de mercado 141 147 Apresentação Quando se fala em estruturas de mercado, vale lembrar que os mercados são constituídos por vendedores e compradores e podem apresentar diversas formas. Cada mercado possui características específicas em termos de produtos e serviços oferecidos, condições tecnológicas, acesso, informação, tributação, regulamentação, participantes, localização no espaço e no tempo que atribuem aos mercados características distintas (PINHO; VASCONCELLOS, 2006). De acordo com Pinho e Vasconcellos (2006), as principais estruturas clássicas de mercado são as seguintes: • MERCADOS COMPETITIVOS: neste caso há muitos compradores e muitos vendedores, de modo que cada um deles exerce pouca (ou nenhuma) influência sobre os preços de mercado. • MONOPÓLIOS: em alguns mercados existe apenas um vendedor, e este vendedor determina o preço de mercado. • OLIGOPÓLIOS: é uma terceira estrutura de mercado, onde há poucos e (na sua maioria) grandes vendedores. Cada uma destas estruturas de mercado possui suas peculiaridades e deve ser analisada à parte, isso vai ser feito ao longo do nosso estudo. Por ora, basta-nos saber que, de acordo com o produto que se estuda e de acordo com a estrutura de mercado à qual este produto pertence, nós respondemos diferentemente a aumentos nos preços. Dentro deste contexto, o objetivo da presente bibliografia vai desenvolver sua linha de raciocínio em quatro unidades, apresentadas a seguir: • Unidade 1 – Tratar sobre a concorrência perfeita e o Monopólio, conhecendo o modelo básico de concorrência e o Monopólio; para isso será necessário desenvolver uma análise sobre os mercados competitivos, discorrer sobre o poder de mercado do monopólio e do monopsônio, e abordar a determinação de preços e o poder de mercado de cada estrutura. • Unidade 2 - Abordar a concorrência monopolística e o oligopólio, entendendo as formas oligopólicas de mercado, o equilíbrio monopolístico no curto e no longo prazo, os mercados oligopolistas e os equilíbrios de Cournot, Stackelberg e Bertrand. • Unidade 3 – Entender a Teoria dos Jogos, com o objetivo de analisar estratégias concorrenciais em ambiente de jogos e as decisões estratégicas, entender o conceito de estratégias dominantes, o equilíbrio de Nash, jogos repetitivos e sequenciais e as ameaças, os compromissos e o pressuposto da credibilidade. • Unidade 4 - Compreender as noções de Equilíbrio Geral, entendendo a análise do equilíbrio geral com dois mercados, a eficiência das trocas e o diagrama de Edgeworth e as Falhas de mercado. Os conteúdos apresentados na referida bibliografia são essenciais para a compreensão da disciplina de Microeconomia e se complementam com outros estudos microeconômicos, como no caso da teoria da produção, que aborda conceitos sobre os custos de produção e a escala eficiente, e os conceitos de elasticidade. Boa leitura! Unidade 1 CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO Nos mercados competitivos, nós temos muitas empresas participando do mercado, talvez seja a estrutura de mercado mais comum, mais presente no nosso cotidiano. Alguns exemplos podem ser: postos de combustíveis, açougues, mercearias, padarias etc. Vale lembrar que não existe uma regra, eu posso ter alguns municípios onde existe apenas um posto de combustível, ou apenas uma padaria, sendo assim, caracteriza-se um monopólio e não um mercado competitivo. Um monopolista é uma empresa que é a única vendedora em seu mercado. Por sua vez, o monopólio apresenta características bem diferentes das características de mercados competitivos, e traça estratégias específicas para a maximização do lucro. Já o monopsônio é caraterizado pela existência de muitos vendedores, mas apenas um comprador, o que confere à referida estrutura de mercado características únicas. Tanto o monopólio quanto o monopsônio serão objetos de estudo da seção 1.2. Seção 1 | Análise de mercados competitivos Seção 2 | Poder de mercado do monopólio e monopsônio Nesta unidade você será levado a conhecer o modelo básico das estruturas de mercado, o qual é denominado de concorrência perfeita, que é o modelo ideal de mercado e que serve de base para a construção de todas as demais estruturas. Conhecerá, também, o Monopólio, que é o oposto da estrutura de concorrência. Ao estudar estas estruturas,você poderá analisar e comparar estas com a realidade de mercado e compreender as semelhanças e diferenças entre elas. Alexander Luis Montini Concorrência perfeita e Monopólio U1 8 Concorrência perfeita e Monopólio U1 9 Introdução Empresas diferentes possuem características diferentes, contudo, toda análise de mercado pressupõe a existência de compradores e vendedores, ou seja, oferta, representando o lado das empresas responsáveis pela oferta de produtos e serviços no mercado, e demanda, representando os consumidores, responsáveis pela demanda de bens e serviços no mercado. Não existe análise de mercado sem oferta e demanda. Se fossem somente empresas, seriam firmas abarrotadas de produtos, mas sem ter para quem vender. Se fossem somente consumidores, seriam pessoas passando necessidades sem ter de quem comprar. De forma resumida, para desenvolver uma análise de mercado devemos ter informações sobre as empresas (ou empresa) presentes no mercado e informações sobre os consumidores (público-alvo). Dentro deste contexto podemos analisar o comportamento dos consumidores, como no caso de alterações nas variáveis que afetam a demanda, e o comportamento das empresas, principalmente no que se refere ao processo de maximização de lucros. Porém, nem todos os consumidores e nem todas as empresas respondem em mesmo grau a alterações nos preços ou nas outras variáveis que afetam a demanda e a oferta, isso vai depender do produto (ELASTICIDADE) e da estrutura de mercado na qual a empresa analisada está inserida. Por isso a importância do estudo das estruturas de mercado. Você poderá compreender mais sobre o mercado e o foco dos estudos da microeconomia lendo o Capítulo 1 - Aspectos Preliminares, do livro: PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Disponível na Biblioteca Digital. Concorrência perfeita e Monopólio U1 10 Concorrência perfeita e Monopólio U1 11 Seção 1 Análise de mercados competitivos Partindo da hipótese de que as empresas possuem custos - e sabemos que são iguais tanto para empresas pequenas quantos grandes -, vamos começar a estudar o comportamento das empresas em diferentes mercados, pois isso torna o faturamento delas diferente. Um exemplo simples para entender como as diferentes estruturas de mercado definem os resultados das empresas pode ser dado através da seguinte comparação: a) Numa feira livre podemos ter muitos vendedores de tomate. E assim, se no início da feira um feirante aumentar o preço do tomate em 20%, pode notar uma redução na quantidade vendida, porque as pessoas teriam a opção de comprar de outros feirantes próximos a um preço menor; b) Por outro lado, quando pensamos no item segurança nacional, podemos verificar que constitucionalmente só a União pode ofertar este serviço no mercado, que é custeado com os impostos. Caso fosse ser ofertado no mercado, teria um preço muito alto para cada pessoa pagar e, ao mesmo tempo, é um item essencial, por isto mesmo sendo caro e necessário, e muitas pessoas pagariam por ele. Na verdade, todos nós pagamos, porém, por via de impostos. A diferença entre os mercados de tomate e da segurança nacional é óbvia: existem muitos ofertantes de tomate na feira, mas só um ofertante de segurança nacional. Esta diferença na estrutura de mercado modela as decisões sobre os preços e a produção das empresas que operam nestes mercados. Neste sentido, vamos conhecer duas estruturas de mercado que envolvem as situações descritas. Nesta seção estudaremos a concorrência perfeita e na seção 1.2 estudaremos o monopólio. 1.1 Concorrência Perfeita Você, aluno, já teve um contato inicial com os conceitos que envolvem a estrutura de concorrência perfeita, quando estudou, em Introdução à Economia, oferta, demanda e equilíbrio de mercado. Concorrência perfeita e Monopólio U1 12 Caro aluno, para revisar as noções básicas de oferta e demanda, você deverá ler o Capítulo 2 - Fundamentos da Oferta e da Demanda, do livro: PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Disponível na Biblioteca Digital. Partindo daqueles conhecimentos prévios de equilíbrio de mercado, podemos utilizar os conhecimentos de Pindyck e Rubinfeld (2006), os quais destacam que o modelo de concorrência perfeita (ou mercado competitivo) se baseia em três suposições básicas: 1. Aceitação de preços. 2. Homogeneidade de produtos. 3. Livre entrada e saída do mercado. ACEITAÇÃO DE PREÇOS: Vale ressaltar que em mercados competitivos, usualmente, encontramos um grande número de compradores e vendedores, sendo assim, qualquer empresa que decida participar do mercado deve trabalhar seus preços dentro da média do mercado, ou seja, dos seus concorrentes. Como veremos mais adiante, com um número maior de concorrentes a tendência é que os preços sejam mais competitivos, o que implica margens de lucro pequenas. Sendo assim, empresas que entram no mercado com preços muito agressivos acabam contribuindo para a queda na margem de lucro do mercado como um todo. Por outro lado, se a empresa praticar preços mais elevados do que a média de mercado, deixará de vender seus produtos, pois os consumidores irão buscar outras empresas para o fornecimento de produtos e serviços. Por isso, as empresas que participam de mercados competitivos são chamadas de tomadoras de preços, ou seja, devem aceitar os preços que são praticados no mercado. HOMOGENEIDADE DE PRODUTOS: A referida condição ocorre quando os produtos de todas as empresas são substitutos perfeitos entre si, ou seja, os bens oferecidos pelos diversos vendedores são em grande escala os mesmos, podemos dizer que os bens são homogêneos. LIVRE ENTRADA E SAÍDA DO MERCADO: Esta terceira suposição implica que não existem custos significativos que tornam difícil para uma nova empresa entrar ou sair de um segmento. Assim como qualquer empresa, organizações que participam de mercados competitivos buscam a maximização do lucro, que é igual à receita total menos o custo total. Sendo assim, podemos utilizar um modelo de maximização de lucro retirado do livro de Mankiw (2009) para tentar entender como empresas competitivas maximizam seu lucro. O exemplo em questão trata de um mercado específico: uma empresa de Concorrência perfeita e Monopólio U1 13 laticínios. A empresa (que por simplificação também será chamada de firma) produz uma quantidade de leite Q e vende cada unidade no mercado ao preço P. A tabela 1.1 mostra a receita total, média e marginal de uma empresa competitiva: Através da análise da tabela 1.1 é possível compreender mais algumas características da empresa competitiva. Em primeiro lugar, mesmo que a empresa modifique seu volume de produção, os preços permanecerão constantes (segunda coluna). A quarta e a quinta coluna representam, respectivamente, a receita média e a receita marginal da empresa. Fica evidente que para empresas competitivas o preço é igual à receita média, que por sua vez é igual à receita marginal (P=RM=RMg). Como não há variação na Receita Marginal da empresa, a representação gráfica dos valores da RMg resulta em uma reta, conforme o gráfico 1.1: Fonte: Adaptado de Mankiw (2009, p. 279). Tabela 1.1 - Receita da empresa competitiva Quantidade (Q) Preço (R$) (P) Receita Total (RT=PxQ) Receita Média (RM=RT/Q) Receita Marginal (RMg=ΔRT/ΔQ) 0 6 0 - 6 1 6 6 6 6 2 6 12 6 6 3 6 18 6 6 4 6 24 6 6 5 6 30 6 6 6 6 36 6 6 7 6 42 6 6 8 6 48 6 - Gráfico 1.1 - Receita Marginal da empresa competitiva Fonte: O autor (2015). Concorrência perfeita e Monopólio U1 14 Partindo da suposição de que a empresa em questão possui custo fixo de R$ 3,00 e custos variáveis, a tabela 1.2 apresenta os dados referentes à maximização do lucro da empresa competitiva. Na tabela 1.2, fica evidente a inserção das colunas de custo total, lucro e custo marginal, e por simplificação retiramosa coluna de preços (até mesmo pela redundância dos valores apresentados). Se observarmos a coluna do lucro, podemos perceber que no estágio 0, ou seja, quando a empresa não está produzindo nenhuma unidade, ela fecha suas contas com prejuízo. Isso ocorre porque a empresa (e as empresas em geral) apresenta custos fixos, que independem do volume de produção. À medida que a empresa vai produzindo (e vendendo) mais unidades, seu lucro vai aumentando até chegar a um ponto de maximização, ou seja, onde o lucro é o maior possível, no exemplo trabalhado isto ocorre entre os estágios 4 e 5 (lucro de R$7,00). A partir deste ponto os custos passam a aumentar, e com isso os lucros decrescem. A pergunta é a seguinte: “A empresa maximiza seu lucro no estágio 4 ou 5?”. Para responder a esta pergunta é necessário visualizarmos as duas últimas colunas. A RMg da empresa competitiva é constante, contudo, os Custos Marginais são crescentes, assim, sob a ótica do lucro máximo, conclui-se que: Tabela 1.2 - Maximização do lucro da empresa competitiva Caro aluno, você pode compreender melhor os custos de produção lendo o Capítulo 7 - Custos de Produção, do livro: PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Disponível na Biblioteca Digital. Fonte: Adaptado de Mankiw (2009, p. 279). Quantidade (Q) Receita Total (RT=PxQ) Custo Total (CT) Lucro (RT-CT) Receita Marginal (RMg=ΔRT/ ΔQ) Custo Marginal (RCg=ΔCT/ ΔQ) 0 0 3 -3 6 2 1 6 5 1 6 3 2 12 8 4 6 4 3 18 12 6 6 5 4 24 17 7 6 6 5 30 23 7 6 7 6 36 30 6 6 8 7 42 38 4 6 9 8 48 47 1 Concorrência perfeita e Monopólio U1 15 Gráfico 1.2 - Maximização do lucro da empresa competitiva Fonte: O autor (2015). • Se A RMg for maior que o CMg, a empresa deve aumentar sua produção. • Se o CMg for maior que a RMg, a empresa deve diminuir a produção. Portanto, o ponto de maximização do lucro da empresa competitiva ocorre onde RMg se iguala ao CMg, no que chamamos ponto ótimo. O gráfico 1.2 mostra o ponto ótimo do exemplo trabalhado. Percebe-se que as curvas de RMg e CMg se encontram no estágio de produção 4, ou seja, no estágio 4 a RMg e o CMg são exatamente iguais. No nosso exemplo seria possível visualizar o ponto ótimo na tabela, sem a necessidade da representação gráfica. Contudo, às vezes, o ponto ótimo pode não estar ocorrendo em um ponto específico, ele pode ocorrer entre estágios de produção. Assim, a única forma de encontrarmos o ponto ótimo é representando os valores na forma gráfica. EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE MAXIMIZAÇÃO DE LUCRO DA EMPRESA COMPETITIVA RESOLVIDO E COMENTADO A seguir será demonstrada a resolução de um exercício de maximização de lucro de uma empresa competitiva típica, passo a passo. O exercício em questão foi adaptado a partir de Salvatore (1996): Imagine que uma empresa competitiva pratique o preço P= 4 e apresente a seguinte estrutura de custos totais: Concorrência perfeita e Monopólio U1 16 Calculando a receita marginal e o custo marginal, conseguimos preencher a tabela por completo: Calculando a receita total e o lucro, temos: Tabela 1.3 - Custo total de uma empresa competitiva típica Tabela 1.4 - Maximização do lucro de uma empresa competitiva típica Fonte: Adaptado de Salvatore (1996, p. 271). Fonte: Adaptado de Salvatore (1996, p. 271). Quantidade (Q) Receita Total (RT=PxQ) Custo Total (CT) Lucro (RT-CT) Receita Marginal (RMg=ΔRT/ ΔQ) Custo Marginal (RCg=ΔCT/ ΔQ) 0 4 1 10 2 13 3 15 4 16 5 17 6 18.5 7 21 8 25 9 36 Quantidade (Q) Receita Total (RT=PxQ) Custo Total (CT) Lucro (RT-CT) Receita Marginal (RMg=ΔRT/ ΔQ) Custo Marginal (RCg=ΔCT/ ΔQ) 0 0 4 -4 1 4 10 -6 2 8 13 -5 3 12 15 -3 4 16 16 0 5 20 17 3 6 24 18.5 5,5 7 28 21 7 8 32 25 7 9 36 36 0 Concorrência perfeita e Monopólio U1 17 Novamente, podemos perceber que o ponto de maximização de lucros ocorre no estágio de produção 7, onde temos o lucro máximo (7) e a RMg e o CMg são exatamente iguais. Para facilitar a visualização, podemos representar as colunas de RMg e de CMg na forma gráfica: Tabela 1.5 - Receita marginal e custo marginal de uma empresa competitiva típica Gráfico 1.3 - Maximização do lucro da empresa competitiva típica Fonte: Adaptado de Salvatore (1996, p. 271). Fonte: O autor (2015). Quantidade (Q) Receita Total (RT=PxQ) Custo Total (CT) Lucro (RT-CT) Receita Marginal (RMg=ΔRT/ ΔQ) Custo Marginal (RCg=ΔCT/ ΔQ) 0 0 4 -4 4 6 1 4 10 -6 4 3 2 8 13 -5 4 2 3 12 15 -3 4 1 4 16 16 0 4 1 5 20 17 3 4 4 6 24 18.5 5,5 4 1,5 7 28 21 7 4 2,5 8 32 25 7 4 4 9 36 36 0 11 Concorrência perfeita e Monopólio U1 18 O gráfico evidencia o ponto ótimo no estágio de produção 7, e vai de acordo com a respectiva tabela (tabela 1.5). Várias considerações importantes podem dar sequência ao estudo. Muitos autores, inclusive, apontam características interessantes sobre a maximização do lucro da empresa competitiva no curto e no longo prazo, incluindo nas análises as curvas de lucro, de custos médios e de oferta da empresa. É uma ótima dica se aprofundar mais nos aspectos de curto e de longo prazo para quem tem o interesse de buscar uma visão mais ampla sobre o processo de maximização de lucros da empresa competitiva. Caro aluno, você pode reforçar seus estudos sobre este tema lendo o Capítulo 8 - Maximização de lucro em oferta competitiva, do livro: PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Disponível na Biblioteca Digital. Quantidade (Q) Receita Total (RT=PxQ) Custo Total (CT) Lucro (RT-CT) Receita Marginal (RMg=ΔRT/ ΔQ) Custo Marginal (CMg=ΔCT- ΔQ) 0 0 8 1 4 9 2 8 10 3 12 11 4 16 13 5 20 19 6 24 27 7 28 37 1. Quais são as principais características de um mercado competitivo? 2. Considere o custo total e a receita total de uma empresa competitiva, dados na tabela a seguir (adaptado de MANKIW, 2009, p. 295): Concorrência perfeita e Monopólio U1 19 a) Qual é o preço praticado pela empresa? b) Qual é o lucro para cada estágio de produção? Qual é a quantidade produzida que maximiza o lucro? c) Calcule a receita marginal e o custo marginal para as respectivas quantidades. Represente o gráfico do ponto ótimo. Em qual quantidade essas curvas se cruzam? Agora, daremos continuidade ao nosso estudo procurando entender o funcionamento de outra estrutura de mercado: o monopólio, que será apresentado na seção 1.2 da unidade em questão. Durante a seção 1 tratamos sobre a estrutura de mercado, conhecida como mercado competitivo. Percebe-se que a grande concorrência entre as empresas participantes do mercado é sua principal característica. Tente refletir sobre os benefícios para os consumidores, advindos da concorrência. E para as empresas participantes, a concorrência também pode vir a ser benéfica? Concorrência perfeita e Monopólio U1 20 Concorrência perfeita e Monopólio U1 21 Seção 2 Poder de mercado do monopólio e monopsônio Na maioria das cidades do Brasil, a distribuição de água de torneira é um monopólio, ou seja, apenas uma empresa pode oferecer tal serviço. Sendo assim, não temos opção de escolha, somos obrigados a aceitar os preços que a empresa pratica e consumir o produto que ela oferece. Quando isso acontece, dizemos que o mercado é um monopólio. O nome diz tudo: mono = um, apenas uma empresa no mercado. Outro exemplo clássico de monopólio é o caso da Microsoft, detentora dos direitos autorais do programa operacional Windows. Mesmo sem que você saiba, está adquirindo um produto de um dos maiores monopólios do mundo. De fato, quando você compra o computador com o Windows, recebe o programa instalado, mas não recebe o código da programação (o código-fonte), e é automaticamente obrigado a adquirir o pacote Office, pois outros programas não são compatíveis com o Windows. Você é obrigado a adquirir o Word, o Excel etc. Assim, se torna ummonopólio. Há um bom tempo se questiona a liberação de parte do código-fonte do Windows para que outras empresas possam desenvolver programas que sejam compatíveis, mas a Microsoft reluta, encarando, até mesmo, pesadas multas para manter seu domínio sobre o mercado. Acabamos de apresentar dois bons exemplos de monopólios: água de torneira e Microsoft, grandes monopólios. Só que monopólios também podem ser encontrados em escalas menores. Querem um exemplo? Em muitos municípios, alguns serviços são terceirizados, como o transporte coletivo e a coleta de lixo, e, na maioria das vezes, apenas uma empresa é responsável pelo serviço. Conclusão: monopólio. Neste sentido, vamos prosseguir estudando mais detalhes sobre a estrutura de monopólio. Você deve estar se perguntando: qual é o monopólio? Será que é porque todos (ou quase todos) temos um computador com o Windows em casa? Concorrência perfeita e Monopólio U1 22 2.1 Monopólio: conceito, características e atuação no mercado Os monopólios apresentam características únicas, existem por motivos particulares e desenvolvem estratégias específicas para a maximização do lucro. Todos estes assuntos serão abordados nesta seção, bem como, alternativas para os governos lidarem com os problemas do monopólio. E outra estrutura de mercado, conhecida como monopsônio. Bom estudo! De acordo com Pinho e Vasconcelos (2006), as hipóteses para a configuração de um monopólio são as seguintes: • O setor é constituído de uma única firma. • A firma produz um produto para o qual não existe substituto próximo. • Existe concorrência entre os consumidores. • A curva da receita média é a curva de demanda do mercado. Quando pensamos em mercado sem concorrência, logo associamos a estrutura de mercado a dois fatores: preços altos e baixa qualidade dos produtos e serviços. Como apenas uma empresa participa do mercado, ela é responsável pela definição dos preços que serão praticados. Assim, as empresas monopolistas são chamadas de formadoras de preços (diferentemente de mercados competitivos onde as empresas eram tomadoras de preços). Se os monopolistas são formadores de preços, será que podem praticar o preço que querem? Não existe um limite para isso, limite que vocês irão compreender melhor durante a continuidade da leitura da seção. Vamos dar um exemplo simples: imaginem que uma cópia licenciada do sistema operacional Windows custe US$ 100, 00; agora, imaginem que a mesma cópia custe US$ 1.000,00! Qual é o espanto? A Microsoft é a única a oferecer tal produto, deve poder cobrar o quanto deseja, não é? Não. Se fosse o caso do exemplo acima, quais seriam as principais implicações? Seriam as seguintes: 1. O computador se tornaria algo mais elitizado, ou seja, nem todos teriam condições de acesso para adquirir um computador para as suas residências; 2. Isso incentivaria as pessoas a buscarem alternativas, como a aquisição de outros programas operacionais, disponíveis no mercado, como é o caso do Linux, por exemplo; 3. Haveria um grande estímulo à pirataria. Concorrência perfeita e Monopólio U1 23 De forma resumida, os monopolistas não podem cobrar o quanto desejam, existem limites para isso, e vocês verão que o governo exerce um papel importante no controle de preços deles. Outro grande questionamento acerca dos monopólios é sobre sua existência. Já que podem ser ruins do ponto de vista da equidade e da eficiência, por que existem? Antes de responder a tal questão, vale um breve comentário sobre a consolidação dos primeiros grandes monopólios no nosso país. No Brasil, nós podemos dizer que o processo de industrialização não se deu pelas vias normais. Quais são as vias normais para o desenvolvimento industrial? Surgem rotas de comércio, as rotas de comércio se consolidam e viram cidades, nas cidades desenvolve-se o comércio, o comércio se fortalece e serve de base para o surgimento da indústria que virá. Foi assim que aconteceu com a maioria dos países desenvolvidos. No Brasil, não. Já no início da sua colonização, a distribuição de terras se deu com base em grandes propriedades (latifúndios). Os latifúndios, por sua vez, desestimulam a diversificação de culturas, e automaticamente favorecem a monocultura. A monocultura não estimula o comércio, ou seja, as trocas. Sem um comércio forte, ocorre um atraso no processo de industrialização (sem falarmos no grande favorecimento da importação de produtos acabados, que ocorreu no século XVIII e no início do século XIX), ou seja, uma industrialização tardia. As poucas indústrias que estavam surgindo (principalmente após o fim do ciclo do café, na década de 30) necessitavam de recursos: • Sistema de transporte adequado. • Sistema de distribuição de combustíveis. • Oferta de energia elétrica. • Fomento de recursos financeiros. • Construção de rodovias. • Mão de obra qualificada. • Indústrias de base (siderurgia, química, metalurgia pesada, etc., indústrias que favoreçam o desenvolvimento de novas indústrias). Como não existiam indústrias de ponta em setores de infraestrutura (estratégicos), o próprio governo se encarregou de constituir os primeiros grandes monopólios no Brasil. Assim, no final da primeira metade do século XIX, e principalmente no início da segunda metade do mesmo século, surgiram os primeiros grandes monopólios no Brasil (Eletrobrás, Petrobrás, Telebrás, Sidebrás etc.), que eram todos do Estado Concorrência perfeita e Monopólio U1 24 (estatais). Hoje, muitas destas empresas mudaram suas funções (como reguladoras dos mercados), ou foram privatizadas. Hoje, a existência dos monopólios se embasa principalmente devido à instituição de algumas barreiras, barreiras estas que impedem a entrada de outras empresas no mercado, consolidando assim um mercado monopolista. Existem basicamente três grandes barreiras, são elas: 1. Um recurso-chave é propriedade, exclusividade de uma única empresa. Um exemplo bem simples ocorre em uma situação onde temos várias propriedades em uma mesma área rural. Se nesta área apenas uma propriedade tiver um poço artesiano para a retirada de água, podemos dizer que existe um monopólio, pois o recurso-chave (no caso, o poço artesiano) é propriedade de uma única empresa. Um exemplo interessante que pode ser encontrado no livro do Mankiw (2009) é o caso da DeBeers. A DeBeers é uma empresa de diamantes da África do Sul, que controla cerca de 80% da produção mundial de diamantes. Mesmo não sendo um monopólio pleno (pois não detém 100% do mercado), a DeBeers exerce grande poder de mercado. A empresa em questão extrai, lapida e vende os diamantes. Assim, qualquer outra empresa que deseja entrar no mercado para comercializar diamantes, automaticamente (por suposição), terá que comprar a pedra bruta da DeBeers. E a DeBeers não vai repassar a pedra bruta a preço de custo, vai cobrar uma margem; assim, o preço final da empresa entrante vai acabar sendo maior do que o praticado pela DeBeers, o que implicará na sua saída do mercado. Outro exemplo já tratado durante o início da seção é o caso da Microsoft, ela detém um recurso-chave, o código-fonte do Windows. 2. O governo concede a uma única empresa o direito de explorar/comercializar um dado bem ou serviço: é muito comum no caso de licitações públicas, como no caso das concessionárias de pedágios. Várias empresas se inscrevem na licitação, e de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo contratante, apenas uma ganha o direito de prestar o serviço: transporte público, coleta de lixo e muitos outros serviços terceirizados podem se enquadrar nesta barreira. Outro exemplo relevante é no caso das leis de patentes e de direitos autorais. No caso das leis de patentes, caso o governo conclua que um medicamento é realmente original, ou seja, a empresa investiu muitos recursos para o desenvolvimento de uma formulação nova, a empresa que é detentora da patente tem assegurado o direto exclusivo de produzir o medicamento por cerca de 20 anos. É algo muitoquestionável, pois temos que o monopólio da produção de determinados medicamentos priva muitos países do tratamento de inúmeras doenças, como é o caso do tratamento da AIDS em países do terceiro mundo. No caso dos direitos autorais ocorre uma garantia do governo de que ninguém poderá imprimir e vender cópias de um livro, por exemplo, sem a permissão do autor. Concorrência perfeita e Monopólio U1 25 3. Os custos de produção tornam um único produtor mais eficiente do que um grande número de produtores (Monopólio Natural): é muito comum em mercados onde os custos para implantação das plantas industriais, ou os custos de comercialização de determinados bens/serviços são muito altos. O monopolista, no caso, é detentor das instalações, das linhas de distribuição, dos encanamentos (dependendo do setor) etc. Caso outra empresa decida entrar no mercado, vai ter que realizar novos investimentos, ou até mesmo alugar as instalações que já estão em funcionamento. Assim, os custos totais médios tendem a aumentar. A tabela a seguir ilustra um exemplo simples de cálculo de custos: A primeira coluna apresenta os níveis de produção da empresa. Na segunda coluna temos os custos variáveis dela. A terceira coluna demonstra o custo total, que trata da soma dos custos fixos e dos custos variáveis. A fórmula seria a seguinte: CT= CF+CV Os custos médios são apresentados nas próximas três colunas. Lembrando que os custos médios tratam da divisão do custo pelo número de unidades produzidas. Assim, o Custo variável médio pode ser encontrado através da seguinte equação: CVMe= CV / Qde. O Custo fixo médio é encontrado usando a seguinte fórmula: CFMe= CF / Qde. e o Custo total médio através da fórmula abaixo: CTMe= CT / Qde., ou CTMe= CFEe + CVMe. A última coluna representa o Custo Marginal, ou seja: CMg=CMg=ΔCT-ΔQ Representando a coluna de Custo total médio, temos o seguinte gráfico: Fonte: O autor (2015). Tabela 1.6 - Cálculo das várias medidas de custos Produção CF CV CT Cvme Cfme CTme Cmg 0 40 0 40 0,0 0,0 0,0 0 1 40 25 65 25,0 40,0 65,0 25 2 40 28 68 14,0 20,0 34,0 3 3 40 33 73 11,0 13,3 24,3 5 4 40 36 76 9,0 10,0 19,0 3 5 40 40 80 8,0 8,0 16,0 4 6 40 54 94 9,0 6,7 15,7 14 Concorrência perfeita e Monopólio U1 26 EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE CÁLCULO DE CUSTOS DE UMA EMPRESA TIPICA, RESOLVIDO E COMENTADO De acordo com Mankiw (2009), quando a curva de custo total médio de uma empresa declina continuamente, nós temos um monopólio natural. Caso a produção se divida em um número maior de empresas, cada uma delas produz menos e o custo total médio aumenta. Assim, somente com uma empresa temos uma quantidade produzida maior com custos totais médios menores. Para facilitar o desenvolvimento, e antes de continuar, vamos apresentar um exercício resolvido passo a passo. O exemplo pode ser encontrado no livro de Mankiw (2009, p. 264). Na tabela 1.7 temos a quantidade produzida, os custos fixos e os custos variáveis da empresa: Fonte: O autor (2015). Gráfico 1.4 - Custo Total Médio Tabela 1.7 - Várias medidas de custo de uma empresa típica – parte 1 Produção CF CV CT Cvme Cfme CTme Cmg 0 3,00 0,00 1 3,00 0,30 2 3,00 0,80 3 3,00 1,50 4 3,00 2,40 5 3,00 3,50 Concorrência perfeita e Monopólio U1 27 Somando o custo fixo com o custo variável da empresa, temos: Calculando os custos variáveis médios e os custos fixos médios, temos: Fonte: Mankiw (2009, p. 264). Fonte: Mankiw (2009, p. 264). Tabela 1.8 - Várias medidas de custo de uma empresa típica – parte 2 Tabela 1.9 - Várias medidas de custo de uma empresa típica – parte 3 6 3,00 4,80 7 3,00 6,30 8 3,00 8,00 9 3,00 9,90 10 3,00 12,00 Produção CF CV CT Cvme Cfme CTme Cmg 0 3,00 0,00 3,00 1 3,00 0,30 3,30 2 3,00 0,80 3,80 3 3,00 1,50 4,50 4 3,00 2,40 5,40 5 3,00 3,50 6,50 6 3,00 4,80 7,80 7 3,00 6,30 9,30 8 3,00 8,00 11,00 9 3,00 9,90 12,90 10 3,00 12,00 15,00 Produção CF CV CT Cvme Cfme CTme Cmg 0 3,00 0,00 3,00 0,00 0,00 1 3,00 0,30 3,30 0,30 3,00 2 3,00 0,80 3,80 0,40 1,50 3 3,00 1,50 4,50 0,50 1,00 4 3,00 2,40 5,40 0,60 0,75 5 3,00 3,50 6,50 0,70 0,60 Concorrência perfeita e Monopólio U1 28 6 3,00 4,80 7,80 0,80 0,50 7 3,00 6,30 9,30 0,90 0,43 8 3,00 8,00 11,00 1,00 0,38 9 3,00 9,90 12,90 1,10 0,33 10 3,00 12,00 15,00 1,20 0,30 Fonte: Mankiw (2009, p. 264). E, por fim, calculando as duas últimas colunas, do custo total médio e do custo marginal, temos: Representando o gráfico do custo total médio, temos: Fonte: Mankiw (2009, p. 264). Tabela 1.10 - Várias medidas de custo de uma empresa típica – parte 4 Produção CF CV CT Cvme Cfme CTme Cmg 0 3,00 0,00 3,00 0,00 0,00 0,00 0,30 1 3,00 0,30 3,30 0,30 3,00 3,30 0,50 2 3,00 0,80 3,80 0,40 1,50 1,90 0,70 3 3,00 1,50 4,50 0,50 1,00 1,50 0,90 4 3,00 2,40 5,40 0,60 0,75 1,35 1,10 5 3,00 3,50 6,50 0,70 0,60 1,30 1,30 6 3,00 4,80 7,80 0,80 0,50 1,30 1,50 7 3,00 6,30 9,30 0,90 0,43 1,33 1,70 8 3,00 8,00 11,00 1,00 0,38 1,38 1,90 9 3,00 9,90 12,90 1,10 0,33 1,43 2,10 10 3,00 12,00 15,00 1,20 0,30 1,50 Concorrência perfeita e Monopólio U1 29 Fonte: O autor (2015) Fonte: O autor (2015). Diferentemente do gráfico 1.5, temos que os custos totais médios voltam a subir nos últimos estágios de produção, assim, não se trata de um monopólio natural. Uma consideração importante, se compararmos as características de uma empresa competitiva com um monopólio, é no que se refere à curva de demanda. O gráfico 1.6 demonstra a curva de demanda de uma empresa competitiva: O que se nota é que a curva de demanda de uma empresa competitiva é uma reta, isso acontece porque em mercados competitivos os preços são estáveis no curto prazo. Lembrando-se da seção da presente unidade, as empresas são tomadoras de preços, assim, os consumidores podem demandar diferentes quantidades, independente do preço. Gráfico 1.5 - Custo total médio de uma empresa típica Gráfico 1.6 - Curva de demanda da empresa competitiva R$ 0 Qtde. Demanda Concorrência perfeita e Monopólio U1 30 Já no monopólio, a curva de demanda apresenta um formato diferente, conforme mostra o gráfico 1.7: Observando o gráfico 1.7, podemos retirar duas conclusões: primeiro, em mercados monopolistas os preços não serão constantes; e segundo, para vender quantidades maiores o monopolista vai ter que se sujeitar a preços menores. As fórmulas para o cálculo das receitas e dos custos das empresas competitivas e as do monopólio são idênticas. A tabela 10 ilustra o cálculo da receita total, da receita média e da receita marginal do monopolista: Fonte: O autor (2015). Fonte: Mankiw (2009, p. 305). Gráfico 1.7 - Curva de demanda do monopolista Tabela 1.10 - Receita do monopolista R$ 0 Qtde. Demanda Quantidade (Q) Preço (R$) Receita Total Receita Média Receita Marginal (P) (RT=PxQ) (RM=RT/Q) (RMg=ΔRT/ΔQ) 0 11 0 - 10 1 10 10 10 8 2 9 18 9 6 3 8 24 8 4 4 7 28 7 2 5 6 30 6 0 6 5 30 5 -2 7 4 28 4 -4 8 3 24 3 Concorrência perfeita e Monopólio U1 31 Se observarmos a tabela 1.10 com cuidado, podemos perceber que, à medida que os preços vão diminuindo, a receita total também se altera. Até o estágio de produção 5, nós temos uma receita total crescente, no estágio 6 ela se estabiliza, e a partir daí novas reduções de preços resultam em receitas menores. A visualização se torna mais fácil quando representamos o gráfico da receita total do monopólio: Da mesma forma que acontecia com o mercado competitivo, no monopólio o preço é igual à receita média, a diferença surge quando analisamos a receita marginal. Para os mercados competitivos, no ponto de maximização do lucro o preço era igual à receita média, que, por sua vez, era igual à receita marginal, ou seja: P=RM=RMg Como no ponto ótimo a RMG=CMg, podemos concluir que, para as empresas competitivas, no ponto de maximização de lucros: P=CMg No caso do monopólio, e de acordo com a tabela, podemos perceber que o preço é maior que a Receita Marginal (P>RMg). O gráfico 1.9 demonstratal relação: Fonte: O autor (2015). Gráfico 1.8 - Receita do monopólio Concorrência perfeita e Monopólio U1 32 E, como veremos a seguir, o monopolista inicia o processo de maximização de lucros do mesmo modo que a empresa competitiva, escolhendo a quantidade, onde a RMg=CMg. Sendo assim, no ponto de maximização do lucro do monopolista o preço será maior que o Custo Marginal (P>CMg), o que nos dá indicativos de que o monopolista maximiza seus lucros cobrando preços maiores do que se no mercado existisse concorrência. Igualando a receita marginal com o custo marginal, o monopolista inicia seu processo de maximização de lucros, como pode ser visto no gráfico 1.10: Fonte: O autor (2015). Fonte: O autor (2015). Gráfico 1.9 - Preço e Receita Marginal do monopólio Gráfico 1.10 - Definição da quantidade ofertada do monopolista Concorrência perfeita e Monopólio U1 33 De acordo com o gráfico 1.10, se o mercado fosse competitivo, a empresa maximizaria seu lucro escolhendo a quantidade Q1, e praticando o preço P1 (onde a RMg=CMg). Mas como o monopolista é único no mercado, ele faz uso da curva de demanda para definir os preços que irá praticar, isso pode ser visto no gráfico 1.11: O gráfico 1.11 ilustra que, ao utilizar a curva de demanda de mercado, o monopolista pode praticar um preço mais alto (P2), o que fará com que os consumidores continuem comprando a mesma quantidade (Q1). O gráfico 1.12 mostra o lucro a mais que o monopolista consegue auferir ao praticar preços maiores. Fonte: O autor (2015). Gráfico 1.11- Definição de preços do monopolista Gráfico 1.12 - Maximização do lucro do monopolista Fonte: O autor (2015). Concorrência perfeita e Monopólio U1 34 O retângulo que surge no eixo da quantidade representando a diferença entre CMe e P2 denota o lucro do monopolista. Partindo de princípios lógicos, ao praticar preços maiores, automaticamente, o monopolista deveria ofertar uma quantidade maior no mercado, como indica o gráfico 1.13: O triângulo superior, resultante da diferença, no eixo da quantidade, entre Q1 e Q2, demonstra a ineficiência do monopólio. De acordo com Pindyck e Rubinfeld (2006), é o que pode ser chamado de peso morto, ou seja, é aquele benefício a mais que o monopolista deveria ofertar (por praticar preços maiores) e não o faz. Pode ser expresso não só apenas em quantidades, mas também na forma de um atendimento diferenciado, uma embalagem melhor etc. A discriminação de preços é percebível em vários segmentos nos quais uma única empresa é detentora de grande parte do mercado. Mankiw (2009) versa sobre algumas situações que ilustram a discriminação de preços. O autor em questão comenta sobre os ingressos de cinema, citando que, em alguns casos, alguns cinemas oferecem preços menores para aposentados e estudantes, algo difícil de explicar sob a ótica do mercado competitivo, pois o preço seria igual ao custo marginal, mas facilmente compreendido quando partimos da suposição de que os cinemas possuem poder de monopólio local, e os idosos e estudantes, uma menor disposição para comprar os ingressos. Entra em cena a discriminação de preços para aumentar o lucro dos monopólios, no caso dos cinemas. Outros exemplos podem ser: Gráfico 1.13 - Problemas do monopólio Fonte: O autor (2015). Concorrência perfeita e Monopólio U1 35 Tabela 1.11 - Receita do monopolista típico – parte 1 Fonte: Adaptado de Mankiw (2009, p. 326-327). • Preços de passagens aéreas. • Cupons de desconto. • Ajuda financeira. • Descontos por quantidade, etc. Em todos os casos, os monopolistas (se for o caso) podem praticar a discriminação de preços para aumentar seus lucros. Caro aluno, para revisar as noções básicas de oferta e demanda, você deverá ler o Capítulo 10 - Poder de Mercado: Monopólio e Monopsônio, do livro: PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013 p. 351-374. Disponível na Biblioteca Digital. EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS DE UMA EMPRESA MONOPOLISTA TÍPICA, RESOLVIDO E COMENTADO Imagine uma determinada empresa que possua a seguinte relação entre os preços de seus produtos e dada quantidade demandada: Calculando a receita total do monopolista, temos: Qde. preço RT Cf Cv CT CTMe CMg RMg 10000 24 20000 22 30000 20 40000 18 50000 16 60000 14 Concorrência perfeita e Monopólio U1 36 Tabela 1.12 - Receita do monopolista típico – parte 2 Tabela 1.13 - Receita do monopolista típico – parte 3 Fonte: Adaptado de Mankiw (2009, p. 326-327). Fonte: Adaptado de Mankiw (2009, pg. 326-327). Qde. preço RT Cf Cv CT CTMe CMg RMg 10000 24 VC 20000 22 440000 30000 20 600000 40000 18 720000 50000 16 800000 60000 14 840000 Qde. preço RT Cf Cv CT CTMe CMg RMg 10000 24 240000 0 50000 50000 5000 5000 20000 20000 22 440000 0 100000 100000 5000 5000 16000 30000 20 600000 0 150000 150000 5000 5000 12000 40000 18 720000 0 200000 200000 5000 5000 8000 50000 16 800000 0 250000 250000 5000 5000 4000 60000 14 840000 0 300000 300000 5000 5000 Agora, imagine que a empresa possa elaborar seus produtos sem custos e com um custo variável de 5 (CV=5) para cada unidade produzida: a partir daí podemos completar todas as colunas da tabela. A tabela indica que as curvas de RMG e CMG se encontrariam na quantidade 5.000, que ocorreria quando a demanda se encontra entre 50.000 e 60.000 unidades. Um grande questionamento que normalmente surge quando estudamos os monopólios é: já que podem cobrar preços maiores, e são (na sua maioria) ineficientes, como lidar com os problemas dos monopólios? Pindyck e Rubinfeld (2006) tecem vários comentários sobre a regulamentação de preços que pode ser exercida pelo governo. Já Mankiw (2009) explica que as políticas públicas podem ser mais amplas, e que os governos podem reagir ao poder dos monopólios de quatro formas: 1. Tornando os monopólios em mercados mais competitivos: o raciocínio é óbvio: deixando os mercados mais competitivos, a tendência é que os preços Concorrência perfeita e Monopólio U1 37 Aindade acordo com Reis et al. (2010, p. 20-22): praticados sejam menores e que a qualidade dos produtos/serviços possa ser melhor. Mas como fazer isso? De uma só forma: usando a legislação, principalmente a lei antitruste, uma lei que impede a união/fusão de empresas caso a empresa resultante apresente excessivo poder de mercado. Aqui no Brasil existem alguns casos clássicos, um deles se deu a partir do final da década de 90: a fusão entre duas empresas do setor alimentício, do segmento de chocolates, a Garoto e a Nestlé. De acordo com Reis et al. (2010, p.18-19): Tais investigações e análises são conduzidas através da instauração de processo administrativo, que posteriormente é remetido ao CADE para julgamento. No âmbito da proteção ao consumidor, a SDE é o órgão responsável pela coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e tem suas competências estabelecidas pela Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, cabendo-lhe planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor. O CADE foi criado em 1962, como órgão do Ministério da Justiça, tendo sido transformado em autarquia federal em 1994, conforme Lei nº. 8.884/94, que também estabeleceu suas atribuições. Dentre suas funções, o CADE tem a finalidade de orientar, fiscalizar e apurar abusos de poder econômico, exercendo papel tutelador na prevenção e repressão dos abusos cometidos por empresas com poder de mercado. Assim, na estrutura do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, o CADE é o órgão responsável pelo julgamento dos processos e, com base na instrução realizada pela SDE e na análise dos pareceres, não vinculativos, emitidos tanto por esta quanto pela SEAE, decide se houve ou não infração à livre concorrência por parte de empresas ou seus administradores nos casos deconduta, e também, aprecia os atos de concentração submetidos à sua aprovação. O CADE é formado por um Plenário composto por um presidente e seis conselheiros, indicados pelo Presidente da República, sabatinados e aprovados pelo Senado Federal, para um mandato de dois anos (havendo a possibilidade de uma única recondução, por igual período) e, portanto, só podem ser destituídos em condições muito especiais. Esta regra confere autonomia aos membros do Plenário do CADE, o que é fundamental para assegurar a tutela dos direitos difusos da concorrência de forma técnica e imparcial. Concorrência perfeita e Monopólio U1 38 Em 15 de março de 2002, a empresa Nestlé Brasil Ltda., subsidiária brasileira do grupo suíço Nestlé, submeteu à apreciação do CADE a aquisição da empresa Chocolates Garoto S/A. A operação se formalizou, após processo de disputa entre diversas empresas interessadas, com a celebração pelas Requerentes do Contrato de Subscrição, datado de 22 de fevereiro de 2002. Depois do fechamento do negócio, que ocorreu em 28 de fevereiro de 2002, conforme previsto na cláusula 3ª do Contrato de Subscrição, a Nestlé Brasil Ltda. passou a deter a totalidade do capital social da Chocolates Garoto S/A. Para resguardar as condições do mercado relevante, de forma a evitar a ocorrência de danos irreversíveis até a decisão final do Plenário do CADE, foi adotada uma Medida Cautelar, com a celebração do Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (APRO), nos termos da Resolução CADE nº 28, de 24 de julho de 2002. A aquisição aumentava significativamente a concentração horizontal no mercado de chocolates em geral. Outras questões foram analisadas, incluindo a estimativa das barreiras à entrada e as perspectivas de expansão de marcas rivais como Mars e Hershey, que formavam uma franja competitiva constituída por grandes empresas multinacionais. Foi apresentado estudo detalhado das eficiências esperadas da concentração, elaborado por auditoria independente. O CADE concluiu que as importações não eram fator significativo no mercado e que havia barreiras a novas entradas em razão das dificuldades para garantir a distribuição por atacado e devido à diferenciação do produto sustentada por elevados gastos em propaganda. Além disso, foram descartadas as eficiências apresentadas pelas empresas, uma vez que, ou não seriam específicas à operação e poderiam ser obtidas de outras formas menos lesivas à concorrência, ou porque as eficiências decorriam de transferências financeiras. Assim, o Plenário concluiu que a transação deveria ser rejeitada, porque (1) nem a esperada redução nos custos variáveis (eficiências), nem o grau de rivalidade remanescente no mercado seriam suficientes para evitar os aumentos de preço ao consumidor de chocolate, e (2) não havia qualquer remédio estrutural capaz de reduzir os efeitos negativos da elevação da concentração. Quando as empresas anunciaram a possibilidade de fusão, o governo entrou na justiça alegando truste e impediu (pelo menos temporariamente) a união entre as empresas. O governo alegou que a junção entre as empresas representaria em Concorrência perfeita e Monopólio U1 39 uma gigante no mercado de chocolates, que poderia exercer fortes influências nos resultados de mercado. A título de ilustração, tivemos outros dois exemplos que fogem à regra. O primeiro exemplo trata da criação da Ambev, a gigante cervejeira do Brasil. Quando a Brahma, a Antarctica e a Skol anunciaram a fusão, todos os analistas de mercado acreditavam que o governo faria uso da lei antitruste, pois visivelmente ela poderia exercer grandes influências no mercado. Contrariando todas as expectativas, o governo aprovou a fusão. De acordo com Quintella (2013, p. 21): Ainda de acordo com Quintella (2013, p. 23): A fusão entre a Companhia Cervejaria Brahma e a Companhia Antarctica Paulista, resultando na Companhia de Bebidas das Américas – AmBev, foi feita com o objetivo de obter ganho de escala, aumentar a competitividade e poder atingir o mercado internacional, exaltando a bandeira nacionalista com o slogan de ser a primeira “multinacional verde-e-amarela”. Com isso, foi apresentada a ideia de distribuição internacional do Guaraná Antarctica, carro-chefe da Companhia Antarctica Paulista, usufruindo da estrutura da Pepsi Co. Após o anúncio da fusão, inúmeras cervejarias se apresentaram contra, sob a alegação de que tal fusão iria gerar monopólio. A Kaiser foi a principal opositora e até apresentou previsões que envolviam milhares de demissões. Sobre o grande poder de barganha obtido por essa fusão, a Companhia de Bebidas das Américas - AmBev ficou proibida de exigir venda exclusiva em qualquer ponto de venda. E para garantir as suas propostas de melhoria de eficiência e redução de custos, a Companhia de Bebidas das Américas - AmBev assinou um termo de cumprimento de metas de duração de cinco anos, sob penalidade de multa em caso de descumprimento. O objetivo do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) com essas restrições era garantir a entrada de um novo concorrente no mercado à cervejaria Bavária, que já tinha aceitação dos consumidores. Como a distribuição causa muitos custos e pode ser um problema para uma nova cervejaria, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) procurou obrigar a Companhia de Bebidas das Américas - AmBev a Concorrência perfeita e Monopólio U1 40 oferecer ajuda nesse ramo à Cervejaria Bavária, garantindo a sua continuidade. Apesar das precauções do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), muitas pessoas ficaram insatisfeitas com esse veredito, principalmente os representantes da Cervejaria Kaiser e da Schincariol, que, além de acreditarem que a formação da Companhia de Bebidas das Américas - AmBev iria conceder a esta enormes vantagens competitivas, também estavam excluídas da compra de ações da nova companhia devido a restrições estabelecidas pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), visto que possuíam mais de 5% do mercado. No dia 19 de maio de 2009 foi anunciada oficialmente a criação de uma das maiores empresas do ramo de alimentos do Brasil e do mundo, denominada Brasil Foods S.A. - BRF, originada da fusão entre a Sadia e a Perdigão. Essa fusão trouxe à tona uma série de questões, especialmente em relação à preservação da concorrência nesse mercado e o significado estratégico para o Brasil ao ter uma das maiores multinacionais de alimentos. A ameaça à concorrência é afirmada pelo fato das duas companhias estarem juntas na liderança do mercado em vários segmentos de produtos, constituindo a capacidade de impor preços. Assim, essa visão apoia o argumento dos especialistas e órgãos de defesa do consumidor de que a Brasil Foods iria reduzir a competição no mercado e elevaria os preços de alimentos. Qual era a intenção do governo brasileiro ao aprovar a criação da Ambev? A intenção do governo era aumentar o gênero e o volume das exportações brasileiras, ou seja, entrar no mercado externo. O mercado cervejeiro internacional é extremamente conservador, com marcas com muitos séculos de existência, com grandes premiações internacionais. Uma marca de cerveja brasileira, por si só, teria dificuldade em entrar no mercado externo, e com a criação da Ambev isso agora é possível. O segundo exemplo é parecido, e também se refere ao mercado alimentício: a fusão entre a Sadia e a Perdigão, criando a gigante BRfoods. De acordo com Sarassa e Vonia (2010, p. 3-4): Ainda de acordo com Sarassa e Vonia (2010, p. 6): Concorrência perfeita e Monopólio U1 41 Quando da criação da BRfoods, os questionamentos foram os mesmos citados no caso da Ambev, e a resposta do governo, embora não explícita, também foi parecida: aumentar as exportações. 2. Regulamentando o comportamento dos monopólios: a regulamentação dos monopólios pode ser exercida pelas agências reguladoras. Como no caso da Anatel, ela regula o mercado de telefoniano Brasil. As principais atribuições da Anatel são: assegurar preços justos ao consumidor, ou seja, nenhuma operadora de telefonia pode aumentar seus preços sem autorização da Anatel, e controlar a qualidade dos serviços ofertados para o consumidor. Preço e qualidade, justamente os dois principais problemas que existem quando pensamos nos monopólios. 3. Estatizando alguns monopólios: em muitos casos, o governo pode comprar a empresa monopolista. Em um primeiro momento, pouca coisa muda, o monopólio simplesmente deixa de ser privado e passa a ser estatal. Então, qual é a intenção do governo? Na maioria dos casos, o que pode ocorrer é que o governo compra a empresa com a intenção de vendê-la, mas vendê-la em partes, cada parte para um grupo diferente. Vou dar um exemplo bem simples. Vamos imaginar uma determinada região onde apenas uma empresa possui a concessão para explorar o transporte público. Como na figura 1.1: Podemos dividir o impacto sobre a concorrência em duas linhas: os contrários, que temem que a BRF utilize o seu poder de mercado para elevar o preço dos alimentos; os favoráveis, que incluem na formação da BRF uma sinergia de operações que reduzirá custos e permitirá alimentos a menores preços e maior qualidade para os consumidores, como também a impossibilidade de impor preços ao mercado, visto sua natureza e a dos demais competidores. Os contrários à BRF afirmam que o domínio de mercado exercido pela empresa pode dar-lhe o poder de impor preços e deixar os alimentos mais caros e com menor qualidade, e que a redução de custos pela fusão não é repassada para o consumidor. Ainda nessa linha, podemos dizer que os casos de fusão no Brasil não resultaram em menores preços, mas em menos opções para o consumidor. Concorrência perfeita e Monopólio U1 42 Figura 1.1 - Exemplo de quebra de monopólio no transporte urbano – parte 1 Figura 1.2 - Exemplo de quebra de monopólio no transporte urbano – parte 2 Fonte: O autor (2015) Fonte: O autor (2015) Empresa dominante Lote A Lote B Lote C Lode D O governo compra a empresa a coloca a mesma à venda em quatro lotes: Depois de os lotes serem negociados, cada empresa passa a operar em um quadrante. Aos poucos, o governo vai concedendo o direito de uma empresa explorar o lote de outra empresa, e vice-versa, a abertura pode inicialmente ser na horizontal, como ilustra a figura 1.3: Figura 1.3 - Exemplo de quebra de monopólio no transporte urbano – parte 3 Fonte: O autor (2015) Lote A Lote B Lote C Lode D Concorrência perfeita e Monopólio U1 43 Posteriormente, o governo pode propiciar a abertura na vertical, como na figura 1.4: Ou seja, em uma área onde existia apenas uma empresa, agora temos quatro empresas operando. 4. Não fazer nada: por incrível que pareça, é uma opção. Primeiro, porque o governo pode deixar o mercado livre para que outras empresas (às vezes menores) possam se unir e decidir disputar o mercado; segundo, porque todas as outras três alternativas anteriores apresentam problemas. Qual é o problema da alternativa 1: utilizar a lei antitruste para impedir a criação de monopólios? Sob os olhos da legislação, a referida alternativa fere o direito de propriedade dos proprietários das empresas. Qual é o problema da alternativa 2: criar agências reguladoras? As agências fiscalizam as empresas, mas existe certa dificuldade em se fiscalizar/acompanhar a atuação das agências reguladoras. E na alternativa 3? Qual é o problema? Por mais louvável que seja a intenção do governo, não há aceitação pública. Em um país como o Brasil, com sérios problemas (principalmente de ordem social) a serem resolvidos, retirar dinheiro do orçamento federal para “comprar” empresas não seria bem visto aos olhos da sociedade. Como visto, os monopólios são estruturas de mercado fantásticas, cheias de particularidades, e que merecem muito estudo e seriedade na sua compreensão. Antes de fechar a seção 1.2, vale ressaltar a existência de uma variação do monopólio, que é o Monopsônio. De acordo com Pindyck e Rubinfeld (2006), o monopsônio refere- se a um mercado onde existe apenas um único comprador. Pinho e Vasconcellos (2006) acrescentam que o monopsônio pode prevalecer, principalmente, no mercado de trabalho, como no caso de uma empresa que se instala em uma determinada região do país e passa a ser a única demandante de mão de obra. Ainda de acordo com Pindyck e Rubinfeld (2006), as fontes de poder do monopsônio são as seguintes: Figura 1.4 - Exemplo de quebra de monopólio no transporte urbano – parte 4 Fonte: O autor (2015) Lote A Lote B Lote C Lode D U1 44 Concorrência perfeita e Monopólio • Elasticidade da oferta do mercado. • Número de compradores. • Interação entre compradores. A seguir temos algumas atividades para fixar o conteúdo da seção. Boa sorte! Na próxima unidade, vamos tratar sobre outras duas estruturas de mercado, a concorrência monopolista e o oligopólio. Até breve! Durante a seção 2 tratamos sobre a estrutura de mercado conhecida como monopólio. Gostaria que vocês refletissem sobre as principais diferenças entre mercados competitivos e monopólios. Também, apresentamos, na referida seção, que os monopólios podem apresentar problemas para os consumidores. Assim, é possível um monopólio ser eficiente do ponto de vista da equidade e da eficiência? Você é capaz de citar algum exemplo? 1. Explique quais são as principais características do monopólio. Quais são as características que o diferem do mercado competitivo? 2. Explique, na forma de texto, como ocorre o processo de maximização do lucro do monopolista. Concorrência perfeita e Monopólio U1 45 Caro aluno, você deve ter em mente que tanto a concorrência perfeita quanto o monopólio são estruturas de mercado que pressupõem que estamos analisando a situação da oferta de uma firma num contexto de indústria. Assim, a empresa está classificada dentro de uma estrutura dependendo das outras firmas concorrentes para um mesmo produto ou serviço, que estão atuando no mercado. Assim, você pode aprofundar seus estudos pesquisando sobre os custos sociais do monopólio. Em tais estudos sempre há uma comparação entre a concorrência perfeita e o monopólio em termos de bem-estar social. No link há um texto que versa sobre este tema e você pode estudá-lo. Disponível em: <http://www.ufpi.br/subsiteFiles/economia/ arquivos/files/texto11.pdf>. Nesta unidade você estudou duas importantes estruturas de mercado, a concorrência perfeita e o monopólio. Pôde verificar que a concorrência perfeita se trata de um modelo básico que descreve o funcionamento do mercado de maneira ideal, com um grande número de empresas ofertando um produto homogêneo, o que garantiria um lucro normal (mínimo) para as empresas participantes do mercado. Porém, ao estudar o monopóltio, verificou que esta estrutura é diametralmente oposta à concorrência e que o lucro é máximo, pois, através do controle da oferta, a empresa tem plenas condições de maximizar seu lucro devido ao seu poder de monopólio. Concorrência monopolística e oligopólio U2 46 1. Recentemente, divulgou-se na mídia o seguinte destaque: “Organização alerta CADE sobre suposto monopólio do Google”. Tal preocupação foi motivada pelo argumento de que o buscador Google elenca oferta de produtos e serviços com maior destaque para seus contratantes e, no caso, empresas que não são listadas na primeira página não existem (Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,organizacao- independente-alerta-cade-sobre-suposto-monopolio-do- google,125814>. Com base nesta informação, classifique o suposto monopólio do Google em termos de qual seria sua fonte de monopólio, ou seja, a barreira que limitaria a concorrência de outra empresa com o Google. 2. Oberve a figura: Tendo em vista que a concorrência monopolística e o monopólio se iniciam no ponto em que P=RMg, a figura ilustra a diferença da forma como o preço e a receita marginal caminham a partirdo ponto inicial. Neste sentido, explique como inicia o processo e como elas se diferenciam. Concorrência monopolística e oligopólio Concorrência monopolística e oligopólio U2 47 3. (FMP-RS - 2011 - TCE-RS - Auditor Público Externo - Economia) É CORRETO afirmar que o mercado apresenta uma estrutura em concorrência perfeita quando: a) Existe um grande número de produtores e compradores; cada um dos produtores e compradores é pequeno em relação à dimensão do mercado; os produtos elaborados são homogêneos, sendo substitutos perfeitos entre si; existe completa informação e conhecimento sobre o preço do produto por parte dos produtores e dos consumidores; não existe habilidade das firmas para influenciar a procura de mercado mediante mecanismos extrapreços, como propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização; existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado. b) Existe um grande número de produtores e compradores; cada um dos produtores e compradores é pequeno em relação à dimensão do mercado; os produtos elaborados são homogêneos, sendo substitutos perfeitos entre si; existe assimetria de informação e conhecimento sobre o preço do produto por parte dos produtores e dos consumidores; não existe habilidade das firmas para influenciar a procura de mercado mediante mecanismos extrapreços, como propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização; existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado. c) Existe um grande número de produtores e compradores; cada um dos produtores e compradores é pequeno em relação à dimensão do mercado; os produtos elaborados são homogêneos, sendo substitutos perfeitos entre si; existe assimetria de informação e conhecimento sobre o preço do produto por parte dos produtores e dos consumidores; as firmas poderão influenciar a procura de mercado mediante mecanismos extrapreços, como propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização; não existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado. d) Existe um grande número de produtores e compradores; cada um dos produtores e compradores é pequeno em relação à dimensão do mercado; os produtos elaborados são homogêneos, sendo substitutos perfeitos entre si; existe completa informação e conhecimento sobre o preço do produto por parte dos produtores e dos consumidores; não existe habilidade das firmas para influenciar a procura de mercado mediante mecanismos extrapreços, como propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização; não existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado. Concorrência monopolística e oligopólio U2 48 4. (Eletronorte/Economista/2006). Qual, dos seguintes pares de expressões, é incompatível? a) Perfeita competição – muitos vendedores. b) Monopsônio – um único comprador. c) Monopólio – um único vendedor de um bem substituto próximo. d) Oligopólio – poucas firmas vendendo produtos que são substitutos próximos. e) Cartel – combinação formal de produtores. 5. Companhia de Gás da Bahia - BA (BAHIAGÁS/BA) 2006. Cada estrutura de mercado no mundo econômico apresenta características bem definidas a partir do número dos que exercem as atividades de oferta e de procura. Sobre a estrutura de mercado monopolista, é correto afirmar que: a) No mercado monopolista ocorre uma concorrência duplamente imperfeita. b) No mercado monopolista ocorre um grande número de vendedores e apenas um comprador. c) Trata-se de um mercado de concorrência perfeita, caracterizado pelo grande número de participantes, nos dois lados considerados. d) Não há alternativas possíveis para os compradores, estes ou comprarão do único produtor existente ou deixarão de consumir o produto. e) Devido ao pequeno número de empresas dominantes, o controle sobre os preços favorece a ocorrência de práticas conspirativas, conluios e acordos que prejudicam o consumidor. e) Existe um grande número de produtores; cada um dos produtores é pequeno em relação à dimensão do mercado; os produtos elaborados são homogêneos, sendo substitutos perfeitos entre si; existe um pequeno número de compradores que poderão afetar o preço do mercado; existe completa informação e conhecimento sobre o preço do produto por parte dos produtores e dos consumidores; não existe habilidade das firmas para influenciar a procura de mercado mediante mecanismos extrapreços, como propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização; não existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado U1 49Concorrência perfeita e MonopólioConcorrência monopolística e oligopólio Referências BAER, W. A Economia brasileira. São Paulo: Nobel, 1996. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 32. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. MANKIW, N. G. Introdução à economia. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. 5. ed. São Paulo, 2006. QUINTELLA, P., F. Análise econômica da criação da Ambev. 2013. Monografia (Graduação em Ciências Econômicas) – PUC: Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 2013. REIS, Ana Clláudia et al. Fusão Nestlé e Garoto. Belo Horizonte, 2010. Disponível em: <http://www.sinescontabil.com.br/monografias/trab_profissionais/flaviane.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2015. SALVATORE, D. Microeconomia. 3. ed. São Paulo: Makron, 1996. SARASSA, S. M.; VONIA, E. Fusão da Perdigão Sadia. IV JOPEC: Jornada de Pesquisas Econômicas, 2013. Disponível em <http://www.fahor.com.br/publicações/ JOPEC/2013/Fusao_daPerdigao.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2015. Unidade 2 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO A competição monopolística é uma estrutura de mercado que não é perfeitamente competitiva. Como vocês verão durante a seção 2.1, possui aspectos semelhantes e aspectos divergentes dos mercados competitivos e dos mercados monopolizados. Em se tratando do mercado monopolístico, nosso foco será na determinação de preços e quantidades no curto e no longo prazo. O oligopólio, uma estrutura de mercado em que poucos vendedores ofertam produtos similares ou idênticos, pode ser considerado como sendo uma estrutura de mercado intermediária, ou seja, não existe tamanha concorrência como acontece no mercado competitivo, mas também não é composto por apenas uma empresa, como no caso do monopólio. Assim, na seção 2.2, dedicaremos nossos esforços para tentar compreender como a pouca concorrência é vista aos olhos dos consumidores, e como a decisão estratégica de um oligopolista afeta o equilíbrio do mercado em geral. Seção 1 | Equilíbrio monopolístico no curto e no longo prazo Seção 2 | Os mercados oligopolistas Avançando na nossa proposta, que visa à compreensão do funcionamento dos mercados, temos como objetivo principal, inicialmente, entender a estrutura de mercado conhecida como competição (ou concorrência) monopolística. Em um segundo momento, voltaremos nossa atenção para uma estrutura de mercado conhecida como oligopólio; e, por final, estudaremos três modelos de equilíbrio de mercado: o modelo de Cournot, o modelo de Stackelberg e o modelo proposto por Bertrand. Alexander Luis Montini Concorrência monopolística e oligopólio U2 52 As decisões estratégicas (em termos de preços praticados e quantidades produzidas) que conduzem ao equilíbrio de mercado são objetos de estudo de vários pesquisadores. Augustin Cournot, Stackelberg e Joseph Bertrand partem do modelo mais simples de oligopólio, que é quando temos apenas duas empresas dividindo o mercado (conhecido como duopólio), para tentar entender o comportamento da firma na busca pela maximização do lucro. Sendo assim, na seção 2.3, dedicaremos nosso tempo para apresentar aspectos relacionados aos três modelos propostos. Seção 3 | Equilíbrio: Modelos de Cournot, de Stackelberg e de Bertrand Concorrência monopolística e oligopólio Concorrênciamonopolística e oligopólio U2 53 Introdução Durante a Unidade 1 procuramos compreender os mercados competitivos e os mercados monopolistas, vimos como a concorrência existente no mercado competitivo leva a um equilíbrio que pode ser visualizado a partir do momento em que a curva de receita marginal (RMg) da empresa se iguala ao seu custo marginal (CMg). No caso do monopólio, também podemos visualizar que o processo de maximização de lucro se inicia da mesma forma que ocorre no mercado competitivo, só que o monopolista faz uso da curva de demanda para estabelecer seus preços (que são maiores do que os preços praticados em mercados com concorrência). Pindyck e Rubinfeld (2006) afirmam que empresas com poder de monopólio não exigem que a empresa seja monopolista pura, e que em muitos segmentos, ainda que diversas empresas estejam competindo entre si, cada uma tem pelo menos algum poder de monopólio; podem possuir controle sobre os preços, e podem cobrar valores superiores ao custo marginal. Nesta unidade estudaremos estruturas de mercado que, mesmo não sendo monopólio puro, podem fazer surgir o poder de monopólio. Vamos começar com a competição monopolística, no caso em questão a quantidade de poder de monopólio que a empresa exerce depende da diferenciação de seu produto em relação aos demais concorrentes. Pinho e Vasconcellos (2006) afirmam que a diferenciação dos produtos pode ocorrer por características físicas, pela embalagem, ou pelo esquema de promoção de vendas (como campanhas promocionais e fixação da marca na mente dos consumidores). A segunda estrutura de mercado que vai ser abordada na presente unidade é o oligopólio, um mercado onde apenas algumas empresas competem entre si e a entrada de novas empresas é dificultada. A mercadoria que produzem pode ser diferenciada, como no caso de automóveis e motocicletas; o mesmo ocorre com o setor de serviços, como no caso da telefonia móvel. Em alguns setores oligopolistas ocorre a cooperação, em outros casos ocorre a competição (que em algumas vezes tende a ser bem agressiva). De acordo com a interação entre as empresas concorrentes surgem o poder de monopólio e a lucratividade das respectivas empresas (PINDYCK RUBINFELD, 2006, p. 373). Ao final da unidade serão apresentados três modelos de equilíbrio de mercado que podem ocorrer em oligopólios: o de Cournot, o de Stackelberg e o de Bertrand. Os modelos em questão são úteis, pois desenvolvem hipóteses para o desenrolar do raciocínio e podem facilitar a compreensão do comportamento das empresas diante da concorrência. Assim, vamos dar início à seção 2.2, onde trataremos da estrutura de mercado conhecida como competição monopolística. Bom aprendizado! Concorrência monopolística e oligopólio U2 54 Concorrência monopolística e oligopólio Concorrência monopolística e oligopólio U2 55 Seção 1 Equilíbrio monopolístico no curto e no longo prazo Como vocês verão, a competição monopolística apresenta algumas características que remetem aos mercados competitivos, e outras características que se assemelham ao monopólio, contudo, indústrias monopolisticamente competitivas não se encaixam, em sua plenitude, no modelo competitivo e nem no de monopólio. Mankiw (2009, p. 331) cita o mercado de livros: quando você vai até uma livraria, pode encontrar uma infinidade de títulos e autores, o que o faz parecer competitivo, e como qualquer autor pode entrar no segmento, bastando escrever um livro, não se trata de um mercado altamente lucrativo. Por outro lado, cada livro é único, e as editoras têm alguma liberdade de escolha quanto ao preço que cobram, parecendo assim um mercado monopolístico. O exemplo apresentado pelos autores trata do mercado de livros, mas também pode ser aplicado a inúmeros outros mercados, como é o caso de artigos de luxo. No mercado de acessórios de luxo, nós podemos encontrar vários produtos semelhantes à nossa disposição, só que alguns dos acessórios disponíveis no mercado pertencem a marcas renomadas, e com isso (massificação da marca na mente dos consumidores), os clientes não conseguem enxergar uma concorrência, e passam a ver aquele produto como único, sem concorrência. De acordo com Pindyck e Rubinfeld (2006, p. 374), um mercado monopolisticamente competitivo possui duas características-chave: Sobre elasticidade cruzada da demanda, você pode consultar o livro de Pindyck e Rubinfeld (2006, p.126). 1. As empresas competem vendendo produtos diferenciados, altamente substituíveis uns pelos outros, mas que não são, entretanto, substitutos perfeitos. Em outras palavras, as elasticidades cruzadas de suas demandas são grandes, mas não finitas. 2. Há livre entrada e livre saída: é relativamente fácil a entrada de novas empresas com suas próprias marcas e a saída de empresas que já atuam no mercado, caso seus produtos deixem de ser lucrativos. Concorrência monopolística e oligopólio U2 56 Assim como ocorre no monopólio, na competição monopolística as empresas apresentam curvas de demanda decrescentes. Por isso elas possuem poder de monopólio, mas isso não implica lucros extremamente altos, isso ocorre porque existe a livre entrada e saída do mercado, o que faz com que a possibilidade de obter lucro estimule outras empresas a participarem do mercado, o que reduzirá os lucros econômicos. A seguir, voltaremos nossa atenção para a maximização do lucro da empresa competitivamente monopolística, e seu equilíbrio no curto e no longo prazo. 1.1 A empresa monopolisticamente competitiva no curto prazo Conforme já dito, a empresa competitivamente monopolística se assemelha, em muitos aspectos, ao monopólio. O processo de maximização de lucros tem início a partir do momento em que a curva de custo marginal (RMg) se iguala à curva de receita marginal (CMg), e, com base na curva de demanda (como comentado no parágrafo anterior, é decrescente), ocorre a definição dos preços que serão praticados. No caso do gráfico 2.1 temos as curvas de Custo Marginal, Custo total médio, Demanda e Receita marginal. No exemplo em questão, percebe-se que o preço supera o custo total médio, de modo que a empresa obtém lucro. Agora, vamos apresentar o gráfico 2.2, que mostra o equilíbrio da empresa competitivamente monopolista em uma situação de prejuízo: Fonte: O autor (2015). Gráfico 2.1 – Empresa monopolisticamente competitiva em situação de lucro Sobre o equilíbrio da empresa competitivamente monopolística, no curto prazo, e em situação de obtenção de lucro, consultar o livro: Mankiw (2009, p. 335). Concorrência monopolística e oligopólio Concorrência monopolística e oligopólio U2 57 1.2 A empresa monopolisticamente competitiva no longo prazo Uma situação como a que foi representada nos gráficos 2.1 e 2.2 pode não durar muito tempo, principalmente o que foi descrito no gráfico 2.1, isso porque, quando empresas apresentam lucros, existe um incentivo para que novas empresas entrem no mercado para ofertarem seus produtos No gráfico 2.2, o preço é inferior ao custo total médio, assim, a empresa não é capaz de obter lucro, o máximo que ela pode fazer é tentar reduzir os prejuízos. De acordo com Mankiw (2009, p. 334): “Uma empresa monopolisticamente competitiva escolhe sua quantidade e seu preço da mesma maneira que o monopólio. No curto prazo, esses dois tipos de estrutura de mercado são semelhantes”. Fonte: O autor (2015). Gráfico 2.2 – Empresa monopolisticamente competitiva em situação de prejuízo Sobre o equilíbrio da empresa competitivamente monopolística, no curto prazo e em situação de prejuízo, favor consultar o livro: Mankiw (2009, p. 335). Essa entrada aumenta o número de produtos dentre os quais os clientes podem escolher e, com isso, reduz a demanda da empresa para cada empresa já presente no mercado. Em outras palavras, o lucro incentiva a entrada, a qual desloca Concorrência monopolística e oligopólio U2 58 para a esquerda as curvas de demanda com que deparam as empresas já existentes.
Compartilhar