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II PROVA DE FEB 2016/1 - UFU

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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Economia
Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco J, sala 225
CEP 38400-902 - Uberlândia / MG
Fone: (34) 3239-4179 – Prof. Ebenézer Pereira Couto - e-mail: ebenezer@ufu.br
	
II Avaliação de “Formação Econômica do Brasil” – 30 pontos
Avaliação individual e com consulta
22/06/2016
Nome e matricula:
Tendo como referência a clássica transição ao capitalismo na Europa ocidental, analise a contundente peculiaridade da construção do Estado brasileiro, com ênfase na análise das razões fundantes da manutenção do escravismo, contra a força do discurso liberal inglês em prol de sua abolição.
BOA PROVA!!!
A transição do mercantilismo para o capitalismo na Europa ocidental trouxe consigo profundas mudanças sociais, econômicas e políticas. A dominação econômica passa a ser exercida pelos países recém-industrializados, liderados pela Inglaterra, enquanto as antigas potências mercantis entram em declínio. A revolução francesa gera um novo modelo político que inspirará muitas outras nações. O protestantismo não muda apenas a relação das pessoas com a Igreja, muda também conceitos no trato entre as pessoas dentro da sociedade. A relação dos trabalhadores com a terra foi profundamente alterada criando um “grande exercito de reserva” nas cidades industriais. A capacidade de produção crescia a taxas grandiosas obrigando a abertura de novos mercados consumidores, usando a força se fosse necessário.
A formação do Estado Brasileiro se dá em meio a este cenário. Em fuga do expansionismo Frances, todo o governo Português se muda para o Brasil e assim transformando a colônia em estado. Entretanto, as evoluções e melhorias ocorridas no país em função da presença do Rei no Brasil não mudaram a fundamentação econômica brasileira voltada para exportação de produtos agrícolas e matérias primas. 
Desde a formação da colônia no Brasil a solução utilizada para compor a base de trabalho foi a mão de obra escrava. Inicialmente escravizando os nativos brasileiros e depois através da importação de negros africanos. Base que seria utilizada até o final do século XIX. 
Os nativos americanos e os negros africanos eram vistos pelos colonizadores europeus como criaturas inferiores com hábitos e rituais bizarros. Homens e mulheres sem Deus, fadados a serem escravos em função dos pecados cometidos por eles ou por seus antepassados. Esse discurso utilizado para justificar o lucrativo tráfico negreiro ajudou a formar uma cultura paternalista entre os senhores e os escravos, porem, o triunfo do capitalismo, balizado na mão de obra assalariada e de livre circulação, em conjunto com princípios protestantes alteraram profundamente a visão em relação ao escravo nos países de origem anglo-saxões, principalmente Inglaterra e Estados Unidos, criando um conflito entre os ideais protestantes capitalistas e a utilização de mão de obra escrava. Desta forma a Inglaterra aboliu a escravidão em 1834 e passou a criticar e combater tal forma de mão de obra. Enquanto nos países de origem ibérica a tradição católica não criou nenhum conflito mas contrariamente reforçou a cultura paternalista, mesmo convertido em nada se alterava a situação do escravo. Ainda é preciso considerar que a elite oligárquica brasileira se manteve fortemente fundamenta em uma dinâmica semicapitalista com fortes traços feudais, para eles a manutenção da economia dependia da matriz escrava e aliada a aspectos culturais depreciativos ao trabalho livre assalariado, a utilização de mão de obra escrava no Brasil resistiu até 1888.
A construção do mercado de trabalho livre no Brasil foi um processo penoso e pleno de obstáculos. Sem margem a dúvidas, poder-se-ia dizer que ao longo do século XVIII, num cenário de país independente, apesar da existência de homens livres, o mercado de trabalho encontrava-se vazio. Discuta o porquê da dificuldade da constituição das bases especificamente capitalistas da sociedade e economia brasileira nessa fase tão importante de nossa história econômica.
O chamado “Grito do Ipiranga” de sete de setembro de 1822 é o marco da independência brasileira, apesar de muitos historiadores considerarem que a real independência se iniciou em novembro de 1807 com a mudança de Dom João VI para o Brasil. A mudança da realeza para o Brasil gerou um processo de enfraquecimento do pacto colonial que culminou na declaração de independência, mas contribuiu grandemente com o crescimento da economia brasileira . A economia brasileira se desenvolveu baseada em uma matriz de mão de obra escrava e sob uma cultura paternalista em relação aos negros africanos que gerou um grande preconceito em relação ao trabalho na agricultura, principal atividade econômica do país.
A proibição do tráfico internacional de escravos como forma de pressão inglesa para o fim da utilização de mão de obra escrava gerou um grande obstáculo para reposição de trabalhadores na lavoura. A taxa de natalidade não era suficiente para recompor as necessidades das grandes fazendas, principalmente nas prosperas fazendas de café localizadas na região sudeste. No nordeste, o mercado de açúcar e as plantações de cana estavam em decadência, situação que contribuiu para a criação de um mercado de tráfico interno de escravos do nordeste para o sudeste. No norte o mercado internacional de borracha em alta atraiu muitos trabalhadores livres do nordeste para trabalharem como seringueiros, as precárias condições de vida no nordeste aliadas ao sonho de enriquecer na floresta amazônica criaram um grande fluxo de trabalhadores nordestinos rumo ao norte.
Havia no Brasil um forte preconceito em relação ao uso de mão de obra assalariada na agricultura. Os proprietários alegavam que trabalhadores livres eram pouco produtivos e os trabalhadores atribuíam o trabalho na agricultura como tarefa de escravos. Tais preconceitos aliados a uma cultura paternalista permitiram que poucas resistências à utilização de mão de obra escrava no país. Com exceção de uma pequena fatia da elite, normalmente ligadas às cidades, a maioria da população não se importava com a situação dos escravos.
Na segunda metade do século XIX melhorias nos transportes, com a utilização de locomotivas e estradas de ferro, e o grande crescimento do consumo interno e externo de café provocaram um rápido aumento dos investimentos em plantações de café, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O crescimento das lavouras enfrentava o obstáculo da reposição de mão de obra, a importação de escravos não era mais permitida e o tráfico interno originados do sul e principalmente do nordeste também já apresentava sinais de escassez. A possibilidade de imigração de trabalhadores livres nordestinos foi reduzida pelo deslocamento de grande parte destes trabalhadores para a região norte. Os investidores não consideravam uma boa alternativa a utilização de mão de obra assalariada e insistiam na manutenção do uso de mão de obra escrava alegando que haveria um colapso na economia caso os escravos fossem libertos além de incorrerem em grandes prejuízos em função do grande valor imobilizado nos escravos. Estes fatores demonstram que apesar da mão de obra escrava ser insuficiente para atender a necessidade da produção, de haver muitos trabalhadores livres - compostos por brancos pobres, mulatos e negros libertos – o mercado de trabalho se encontrava vazio.
A conjuntura política evoluía claramente em direção ao processo de abolição da escravatura. Desta forma, algumas experiências utilizando mão de obra assalariada de imigrantes europeus foram realizadas inicialmente no sul do país e depois nas lavouras de café no sudeste. Precárias condições de trabalho, divisão de trabalho com escravos e situações de semiescravidão contribuíram para que as primeiras experiências com imigrantes europeus não obtivessem êxito.
A crescente demanda por mão de obra e finalmente a abolição da escravatura obrigaram a definitiva mudança da matriz de trabalho escravo para o trabalho assalariado. Muitos negroslibertos passaram a ser contratados como assalariados, mas a opção principal da elite brasileira foi pela utilização de trabalhadores europeus. A melhoria das condições oferecidas aos imigrantes e os financiamentos governamentais provocaram uma grande migração de trabalhadores europeus para o Brasil e assim consolidando a nova matriz de mão de obra no Brasil na transição dos séculos XIX e XX.
Não falei da lei de venda de terras

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