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Introdução e Conceitos da Parasitologia Este texto tem como objetivo introduzir e conceituar informações sobre a parasitologia Parasitologia: Estudo dos parasitas, doenças parasitárias, métodos de diagnostico e identificação de parasitas, tratamento e controle de doenças parasitarias. Parasitas: São organismos que vivem em ou sobre um outro organismo utilizando os nutrientes deste para suprir suas necessidades.Os parasitas podem ser agrupados de acordo com o local onde são encontrados normalmente: intestinais, sanguíneos ou de pele; e podem ser classificados de acordo com suas características morfológicas: protozoários, vermes e artrópodes. TIPOS DE ASSOCIAÇÃO ENTRE ANIMAIS Harmônica ou positiva: quando há beneficio mútuo ou ausência de prejuízo mútuo. Ex: comensalismo, mutualismo e simbiose. Desarmônica ou negativa: quando há prejuízo para algum dos participantes. Ex. competição, canibalismo, predatismo e o parasitismo. INTERAÇÃO PARASITA/HOSPEDEIRO Hospedeiro: é um organismo no qual o parasita obtém nutrientes e no qual algum ou uma parte do ciclo de vida ocorre. São divididos em: - Hopedeiro definitivo: ou hospedeiro principal, é o organismo no qual a vida sexual madura ou onde a forma adulta do parasita é encontrado; - Hospedeiro intermediário: organismo exigido para completar o ciclo de vida do parasita além do hospedeiro definitivo; - Hospedeiro reservatório: organismo que pode abrigar um parasita e servir de fonte de infecção. Vetor: é um transportador vivo que transmite o parasita de um hospedeiro para outro, sendo: - Vetor Biológico: é um hospedeiro essencial para o ciclo de vida; - Vetor Mecânico: transmitem mecanicamente. AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE O HOSPEDEIRO Podem ser: Ação espoliativa: absorção de nutrientes ou mesmo sangue do hospedeiro Ação tóxica: produção de enzimas e metabólitos, lesando o hospedeiro Ação mecânica: dificuldade no fluxo de alimentos, bile ou absorção alimentar Ação traumática: lesões teciduais/celulares Ação irritativa: irritação do local parasitado Ação enzimática: penetração de tecidos Anóxia: produção de anemia GRUPOS DE INTERESSE EM PARASITOLOGIA Os parasitas são incluídos em filos, como descrito abaixo: PROTOZOA Protozoários constituídos por uma única célula; Apresentam alterações morfológicas de acordo com a fase evolutiva; Podem possuir cílios ou flagelos; Reprodução assexuada ou sexuada (conjugação ou singamia); Nutrição por síntese de energia, ingestão de partículas orgânicas ou absorção de substancias inorgânicas; Excreção por difusão ou expulsão dos metabólitos Respiração aeróbia ou anaeróbia Locomoção por pseudópodes, flagelos, cílios ou microtubulos. Os Helmintos são divididos em três filos: Platyhelminthes, Aschelminthes e Acanthocephala FILO PLATYHELMINTHES Ausência do exo ou endoesqueleto Achatados dorsoventralmente Sem celoma Com ou sem tubo digestivo Sem ânus Sem aparelho circulatório e respiratório Sistema excretor tipo protonefrídico Simetria bilateral Divididos em duas classes: 1. Trematoda, 2. Cestoda. 1. Trematoda: são formados por apenas um segmento e apresenta tubo digestivo incompleto, hermafroditas. Ex: Familia dos Schistosomas. 2.Cestoda: apresenta o corpo composto de vários segmentos conhecidos como anéis ou proglotes, desprovidos de tubo digestivo. Ex: Tania solium FILO ASCHELMINTHES Pseudocelomados Não segmentados Corpo cilíndrico Tubo digestivo completo A Classe mais importante deste filo é Nematoda: São vermes de corpo alongado, cilíndrico e fino. Possuem sistema digestivo completo e sexo separado. Apresentam um nítido dismorfismo sexual. Em geral as fêmeas são maiores que os machos. Seu tamanho varia de 1 mm ate 1 m de comprimento, como por exemplo, Ascaris lumbricoides. A cutícula pode ser lisa ou com estrias. A extremidade posterior dos machos apresenta uma das duas estruturas:- cutícula sofre uma dilatação na expansão caudal formando a bolsa copuladora;- a extremidade final exibe um enrodilhamento ventral (poros)A fêmea apresenta a extremidade posterior terminando em ponta livre. Reprodução por meio de ovos. FILO ACANTOCEPHALA Endoparasitos Pseudocelomados Simetria bilateral Sem tubo digestivo Uma probóscida armada de ganchos na extremidade anterior Corpo dividido em presoma e tronco Entamoeba, Giárdia, Toxoplasmose, Malária e Tricomoníase O objetivo deste tópico é explanar sobre os protozoários, bem como sua biologia, patologia e transmissão. PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS Os protozoários intestinais que podem ser patogênicos incluem: a. Entamoeba histolytica (Ameba) b. Giardia lamblia (Flagelado) c. Espécies de Cryptosporidium (Esporozoário) Este causam disenteria, que apesar de similar, difere no local da infecção, na gravidade e nas consequências secundárias. Protozoários não patogênicos são comuns no trato intestinal e incluem, entre outros, Entamoeba e Endolimax. AMEBÍASE Doença causada por um protozoário intestinal denominado Entamoeba histolytica. Apresenta como principais manifestações clínicas a disenteria e colites não disentéricas. MORFOLOGIA Durante o ciclo biológico o parasita assume duas formas: 1. Trofozoíto ou forma vegetativa: alongado, móvel, produz um pseudópode por vez, alimenta-se de particulas vegetais, bactérias, glóbulos vermelhos do hospedeiro, restos celulares, reprodução por divisão binária; 2. Cistos ou formas resistentes:esféricos ou ovais, variam de 1 a 4 núcleos, forma infectante para outros hospedeiros. BIOLOGIA Os trofozoítos da E. histolytica normalmente vivem na luz do intestino grosso, podendo, ocasionalmente, penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo como fígado, pulmão, rim e, mais raramente, cérebro. CICLO BIOLÓGICO O ciclo é monoxênico e inicia-se com a ingestão de cistos maduros, presentes em alimentos e água contaminada ou por carência de higiene. Após resistência ao suco gástrico, chegam ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso. Ocorre a abertura do cisto liberando o citoplasma e os metacistos. Estes, passam por sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas dando origem aos trofozoítos, que migram para o intestino grosso onde se colonizam. PATOGENICIDADE A patogenicidade da E. histolytica deve-se a uma enzima produzida pelo parasita denominada hialuronidase, que produz lesões profundas na mucosa do intestino grosso, principalmente nos cólons descendentes, sigmóides e reto. SINTOMAS Dor, febre, diarréia muco-sanguinolenta e desconforto abdominal. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Parasitológico de 3 amostras. PROFILAXIA Cuidados com higiene pessoal e lavagem adequada de frutas e verduras. Entamoeba coli Segue a mesma biologia da Entamoeba histolytica exceto a morfologia e a patogenicidade, isto é, não é patogênica para o hospedeiro humano. É ligeiramenta maior que a E. histolytica, com mais de 4, geralmente 8 e raramente 16 núcleos. Endolimax nana É a menor ameba encontrada nos microambientes, não é patogênica para hospedeiros humanos e pode exibir até 11 núcleos que quase fogem à resolução da microscopia de luz. Cisto de Entamoeba histolytica GIARDÍASE Doença causada por um protozoário flagelado parasitado intestino delgado de mamíferos, aves, répteis e anfíbios, tendo sido, possivelmente, o primeiro protozoário intestinal humano a ser conhecido. A maior incidência tem sido em crianças, porém, também parasita adultos. AGENTE ETIOLÓGICO Protozoário instestinal flagelado conhecido como Giardia lamblia. MORFOLOGIA 1. Trofozoíto: Forma de pera, membrana, citoplasma, 2 núcleos, 8 flagelos, 1 ou 2 axonemas, 2 corpos parabasais e 2 discos suctoriais. 2. Cisto: É a forma infectante, imóvel, 2 núcleos no cisto jovem e 4 núcleos no cisto maduro. CICLO BIOLÓGICO Após a ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado no meio ácido do estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do intestino delgado pelos trofozoítos. Este se reproduz por divisão binária. O ciclo se completa pelo encistamento do parasita e sua eliminação para o meio exterior. PATOLOGIA Os mecanismos pelos quais a G. lamblia causa diarréia e má-absorção intestinal não são bem conhecidos. Podem ocorrer mudanças na estrutura da mucosa intestinal. TRANSMISSÃO Ingestão de cistos em: água e alimentos contaminados e de pessoa a pessoa. SINTOMAS Diarréia, irritabilidade, insônia, náuses, vômito, perda do apetite e dor abdominal. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Parasitológico de fezes para identificação de cistos e trofozoítos. Giardia lamblia TOXOPLASMOSE A Toxoplasmose é uma zoonose, que se apresenta como infecção, na maioria das vezes, assintomática e frequente em várias espécies de animais: mamíferos (principalmente em carneiro, cabra e porco) e aves. O gato e outros felídeos são os hospedeiros definitivos ou completos e o homem e os outros animais são os hospedeiros intermediários ou incompleto. AGENTE ETIOLÓGICO A Toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário, o Toxoplasma gondii. MORFOLOGIA E HABITAT Pode ser encontrado em vários tecidos e células (exceto hemácia) e líquidos orgânicos (saliva, leite, esperma, líquido peritoneal), etc. O parasita apresenta uma morfologia múltipla, dependendo do habitat e do estado evolutivo. As formas infectantes que o parasita apresenta durante o ciclo biológico são: 1. Taquizoítos: é a forma encontrada durante a fase aguda, sendo assim denominada forma proliferativa, forma livre ou trofozoíto. Foi a primeira forma descrita e seu aspecto morfologico, em forma de arco, deu o nome ao gênero. É uma forma móvel, de uma multiplicação rápida 2. Bradizoíto: encontrada em vários tecidos (musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina), geralmente durante a fase crônica da infecção, sendo também denominada cistozoíto. Multiplicação lenta. 3. Oocistos: forma de resistencia e possui uma parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. São produzidos nas células intestinais dos felídeos não imunes e eliminados imaturos junto com as fezes. CICLO BIOLÓGICO FASE SEXUADA O homem, ao ingerir oocistos ou ao entrar em conato com taquizoítos eliminados em urina, leite, esperma, ou então, bradizoítos presentes em carnes cruas ou mal cozidas, pode adquirir o parasita e desenvolver a fase assexuada. As formas de taquizoítos que chegam ao estômago serão destruídas, mas as que penetram na mucosa oral poderão evoluir do mesmo modo que os cistos ou oocistos. Cada taquizoíto ou bradizoíto sofrerá intensa multiplicação, após rápida passagem pelo epitélio intestinal e penetrará em vários tipos de celulas do organismo, formando um vacúolo citoplasmático onde sofrerão divisões sucessivas por endodiogenia, formando novos taquizoítos, que irão romper a célula parasitada, invadindo novas células. Essa fase inicial, ou seja, fase proliferativa, caracteriza a fase aguda da doença. Com o surgimento da imunidade, os parasitas extracelulares desaparecem do sangue, da linfa e dos órgãos viscerais, ocorrendo uma diminuição intracelular e alguns parasitas evoluem para a formação de cistos. Esta fase cística, justamente com a diminuição dos sintomas, caracteriza a fase crônica. FASE SEXUADA Ocorre somente no epitélio intestinal de gatos ou outros felídeos. TRANSMISSÃO oocistos: em fezes de gatos jovens infectados; cistos: presentes em carnes; taquizoítos: encontrados no leite; saliva; esperma; congenitamente. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Assintomática: é o maior grupo, sua importancia prende-se à possibilidade de transmissão ao feto, quando ocorrer durante a gravidez. Toxoplasmose congênita ou pré-nata. Ganglionar ou Febril Aguda: Forma mais frequente encontrada tanto em crianças como em adultos. Ocular: caso evolua, levará o paciente à cegueira total ou parcial. Cutânea ou Exantêmica: Lesões generalizadas na pele. Raramente encontrada Cérebr-Espinhal ou Meningoencefálica: Não frequente. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Por dosagem de anticorpos IgG e IgM. PROFILAXIA Não se alimentar de carne crua ou mal cozida Incinerar todas as fezes de gato Proteger caixas de areias. MALÁRIA É uma doença causada por um protozoário (esporozoário/Apicomplexa), pertencente ao gênero Plamodium. Curiosidade Durante muito tempo pensou-se que a doença se devia ao ar contaminado, existente nas regiões pantanosas. O nomemalária originou-se do italiano Mal'Aria e significa Mal Ar, Ar Ruim. AGENTE ETIOLÓGICO Os parasitas causadores da Malária pertencem ao genêro Plasmodium. Apenas quatro espécies parasitam o homem: Plasmodium falciparum Plasmodium vivax Plasmodium malariae Plasmodium ovale Este último ocorre apenas em regiões restritas do continente africano. VETOR A fêmea do mosquito pertencente ao gênero Anopheles. CICLO BIOLÓGICO O ciclo biológico do parasita pode ser resumido em 2 etapas: 1. Uma fase assexuada: fase de multiplicação nas células do fígado e nos glóbulos vermelhos do homem; 2. Uma fase sexuada: ocorre no mosquito. Se esse ciclo for quebrado em algum ponto, o parasita não poderá sobreviver. Ciclo Pré-Eritrocítico - (Tissular) A infecção malárica inicia-se quando a fêmea do Anopheles (na picada) inocula com sua saliva, durante a hematofagia, formas infectantes filiformes denominadas ESPOROZOÍTOS, que se encontram em suas glândulas salivares. Estas formas desaparecem da circulação sanguínea do indivíduo dentro de 30 a 60 minutos para alcançar os hepatócitos, onde evoluem. Após invadir o fígado, os esporozoítos se diferenciam em TROFOZOÍTOS pré-eritrocíticos. Eles se multiplicam por reprodução assexuada tipo esquizogonia (mitose), dando origem aos ESQUIZONTES teciduais e, em seguida a milhares de MEROZOÍTOS que invadirão os eritrócitos. Ciclo Eritrocítico Inicia-se quando os merozoítos invadem os eritrócitos. Os merozoítos entram na hemácia, alimentam-se de hemoglobina, crescem passando por algumas formas: Trofozoíto jovem Trofozoíto maduro Neste momento ocorre a 1ª divisão nuclear da esquizogonia (forma assexuada), formando o Esquizonte. A seguir, o núcleo continua a se dividir até atingir o máximo de núcleos para a espécie. O citoplasma também se fragmenta com cada porção envolvendo um grânulo nuclear, formando os merozoítos. A hemácia rompe liberando merozoítos, que, caindo na circulação, alguns são destruídos, outros penetram em outros eritrócitos, recomeçando o ciclo, que se repete a cada 48 horas para o Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium ovale e 72 horas para o Plasmodium malariae.Durante a fase eritrocítica, alguns merozoítos penetram em hemácias jovens e se diferenciam para formar os gametócitos, que são os responsáveis pela fase sexuada, que ocorrerá no mosquito. Ciclo Exo-Eritrocítico Idêntico ao ciclo pré-eritrocítico, só que se desenvolve no interior do hepatócito em plena vigência do ciclo eritrocítico. No caso especial do Plasmodium falciparum, o ciclo exo-eritrocítico não existe, mas, nas demais espécies, este ciclo pode perdurar por vários anos. Se o tratamento for direcionado exclusivamente nas formas sanguíneas, a infecção será mantida pelo ciclo hepático, podendo haver recaídas após muitos anos. Pacientes portadores de anemia falciforme apresentam uma proteção contra a malária. Nos eritrócitos falciformes, os níveis de potássio intracelular estão diminuídos em virtude da baixa afinidade da Hemoglobina S pelo oxigênio, o que causa a morte do parasito. MORFOLOGIA Esporozoíto: é a forma infectante que o mosquito inocula no homem; tem um aspecto alongado, com núcleo central; Trofozoíto jovem: possui um aspecto de anel, sendo o aro do anel, o citoplasma e a pedra, o núcleo; Trofozoíto maduro: citoplasma irregular e vacuolizado; o núcleo permanece indiviso; Esquizonte: citoplasma irregular; núcleo apresenta-se dividido em vários fragmentos; Rosácea ou Merócito: cada fragmento do núcleo, acompanhado de uma porção de citoplasma forma tantos merozoítos quantas forem as fragmentações nucleares, ao conjunto dos quais se dá o nome de rosácea ou merócito; Merozoíto: é uma forma ovalada contendo um núcleo Macrogametócito: célula sexuada feminina Microgametócito: célula sexuada masculina TRANSMISSÃO Ocorre pela inoculação de esporozoítos durante a picada de mosquito fêmea do gênero Anopheles; a transmissão congênita, apesar de muito rara, pode ocorrer; transfusão sanguínea. PATOGENIA Apenas o ciclo eritrocítico assexuado é responsável pelas manifestações clínicas e patogenia da Malária. A passagem do parasita pelo fígado (ciclo exo-eritrocítico) não é patogênico e não determina sintomas. A patogenia ocorre no Ciclo Eritrocítico, sendo os fenômenos apresentados: destruição dos eritrócitos parasitados e toxicidade resultante da liberação de citocinas. SINTOMATOLOGIA Cefaléia, mialgia, fraqueza, febre, calafrios e náuseas. QUADRO CLÍNICO Anemia, Esplenomegalia, Edema pulmonar agudo, Icterícia, Malária cerebral (P. falciparum) DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Gota espessa, testes Imunológicos PROFILAXIA Repelentes, Telas em portas e janelas, Combate ao vetor, Combate as larvas e Medida de Saneamento Basico Figura - Ciclo biológico do Plasmodium e as diferentes formas assumidas por esse parasita. Fonte: http://cmr.asm.org/ TRICOMONÍASE A tricomoníase é uma doença sexualmene transmissível. AGENTE ETIOLÓGICO Parasita Trichomonas vaginalis. É uma célula polimorfa e possui apenas a forma trofozoíta. PATOLOGIA O T. vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher, onde produz a infecção e, usualmente, não sobrevive fora do sistema urogenital. A multiplicação se dá por divisão binária. TRANSMISSÃO Através da relação sexual, o homem é o vetor, pois o parasita vive na uretra do homem. DIAGNÓSTICO Coleta de secreção SINTOMAS E SINAIS O período de incubação pode ser de até 20 dias. Nas mulheres adultas são encontrados na camada mais externa da vagina. Causa corrimento vaginal abundante, de cor amarelo-esverdeada, bolhoso, de odor fétido e dor. No homem é comumente assintomática, pode causar uretrite com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação de prurido na uretra, desconforto ao urinar. Doença de Chagas e leishmanioses O objetivo deste texto é abordar a Doença de Chagas e a Leishmaniose, ressaltando: agente causador, patogenia, sintomas e profilaxia DOENÇA DE CHAGAS E Trypanosoma cruzi A Doença de Chagas foi descrita por Carlos Chagas em 1909 enquanto ele executava uma campanha antimalárica, ao longo de uma estrada de ferro ao norte de Minas Gerais. Nesta época, foi descoberto o agente etiológico da doença, sua biologia no hospedeiro, reservatórios e aspectos da patogenia e sintomas. AGENTE ETIOLÓGICO A Doença de Chagas é causada por um protozoário flagelado denominado Trypanosoma cruzi. MORFOLOGIA O parasita apresenta-se em 3 tipos morfológicos: 1. Amastigota: encontrado em qualquer tecido do organismo. 2. Epimastigota: forma de transição entre os outros dois tipos. Encontrado no tubo digestivo do transmissor e em culturas. 3. Tripomastigota: encontrado no sangue do homem, tubo digestivo do transmissor e em culturas. Figura - Forma tripomastigota do parasita Trypanosoma cruzi Fonte: site: http://questoesbiologicas.blogspot.com.br/2012/09/biologia- uepb_18.html VETOR O T. cruzi é transmitido pelo Triatoma infestans, popularmente conhecido como "barbeiro" após hematofagia, liberando a forma infectante nas fezes e urina. BIOLOGIA O ciclo biológico do T cruzi é do tipo heteroxênico, passando o parasito por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado e extracelular, no inseto vetor. HABITAT macrófagos, células de schwann, microglia, fibroblastos, células musculares lisas, estriadas e outras. esses parasitas podem ser encontrados no sangue e formando os "ninhos de tripanossomo" na musculatura lisa, sistema nervoso, no fígado, provocando aumento e mau funcionamento desses órgãos. CICLO BIOLÓGICO Os tripanosomos são liberados juntamente com as fezes e urina do barbeiro após a hematofagia. Nas fezes e urina estão as formas Tripomastigotas, pois estão na extreminade posterior do intestino do inseto. Estas formas penetram pela pele quando o indivíduo se coça ou quando o barbeiro anda sobre a pele. Estas formas não penetram na pele íntegra, porém penetram na mucosa íntegra, por exemplo, mucosa ocular. O Trypanosoma penetra na célula, e no seu interior passa à forma Amastigota e divide-se ativamente por divisão binária. Após esse processo, estes parasitas tranformam-se em Tripomastigotas e caem na circulação, caracterizando a fase aguda da doença. TRANSMISSÃO Vetor Transfusão sanguínea Congênita Contaminação acidental em laboratório Através do leite Transmissão oral. SINTOMATOLOGIA Fase Aguda Inicia-se através das manifestações locais, quando o T cruzi penetra na mucosa ocular ou na pele. Estas lesões aparecem em 50% dos casos agudos dentro de 4 a 10 dias após a picada do barbeiro, regredindo em um ou dois meses; Temperatura entre 37º e 38,5ºC; Em casos graves, presença de edemas, infartamentos ganglionares, hepatoesplenomegalia. Fase Crônica Assintomática De longo período assintomático (10 a 30 anos). É caracterizada pelos seguintes parâmetros: Positividade de exames sorológicos e/ou parasitológicos; Ausência de sintomas e/ou sinais da doença Eletrocardiograma convencional normal; Coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Fase Crônica Sintomática Perturbações cardíacas, digestivas,com dilatação do esôfago e colón (megaesôfago/megacólon). Estas perturbações no ritmo cardíaco chegam a tal ponto que podem aparecer extra-sístoles ou bloqueio total do estímulo, parada cardíaca e às vezes, morte súbita. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Pesquisa do parasita Sorologia PROFILAXIA Melhoria das habitações rurais Combate ao barbeiro Controle de banco de sangue Controle de transmissão congênica LEISHMANIOSE É uma doença causada por um protozoário do gênero Leishmania, de caráter zoonótico, que acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos, podendo se manifestar de diversas formas clínicas. Existem 3 espécies de importância médica: Leishmania braziliensis – causadora da Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmania donovani – causadora da Leishmaniose Visceral Leishmania tropica – causadora da Leishmaniose Cutânea ou Botão do Oriente Leishmaniose Tegumentar Americana Conhecida como Úlcera de Baurú, é considerada uma enfermidade polimórfica da pele e mucosas. As principais manifestações observadas nos pacientes podem ser classificadas de acordo com seus aspectos clínicos, patológicos e imunológicos: Forma Cutânea Localizada: caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; Forma Cutaneomucosa: é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas; Forma Disseminada: apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática; Forma Difusa: lesões nodulares não ulceradas. AGENTE ETIOLÓGICO É causada por parasito do gênero Leshmania. Este é um protozoário digenético que tem seu ciclo biológico realizado em dois hospedeiros, um vertebrado e um invertebrado. VETOR É transmitida por um pequeno inseto hematófago do gênero Lutzomyia, nos quais ocorre parte do ciclo biológico do parasita. MORFOLOGIA Amastigota: apresentam-se ovoides ou esféricas; Promastigotas: formas alongadas em cuja região anterior emerge um flagelo livre. CICLO BIOLÓGICO As formas promastigotas são introduzidas no local da picada durante a hematofagia do flebotomíneo. Dentro de 4 a 8 horas, estes flagelados são interiorizados pelos macrófagos teciduais. A saliva do flebotomínio possui neuropeptídeos vasodilatadores que atuam facilitando a alimentação do inseto e ao mesmo tempo imunossuprimindo a resposta do hospedeiro vertebrado, desta forma, exerce importante papel no sucesso da infectividade das promastigotas metacíclicas. As formas promastigotas se transformam em amastigotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose do macrófago. Dentro do vacúolo fagocitário dos macrófagos as amastigotas resistem a ação dos lisossomos, multiplicando- se por divisão binária, levando ao processo de inflamação. PATOGENIA Infecção de células de defesa do hospedeiro, como macrófagos fixos na pele, multiplicação e rompimento da célula infectada. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Material obtido da lesão existente Exame direto de esfregaço corado Cultura PCR Imunofluorescência Leishmaniose Visceral Americana É a enfermidade infecciosa generalizada crônica, caracterizada por dor e febre de longa duração, hepatoesplenomegalia, anemia com leucopenia, emagrecimento, etc. AGENTE ETIOLÓGICO - Leishmania donovani - Leishmania infantum - Leishmania chagasi MORFOLOGIA - Amastigotas - Promastigotas TRANSMISSÃO E PATOGENIA As formas promastigotas chegam às vísceras. Os órgãos ricos em macrófagos são os mais densamente parasitados: medula óssea, baço, fígado e linfonodos. SINTOMATOLOGIA Enfraquecimento podendo chegar à morte Alterações esplênicas Diarreia Febre alta DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Pesquisa do parasita Nemátodas, Tremátodas, Cestodas O objetivo deste texto é apresentar as características morfológicas e doenças dos Trematodas e Cestodas (Platelmintos) e dos Nematodas (Asquelmintos). GENERALIDADE O termo Helminto é o nome comum dos vermes. Existem 2 filos extremamente importantes nas análises clínicas - os Platelmintos e os Asquelmintos. Os Platelmintos são divididos em duas classes - Trematoda e Cestodas. O filo dos Asquelmintos agrupa uma classe de extrema importancia clínica - os Nematodas. a) Platelmintos: (platy - chato/helminto - verme): Vermes achatados, por ex. Tênias b) Nematelmintos: (nema - fio/helminto - verme): Vermes cilíndricos, por ex. Ascaris lumbricoides. FILO ASQUELMINTOS - CLASSE NEMATODA MORFOLOGIA EXTERNA Vermes de corpo alongado Cilíndricos Finos Construção do corpo: Corpo revestido por cutícula acelular, lisa ou com estriações. Nos machos, a expansão caudal pode formar a bolsa copuladora. Aparelho digestivo: Completo (boca e ânus) Cápsula bucal / Esôfago / Intestino / Reto e Ânus Ordem Nome científico (gênero e espécie) Nome vulgar Ascaridida Enterobius vermicularis oxiúro Tricocephalida Trichuris trichiura tricúris ou tricocéfalo Ascaridida Ascaris lumbricoides lombriga ou bicha Strongylida Necator americanus ancilostomídeo do novo mundo Strongylida Ancylostoma duodenale ancilostomídeo do velho mundo Rhabditida Strongyloides stercoralis estrongilóides Tricocephalida Trichinella spiralis triquina Aparelho reprodutor: Possuem sexo, geralmente separados, sendo o macho menor que a fêmea, Gônadas, em geral, tubulares. Enterobius vermiculares (oxiúro) O homem é o único hospedeiro conhecido. A infecção é geralmente autolimitada. Cada fêmea produz cerca de 15 mil ovos. Muitos ovos tornam-se infectantes dentro de 4 horas após a postura e assim permanecem somente por poucos dias. Os ovos raramente são encontrados em amostras fecais, porque a liberação ocorre fora do intestino. ESTÁGIO DE DIAGNÓSTICO: Ovo (casca fina e incolor, larva desenvolvida, achatado em um dos lados) MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Ovos ou fêmeas adultas são obtidos com fita adesiva de celofane, logo pela manhã, quando o paciente acordar. NOME DA DOENÇA: Enterobiose, enterobíase, oxiurose PATOLOGIA E SINTOMAS PRINCIPAIS: 1. Muitos casos são assintomáticos; 2. Raramente causa lesões graves; 3. Outros sintomas estão associados à migração da fêmea grávida para fora do ânus, para liberar seus ovos, a noite, causado forte prurido anal, insônia, irritabilidade, irritação da vulva em meninas, devido a penetração de vermes na vagina. Ovos de Enterobius vermicularis Fonte: pt.wikipedia.org Trichuris trichiura (tricúris ou tricocéfalo) ESTÁGIO DE DIAGNÓSTICO: Ovo não desenvolvido nas fezes (ovo em forma de barril, tampão hialino em cada pólo, casca grossa, de superfície lisa e coloração marrom-amarelada devido a impregnação da bile. MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Pesquisa e identificação dos ovos característicos nas fezes. NOME DA DOENÇA: Tricurose, tricuríase, tricocefalose. PATOLOGIA E SINTOMAS PRINCIPAIS: 1. Infecções leves - assintomáticas: não precisam de tratamento. 2. Infecções pesadas - colite ulcerativa em crianças e inflamação intestinal em adultos. 3. Eliminação de fezes com muco em infecções pesadas. Ovos de Trichuris trichiura Fonte: en.wikipedia.org Ascaris lumbricoides O Ascaris é o maior nematódeo intestinal. Os adultos tem atividade migratória provocada por febre, certas drogas e anestesia. A fêmea elimina certa de 250 mil ovos por dia. Os ovos permanecem infectantes no solo ou na água por anos; são resistentes a produtos químicos. ESTÁGIO DE DIAGNÓSTICO: Ovo fértil ou infértil MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Encontro e identificação de ovos férteis (corticados ou não) ou inférteis nas fezes. O teste de concentração por sedimentação é mais recomendável que o de flutuação. É possível realizar o teste sorológico imunoenzimático. NOME DA DOENÇA: Ascaridiose,ascaridíase, ascaríase PATOLOGIA E SINTOMAS PRINCIPAIS: 1. Fase tecidual: pneumonia, tosse, febre baixa e 30 a 50% de eosinofilia devido à migração de larvas através dos pulmões. Pode ocorrer reação semelhante à asma alérgica nas reinfecções. 2. Fase intestinal: obstrução do intestino ou do apêndice pelos vermes adultos, nas infecções pesadas. 3. Complicação pela obstrução, devido ao enovelamento de vermes grandes ou pela migração de adultos para outros locais. 4. Os adultos podem sair pelo nariz, pela boca ou pelo ânus. São grandes, branco-leitosos, afilados na região anterior; macho com cauda curvada. Ovo de Ascaris lumbricoides Fonte: pt.wikipedia.org Necator americanus e Ancylostoma duodenale ESTÁGIO DE DIAGNÓSTICO: Ovo (casa fina, lisa, incolor) MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Pesquisa e identificação de ovos de ancilostomídeos em fezes recentes ou preservadas. Não é possível diferenciar as espécies pelos ovos. NOME DA DOENÇA: Ancilostomose, amarelão. PATOLOGIA E PRINCIPAIS SINTOMAS: 1. Prurido alérgico grave no local da penetração das larvas, erupções pápulo-vesiculosas e eritematosas. 2. Migração das larvas através dos pulmões. 3. Sintomas secundários à anemia ferropriva: hiperplasia da medula óssea e do baço. 4. Eosinofilia alta. Necator americanus e Ancylostoma duodenale - ciclo de vida Strongyloides stercoralis MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Pesquisa de larvas rabditóide nas fezes. NOME DA DOENÇA: Estrongiloidose, estrongiloidíase. PATOLOGIA E SINTOMAS PRINCIPAIS: 1. As principais manifestações clínicas são dor abdominal, diarréia e urticária, com eosinofilia. 2. Pele: alergia recorrente, erupções eritematosas, papulosas e pruriginosas no local de penetração da larva. 3. Migração de larvas: sintomas primários pulmonares: pneumonia brônquica verminosa. 4. Intestino: dor abdominal, diarréia e constipação, vomitos, perda de peso, anemia variável, eosinofilia. As larvas de Strongyloides não flutuam em solução salina saturada; é preferível concentração por sedimentação. Larva de S. stercoralis Fonte: www.cdc.gov Filária NOMES DA DOENÇA: Filariose, elefantíase. MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Microfilárias em esfregaço de sangue corado, microfilárias em raspado de tecido do nódulo, sorologia. PATOLOGIA E SINTOMAS PRINCIPAIS: O diagnóstico é difícil, porque os sintomas são de amplo espectro. Depende da identificação das microfilárias. FILO PLATELMINTOS São vermes achatados dorsoventralmente, acelomados, com ou sem tubo digestivo, divididos em duas classes: Classe trematoda: formados apenas por um segmento e apresentando tubo digestivo incompleto. Classe cestoda: apresentando o corpo composto por vários segmentos conhecidos como anéis ou proglotes. São desprovidos de tubo digestivo. TREMATODA: Schistosoma spp. MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: pesquisa de ovos nas fezes ou na biópsia retal, sorologia. ESTÁGIO DE DIAGNÓSTICO: Ovo de S. mansoni. NOMES DA DOENÇA: Esquistossomose, barriga d'água. PATOLOGIA E SINTOMAS PRINCIPAIS: 1. Dermatite devido a penetração do esquistosoma. 2. Cirrose hepática, diarréia sanguinolenta, obstrução intestinal. 3. Reações tóxicas. 4. Fibrose periportal no fígado. Schistosoma mansoni Fonte: www.fiocruz.br CESTODA: Hymenolepis nana MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: Pesquisa e identificação de ovos nas fezes. ESTÁGIO DIAGNÓSTICO: Ovo com casca incolor. NOME DA DOENÇA: infecção peça tênia anã, himenolepidíase. PATOLOGIA E SINTOMAS PRINCIPAIS: 1. Infecção leve - assintomática. 2. Infecção pesada - enterite intestinal; dor abdominal; diarréia; dor de cabeça; tontura; anorexia. 3. São comuns infecções múltiplas. Taenia saginata (Tenia do boi) e Taenia solium (Tenia do porco) MÉTODO DE DIAGNÓSTICO: pesquisa de ovos ou proglotes grávidas nas fezes, métodos imunológicos para cisticercose: ELISA e hemaglutinação indireta. ESTÁGIO DIAGNÓSTICO: proglotes grávidas intactas podem ser encontradas e devem ser diferenciadas. Radriografia, tomografia computadorizada ou imagem por ressonância magnética demonstram o cisticerco de T. solium em tecidos com sinais e sintomas. NOME DA DOENÇA: T. saginata: teníase, infecção pela tenia do boi (solitária); T.solium: teníase, infecção pela tenia do porco (solitária), cisticercose (infecção larval). PATOLOGIA E SINTOMAS: 1. A maioria é assintomática, pode ocorrer dor abdominal, diarréia e perda de peso. Eosinofilia moderada. 2. Os homens podem servir de hospedeiros intermediários da T. solium. Se os ovos de T. solium forem acidentalmente ingeridos ou liberados da proglote no trato intestinal, poderão eclodir no intestino, e os embriões migrarão para algum órgão ou para o tecido nervoso, formando o cisticerco. Ovo de Tenia. Fonte: www.cdc.gov Métodos de Detecção e Diferenciação Neste tópico serão abordados os métodos de detecção de parasitas, bem como as formas de diferenciação. EXAME DE FEZES As considerações gerais para um exame de fezes de rotina no laboratório clínico incluem os seguintes procedimentos: 1. Fezes naturalmente evacuadas, não contaminadas com urina, preservadas em recipientes adequados. 2. Fezes formadas podem ser refrigeradas por um ou dois dias se houver demora no exame. Se o exame demorar mais que 24 horas, a amostra precisa ser preservada em álcool polivinílico (PVA) ou formol. 3. Cistos de protozoários podem ser encontrados mais comumente em fezes formadas, e são em geral mais fáceis de identificar que trofozoítas. Os trofozoítas são encontrados mais comumente em fezes líquidas ou nas obtidas com purgativo salino. É importante solicitar e verificar as horas da coleta e da chegada de todas as amostras fecais. 4. Quando se suspeira de giardíase ou amebíase, várias amostras devem ser examinadas. EXAME MACROSCÓPICO Compreende os seguintes procedimentos: 1. Observar a consistência da amostra. Fezes moles ou líquidas sugerem a possível presença de trofozoítas ou protozoários intestinais. Cistos de protozoários são encontrados com mais frequência em fezes formadas. Ovos e larvas de helmintos podem ser encontrados tanto em fezes líquidas como formadas. 2. Examinar a superfície da amostra para parasitas. 3. Desmanchar as fezes com um bastão para verificar a presença de helmintos adultos. 4. Examinar as fezaes quanto a presença de sangue e muco. EXAME MICROSCÓPICO O exame rotineiro consiste em três procedimentos: um exame direto a fresco, uma técnica de concentração de fezes e um esfregaço de fezes com coloração permanente. EXAME DIRETO A FRESCO Os exames diretos a fresco são preparados usando-se um bastão para misturar completamente uma pequena porção de fezes com uma gota de solução fisiológica colocada sobre uma lâmina de microscopia. Todos os parasitas encontrados são relatados por seu nome científico, incluindo gênero e espécie, quando for possível, e o estágio específico. Muitos artefatos e outros elementos estruturados podem ser vistos ao examinar uma preparação a fresco. É importante estar familiarizado com tais artefatos. TÉCNICAS DE CONCENTRAÇÃO PARA ESTÁGIOS DE PARASITAS NAS FEZES A técnica de concentração de fezes aumenta a possibilidade de detectar parasitas presentes em pequena quantidade nas fezes, e constitui uma etaparotineira dos procedimentos clínicos. Utilizam-se dois tipos gerais de métodos: sedimentação e flutuação. MÉTODOS DE SEDIMENTAÇÃO Procedimento para o método do formol- acetato de etila. Este método concentra as formas parasitárias presentes em uma grande porção de fezes em cerca de 2 g de sedimento. Parte da amostra é misturado com 10 a 15 ml de formol a 10%, deixe-a em repouso por 30 minutos para fixação, coe através de duas camadas de gaze cirúrgica e acrescente formol. Centrifugue, despreze o sobrenadante. Ressupenda o sedimento fecal lavado em 7 ml de formol a 10% e acrescente 4 ml de acetato de etila. Agite, faça uma nova centrifugação. Uma pequena gota de sedimento fecal e uma gota de corante iodado são misturados sobre uma lâmina. MÉTODO DE FLUTUAÇÃO Os métodos de flutuação utilizam líquidos com peso específico mais elevado que o dos ovos ou dos cistos, de maneira que os parasitas flutuam na superfície e podem, então, ser colhidos da película superficial do tubo. O reagente de uso mais comum é o sulfato de zinco. É importante notar que os ovos operculados, assim como os de esquistossoma e os inférteis de áscaris, não são facilmente detectados por este método. Além disso, o alto peso específico mata os trofozoítas e provoca deformação em certos ovos frágeis. A ténica se baseia em lavagem da amostra em solução fisiológica através de centrifugação, mistura com solução de sulfato de zinco e aproximação da lâmina no sobrenadante do tubo. COLORAÇÃO TRICROMO PARA PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS Procedimento rápido indicado para identificação de protozoários em amostras recentes de fezes. O citoplasma dos trofozoítos e dos cistos de E. histolytica apresentam coloração verde- azulada clara ou rosa clara. Os cistos de E. coli são ligeiramente mais púrpureos. A estrutura nuclear é nitidamente visível; os cariossomas dos núcleos se coram em vermelho rubi. Organismos degenerados se coram em verde pálido. O material de fundo se cora em verde, proporcionamdo um bom contraste. Trofozoítas, cistos, células de tecidos humanos ou de sangue e fungos são facilmente identificados, mas ovos e larvas de helmintos frequentemente retêm excesso de corante, sendo difícil identificá-los. TÉCNICA DA FITA DE CELOFANE PARA OXIÚROS Como a fêmea do oxiúro migra para fora do ânus para depositar os ovos sobre a região perianal, estes podem ser facilmente encontrados aí para a identificação. O exame deve ser feito pela manhã, antes do banho, porque os ovos são geralmente depositados na região perianal a noite. Na técnica, uma fita é aplicada a superfície na região anal e, em seguida, aplicada contra uma lâmina de microscópio, com a face aderente para baixo. Examine a lâmina para pesquisar ovos de oxiúros sob pequeno aumento com pouca intensidade de luz. COLORAÇÃO ÁCIDO-RESISTENTE DE KINYOUN MODIFICADA (MÉTODO FRIO) Nos últimos anos, o Cryptosporidium parvum, a I. belli e os microsporídeos vêm causando doenças diarréicas graves em pacientes imunodeprimidos. Como esses parasitas podem ser difíceis de encontrar e de identificar pelos métodos de rotina, impõe-se a utilização do método de coloração ácido-resistente para confirmar sua identidade. Esse procedimento pode ser empregado em sedimento de fezes recentes, sedimento conservado em formol ou FAS, ou em outro material clínico, como o líquido duodenal, a bile ou qualquer tipo de material pulmonar. Amostras conservadas em PVA não são compatíveis com esta técnica de coloração. PREPARAÇÃO DE ESFREGAÇO DE SANGUE E COLORAÇÃO PARA PARASITAS SANGUÍNEOS Estes procedimentos são utilizados para pesquisa e o diagnóstico de malária, tripanosomas, microfilárias, Babesia spp. eLeishmania donovani. Em cada caso devem-se preparar, corar e examinar um esfregaço fino e um esfregaço espesso. TÉCNICA DE CONTAGEM DE OVOS DE STOLL Método para determinar a intensidade da infecção. A patologia da doença comumente está relacionada com o número de vermes existentes, especialmente nos casos de Ascaris, Trichuris e amarelão. As estimativas das cargas de vermes são obtidas pela contagem de ovos encontrados numa quantidade conhecida de fezes e calculando-se o número de vermes necessários para produzir essa quantidade de ovos. MÉTODOS SOROLÓGICOS Todos os parasitas desencadeiam reações imunológicas, introduzindo a formação de anticorpos IgM, IgG, e IgA. Encontram-se frequentemente altos níveis de anticorpos IgE em infecções helmínticas. A sorologia também pode auxiliar a identificar a presença de um parasita quando este se encontra em órgãos ou outros locais tissulares profundos, como o cérebro ou os músculos, e nenhuma de suas formas pode ser encontrada no sangue, na urina ou nas fezes. Atualmente, várias empresas fornecem reagentes e suprimentos para laboratórios particulares que desejam realizar seus próprios testes.
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