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Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 1 II –– IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA EE GGEENNEERRAALLIIDDAADDEESS 11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO As funções fisiológicas no sistema Ter- ra-atmosfera são influenciadas pelo clima e pro- cessos meteorológicos (tempo). A agricultura é uma atividade econômica dependente do meio físico (solo e clima), que apresenta distintas aptidões para produzir diferentes culturas ou cultivares em vários níveis de rendimento. O clima determina a aptidão agrícola da região pois influi no �crescimento e desenvolvi- mento das plantas. Alguns anos atrás pouca ênfase era dada ao clima no planejamento de técnicas agrícolas que se tornavam inadequadas prejudicando o meio ambiente devido só considerar as relações solo-planta. Atualmente, sabe-se que as relações clima-planta têm grande influência na produção vegetal, o que evidência a necessidade de ajustar as práticas agrícolas às condições de clima lo- cais. Assim, podemos equacionar a produção ve- getal em função dos principais fatores, tais como: Produção vegetal = f (planta (genética); solo; tecnologia; clima) O homem (agrônomo ou agricultor) pode interferir em larga escala em alguns destes fatores: * Planta: com a seleção de cultivares, melhoramento vegetal, engenharia genética; transgênicos, etc. * Solo: mediante aração, calagem, adubação, práticas conservacionistas, etc. * Tecnologia: adoção de práticas culturais, manejo racional, plantio direto, agricul- tura de precisão, etc. * Clima: podemos interferir só em pequena escala e com custo relativamente alto (muitas vezes impraticável) com estufas, irrigação, quebra ventos, combate a geadas, cobertura solo, etc. Destarte, o aumento desordenado da população mundial torna-se necessário um aumento da produção de alimentos na mesma velocidade, o que pode ser obtido com a minimização de perdas (adversidades) e o aumento da produtividade das culturas exploradas (adaptabilidade). Atualmente busca-se a intensificação dos estudos agro-climáticos visando o aumen- to da produção mediante um plano racional de exploração agrícola associado à adaptabilidade dos cultivos (maior produtividade). Não obstante, a crescente necessidade do homem em bem utilizar, controlar e preservar os recursos naturais e principalmente os recursos hídricos (cada vez mais escassos), tornou a Meteorologia uma ciência cujo conhecimento e aplicação são necessário em detalhe e profundidade crescentes. O Clima: afeta quase todas as fases das atividades agrícolas, desde a seleção de regiões ou lugares para a implantação de culturas e experimentos agrícolas até o planejamento a longo ou em curto prazo das atividades agrícolas (cultivo, transporte, armazenamento...). Assim podemos destacar o uso das infor- mações do tempo e do clima em: * Zoneamento agro-climático: Estudos de aptidões agro-climáticas e seleção de cultivares; * Necessidade de irrigação (Planejamento e manejo da irrigação); * Épocas de semeadura e transplante; * Previsões de safras (desenvolvimento de modelos e simulação); * Controle de adversidades climáticas (seca, geada, granizo,...); * Conservação da água e do solo (Recursos naturais); * Épocas de aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas; Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 2 * Previsão e prevenção contra ataque de pragas e doenças; * Dimensionamento de obras e projetos agrícolas; * Condicionamento do ambiente interno das construções rurais (Ambiência); * Serviços de vigilância para segurança pública, * Subsídios para as tomadas de decisões e planejamento de operações agrícolas As variações no clima condicionam o nível de prejuízos na produção agrícola (determinando o sucesso ou fracasso desta atividade econômica). É difícil saber a magnitude das perdas agrícolas, ocasionadas pelo fator clima, e que poderiam ser evitadas por meio dos serviços meteorológicos. Estima-se que o incremento dos benefícios seria da ordem de 15 a 30% com a boa utilização das informações e previsões dos serviços de meteorologia. Estratégias gerais e preventivas para minimizar os prejuízos agrícolas com Adversida- des Climáticas: geadas, granizo, secas, tempes- tades... são: * Escolha de culturas e cultivares (com base no zoneamento agro-climático e ensaios); * Diversificação de cultivos (com base no zoneamento agro-climático e ensaios); * Época de semeadura adequada (com base no zoneamento e ensaios); * Escalonamento da semeadura e colheita (Graus-dia); * Manejo racional e tecnologias adequadas (assistência técnica). Estima-se que a humanidade está usando 20% mais recursos naturais do que o planeta é capaz de repor. Neste ritmo de crescimento populacional, desenvolvimento tecnológico e econômico em 2050 a humanidade estará consumindo o dobro da capacidade biológica da Terra, ou seja, seriam necessários dois planetas para suprir de maneira sustentável a demanda de recursos naturais. (Fonte: Relatório Planeta Vivo 2002 – Fundo Mundial da Natureza). 22.. DDEEFFIINNIIÇÇÕÕEESS BBÁÁSSIICCAASS * Tempo: é o estado atual da atmosfera em dado momento e local, sendo caracterizado pelas condições de temperatura, pressão, concen- tração de vapor, velocidade e direção do vento e precipitação. * Clima: É o estado médio da atmosfera (Definição incompleta, devido às variações cíclicas do clima). É a sequência e a variação habitual dos tipos de tempo em dado local no curso do ano. * Meteoros: são os processos físicos da atmosfera que condicionam o tempo: temperatura, precipitação, umidade, pressão, etc. * Meteorologia: ramo da física que estu- da os fenômenos atmosféricos. (meteoros). Seu campo de atuação abrange o estudo das condições atmosféricas em dado instante (o “Tempo”), dos movimentos atmosféricos e as forças que os originam (dinâmica da atmosfera), condições médias e das flutuações temporais da atmosfera em um local (clima), entre outros. * Agrometeorologia ou Meteorologia Agrícola: ocupa-se com o estudo dos processos na atmosfera que produzem o tempo e suas relações coma produção agrícola. Objetiva melhorar a produtividade ou aumentar a produção agrícola pela previsão mais precisa e pelo controle do meio atmosférico. Tem sua principal aplicação no planejamento e na to- mada de decisões numa propriedade agrícola, se- ja na produção animal ou vegetal, sendo uma fer- ramenta indispensável ao engenheiro agrônomo. * Fatores Meteorológicos: são os agen- tes que condicionam os fenômenos atmosféri- cos (meteoros), tais como: altitude, latitude, relevo, continentalidade, circulação atmosférica, Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 3 correntes marítimas, etc. * Elementos Meteorológicos: são os parâmetros que definem e quantificam os meteoros, suas propriedades e características especiais, tais como: temperatura do ar, umidade relativa do ar, evapotranspiração potencial, velocidade do vento, etc. 33.. DDIIVVIISSÃÃOO DDAA MMEETTEEOORROOLLOOGGIIAA Didaticamente pode-se dividir a meteoro- logia como a seguir: a) Meteorologia Física: Estuda os pro- cessos físicos que ocorrem na atmosfera (Radia- ção, temperatura, precipitação, geadas, evapora- ção, evapotranspiração, etc.), ou seja, as explica- ções físicas (leis fundamentais) envolvidas nos meteoros. b) Meteorologia Dinâmica: Estuda as forças e energias que originam e mantém os movimentos atmosféricos e as alterações que estes causam. c) Meteorologia Sinótica: Estuda os fenômenose processos atmosféricos a partir de observações simultâneas em uma região, com a finalidade de previsão do tempo. d) Climatologia: Estuda estatisticamente os parâmetros meteorológicos e suas inter-rela- ções, através de seus valores médios, freqüên- cias, variações e distribuição geográfica. e) Aerologia: estuda as condições mete- orológicas em altitude na atm, mediante obser- vações feitas por balões, foguetes e satélites. f) Meteorologia Aeronáutica: aplica os princípios meteorológicos à navegação aérea. g) Meteorologia Marítima: aplica os prin- cípios meteorológicos à navegação marítima e fluvial. h) Meteorologia Agrícola ou Agrometeo- rologia: estuda o efeito dos fenômenos meteo- rológicos nas atividades agrícolas. i) Biometeorologia: estuda a ação dos fenômenos meteorológicos sobre os animais. j) Hidrologia: aplica os conhecimentos dos fenômenos meteorológicos no estudo do ciclo da água na atmosfera e aproveitamento racional dos recursos hídricos. 44.. EESSTTRRUUTTUURRAA MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAA Os modelos matemáticos usados para a previsão e caracterização do clima foram deduzidos a partir do monitoramento das variações das condições do tempo e explorações das variáveis meteorológicas na atmosfera. Para atingir tais propósitos é necessário dispor de uma vasta e estratégica Rede de Postos Meteorológicos. Esta rede á composta por Postos de observações de superfície e de altitude que fazem a exploração da atmosfera com equipamentos, instrumentos e observações visuais. As informações obtidas são repassadas para os Centros Coletores que os organizam, arquivam, colecionam, analisam e difundem (por meios de comunicação diversos: publicações técnicas, científicas e de divulgação) atividades que são coordenadas pelos Serviços Nacionais de Meteorologia. Quanto à hierarquia das instituições meteorológicas temos: Em escala Nacional: os Ministérios da Agricultura (INMET), da Ciência e Tecnologia (INPE), da Marinha e Aeronáutica (SIRAM, etc), são as estâncias federais máximas responsáveis pelos estudos meteorológicos. Em escala Internacional: a Organização Meteorológica Mundial (OMM ou WMO) é responsável pelas atividades meteorológicas no Mundo, sendo o INMET o coordenador e representante oficial do Brasil e América do Sul mediante esta organização. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 4 Em escala Regional as Secretarias Estaduais (Secretaria da agricultura), as Autarquias (exemplo IRGA, IAPAR e IAC), os Institutos de ensino e pesquisa (Universidades) e as Empresas mistas e privadas (EPAGRI e Cooperativas) são responsáveis pelos serviços de meteorologia. 44..11.. OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAA MMUUNNDDIIAALL ((OOMMMM oouu WWMMOO)) O clima não respeita �fronteiras e isto �fez as nações desenvolver atividades em conjunto com objetivos econômicos e de segurança. A OMM foi fundada em 1947 para a resolução e auxílio dos problemas comuns às nações relacionados ao clima e suas adversidades, e apresenta as seguintes finalidades básicas: a) Facilitar a cooperação internacional na função de uma rede e central meteorológica, objetivando as observações do tempo e fornecimento de dados coletados. b) Promover a comunicação imediata das informações meteorológicas entre as nações. c) Promover a padronização das observações meteorológicas e uma publicação uniforme. d) Favorecer a aplicação da meteorologia nos campos da navegação aérea, marítima, agricultura e demais atividades humanas. e) Incentivar a pesquisa e o treinamento meteorológico. 44..22.. SSIISSTTEEMMAA GGLLOOBBAALL DDEE TTEELLEECCOOMMUUNNIICCAAÇÇÕÕEESS MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAASS Integra o programa de Vigilância Mundial e é formado por um "Circuito Tronco Principal” (Figura 1) que interliga os Centros Meteoroló- gicos Mundiais em Washington, Moscou e Melbourne. Figura 1.1. Fluxo das informações meteorológicas no mundo. 44..33.. EESSTTRRUUTTUURRAA MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAA NNOO BBRRAASSIILL O INMET é responsável pela: coordena- ção, observação, coleta, organização e análise dos registros das variáveis meteorológicas; Manter a rede nacional de estações meteorológi- cas; Desenvolver estudos e pesquisas na área da meteorologia básica e aplicada; Análise e pré- visão do de tempo de todo o território nacional. Em escala internacional é o responsável pela coleta, organização e difusão das obser- vações meteorológicas da América do Sul. Para estes propósitos a estrutura do INMET é composta por 1 Órgão Central (com sede em Brasília) e 10 Órgãos Regionais ou Distritos de Meteorologia (DISME). OBS. Santa Catarina e Rio Grande do Sul fazem parte do 8o DISME (com sede em Porto Alegre). 44..44.. RREEDDEE NNAACCIIOONNAALL DDEE TTEELLEECCOOMMUUNNIICCAA-- ÇÇÃÃOO MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAA É composta por 1 Centro de Telecomuni- cação (com sede em Brasília), 5 Centros Coletores (Belém, Recife, Cuiabá, Rio de janeiro, Porto Alegre), 9 Sub-centros coletores (Rio Branco, Manaus, Floriano, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Florianópolis) e aproximadamente 400 Estações Terminais (Esta- ções Climatológicas principais e ordinárias) que fazem o monitoramento do tempo. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 5 O trajeto das informações meteoroló- gicas pode ser resumido no esquema abaixo. Figura 1.2. Trajeto das informações meteoroló- gicas no Brasil e América do Sul. 44..55.. RREEDDEE DDEE EESSTTAAÇÇÕÕEESS MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAASS NNOO BBRRAASSIILL A maior rede de estações meteorológicas no Brasil é a do INMET (Tabela 1), sendo que as outras redes: Aeronáutica, Marinha, Empresas Estatais e Privadas, atuam isoladamente ou no sistema de cooperação com o INMET. Tabela 1. Rede de estações meteorológicas do INMET (1995). Tipo de Estação Quantidade Estação Climatológica Principal 400 Estação Climatológica Ordinária 374 Estação de Radiossondagem 18 Estação Rastreadora de Satélite 4 Estação de Radar Meteorológico 1 55.. EESSTTAAÇÇÕÕEESS MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAASS Estação ou Posto Meteorológico é o local onde são coletadas as informações que descrevem de maneira sucinta as condições meteorológicas (tempo) existentes no momento da observação na superfície ou explorando a atmosfera em altitude. Para isso os aparelhos são instalados em locais apropriados, de acordo com as variáveis meteorológicas que vão medir. Como exemplos temos, ao ar livre o Actinógrafo para medir a radiação global, o Tanque Classe A para medir a evaporação, o pluviômetro para medir a precipitação, etc. No abrigo meteorológico temos os Termômetros para medir a temperatura do ar, o Higrômetro para medir a umidade do ar, o Psicrômetro para quantificar a depressão psicrométrica, etc. Dentro do Escritório temos o Barômetro e o Barógrafo para medir e registrar a pressão barométrica ou atmosférica. Algumas recomendações para a escolha do local Estação Meteorológica são: * Deve ser um local bem exposto aos ventos mais freqüentes da região; * Apresentar largos horizontes, principal-mente nos quadrantes leste e oeste; * Local onde não haja interferências (no mínimo 15 a 20 anos), ou seja, mais afastado possível de obstáculos (construções, muros e grandes árvores); * Deve ter o solo gramado, evitar solo granítico, ou de cascalho; * Deve ser afastado de praias (quando Estações em cidades litorâneas); * Local de fácil acesso e em elevação representativa da região; * Com disponibilidade deágua e energia elétrica; * Sua porta de acesso deve estar voltada para o quadrante sul (no Hemisfério sul); * Deve-se conhecer as Coordenadas Geográficas do local para sua localização e identificação. 55..11.. EESSTTAAÇÇÃÃOO CCLLIIMMAATTOOLLÓÓGGIICCAA PPRRIINNCCIIPPAALL São estações de superfície, destinadas a avaliar e observar as condições de tempo passado, presente e da sua evolução no local da estação, através de observações visuais e instrumentais. São constituídas por: área instrumental e escritório. A área instrumental pode apresentar a forma: Retangular ou Octogonal Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 6 Figura 1.3. Formatos usuais de área instrumental em estações meteorológicas: a) Retangular b) Octogonal. Uma Estação Principal Completa contém os seguintes equipamentos: 1. Heliógrafo: luminosidade (comprimento do dia) 2. Actinógrafo: radiação 3. Geotermômetros: temperatura do solo 4. Pluviômetro: chuva (altura) 5. Pluviógrafo: chuva (altura e duração) 6. Orvalhógrafo: orvalho 7. Evapotranspirômetro: evapotranspiração po- tencial (ETP) 8. Lisímetro: evapotranspiração real (ETr) 9. Tanque de Evaporação Classe A: evaporação 10. Cata-vento Tipo Wild: velocidade do vento 11. Anemômetro: velocidade do vento 12. Abrigo Meteorológico (modelo padrão) com: 13. Termógrafo: temperatura do ar 14. Higrógrafo: umidade relativa do ar Termo-higrógrafo: temperatura e umidade relati- va do ar (em substituição aos dois anteriores) 15. Termômetro de máxima: temperatura máxima do ar 16. Termômetro de mínima: temperatura mínima do ar 17. Psicrômetro (TBS e TBU): depressão psicro- métrica (URA indiretamente) 18. Actimômetro de pichê: evaporação 19. Escritório contendo: 20. Barômetro de mercúrio: pressão atmosférica 21. Barógrafo Aneróide: pressão atmosférica 22. Anemógrafo Universal: ventos 23. Aparelhagem de Telecomunicação Meteo- rológica: Telefone, Radio-transmissor, Internet. Figura 1.4. Planta baixa e disposição dos instrumentos de monitoramento do tempo na Estação Agrometeorológica do CAV. 55..22.. EESSTTAAÇÇÃÃOO CCLLIIMMAATTOOLLÓÓGGIICCAA OORRDDIINNÁÁRRIIAA São também estações meteorológicas de superfície, para medir condições de tempo presente e passado da atmosfera próximo à superfície da Terra. São feitas observações visuais de diversos fenômenos meteorológicos, tais como: cobertura do céu (nebulosidade), descargas elétricas, trovoadas, granizo, orvalho, geada, etc. Só temperatura e chuva são medidas com instrumentos. São constituídas de: Área instrumental retangular: 3 x 4 m com bordadura de 2 a 4 m. As demais características e a escolha do local são semelhantes à estação principal. O instrumental mínimo consiste de: 1. Abrigo Termométrico (modelo pequeno) com Termômetro de máxima, Termômetro de mínima e Psicrômetro (Termômetro de bulbo seco e de bulbo úmido); 2. Pluviômetro. 55..33.. EESSTTAAÇÇÃÃOO MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAA DDEE RRAADDIIOO-- SSOONNDDAAGGEEMM Usada para medir as propriedades físicas da atmosfera em altitude, através de balões Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 7 sondas munidos de equipamentos para registrar as informações (até ±40 km). É feita a deter- minação dos gradientes verticais de Temperatura, Umidade do ar, Pressão atmosférica, Direção e velocidade do vento. Figura 1.5. Esquema simplificado de Estação Meteorológica de Radiossondagem; Foto de um balão meteorológico com sonda. Seu funcionamento pode ser descrito sucintamente como segue. A estação rastreadora recebe e registra os sinais emitidos pela sonda que contém os sensores que estão presos ao balão (ou foguete), a partir destes pode-se calcular a posição do balão (ou foguete) em momentos sucessivos e determinar as variáveis meteoroló- gicas monitoradas e suas variações em altitude (gradientes verticais). 55..44.. EESSTTAAÇÇÃÃOO RRAASSTTRREEAADDOORRAA DDEE SSAATTÉÉLLIITTEESS MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCOOSS Destina-se a receber imagens da atmosfera de satélites meteorológicos. Atual- mente são também usados para a coleta e trans- missão de dados meteorológicos, principal- mente em regiões inóspitas. As imagens são armazenadas no satélite e transmitidas a estação rastreadora na terra. As trajetórias dos satélites podem ser: Polar, equatorial ou estacionário. O Brasil recebe imagens de três satélites meteorológicos, o GOES e o METEOSAT (com órbita equatorial) e o TIROS-N (com órbita polar), dois satélites de sensoriamento remoto, o LANDSAT e SPOT (com órbita polar) que enviam imagens para sensoriamento remoto e 1 de transmissão de dados. Os sistemas de recepção das imagens podem ser de duas maneiras: * Sistema APT: Estação rastreadora (em BAURÚ - SP) estimula a transmissão de fotografias, as quais são recebidas por antena de rastreamento. O sinal recebido é conduzido a um receptor q/ registra em fita magnética e filma os sinais recebidos, compondo a fotografia transmitida pelo satélite. O filme é revelado e se obtém a fotografia da nebulosidade atmosférica. Figura 1.6. Sistema APT de recepção e transmis- são de imagens. * Sistema ATS: os sinais são enviados do satélite a estação de rastreamento do Centro Nacional em Virgínia, EUA, que processa as fotografias em computador analógico e inclui os limites dos continentes, os paralelos e os meridianos terrestres, fornecendo as coordenadas geográficas da nebulosidade e repassadas via satélite p/ outros locais. Figura 1.7. Sistema ATS de recepção e transmissão de imagens e repasse das informações para outros locais da Terra. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 8 A responsabilidade destas informações é do INPE. Possibilitam previsões seguras com 24 hs de antecedência. Com o desenvolvimento da informática, previsões com até 5 dias de antecedência são atualmente obtidas com relativa precisão (50% de acerto). O INPE mantém 4 estação (Cachoeira Paulista - SP, São José dos Campos - SP, Alcântara - MA e Cuiabá - MT) que monitoram e recebem dados via satélite de transmissão de dados que são coletados nas chamadas PCI (plataformas de coletas de informações meteorológicas) instaladas em regiões de difícil acesso e permanência de um observador, tais como no interior da floresta Amazônica. Figura 1.8. A) Órbita dos Satélites Meteorológicos e de sensoriamento; B) Órbita do satélite de transmissão de dados. 55..55.. EESSTTAAÇÇÃÃOO DDEE RRAADDAARR MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCOO Para observar as condições de tempo e medir vento em altitude. É constituída por um radar com rádio transmissor, receptor e antena. Seu funcionamento pode ser sucintamente descrito como segue. O transmissor gera uma onda eletromagnética (com características conhecidas), que é irradiada para a atmosfera pela antena, cuja forma é de 1 a 3o de abertura, esta onda ao incidir sobre objetos em sua trajetória, sofre reflexão e uma pequena parte retorna à antena na forma de eco. O sinal de retorno é amplificado e codificado pelo receptor na estação em Terra e é visualizado na tela do indicador de radar. Figura 1.9. a) Esquema simplificado de funciona- mento de uma estação de Radar Meteorológico b) Foto de uma imagem RHI de um radar meteorológico. 55..66.. EESSTTAAÇÇÃÃOO MMEETTEEOORROOLLÓÓGGIICCAA AAUUTTOO-- MMÁÁTTIICCAA Permite o monitoramento automático do tempo baseada em computador, é totalmente integrada e autônoma, fácil de usar e econômica para aquisição e armazenamento de dadose execução de relatórios das condições do tempo. As variáveis medidas são: Velocidade do vento; Direção do vento; Temperatura do ar; Umi- dade relativa; Pressão barométrica; Radiação solar; Precipitação; e outros como: nível d’água, umidade e temperatura do solo, temperatura da água. Figura 10. Estação meteorológica automática e sensores básicos. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 9 As características principais das estações automáticas são: * Registro (observações) em intervalos de alguns minutos; * Os dados são armazenados em fita cassete ou atualmente se usa um dataloger (com capacidade de armazenar até 3 meses de dados), ou ainda os dados podem ser repassados em tem- po real para uma central de tratamento de dados, por rádio, satélite ou conexão direta via cabo; * As medidas são feitas quando um sinal do ambiente (energia ou massa ou ambas) chega a um elemento sensível (ou sensor) previamente calibrado. A resposta ou interação do sensor a um sinal define o principio básico da medida automática; * É mantida com bateria de 12 VDC 7A recarregável para uso em aplicações remotas, que pode ser usada junto com painéis solares para alimentação contínua, ou rede elétrica comum (Transformador e estabilizador-filtro). Quanto à constituição básica além do data loger uma estação automática é composta pelos sensores instalados em uma estrutura em torre ou tripé. * Sensor de velocidade e direção do vento: anemômetro de conchas e cata-vento de uma pá e contrapeso; * Sensor de Temperatura e Umidade: termopar ou de resistência elétrica (temperatura) e elemento capacitivo (UR); * Sensor de precipitação: Pluviômetro de caçamba oscilante; * Sensor de pressão barométrica: barômetro eletrônico; * Sensor de radiação solar: piranômetro de precisão; Outros sensores: Nível d’água; temperatura do solo e d água, umidade do solo, etc. Figura 1.11. Estações meteorológicas automáticas com estrutura tipo TRIPÉ (A) ou TORRE (B). A transmissão das informações pode ser: via rede telefônica com modem; via radio; via satélite de transmissão de dados ou ainda via ondas eletromagnéticas infravermelho. As vantagens na sua utilização são: * Registros das variáveis meteorológicas em regiões que apresentam falta de observadores treinados e dignos de confiança (regiões inóspitas). * Pode operar sem atendimento (1 pessoa para mudar a fita cassete e calibrar os sensores anualmente). * É modular: facilmente montada e desmontada, facilitando a troca de equipamentos. * Os dados podem ser registrados em épocas desfavoráveis. Suas desvantagens são: * Custo relativamente alto (± U$ 8000) * Os dados necessitam processamento e listagem em computador * Utiliza equipamentos sensíveis. * No caso de falhas nos registros na fita cassete pode ocorre à perda dos dados (são detectadas no processamento dos dados). Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 10 Figura 1.12. Case (encapsulamento 12/14) e Dataloger Campbel Scientific – Modelo 21X. Figura 1.13. Sensores de direção e velocidade do vento Figura 1.14. Abrigo multi-placas e sensores de umidade relativa e temperatura Figura 1.15. Sensores de Radiação Solar (Radiação Global, Saldo de Radiação, Radiações UV e albedômetro) Figura 1.16. Sensores de Precipitação (Com báscula) Figura 1.17. Sensores de Pressão barométrica (Pressão atmosférica) Figura 1.18. Painel solar (Células fotoelétricas) e Bateria para alimentação de energia. Figura 1.19. Estações meteorológicas automáticas instaladas em locais adversos ou carentes de observador. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 11 II - COSMOGRAFIA: RELAÇÃO TERRA - SOL 11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO O Sol é a fonte primária de energia para os processos atmosféricos, tais como a evapora- ção, precipitação, temperatura, etc. A energia solar que incide sobre o topo da atmosfera na forma de radiação sofre transformações que de- terminam os fenômenos que observamos. Assim há a necessidade de conhecermos as relações entre a Terra e o Sol e suas conseqüências. Figura 2.1. A energia solar mantém a vida e os processos meteorológicos no planeta Terra 2. PONTOS E CÍRCÚLOS FIXOS NA SUPER- FÍCIE TERRESTRE E NA ESFERA CELESTE A esfera celeste é uma esfera de diâmetro tão grande quanto se queira imaginar, na superfície da qual todos os astros (Sol, Lua, estrelas...) estariam localizados, e cujo centro coincide com o centro da Terra que gira ao redor do seu eixo. Na esfera terrestre temos os “pólos geográficos”: o pólo norte (Boreal ou Ártico) e o pólo sul (Austral e Antártico). Na esfera celeste temos os “pólos celestes”, pólo norte ou Boreal e pólo sul ou Austral. Figura 2.2. Esferas Terrestre e Celeste. O plano do equador cuja interceptação na superfície das esferas terrestre e celeste definem o Equador Terrestre e o Equador Celeste, respectivamente. O equador da Terra e da esfera celeste divide-as em dois hemisférios: o Hemisfério Norte ou Boreal e o Hemisfério Sul ou Austral. O equador é o círculo máximo, e paralelos a este podem ser traçados ao redor da esfera terrestre outros círculos menores que ligam pontos de iguais latitudes, denominados de paralelos variando de 0 à 90o para o norte e 0 à – 90o para o Sul (0o no equador, 90o no pólo Norte e- 90o no pólo Sul). Outro ponto fixo é o observador. Se levantarmos uma vertical, partindo do centro da Terra, passando pelo observador, prolongando até tocar a esfera celeste, teremos determinado o Zênite. Na mesma vertical e em sentido oposto, ainda na esfera celeste encontra-se o Nadir. Cada lugar de observação define uma linha vertical Nadir-Zênite e perpendicular a esta os planos horizontais que definem: * O Horizonte Visual: que passa pela vista do observador; * O Horizonte Matemático: que passa por um ponto fixo de um observatório e é a referência para as medidas e cálculos; e Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 12 * O Horizonte Astronômico (Geocêntrico): que passa pelo centro da Terra. Figura 2.3. Elementos celestes e terrestres. Os paralelos de maior importância são: Trópico de Câncer e Círculo Polar Ártico (hemisfério norte) e Trópico de Capricórnio e Círculo Polar Antártico (hemisfério sul). Os Círculos Meridianos são os círculos que passam pelos pólos geográficos. O Meridiano é o semicírculo que vai de um pólo a outro. O que passa pelo local de um observador é o Meridiano do Lugar. O astro culmina ou passa a pino quando passa pelo meridiano do lugar. O meio dia astronômico é determinado quando o Sol culmina, sendo que lugares sobre o mesmo meridiano têm o meio dia ao mesmo tempo. O horário oficial civil é determinado pelos fusos horários. O Meridiano de referência, para as longitudes e horas (fusos horários) é o que passa pelo observatório de Greenwich em Londres, chamado de Meridiano de Greenwich. Na esfera celeste os meridianos são denominados de círculos horários e seu ponto de referência de ponto vernal. 33.. CCOOOORRDDEENNAADDAASS TTEERRRREESSTTRREESS --GGEEOOGGRRÁÁFFIICCAASS Sua finalidade é o posicionamento de pontos na superfície terrestre: No sistema angular temos a latitude e a longitude. a) Latitude - φφφφ (fi): é o ângulo que a vertical de um local qualquer da Terra fazcom o Equador, ou é a distância em graus do Equador à este local, sendo 0 no Equador e 90o nos pólos. Os paralelos ligam pontos com a mesma latitude, ou seja, mesma distância (em graus) em relação ao Equador. Figura 2.4. Latitude Por convenção adota-se que no hemisfério norte as latitudes são positivas (+) e no hemisfério sul são negativas (-). Ex. Lages: latitude de -27o 49' ou 27o 49' sul b) Longitude - θθθθ (teta): é o ângulo que a vertical de um local qualquer da Terra faz com o meridiano de Greenwich (em graus), contado sobre o equador ou qualquer paralelo. Sendo 0o no meridiano de Greenwich e 180o para leste e para oeste. Os meridianos ligam pontos com a mesma longitude ou pontos que tem a mesma distância (em graus) em relação ao Meridiano de Greenwich. Figura 2.5. Longitude Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 13 Por convenção adotou-se que a oeste de Greenwich as longitudes são ocidentais (W) e a Leste de GW são orientais (E). Ex. Lages tem longitude de 50o 20' oeste GW ou 50o 20' WGW. Existe uma terceira coordenada, porém não no sistema angular, e sim linear, que complementa a localização do ponto na superfície terrestre, que é a altitude. c) Altitude (Z): é a distância vertical de um ponto qualquer na superfície da Terra em relação ao nível médio dos mares. Ex. Lages (Estação da EPAGRI) tem 938 metros de altitude. 44.. CCOOOORRDDEENNAADDAASS CCEELLEESSTTEESS São usadas para identificar a posição do Sol em relação à Terra, em qualquer instante e dia e do ano. Para uma melhor compreensão do assunto é necessário o conhecimento de alguns conceitos básicos. A órbita descreve a trajetória da Terra ao redor do Sol durante seu movimento de translação (visão heliocêntrica). Essa trajetória é semelhante a uma elipse, ora se aproximando (Periélio) e ora se afastando do Sol (Afélio). Figura 2.6. Órbita da Terra Se fixarmos a Terra (visão geocêntrica - imaginária), e projetarmos a trajetória do Sol em um plano, define-se a Eclíptica. A Eclíptica será então determinada pela Órbita Solar, ou seja, pela elipse máxima que corta o plano do equador em 2 pontos (equinócios) e forma com este plano um ângulo de 23o 27', em consequência da inclinação do eixo terrestre. A eclíptica é percorrida pelo Sol durante um ano (movimento aparente). Para determinar exatamente a órbita solar no ano, precisa-se medir diariamente a declinação solar. Figura 2.7. Planos do equador e da órbita. a) Declinação Solar (δ): é o ângulo que a linha que liga o centro da Terra e o centro do Sol faz com o plano do equador da Terra, ou é o ângulo compreendido entre o plano do equador e a direção do Sol. * Positiva acima do plano do equador e negativa abaixo do plano do equador * Duas vezes é nula (0o equinócios de outono e primavera) * Duas vezes é máxima: +23o 27' (solstício de inverno 21/06) e -23o 27' (solstício de verão 22/12) Figura 2.8. Declinação Solar O plano do equador terrestre faz com o plano da órbita em torno do Sol (Eclíptica) um ângulo de 23o 27', ocupando no espaço, as posições de Solstício e Equinócio. As intersecções das linhas de declinação máxima com a superfície da Terra determinam os Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 14 trópicos de Câncer e Capricórnio, e perpendi- culares a estas linhas passando pelo centro da Terra determinam os Círculos Polares Árticos (hemisfério N) e Antártico (hemisfério S). Assim temos: * Círculo Polar Ártico: 66o 33' N * Trópico de Cancer : 23o 27' N * Trópico de Capricórnio: 23o 27' S * Círculo Polar Antártico: 66o 33' S Figura 2.9. Círculos e Trópicos A oscilação da declinação solar devido aos movimentos diurnos (rotação) e anual (aparente - translação) faz com que o Sol descreva uma trajetória espiral de 365,24 espiras até 23o 27’ para ambos os lados do equador. Figura 2.10. Extremos positivo e negativo da declinação solar A Terra gira em seu eixo N-S dando uma volta completa em 24 horas (Movimento de Rotação) definindo o dia (na parte iluminada voltada para o Sol); e a noite (na parte oposta e escura), que vão mudando constantemente, e ao redor do Sol (Movimento de Translação - órbita elíptica), completando uma elipse em cada ano (365 ou 366 dias), definindo as estações. O eixo N-S da Terra é inclinado em relação ao plano da órbita 23o 27', sendo assim, a posição do Sol (declinação), a uma dada hora (por exemplo, meio dia), muda gradualmente a cada dia do ano. Os valores da declinação solar (δδδδ) podem ser obtidos nos Anuários do Observatório Nacional, para todos os dias do ano, ou ainda podem ser estimados com o uso de expressões matemáticas. Algumas expressões foram propostas, tal como a equação de SPENCER (1971) cuja notação é: δ = 0,006918 - 0,399912.cosx+0,070257.senx - 0,006758.cos2x+ 0,000907.sen2x - 0,002697.cos3x + 0,00148.sen3x em que, x = 2.pi.(j-1)/nda (δ e x em rad) onde, δ é a declinação solar (o); j é o dia juliano e nda é número de dias do ano. Uma outra equação mais simplificada é proposta por COOPER: δ = 23,45. sen [360.(284+j)/365] onde, δ é a declinação solar (o); j é o dia juliano e nda é número de dias do ano. A figura a seguir mostra a oscilação da declinação solar representada em um sistema de eixos onde na abscissa temos o tempo ao longo do ano e na ordenada à declinação solar em graus. Figura 2.11. Representação gráfica do curso da declinação solar ao longo do ano Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 15 Nos solstícios de inverno e verão a declinação assume o valor de ±23o 27' oscilando até 0o nos equinócios, o que faz com que os pontos diferentes da Terra em seu movimento de translação, recebam quantidades diferentes de energia e conseqüentemente de iluminação. Assim, os dias terão durações diferen- ciadas (Fotoperíodo) e variações de temperatu- ras, além de outras, definindo as estações do ano: verão, outono, inverno e primavera. Figura 2.12. Declinação solar e estações do ano A declinação é positiva (+) se o Sol está acima do plano do equador e negativa (-) se está abaixo. No ano a declinação do Sol oscila de +23o 27' (Trópico de Câncer) em 21/06 até –23o 27' (Trópico de Capricórnio) em 22/12. Devido à inclinação do eixo da Terra o centro do Sol passa na vertical de um ponto do Trópico de Câncer em 21/06 e na vertical de um ponto do Trópico de Capricórnio em 22/12. A área iluminada do hemisfério norte é maior que a área iluminada do hemisfério sul em 21/06 (δ �=23o 27'). Nesta data o hemisfério norte, está recebendo o máximo anual de energia solar e o hemisfério sul, o mínimo. Iniciam o Verão no hemisfério norte e o inverno no hemisfério sul. Diz- se que o Sol está culminando no Zênite de um ponto do trópico de Câncer. Em 22/12 a Terra se situa do lado oposto da órbita, nessa ocasião, o hemisfério sul recebe o máximo anual de energia solar e o hemisfério norte recebe o mínimo. A declinação do Sol nesse dia assume o valor mínimo anual de -23o 27'. O Sol passa no Zênite de um ponto do trópico de Capricórnio (Solstício), é o início do verão no hemisfério sul e do inverno no hemisfério norte. A cada ano, o Sol executa um movimento aparente no sentido N-S, passando uma vez no Zênite de um ponto de cada trópico e 2 em pontos do equador. Nos solstícios, o Sol incide verticalmente sobre os trópicos; ocorre a maior diferença entre asdurações do dia e da noite. No solstício de inverno a noite é maior que o dia; No solstício de verão o dia é maior que à noite. Isto ocorre quan- do a declinação solar assume seu valor máxi- mo 23o 27' (solstício de inverno em 21/06) e míni- mo -23o 27' (solstício de verão em 22/12), para o hemisfério sul e vice-versa para o hemisfério norte. Nos equinócios, o Sol incide vertical- mente sobre o equador; então a duração do dia é igual à duração da noite (12 horas) em toda a Terra (equinócio de outono em 21/03 e equinócio de primavera em 23/09). Isto ocorre quando a declinação solar é 0o. Figura 2.13. Posicionamento do Sol nos solstícios e equinócios b) Ângulo Zenital (Z): é o ângulo formado com a vertical de um local ou de um observador na Terra com a linha que liga o centro do Sol a partir daquele local. Figura 2.14. Ângulo zenital Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 16 * O valor mínimo é igual a 0o quando o Sol está sobre o meridiano * O valor máximo é igual a 90o (quando do nascer e por do Sol) * Seus valores oscilam simetricamente de 0 a 90o Pode ser estimada a partir da latitude do local, declinação solar e ângulo horário do Sol, e deduzida a partir do triângulo astronômico obtendo Z= arc cos (senφ.senδ +cosφ.cosδ.cosh) onde, Z é o ângulo zenital (o); φ é a latitude do local (o); δ é a declinação (o); h é o ângulo horário do sol (o). c) Ângulo Horário do Sol (h): é o ângulo entre o plano do meridiano do Sol e o meridiano do observador (ou do lugar), com referência ao centro da Terra. h = (12 - H).15 onde, h é o ângulo horário do Sol (graus e décimos); H é a hora do dia (horas e décimos). Figura 2.15. Ângulo horário do Sol 55.. RREELLAAÇÇÕÕEESS EENNTTRREE CCOOOORRDDEENNAADDAASS TTEERRRREESSTTRREESS EE CCEELLEESSTTEESS ((φφφφφφφφ,, θθθθθθθθ,, ZZ ee hh)) Para determinarmos a quantidade de energia solar que atinge determinado local da superfície da Terra é necessário o conhecimento do ângulo zenital que é determinado a partir da seguinte relação obtida do triângulo astronômico cosZ=senφ.senδ+cosφ.cosδ.cosh Z= arc cos (senφ.senδ+cosφ.cosδ.cosh) onde, Z é o ângulo zenital, φ é a latitude do local, δ é a declinação solar e h é o ângulo horário do Sol. A mais clássica aplicação desta relação ocorre na dedução da Lei de Lambert que relaciona a quantidade de radiação absorvida em diferentes pontos da superfície da Terra. De acordo com a Lei de Lambert: "Se um feixe de radiação de intensidade I incidir normalmente sobre uma superfície de poder absortivo A, esta superfície absorverá uma intensidade Ia de energia", assim temos: Ia = I.A Figura 2.16. 1o Enunciado de Lambert "Se este feixe de radiação de intensidade I incidir sobre a superfície segundo uma direção que forma um ângulo Z com a normal à superfície, esta superfície absorverá uma intensidade Ioa de energia", assim temos: Ioa = Ia.cosZ Ioa = I.A.( senφ.senδ+cosφ.cosδ.cosh) Figura 2.17. 2o Enunciado de Lambert Interpretando os enunciados podemos dizer que a intensidade de radiação recebida sobre uma superfície de um determinado plano Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 17 é igual à radiação sobre a unidade de área de um plano normal aos raios incidentes multiplicado pelo co-seno do ângulo formado entre as duas superfícies. Figura 2.18. Interpretação da Lei de Lambert Obs. Isto explica o maior aquecimento da Terra à medida que nos aproximamos do equador, durante as horas do dia, e também as diferenças de aquecimentos nas diferentes encostas de uma elevação (montanha). Figura 2.19. Conseqüências da Lei de Lambert na superfície da Terra 66.. MMAARRCCHHAA AAPPAARREENNTTEE DDOO SSOOLL Quando observamos o Sol durante o dia, temos a impressão de que ele cruza o céu de leste para oeste (trajetória aparente do Sol). No entanto, a Terra é que gira de oeste para leste. Quando a Terra encontra-se no equinócio o Sol nasce bem à leste e põe-se ao oeste, pás- sando ao meio dia a pino, ou pelo zênite do local. No início do inverno no hemisfério sul uma pessoa no equador vê o Sol nascer à leste, porém mais ao norte, o Sol não passa a pino, exatamente ao meio dia, passando à 23o 27' do zênite (solstício de inverno). No início do verão no Hemisfério sul uma pessoa no equador vê o Sol nascer à leste, porém mais ao sul, o Sol não passa a pino, exatamente ao meio dia, passando à 23o 27' do Zênite (solstício de verão). Uma pessoa sobre o trópico de Capricórnio, no inverno, observa o Sol ao meio dia com um ângulo de 46o 54' do Zênite. O Sol passa mais ao norte aquece menos a Terra (Lei de Lambert). Figura 2.20. Marcha aparente do Sol 77.. MMEEDDIIDDAA DDOO TTEEMMPPOO Em consequência dos movimentos diurno e anual (aparente), o Sol descreve uma trajetória espiral de 365,24 espiras até 23o 27' para ambos os lados do equador. Um giro completo da Terra em seu eixo (movimento de rotação) define um dia civil de 24 horas (mais precisamente 23 horas, 56 min e 44 seg). Um giro completo da Terra ao redor do Sol (movimento de translação) define um ano civil com 365 dias. Na verdade este movimento dura 365 dias, 5 horas e 48 minutos, um pouco mais que um ano. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 18 Figura 2.21. Movimentos da Terra: Rotação e Translação Estas horas e minutos a mais formam de 4 em 4 anos, um dia suplementar (29 de fevereiro), originando o ano bissexto com 366 dias (os anos bissextos são os divisíveis por quatro). Ao longo do movimento de rotação pontos sobre o mesmo meridiano, tem o "meio dia" ao mesmo tempo, pontos em diferentes meridianos têm "meio dia” diferentes (dia sideral). A hora dos relógios (horário civil) muda com a posição solar, no decorrer do dia. Como a Terra está girando (do oeste para leste), é natural que as horas não sejam as mesmas em diferentes longitudes (mais adiantadas nas longitudes que estejam à leste e mais atrasadas nas que estejam a oeste, onde o Sol passa primeiro). Se considerássemos rigorosamente as horas pela exata posição do Sol, elas variariam tanto que precisaríamos acertar os relógios cada vez que caminhássemos para leste ou para oeste. Para evitar esse problema, adotaram-se os fusos horários que correspondem a faixas horárias, no sentido dos meridianos, com diferença de uma hora, que definem a hora legal ou hora civil. Como o dia civil tem 24 horas e a Terra esférica possui 360o, cada fuso horário corresponde a uma faixa de 15o (360o/24 = 15o). Dentro dessa faixa de 15o a hora não variará, ou seja, todos os lugares em um mesmo fuso terão sempre a mesma hora civil. Cada fuso possui um meridiano central, cujos quais tem longitude de 15o, a partir do Meridiano de GW para cada lado, sendo que os horários serão mais cedo a oeste de GW e mais tarde a leste de GW. Figura 2.22. Definição dos Fusos Horários No 1o, 2o,3o ... fusos a oeste de Green- wich, o tempo é 1, 2, 3... horas a menos do que Greenwich, no 1o, 2o,3o ... fusos a leste de Greenwich, o tempo é 1, 2, 3... horas a mais do que Greenwich. O Brasil encontra-se a oeste de Greenwich e devido a sua grande extensão no sentido Leste-Oeste, abrange 4 fusos horários, que são os fusos de: Fernando de Noronha (-2 horas de GW), Brasília (-3 horas de GW), Manaus (-4 horas de GW) e Acre (-5 horas de GW). Figura 2.23. Fusos horários no Brasil 88.. DDIIAA EE NNOOIITTEESe a Terra estivesse parada, somente uma de suas faces seria iluminada enquanto a outra permaneceria escura. Na iluminada seria sempre dia, na escura sempre noite. Porém, a Terra gira, de modo que, durante as 24 horas, ora uma face é iluminada, ora outra, variando sucessiva e continuamente. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 19 Em consequência da rotação diária da Terra em redor do seu eixo inclinado (Rotação) e da revolução anual ao redor do Sol (Translação), a "iluminação“ (duração do dia) da Terra sofre variações diárias e anuais. Figura 2.24. Imagem mostrando a linha de separa- ção entre o dia e a noite sobre a Europa e África. Os raios solares que incidem sobre a Terra, são paralelos à linha que liga o centro da Terra ao centro do Sol. Os raios tangenciais determinam na superfície da Terra um círculo máximo que define o limite de separação entre luz e sombra. Figura 2.25. Inclinação do eixo terrestre e luminosidade A iluminação e o aquecimento da Terra são moderados pelos seus Movimentos. Sem a rotação, um lado da Terra permaneceria sempre escuro, com temperaturas baixas (trevas eternas), e o outro lado sempre iluminado com super aquecimento. Se o eixo da Terra não fosse inclinado, e seu movimento fosse ao redor do eixo AA1 (como júpiter), os dias seriam iguais às noites em todas as partes, proporcionando um clima constante sem estações definidas. Sendo assim a inclinação do eixo terrestre é o agente moderador da variação da iluminação (duração dos dias) e do rigor do clima (estações do ano). Se a Terra não girasse ao redor do Sol (translação), também vários problemas: Devido à inclinação do eixo, que permanece sempre na mesma direção, na região A1A3 sempre seria dia e na região AA2 sempre noite. No hemisfério sul seria muito quente e no hemisfério norte muito frio. O movimento de translação ao redor do Sol evita estes problemas. Levando-se em consideração os movimen- tos de Rotação e Translação e a inclinação do eixo terrestre, pode-se observar que: Só no equador os dias são iguais as noites (mesma duração) o ano todo. Nas outras latitudes os dias são maiores que as noites ou vice-versa dependendo da declinação solar. Pontos na mesma latitude têm a mesma duração do dia e da noite numa mesma data do ano. A duração máxima do dia, que varia ao longo do ano, é denominada de fotoperíodo. 99.. FFOOTTOOPPEERRÍÍOODDOO É o intervalo de tempo que transcorre entre o nascer e o ocaso do Sol. Varia ao longo das estações do ano, depende da latitude do local. Ver tabela da duração dos dias em anexos. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 20 No equador os dias são iguais às noites durante todo o ano. À medida que se afasta do equador, a duração dos dias e das noites é maior ou menor dependendo da época do ano. Figura 2.26. Fotoperíodo ou duração do dia No equador os dias são iguais às noites durante todo o ano. À medida que se afasta do equador, a duração dos dias e das noites é maior ou menor dependendo da época do ano. No início do verão do hemisfério sul, o fotoperíodo é maior que 12 horas e a noite menor que 12 horas, em qualquer latitude do equador até o círculo polar (no hemisfério norte é o oposto). No início da primavera e do outono, o dia dura como a noite, 12 horas em todas as latitudes, exceto nas calotas polares. No início do inverno o fotoperíodo dura menos de 12 horas e a noite mais de 12 horas, em todas as latitudes do hemisfério sul, exceto nas calotas polares. Figura 2.27. Variação do Fotoperíodo com a declinação solar e estações do ano A inclinação do eixo terrestre explica a sucessão das estações do ano e determina, também, a alternância das estações do hemisfério norte para o hemisfério sul. Durante a translação, a Terra fica sempre na mesma posição: com seu eixo inclinado sempre na mesma direção. Assim, às vezes o hemisfério sul recebe mais diretamente luz e calor do Sol, outras vezes é o hemisfério norte. O eixo terrestre conserva-se sempre paralelo a si mesmo durante o curso anual da Terra (Inércia), com isso, o pólo norte ficará meio ano voltado para o Sol e o pólo sul o outro meio ano é voltado para o Sol. Nas regiões polares o dia terá 6 meses de duração e a noite 6 meses, já no equador os dias e as noites serão de 12 horas. Nos outros pontos, dos pólos ao equador, apresentam mudanças contínuas na duração dos dias e noites, dependendo da declinação solar e da latitude, como será detalhado a seguir: * Lugares sobre o Equador (latitude 0o): A duração do dia é igual à da noite durante todo o ano. Na data dos equinócios (2 vezes) o Sol passará no Zênite do lugar, iluminando por igual os dois Hemisférios. * Lugares entre o Equador e o Círculo Polar Norte (0o até 66o 33' de latitude norte): Os pontos recebem iluminações diversas. Dia 21/06 o Sol culmina no Zênite dos lugares sobre o trópico de Câncer, começando o verão no hemisfério norte. A duração do dia varia com a latitude do local em função da inclinação do eixo terrestre, sendo de 12 horas no equador (0o) até 24 horas nos pontos sobre o círculo polar (66o 33' latitude norte). Entre estes as durações dos dias variam entre 12 a 24 horas conforme a latitude do local. A partir desta data, em função do movimento de Translação, os dias irão decrescer durante 6 meses. No dia 23/09 em todos os pontos, a duração é de 12 horas, quando ocorrerá o equinócio de outono. No dia 22/12, quando ocorre o Solstício de inverno, as durações terão uma Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 21 variação de 12 a 0 horas, conforme as latitudes. A partir desta data (22/12) os dias irão crescer durante 6 meses. No dia 21/03 em todos os pontos, a duração é de 12 horas, quando ocorrerá o equinócio de primavera. No dia 21/06, quando ocorre o Solstício de verão, as durações terão uma variação entre 12 a 24 horas, conforme as latitudes. * Lugares entre o Equador e o Círculo Polar Sul (0o a 66o 33' de latitude sul): Estes pontos também recebem iluminações diversas, ocorrendo o inverso que ocorre no hemisfério norte. Dia 21/06 o Sol culmina no Zênite dos lugares sobre o trópico de Câncer, começando o inverno no hemisfério sul. A duração do dia varia com a latitude do local em função da inclinação do eixo terrestre, sendo de 12 horas no equador (0o) até 0 hora nos pontos sobre o Círculo Polar Sul (66o 33' latitude sul). Entre estes as durações dos dias variam entre 12 a 0 hora conforme a latitude do local. A partir desta data, em função do movimento de Translação, os dias irão crescer durante 6 meses. No dia 23/09 em todos os pontos, a duração é de 12 horas, quando ocorrerá o equinócio de primavera. No dia 22/12, quando ocorre o Solstício de verão, as durações terão uma variação de 12 a 24 horas, conforme as latitudes. A partir desta data (22/12) os dias irão decrescer durante 6 meses. No dia 21/03 em todos os pontos, a duração é de 12 horas, quando ocorrerá o equinócio de outono. No dia 21/06, quando ocorre o Solstício de inverno, as durações terão uma variação entre 12 a 0 hora, conforme as latitudes. * Lugares que estão sobre o Círculo Polar Norte (66o 33' de latitude norte): No dia 21/06 o Sol fica visível durante 48 horas consecutivas (2 dias de 24 horas), e após esta data diminuem durante 6 meses de 24 a 0 horas. No dia 22/12 ocorre uma noite de 48 horas consecutivas (2 noites de 24 horas), e após esta data os dias aumentam durante 6 meses de 0 a 24 horas. Durante os equinócios de outono e primavera (23/09e 21/03) os dias e as noites apresentam a mesma duração de 12 horas. * Lugares que estão sobre o Círculo Polar Sul (66o33' de latitude sul): Ocorre as mesmas durações com diferença de 6 meses. No dia 22/12 o Sol fica visível durante 48 horas consecutivas (2 dias de 24 horas), e após esta data diminuem durante 6 meses de 24 a 0 hora. No dia 21/06 ocorre uma noite de 48 horas consecutivas (2 noites de 24 horas), e após esta data os dias aumentam durante 6 meses de 0 a 24 horas. Durante os equinócios de outono e primavera (21/03 e 23/09) os dias e as noites apresentam a mesma duração de 12 horas. * Lugares que estão entre os Círculos Polares e os Pólos (66o 33' a 90o): Quanto mais perto o lugar considerado estiver do pólo norte ou sul tanto mais perto o Sol fica por cima do horizonte no verão, e por baixo do horizonte no inverno. No tempo dos equinócios os dias têm de 12 a 24 horas, crescendo depois até 6 meses conforme a latitude. * Lugar que está no Pólo Norte ou Pólo Sul (90o): Em cada um dos dois pólos há um dia de 6 meses e uma noite de 6 meses. Enquanto o pólo norte goza de seu dia de 6 meses, o pólo sul é envolvido em trevas, depois a luz passa durante 6 meses para o pólo sul e o pólo norte fica em trevas. Nos pólos o Sol descreve em 24 horas um círculo completo, paralelo ao horizonte (e ao equador). Em 21/06 tem a altura máxima de 23o 27' (igual a declinação do Sol). Em seguida a altura do Sol diminui, sendo em 23/09 igual a 0o. O Sol descreve, por conseguinte, uma curva Helicoidal, ficando no seu curso constantemente quase paralelo ao horizonte, porque nos pólos o horizonte geocêntrico coincide com o equador celeste. Em 23/09 o Sol circula sobre o horizonte do pólo norte e do pólo sul. Em 22/12 tem maior altura austral de 23o 27'. Em 21/03, está nova- mente sobre os horizontes de ambos os pólos. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 22 III. A ATMOSFERA 1. GENERALIDADES É a camada gasosa que envolve a Terra e a acompanha em seus movimentos, consiste numa mistura de gases, vapor d’água e impurezas. Se não existisse, não existiria vida na terra (animais e vegetais). Adquire coloração azulada devido a dispersão da luz solar (ondas curtas) pelas moléculas do ar. É transparente, impalpável, não tem sabor, odor e cor. Antigamente pensava-se que o ar fosse um “fluido sem peso”, ou seja, imponderável. Hoje se sabe que a atmosfera apresenta peso, ou seja, pode ser ponderada. Figura 3.1. A atmosfera é a finíssima camada gasosa que envolve a Terra. A temperatura é bastante variável nas distintas camadas da atmosfera. Na tropos-fera diminui numa proporção média de 0,65o C para cada elevação de l00 m (gradiente térmico) variando nas diversas estações do ano, conforme a hora do dia, localidade, etc. Nas camadas mais altas da Troposfera a temperatura atinge valores de –60o C. Na termosfera as temperaturas são bastante altas chegando a + de 1000o C. 2. ESTRUTURA Altura acima de 1500 Km. Dividida de forma geral em 4 ou 5 regiões distintas (características homogêneas). A subdivisão é arbitraria, constitui-se numa convenção adotada em Meteorologia. As sub-divisões (regiões) da Atmosfera são: Figura. 3.2. Regiões da atmosfera terrestre a) Troposfera: Altura de ±12 Km. É a pri- meira camada acima da superfície e apresenta-se de grande importância para os meteorologistas, onde ocorrem os fenômenos meteorológicos. Nesta ocorrem as variações atmosféricas, formam-se os ventos, nuvens e chuvas. É a camada sujeita as variações segundo a latitude e as estações do ano. São registradas as variações termométricas e barométricas. Temperatura e Pressão diminuem com a altitude. Sua espessura é variável com a latitude e com as estações do ano, sendo em torno de 8 km nos pólos e 16 km Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 23 no equador. Apresenta-se menos alta no inverno, tendendo a aumentar no verão, obedecendo a lei de expansão dos gases e a influência do calor da radiação solar acumulada na superfície da Terra. Nesta camada concentra-se 80% dos gases da atmosfera e 75% de todo seu peso. Excluindo-se o vapor d'água, a composição do ar e constante nesta camada. b) Estratosfera: Mede cerca de 65 km (40 - 70 km), iniciando-se a partir da troposfera. Apresenta-se em repouso sem vento e sem tempestades, sem chuvas, sua temperatura é muito baixa (-50o C) e constante. Predomínio de gás nitrogênio, não existe oxigênio, mas encontra-se em quantidade apreciável o hidrogênio. Nas regiões elevadas da estratosfera (20 - 35 km) encontra-se a sub-camada de ozônio (O3) ou ozonosfera com propriedades distintas do oxigênio (O2) e na região entre a troposfera e a estratosfera existe outra sub- camada denominada de Tropopausa. Ozonosfera: Sub-camada responsável pelo controle da quantidade de radiação ultravioleta (comprimento de onda 0,2 - 0,4 µ�), de origem solar, que atinge a Terra. Funciona como um "filtro solar", permitindo a vida sobre a terra. A absorção das radiações UV provoca o aquecimento desta camada, causando perturba- ções atmosféricas nas regiões superiores. Tropopausa: Entre a troposfera e a estratos- fera (11 - 17 km), é uma camada de separação, intermediária. Parece ter a função de zona de inversão térmica. Sua altura varia com a latitude e estações do ano, não apresentando altitude determinada. Apresenta-se como, uma camada deprimida nos pólos e dilatada no equador. c) Mesosfera ou Camada Hidrogenada: Com espessura de 120 km que se inicia a mais ou menos 80 km, superpondo-se a estratosfera. É formada predominantemente de hidrogênio. d) Termosfera ou Ionosfera: Esta camada esta acima de 200 km (até 500 km) de altura e estende-se por muitas centenas de quilômetros, onde as moléculas se acham ionizadas, ou seja, as radiações solares, partículas, raios cósmicos e meteoritos microscópicos provocam a fissão das moléculas de oxigênio. e) Exosfera: é a camada mais externa da atmosfera, os gases encontram-se bastante rarefeitos ou inexistem. 3. PESO DA ATMOSFERA Metade do peso da atmosfera esta abaixo de 5,6 km de altitude. A medida que consideramos camadas da atmosfera cada vez mais altas, elas se tornam menos densas. A atmosfera apresenta uma pressão de 1,033 kg.cm-2 na superf do planeta, ao nível do mar. Sabendo a superfície total do planeta, podemos calcular o peso total da atmosfera. A superfície total do globo é de 5l0 l00 800 km2, obtemos assim o peso total da atmosfera que corresponde a 5 269 341 264 000 000 de toneladas (peso equivalente a 479.031 cubos maciços de chumbo, tendo cada cubo 1 km de lado). Figura 3.3. Peso da atmosfera ao nível do mar Segundo a Lei de Pascal a pressão em um fluido é exercida em todas as direções. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 24 4. COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA É praticamente constante, salvo varia- ções nas quantidades de gás carbônico (CO2), ozônio (O3) e vapor d'água. Sua composição próxima da superfície (válido até 25 km de altitude) é de ar puro e seco, impurezas e vapor d’água: Tabela. Constituintes do ar seco Ar puro e seco (invariável) Componentes Volume percentual Nitrogênio 78,09 99,997 Oxigênio 20,95 Argônio 0,93 Gás Carbônico 0,03 Neônio Kriptônio Hélio Ozônio etc. Traços Sem importância como volume Tabela. Constituintes das impurezas do ar. Impurezas Fumaça, cinzas vulcânicas: com a explosãodo vulcão Krakatoa, entre Java e Sumatra, as cinzas ficaram suspensas por mais de 3 anos em toda a terra. Poeira e partículas higroscópicas. Sementes, pólen, esporos, etc.: que a chuva traz para a superfície. O Dióxido de carbono, gás que se encontra numa percentagem muito baixa na atmosfera. Importante para que os vegetais realizem a fotossíntese (Tecidos vegetais). Os seres vivos devolvem-no ao ambiente pela respiração. Permite também reter o calor na atmosfera. O Oxigênio é importante para que a vida no planeta seja possível, já que é respirado por todos os seres vivos. Permite a combustão dos materiais para obter energia, e é fonte de purificação do ar e das águas, entre outras funções. O Nitrogênio ao combinar-se com outras substancias, este gás forma excelentes fertilizantes, que permitem o crescimento dos vegetais. No entanto, sua função mais importante é tornar respirável o oxigênio, já que o dilui. O Vapor d’água, estado gasoso da água que é fundamental para a formação das nuvens. Quando o vapor d’água precipita, na forma de chuva ou outras, é utilizado pelos animais e vegetais. Também, retém o calor na atmosfera. Sua concentração é variável, e depende da distância que exista ao mar e da altitude. É a fonte dos hidrometeoros: chuva, granizo, neve, orvalho, geada, etc. Ocorre apenas na troposfera. O Ozônio cumpre uma função muito importante, já que serve de filtro da radiação solar, absorvendo radiação ultravioleta. A passagem destas radiações até a Terra provoca muitos problemas aos seres vivos, como maior dano aos olhos, câncer de pele e destruição dos vegetais e microorganismos. Suspeita-se que as emissões de alguns gases decorrentes de atividades humanas, principalmente os CFCs, são responsáveis pela destruição do Ozônio, o que é evidenciado pelos grandiosos buracos existentes na subcamada de ozônio, principalmente sobre os pólos. Figura 3.4. Subcamada de Ozônio e Buraco sobre o pólo Sul em 2000. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 25 IV–FATORES CLIMÁTICOS E METEOROLÓGICOS São os agentes que condicionam os fe- nômenos atmosféricos (meteoros). Ex: altitude, latitude, relevo, continentalidade (oceanidade), circulação atmosférica, correntes marítimas, etc. 1. ASPÉCTOS DO CLIMA: MACRO, TOPO E MICRO-CLIMA Na climatologia agrícola, o clima deve ser considerado sob três diferentes aspectos: macro-clima, topo-clima e micro-clima. a) MACRO-CLIMA: é o clima da região (clima regional ou geográfico). Caracterizado pelos elementos meteorológicos obtidos nas es- tações climatológicas padrões, onde os instru- mentos são expostos em condições conven- cionais, padronizados, para afastar influencias locais condicionadas pela forma de exposição instrumental. O macro-clima é uma característica geográfica da região e normalmente não pode ser modificado pelo homem. Depende dos fatores climatológicos, que são condicionados pelas características geográficas locais (altitude, relevo, etc.). O Agricultor aproveita das condições favoráveis do macro-clima para cultivar as plantas a ele adaptadas. Pode-se dizer: O macro-clima da região do Planalto Catarinense, de Campinas, de Pinhal, de Recife, de Buenos Aires, de Bombaim, etc. b) TOPO-CLIMA: é o clima local. Corresponde às condições climáticas próprias de um terreno em função de sua topografia, exposição cardinal, configuração topográfica, disposição dos acidentes topográficos, etc. Durante o dia, um terreno com exposição norte é mais ensolarado ou batido pelo Sol que um terreno de face sul. É, pois topograficamente mais quente. Durante a noite um terreno de baixada de configuração côncava, onde se concentra o ar frio que escorre dos outros terrenos vizinhos mais altos, é mais frio que outro terreno elevado ou convexo, não sujeito à estagnação ou convergência do ar frio. Esses terrenos baixos, em depressão são, pois, topograficamente, mais frios e mais sujeitos as geadas em noites frias, ou as neblinas em noites com atmosferas úmidas. O topo-clima não depende dos fatores geográficos, mas sim dos fatores locais e acidentes topográficos. Pode variar muito, de lugar para outro, numa mesma região. O agricultor pode escolher em sua propriedade o terreno com o topo-clima mais adequado para cada atividade agrícola que pratica. c) MICRO-CLIMA: é o clima condiciona- do pela cobertura do solo. Ex., o micro-clima de um terreno coberto com mata é diferente do micro-clima de outro coberto com grama, cana- vial ou cafezal, de água, palha, areia ou qualquer outro tipo de revestimento do solo, etc. Um terreno nu tem o micro-clima próprio. O micro-clima de um terreno cultivado pode ser modificado e condicionado pelo agricultor. Depende do tipo de cultura e cultivo que faz, do espaçamento, das praticas culturais, da poda, arborização, etc. A distinção dos três diferentes aspectos do clima é fundamental para a climatologia agrícola. Sem uma visão clara desses aspectos não se pode compreender bem a climatologia e sua aplicação na agronomia. 2. FATORES METEOROLÓGICOS MACRO- CLIMATICOS São os de ordem geográfica. Condicio- nam o clima regional, geral ou macro-clima de uma região. Podemos Citar: Radiação solar; Fatores atmosféricos; Natureza da superfície; Altitude; Circulação geral da atmosférica; Circulação local da atmosfera; Correntes marítimas; Continentalidade; Orografia... Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 26 2.1. RADIAÇÃO SOLAR O Sol é a única fonte de energia na su- perfície da Terra, ligada aos fenômenos meteoro- lógica. A superfície solar, com aproximadamente 5500 °C (5760 °k), emite grande quantidade de energia radiante, sendo que a Terra intercepta uma fração insignificante (1/2.000.000.000), mas que é suficiente para condicionar o tempo. Assim, a radiação solar (energia solar) é o móvel e o fator fundamental do clima. A energia solar que chega ao topo da atmosfera terrestre é chamada de: Radiação solar extraterrestre, Radiação solar no topo da atmosférica, ou Radiação solar na ausência de atmosfera: Esta quantidade de energia que chega verticalmente, com a radiação solar acima da atmosfera é praticamente constante, daí denomi- nada constante solar e definida como segue: CONSTANTE SOLAR: é a quantidade média de calorias por centímetro quadrado que chega por minuto a Terra, supondo a ausência da atmosfera (Cal/cm2/min). É igual a 1,97 Cal/cm2/min. Atualmente, admite-se que é ±2,0 cal/cm2/min. Em média a Terra recebe, nos trópicos acima da atmosfera, em superfície horizontal cerca de 800 cal/cm2/dia. Nas diferentes latitudes e estações do ano essas quantidades de energia solar variam bastante. A Radiação global corresponde à quanti- dade de energia solar que chega à superfície da Terra. Três causas modificam esta quantidade de energia solar recebida na superf da Terra: * Variação do angulo de incidência (Z). * Variação da duração do dia e da noite. * Variação da distância do sol. a) Variação do angulo de incidência (Z): o aumento do ângulo de incidência (Z) reduz o aquecimento da superfície pela ampliação da área a ser aquecida. Esta redução é proporcional ao co-seno de Z (Lei de Lambert). Supondo Z = 60° Cos60° = 0,5. Portanto, se a inclinação (Z) for de 60°, a redução será de 0,5 só em função da ampliação da área a ser aquecida. A redução do aqueci- mento será maior se for considerado o aumento da massa atmosférica, a ser atravessada. b) Variação da duração do dia: varia segundo a latitude e estação do ano. O eixo da Terra está inclinado de 23°27’ em relação ao plano da eclíptica.Esse fato condiciona as estações do ano. Aliado à latitu- de, à inclinação resulta a enorme variação da duração do dia no curso do ano. No geral, quan- to maior a duração do dia maior a quantidade de energia que incide no local considerado. c) Distancia do Sol: A órbita da Terra em torno do sol é ligeiramente elíptica. Dessa forma no afélio, quando a Terra esta mais afastada seria mais fria. Ao contrário, no periélio, estaria mais quente. Mas a diferença na quantidade de calor recebida pela Terra entre uma e outra posição é muito pequena, apenas de 2%. Pouco efeito representa. Como a Terra acha-se no afélio em julho (inverno do H. sul), pode-se inferir que, em igualdade de condições, o inverno nesse hemisfério seria mais rigoroso que o do H. norte, o que não ocorre. Porque? ESPECTRO SOLAR: A energia emitida pelo Sol (Radiação solar) é constituída por um conjunto de ondas eletromagnéticas de vários comprimentos, que recebe o nome de espectro solar, sendo que cada faixa de comprimento de ondas, apresenta características peculiares, principalmente quanto a seus distintos efeitos sobre as plantas. O Sol emite radiação em praticamente todos os comprimentos de onda mas, cerca de 99% da energia solar tem comprimento entre 0,2 e 4,0 micra, intervalo este chamado "domínio da radiação solar”. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 27 Figura 4.1. Espectro Solar A Comissão Holandesa de Irradiação Vegetal, em 1953, estabeleceu os efeitos específi- cos causados por determinados trechos do espec- tro, estabelecendo oito faixas diversas com características próprias: 1a faixa: Radiações com comprimento de onda maior que 1 micra (µ). Não causam danos às plan- tas e são por elas absorvidas. São aproveitadas sob a forma de calor sem que haja interferência com os processos biológicos. 2a faixa: Radiações entre 1 e 0,72µ. Exercem efei- to sobre o crescimento das plantas. Próximo a 1µ é importante para o fotoperiodismo, germinação da semente, controle de floração e coloração do fruto. 3a faixa: Radiações entre 0,72 e 0,61µ. São forte- mente absorvidas pela clorofila. Gera forte ativida- de fotossintética, apresentando também forte ati- vidade fotoperiódica. 4a faixa: Radiações entre 0,61 e 0,51µ. Tem baixo efeito fotossintético e de fraca ação sobre a formação da planta. Corresponde à região verde do espectro. 5a faixa: Radiações entre 0,51 e 0,40µ. É a região mais fortemente absorvida pelos pigmentos ama- relos e pela clorofila. Corresponde ao azul violeta e é também de grande atividade fotossintética, exercendo vigorosa ação na formação da planta. 6a faixa: Radiações entre 0,40 e 0,315 µ. Exerce efeitos de formação. As plantas tornam-se mais baixas e as folhas mais grossas. 7a faixa: Radiações entre 0,315 e 0,28 µ. É prejudicial à maioria das plantas. 8a faixa: Radiações com um comprimento de onda menor que 0,28µ. Mata as plantas. Figura 4.2. Distribuição da Energia solar na atmosfera - Espectro de Radiação solar O Balanço Radioativo do Sistema Ter- ra-Atmosfera pode ser resumido em: O ar puro (seco e transparente) e o vapor d'água absorvem pouco as radiações de ondas curtas e médias (< 0,92µ). O aquecimento principalmente nas camadas inferiores da atmosfera se dá graças a emissão da superfície da terra, que absorve e emite a energia incidente provinda do Sol em radiações caloríficas de maior comprimento de onda (infravermelho), que são absorvidas pelo vapor d'água da atmosfera, CO2 e outros gazes e poeiras existentes (principalmente nos primeiros 5 Km da Troposfera), fenômeno que se deu o nome de Efeito Estufa. Figura 4.3. A radiação solar atravessa a atmosfera e aquece a superfície da Terra e a troposfera. Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 28 No Balanço energético da Radiação na atmosfera temos: Figura 4.4. Balanço de Radiação solar no sistema Terra-atmosfera 1) Difusão (Refração), reflexão e absorção pela atmosfera: diminuem a intensidade da radiação (átomos de oxigênio, Ozônio, vapor d'água e CO2). 2) Radiação emitida da atmosfera (Radiação do céu): Incide sobre o solo, vinda de todas as direções (parcela da radiação difusa). Sua intensidade depende da latitude, altitude, ângulo solar, nebulosidade e turbidez da atmosfera. 3) Radiação solar direta: aquela não é interceptada pela atmosfera. A soma da radiação difusa com a direta é a Radiação Global, ou seja, a radiação recebida na superfície da Terra. 4) Reflexão e difusão do solo: nem toda a radiação global é retida pela superfície da terra. Parte é refletida e parte é difundida. A intensidade da reflexividade depende da natureza e do estado da superfície que recebe a radiação. Albedo: é o coeficiente de reflexão (proporção da radiação refletida e a radiação total recebida), varia em função das características da superfície. EX: neve: r = 85%; vegetação: r = 25% (ver tabela em anexos). 5. Absorção pelo solo: O solo absorve parte da energia que chega, aquecendo-se e transferindo calor por condução, para as camadas mais profundas. Parte desta energia absorvida é transferida para a atmosfera por: Condução, Convecção, Irradiação (Efeito estufa) e calor latente (Evaporação da água). A radiação recebida que não é refletida ou reirradiada é conhecida como "radiação líquida", que é a medida da energia disponível na superfície do solo. 2.2. Fatores atmosféricos A atmosfera é o envoltório gasoso da Terra. Sua composição próxima da superfície é de ar puro e seco, impurezas e vapor d’água. * Características da atmosfera: densidade de- cresce com a altitude. Seu limite superior é muito difuso. Acima de 100 km, praticamente inexiste. É elástica (compressível). Exerce fricção (atrito), destruindo os meteoritos, que a atingem a altíssimas velocidades. * Efeito de termostato: controla a temperatura da Terra. Evita superaquecimento diurno e o super- resfriamento noturno. Figura 4.5. Efeito protetor da atmosfera terrestre, na redução das variações extremas das temperaturas. Obs. Lua: sem atmosfera; ha grandes diferenças termométricas entre dia e noite; Terra: com atmosfera; pequenas diferenças termométricas entre dia e noite. Efeitos da inclinação dos raios solares: A forma redonda da Terra resulta na obliquidade Meteorologia e Climatologia. Prof. Dr. Célio Orli Cardoso. 2/2005 29 da incidência dos raios na maior parte da superfície. Dois efeitos surgem: a) Aumenta a massa atmosférica a atravessar e assim aumentam as perdas; b) Dilui e espalha a radiação incidente na superfície. Figura 4.6. Ângulo de incidência e massa atmosférica. Efeitos da obliquidade dos raios solares: diluição da incidência de energia na superfície e aumento da absorção pela atmosfera (aumento da massa atmosférica). Massa atmosférica: é massa atravessada pela radiação, na distância zenital. Perdas da radiação solar na passagem pela atmosfera: a) Absorção: transformação da radiação em calor sensível (processo seletivo). * Ozônio é mais eficiente para radiação ultravioleta (< 0,3 µ). * Gás Carbônico (CO2) é mais efetivo na banda de 15 µ (ondas longas, sendo desprezível); * Vapor d’água é mais efetivo entre 0,8 a 2,7 µ e acima de 15 µ (desprezível); * Nuvens e nevoeiros: radiação infraver- melho (> 0,7 µ) e refletem a radiação luminosa. b) Espalhamento (ou Difusão): devido à refração (desvio na direção dos raios) principalmente das ondas mais curtas do espectro solar provocada pelas minúsculas partículas em suspensão no ar e pelas próprias moléculas do ar (processo seletivo),
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