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Consciência Ética
Ethos designa costume ou moradia, o lugar onde se vive, o caráter, o modo de ser no mundo, a origem dos valores, as normas que estruturam uma civilização, um povo, um grupo social ou simplesmente, de um indivíduo.
O ser humano, no seu dia-a-dia sente a necessidade de organizar a sua vida. Isto compreende as relações fundamentais do indivíduo: a si mesmo, o outro o mundo e a transcendência. A cada dia apresenta-se um novo e diferente desafio. 
É do próprio ser humano buscar a resposta adequada conforme o lugar, o tempo, as tradições e os costumes. Cada grupo cria um modo próprio habitual de compreender o mundo. O ser humano demonstra consciência ética pela capacidade de conviver de forma respeitosa e equilibrada no seu grupo social.
Olhando em torno de nós, verificamos de maneira prática, que a falta de diálogo entre as pessoas, o desrespeito aos direitos alheios, a intolerância com as diferenças e a omissão no exercício da cidadania, mostram a distância que nos separa da consciência ética.
Há, na verdade, uma ruptura entre o indivíduo, que se fecha sobre si mesmo, e a vida da comunidade, com os seus valores, sobre os quais se ergue a sociedade. A identidade do grupo organizado é enfraquecida, e prevalece a visão do ser humano como indivíduo independente, sem compromisso com o outro. O ideal das pessoas projeta-se a partir de interesses particulares, vulneráveis aos impulsos do momento. Falta uma visão mais consistente e objetiva de uma ética partilhada pela sociedade, ou, ao menos, pela comunidade definida. 
O ser humano ao atingir a consciência ética pode ser identificado com a personalidade elevada capaz de avaliar com isenção e profundidade as pessoas e os acontecimentos. Reconhece suas limitações, age com equilíbrio e projeta o interesse das suas ações além do benefício individual. 
O psicólogo e pedagogo Jean Piaget, a partir de uma pesquisa realizada nos bairros de Genebra, na Suíça, desenvolveu um estudo sobre a formação da consciência moral e ética. Estabeleceu quatro etapas para alcançar o grau mais elevado da consciência.
1 – Anomia (do grego a, “negação, ausência”, + nomos, “lei” = sem lei). É a etapa do comportamento puramente instintivo, que se orienta apenas pelo prazer e pela dor. É a fase em que a criança, ou a criança que se manifesta no adulto, procura o prazer e foge da dor, sem relacioná-los a normas morais. Revela falta de responsabilidade e de ideal. Como exemplo, o motorista que “voa” com seu automóvel apenas pelo prazer de correr, sem considerar as conseqüências de seu ato.
2 – Heteronomia (do grego héteros, “outros”, + nomos, “lei” = lei estabelecida ou imposta por outrem). Nessa fase, a criança obedece às ordens para receber a recompensa ou para evitar o castigo. É o caso do motorista que observa as leis de trânsito só para não ser multado.
3 – Socionomia (do latim, socius, “companheiro, colega”, e do grego nomos, “lei” = lei interiorizada do convívio). Nesta fase, os critérios morais da criança vão se afirmando por meio de suas relações com outras pessoas. Ela vai interiorizando as noções de responsabilidade, obrigação, respeito, justiça. Começa a não fazer aos outros o que não gostaria que fizessem a ela. Age sempre buscando a aprovação ou evitando a censura dos outros. Ocorre quando o motorista que dirige preocupado consigo mesmo e, sobretudo, com o que os outros pensam dele.
4 – Autonomia (do grego, autós, “próprio”, + nomos, “lei” = lei própria). É a fase em que a criança já interiorizou as normas morais e passa a comportar-se de acordo com elas. É a etapa mais elevada do comportamento ético e moral. Entre os adultos, é o caso do motorista que, na direção do automóvel, orienta-se pelas leis de trânsito e por seus próprios princípios internos de conduta.
Não é fácil chegar à plena consciência. A rotina diária, movida pela dinâmica materialista, que se caracteriza pelo individualismo, pelo consumismo, pela ganância de vencer o outro, impedem o espírito e a experiência coletiva. Qual seria então a chance que temos de desenvolver a consciência ética, admitindo que todos estamos submetidos à ordem capitalista?
Cabe ao indivíduo fortalecer valores e atitudes, capazes de resistir à investida do sistema que manipula e destrói. A busca constante pela verdade, a aplicação positiva do conhecimento, o testemunho de vida dos outros, o uso adequado da natureza, o bom senso, o equilíbrio e o autodomínio, o contato com a palavra de Deus, são virtudes que aproximam o ser humano da consciência ética.

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