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HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO NA REPÚBLICA VELHA

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Débora Stefany de Oliveira
Fernanda Ludgero
José Pedro Neto
Marlon Amorim
Naiara Loame
Thiago Menezes
REPÚBLICA VELHA
Ilhéus – BA
2016
Débora Stefany de Oliveira
Fernanda Ludgero
José Pedro Neto
Marlon Amorim
Naiara Loame
Thiago Menezes
REPÚBLICA VELHA
Trabalho escrito apresentado no curso de Direito da Faculdade Madre Thaís, para a avaliação na disciplina História do Direito referente à II unidade do primeiro semestre de 2016. 
Orientação: Prof. Me. Ronaldo Lavigne.
Ilhéus – BA
2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 4
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA......................................................................... 5
 SITUAÇÃO POLÍTICA DO BRASIL EM 1889............................................................ 5
 O GOLPE MILITAR....................................................................................................... 5
 MEDIDAS DO GOVERNO PROVISÓRIO................................................................... 6
A ASSEMBLEIA CONSTITUINTE............................................................................... 6
A COMISSÃO DOS CINCO........................................................................................... 7
A CONSTITUIÇÃO DE 1891......................................................................................... 8
 A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO................................................................. 8
 BRASIL COMO REPUBLICA PRESIDENCIALISTA................................................ 8
 O ESTADO LAICO........................................................................................................ 8
 DIREITOS INDIVIDUAIS............................................................................................. 9
A REPÚBLICA FEDERATIVA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL.............. 10
O PODER EXECUTIVO............................................................................................... 10
O PODER JUDICIÁRIO................................................................................................ 10
O PODER LEGISLATIVO............................................................................................ 11
 O SISTEMA ELEITORAL........................................................................................... 11
 REGRAS ELEITORAIS............................................................................................... 12
O CÓDIGO PENAL DE 1890...................................................................................... 13
 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E DA TERRITORIALIDADE................................ 13
 PENAS PREVISTAS.................................................................................................... 13
 BENEFÍCIOS PARA O CONDENADO...................................................................... 14
 DISPOSIÇÕES INTERESSANTES DO CÓDIGO...................................................... 14
O CÓDIGO CIVIL DE 1916........................................................................................ 16
AS NOVAS NECESSIDADES...................................................................................... 16
 PROCESSO DE CRIAÇÃO DO CÓDIGO.................................................................. 16
ALGUMAS PREVISÕES DO CÓDIGO CIVIL DE 1916.............................................. 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 18
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 19
INTRODUÇÃO
Neste presente trabalho abordaremos o assunto A República Velha, mais concretamente a legislação deste período, enfatizando a criação da Constituição de 1891 e as contribuições da mesma.
São objetivos desde trabalho explicar o processo de criação das normas jurídicas e o contexto histórico embasando-se no período da primeira República Federativa do Brasil.
Afim de alcançar os objetivos expostos, optamos em dividir em cinco partes. Na primeira parte, “A República Velha”, estaremos expondo os principais acontecimentos que levaram a proclamação da República Brasileira, seguido da “Constituição de 1891”, onde temos a primeira Constituição Republicana, e, por isso, vale ressaltar as novidades da nova Constituição. Na terceira parte, “A República Federativa dos Estados Unidos do Brasil”, enfatizaremos as mudanças que deram nova roupagem à política brasileira, não mais Imperial, mas com funções divididas e bem estabelecidas, e, por esta forma totalmente diferente que o país pretendia lidar com as necessidades do povo, foi preciso, então, novos Códigos que pudessem atender a demanda, que são as especificações contidas em “O Código Penal de 1890” e “ O Código Civil de 1916”.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida com diversas pesquisas em blogs e sites de estudo.
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
A SITUAÇÃO POLÍTICA DO BRASIL EM 1889	
A era final da monarquia, em meados de 1880, foi uma época de crise para o governo Imperial. A situação do país havia mudado, e um Imperador, que detinha muitos poderes, não estava mais sendo a forma mais adequada de governo para o Brasil. Profissionais liberais e órgãos de imprensa defendiam a abolição como uma necessidade primordial dentro do processo de modernização socioeconômica do país. 
Já os latifundiários, “Barões do Café”, mostravam-se apáticos e decepcionados, porque a abolição sem nenhum ressarcimento foi, para eles, um golpe de morte e falência e, antes de tudo, uma traição do governo. Dessa forma, país precisava de um governo que acompanhasse suas mudanças econômicas, políticas e sociais.
Mesmo buscando uma posição política conciliadora, Dom Pedro II não conseguia intermediar os interesses confiantes dos diferentes grupos sociais do país. Durante todo o Segundo Reinado essa questão se arrastou e ficou presa ao decreto de leis de pouco efeito prático. Até mesmo os setores mais conservadores, com a abrupta aprovação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, começaram a ver a monarquia como um regime incapaz de atender os seus interesses. 
2.2. O GOLPE MILITAR
A Republica nasceu de um golpe militar. O Exército, descontente com os sucessivos ministérios, tendo tomado consciência de seu poder como único corpo nacional depois da Guerra do Paraguai derrubou o governo com uma parte da classe dominante aplaudindo o feito por acreditar que, caso isto não corresse desta forma, poder-se-ia dar ensejo a participação popular através de uma rebelião.
O movimento republicano foi realizado por militares e pela classe desprestigiada pelo poder Imperial, ou seja, não era um movimento popular, o povo ainda apoiava a monarquia, visto que a maioria desta tinham sido libertas da escravidão pelo governo monárquico. As instituições militares dessa época, influenciadas pelo pensamento positivista, que defendia a “ordem” como caminho indispensável para o “progresso” se uniram chegando a repudiar ordens imperiais e realizar críticas ao governo nos meios de comunicação.
Nos fins de 1889, sob fortes suspeitas que Dom Pedro II iria retaliar os militares, o marechal Deodoro da Fonseca mobilizou suas tropas, que promoveram um cerco aos ministros imperiais e exigiram a deposição do rei. Em 15 de novembro daquele ano, o republicano José do Patrocínio oficializou a proclamação da República.
MEDIDAS DO GOVERNO PROVISÓRIO
Com a derrubada do governo monárquico foi constituído um governo provisório chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que governou o país até 1891. O governo provisório foi instalado com o objetivo de realizar a implantação das instituições republicanas e resolver problemas originários com o final da monarquia, até que houvesse a promulgação de uma nova Constituição.
O Governo Provisório, montado na noite de 15 de novembro decretou o regime republicanofederalista e em sua primeira proclamação o Governo assegura a continuidade da administração publica, tanto civil quanto militar, bem como da justiça. Afirma também que respeitara os direitos individuais e confirma continuar respeitando os acordos e compromissos firmados pelo regime anterior.
No mesmo dia foi baixado um decreto que mudava o nome do pais para Estados Unidos do Brasil e que instalava o sistema federativo, autorizava os estados a elegerem seus constituintes, para então fazer uma Convocação de eleições para a formação da Assembleia Constituinte, que iria elaborar a primeira Constituição Republicana do Brasil. Mas, enquanto não reunisse a Assembleia, o Governo Provisório eram quem escolhia os governadores e também legislava, tendo, então, total poder do Estado, estabelecendo temporariamente uma espécie de “Ditadura”.
A ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE
Assembleia Constituinte é um órgão colegiado que tem como função redigir ou reformar a constituição, a ordem político-institucional de um Estado, sendo para isso dotado de plenos poderes ou poder constituinte, ao qual devem submeter-se todas as instituições públicas.
No dia 22 de junho de 1890, depois de muitas pressões, Deodoro decidiu convocar as eleições para a Assembleia Constituinte, que deveria legitimar o governo republicano. Um conjunto de decretos datados de fevereiro e junho de 1890 disciplinaram a qualificação dos eleitores, a votação e a apuração, entretanto, o cerne desta matéria - quem poderia ou não ser eleitor - já havia sido regulamentado no decreto nº 6, de 19 de novembro de 1889.
As eleições para a Constituinte não foram, portanto, representativas, estima-se que pouco mais de uma centena de milhares de pessoas sabiam ler e escrever e as mulheres era vedado o direito de voto. Dessa forma, dava-se vantagem às classes superiores, que tinham mais conhecimento e acesso a alfabetização, e assim, foi eleita a Assembleia Constituinte, mais ligada aos interesses dos grandes latifundiários que aos interesses militares ou ditatoriais de Deodoro.
A COMISSÃO DOS CINCO
O Governo Provisório nomeou uma Comissão de juristas, chamada Comissão dos Cinco que, a partir de janeiro de 1890 começou a elaborar o projeto constitucional. Cada um dos cinco deveria elaborar uma proposta em separado. 
Essa Comissão era composta por Saldanha Marinho, Américo Brasiliense, Santos Werneck, Rangel Pestana e Magalhães Castro. Dos trabalhos, resultaram três esboços de constituição, pois a comissão dos cinco dividiu-se em três correntes diversas e radicalizadas. 
Mas finalmente obteve-se um projeto único, depois de um tipo de consolidação realizada por Rui Barbosa, Ministro do Governo Provisório, o jurista que realmente entendeu de Constituição no Brasil. O projeto da comissão foi enviado à Assembleia Nacional Constituinte por decreto e nisto viu-se a tentativa do governo de impor ao país uma Constituição pré-fabricada.
A CONSTITUIÇÃO DE 1891
A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891 foi a segunda constituição do Brasil e primeira no sistema republicano de governo, marcando a transição da monarquia para a república e teve como função principal estabelecer no país os princípios do regime republicano, seguindo o sistema de governo presidencialista.
Desde a formação do governo que se estabeleceu após a queda da monarquia, uma nova Constituição começou a ser elaborada para o Brasil. Foi publicada no dia 24 de fevereiro de 1891 e vigorou até 1932. Sendo a diretriz do período chamado como República Velha, comandada por oligarquias latifundiárias, com uma economia profundamente baseada no café e dominada pelos estados de São Paulo e Minas Gerais.
BRASIL COMO REPUBLICA PRESIDENCIALISTA
O antigo poder era símbolo máximo da monarquia, ele permitia ao Imperador interferir nos outros poderes e tomar as decisões de interesse. A Constituição republicana de 1891 abolia essa característica da antiga Constituição e determinava a existência de apenas três poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Para além disso, estabelecia também que os representantes dos dois primeiros seriam eleitos por voto popular direto.
O regime de governo escolhido foi o presidencialismo. O mandato do presidente da República, eleito pelo voto direto, seria de quatro anos, sem direito à reeleição para o mandato imediatamente seguinte sem, contudo, haver impedimentos para um mandato posterior.
 Nesse sistema de governo, um chefe de governo também é o chefe de Estado e lidera o poder executivo, que é separado do poder legislativo. O executivo é eleito e muitas vezes intitulado "presidente", não é responsável pelo legislativo e não pode, em circunstâncias normais, dissolver o parlamento.
O ESTADO LAICO
Outra característica proveniente da Constituição Imperial que foi abolida diz respeito a relação entre Igreja e Estado. Embora o Brasil seja majoritariamente católico, o Estado passou a não assumir mais uma religião específica e deixou de interferir nos assuntos da Igreja. Por sua vez, coube ao Estado o controle da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e intermediário.
O Decreto nº 119-A de 07 de janeiro de 1890 redigido por Rui Barbosa proibiu a intervenção da autoridade federal e dos Estados em matéria religiosa, consagrando a plena liberdade de cultos e extinguindo o padroado.
O objetivo era a aniquilação do apoio do catolicismo ao Estado Monárquico e a busca do exercício do poder estatal sem a interferência da Igreja Católica.
DIREITOS INDIVIDUAIS
Nesta constituição houve muitas mudanças em relação aos direitos fundamentais. Principalmente quando se fala em direitos fundamentais individuais no tocante a liberdade. Talvez a mudança de monarquia por republica e a queda da supremacia da religião católica foram os fatores fundamentais para os surgimentos de princípios fundamentais que se refere à liberdade. 
No tocante aos direitos dos cidadãos, a Constituição determinava que todos eram iguais perante a lei, ninguém poderia ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude da lei, liberdade de culto religioso, estabelecimento do ensino leigo em estabelecimentos públicos, extinção de privilégios relacionados ao nascimento ou títulos de nobreza adquiridos na época da monarquia, liberdade de reunião e associação, porém sem uso de armas, garantia de liberdade de imprensa e expressão de opiniões. Não estabelece censura, porém cada pessoa fica responsável por abusos cometidos, liberdade de exercício de qualquer profissão industrial, moral e intelectual, liberdade para entrar e sair do país com seus bens, exceto em tempos de guerras.
A REPÚBLICA FEDERATIVA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL
A Constituição de 1891 teve grande influição da Constituição Norte-Americana. Não é de estranhar, portanto, que o Brasil fosse, a esta época e constitucionalmente legalizado os "Estados Unidos do Brasil", uma República Federativa de regime representativo. 
Considerava-se república porque, o que se considerava como povo, estaria exercendo o poder, representativo, pois governantes seriam eleitos de forma a representar os interesses do "povo" e federativa porque os Estados teriam autonomia.
Consagrou a existência de apenas três poderes independentes entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O antigo Poder Moderador, símbolo da monarquia, foi abolido. Os membros dos poderes Legislativo e Executivo seriam eleitos pelo voto popular direto, caracterizando-os como representantes dos cidadãos na vida política nacional.
O PODER EXECUTICO	
O Poder executivo tratava-se do Presidente da República, era a autoridade máxima na política do país, sendo o Vice-Presidente e indicado pela Constituição, relativamente ao Poder Executivo como um mero substituto.
Tem a função de governar o povo e administrar os interesses públicos, de acordo as leis previstas na Constituição Federal. No Brasil, País que adota o regime presidencialista, o líder do PoderExecutivo é o Presidente da República, que tem o papel de chefe de Estado e de governo. o chefe do Executivo tem o dever de sustentar a integridade e a independência do Brasil, apresentar um plano de governo com programas prioritários, projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento. Cabe ao Poder Executivo executar as leis elaboradas pelo Poder Legislativo.
O PODER JUDICIÁRIO
O Poder Judiciário foi montado, neste início de República, baseado no sistema dual, dando início a tradição dualista no Brasil. Tal sistema e composto pelo Poder Judiciário Federal e pelos poderes judiciários estaduais. Indicando a atribuição de cada uma delas e em que situações haveria interferência da segunda sobre as primeiras.
A Constituição de 1891 consagra ao Poder Judiciário a utilização da Jurisprudência, tanto federal quanto estadual, indicando explicitamente a necessidade do uso destas, ou seja, conjunto das decisões sobre interpretações das leis feitas pelos tribunais de uma determinada jurisdição era função de cunho judiciário.
O Supremo Tribunal Federal seria a instancia superior que, em grau de recurso, confirmaria ou reformaria as decisões, a isto dá-se o nome de jurisdição de apelação. Assim, ao Supremo Tribunal Federal foi determinada a competência exclusiva para conhecer certos assuntos em instancia única, não sendo possível os juízes inferiores tratarem destas matérias.
O PODER LEGISLATIVO
O Poder Legislativo foi, por esta Constituição, composto pela Câmara dos Deputados (com representantes do povo brasileiro) e pelo Senado Federal (com representantes dos Estados e do Distrito Federal), tendo estes o exercício sob a sanção do Presidente da República. 
O Congresso Nacional tem como principais responsabilidades elaborar as leis e proceder à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da Administração direta e indireta. Dentre as atribuições do Legislativo estava a do legislar sobre Direito Civil, Criminal, comercial e processual da Justiça Federal.
O projeto de lei adotado na Câmara será submetido ao Senado, e vice-versa; e esta, se o aprovar, enviá-lo-á ao Poder Executivo, que, aquiescendo, o sancionara e promulgara.
O SISTEMA ELEITORAL
A primeira lei eleitoral da República, logo após a promulgação da Constituição de 1891, foi de 25 de janeiro de 1892 e tomou o n° 35. Foi elaborada no Congresso e sancionada pelo presidente Floriano Peixoto
Um aspecto interessante dado pela Constituição a eleição nos municípios, foi a autonomia que cada estado tinha em deliberar sobre a matéria. Desta forma houve uma grande variação quanto ao processo eleitoral dos municípios. As comissões seccionais (dos municípios) eram organizadas com cinco membros, todos cidadãos eleitores escolhidos pelos governos municipais.
A eleição de senador será feita por estado, votando o eleitor em um só nome para substituir o senador cujo mandato houver terminado.
Para a eleição de deputados, os estados da União serão divididos em distritos eleitorais de três deputados, equiparando-se aos estados, para tal fim, a capital federal.
No processo eleitoral, as mesas eleitorais eram nomeadas pelos presidentes das câmaras municipais, da mesma maneira que as comissões seccionais e municipais de alistamento e incumbiam-se de receber os votos e apurá-los, imediatamente após terminada a eleição.
AS REGRAS ELEITORAIS
Quanto às regras eleitorais, determinou-se que o voto no Brasil continuaria "a descoberto" (não-secreto) e universal. Por "universal" entenda-se o fim do voto censitário, que definia o eleitor por sua renda. Iniciando a análise pela Constituição de 1891, a entrada no processo eleitoral, como eleitor, se dava de forma voluntaria, ou seja, não era mais obrigatório o alistamento, porém, se mantiveram excluídos do direito ao voto os analfabetos, as mulheres, os praças-de-pré, os religiosos sujeitos à obediência eclesiástica e os mendigos.
Após a nova lei promulgada em 1892, as novas regras de alistamento facilitaram o controle das facções majoritárias locais, dando margem a fraudes e manipulações de todas as formas, já que o candidato não precisava estar cadastrado, não precisava pertencer a nenhum partido, as cédulas eleitorais não eram oficiais e, principalmente, o voto não era secreto.
O CÓDIGO PENAL DE 1890
O Código Penal, foi feito com urgência pelo Governo Provisório, basicamente três meses, talvez por não ter sido discutido com maior amplitude, este código sofreu as mais duras críticas possíveis desde o momento em que entrou em vigor.
Muitas leis foram feitas na tentativa de suprir as falhas do Código Penal de 1890 e muitas tentativas de reforma também.
O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E DA TERRITORIALIDADE
O Código Penal define de imediato que segue o Princípio da Legalidade e o Princípio da Territorialidade para os crimes. O Princípio da Legalidade admite que ninguém será punido sem que haja uma lei prévia, escrita, estrita e certa, já o da territorialidade é de que se aplica a lei brasileira ao crime cometido no Brasil.
“Princípio da Legalidade “Art. 1º. Ninguém poderá ser punido por facto que não tenha sido anteriormente qualificado crime, e nem com penas que não estejam previamente estabelecidas. A interpretação extensiva, por analogia ou paridade, não é admissível para qualificar crimes ou aplicar-lhes penas”.
Princípio da Territorialidade “Art. 4º. A lei penal é aplicada a todos os indivíduos, sem distinção de nacionalidade, que, em território brasileiro, praticarem factos criminosos e puníveis”.
Faz-se necessário, então, estabelecer uma distinção do que é caracterizado crime. Crime é a violação imputável e culposa da lei penal. Fora disso, é chamado de contravenção, podendo ser definido como fato voluntário punível, que consiste unicamente na violação, ou na falta de observância das disposições preventivas das leis e dos regulamentos.
 PENAS PREVISTAS
As penas que deveriam ser aplicadas eram variadas: prisão celular, que estabelecia trabalho obrigatório; banimento, com privação dos direitos de cidadão, não podendo habitar o território nacional pelo tempo que durasse a pena, caso ocorresse tal fato, a pena seria convertida em reclusão; reclusão, cumprida em fortalezas, praças de guerra ou estabelecimentos militares; prisão com trabalho obrigatório em estabelecimentos militares ou em prisões agrícolas; prisão disciplinar em estabelecimentos industriais especiais – menores de 21 anos; interdição, o indivíduo ficaria proibido de praticar algumas ações na vida civil; suspensão e perda do emprego público, com ou sem inabilitação para exercer outro; ou multa.
Qualquer que fosse a pena, entretanto, ela jamais poderia ser "infamante" (Que agride a honra ou a reputação de alguém) bem como tornava-se proibido no Brasil. O limito da restrição de liberdade, adotado a partir de então no pais passou a ser de trinta anos.
BENEFÍCIOS PARA O CONDENADO
O Código previa a Progressão da Pena, bem como livramento condicional. Neste sentido, dependendo do comportamento do preso, tendo cumprido seis anos da pena prevista e sendo este tempo, no mínimo, a metade do tempo destinado na sentença, ele poderia ser transferido para um regime considerado um pouco melhor e, no caso de bom comportamento neste outro regime, poderia haver o livramento condicional caso faltassem apenas dois anos para ainda cumprir.
O art. 27 estabelecia as condições de inimputabilidade:
§ 1º Os menores de 9 anos completos.    
§ 2º Os maiores de 9 e menores de 14, que obrarem sem discernimento.     
§ 3º Os que por imbecilidade nativa, ou enfraquecimento senil, forem absolutamente incapazes de imputação.     
§ 4º Os que se acharem em estado de completa privação de sentidos e de inteligência no ato de cometer o crime.     
§ 5º Os que forem impelidos a cometer o crime por violência física irresistível, ou ameaças acompanhadas de perigo atual.     
§ 6º Os que cometerem o crime casualmente, no exercício ou prática de qualquer ato licito,feito com atenção ordinária.     
§ 7º Os surdos-mudos de nascimento, que não tiverem recebido educação nem instrução, salvo provando-se que obraram com discernimento.
DISPOSIÇÕES INTERESSANTES DO CÓDIGO
Muito interessante é o art. 166 do Código, visto que na República Velha, em que o voto de cabresto e a ordem do Coronel eram sinônimo de política. Assim, ficava clara a impossibilidade deste artigo ser realmente utilizado na prática, por prever que usar de promessas ou ameaças para comprar votos era proibido.
A defesa da liberdade para o exercício dos cultos religiosos (art. 185 e art. 186) esbarrava na criminalização do espiritismo e de algumas de suas práticas, partindo do pressuposto que a magia funciona, indica como criminoso o uso desta para despertar ódio e amor, curar doenças etc.
O crime de estupro ainda era diferenciado para "mulheres honestas" e prostitutas. A pena prevista era determinada a partir de qual tipo de mulher fora cometido o crime, sendo em mulheres virgens, a pena seria maior.
O crime de adultério tinha tratamento semelhante àquele do Código de 1830, estando prevista a sua punição. Incorrendo neste delito, a mulher casada que simplesmente se deitar com outro homem, e o marido, somente comete tal crime se estiver mantendo outra mulher. 
O CÓDIGO CIVIL DE 1916
AS NOVAS NECESSIDADES
O pais ainda era subordinado a leis de uma metrópole que não existia mais, as Ordenações Filipinas, e, por isso, se fazia necessário a criação de um Código Civil, que tratasse de direitos e deveres de Cidadãos, igualando-os todos.
Para a elaboração de um Código Civil é necessário, antes de mais nada, haver uma definição clara de quem são os cidadãos. Já que na época do Império escravo não era cidadão, com os escravos libertos, era preciso enquadra-los na sociedade, afinal, a maioria esmagadora da população eram escravos libertos.
Porém, um grande problema existia para a feitura do novo Código, uma definição excludente demais não seria aceita pela maioria dos juristas nacionais, uma demasiadamente abrangente, que pudesse igualar em direitos grandes latifundiários e pessoas do povo, não era cabível para muitos políticos.
O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO CÓDIGO
Em 1854, o então Ministro da Justiça Jose Thomaz Nabuco de Araújo solicitou a um renomado advogado da época, Augusto Teixeira de Freitas, que elaborasse um plano de redação do Código Civil. Teixeira de Freitas, com uma lucidez ímpar, argumentou que o melhor seria iniciar qualquer trabalho acerca de Código Civil partindo do que já se tinha (“formar um novo corpo, mas de direito já vigente”), a seguir, com o auxílio do que fora feito, seria elaborado o texto do novo Código Civil (“formar um corpo novo de direito novo”)
Teixeira de Freitas iniciou seu trabalho situando os limites do Direito Civil, que toma na sua significação mais rigorosa. Observou, com a nitidez que a doutrina da época não percebera, que a distinção entre o Direito Civil e o Direito Penal está na natureza da sanção. Mas ele abandonou esta empreitada alegando incompatibilidade entre sua concepção jurídica e a do governo.
De 1867 a 1872, o projeto ficou parado, até que o próprio ministro da Justiça, Nabuco de Araújo dispôs-se a escrever ele mesmo, mas veio a falecer em 1878, prosseguindo os trabalhos de redação com Felício dos Santos. 
Com a proclamação da República foi contratado Clóvis Beviláqua, redator do texto que viria a se transformar no Código Civil Brasileiro. A contratação de Bevilaqua no governo de Campos Sales foi cercada de controvérsias e disputas, estas acabaram por influenciar um pouco na demora de aprovação do projeto elaborado por ele.
A discussão somente foi retomada em 1912, quando a Câmara propôs que o projeto fosse adotado enquanto o Senado não tomasse uma posição, mas sua aprovação final se deu apenas em 1915 e em lº de janeiro de 1916 ele foi sancionado e um ano depois o Brasil tinha, depois de quase um século de independência, seu primeiro Código Civil.
ALGUMAS PREVISÕES DO CÓDIGO CIVIL DE 1916
Pelo Código Civil de 1916, a família apresentava um perfil transpessoal, hierarquizada e patriarcal, tendo ocorrido a incorporação de princípios morais, dando-lhes conteúdo jurídico. Em vários dispositivos do Código, o homem se apresentava como o “cabeça do casal”, cabendo à a mulher função de colaboração do marido no exercício dos encargos da família, cumprido a ela velar por sua direção material e moral.
O casamento do menor de 21 anos necessitava do consentimento de ambos os pais, mas, no caso de haver discordância, prevalecia a vontade paterna. O que configurava uma posição privilegiada da figura masculina na sociedade conjugal.
A mulher era considerada relativamente incapaz (art. 6°, II), de modo que, muitas mulheres sequer chegaram a ser capazes durante toda sua vida, pois como poderiam casar-se a partir dos dezesseis anos e só adquiririam a capacidade aos 21 anos, aquelas que casaram antes dessa idade não chegaram a possuir a capacidade plena.
O Código apresentava o instituto da propriedade em termos absolutos e o instituto do contrato sob a perspectiva liberal. 
No que se referia ao contrato, na doutrina liberal do século XIX, este tinha, como direção, o dogma da autonomia da vontade, sem limites. As partes poderiam livremente estipular o conteúdo das cláusulas contratuais, que o tornava obrigatório. Não se levava em conta o desequilíbrio na formação ou na execução do contrato.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho nós abordamos e dissecamos todo o conteúdo sobre a República Velha, enfatizando a legislação da época mencionada, que compreende de 1889 a 1930. Tomamos como considerações finais a importância de se estudar a Primeira República de nosso país, analisando todo o avanço político para se chegar no Estado Democrático de Direito que temos hoje, e fazendo observações análogas do Direito constituído na Primeira República com o Direito vigente hoje, percebendo, então, a origem de muitos dos nossos dispositivos previstos em lei, e o motivo pelo qual algumas foram revogadas, levando em consideração o contexto social.
REFERÊNCIAS
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