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FICHAMENTO ROUSSEAU CONTRATO

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Introdução – O supremo bem: a liberdade
1 ‘’ (...) todos nascem homens e livres’’; a liberdade lhes pertence e renunciar a ela é renunciar à própria qualidade de homem (...) o princípio da liberdade como direito inalienável e exigência essencial da própria natureza espiritual do homem’’ (p.11).
2 ‘’ O caminho que será trilhado pelo autor do Contrato Social é anunciado por Locke ao formular a teoria do estado da natureza como condição da liberdade e da igualdade e com a afirmação da pessoa humana como sujeito de todo direito e, portanto, fonte e norma de toda lei (...) o homem, por ser livre por natureza, ... não pode ser privado dessa condição e submetido ao poder de outro sem o próprio consentimento’’ (p.12).
3 Para Rousseau ‘’ (...) o princípio da liberdade constitui-se como norma, e não como fato; como imperativo, e não como comprovação. Não é apenas uma negação de impedimentos, mas afirmação de um dever de realização das aptidões espirituais’’ (p.12).
4 ‘’ A realização concreta do eu comum e da vontade geral implica necessariamente um contrato social, ou seja, uma livre associação de seres humanos inteligentes, que deliberadamente resolvem formar um certo tipo de sociedade, à qual passam a prestar obediência. O Contrato Social seria, assim, a única base legítima para uma comunidade que seja viver de acordo com os pressupostos da liberdade humana (...) Muito embora o homem seja naturalmente bom, ele é constantemente ameaçado por forças que não só o alienam de si mesmo como podem transformá-lo em tirano ou escravo’’ (p.12)
5 ‘’ Cada um por si mesmo, dando-se para todos, não se dá a ninguém. As possibilidades de desigualdade e injustiça entre os cidadãos são evitadas’’ (p.13).
6 ‘’ (...) mas à vontade geral, que é ‘’ uma força real, superior à ação de qualquer vontade particular’’ (...) a vontade geral, segundo Rousseau, é sempre dirigida para o bem comum (...) Aceitando a autoridade da vontade geral, o cidadão não só passa a pertencer a um corpo moral coletivo, como adquire liberdade obedecendo a uma lei que prescreve para si mesmo’’ (p.13).
7 ‘’ Para Rousseau, a lei, como ato da vontade geral e expressão da soberania (inalienável e indivisível) é de vital importância, pois determina todo o destino do Estado. Assim, os legisladores têm relevante papel no Contrato Social (...) o objetivo de servir às necessidades essenciais da natureza humana’’ (p.14).
Capítulo I – O objetivo do primeiro livro
 1 ‘’ Mas a ordem social é um direito sagrado, onde todos os outros se fundamentam, direito não vindo da natureza, mas fundado em convenções’’ (p.24).
Capítulo II – Das primeiras sociedades 
 1 ‘’ A família é a mais antiga das sociedades, e também a única natural (...) continuam a viver unidos, não é natural, mas sim voluntariamente e só por convenção a própria família se mantêm. Essa liberdade comum é uma consequência da natureza do homem, do qual a primeira lei é cuidar de sua própria conservação’’ (p.24).
 2 ‘’ Aristóteles havia dito não serem os homens naturalmente iguais, e nascerem uns para escravos, outros para senhores. Aristóteles tinha razão, mas tomava o efeito pela causa’’ (p.25).
Capítulo III – Do direito do mais forte
1 ‘’ Nunca o mais forte o é tanto para ser sempre senhor, se não converte a força em direito, e em dever a obediência (...) Eu afirmo que dele só dimana um caos inexplicável; pois logo que a forma faz o direito, com causa muda o efeito, e toda a força, que excede a primeira, toma o lugar do direito dela’’ (p.26). 
Capítulo IV – Da escravidão
1 ‘’ Se o homem não tem poder natural sobre seus iguais, se a força não produz direito, restam-nos as convenções, que são o esteio de toda a autoridade legítima entre os homens’’ (p.26).
2 ‘’ Dado que cada um pudesse a si mesmo alienar-se, não pode alienar seus filhos, que nascem homens e livres; sua liberdade lhes pertence, só eles têm direito de dispor dela’’ (p.27). No contexto, o pai pode estipular condições para vida dos filhos (até a idade da razão).
3 ‘’ Cada Estado, enfim, só pode ter por inimigo outros Estados, e não homens, visto que entre coisas de diversa natureza não dá verdadeira relação (...) Quanto ao direito de conquista, a lei do mais forte é seu único fundamento (...) afirmo que um escravo feito na guerra, ou um povo conquistado, só deve obedecer ao senhor enquanto é forçado’’ (p.29).
4 ‘’ Por qualquer lado que se olhem as coisas, o direito de escravidão é nulo, por ser ilegítimo, por ser absurdo e nada significar. As palavras escravidão e direito são contraditórias e mutuamente se excluem’’ (p.30).
Capítulo V – Cumpre recorrer sempre a uma primeira convenção 
1 ‘’ Pode um povo, diz Grócio, dar-se a um rei. Logo, o povo, segundo Grócio, é povo antes de se dar ao rei; esse próprio dom é ato civil, que supõe deliberação pública. Antes pois de examinar o ato, pelo qual um povo elege o rei, seria bom examinar o ato pelo qual um povo é um povo; porque, sendo esse ato necessariamente anterior ao outro é o verdadeiro fundamento da sociedade’’ (p.30).
Capítulo VI – Do pacto social
1 ‘’ Como os homens não podem criar novas forças, mas só unir e dirigir as que já existem, o meio que têm para se conservar é formar por agregação uma soma de forças que vença a resistência, com um só móvel pô-las em ação e fazê-las obrar em harmonia (....) ‘’ Achar uma forma de sociedade que defenda e proteja com toda a força comum a pessoa e os bens de cada sócio, e pela qual, unindo-se cada um a todos, não obedeça todavia senão a si mesmo e fique tão livre como antes (...) Esses artigos quando bem entendidos se reduzem todos a um só: a alienação total de cada sócio, com todos seus direitos, a toda a comunidade; pois, dando-se cada um por inteiro, para todos é igual a condição, e, sendo ela para todos igual, ninguém se interessa em torná-la aos outros onerosa’’ (p.31)
Capítulo VII – Do soberano
1 ‘’ (...) não pode haver alguma espécie de lei fundamental obrigatória para o corpo do povo, nem esmo o contrato social; o que não significa não poder muito bem esse corpo empenhar-se com outro, no que não derroga o contrato, pois, a respeito do estrangeiro, ele se torna um ente simples, ou um indivíduo’’ (p.33).
2 ‘’ De verdade, cada indivíduo pode ter como homem uma vontade particular, adversa, ou dessemelhante da vontade geral que tem como cidadão; pode-lhe figurar o que deve à causa geral como uma contribuição do comum (...) A fim pois de o pacto social não ser um vão formulário, nele tacitamente se inclui essa obrigação, a única que pode fortificar as outras; que, se qualquer um se recusa obedecer à vontade geral, todo o corpo o force a obediência’’ (p.34).
Capítulo VIII – Do estado civil
1 ‘’ Mudança bem notável produz no homem a passagem do estado natural ao civil, substituindo em seu proceder a justiça ao instinto, e dando às suas ações a moralidade de que antes careciam (...) Cifremos todo este paralelo em termos de fácil comparação; o que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito sem limites a tudo que tenta e pode atingir; ganha a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui’’ (p.35)
Capítulo X – Do domínio real
1 ‘’ Não que por esse ato a possessão mude de natureza ao mudar de mão e se torne propriedade nas do soberano: mas como a forças da cidade são incomparavelmente maiores que as de um particular, a possessão pública é também de fato mais forte e irrevogável, sem ser mais legitima, ao menos aos estrangeiros; porquanto o Estado a respeito de seus membros é senhor de todos seus bens pelo contrato social, que no Estado serve de fundamento a todos os direitos; mas não o é respeito das outras potencias, senão pelo direito de primeiro ocupante, que alcançou dos particulares. O direito do primeiro ocupante, ainda que mais real que o do mais forte, só se converte em verdadeiro direito depois de estabelecido o de propriedade. Todo homem tem naturalmente direito a tudo que o lhe é necessário’’ (p.35).
2 ‘’ Geralmente, para autorizar o direito de primeiro ocupante em qualquer terreno,são necessárias as seguintes condições: primeiro, que ninguém habite ainda esse terreno; em segundo lugar, que se ocupe só a quantidade necessária a subsistência; em terceiro, que se tome posse dele, não por uma vã cerimônia, mas pelo trabalho e cultura, únicos sinais de propriedade que, em falta de títulos jurídicos, os outros devem respeitar’’ (p.36).
Livro II
Capítulo I – A soberania é inalienável 
1 ‘’ (...) só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado segundo o fim de sua instituição, o bem comum, pois se a discordância dos interesses particulares tornou necessária a fundação das sociedades a harmonia desses interesses a possibilitou. Eis o que há de comum nos diversos interesses que forma o laço social, e não existiria sociedade alguma a não haver ponto em que os interesses concordem. Ora, é somente nesse comum interesse que deve ser governada a sociedade (...) Logo, se o povo promete simplesmente obedecer, dissolve-se por esse ato e perde a qualidade de povo; no momento em que há um senhor, não há mais um soberano (ser coletivo), e o corpo político está destruído’’ (p.39).
Capítulo II – A soberania é indivisível
1 ‘’ Porque ou a vontade é geral, ou não; ou é a do corpo do povo, ou só de uma parte dele. No primeiro caso, a vontade declarada é um ato de soberania e faz lei. No segundo, não é mais que uma vontade particular, ou ato de magistratura; é quando muito, um decreto’’ (p.40).
Capítulo III – Se a vontade geral pode errar
1 ‘’ Do que foi dito se conclui que é sempre reta a vontade geral e tende sempre à pública utilidade, mas não se segue que tenham sempre a mesma inteireza as deliberações do povo. Sempre se quer o próprio bem, mas nem sempre se vê: nunca se corrompe o povo, mas iludem-no muitas vezes, e eis então quando ele quer o mal. Há comumente grande diferença entre a vontade de todos e a vontade geral; esta só fita o interesse comum; aquela só vê o interesse, e não é mais que uma soma de vontades particulares; porém quando tira dessas vontades as mais e as menos, que mutuamente se destroem, resta por soma das diferenças a vontade geral’’ (p.41).
Capítulo IV – Dos limites do poder soberano 
1 ‘’ Se o Estado ou a cidade é uma pessoa mora, cuja vida permanece na união de seus membros, e se o mais importante de seus desvelos é o da própria conservação, claro está que necessita de uma força universal e compulsória para mover e dispor cada parte do modo mais conveniente ao todo. Como a natureza dá ao homem um poder absoluto sobre todos os seus membros, o pacto social dá ao corpo político um poder absoluto sobre todos os seus; e é este mesmo poder que, encaminhando pela vontade geral, tem o nome de soberania, como já disse’’ (p.42).
2 ‘’ (...) é claro que o supremo poder, tão absoluto, sagrado e inviolável como é, não transpõe nem pode transpor os limites das convenções gerais, e que todo homem pode plenamente dispor da liberdade e bens que lhe deixaram as convenções’’ (p.45)
Capítulo V – Do direito de vida e morte
1 ‘’ Todo homem tem o direito de arriscar a própria vida para a manter (...) O fim do tratado social é a conservação dos contratantes: quem quer o fim quer também os meios, que são inseparáveis de alguns riscos e até de algumas perdas. Quem quer conservar a vida à custa dos outros deve também dá-la quando for preciso; o cidadão já não é juiz do perigo que a lei o quis expor (...) Os processos e a sentença são as provas e declaração de que ele violou o tratado social, e já não é por conseguinte membro do Estado’’ (p.45)
Capítulo VI – Da lei
1 ‘’ Pelo pacto social demos existência e vida ao corpo político; trata-se agora de, com a legislação, lhe dar movimento e vontade (...) Há sem dúvida uma justiça universal só provinda da razão, mas deve ser recíproca para que entre nós se introduza (...) No estado de natureza, em que tudo é comum, não devo nada a quem nada prometi, só reconheço como alheio o que me é inútil; não acontece o mesmo no estado civil, onde a lei determinou todos os direitos’’ (p.47).
2 ‘’ As leis são, a rigor, as condições da associação civil’’ (p.49).
Capítulo VII – Do legislador
1 ‘’ Para descobrir as melhores regras de sociedade que convêm às nações, seria necessária uma inteligência superior que visse todas as paixões sem experimentar nenhuma; que, sem relação com a nossa natureza, a conhecesse profundamente’’ (p.49).
2 ‘’ Aquele que ousa empreender instituir um povo deve sentir-se com capacidade para mudar a natureza humana; para transformar cada indivíduo, que é por si mesmo um todo perfeito e solitário, em parte de um todo maior’’ (p.50).
3 ‘’ (...) o legislador é no Estado um homem extraordinário; se o deve ser por seu engenho, não o é menos por seu emprego (...) é uma função particular e superior, que nada tem de comum com o império humano; pois, se aquele que governa os homens não deve governar as leis, o que governa as leis também não deve governar os homens’’ (p.50).
Capítulo VIII – Do povo
1 ‘’ (...) o sábio instituidor não principia a formar boas leis em si mesmas antes de ter observado se o povo a quem ele as destina é capaz de as suportar’’ (p.53).
2 ‘’ A maior parte das nações, como a dos homens, somente dócil na mocidade; envelhecendo, tornam-se incorrigíveis; logo que os costumes estão estabelecidos e os preconceitos arraigados, é vão e perigoso querê-los reformar’’ (p.53).
Capítulo IX – Continuação
1 ‘’ (...) a melhor constituição do Estado, deve a latitude dele ser limitada, a fim de não ser demasiadamente grande, o que tolhe ser bem governado, nem demasiadamente pequeno, para se manter por si mesmo’’ (p.54). 
2 ‘’ Por outra parte, deve o Estado assentar em certo fundamento para ter solidez e resistir aos vaivéns que virão acomete-lo e aos violentos esforços que fará para sustentar-se’’ (p.55).
Capítulo X – Continuação
1 ‘’ De duas maneiras se pode medir o corpo político; a saber, pela extensão do território e pelo número do povo, e entre ambas há uma relação conveniente, para dar ao Estado a sua verdadeira grandeza: os homens compõem o Estado, e o terreno é que nutre os homens; essa relação é pois a de que a terra basta para manter seus habitantes, os quais sejam tanto quantos ela pode nutrir’’ (p.56).
2 ‘’ O que verdadeiramente reforça e eterniza a constituição de um Estado é serem as conveniências de tal modo observadas, que as relações naturais e as leis vêm sempre a concordar nos mesmos pontos, quando estar não fazem, por assim dizer, senão assegurar, acompanhar e retificar as outras. Mas se o legislador, enganando-se em seu objeto, se apodera de um princípio diverso daquele que nasce da natureza das coisas, que um tende à servidão e outro à liberdade; um às riquezas, o outro à população; um à paz, outro às conquistas, vereis pouco a pouco enfraquecidas as leis, alterada a constituição, e o Estado sempre decomposto, até que seja destruído ou mudado, até que a invencível natureza retome seu império’’ (p.60).
Capítulo XII – Divisão das leis 
1 ‘’ Primeiramente, a ação do corpo inteiro obrando sobre si próprio, isto é a relação do tipo com o todo, ou do soberano com o Estado (...) As leis que regulam essa relação têm o nome de eis políticas ou fundamentais, nome que justamente lhes compete se são prudentes (...) A segunda relação é a dos membros entre si, ou com o corpo inteiro; a primeira cabe a ser a menor, e a segunda a melhor possível; de jeito que cada cidadão esteja em perfeita independência de todos os mais e em extrema dependência da sociedade’’ (p.60).
2 ‘’ Pode se considerar a terceira sorte de relação entre o homem e a lei, isto é, o desobedecer à pena, donde derivam as leis criminais, que são mais a sanção de todas as outras leis que uma espécie particular delas (...) uma quarta, de todas a mais importante (...) falo dos costumes, usos e mormente da opinião, parte desconhecida de nossos políticos, e da qual depende o acerto de todas as outras’’ (p.61).
Livro III 
Capítulo I – Do governo em geral 
1 ‘’ Toda ação livre tem duas causas, que concorrem a produzi-la: uma moral, que é a vontadede que determina o ato; a outra física, que é a potência que o executa (...) Há no corpo político os mesmos motores; nele se distinguem também a força e a vontade; esta sob o nome de poder legislativo, aquela sob o poder executivo, e sem o concurso desses dois poderes nada se faz ou deve fazer na sociedade política’’ (p.63).
2 ‘’ E o que é o Governo? Um corpo intermédio, estabelecido entre os vassalos e o soberano, para a mútua correspondência deles, encarregado da execução das leis e de manutenção da liberdade, tanto civil como política. Os membros deste corpo chamam-se magistrados ou reis, isto é, governadores (...) Chamo pois governo, ou suprema administração, o exercício legítimo do poder executivo; e príncipe, ou magistrado, o homem incumbido dela’’ (p.64).
3 ‘’ Quanto menos as vontades particulares se referem à geral, isto é, os costumes às leis, tanto mais deve crescer a força repressora; logo, para ser bom, o governo deve relativamente ser mais forte à medida que o povo é mais numeroso’’ (p.65).
4 ‘’ (...) o governo como um novo corpo no Estado, distinto do povo e do soberano, e intermediário entre os dois’’ (p.66).
Capítulo II – Do princípio que constitui as diversas formas de governo
1 ‘’ Podemos distinguir na pessoa do magistrado três vontades muito diferentes. De primeiro, a vontade própria do indivíduo, que só tende a seu particular interesse; em segundo lugar, a vontade comum dos magistrados, que unicamente se refere ao proveito do príncipe, e que se pode chamar vontade do corpo, e é geral a respeito do Estado de que o governo faz parte; em terceiro lugar, a vontade do povo ou a vontade soberana, que é geral (...) Numa perfeita legislação, a vontade particular ou individual deve ser nula; muito subordinada, a do corpo próprio ao governo, e a vontade geral, ou soberana, sempre dominante e regra única de todas as outras’’ (p.68).
Capítulo III – Divisão dos governos 
1 ‘’ O soberano pode confiar o governo a todo povo, ou à maior parte dele, de modo que haja mais cidadãos magistrados que cidadãos simples particulares. Essa forma de governo é a democracia. Ou pode restringir o governo nas mãos de um número pequeno, de modo que haja mais simples cidadãos que magistrados, forma que tem nome de Aristocracia. Ou pode ao fim concentrar todo o governo em um único magistrado, que aos outros todos outorga o poder; terceira forma e mais comum, chamada monarquia, ou governo real’’ (p.69). 
Capítulo IV – Da democracia
1 ‘’ Rigorosamente nunca existiu verdadeira democracia, e nunca existirá. É contra a ordem natural que o grande número governe e o seja o pequeno governado’’ (p.71).
2 ‘’ Se houvesse um povo de deuses, seria governado democraticamente, mas aos homens não convém tão perfeito governo’’ (p.72).
Capítulo V – Da aristocracia 
1 ‘’ As primeiras sociedades se governaram aristocraticamente (...) Ainda hoje se governam assim os selvagens da América setentrional, e são muito bem governados’’ (p.72).
2 ‘’ Há pois três sortes de aristocracia: natural, eletiva e hereditária. A primeira só convém aos povos simples; a terceira é o pior de todos os governos; e o melhor a segunda, a qual se chama propriamente aristocracia’’ (p.72).
3 ‘’ Numa palavra, a ordem mais natural, e melhor, é que os mais sábios governem a multidão, quando há certeza de que eles hão de governar em proveito dela, e não deles’’ (p.73).
Capítulo VI – Da monarquia
1 ‘’ (...) poder reunido nas mãos de uma pessoa natural de um homem real, que só tem direito de dispor dele segundo as leis; esse homem se chama rei ou monarca. Bem contrária às outras administrações, em que um ser coletivo representa um indivíduo, nesta um indivíduo representa um ser coletivo’’ (p.74).
2 ‘’ Vimos pelas relações gerais que a monarquia só compete aos grandes Estados, e ainda o vemos explorando-a em si mesma’’ (p.75).
3 ‘’ O inconveniente mais sensível do governo de um só é faltar-lhe a sucessão contínua, que forma nos outros dois uma não interrompida conexão’’ (p.76).
Capítulo VIII – Que toda forma de governo não é própria para qualquer país
1 ‘’ Em todos os governos do mundo, a pessoa pública gasta e não produz nada (...) todos os governos não são da mesma natureza: uns são mais gastadores que outros (...) quanto mais as contribuições públicas se apartam de sua origem, mais são onerosas’’ (p.79).
2 ‘’ (...) Estados livres para os monárquicos. Nos primeiros tudo se emprega em comum utilidade; nos outros, as forças públicas e particulares são recíprocas, e uma cresce com o enfraquecimento da outra; ao fim, em lugar de reger os vassalos para torná-los felizes, o despotismo os torna miseráveis para os governar’’ (p.80).
Capítulo IX – Dos sinais de um bom governo
1 ‘’ Mas se perguntassem que indício revela ser tal povo bem ou mal governado, outra questão seria essa, e de fato se poderia resolver (...) o governo sob o qual, sem meios estranhos, sem neutralização, sem colônias, os cidadãos multiplicam e povoam mais, infalivelmente é o melhor; aquele, onde o povo diminui e se arruína é o pior’’ (p.83).
Capítulo X – Do abuso do governo e de sua tendência a degenerar 
1 ‘’ Por dois modos geral degenera um governo; a saber, quando ele se estreita, ou quando o Estado se dissolve. Restringe-se o governo em passar do grande número ao pequeno, isto é, da democracia à aristocracia, e da aristocracia à realeza (...) Podereis dizer que ela afrouxa, se do número pequeno retrocede ao grande, mas é impossível esse contrário progresso’’ (p.84).
2 ‘’ Quando o Estado se dissolve (...) a democracia degenera em oclocracia, e a aristocracia em oligarquia; acrescentaria que a realeza degenera em tirania (...) chamo tirano o usurpador da autoridade real, e déspota o usurpador do poder soberano; o tirano é o que se mete, contra as leis, a governar segundo as leis; déspota o que se faz superior às mesmas leis; esse tirano pode não ser déspota, mas o déspota é sempre tirano’’ (p.86).
Capítulo XI – Da morte do corpo político 
1 ‘’ O princípio da vida política está na autoridade do soberano: o poder legislativo é o coração do Estado, o poder executivo o cérebro que dá movimento a todas as partes (...) O Estado não subsiste pelas leis, mas sim pelo poder legislativo’’ (p.87).
Capítulo XVI – A instituição do governo não é um contrato
1 ‘’ Sendo todos os cidadãos iguais pelo contrato social, o que todos devem fazer, podem todos preserve-lo, mas ninguém tem o direito de exigir que outro faça o que ele mesmo não faz; e é propriamente, esse direito, indispensável para avivar e mover o corpo político, que o soberano outorga ao príncipe, instituindo o governo’’ (p.94).
Capítulo XVII – Da instituição do governo
1 ‘’ A dificuldade está em entender como pode existir um ato do governado antes da existência deste, e como o povo, somente soberano ou vassalo, pode vir a ser príncipe ou magistrado em certas circunstâncias’’ (p.95).
Capítulo XVIII – Meios para prevenir as usurpações do governo 
1 ‘’ (...) o ato que institui o governo não é um contrato, mas lei’’ (p.95).
2 ‘’ (...) todas as leis fundamentais do Estado se podem revogar, mesmo o pacto social, porque se todos os cidadãos se juntassem para o romper de acordo comum, sem dúvida que muito legitimamente ele seria rompido’’ (p.96).
Livro IV 
Capítulo I – A vontade geral é indestrutível 
1 ‘’ Enquanto muitos homens se consideram como um só corpo, sua vontade é uma, a conservação comum e o bem de todos’’ (p.99).
2 ‘’ (...) a vontade geral (...) ela é sempre constante, inalterável e pura, mas submissa a outras que a superam. Desunindo cada um seu interesse do interesse comum, bem vê que não os pode inteiramente separar’’ (p.100).
Capítulo II – Dos votos 
1 ‘’ (...) quanto mais nas assembleias reina a harmonia, isto é, quanto mais os pareceres tendem à unanimidade, tanto mais domina a vontade geral; longos debates, dissensões, tumultos, anunciam o predomínio de interesses particulares e a decadência do Estado’’ (p.100).
2 ‘’ Uma só lei há que de sua natureza requer unânime consentimento, e é o pacto social;porque a associação civil é o ato mais voluntário do mundo: todo homem nasceu livre e senhor de si mesmo, e ninguém, seja qual for o pretexto, o pode sujeitar sem ele o querer: decidir que o filho de um escravo nasce escravo é decidir que não nasce homem (...) A oposição de alguns ao pacto social não invalida o contrato, só dele os exclui; são estrangeiros entre os cidadãos’’ (p.101).
2 ‘’ O cidadão aceita todas as leis, menos as que a seu pesar se introduze, e o castigam, se ousa violar alguma; A vontade constante de todos os membros do Estado é a vontade geral que os faz livres e cidadãos. Quando se propõe uma lei na assembleia do povo, o que se lhe pergunta não é se aprova ou rejeita a proposição, as se ela é ou não conforma à vontade geral’’ (p.102).
Capítulo III – Das eleições 
1 ‘’ (...) dois modos há de as fazes: a escolha e a sorte (...) O sufrágio, por sorte, diz Montesquieu, é próprio à democracia (...) A sorte, continua ele, é um modo de eleger que não aflige ninguém, deixando a cada cidadão a razoável esperança de servir a Pátria (...) Em toda a verdadeira democracia a magistratura não é uma vantagem, mas sim um encargo oneroso (...) Na aristocracia o príncipe escolhe o príncipe, o governo se conversa por si mesmo’’ (p.103).
2 ‘’ Quando a escolha e a sorte se mistura, deve a primeira preencher lugares que exigem capacidade e talentos, como os empregos militares; a outra convém aqueles a que bastam o bom senso, a justiça e a integridade, como nos cargos da judicatura’’ (p.104).
Capítulo VII – Da censura 
1 ‘’ Assim como a declaração da vontade geral se faz pela lei, a declaração do juízo público se faz pela censura. A opinião pública é uma espécie de lei (...) Entre todos os povos do mundo, não é a natureza, e sim a opinião que decide a escolha de seus prazeres (...) As opiniões de um povo nascem de sua constituição; e ainda que a lei não regre os costumes, a legislação, degeneram os produz (...) Daí se segue que a censura pode ser útil para conservar os costumes, e nunca para os reviver’’ (p.116).
Capítulo VIII – Da religião civil 
1 ‘’ Os homens ao princípio não tiveram outros reis senão os deuses, nem outro regimento senão o teocrático (...) é preciso longa alteração de sentimentos e ideias para nos submetermos a nosso igual, e dele esperamos o nosso bem’’ (p.117).
2 ‘’ Ora estado cada religião somente vinculada às leis do Estado que prescrevia, não havia outra maneira de converter um povo senão sujeitado-o’’ (p.118).
3 ‘’ Considerada relativamente à sociedade, a religião, que é geral ou particular, pode-se também dividir em duas espécies: religião do homem e religião do cidadão: a primeira (...) limitada ao mero culto interior do deus supremo, e aos externos deveres da moral (...) se pode chamar de direito divino natural; a outra, assente num só país, dá-lhe deus deuses (...) tem dogmas, ritos, e culto exterior prescrito pelas leis (...) eu chamo de direito divino civil, ou positivo’’ (p.120).
Capítulo IX – Conclusão 
1 ‘’ Estabeleci os verdadeiros princípios de direito político, procurei fundar o Estado em suas bases, e resta escorá-lo nas suas relações externas, isto é, o direito das gentes, o comércio, o direito de guerra e conquistas, o direito público; as ligas, as negociações, tratos, etc. Mas tudo isso forma um novo objeto, muito vasto para a minha curta vista... Mais perto de mim eu deveria tê-la sempre fixado’’ (p.125).

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