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NOTA DE AULA 5 ROUSSEAU

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NOTA DE AULA 5
Filosofia do Direito Profa. Cristiane Aquino de Souza 
JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778)
Foi abandonado pelo pai. O pai de Rousseau o abandonou e fugiu de Genebra para não ser preso. Casou e teve 5 filhos. Rousseau, por sua vez, casou, teve 5 filhos e entregou todos ao orfanato. 
Livros: O discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens, O Contrato Social, Emílio, entre outros. 
OBRA O DISCURSO SOBRE A ORIGEM DA DESIGUALDADE - O ESTADO DE NATUREZA EM ROUSSEAU
Para Rousseau, o homem não é naturalmente mau. No hipotético estado natural o homem viveria de forma pacífica. Entretanto, com o surgimento da propriedade privada, há o início da vida social e de todas as mazelas sociais, como a competição, a vaidade entre os homens, a busca pelo poder, etc. Assim, teria havido uma longa trajetória de apropriação de bens, do exercício da vaidade e da hierarquização entre os homens. Diante dos conflitos, os poderosos conclamam os fracos a um pacto social espúrio, a partir do qual se institui o direito e as leis com o objetivo de legitimar a exploração e a propriedade dos ricos. Para Rousseau, portanto, a vida em sociedade corrompe o homem. 
OBRA O CONTRATO SOCIAL - ROUSSEAU 
Dever- ser A obra O contrato social representa, para Rousseau, o dever-ser, a esperança. 
Contrato social: coletividade: bem comum. O homem realiza um contrato social, a partir do qual se forma uma coletividade, que deve buscar o bem comum. 
Cidadania ativa e liberdade. Os indivíduos entregam seus direitos a uma coletividade da qual são parte. Trata-se da cidadania ativa. Os indivíduos permanecem com a liberdade na medida em que fazem parte da coletividade. Os indivíduos fazem parte dessa coletividade e ao mesmo tempo são súditos da coletividade. 
O homem é legislador de si mesmo. O homem é legislador de si mesmo, por meio da coletividade resultante da associação. 
Coletividade: interesses pessoais x bem comum – Ao formar a coletividade, os indivíduos perdem a possibilidade de fazer valer seus interesses pessoais, e busca o objetivo do bem comum. 
Vontade geral. A vontade geral é a vontade da coletividade orientada para o bem comum. Os interesses pessoais são ilegítimos. 
A vontade geral não é a soma dos interesses isolados de todos os indivíduos, mas sim uma vontade soberana orientada para o bem comum. 
Como fazer prevalecer os interesses gerais? Como fazer com que os indivíduos abandonem os interesses pessoais em favor dos interesses gerais? 
Através da educação. Por isso, Rousseau escreve o Emílio, com a intenção de desvendar como deve ser a educação de homens e mulheres desde crianças. 
A vontade geral está expressa na lei. A vontade geral é fixada em conjunto pelos membros da coletividade por meio de leis. 
Requisitos das leis, para Rousseau: 
1 As leis devem ser impessoais, gerais e universais. 
2 Por outro lado, as leis devem buscar a liberdade e a igualdade. Esses eram os lemas de toda a filosofia do direito moderna, que se baseava no interesse burguês: liberdade de contratos e igualdade formal. 
Igualdade: Rousseau estabelece uma base material para a igualdade: deve-se aproximar os graus extremos
Rousseau afirma que, sob os maus governos, a igualdade “é apenas aparente e ilusória: serve somente para manter o pobre em sua miséria e o rico em sua usurpação. Na realidade, as leis são sempre úteis aos que possuem e prejudiciais aos que nada têm”. 
“O estado social só é vantajoso aos homens na medida em que todos eles têm alguma coisa e nenhum tem demais”. 
Rousseau entende que nenhum cidadão deve ser tão pobre ao ponto de vender-se. Por isso, devem-se aproximar os graus extremos tanto quanto seja possível; “não tolereis nem homens opulentos nem indigentes. Esses dois estados, naturalmente inseparáveis, são igualmente funestos ao bem comum”.
Liberdade- Para Rousseau, com o contrato social não cessa a liberdade individual, pois livre, na verdade, é aquele que segue a lei por ele mesmo determinada. Assim, sendo o Estado o resultado de uma associação de membros que conservam sua participação ativa, a lei estabelecida pelo Estado é a lei dos próprios membros. 
Liberdade natural x Liberdade civil-Para Rousseau, com o contrato social o indivíduo perde a liberdade natural, no sentido de ter um direito ilimitado a tudo quanto deseja e pode alcançar, e ganha a liberdade civil no sentido de obediência à lei que prescreveu a si mesmo. 
O Governo é subordinado ao povo – Para Rousseau, o governo é subordinado ao povo e se divide em legislativo e executivo. Toda vez que o governo se eleva como poder soberano acima do povo ele se degenera. Para Rousseau, o soberano é o povo. 
Democracia direta – De acordo com Rousseau, os governos têm tendência a degenerar justamente porque os representantes do povo passam a pensar em seus próprios interesses, afastando-se da vontade geral. Por isso, Rousseau afirma que é necessário haver a participação política direta do povo. Para ele, toda lei que o povo não tenha ratificado diretamente é nula, não é uma lei. 
O PENSAMENTO DE ROUSSEAU (1712-1778) SOBRE AS MULHERES 
O pensamento de Rousseau sobre as mulheres forma o más amplo e desenvolvido discurso de inferioridade das mulheres no século XIII. (Amorós, p. 135)
Emílio (1762) 
Sofia – É a representação alegórica do modelo de mulher doméstica: Submissa ao marido e à opinião pública, casta e modestae completamente dedicada à maternidade e ao esposo.
- Considera que a desigualdade entre homens e mulheres é natural e racional:
“A rigidez dos deveres relativos dos dois sexos não é nem pode ser a mesma. Quando a mulher se queixa da injusta desigualdade que o homem impõe, não tem razão; essa desigualdade não é uma instituição humana ou, pelo menos, obra do preconceito, e sim da razão: cabe a quem a natureza encarregou do cuidado dos filhos a responsabilidade disso perante o outro”. (Emílio ou Da Educaçao, p. 428). 
- Considera que homens e mulheres não devem receber a mesma educação: 
“Uma vez demonstrado que o homem e a mulher não devem ser constituídos da mesma maneira, nem de caráter nem de temperamento, segue-se que não devem receber a mesma educação. Seguindo as diretrizes da natureza, devem agir de acordo, ,as não devem fazer as mesmas coisas: o fim dos trabalhos é o mesmo, mas os trabalhos são diferentes, e por conseguinte os gostos que o dirigem (Emílio, p. 430). 
- Critica Platao, na sua obra A República
“Platao na sua República dá às mulheres os mesmos exercícios que aos homens. Tendo tirado de seu governo as famílias particulares e não sabendo mais que fazer das mulheres, viu-se forçado a transformá-las em homens. Esse belo gênio tudo combinara e tudo previra: antecipava-se a uma pergunta que talvez ninguém tivesse pensado em fazer; mas resolveu mal o problema. Não falo da pretensa comunidade de mulheres, cuja censura amiúde repetida prova que os que a fazem não o leram nunca; falo dessa promiscuidade civil que confunde em tudo os dois sexos nos mesmos empregos, nos mesmos trabalhos, e não pode deixar de engendrar os mais intoleráveis abusos” (Emílio, p. 430). 
- A mulher é feita para agradar ao homem e ser subjugada por ele
Se a mulher é feita para agradar e ser subjugada, ela deve tornar-se agradável ao homem ao invés de provocá-lo. Sua violência está nos seus encantos; é por eles que ela deve constrangê-lo a encontrar sua força e empregá-la. A arte mais segura de animar essa força consiste em fazê-la necessária pela resistência. Então o amor-próprio une-se ao desejo, e um triunfa da vitória que o outro o obrigou a ganhar. Daí nascem o ataque a a defesa, a ousadia de um sexo e a timidez do doutro, finalmente a modéstia e o pudor com que a natureza armou o fraco para escravizar o forte”. (Emílio, p. 424 e 425). 
- A melhor forma de agradar um homem é fazê-lo sentir-se senhor. Para tanto, utilizando-se da resistência, a mulher constrange o homem a encontrar e usar sua força. Empregando sua força, o homem subjugará a mulher, e desta forma, ela o estará agradando.“Eis portanto uma terceira consequência da constituição dos sexos: a de que o mais forte, aparentemente senhor, depende na realidade do mais fraco; e isso não em virtude de uma frívola galanteria, nem de uma orgulhosa generosidade do protetor, e sim em consequência de uma lei invariável da natureza que, dando à mulher maior facilidade de excitar os desejos do homem do que a este a de satisfazê-los, faz depender o homem, apesar de tudo, da boa vontade da mulher que o leva a procurar, por sua vez, agradar-lhe para conseguir que ela consinta em deixá-lo ser mais forte. Entao o que há de mais doce para o homem em sua vitória esta em duvidar se é a fraqueza que cede à força ou se é a vontade que se rende e a malícia habitual da mulher está em deixar sempre essa dúvida entre ambos”. (Emílio, p. 426). 
- As mulheres devem aprender muitas coisas, mas as que lhes convém saber
Deduzir-se-á disto que deva ser educada na ignorância de tudo e e adstrita unicamente às tarefas do lar? Fará o homem sua criada de sua companheira? Privar-se-á ao lado dela do maior encanto da sociedade? Para escravizá-la ainda mais, impedi-la-á o que quer que seja? Fará dela uma verdadeira autômata? Não, sem dúvida, assim não o mandou a natureza, que dá às mulheres um espírito tão agradável e tão versátil; ao contrário, ela quer que elas pensem, julguem, amem, conheçam, cultivem seu espírito como seu rosto; são as armas que lhes dá para suprir a força de que carecem e para dirigir a nossa. Elas devem aprender muitas coisas, mas as que lhes convém saber. (Emílio, p. 432). 
- As mulheres dependem dos homens por seus desejos e suas necessidades: Os homens subsistiriam mais sem elas do que o contrário
“Considere eu a destinação particular do sexo, ou observe as inclinações, ou conte os deveres, tudo concorre igualmente para me indicar a forma de educaçao que lhes convém. A mulher e o homem são feitos um para o outro, mas sua dependência natural não é igual: os homens dependem das mulheres por seus desejos e suas necessidades; nós subsistiríamos mais sem elas do que elas sem nós. Para que elas tenham o necessário, para que estejam em seu estado, é preciso que nós lho demos, que nós as estimemos dignas disso; elas dependem dos nossos sentimentos, do valor que damos a seu mérito, do caso que fazemos de seus encantos e de suas virtudes. Pela própria lei da natureza, as mulheres, tanto por elas como por seus filhos, estao a mercê do julgamento dos homens: não basta que sejam estimáveis, cumpre que sejam estimadas; não basta que sejam bem comportadas, é preciso que sejam reconhecidas como tal; sua honra está não apenas na sua conduta, está na sua reputação, e não é possível que a que consente em passar por infame seja um dia honesta. O homem, agindo bem, não depende senão de si e pode desafiar o juízo público; mas a mulher, agindo bem, só cumpre metade de sua tarefa, e o que pensam dela lhe importa tanto quanto o que é efetivamente. (Emílio, p. 432- 433). 
- Toda a educação das mulheres deve ser relativa ao homem: 
“Da boa constituição das mães depende inicialmente a dos filhos; do seio das mulheres depende a primeira educação dos homens; das mulheres dependem ainda os costumes destes, suas paixões, seus gostos, seus prazeres, e até sua felicidade. Assim, toda a educação das mulheres deve ser relativa ao homem. Serem úteis, serem agradáveis a eles e honradas, educá-los jovens, cuidar deles grandes, aconselhá-los, consolá-los, tornar-lhes a vida mais agradável e doce; eis os deveres das mulheres em todos os tempos e o que lhes devemos ensinar já na sua infância. Enquanto não remontarmos a esse princípio, afastaremo-nos do objetivo e todos os preceptores que lhes derem servirão de nada nem para sua felicidade nem para a nossa”. (Emílio, p. 433). 
- As mulheres necessitam docilidade durante toda a vida, pois a mulher é feita para obedecer ao homem. 
“sendo a dependência a condição natural das mulheres, as jovens se sentem feitas para obedecer. Resulta desse constrangimento habitual uma docilidade de que as mulheres necessitam durante a vida toda, porque não deixam nunca de se achar submetidas ou a um homem ou ao julgamento dos homens, e que não lhes é permitido colocarem-se acima de tais juízos. A primeira e mais importante qualidade de uma mulher é a doçura: feita para obedecer a um ser tão imperfeito quanto o homem, amiúde cheio de vícios, e sempre cheio de defeitos, ela deve aprender desde cedo a sofrer até injustiças e a suportar os erros do marido sem se queixar; não é por ele, é por ela mesma que deve ser doce. O azedume e a obstinação não fazem senão aumentar seus males e os maus procedimentos dos maridos; estes sentem que não é com tais armas que elas devem vencer. O céu não as fez insinuantes e persuasivas para se tornarem rabugentas; não as fez fracas para serem tirânicas; não lhes deu voz tão suave para dizerem injúrias; não fez seus traços tão delicados para que os desfigurassem coléricas. Quando se zangam, elas se esquecem: elas têm muitas razoes de queixa, mas erram sempre descompondo. Cada qual deve conservar o tom de seu sexo; um marido delicado demais pode tornar uma mulher impertinente; mas a menos de ser um monstro, a doçura de uma mulher o convence sempre e dele triunfa cedo ou tarde”. (Emílio, p. 440). 
O PENSAMENTO DE MARY WOLLESTONECRAFT (1759-1797)
A Reivindicação dos Direitos da Mulher (1792)– Traz argumentos sobre a igualdade entre homens e mulheres. 
- Os gostos e hábitos das mulheres são construídos socialmente
Rousseau considera os costumes e os hábitos das mulheres como se fossem naturais. O autor não percebe que, desde que nascemos, nosso gostos estão socialmente dirigidos e esta socialização dirige as meninas para a coqueteria e o artifício. 
- A autora considera que a mulher natural de Rousseau é, na verdade, a proposta dele 
sobre o lugar que as mulheres devem ocupar na sociedade. 
Ele primeiro estabelece os deveres de cada sexo e depois, de acordo com esses deveres constrói a teoria das inclinações naturais. Esse seu conceito de natureza é uma armadilha para as mulheres. 
- a educação das meninas consiste em fazê-las dependentes e, depois que se consegue isso, decreta-se que a dependência é natural. 
- A autora considera uma alucinação da razão, o pensamento de Rousseau de que a superioridade do homem se fundamenta na maior força física deste, que seria natural. 
- Emílio: espaço público-político. Sofia: espaço privado-doméstico. 
A mulher deve ser aprender a ser submissa ao esposo e à opinião pública. Trata-se de uma pedagogia diferente da de Emílio. Ele não deve obediência a ninguém e nem se submete à opinião pública. Proposta normativa para Emília: ser, autenticidade e autonomia. Par Sofia: aparência, submissão ao esposo e à opinião pública. 
- Virtude racional 
Ao conceito Rousseauniano de virtude, Wollstonecraft opõe uma noção de virtude racional. Se a razão é universal, a virtude, que é sua expressão moral, também será universal. A virtude alcança qualquer indivíduo que quer praticá-la. Portanto, a educação das mulheres deve basear-se nos mesmos princípios e ter os mesmos objetivos que a dos homens. 
- Espaço para o homem: Abstração, especulação, faculdade de criar. Para as mulheres: Observação e sutileza). 
A autora considera que o comportamento dos homens com as mulheres corresponde ao da aristocracia com o povo oprimido. Seria uma espécie de aristocracia masculina que condenou as mulheres à ignorância. 
- Se a igualdade é um traço fundamental do estado de natureza, por que as mulheres devem estar socialmente submetidas ao homem? Se o modelo descrito no contrato social pretende reestabelecer a igualdade do estado de natureza, por que as mulheres devem ser excluídas da vontade geral que converte os indivíduos em livre e iguais? 
- Supondo-se que as mulheres realmente são naturalmente inferiores aos homens por que não estabelecer mecanismos de caráter social, político e pedagógico para compensar essa suposta inferioridade natural?- No debate com Talleyrand- Perigod, a autora assinala que a exclusão das mulheres dos direitos civis e políticos poe de manifesto a tirania dos homens e o sufocamento da moral. A tirania masculina, que priva às mulheres a razão, a virtude e os direitos políticos, concreta-se numa aristocracia masculina que as oprime da mesma forma que a aristocracia oprime ao povo. 
Mary Wollestonecraft reivindica a possibilidade de discutir e debater com os homens, tendo as mesmas condições. E reivindica a possibilidade de impugnar um sistema social que oprime as mulheres: “Cabe esperar, com o iluminismo, que o direito divino dos maridos, assim como o direito divino dos reis, possa e deva ser contestado sem perigo”.

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