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23/10/2015 1 Prof. Esp. Fabrício Moreira Costa 1.INTRODUÇÃO Opiáceos são substâncias naturais contidas no ópio como morfina, codeína e tebaína, incluindo alguns derivados semi-sintéticos como heroína, hidromorfona, oxicodona e hidrocodona. Opióide referindo-se a todos os compostos relacionados ao ópio. Tanto de origem natural quanto aos de origem sintética. O termo narcótico era relacionado com substâncias que induzissem ao sono, com o passar do tempo tornou-se associado aos opióides, ou qualquer substância capaz de levar ao abuso ou vício. O ópio é obtido de sementes da papoula, cujo nome científico é Papaver somniferum L. Seu suco leitoso é secado ao ar livre formando uma massa gomosa e que, em seguida, é pulverizada para produzir o ópio. Apesar do uso milenar do ópio, foi apenas no sec. XIX (1803) que um farmacêutico alemão, Friedrich Sertürner, isolou o primeiro alcaloide do ópio, o qual denominou morfina. 23/10/2015 2 2. PADRÕES DE USO Para produzir efeitos euforizantes e analgésicos costuma ser usado sob forma de goma de mascar ou de solução, também pode ser fumado em cachimbos especiais. De 2000 a 2006, foram apreendidas quase 5 toneladas de heroína e entre os anos 2000 e 2002 houve notificação de 464 mortes por superdose de morfina, nos EUA. O início da dependência a opióide pode se dar de duas formas principais: 1. Mais rara, o individuo toma contacto com a droga por intermédio de receita médica. 2. Mais frequente, o início ocorre por imitação ou por pressão de companheiros que já usuários ilegais. 3. TOLERÂNCIA no homem uma dose 100 a 200 mg de morfina pode ser suficiente para provocar profunda sedação, depressão respiratória, anóxia e morte, porém em indivíduos tolerantes, doses de 4.000mg em 24 horas podem não produzir efeitos adversos, evidenciando assim um alto grau de tolerância. Os opióides apresentam como característica um alto grau de tolerância cruzada. 4.DEPENDÊNCIA Do ponto de vista neurofisiológico, as substâncias pertencentes ao grupo denominado opiáceos/opióides, provocam marcante dependência caracterizada por: 23/10/2015 3 a) Desejo, compulsão ou necessidade incontrolável continuar tomando o fármaco; b) Tendência crescente de aumentar a dose; c) A tolerância é acompanhada invariavelmente pela dependência; d) A síndrome de abstinência caracteriza-se: agitação, ansiedade, hipertensão, insônia; e) Indivíduos tolerantes à morfina também são tolerantes à heroína, porém não ao álcool e barbitúricos. Os sinais e sintomas mais comuns da síndrome de abstinência ao opiáceos/opióides incluem: lacrimejamento, transpiração, bocejo. A morfina atinge seu pico entre 36 e 48hs aumentando os efeitos como irritação, inquietude, anorexia, tremor. 4.1. Mecanismo de ação Nos anos de 1970, descobriu-se que o cérebro contém opióides endógenos, encefalinas e endorfinas, que são peptídeos que atuam como neurotransmissores em células neuronais específicas portadoras de receptores opióides. As 4 principais classes de receptores opióides identificadas por técnicas de ligação droga- receptor são μ, к, σ e δ, embora o cérebro possa conter tipos adicionais. Tabela 1. Receptores opióides e efeitos no SNC. 23/10/2015 4 Receptores Drogas Efeitos μ Morfina, Codeína, Heroína. analgesia supra- espinhal, depressão respiratória, euforia, miose, dependência física. к Pentazocina, Nalorfina, Ciclazocina. analgesia espinhal, sedação, sono, miose, dependência física. σ Levalorfano, Pentazocina, Nalorfina. disforia, desilusão, alucinação, estimulação respiratória. δ Naloxona alteração do comportamento afetivo 5. MORFINA É o principal constituinte do ópio e sua [ ] varia de 4 a 21%. É usada parenteralmente para produzir sedação como pré-anestésico, para alívio da dor do enfarto de miocárdio e no tratamento de edema pulmonar agudo. As injeções intramuscular e cutânea levam a à absorção rápida, mais de 50% do fármaco é absorvido em menos de meia hora. Após a absorção, a morfina deixa rapidamente a corrente circulatória penetrando nos tecidos e órgãos como: rins, fígado, pulmão,baço, e em menor extensão os músculos esqueléticos. A morfina como outros analgésicos, atravessa a barreira placentária e causa depressão respiratória , miose e síndrome de abstinência em recém-nascidos. A morfina sofre biotransformação no fígado, e sua via mais importante de eliminação é a renal, e praticamente é eliminada em 24horas. 23/10/2015 5 A intoxicação aguda geralmente é resultado de doses clínicas excessivas, superdose acidental ou por tentativas suicidas. Por ação no SNC, provoca depressão do centro vasomotor causando hipotensão, liberação de hormônio antidiurético e oligúria. E quadro sugestivo de intoxicação aguda a tríade (pupilas puntiformes, respiração deprimida e coma). Morte quase sempre por insuficiência respiratória. 6.CODEÍNA É usada há mais de 150 anos como droga antitussígena e analgésica. Apresenta uma pequena margem de alarme. Todavia, podem ocorrer complicações devido a combinações de codeína com outras drogas como a glutetimida, que resulta em euforia comparável ao efeito da heroína. A intoxicação aguda da codeína pode resultar em ataxia, discurso incompreensível e nistagmo. Os sintomas são semelhantes àqueles apresentados pela morfina, uma vez que pela biotransformação, a codeína se converte em morfina. Apresentando uma típica tríade de sintomas observados com a morfina: miose, depressão respiratória e coma. 7.HEROÍNA Devido a sua alta lipossolubilidade, a heroína é absorvida por todas as vias, nasal, retal, pulmonar e pelas mucosas, deixando rapidamente a corrente circulatória e atingindo seu sitio de ação no SNC. Apresenta uma meia-vida no sangue extremamente curta entre 2 a 5 minutos. 23/10/2015 6 A heroína é, talvez a droga mais perigosa que existe sob o ponto de vista de sua capacidade em provocar dependência. A heroína atravessa a placenta e 1 a cada 250 bebes de mães dependentes nascem dependentes. Nas intoxicações por superdose de heroína, o edema pulmonar é a complicação mais frequente. A depressão respiratória leva a hipóxia, causando maior permeabilidade capilar e provocando extravasamento de fluido, o que resulta no edema pulmonar. 8. PENTAZOCINA A pentazocina exerce suas principais ações sobre o SNC e músculo liso. Além da sedação e analgesia, doses de 20 e 30 mg já provocam depressão respiratória. Doses de 60 e 90 mg podem produzir efeitos como depressão, disforia, confusão mental e alucinações. 9. FENTANIL O efeito analgésico do fentanil e sufentanil é semelhante àquele da morfina e de outros opióides. É no momento a principal droga usada como a medicação pré-anestésica e também como anestésico pós-cirúrgico. Ele é cerca de 200x mais potente que a morfina. 23/10/2015 7 Muitos derivados do fentanil como a alfa- metilfentanil, conhecida como “china white”drogas dos anos 80. Ele é biotransformado a norfentanil e despropionilfentanil. Sua excreção ocorre 50% pela urina e 50% pela bile. Provoca depressão respiratória, bradicardia, hipotensão, hipotermia e convulsões. O carfentanil é outro análogo de fentanil, com potencia analgésica 10.000x maior que da morfina, usado em veterinária para imobilizar grandes animais. Os fentanis são usados comumente por via intravenosa, mas , como a heroína, pode ser fumado ou inalado. 10. MEPERIDINA É também conhecida com o nome de petidina e foi amplamente utilizada para tratamento de dores crônicas ou agudas. Produz manifestações típicas de outros opióides, podendo levar a grande euforia. Quando administradapor via intravenosa, há elevação dos batimentos cardíacos. Causa algumas vezes excitação do SNC, caracterizada por tremores e convulsões. Esses efeitos são causados pelo acúmulo de um de seus produtos de biotransformação, a normeperidina, que tem meia-vida mais longa comparada com a meperidina. 23/10/2015 8 11. TRAMADOL Análogo sintético da codeína. Seu efeito analgésico é causada pela sua capacidade de inibir captação da norepinefrina e serotonina. Usado no tratamento de dor leve a moderada, os efeitos colaterais incluem náusea, vômitos, tontura, boca seca, sedação e dor de cabeça.
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