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Direito EMPRESARIAL , Efeitos da Falência quanto às obrigações

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OBSERVAÇOES EMPRESARIAL – EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES
EFEITOS DA FALENCIA QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES
A decretação de falência altera nitidamente as relações jurídicas obrigacionais do falido, que:
1) Perde a administração de seus bens e a liberdade de iniciativa que existia para o empresário ou sociedade;
2) Os negócios jurídicos do falido, passam a submeter-se ao direito falimentar (antes era regido pelo direito comum).
Contratos Unilaterais
São contratos dos quais resultam obrigações só para uma das partes. 
Os efeitos da decretação de falência podem ser favoráveis ou desfavoráveis ao falido.
Contratos Unilaterais favoráveis ao falido
- O dever de cumprir a prestação recai exclusivamente no outro contratante, não havendo alteração contratual;
- O que contratou com o empresário falido deverá cobrar a obrigação ao administrador judicial e não ao falido;
Obrigações geradas exclusivamente relacionadas à massa
A LRE em seu art. 118 prevê que: O administrador judicial, mediante autorização do Comitê de Credores, poderá dar cumprimento a contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigada.
Caso haja recusa por parte do comitê de credores em autorizar o cumprimento do contrato, o interessado poderá pleitear em juízo a permissão, sendo obrigado a comprovar o efetivo interesse para a massa quanto ao cumprimento do pactuado.
Ainda existe a situação levantada no art. 83 da LRE – em seu § 3o  que diz: “As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência”.
Contratos Bilaterais
São os contratos em que ambas as partes possuem direitos e deveres. Há obrigações para ambos os contratantes.
 
Nos contratos bilaterais, “cada um dos contratantes é simultânea e reciprocamente credor e devedor do outro, pois produz direito e obrigações para ambos” (Maria Helena Diniz, 2003, 83).
Efeitos dos Contratos Bilaterais
A falência não significa a anulação dos contratos existentes, em que o empresário conste como parte e a execução não tenha se esgotado. 
O art. 117 da LRE indica que “Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê”.
O administrador judicial é que decidirá se o contrato prosseguirá ou não, dependendo do interesse perante a massa falida. 
Caso o cotrato venha a contribuir para a perspectiva de melhores resultados na falência, o contrato será mantido. Ou, cause oneração e comprometa a situação da massa, ele será considerado resolvido e os prejudicados deverão procurar seus direitos habilitando-se como credores.
O art. 117, § 1º afirma: “O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato”.
E em seu §2º, diz que “A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário”. 
HIPOTESE DO ART.119, da LRE (Relações Contratuais Específicas)
O artigo supracitado prevê, quando da decretação da falência, regras especiais a serem observadas em certas relações contratuais. Essas regras estão expressamente previstas para os seguintes contratos:
1. Coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito
O vendedor não pode dificultar a entrega das coisas expedidas ao devedor (falido) e ainda em trânsito (a caminho do seu destino), se o comprador (falido), antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das Faturas e Conhecimentos de Transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor.
A contra senso, na ocorrência de falência do comprador (falido), encontrando-se a mercadoria em trânsito e se o comprador (falido), embora munido da Fatura, não a tenha revendido antes do requerimento da quebra, é lícito ao vendedor retê-la, ainda que não tenha havido tradição simbólica.
2. Venda de coisas compostas
Coisas compostas são coisas de naturezas distintas (heterogêneas) que, quando unidas, formam um todo, tal qual um edifício que é formado por paredes, traves, portas, jardins, etc. No mundo dos negócios temos uma variedade enorme de coisas compostas, constituídas de peças e aparelhos distintos, tais como máquinas industriais para integralização ao Ativo Imobilizado, garrafões de água nas empresas de distribuição de água, louças e guarnições de cama, mesa e banho utilizados por hotéis e restaurantes e outros objetos dos mais variáveis possíveis.
Na eventualidade do vendedor vir a ter sua falência decretada, pode o administrador judicial resolver não continuar a execução do contrato, ou seja, não entregar as coisas faltantes. Nesta hipótese, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos em decorrência do descumprimento do contrato.
3. Coisa móvel ou prestação de serviço vendida ou contratada a prestações
Nas vendas de coisas móveis ou na contratação de serviços realizadas à prestação, ou seja, quando as coisas são entregues e/ou os serviços são prestados mediante o pagamento de um sinal ou da primeira prestação ou, até mesmo, sem qualquer pagamento, bastando a assinatura do contrato e das respectivas cambiais, poderá ocorrer a decretação da falência do vendedor. Assim, não tendo o falido (devedor) entregue as coisas móveis ou prestado os serviços contratados e, resolvendo o administrador judicial não cumprir o respectivo contrato, os créditos relativos ao valor já pago serão habilitados na classe própria.
4. Venda com reserva de domínio
A venda com reserva de domínio (pactum reservati domini) é àquela compra e venda a crédito, de coisa móvel determinada, cuja posse se transmite desde logo ao comprador, que, entretanto, só lhe adquire a propriedade depois de haver pagado ao vendedor todo o seu preço, ordinariamente dividido em prestações certas e periódicas. É o caso, por exemplo, quando uma empresa vende uma determinada máquina, o vendedor pode pedir reserva de domínio, ou seja, entrega a máquina sem, entretanto, transmitir a propriedade da mesma ao comprador.
Portanto, temos que o comprador tem, desde logo, a posse da máquina que lhe possibilita o seu pleno uso e gozo, porém, não exerce sobre a coisa seu direito de propriedade, pois esse direito só lhe será garantido com o total pagamento da dívida.
Ocorrendo a falência do comprador na vigência do contrato de compra e venda com reserva de domínio, poderá o administrador judicial concluir pela execução do contrato, continuando, assim, com o pagamento das prestações restantes.
Todavia, na hipótese de a massa falida (comprador) não possuir meios para a execução do contrato, o administrador judicial, ouvido o Comitê de Credores, deverá restituir a coisa móvel comprada pelo devedor com reserva de domínio deste. Ocorrendo esta hipótese, o administrador judicial deverá exigir a devolução dos valores pagos, nos termos do contrato.
5. Coisas vendidas a termo
Tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou mercado, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado.
6. Promessa de compra e venda de imóveis
Conforme já estudado no subcapítulo 5.3.4 acima, na venda de bens móveis com reserva de domínio, o vendedor se garante reservando o domínio (propriedade) da coisa transacionada, transferindo-se ao comprador somente sua posse, uso e gozo.
Na venda de bens imóveis a prestações ocorre o mesmo, isto é, o vendedor, mediante instrumento de promessade compra e venda, conserva o domínio (propriedade), transferindo-se ao comprador somente a posse, uso e gozo do bem, até o pagamento total do preço pactuado, quando então lhe é outorgada a escritura definitiva.
Ocorrendo a falência do promitente-vendedor, tal contrato não se resolve, ficando o administrador judicial obrigado a dar-lhe cumprimento. Todavia, se o falido for o compromissário-comprador, os seus direitos sobre o imóvel serão alienados, revertendo-se em favor da massa falida.
Essa é a inteligência do artigo 119, VI da Lei nº 11.101/2005, que assim dispõe:
Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras:
(...)
VI – na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva;
(...)
7. Contrato de locação
A falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato.
8. Obrigações no âmbito do SFN
Caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do SFN, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poderá considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que será liquidado na forma estabelecida em regulamento, admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a ser apurado em favor do falido com créditos detidos pelo contratante.
9. Patrimônios de afetação constituídos para cumprimento de destinação específica
Os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica, deverão obedecer ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer.
10. Mandato
Podemos extrair o conceito de mandato da leitura do artigo 653 do Código Civil/2002, que assim dispõe:
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
Portanto, temos que mandato é a autorização pela qual uma pessoa dá a outra poderes para representá-la.
No que se refere a legislação falimentar, a Lei nº 11.101/2005 nos trás 3 (três) hipóteses diversas de mandatos (procuração), esclarecendo, também, seus efeitos na hipótese de decretação de falência:
procuração ad negotia: É àquela conferida pelo devedor (falido), antes da decretação de sua falência, para a realização de negócios. Com a decretação da falência seus efeitos cessarão, cabendo ao mandatário prestar contas de sua gestão;
procuração ad judicia: É àquela conferida para representação judicial do devedor (falido), para o foro em geral. Com a decretação da falência seus efeitos continuam em vigor até que seja expressamente revogado pelo administrador judicial; e
mandato outorgado ao falido e relacionado com suas atividades empresariais: É àquela em que o devedor (falido) ocupa a posição de mandatário e está relacionado com suas atividades empresariais. Com a decretação da falência seus efeitos cessarão salvo os que versem sobre matéria estranha à atividade empresarial.
11. Comissão
Segundo Maria Helena Diniz, comissão "é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou vende bens, em seu próprio nome e responsabilidade, mas por ordem e por conta de outrem (comitente), em troca de certa remuneração, obrigando-se para com terceiros, com quem contrata".
Apesar de possuir traços de semelhanças com o mandato, dele distingue-se. No caso do mandato, o mandatário recebe poderes de outrem para, em seu nome, praticar atos ou administrar seus interesses, obrigando-se pessoalmente, enquanto o comissário adquire ou vende bens em seu próprio nome, à conta do comitente, conforme se depreende da leitura do artigo 693 do Código Civil/2002
Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente.
Ainda de acordo com o Código Civil/2002 (artigo 694), o comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes.
No que se refere a falência, com sua decretação faz cessar, para o falido, a comissão, salvo os que versem sobre matéria estranha à atividade empresarial.
12. Conta corrente:
Registramos que "conta-corrente" na letra da lei não se trata especificamente de contas bancárias, são, em verdade, contratos de contas de compensação entre 2 (dois) empresários. Na prática, esses empresários celebram negócios em que, em alguns, um figura como vendedor e, em outros, como comprador, sendo que no final de determinado período, verifiquem-se quem tem maior crédito contra o outro pelas vendas, ocorrendo o pagamento apenas da diferença entre as operações comerciais realizadas.
Adentrando no tema falência, temos que no momento de sua decretação essas "contas correntes" com o devedor considerar-se-ão encerradas, verificando-se o respectivo saldo.

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