Buscar

TRABALHO DE CONSTITUCIONAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
�PAGE \* MERGEFORMAT�2�
FACULDADE CRISTO REI
EDSON GOMES DE SOUZA
PARALELO ENTRE AS DMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O FILME AMISTAD
 CORNÉLIO PROCÓPIO
 2013 
EDSON GOMES DE SOUZA
PARALELO ENTRE AS DMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O FILME AMISTAD
Trabalho apresentado à disciplina de Introdução ao Estudo do Direito Constitucional - da Faculdade Cristo Rei, sob a orientação da Professora Mariana Daniel.
 CORNÉLIO PROCÓPIO - PR
 2013
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................4
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS
2.1. DIREITOS FUNDAMENTAIS DE PRIMEIRA DIMENSÃO..................................5
2.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA DIMENSÃO...................................7
2.3. DIREITOS FUNDAMENTAIS DE TERCEIRA DIMENSÃO.................................9
3. PARALELO ENTRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O FILME “AMISTAD”.
3.1 RESUMO DO FILME............................................................................................11
3.2 Comentários sobre o filme “Amistad”...................................................................14
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................15
REFERÊNCIAS..........................................................................................................16
�
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho trata de um paralelo entre as dimensões dos Direitos Fundamentais e o filme “Amistad”, do Diretor Steven Spielberg, com roteiro de David Franzoni, de 1997, o filme “Amistad” trata da história verídica que levou a um dos julgamentos clássicos dos Estados Unidos da América, sobre a questão da escravidão.
Motivou o seu desenvolvimento a obrigatoriedade da disciplina de Introdução ao Direito Constitucional, ministrada pela Professora Mariana Daniel, que Para análise das informações referentes ao uso de filmes em sala, para fazermos uma analise entre o filme e o tema discutido em sala.
O objetivo principal é analisar a matéria que foi aplicada ao longo do curso fazendo com que tenha um enredo em cima do filme. Para tanto, este trabalho está organizado da seguinte forma: a primeira parte refere-se à apresentação das dimensões dos Direitos Fundamentais. Na segunda parte está apresentado o resumo do filme, bem como um diálogo entre este e os Direitos Fundamentais, e finalmente as Considerações Finais, nas quais estão dispostas as conclusões sobre o assunto tratado.
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS
2.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE PRIMEIRA DIMENSÃO
A seguir estão dispostas as noções sobre os Direitos Fundamentais.
Os direitos de primeira geração ou dimensão referem-se às liberdades negativas clássicas, que enfatizam o princípio da liberdade, configurando os direitos civis e políticos. Surgiram nos finais do século XVIII e representavam uma resposta do Estado liberal ao Absolutista, dominando o século XIX, e corresponderam à fase inaugural do constitucionalismo no Ocidente. 
Foram frutos das revoluções liberais francesas e norte-americanas, nas quais a burguesia reivindicava o respeito às liberdades individuais, com a conseqüente limitação dos poderes absolutos do Estado. Oponíveis, sobretudo, ao Estado, são direitos de resistência que destacam a nítida separação entre o Estado e a sociedade. Exige do ente estatal, precipuamente, uma abstenção e não uma prestação, possuindo assim um caráter negativo, tendo como titular o indivíduo.
Podem exemplificar os direitos de primeira dimensão o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão, à liberdade de religião, à participação política, etc. Vale à pena transcrever as palavras de Daniel Sarmento, sendo que o mesmo assevera:
“Dentro deste paradigma, os direitos fundamentais acabaram concebidos como limites para a atuação dos governantes, em prol da liberdade dos governados”. Eles demarcavam um campo no qual era vedada a interferência estatal, estabelecendo, dessa forma, uma rígida fronteira entre o espaço da sociedade civil e do Estado, entre a esfera privada e a pública, entre o ‘jardim e a praça’. Nesta dicotomia público/privado, a supremacia recaía sobre o segundo elemento do par, o que decorria da afirmação da superioridade do indivíduo sobre o grupo e sobre o Estado. Conforme afirmou Canotilho, no liberalismo clássico, o ‘homem civil’ precederia o ‘homem político’ e o ‘burguês’ estaria antes do ‘cidadão’. (...) No âmbito do Direito Público, vigoravam os direitos fundamentais, erigindo rígidos limites à atuação estatal, com o fito de proteção do indivíduo, enquanto no plano do Direito Privado, que disciplinava relações entre sujeitos formalmente iguais, o princípio fundamental era o da autonomia da vontade’”.
Preciosa são as palavras de Paulo Bonavides ao fazer referência aos direitos de primeira dimensão quando afirma que
“os direitos fundamentais de primeira dimensão representam exatamente os direitos civis e políticos, que correspondem à fase inicial do constitucionalismo ocidental, mas que continuam a integrar os catálogos das Constituições atuais (apesar de contar com alguma variação de conteúdo), o que demonstra a cumulatividade das dimensões.”
Na primeira dimensão esta disposto os direitos de liberdade, fazendo com que todos tivessem sua liberdade política e civil, porem a liberdade dos negros e seus direitos civis isso fez com os negros perde sem seus direitos.
Porem não estava só seu advogado lutando na justiça para que ficassem com eles, como se fossem objeto, porem não era objeto, no entanto nada que fizeram deu certo, pois na época os negros eram tidos como escravos fazendo com que perdessem seus direitos mais uma vez, com tudo esses escravos só que queriam uma coisa que era a liberdade.
2.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA DIMENSÃO
Os direitos de segunda geração ou dimensão relacionam-se com as liberdades positivas, reais ou concretas, assegurando o princípio da igualdade material entre o ser humano. A Revolução Industrial foi o grande marco dos direitos de segunda geração, a partir do século XIX, implicando na luta do proletariado, na defesa dos direitos sociais (essenciais básicos: alimentação, saúde, educação etc.).
O início do século XX é marcado pela Primeira Grande Guerra e pela fixação de direitos sociais. Isso fica evidenciado, dentre outros documentos, pela Constituição de Weimar, de 1919 (Alemanha), e pelo Tratado de Versalhes, 1919 (OIT). 
Conforme muito bem ressaltado por Daniel Sarmento:
“As Constituições do México (1917) e de Weimar (1919) trazem em seu bojo novos direitos que demandam uma contundente ação estatal para sua implementação concreta, a rigor destinados a trazer consideráveis melhorias nas condições materiais de vida da população em geral, notadamente da classe trabalhadora. Fala-se em direito à saúde, à moradia, à alimentação, à educação, à previdência etc. Surge um novíssimo ramo do Direito, voltado a compensar, no plano jurídico, o natural desequilíbrio travado, no plano fático, entre o capital e o trabalho. O Direito do Trabalho, assim, emerge como um valioso instrumental vocacionado a agregar valores éticos ao capitalismo, humanizando, dessa forma, as até então tormentosas relações jus laborais. No cenário jurídico em geral, granjeia destaque a gestação de normas de ordem pública destinadas a limitar a autonomia de vontade das partes em prol dos interesses da coletividade.”
O direito de segunda geração, ao invés de se negar ao Estado uma atuação, exige-se dele que preste políticas públicas, tratando-se, portanto de direitos positivos, impondo ao Estadouma obrigação de fazer, correspondendo aos direitos à saúde, educação, trabalho, habitação, previdência social, assistência social, entre outros. 
Bonavides ao fazer referência aos direitos de segunda geração afirmou que
 "(...) são os direitos sociais, culturais e econômicos bem como os direitos coletivos ou de coletividades, introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado social, depois que germinaram por obra da ideologia e da reflexão antiliberal deste século. Nasceram abraçados ao princípio da igualdade, do qual não se podem separar, pois fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da razão de ser que os ampara e estimula".
Seguindo os mesmos caminhos traçados pelo contexto acima relacionado, ressalta Ingo Wolfgang Sarlet:
"(...) os direitos de segunda dimensão podem ser considerados uma densificação do princípio da justiça social, além de corresponderem a reivindicações das classes menos favorecidas, de modo especial da classe operária, a título de compensação, em virtude da extrema desigualdade que caracterizava (e, de certa forma, ainda caracteriza) as relações com a classe empregadora, notadamente detentora de um maior ou menor grau de poder econômico."
Traçando um paralelo entre os direitos de primeira e segunda geração, George Marmelstein afirma que. 
“os direitos de primeira geração tinham como finalidade, sobretudo, possibilitar a limitação do poder estatal e permitir a participação do povo nos negócios públicos. Já os direitos de segunda geração possuem um objetivo diferente. Eles impõem diretrizes, deveres e tarefas a serem realizadas pelo Estado, no intuito de possibilitar aos seres humanos melhores qualidade de vida e um nível de dignidade como pressuposto do próprio exercício da liberdade. Nessa acepção, os direitos fundamentais de segunda geração funcionam como uma alavanca ou uma catapulta capaz de proporcionar o desenvolvimento do ser humano, fornecendo-lhe as condições básicas para gozar, de forma efetiva, a tão necessária liberdade.”
2.3 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE TERCEIRA DIMENSÃO
Os direitos de terceira geração ou dimensão consagram os princípios da solidariedade ou fraternidade, sendo atribuídos genericamente a todas as formações sociais, protegendo interesses de titularidade coletiva ou difusa, não se destinando especificamente à proteção dos interesses individuais, de um grupo ou de um determinado Estado, mostrando uma grande preocupação com as gerações humanas, presentes e futuras. Possui origem na revolução tecnocientífica (terceira revolução industrial), revolução dos meios de comunicação e de transportes.
Podemos citar como direitos de terceira geração: direito ao desenvolvimento 
ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, direito de comunicação, de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e direito à paz, cuidando-se de direitos transindividuais, sendo alguns deles coletivos e outros difusos, o que é uma peculiaridade, uma vez que não são concebidos para a proteção do homem isoladamente, mas de coletividades, de grupos.
Paulo Bonavides, ao se posicionar sobre os direitos de terceira geração, cita os seguintes termos:
“Com efeito, um novo pólo jurídico de alforria do homem se acrescenta historicamente aos da liberdade e da igualdade. Dotados de altíssimo teor de humanismo e universalidade, os direitos da terceira geração tendem a cristalizar-se no fim do século XX enquanto direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. Tem primeiro por destinatário o gênero humano mesmo, num momento expressivo de sua afirmação como valor supremo em termos de existencialidade concreta.”
Em nosso ordenamento jurídico brasileiro, temos a distinção entre direitos coletivos em sentido estrito, direitos individuais homogêneos e direitos difusos, sendo que a definição destes direitos está contida no art. 81, parágrafo único do nosso Código de Defesa do Consumidor:
“I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe e pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
“III - interesses ou direitos individuais homogêneos assim entendidos os decorrentes de origem comum”.
Ao fazer referência aos direitos de terceira geração ou dimensão, Ingo Sarlet ressalta que:
“cuida-se, na verdade, do resultado de novas reivindicações fundamentais do ser humano, geradas, dentre outros fatores, pelo impacto tecnológico, pelo estado crônico de beligerância, bem como pelo processo de descolonização do segundo pós-guerra e suas contundentes conseqüências, acarretando profundos reflexos na esfera dos direitos fundamentais.”
Fernanda Luiza aponta que
 
“os direitos de terceira dimensão são denominados de direito de fraternidade ou de solidariedade porque têm natureza de implicação universal, sendo que os mesmos alcançam, no mínimo, uma característica de transindividualismo e, em decorrência dessa especificidade, exigem esforços e responsabilidades em escala mundial, para que sejam verdadeiramente efetivados".
 Portanto, os direitos de terceira geração ou dimensão possuem como seus sujeitos ativos uma titularidade difusa ou coletiva, uma vez que não visualizam o homem como um ser singular, mas toda a coletividade ou o grupo.
Após a manifestação a respeito dos direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira geração, podemos observar que os mesmos correspondem ao lema da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade.
3. PARALELO ENTRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O FILME “AMISTAD”
3.1 RESUMO DO FILME
 Dirigido por Steven Spielberg, com roteiro de David Franzoni, de 1997, o filme “Amistad” trata da história verídica que levou a um dos julgamentos clássicos dos Estados Unidos da América, sobre a questão da escravidão.
Em 1839, perto da costa de Cuba, o navio La Amistad foi palco de uma insurreição. Os africanos escravizados conseguiram se libertar das correntes e dos porões do navio e, liderados por Cinqué, matam a tripulação espanhola, deixando apenas dois espanhóis vivos que serviriam para encaminhar a embarcação de volta para a terra de origem daqueles negros. Ao invés de cumprir o trato feito com os africanos a bordo, os dois espanhóis direcionam o navio para a costa de Connecticut, norte dos Estados Unidos da América.
Nesse lugar, os africanos, que eram por volta de cinqüenta, tornam-se prisioneiros e réus diante dos tribunais americanos. Inicialmente, iriam ser acusados de homicídio, uma vez que assassinaram a tripulação espanhola; no entanto, logo o caso se tornou uma questão de propriedade, pois passaram a se questionar sobre quem seriam os donos daqueles escravos – a Rainha Isabel I da Espanha, os dois espanhóis sobreviventes, os oficiais americanos que apreenderam o navio La Amistad e controlaram a rebelião, ou seriam os negros donos de si mesmos? Dentro do Tribunal o litígio se formou entre aqueles contrários à crença de que os negros deveriam ser libertados e aqueles que acreditavam na liberdade dos africanos – estes últimos adeptos do movimento dos direitos humanos, que ainda ia tomando suas formas iniciais.
O primeiro julgamento estava praticamente ganho depois de o advogado Roger Baldwin ter mostrado o inventário da carga do navio La Amistad que provava que os negros eram de Serra Leoa, adquiridos através do tráfico de escravos. Porém, é nesse momento do filme que o dilema dos africanos se torna uma questão política: com o receio de que uma Guerra Civil entre norte e sul dos EUA fosse estimulada pelo desenrolar daquele julgamento, o poder executivo resolve intervir, designandoum novo juiz para o caso e excluindo o júri – o que complicaria o trabalho da defesa, uma vez que o júri era uma boa peça dentro do julgamento para ser convencida sobre a necessidade de reconhecer a liberdade daqueles negros.
Tomando o conselho dado pelo ex-presidente americano John Quincy Adams, a nova tentativa de defesa procura ir além do que foi posto no tribunal até então, além de provar a origem dos réus: procurou-se contar a história de vida daqueles negros. O advogado – agora assistido de um tradutor verdadeiro – convence o líder da insurreição do navio La Amistad, Cinqué, a ir diante de o tribunal conversar, contar suas histórias de vida, testemunhar. Nesse momento do filme, cenas que mostram as perversidades do tráfico negreiro traçam o caminho percorrido pelo personagem líder dos negros réus, formando as lembranças que logo seriam relatadas diante do novo juiz.
A decisão judicial foi positiva para os réus: o juiz considerou verdadeiro o fato de eles serem da África e afirmou que todos tinham direito de retornarem para sua terra natal numa embarcação à custa do Estado americano. Essa notável posição de independência dos tribunais americanos frente aos interesses do poder executivo se tornou assunto internacional, havendo o embate entre figuras políticas que acreditavam que essa característica era um empecilho ao governo e outros que afirmavam ser aquilo um fator para liberdade dos cidadãos.
Contudo, o dilema dos africanos do Amistad não acaba por aí. Há uma nova investida do Presidente, diante da ameaça da Guerra Civil americana e da improbabilidade de sua própria reeleição. O chefe do executivo apelou à Suprema Corte do país sobre a decisão de dar a liberdade aos negros, levando a um novo julgamento – o que os prejudicava ainda mais, uma vez que sete dos nove juízes do Supremo Tribunal eram sulistas, proprietários de escravos. Diante desse novo quadro, o advogado manda uma carta ao ex-presidente Quincy Adams, pedido sua ajuda no caso e este, mesmo relutante, diante do apelo do jovem advogado, se junta à defesa dos africanos do Amistad.
O discurso de defesa elaborada pelo então ex-presidente Adams diante da Suprema Corte afirma que aquele caso seria de fato o primeiro grande caso judicial americano, uma vez que a questão por trás daquilo tudo era sobre a verdadeira natureza do homem. Essa natureza, para ele, não seria a de usufruir os ganhos do trabalho que outros homens eram subjugados, mas seria, sim, a liberdade. Para isso, ele evoca o documento da Declaração da Independência dos EUA, que conclama a igualdade e a liberdade de todos os homens; evoca também os seu ancestral – inspirado na tradição do povo daqueles negros réus – citando os nomes dos federalistas americanos, James Madison, Hamilton, Benjamin Franklin, Tomas Jefferson, George Washington.
A decisão do caso EUA vs. Africanos do Amistad reconheceu que o tratado que os americanos tinham com a Espanha não se aplicava ao caso, uma vez que não foi possível confirmar que os negros aprisionados eram escravos. Foi reconhecida a identidade de indivíduos livres que se rebelaram contra aqueles que os privaram de suas condições naturais de liberdade. Foi determinado, portanto, que os negros fossem libertados e levados de volta aos seus lares, na África.
As cenas finais do filme foram dedicadas às conseqüências que surgiram depois daquela decisão: o fim da Fortaleza de escravos em Serra Leoa, dado por uma tropa inglesa; o retorno dos africanos do Amistad à sua terra de origem; e a Guerra Civil americana, onde o sul e o norte se confrontaram.
“Amistad” é mais que um filme que trata sobre uma decisão judicial importante da Suprema Corte americana e todo o contexto histórico do século XIX, com a imposição do fim ao tráfico de escravos e o reconhecimento da humanidade do povo africano; trata-se também de um filme que nos faz refletir a condição inerente de liberdade dos seres humanos, independente de preconceitos, distinções, culturas e origens.
3.2 Comentários sobre o filme “Amistad”
	
São tantas perguntas a serem feitas ao filme que algumas delas já sabemos, mas como esse filme foi uns dos filmes históricos, digamos que ele foi um marco na historia fazendo com que os negros tivessem sua liberdade adquirida, porem nada era fácil.
Como que foi um marco não poderia deixar de comentar algumas coisas que são as primeiras discussões geradas no filme.
A primeira discussão gerada pela película é justamente de quem era a competência de julgar o crime: Espanha ou Estados Unidos, Trazendo para a realidade brasileira atual, se um estrangeiro mata outro estrangeiro no Brasil, o acusado deve responder pela lei brasileira porque o crime aconteceu no Brasil, independentemente da nacionalidade.
Claro que devemos colocar também a qual lei se iria aplicar lá, pois não seria tão fácil assim, além de não estarem em sua nacionalidade ou seu país de origem eles devem responder a lei em que se fixam ou é o caso de que citamos aqui, mas qual lei se aplicaria se o assassinato ocorresse em alto mar, como visto em Amistad. O ordenamento brasileiro soluciona o problema aplicando a lei da bandeira do país da embarcação. Logo, se um assassinato ocorre em um navio brasileiro, o estrangeiro deve ser processado pelo crime de acordo com as leis brasileiras.
O filme mostra claramente como é importante à valorização dos direitos humanos e como a dignidade da pessoa humana deve ser o eixo central de todo o ordenamento jurídico.
Amistad não se limita apenas a mostrar a realidade abolicionista. Baseado em fatos reais, o filme mostra como a atuação de advogados influiu na transformação das instituições. Para aqueles estudantes ou profissionais que já se estão cansados de tantas corrupções envolvendo o Judiciário, com decepções do sistema jurídico, Amistad serve para manter acesa a chama fundamental do Direito: a busca pela justiça.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Filme que foi abordado temas de direito constitucional, nos vemos que aborda as dimensões fundamentais de direito que nos leva a refletir e pensar não só no nosso direito, porem no direito de outros.
Os fatos históricos do Brasil que se assemelham aos acontecidos nos Estados Unidos estão amparados nas leis segregacionistas, criadas pelos EUA, uma separação entre brancos e negros; a escravidão como sustentação econômica dos escravocratas; o tráfico ilegal de escravos. No Brasil, assim como nos EUA, os negros sofriam discriminações, e a raça negra era considerada inferior à branca, uma hierarquia entre os indivíduos. O que se diferencia é que, enquanto os EUA optaram pela segregação, o Brasil optou pela miscigenação, no qual incentivava a vinda de imigrantes europeus com a finalidade de também branquear o povo brasileiro. 
Comumente visto nos dois países, a negação da condição da pessoa humana como sujeito de direitos, e a não garantia de sua integridade foram vivenciadas pelos indivíduos discriminados nas duas histórias. 
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos, p. 6. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São Paulo: Editora Malheiros, 2006.
DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos fundamentais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.
HONESKO, Raquel Schlommer. Discussão Histórico-Jurídica sobre as Gerações de Direitos Fundamentais: a Paz como Direito Fundamental de Quinta Geração. In Direitos Fundamentais e Cidadania. FACHIN, Zulmar (coordenador). São Paulo: Método, 2008.
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Altas, 2008.
MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Meio ambiente: direito e dever Fundamental. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2004.
NOVELINO, Marcelo.  Direito Constitucional. 2. ed. Rev. Atual. E ampl.  São Paulo: Método, 2008.
SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Lúmen Juris, 2006.
SAMPAIO, JoséAdércio Leite. A constituição reinventada pela jurisdição Constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2002.
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª Edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado Ed., 2007.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de direito internacional dos direitos humanos. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1997. Vol. [1.]
Spielberg, Steven com roteiro de David Franzoni, de 1997, o filme “Amistad

Continue navegando